PALAVRAS INICIAIS DE UM NOVO IDIOMA

No ano de 1928 um pequeno grupo de pessoas se reunia pela primeira vez na cidade
de Córdoba para escutar a palavra do Mestre. Ainda não se conhecia como tal, porém
suas concepções atraiam e tinha um interesse especial em escutá-lo.

Foram àqueles seus primeiros discípulos? Um, dois, no máximo.

No ambiente da sala parecia pressentir-se o hálito da revelação. Tudo era silêncio,

expectativa, emoção. Por que esse estado em seres que não tinham noção do que iam
escutar?

Um homem entre tantos, um homem jovem e ignorado pronunciaria naquela noite as

palavras de um idioma novo. Foi o começo. Seu rosto, extremamente pálido, fino,
delicado, dava à sua pessoa mais aspecto de espírito que de homem. Nunca se voltou
a vê-lo como naquele tempo.

Os ouvidos humanos escutaram naquela noite, pela primeira vez, o grande princípio
sobre o qual se baseia a evolução consciente: “Quem de vocês queira chegar a ser o
que não é, deverá principiar por não ser o que é”.

Essas palavras vibraram claras, sonoras, imponentes.

Seguiu às mesmas um longo silêncio, um suspenso inefável. Depois da comoção

produzida por tão significativo começo, logo continuou deixando cair uma por uma
suas palavras:

“E enquanto vocês divagam sobre o que eu falei, eu falarei sobre suas divagações... A
Verdade - prosseguiu - o que é a Verdade?..."

Muitas outras palavras seguiram estas. Brotavam dos seus lábios com fluidez e
impregnadas de sublime beleza. Era a voz da Sabedoria; uma voz nova que deleitava.

Ninguém anotou aquelas palavras. Ninguém? Sua essência foi sem dúvida recolhida
pelo espírito dos presentes, pois ainda que não pudessem ser recolhidas, perdurou
seu efeito.

O Maestro nunca tinha falado latim. O fez naquela noite, intercalando em seu discurso
longas frases da mais pura latinidade.

Começou assim a Obra Logosófica. Aquele primeiro chamado à vida espiritual foi
estendendo-se até formar o que hoje vibra e se expande pelo mundo.

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