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Projeto de Construção

Mecânica

Fernando Cândido
Rugosidade Superficial
IMPORTÂNCIA
 A importância do estudo do acabamento superficial aumenta à medida que
cresce a precisão de ajuste entre peças a serem acopladas, onde somente a
precisão dimensional e de forma e de posição não são suficientes para garantir
a funcionalidade do par acoplado.
 É fundamental para as peças onde houver atrito, desgaste, corrosão,
aparência, resistência à fadiga, transmissão de calor, propriedades óticas,
escoamento de fluídos (paredes de dutos e tubos), superfícies de medição
(blocos-padrões, micrômetros) a especificação do acabamento das superfícies
através da rugosidade superficial.
 O acabamento superficial é medido através da rugosidade superficial que
por sua vez é expresso em mícrons. Os critérios de medidas deram origem
à várias normas. No Brasil utiliza-se a P-NB-13 da ABNT. .
APLICAÇÕES
 Ra = 0,01 – Blocos-padrão (aparelho de medida de alta precisão).
 Ra = 0,02 – Aparelhos de precisão (superfícies de medida em micrômetro e
calibradores de alta precisão).
 Ra = 0,03 – Calibradores, elementos de válvulas de alta pressão hidráulica.
 Ra = 0,04 – Agulhas de rolamentos, superacabamento de camisa de bloco de
motor.
 Ra = 0,05 – Pistas de rolamentos, peças de aparelho de controle de alta
precisão
 Ra = 0,06 – Válvulas giratórias de alta pressão, camisas de bloco de motores.
 Ra = 0,08 – Agulhas de rolamentos de grande dimensões, colos de
virabrequim.
 Ra = 0,1 – Assentos cônicos de válvulas, eixos montados sobre mancais de
bronze, teflom, etc.:
 Ra = 0,15 – Rolamentos de dimensões médias, colos de rotores de turbinas e
redutores.
APLICAÇÕES
 Ra = 0,XX – Mancais de bronze, cones de cubos sincronizadores de caixas
de automóveis.
 Ra = 0,3 – Flancos de engrenagem, guias de mesas de máquinas-
ferramentas.
 Ra = 0,4 – Pistas de assentos de agulhas de cruzetas em cardãs;
Calibradores, elementos de válvulas de alta pressão hidráulica.
 Ra = 0,6 – Válvulas de esferas, tambores de freios.
 Ra = 1,5 – Assentos de rolamentos em eixos com cargas pequenas,eixos e
furos para engrenagens, cabeças de pistão, face de união de caixas de
engrenagens.
 Ra = 2 – Superfícies usinadas em geral, eixos, chavetas de precisão,
alojamento de rolamentos;
 Ra = 3 – superfícies usinadas em geral, superfícies de referência e de apoio.
 Ra = 4 – Superfícies desbastadas por operações de usinagem.
 Ra = 5 a 15 – Superfícies fundidas e superfícies estampadas.
 Ra = > 15 – Peças fundidas, forjadas e laminadas.
Influência da rugosidade superficial na resistência
à fadiga

 1 – Superfície polida
 2 - Superfície Retificada
 3 - Superfície Torneada
 4 – Superfície laminada
Influência da rugosidade superficial na vida e temperatura
do funcionamento de mancais de deslizamento
Influência da rugosidade superficial sobre a capacidade de
carga de um casquilho

Estudos de mancais de motores a combustão interna, mostram que a


rugosidade superficial, tanto do casquilho, como do colo de arvores de
manivelas atinge a capacidade máxima de carga com superacabamento,
mostrando melhoria de 100% em relação à superfície ratificada.
Influência da rugosidade superficial na lubrificação de duas
peças ajustadas

É muito importante conhecer o acabamento superficial, pois, se as


saliências forem maiores que a espessura da película de óleo, haverá
contata metal/metal. Influência na decisão da altura da saliência e na sua
forma.
Influência da rugosidade superficial sobre o coeficiente de
transmissão de calor

O coeficiente de transmissão de calor entre duas superfícies metálicas


aumenta à medida que diminui a rugosidade, devido à área de contato.
Para efeito de estudo de acabamento superficial podemos
classificar as superfícies da seguinte maneira:
Para efeito de estudo de acabamento superficial podemos
classificar as superfícies da seguinte maneira:
 Superfície Real – Superfície que limita um corpo e o separa do meio ambiente.
 Superfície geométrica – Superfície ideal prescrita em projeto, não existe erro de
forma
 Superfície efetiva – superfície obtida por instrumentos que se aproxima da
superfície real à medida que a precisão de medida aumenta.
 Perfil real – Intersecção da superfície real com um plano perpendicular a superfície
geométrica.
 Perfil geométrico – Intersecção da superfície geométrica com um plano
perpendicular a ela.
 Perfil efetivo – Intesecção da superfície efetiva com um plano perpendicular à
superfície geométrica.
 Irregularidade da superfície – Saliências e reentrâncias existentes na superfície
real.
 Passo das irregularidades – Média das distâncias entre as saliências mais
pronunciadas do perfial efetivo, situadas no comprimento da amostragem
 Comprimento de amostragem – Comprimento suficiente para avaliarmos os
parâmetros de rugosidade.
Diferenças de forma – rugosidade superficial

