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2. Cultura (...) deve ser tanto material como espiritual. Cultura material é a
aplicação da inteligência a objetos físicos e seu aperfeiçoamento com
propósito racional e moral. (...) A cultura espiritual relata a inteligência dos
seres.
3. Cultura, no seu mais amplo significado, pode ser aplicada a tudo que tem em
si mesmo suscetibilidade do desenvolvimento, crescimento ou
melhoramento. Ela pode ser dividida, por conveniência, em material e
humana. O que chamaremos de cultura material, por falta de uma palavra
melhor, está referenciado nos recursos materiais. O agricultor leva em conta a
natureza do solo, e o melhor modo de prepará-lo; e se esforça para introduzir
tais dispositivos assim como desenvolver seus recursos para o melhor
proveito, e assim assegura a mais proveitosa colheita. (...) Cultura humana
consiste na educação geral e pessoal do homem.
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Excertos selecionados e traduzidos por Glaydson José da Silva e Gilberto da Silva Francisco.
O mais alto grau de ideal de desenvolvimento da humanidade foi alcançado
pela raça mediterrânica. Durante o primeiro período de seu aparecimento,
não foi maior que a China. Com o aparecimento dos semitas e indo-
germanos, (...) gradualmente derrubou todas as barras de oposição de tempo
e espaço.
6. Cultura formal e material são palavras também bem conhecidas nos escritos e
polêmica educacionais alemães. Cultural material significa a realidade do
conhecimento adquirido pela instrução, cultura formal, o treinamento que
diferentes faculdades da mente recebem pela educação e na aquisição de
conhecimento. Nós chamamos normalmente cultura material de
conhecimento e cultura formal de disciplina da mente, ou cultura.
(HODDER, Ian (1989) The meanings of things: material culture and symbolic expression,
contracapa)
(Idem, p. 189)
(Idem, p. 191-2)
Segundo estas abordagens, a cultura material não significa tanto uma relação
entre as pessoas e a natureza, como relações entre grupos, relações de poder,
portanto. A forma das relações sociais fornece uma rede na qual a força
sígnica da cultura material permite definir, redefinir, organizar e transformar
essa mesma rede (grid). As próprias relações sociais articulam-se em um
campo de significado parcialmente estruturado pelo pensamento e pela
linguagem, sendo capaz de reforçar os sentidos reificados e inscritos na
cultura material. A cultura material como constituída por cadeias de
significantes-significados não deve ser tratada de forma simplista, como se
representasse algo em particular, como, por exemplo, se o uso do vermelho
estivesse sempre a indicar o sangue ou se vasos de certa forma fossem
considerados de uso feminino, e outros de uso masculino. A força sígnica da
cultura material depende da estrutura das suas inter-relações e o sentido de
qualquer artefato específico está sempre interseccionado pelo sentido de
outros artefatos. Os artefatos, assim, formam elos em uma cadeia de objetos,
em um campo aberto de signos. De acordo com estas leituras da Lingüística
aplicadas à Arqueologia, seria falso considerar que a cultura material
expressa exatamente o que se exprime na língua, com uma simples mudança
de forma (da voz para a matéria). A importância da cultura material como
força sígnica consiste na sua diferença em relação à linguagem, ainda que
esteja envolvida na comunicação de sentidos. Os sentidos podem ser
comunicados por meio de ações, falas e artefatos, mas o meio altera a
natureza e a efetividade da mensagem (Shanks e Tilley, 1987: 102-117)
REDE, Marcelo. História a partir das coisas: tendências recentes nos estudos de
cultura material. Anais do Museu Paulista. São Paulo. N. Sér. v.4 p.265-82
jan./dez. 1996.
(GILCHRIST, Roberta (1997) Gender and material culture: the archaeology of religious
women, p. 15)
15. Por causa da descoberta de artefatos nas últimas décadas por parte da
Antropologia e outras ciências sociais, freqüentemente chamados de “cultura
material”, a participação dos artefatos na comunicação e comportamento já
não é inteiramente despercebida. Mesmo assim, os estudos de cultura
material como um gênero têm, na perspectiva do presente trabalho, muitas e
sérias deficiências.
Em primeiro lugar, os estudos de cultura material são amplamente
marginalizados nas principais disciplinas das ciências sociais. Isso pode ser
facilmente mostrado por uma leitura cuidadosa da proeminente literatura em
psicologia, sociologia e antropologia.
[Algumas importantes publicações] (Annual Review of Anthropology, Annual
Review of Sociology, Annual Review of Psycology, American Anthropologist,
American Sociological Review, e America Psychologist) (…) que, acredita-se,
representam a nata, a principal pesquisa nas três disciplinas, foram
exaustivamente analisadas, procurando-se artigos tratando de cultura
material, artefatos ou tecnologia (nas publicações de antropologia, apenas
artigos em antropologia sociocultural e etnoarqueologia – o estudo
arqueológico das sociedades viventes – foram examinados). O resultado
demostra que os estudos de cultura material estão longe da linha principal.
Em sociologia e psicologia, menos de um por cento dos artigos concernentes
aos artefatos e tecnologia. Em antropologia, os estudos de cultura material
têm uma história de mais que um século de duração e estão aumentando por
causa da etnoarqueologia, a amostra é maior, com 7,7 por cento dos artigos
na Annual Review of Anthropology e 6 por cento naqueles da American
Anthropologist tratando de artefatos ou tecnologia. Eu sustento: todo domínio
do comportamento e comunicação humanos envolvem relações pessoas-
artefato, então, todos estudos em ciências sociais e comportamentais deveriam
prestar atenção diligentemente aos artefatos. Evidentemente, isto não está
acontecendo – mesmo na antropologia sociocultural.
(SCHIFFER, Michael B.; MILLER, Andrea R. (1999) The material life of human beings:
artifacts, behavior, and communication, p. 5)
16. Às vezes, cultura é dividida entre cultura material – os artefatos que os seres
humanos criam, tais como obras de arte, livros, edifícios e roupas – e não
materiais – as entidades mais abstratas tais como linguagem, crenças,
costumes e mitos. (...) Abordagens mais recentemente voltam-se com mais
atenção a refinar os aspectos não-materiais da cultura, especialmente aqueles
que implicam em padrões de consciência, símbolos e significados.
20. Um termo usado para descrever os objetos produzidos por seres humanos,
incluindo edifícios, estruturas, monumentos, ferramentas, armas, utensílios,
móveis, arte e, de fato, qualquer item físico criado por uma sociedade. Como
tal, a cultura material é a principal fonte de informação sobre o passado, a
partir da qual os arqueólogos podem fazer inferências. Muitas vezes, é feita
uma distinção entre os aspectos da cultura que aparecem como objetos físicos
e os aspectos não materiais.