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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DE ENTORPECENTES DO

DISTRITO FEDERAL

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS,


por meio da Promotora de Justiça que esta subscreve, vem, perante Vossa Excelência,
apresentar

ALEGAÇÕES FINAIS

nos termos que se seguem:

xxxx

As defesas prévias dos acusados foram incluídas em 28/01/2020 (ID


58493630). Na sequência, procedeu-se ao recebimento da denúncia, conforme decisão de
ID 58493631.
Em 06/03/2020, houve o desmembramento do feito, sendo determinado que
a audiência de instrução e julgamento do acusado LUCAS será marcada oportunamente.

Na fase de instrução, procedeu-se à oitiva das testemunhas arroladas pelas


partes, bem como ao interrogatório do acusado BARBOSA. (ID 58493651)

O feito tramitou regularmente, segundo o devido processo legal, inexistindo


quaisquer nulidades. Por outro lado, finda a instrução criminal, constata-se que a pretensão
punitiva deduzida na denúncia merece prosperar.

1. AUTORIA E MATERIALIDADE

A materialidade dos delitos de tráfico de drogas encontra-se comprovada


pelo Auto de Apresentação e Apreensão de ID 58493597, pelo Laudo de Exame Preliminar
em material de ID 58493599 e pelo Laudo de Exame Químico definitivo de ID 58493618.
Da mesma forma, a autoria se evidencia satisfatória ante o conjunto das
provas testemunhais e técnicas, que se apresentaram uníssonas e coesas no propósito de
endereçar aos acusados o efetivo comportamento proibido descrito na inicial acusatória.

Nesse sentido, o agente Filho narrou com firmeza e riqueza de detalhes toda
a conduta criminal dos acusados destacando que agentes de polícia realizaram uma
campana com o intuito de reprimir o tráfico de drogas na região do Centro de Taguatinga. A
equipe policial avistou dois indivíduos, um trajando uma camiseta de cor preta, e outro de
camisa social, com listras verticais. Ambos apresentavam atitudes suspeitas, características
do tráfico de drogas, pois faziam breves contatos com indivíduos, seguidos de trocas de
objetos, nas proximidades do Colégio.

Diante de tal movimentação, que foi filmada pela equipe policial, os agentes
abordaram uma usuária que acabara de adquirir uma porção de crack do indivíduo que
trajava camisa preta, posteriormente identificado como sendo o denunciado BARBOSA.

Feita a abordagem à usuária, identificada como sendo Bruna, que é conhecida


na região, a mesma admitiu ter comprado uma pedra de crack por R$ 10,00, na praça do
relógio, e posteriormente identificou o acusado como sendo a pessoa de quem ela comprou
o entorpecente.

Assim, feita a abordagem, com ele foi encontrada a quantia de R$ 70,00


(setenta reais), bem como uma porção de crack que o mesmo dispensou ao chão no
momento da abordagem.

Paralelamente, os policiais avistaram o acusado LUCAS, também em atitude


suspeita, posto que escondia um objeto em uma embalagem de salgado, nas proximidades
do local onde ele fazia contato com os usuários. Ato seguinte, feita a abordagem ao acusado
LUCAS, com ele foi encontrada uma porção de crack que estava escondida no local
anteriormente indicado, bem como a quantia de R$ 39,60 (trinta e nove reais e sessenta
centavos).

As palavras do policial foram ratificadas integralmente pelo depoimento da


testemunha Peixoto, reforçando ainda mais o édito condenatório.
Interrogado em Juízo, o acusado BARBOSA optou por exercer o direito
constitucional ao silêncio.

Nesse contexto, os agentes de polícia, ao prestarem seus depoimentos


judiciais, relataram de maneira uníssona toda a dinâmica dos acontecimentos e em
consonância com o que já haviam relatado na fase policial.

Na ocasião, as testemunhas foram categóricas no sentido de que viram o


acusado realizando a venda do entorpecente; que ao efetuarem a abordagem da usuária,
esta confirmou a compra da droga com o acusado, e que ao abordarem o réu, viram-no
dispensar uma porção de crack ao chão.

