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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS


DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

Texto: TORODOV, Tzvetan. A conquista da América: A questão do outro. S. Paulo:


Martins Fontes, 1999.
Alunos: Ariana Oliveira Gonçalves; Anderson Souza

A Conquista da América. A Questão do Outro, de Tzvetan Todorov tem, com objetivo,


buscar através da apresentação da história da colonização da América discutir a questão
da alteridade na época que Todorov ergue sua tese sobre o desconhecimento do outro
pelos espanhóis, ao narrar a descoberta da América e sua conquista.

Todorov usa como fonte documental, um conjunto de documentos produzidos pelos


conquistadores ou pelos missionários espanhóis, desde as cartas de Colombo, até Las
Casas e Sahagún. Analisa as formas discursivas, as lacunas, a linguagem e a apreensão
do mundo indígena a partir do olhar europeu.

O livro é dividido em quatro capítulos, sendo eles denominados por; Descobrir,


Conquistar, Amar e por ultimo, Conhecer. Correspondem às fases sucessivas da relação
entre o “eu” e o “outro”, isto é, fazer uma história desse “outro”.

O capítulo “Descobrir” abarca, basicamente as reações de Colombo ao chegar no novo


mundo, o encontro com os indígenas e suas implicações, seu desconhecimento em
relação aos habitantes o leva a um comportamento equívoco em relação a eles: ora
declara que os índios são pessoas extremamente bondosas e dóceis, no que trás, de certo
modo, a ideia do bom selvagem, propicio a ser catequizado, e ora os taxa de “cães
imundos”, porque não entende suas práticas culturais, sua fé, sobretudo o ritual
canibalismo, constituindo-se, assim, em potenciais escravos.
Torodov vai afirmar que a descoberta da América foi o encontro mais surpreendente,
uma vez que em nenhum outro encontro houve um estranhamento tão grande quanto no
momento em que Colombo chega às Américas. Muito se sabia sobre a África, China,
porém nada se sabia sobre os povos indígenas que habitavam as Américas, ainda que,
como afirma Tordov, muito se projete nessa nova população imagens e ideias
relacionadas às populações já conhecidas.

Segundo Torodov o que motiva Colombo a busca de novos territórios é a sua fé, uma
vez que ao descobrir novos territórios, com ouro em abundancia, ele desejava utilizar
parte dessa fortuna para libertar Jerusalém. Analisando as cartas de Colombo, Torodov
percebeu que a sua busca por ouro era em grande parte para acalmar os ânimos dos
outros, e também dos mandatários, como o Rei da Espanha, mas que para ele, o ouro era
um meio para seu propósito religioso, pois a ambição não era sua força motriz.

Ouro motivo que levou Colombo a desejar viajar foram os relatos de Marco Polo a
respeito do Grande Can, que segundo Marco Polo o Imperador Chinês havia pedido
sábios para instituí-lo na fé de Cristo, e para Colombo era de fundamental importância
expandir a fé cristã.

No capítulo seguinte Todorov busca entender as razões que tornaram possível um


número tão pequeno de espanhóis massacrar o super-estruturado e riquíssimo Império
Asteca.

Todorov então apresenta sua tese: a vitória espanhola deveu-se ao colapso na


comunicação asteca, em consequência direta de sua interrupção, no momento em que, à
comunicação ritual holística, é imposto um padrão novo, mais ágil e adaptável, da
comunicação inter-humana pelos conquistadores.

Os astecas possuem uma cosmogonia própria, na qual é mais importante a concepção


cíclica do tempo: o futuro de alguma forma está inscrito no passado, revelando no
presente através profecias ou de presságios. A comunicação estabelecida entre os
Astecas é entre o mundo humano e o sobrenatural ou religioso.

Qualquer novidade desestrutura a comunicação Asteca, pois a comunicação não é aberta


a improvisos, a fatos não conhecidos previamente, através da interpretação dos sinais
divinos. Ora, ao não conseguir responder prontamente aos primeiros ataques, já haviam
perdido.
A primeira atitude de Cortez é procurar intérpretes, com visando reter o maior número
possível de informações sobre os indígenas. Os espanhóis perceberam a utilidade prática
da língua, utilizando-a como instrumento político de manipulação e controle sobre o
outro.

Sua maior interprete é Malinche, que por sua vez, domina a língua Maia e também a
língua inca e aprende rápido o espanhol. Maliche não apenas traduz a fala dos nativos,
bem como ensina sua cultura, o significado de seus ritos, o funcionamento de sua
sociedade, o que garante a Cortez uma imensa vantagem em relação aos nativos. Cortez
se preocupa muito com a recepção de seus discursos pelos indígenas, adotando grandes
ações por seu efeito simbólico e age de modo astuto para confundir os índios. É também
por meio de seus intérpretes que descobre as rivalidades internas entre as várias
comunidades nativas que pertencem ao Império Inca, aproveita disso para fazer alianças
e garantir o apoio de um bom número de guerreiros índios, que, lhe garante a vitória.

Nos dois seguintes capítulos, Todorov apresenta o modo como os espanhóis destruíram
a civilização Asteca, gerando um outra e nova cultura, nem denominada índia e nem
espanhola, de alguma forma, mestiça.

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