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CENA A

(confeitaria)

(Gustavo observa Mónica com um rapaz numa confeitaria sem que esta perceba e mostra-se com
extremos ciúmes. Tem uma cerveja na mão e bebe compulsivamente)

INDECÊNCIA – Gustavo

Dúvidas ao sentimento
Angústia no momento em que te vou encontrar
Palavras que fogem do pensamento
Sei que ficas aflita só de pensar

Será pecado? Obrigar-te a ficar ao meu lado?


Será normal? (Magoar-te) Ter-te magoado faz-me sentir imortal

Sem saber o que fazer


Fico ainda mais irritado
Sem aceitar que te posso perder
E na raiva peso abafado

Olho pra ti e penso “ela é só parte de mim”


Não penses que dispenso dedicação até ao fim

Não tem sentido pra ti


É a indecência
Mas é importante pra mim
Libertar a consciência

Pega num pedaço de papel


Faz um retrato a pincel
Daquilo que te dei e te mostrei
Sabes que sei...

Que o sou o melhor de ti


Amigo estimulante e grave
E tu às vezes só tiras de mim
O irritante, impulsivo e bravo

És a mistura de alguém
Que ninguém consegue entender
És o mau texto não lido
Por páginas que não consegui escrever

És o reflexo de alguém
Num mundo invertido
E contra o espelho ninguém
Se sente amado ou divertido

Não tem sentido pra ti


É a indecência
Mas é importante pra mim
Libertar a consciência

Olho pra ti e penso “ela é parte de mim”


Não penses que dispenso quero dedicação até ao fim
E não... não é pecado... querer-te sempre e pra sempre ao meu lado
E sim... é normal... magoar-te faz-me sentir imortal!

(sai a cambalear)

CENA B
(casa / sala)

(entra Mónica)

GUSTAVO (aparentando embriaguez) – Onde estiveste até agora?

MÓNICA – Eu vim da escola! Eu tentei enviar-te uma mensagem, mas não tinha saldo.

GUSTAVO – Estás a mentir!

MÓNICA – Não estou!

GUSTAVO – Estive no portão da escola e a Filipa disse-me que estavas com o Pedro no café, eu
vi-vos.

MÓNICA – Sim, estivemos a fazer um trabalho de grupo, mas depois voltei pra escola!

GUSTAVO – Cala-te! Tu não prestas! Traíste-me! Mentiste-me!

MÓNICA – Pára com isso, estás a ver coisas que não existem!

GUSTAVO (agressivo fisicamente) – Estou?!?

MÓNICA – Pára! Estás a magoar-me!

GUSTAVO (aos gritos) – Tu és minha e não te quero com mais ninguém!

MÓNICA – Isso não faz sentido nenhum! É um trabalho da escola! Não tenho como...

(Gustavo avança e beija-a à força)

MÓNICA – Pára com isso! Estás bêbado!

GUSTAVO – Tu não prestas e tens de ser tratada como lixo para perceberes que não vales nada!
(atira-a para o chão) Quero-te pronta daqui a uma hora! Arranja-te! (agarrando-a pelos cabelos) E
não me faças esperar(sai)

VIOLÊNCIA – Mónica

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