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ORÇAMENTO NA CONSTRUÇÃO CIVIL COMO INSTRUMENTO PARA

PARTICIPAÇÃO EM PROCESSO LICITATÓRIO

BUDGET IN CIVIL CONSTRUCTION AS A TOOL FOR PARTICIPATION BIDDING


PROCESS

Ana Paula Santana dos Santos – santana_paul@hotmail.com


Nilmara Delfina da Silva – nilmara.delfina@bol.com.br
Vera Maria de Oliveira – vera.jmph@gmail.com
Graduando no Unisalesiano
Profª. Ma. Heloisa H. R. da Silva – heloisa@unisalesiano.edu.br
Prof. Me. Ricardo Yoshio Horita – Unisalesiano - ricardohorita@uol.com.br

RESUMO
Com a evolução da engenharia civil, surgiu a necessidade de mensurar
os itens monetários envolvidos na construção civil para estimar os custos com
materiais, mão de obra, custos diretos e custos indiretos relacionados em cada
empreendimento. O orçamento da construção tem por objetivo efetuar um
estudo criterioso dos preços de todos os insumos integrantes da obra de modo
a reduzir o grau de incerteza na tomada de decisão, analisando a viabilidade
econômica do empreendimento e o retorno do investimento. Para uma
construtora prestar serviço para o poder público é necessário a participação em
licitação, devendo analisar os critérios exigidos para a apresentação de sua
proposta. Ressalta-se que o preço proposto não deve ser tão baixo a ponto de
não permitir lucro e nem tão alto a ponto de não ser competitivo na disputa com
os demais proponentes. É essencial a avaliação do edital de publicação do
objeto a ser licitado de modo a auxiliar no planejamento orçamentário para
atingir as metas necessárias, garantindo a empresa maiores chances de
vencer a concorrência.

Palavras-chave: Planejamento Orçamentário. Licitação. Construção Civil.

ABSTRACT
With the civil engineering evolution, the need arose to measure monetary
items involved in construction growth, to estimate the costs of materials, labor,
direct and indirect costs related for each project. The building budget aims to
make a careful study of the prices of all inputs members work to reduce the
degree of uncertainty in decision making, analyzing the economic feasibility of
the project and return on investment. To participate in a bidding process, the
company must analyze for the submission of its proposal. It’s noteworthy that
the proposed price should not be so low to the point of not allowing profit and
not so high that it will not be competitive in the race with the other bidders. It is
essential evaluate the edict of publication of the object to be bidding to aid in
budget planning necessary to achieve the goals, ensuring the company a better
chance of winning the competition.

Keywords: Budget Planning. Bidding. Building.

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INTRODUÇÃO

O orçamento, sendo um instrumento de planejamento empresarial,


contém informações de receitas previstas e estimativa de despesas com o
objetivo de controlar as atividades necessárias para os serviços prestados pela
empresa voltada à construção civil.
Sua elaboração começa antes do inicio da obra e a preparação deve
estabelecer critérios rigorosos na composição do custo para que não haja
considerações incertas que afetem a decisão eficiente da administração.
O planejamento orçamentário visa à alocação de estratégias a serem
adotadas para controle das despesas e das receitas a fim de identificar o
resultado total do empreendimento.
Os objetivos do presente trabalho foram abordar a importância do
orçamento utilizado no ramo da construção civil, no que tange aos custos com
materiais, mão de obra e a forma de retorno de tais custos, analisando os
critérios utilizados para atendimento da prestação de serviços ao órgão público
com a contratação por processo de licitação.
Para atingir o objetivo proposto, foi realizada uma pesquisa bibliográfica
e um estudo de caso.

