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Os criadores dos cabarés queriam algo mais intelectual e inconformista, onde o can can
fosse aceito sem causar escândalo, por exemplo. Além dessa ideologia ainda existiam
outras distinções com lugares que também exibiam espetáculos. Por exemplo, o fato de
que os espaços contavam com bares e restaurantes. Assim, um dos motivos de sucesso
se dava pelo diferencial de que os espectadores podiam beber e comer enquanto
apreciavam as atrações.
Já que citamos o Moulin Rouge é digno falarmos com mais detalhes do cabaré abrigado
no bairro vermelho, no ano de 1889, em Paris. As apresentações características do
espaço eram as protagonizadas pelas dançarinas de can can, que costumavam ter nomes
artísticos extravagantes, por exemplo, “A Goulue”.
Os cabarés não eram exclusivos da França. Nos anos 20 e 30 Berlin passa a ser a capital
mundial do cabaré. Porém, com a ascensão de Adolf Hitler, muitos artistas que
trabalhavam nos cabarés tiveram que se exilar, por não estarem de acordo com a
ideologia nacional socialista ou por terem origens judaicas. Nesse contexto os cabarés
tomaram o mundo, já que esses artistas levaram essa cultura para países onde não
tinham problemas ideológicos, como em Londres e Nova York.
Nos anos 60 surgiu em Paris uma nova representação de cabaré, chamado de café-
théâtre (café teatro). No entanto, os cabarés, foram perdendo o público ao longo do tempo.
Atualmente, eles são visitados pela maior parte de turistas e não por espectadores
habituais como no passado. Mesmo com o enfraquecimento dos cabarés, podemos
classificá-los em quatro tipos, denominados de Lhe Chat Noir e do Lapin Agile, de
tamanho pequeno ou médio, habita sempre um bar, geralmente tendo apresentações de
cantores, músicos e orquestras de jazz, podendo também ser denominado de café
francês; os que seguem a tradição do Moulin Rouge e do Folies Bergère, sendo que o
mais famoso atualmente é o Lido de Paris; os que seguem a tradição do Els Quatre Gats
de Barcelona e do Cabaré Voltaire de Zurich, os cabarés de vanguarda; e os não
tradicionais, onde as pessoas não se sentam para que se comportem mais pessoas e para
que o público possa dançar conforme a música.
Em síntese, os cabarés surgiram com o intuíto de inovar a produção artistica, explorando a
relação entre vida e arte. Ou seja, a criação dos cabarés foi vaguardistas. Com o tempo
ele se popularizou pelo mundo sob duas percepções: artistica (positiva) ou preconceituosa
(negativa). Pois, na época as manifestações artisticas eram mal interpretadas e
censuradas, como o can can, visto com maus olhos pelo fato de que as mulheres
levantavam suas saias e faziam movimentos provocativos (para a época), que foi proibido
na era vitoriana.
Minhas palavras:
Cabarés sempre foram o lugar das mulheres! Pode parecer sexista esta frase, mas é pura
verdade, ou não é?! Podem até terem sido criados para a diversão da sociedade
meritocrática daquela época (basicamente homens), mas eram elas as estrelas, eram para
vê-las que eles iam ao lugar...eram para suas apresentações, suas manifestações, seus
shows. De forma livre e sem pudor, ali era um refúgio para os excluídos, minimizados,
clandestinos, artistas desconhecidos, onde naquele lugar, naquele palco, sob os olhos da
hipócrita sociedade de duas faces, era possível ser o que eles escondiam a luz do dia.
Suas verdades, seus corações poderiam enfim gritar sua essência.
Os cabarés inspiraram escritores, músicos, pensadores, pelo espírito de liberdade que
habitava aquele lugar..esse é o objetivo. Le Cabaré é um santuário para a liberdade
daqueles que desejam e compartilham da liberdade e igualdade que a hipócrita sociedade
contemporânea afirma defender, mas por baixo dos panos mantem os mesmos ideais
sexistas, racistas, meritocráticos, fazendo com que todos acreditem que há igualdade e
liberdade quando na verdade tudo não passa de uma fachada.
Le Cabaré é para todos. Errantes, excluídos, escondidos, disfarçados, aqueles que tem
uma opinião que não é ouvida, que não é reconhecida, sem repressão, sem julgamentos,
ou hipocrisia. Venha compartilhar suas idéias.