As superfícies reais distinguem-se das superfícies geométricas,


através de suas diferenças de forma, sejam elas macro ou
microgeométricas.
Define-se como diferença de forma como a totalidade de todas as
diferenças da superfície real com a superfície ideal geométrica.
Para distinguir as diferenças mais grosseiras das diferenças mais
finas, as diferenças de forma foram divididas em seis ordens.
Diferenças de 1° ordem

São aquelas superfícies que ao verificar toda a sua superfície ou parte da


superfície podemos ver toda a sua extensão: Estas diferenças são
conhecidas como desigualdade, ovalização e cilindricidade. Suas principais
causas são: Defeitos em guias de máquinas-ferramentas, desvios da
máquina ou as peça, fixação errada da peça, distorção devido à tratamento
térmico etc.:
Estas diferenças de forma podem ser determinadas por instrumentos
normais de medição. Essas diferenças não podem ser previstas como
desvios de rugosidade superficial.
Diferenças de forma de 2° a 5°ordem

São diferenças de forma da superfície real que também podem ser


comprovadas em exames de detalhes estatisticamente representativos em
superfícies.
Diferenças de 2° ordem (ondulações)

 São diferenças que se repetem regular ou regularmente e cujas as


distâncias são um múltiplo considerável de sua profundidade.
 Ocorre devido a uma fixação excêntrica da peça, deflexões da
máquinas-ferramentas ou da peça durante a usinagem, tratamento
térmico, tensões residuais de fundições ou forjamento.
 As ondulações são caracterizadas por diversos parâmetros:
a) Altura de ondulação: média das distâncias entre o ponto mais alto (pico)
e o mais baixo da ondulação (vale) no perfil efetivo.
b) Passo da ondulação: média das distâncias entre dois picos ou dois vales
sucessivos de uma ondulação, no perfil efetivo.
Diferenças de 3° ordens

 São diferenças que se repetem regular ou regularmente e cujas as


distâncias são um múltiplo reduzido de sua profundidade.
 A diferença de forma de 3° ordem (ranhuras ou sulcos) – são
provenientes de marcas de avanços e ocorrem devido a forma da
ferramenta (raio de ponta por exemplo) na peça, durante o avanço e
posicionamento desta no processo de usinagem.
Diferenças de 4° ordens

 São as estrias e escamas que ocorrem durante a formação do cavaco,


aresta postiça de corte, deformação de material com jato de areia,
formação de crateras em processo galvânicos etc.:
Diferenças de 5° ordem (estrutural)

 Estas diferenças não podem ser representadas graficamente e


correspondem a processo de cristalização, modificação da superfície por
ação química (decapagem por exemplo) e por processos de corrosão.

Diferenças de 6° ordem (estrutural reticular do material)

 Estas diferenças também não podem ser representadas graficamente e


correspondem a processo físico e químico da estrutura da matéria,
tensões e deslizamentos (textura cristalográfica) na estrutura reticular do
material. Não são incluída atualmente em medições usuais de
rugosidade superficial.
 As diferenças de forma de 2° a 5° ordenes superpõem-se compondo o
perfil da rugosidade superficial.
RUGOSIDADE SUPERFICIAL

 A rugosidade superficial é definida como a soma das diferenças de


forma de 3° a 5° ordens, que resultam da ação inerente do processo de
usinagem.
 Da 6° ordem, ainda não se sabe com exatidão o que resultou. Existe
várias hipóteses e estudos que indicam a textura cristolográfica do
material como principal responsável.
Perfil de rugosidade superficial

 Obtido através de aparelho para medição dessas diferenças que


incluem as diferenças de formas de 2° a 5° ordens.
 A figura abaixo mostra a composição dos desvios de ondulação com os
desvios de rugosidade, formando o perfil completo obtido em aparelhos
de medição
Sistema de medição de rugosidade