1 EVOLUÇÃO DA ENGENHARIA CIVIL

A evolução histórica da engenharia civil iniciou-se desde os tempos das


cavernas, quando os povos começaram a desenvolver as primeiras
ferramentas e a pensar em uma moradia mais segura e confortável para se
abrigarem. (RIBARD, 1964).
Segundo Valle et al. (2007), o desenvolvimento histórico da engenharia
motivou os aspectos relacionados à garantia de determinado padrão de
qualidade, surgindo normas de execução para a realização de obras.
Em 1858, através da Escola Central ocorreu a abrangência do curso de
engenharia civil com as técnicas de construção de estradas, pontes e edifícios,
ministrados pelos engenheiros civis. Em 1874, a Escola Central passou a ser
Escola Politécnica criando especialidades de engenharia. (UFRJ, 2012)
A partir do século XX, com desenvolvimento industrial, o Brasil passou

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por diversas mudanças, como a construção de ferrovias e prédios que
contribuíram com o crescimento das obras.

2 ORÇAMENTO NA CONSTRUÇÃO CIVIL

“Orçamento é o calculo dos custos para executar uma obra ou um


empreendimento, quanto mais detalhado, mais se aproximará do custo real.”
(SAMPAIO, 1989, p. 17).
Segundo Cardoso (2009), orçamento é um documento valioso em
qualquer estudo preliminar ou de viabilidade.
O orçamento, parte integrante dos contratos, é o documento por meio
do qual o auditor acessa as mais variadas informações dos projetos
de arquitetura e de engenharia, podendo ainda efetuar diversas
confrontações com os documentos e relatórios de prestação de
contas. (CARDOSO, 2009, p. 15)

Tisaka (2011) afirma que o orçamento ao ser elaborado, deverá conter


todos os serviços a serem executados na obra, compreendendo o
levantamento dos quantitativos físicos do projeto e da composição dos custos
unitários de cada serviço, das leis sociais e encargos complementares,
apresentados em planilha.

2.1 Planejamento orçamentário

A elaboração de um orçamento, segundo Cordeiro (2007), necessita de


planejamento que compreende as possibilidades e limitações técnicas, além do
cálculo dos custos de uma série de tarefas sucessivas e ordenadas, através de
informações obtidas que direciona o desenvolvimento do orçamento.
De acordo com Cardoso (2009), o orçamento é um documento que
necessita de absoluta credibilidade e o seu planejamento aborda a elaboração
de um roteiro de ações para atingir determinado fim.
O Instituto de Engenharia (2011) caracteriza o planejamento como
elaboração de condições para a execução dos serviços, como os métodos a
serem utilizado, volume ou porte do serviço, prazos de execução,
equipamentos necessários, jornada de trabalho e todos os fatores envolvidos
para a realização do empreendimento.

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2.2 Escopo do orçamento

O orçamento tem por objetivo efetuar o levantamento dos custos que


serão utilizados a obra, demonstrando os processos necessários para a
execução do empreendimento. Isto exige pesquisa dos preços dos insumos,
caracterizando a composição dos custos, conforme descreve Mattos (2006).
O escopo do orçamento envolve desde o estudo do projeto que
direciona os serviços a serem executados até a composição dos custos e o
fechamento do orçamento. Os estudos estabelecem as metas que auxiliam a
elaboração do planejamento, onde a junção dessas funções determinam os
resultados do empreendimento que deseja alcançar.

2.3 Tipos de orçamentos

Segundo o Instituto de Engenharia (2011), de acordo com a Norma


Técnica nº 01/2011 para elaboração de orçamento de obras de construção
civil, os tipos de orçamento podem ser por estimativa de custo, orçamento
preliminar, orçamento analítico ou detalhado e orçamento sintético ou
orçamento resumido.

2.3.1 Estimativa de custo

O Instituto de Engenharia (2011) especifica que a estimativa de custo


corresponde à avaliação de custo obtida através da pesquisa de preço no
mercado após examinar os dados preliminares de uma idéia de projeto em
relação à área a ser construída, quantidade de materiais e serviços envolvidos.
Com essa pesquisa é possível se aproximar ao máximo do valor real do
projeto.
Mattos (2006) afirma que a representação do custo da construção por m²
realizada pelo Custo Unitário Básico da Construção (CUB) é um dos maiores
indicadores mais utilizados para estimativa de custos.
Onde:
Custo Total = Área de Construção x CUB

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Os responsáveis pela divulgação mensal dos custos unitários de
construção a serem adotados é de obrigatoriedade dos sindicatos estaduais da
indústria da construção civil.