Dessa forma, há de se dar credibilidade à versão dos policiais, pois, como


visto, prestaram em Juízo depoimentos firmes, harmônicos e uníssonos, sob a garantia do
contraditório e da ampla defesa, devendo por isso revestirem-se de inquestionável eficácia
probatória.

Nesse sentido, traz-se à baila entendimento jurisprudencial do Superior


Tribunal de Justiça sobre o tema, in verbis:

TRÁFICO DE DROGAS. FALTA DE PROVAS. NECESSIDADE DE REVOLVIMENTO


APROFUNDADO DE MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE NA VIA ESTREITA
DO MANDAMUS. LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA DO
ACÓRDÃO QUE MANTEVE A SENTENÇA CONDENATÓRIA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL
INEXISTENTE.
[...]
3. Esta Corte possui entendimento pacífico no sentido de que o depoimento de policiais
constitui meio de prova idôneo a dar azo à condenação, principalmente quando corroborada
em juízo, circunstância que afasta a alegação de sua nulidade.
4. Habeas corpus não conhecido.
(HC 320.182/RS, Rel. Ministro LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO (DESEMBARGADOR
CONVOCADO DO TJ/PE), QUINTA TURMA, julgado em 23/06/2015, DJe 03/08/2015) –
(Original sem grifos).

Outro não é o entendimento do e. TJDFT:

APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES. "CRACK" E MACONHA.


SENTENÇA QUE DESCLASSIFICOU PARA USO DE DROGAS E EXTINGUIU A PUNIBILIDADE.
APELAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. PEDIDO DE CONDENAÇÃO. POSSIBILIDADE.
PROVAS ROBUSTAS. DEPOIMENTO DE TESTEMUNHAS. PRISÃO DO USUÁRIO.
DOSIMETRIA. NATUREZA DA DROGA. AUMENTO DA PENA. CONFISSÃO ESPONTÂNEA.
ARTIGO 33, §4º, DA LEI 11.343/06. INAPLICABILIDADE. AÇÃO PENAL EM CURSO.
DEDICAÇÃO A ATIVIDADES CRIMINOSAS. REQUISITOS CUMULATIVOS. RECURSO
PROVIDO.
1. Impõe-se a condenação quando as provas revelam a prática do delito imputado ao
acusado.
2. Os depoimentos de policiais, no desempenho da função pública, são dotados de relevante
eficácia probatória, idôneos a embasar uma sentença condenatória, principalmente quando
corroborados em juízo e em plena consonância com as demais provas existentes nos autos.
[...]
(Acórdão n.1020531, 20160110668480APR, Relator: SILVANIO BARBOSA DOS SANTOS,
Revisor: JOÃO TIMÓTEO DE OLIVEIRA, 2ª TURMA CRIMINAL, Data de Julgamento:
25/05/2017, Publicado no DJE: 02/06/2017. Pág.: 161/180) – (Original sem grifos).

Vale registrar que a usuária Bruna, na delegacia (ID 5849361), confirmou


ter comprado, por R$ 10,00 (dez reais), 01 (uma) porção de crack de um indivíduo que
estava na praça do relógio, com as mesmas características do acusado. Tal depoimento está
em consonância com o que foi relatado pelos policiais em juízo, e dão a certeza necessária
para o édito condenatório.

Assim, finda a instrução processual, verifica-se que o conjunto


probatório é forte, coerente e harmônico no sentido de amparar a condenação do
acusado pelo crime de tráfico de drogas, nos termos da denúncia.

Além de típicos e antijurídicos, o comportamento adotado pelo réu é


culpável, por ser imputável, ter consciência de sua ilicitude e de se poder exigir deles
conduta diversa. Sendo, por fim, a ação socialmente reprovável, a condenação é medida que
se impõe, já que não há motivos que a excluam ou dela isentem o acusado.

2. CONCLUSÃO

Destarte, requer o Ministério Público seja julgada procedente a


pretensão punitiva do Estado, condenando-se o acusado BARBOSA nas sanções do artigo
33, caput , ambos da Lei nº 11.343/2006.

Requer-se, a incineração da droga apreendida, a decretação do


perdimento dos valores apreendidos, visto que não demonstrada a sua origem lícita e
apreendido num contexto de tráfico de drogas.

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