 Dois sistemas são utilizados nos diversos países, o da linha média M e o


da envolvente E. O sistema da linha média é o mais utilizado. A norma
ABNT adota o sistema M.
 SISTEMA M – Sistema de linha MÉDIA, todas as grandezas de medição
da rugosidade são definidos a partir do seguinte conceito de linha média:
Linha paralela à direção geral do perfil, no comprimento de amostragem,
de tal modo que a SOMA das áreas superiores, compreendidas entre ela
e o perfil efetivo. Seja igual a soma das áreas inferiores, no comprimento
de amostragem L.
 Os sistemas de medição da rugosidade , baseados na linha média
podem ser agrupados em três classes:
a) Os que se baseiam na medida da profundidade da rugosidade;
b) Os que se baseiam em medidas horizontais
c) Os que se baseiam em medidas proporcionais.
SISTEMAS BASEADOS NA MEDIDA DA
PROFUNDIDADE DA RUGOSIDADE - Ra
 Desvio médio aritmético – Média aritmética dos valores absolutos das
ordenadas do perfil efetivo em relação à linha média num comprimento
de amostragem.
SISTEMAS BASEADOS NA MEDIDA DA
PROFUNDIDADE DA RUGOSIDADE - Ra
 O parâmetro Ra poder ser usado nos seguintes casos:
a. Quando for necessário o controle contínuo da rugosidade nas linhas de
produção;
b. Em superfícies em que o acabamento apresenta sulcos de usinagem
bem orientados (torneamento, fresagem etc.:);
c. Em superfícies de pouca responsabilidade, como no caso de
acabamentos com fins estéticos.
Vantagens - Ra

1. É o parâmetro de medição mais utilizado em todo o mundo.


2. É aplicável à maioria dos processos de fabricação.
3. Devido a sua grande utilização, quase todos os equipamentos
apresentam esse parâmetro (de forma analógica ou digital eletrônica);
4. Os riscos superficiais inerentes aos processo não alteram muito seu
valor.
5. Para a maioria das superfícies, o valor da rugosidade nesse parâmetro
está de acordo com a curva de Gauss, que caracteriza a distribuição de
amplitude.
Desvantagens - Ra

1. O valor de Ra em um comprimento de amostragem indica a média da


rugosidade. Por isso, se um pico ou vale não típico aparecer na
superfície, o valor da média não sofrerá grande alteração, ocultando o
defeito.
2. O valor de Ra não define a forma das irregularidades do perfil. Desta
forma, poderemos ter um valor de Ra para superfícies originadas de
processos diferentes de usinagem.
3. Nenhuma distinção é feita entre picos e vales.
4. Para alguns processos de fabricação com freqüência muito alta de vales
ou picos, como é o caso dos sinterizadores, o parâmetro não adequado,
já que a distorção provocada pelo filtro eleva o erro a altos níveis.
DÉSVIO MÉDIO QUADRÁTICO - Rq

 Desvio médio quadrático – Definido como raiz quadrada da média dos


quadrados das ordenadas do perfil efetivo com relação à linha média em
um comprimento de amostragem
Altura das irregularidades de 10 pontos - Rz

 Diferença entre o valor médio das ordenadas dos cinco pontos mais
salientes e valor médio das ordenadas dos 5 pontos mais reentrantes
medidas a partir de uma linha paralela à linha média, não interceptando o
perfil no comprimento de amostragem

R1  R3  R5  R 7  R9 R 2  R 4  R 6  R8  R10
Rz  
5 5
Altura Máxima das irregularidades - Rmax

 Diferença entre duas linhas paralelas à linha média e que tangenciam a


saliência mais pronunciada e a reentrância mais profunda, medida no
comprimento da amostragem.
Profundidade Média - Rp

 É a profundidade de saliência mais pronunciada, com origem na linha


média, no comprimento de amostragem.
Relação entre rugosidade superficial e tempo de
fabricação
Comprimento de Amostragem
Relação entre tolerância ISSO e a rugosidade
superficial
Aparelhos utilizados para medição da rugosidade
superficial
Aparelhos utilizados para medição da rugosidade
superficial
Indicação do estado de superfície no Brasil – NBR
6402

 No Brasil, até 1984, a NBR 6402 indicava o acabamento superficial por


meio de uma simbologia que transmitia apenas informações qualitativas.
Esta simbologia que se encontra ultrapassada NÂO deve ser usada em
desenhos técnicos mecânicos. Entretanto, devemos estudá-la, pois,
encontramos em desenhos mais antigos e....
Indicação do estado de superfície no Brasil – NBR
6405/88 e 8404/84
 Atualmente, a avaliação da rugosidade, no Brasil, baseia-se nas normas
NBR6405/88 e NBB8404/84, que tratam a rugosidade de forma quantitativa,
permitindo que ela seja medida.
 A norma NBR8404/84 defini as 12 classes de rugosidade, que
correspondem a determinados desvios médios aritméticos (Ra) expressos em
microns.
Características da Rugosidade Ra
Indicação de superfície de rugosidade nos
desenhos técnicos
Indicação de superfície de rugosidade nos
desenhos técnicos
Indicação do valor de rugosidade nos desenhos
técnicos
Indicação de sobremetal para usinagem
Disposição da indicação dos estados de
superfícies
Indicação dos estados de superfícies nos
desenhos
Indicação dos estados de superfícies nos
desenhos
Gabarito
Correspondente entre símbolos e classes

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