2.3.2 Orçamento preliminar

Segundo Sampaio (1989), o orçamento preliminar corresponde a


avaliação de custo obtida através de levantamento e estimativa de quantidades
de materiais e de serviços e pesquisa de preços médios, efetuada na etapa do
anteprojeto.
Tisaka (2011), esclarece que o orçamento preliminar , para não ser
apenas custo, deve incluir o Benefício e Despesas Indiretas (BDI) que
caracteriza a margem adicionada para determinar o valor do orçamento.

2.3.3 Orçamento analítico ou detalhado

Valentini (2009) define orçamento analítico como detalhamento de todas


as etapas do empreendimento, resultando na confiabilidade do preço
apresentado, considerando todos os recursos e variáveis mensurados por
custo direto, custos indiretos acrescidos de BDI, formando assim o preço de
venda.

2.3.4 Orçamento sintético ou resumido

Compreende o resumo do orçamento analítico expresso através das


etapas com valores parciais ou grupos de serviços, com seus respectivos totais
e o preço do orçamento da obra, conforme descreve o Tisaka (2011).

2.4 Tabela de composição de preço para orçamento

A Tabela de Composição de Preços para Orçamento (TCPO) norteia o


orçamento de construção, planejamento e controle de obras. De acordo com
Tisaka (2011) é na TCPO que se encontram os parâmetros de quantitativos,
produtividade e de consumo necessárias para a composição dos principais
serviços utilizados na construção civil.
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Para melhor entendimento, segue exemplo prático do orçamento de uma
parede de blocos de concreto 14x19x19 cm, com 5 metros de comprimento e 3
metros de altura, correspondente a 15 m², de acordo com Tognetti (2011) com
base na TCPO.

Quadro 3: Composição de preço para orçamento


Insumos Consumo (C) Unidade Preço (P) Subtotal (CxP)
Pedreiro 0,92 H R$ 4,65 R$ 4,28
Servente 1,10 H R$ 3,81 R$ 4,19
Areia 0,023 m² R$ 79,20 R$ 1,82
Cal Hidratada 4,14 Kg R$ 0,34 R$ 1,41
Cimento 3,24 Kg R$ 0,37 R$ 1,20
Bloco de concreto
14x19x19 cm 13 Um R$ 1,92 R$ 24,96

Leis Sociais 120% R$ 10,16


Benefícios e Despesas Indiretas 20% R$ 12,00

TOTAL (por m²) R$ 60,02


Parede com 15m² (3x5m) R$ 900,37
Fonte: Tognetti, 2011.

Além da TCPO, de acordo com Tognetti (2011) existem outras fontes de


tabela para orçamentos disponibilizados por órgãos governamentais, como
Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE) e o Sistema Nacional
de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (SINAPI) disponibilizado
pela Caixa Econômica Federal, que fornecem os preços dos insumos sem a
composição, porém auxiliam na ideia da grandeza dos custos dos serviços.

2.5 Etapas do orçamento

Para a elaboração do orçamento é necessário obter informações que


expressem os custos para a realização do empreendimento, com o objetivo de
absolver informações exatas com relação aos valores que serão estabelecidos.
Segundo Mattos (2006), o orçamento engloba três etapas de trabalho:
estudo das condicionantes, composição de custos e determinação do preço.

2.5.1 Estudo das condicionantes

É o estudo das condicionantes quem norteia o orçamentista conforme


afirma Mattos (2006), auxiliando na identificação das condições da obra através

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da leitura e interpretação do projeto composto por: plantas baixas, cortes,
vistas, notas esclarecedoras entre outras.
Além da interpretação do projeto, o orçamentista necessita avaliar as
especificações técnicas que, segundo Mattos (2006), são documentos de texto
de natureza mais qualitativa do que quantitativa, como: descrição qualitativa
dos materiais, padrão de acabamento, tolerâncias dimensionais dos elementos
estruturais e tubulações e outros.
Após a compreensão do projeto, o orçamentista avalia o edital e realiza
a visita técnica no local da obra, para complementar o estudo das
condicionantes, conforme Mattos (2006).

2.5.2 Composição dos custos

A composição de custos são peças básicas na elaboração do


orçamento, onde segundo Cordeiro (2007) está composição de custo exige o
conhecimento dos materiais, mão de obra, encargos sociais e o BDI.
A composição de custo compreende em primeiro plano a identificação
dos serviços integrantes da obra. Cada serviço precisa ser quantificado. De
acordo com Mattos (2006) este levantamento de quantitativo é a principal tarefa
do orçamentista.
A composição de custo, auxilia e contribui para analise da lucratividade
sobre o empreendimento, assim como estabelece o preço de venda e o BDI
aplicado uniformemente sobre todos os serviços a fim de garantir o retorno do
investimento.

2.5.2.1 Encargos sociais e trabalhistas

Segundo Mattos (2006), os encargos sociais e trabalhistas são definidos


pelo percentual a ser aplicado na mão de obra. Envolve impostos que incidem
sobre a hora trabalhada e os benefícios que tem direito os trabalhadores e que
são pagos pelo empregador.

2.5.2.2 Composição e cálculo do BDI

O cálculo do BDI é definido pela própria empresa, efetuando a relação

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entre as despesas operacionais e o faturamento alcançado. O cálculo do BDI
de acordo com a TCPO é após a apuração dos custos diretos.
Segundo o Instituto de Engenharia (2011), o BDI refere-se à taxa
adicionada ao custo direto de uma obra ou serviço. Quando a empresa
estabelece a taxa de BDI a cada um dos componentes, deve justificar a origem
das mesmas e analisar a qualificação e quantificação de estrutura mínima das
empresas que participam de uma licitação.
Enquanto o Custo Direto representa todos os valores constantes da
planilha, o BDI é a margem que se adiciona ao Custo Direto para determinar o
valor do orçamento. Tisaka (2006) representa, figurativamente, o BDI da
seguinte maneira:
PV = CD x 1 + BDI (%) ou PV = CD (1+b)
100

Onde:
PV = Preço de Venda ou Orçamento
CD = Custo Direto
BDI = Benefício e Despesa Indireta expresso em percentual
b = Benefício e Despesa Indireta expresso em número decimal

2.5.3 Fechamento do orçamento

O fechamento do orçamento é estabelecido com a definição do lucro


baseado no levantamento dos custos do empreendimento.
O fechamento do orçamento é demonstrado em planilha que formaliza a
discriminação de cada item do empreendimento, preço unitário de material,
preço unitário de mão de obra, preço total dos materiais e mão de obra,
incluindo os custos diretos, custos indiretos, preço de venda e BDI.
Para Mattos (2006), no fechamento do orçamento, o construtor define a
lucratividade que deseja obter na obra, considerando os fatores de
concorrência e risco do empreendimento.

3 LICITAÇÃO

De acordo com Mattos (2006) licitação é o procedimento utilizado pelo

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governo federal, estadual e municipal, para realizar compra de bens e serviços
ou venda de bens.
A licitação é a regra padrão para qualquer aquisição ou venda por
parte do Poder Público. Segundo a Constituição Federal, obras,
serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo
de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os
concorrentes. (MATTOS, 2006, p. 264).

Para TCU (2010) licitação é a regra utilizada para a compra de bens ou


contratação de obras e serviços pela Administração Pública. Ocorre por meio
de convocação através da divulgação das condições, onde empresas
interessadas apresentam suas propostas para disponibilizar seus bens e
serviços.
Para regulamentar o artigo 37, inciso XXI da Constituição Federal
brasileira, foi instituída pela presidência da república, a partir de 1993, a Lei das
Licitações instituída pela Lei nº 8.666 de 21 de junho de 1993, estabelecendo
normas gerais sobre licitações e contratos no âmbito dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

3.1 Modalidade da licitação

Mattos (2006) afirma que a Lei 8.666/93 estabelece algumas


modalidades de licitação, onde cada uma obtém uma forma diferente de
procedimento administrativo de acordo com o tipo de bem a ser licitado e o
valor de aquisição pretendida pelo poder público.
Essas modalidades são: Concorrência, Tomada de Preço, Convite,
Concurso e Leilão.
Em qualquer modalidade licitatória, não podem ser modificados os
termos da proposta ou dos documentos, em qualquer hipótese, salvo
quanto a erros ou falhas materiais que possam ser sanados ou
corrigidos, por meio de despacho fundamentado, registrado em ata e
acessível a todos, atribuindo-lhes validade e eficácia jurídica para fins
de classificação das propostas e habilitação dos licitantes. Possíveis
correções devem constar do ato convocatório. (TCU, 2010, p. 474).

3.2 Tipo de licitação

De acordo com Cardoso (2009), os tipos de licitação tratam do


julgamento da proposta dos proponentes, com o que determina a lei para cada
situação licitada. Constituem tipos de licitação:

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a) a de menor preço: determinando que o vencedor do certame será o
que apresentar proposta mais vantajosa para a administração;
b) a de melhor técnica: denominado para serviços de natureza
predominantemente intelectual;
c) a de técnica e preço: refere-se a junção dos itens a e b, onde além
de requisitos intelectuais, avalia-se a proposta mais vantajosa.

4 AQUISIÇÃO DO EDITAL

A aquisição do edital é necessária para a empresa avaliar os requisitos


exigidos para a participação da licitação.
A aquisição do edital é necessária para a empresa avaliar os requisitos
exigidos para a participação da licitação. Estes requisitos esclarecem para a
empresa o objeto licitado, modalidade de licitação, tipo de licitação, regime de
execução, prazos, local, data e horário da realização da abertura dos
envelopes de documentação e proposta, condições de participação e
habitação, critérios de julgamento das proponentes, dotação orçamentária,
condições de medições e pagamentos e orçamento estimado.
Analisados todos os procedimentos exigidos e constando que no edital
todas as informações precisas e os anexos para a empresa na avaliação do
empreendimento, o próximo procedimento é a realização da visita técnica e os
demais procedimentos.

4.1 Visita in loco

A visita técnica é o conhecimento do local onde será realizado o


empreendimento. O engenheiro da empresa realiza a visita para analisar in
loco a viabilidade dos padrões do terreno, com relação ao nível e as
necessidades iniciais para o início da execução da obra como: terraplanagem,
remoção de vegetação ou entulhos, demolições se houver algum tipo de
construção no terreno que não possa ser reformada. A administração pública
elabora o atestado de visita técnica comprovando que a empresa possui
conhecimento do local onde será executada a obra.

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4.2 Avaliação do projeto

A avaliação do projeto norteia os valores que irão compor a planilha


orçamentária e os itens relacionados para a execução da construção. O
engenheiro analisa área a ser construída e quais as especificações contidas no
projeto.

4.3 Estudo da planilha orçamentária

A empresa elabora este estudo efetuando, com seus fornecedores, a


cotação de preços dos materiais a serem utilizados na obra, buscando o
melhor preço de mercado, o prazo de entrega, para que possa atender as
exigências da execução da obra, comparando com os valores fornecidos na
planilha contida no edital.
A planilha orçamentária disponibilizada junto aos anexos do edital é a
etapa na qual a empresa, após a visita técnica e avaliação do projeto, avalia
cada item composto na planilha, conforme exemplo abaixo:

Quadro 6: Planilha orçamentária


CÓDIGO DESCRIÇÃO UNID. QUANT.
1 Serviços preliminares
Limpeza e raspagem da área com remoção de
1.1 vegetação espessura 15 cm m² 1.379,15
Ligação provisória de água para obra e instalação
1.2 sanitária provisória unid. 1,00
2 Terraplenagem
2.1 Corte e compensação m³ 415,00
3 Infra-estrutura
Estaca moldada in loco Ø 25 cm profundidade
3.1 10,00 metros m 540,00
3.2 Forma de madeira para infra estrutura m² 101,40
Fonte: Adaptado de Prefeitura Municipal de Lins, 2012.

4.4 Orçamento e elaboração da proposta

A elaboração da proposta da empresa é objetiva, seguindo as


exigências que compõem o edital. Tem por característica a apresentação em
papel timbrado e dados de identificação da empresa, valores unitários e total
de cada item, valor global da proposta expressos em moeda corrente nacional,

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prazo de execução da obra, prazo de validade da proposta, garantia da obra e
identificação da modalidade da licitação.

4.5 Julgamento das proponentes

Com todos os proponentes e comissão de licitação presentes, inicia-se a


lavratura em ata referente à abertura dos envelopes contendo os documentos
de habilitação. Caso ocorram divergências nas documentações, a comissão de
licitação justifica a inabilitação da proponente.
Após este procedimento, a comissão de licitação inicia a abertura dos
envelopes contendo as propostas de preço das empresas habilitadas. É
avaliada cada proposta apresentada. A comissão de licitação analisa as
conformidades de acordo com o edital e a empresa que apresentar a proposta
mais vantajosa torna-se vencedora.

4.6 Contratação da empresa vencedora

A empresa, após a homologação, assinará o contrato de prestação de


serviços emitido pela prefeitura em duas vias de igual teor, permanecendo uma
via com a empresa e outra com o órgão público, estando estas devidamente
rubricadas em todas as folhas e assinadas pelo responsável competente da
prefeitura e pelo sócio administrador da empresa. Já com o contrato em mãos,
a empresa anexa todos os documentos referente a este contrato como a
garantia de cumprimento, matrícula de Cadastro Específico do INSS (CEI),
ordem de serviço emitido pela prefeitura, Anotação de Responsabilidade
Técnica (ART), assim como o próprio edital, a planilha de proposta da
empresa, cronograma, memorial descritivo e outros documentos relacionados à
obra.

4.7 Acervo técnico

Após a execução do empreendimento, a empresa solicita ao órgão


público o atestado de conclusão de obra, para posterior emissão do acervo
técnico junto ao CREA.

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O acervo técnico é o documento que comprova que a empresa e o seu
engenheiro responsável tem capacidade técnica competente para participar em
futuras licitações.
Em concorrências públicas para execução de obras, o acervo técnico é
um documento essencial para a empresa ser qualificada e habilitada para a
realização do empreendimento, pois o mesmo comprova a capacidade de
execução de obras futuras.

4.8 Estudo de caso

Para entendimento deste trabalho faz-se necessário uma abordagem


sobre a empresa e o processo de licitação com base na Lei Federal nº
8.666/93, de modo a compreender os critérios que são abordados para
participação em concorrência pública.
Com a realização da pesquisa, pode-se constatar a importância do
orçamento para o planejamento de execução de obra e instrumento necessário
para participação em licitação pública.
O orçamentista pode realizar a composição de custos com o auxilio da
TCPO e outros como tabela SINAPI e comparando preços com seus
fornecedores.
A pesquisa esclarece que a empresa, interessada em participar de
processo licitatório, tenha chances para vencer é necessário obter todas as
informações para demonstrar a capacidade de realização da obra. Além de
dados que compõe o orçamento, o processo de licitação é esclarecido pela lei
de licitação instituída pela Lei Federal 8.666 de 21 de junho de 1993 e suas
posteriores alterações, é o manual de consulta obrigatória a todos os
interessados em concorrências publicas para ciência de suas obrigações e
direitos.
CONCLUSÃO

Após a pesquisa elaborada, conclui-se que o orçamento é uma parte


fundamental da construção civil em qualquer processo de licitação de acordo
com a Lei 8.666/93, no qual o orçamento é realizado antes do inicio da obra a
fim de mensurar os resultados ao fim de sua conclusão, contribuindo assim

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para a tomada de decisão.
Ressalta-se que um bom orçamento não é obtido sem a elaboração de
um planejamento, calcular os custos através de informações apresentadas no
edital e na visita técnica no local onde será executada a obra.
O resultado dessa pesquisa demonstra como o orçamento elaborado de
forma adequada pode ser um instrumento determinante para ter sucesso na
concorrência de um processo licitatório, pois apresenta os custos, tanto de
matérias como de mão de obra e a forma de retorno de tais custos.

REFERÊNCIAS

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