Você está na página 1de 13

AO JUÍZO DA PRESIDÊNCIA DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO

DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS

Ref. Processo nº 0718113-65.2019.8.07.0020


PEDIDO DE GRATUIDADE JUDICIAL

ANDREIA CORDEIRO LOPES, brasileira, casada, aposentada,


portadora do RG nº 1.919.467, órgão emissor SSP/DF, inscrita no CPF sob nº
877.339.601-00, endereço eletrônico: andreiaclopes34@hotmail.com, residente
e domiciliada na SQ 15, Quadra 13, Casa 52, Cidade Ocidental/GO, CEP:
72.880-578, por intermédio de suas advogadas infra assinadas, conforme
procuração anexa (Doc. 01), vem respeitosamente à presença de Vossa
Excelência, com fundamento nos artigos 101, 1.015 e seguintes do Código de
Processo Civil para aviar o presente recurso de
AGRAVO DE INSTRUMENTO
(INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE GRATUIDADE JUDICIAL)
o que faz, tempestivamente contra a decisão exarada pelo juízo da 1ª Vara Cível
da Circunscrição Judiciária de Águas Claras/DF, a qual por Decisão
Interlocutória (ID 55898068) decidiu pelo indeferimento da gratuidade judicial
pleiteada pela Agravante nos autos do processo de origem nº 0718113-
65.2019.8.07.0020, que contente com LUCIO GUSMÃO ROCHA, brasileiro,
médico, portador da Carteira de Identidade nº 16.363, órgão emissor CRM/DF,
CPF desconhecido, endereço eletrônico desconhecido, com endereço
profissional na Área Especial Setor C Norte, - Hospital Anchieta –
Taguatinga/DF, CEP 72115-700; e com a clínica médica ORTOTRAUMA –
ORTOPEDIA & MEDICINA ESPECIALIZADA, pessoa jurídica de direito
privado, inscrita no CNPJ sob nº 14.691.641/0001-44, com sede na Chácara 35,
Lote 18ª – Colônia Agrícola Vicente Pires/DF, CEP 70297-400, ao argumento

QND 28 – Lote 21 – Sala 304 – Comercial Norte


Taguatinga – Brasília/DF – CEP: 72.120-280
adv.izabelauchoa@gmail.com
(61) 3203-6844 / (61) 99134-4143
de que a situação da Agravante não se amolda à condição de
hipossuficiência.

Preliminarmente, a Agravante informa que deixa de recolher


quaisquer custas e preparos, uma vez que o Agravo de Instrumento trata do
pedido de gratuidade judicial, visto que a Agravante não possui condições de
arcar com os ônus processuais sem prejuízo de seu sustento e de sua família,
conforme Declaração de Hipossuficiência anexa (Doc. 03).

Isso posto, requer que Vossa Excelência se digne em receber o


presente Agravo de Instrumento para, no mérito, DAR PROVIMENTO e reformar
a r. Decisão Objurgada, pelas razões de fato e de direito delineadas nas razões
recursais.

Em atendimento ao disposto no art. 1.016, inciso IV, do Código de


Processo Civil, informa que não é possível informar os dados do procurador dos
Agravados tendo em vista ser o Agravo de Instrumento em face de decisão que
negou gratuidade de justiça, antes da citação dos Agravos. Indica-se, ainda, o
nome e o endereço dos procuradores habilitados nos autos, a saber:

Advogada da Agravante: Dra. Ana Izabela de Oliveira Uchôa, OAB/DF 60.323


e Dra. Angiê Raposo Lopes, OAB/DF 63.437, com escritório localizado QND 28,
Lote 21, Sala 304, Comercial Norte, Taguatinga, Brasília/DF – CEP: 72.120-280;

Por fim, a Agravante esclarece que junta as peças obrigatórias para


instruir o presente recurso, consoante dispõe o artigo 1.017 do Código de
Processo Civil.

Na forma do artigo 425, inciso IV do CPC, as advogadas que esta


subscreve declaram a autenticidade das cópias reprográficas das peças
constantes do processo judicial, sob sua responsabilidade pessoal.

Nesses termos, pede deferimento.

Brasília, 04 de março de 2020.


__________________________ __________________________
ANGIÊ RAPOSO LOPES ANA IZABELA DE O.UCHÔA
OAB/DF 63.437 OAB/DF 60.323

QND 28 – Lote 21 – Sala 304 – Comercial Norte


Taguatinga – Brasília/DF – CEP: 72.120-280
adv.izabelauchoa@gmail.com
(61) 3203-6844 / (61) 99134-4143
AO JUÍZO DA _____ TURMA CÍVEL DO E. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO
DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS

AGRAVANTE: ANDREIA CORDEIRO LOPES


AGRAVADO(S): LUCIO GUSMÃO ROCHA
AGRAVADO(S): ORTOTRAUMA - ORTOPEDIA & MEDICINA
ESPECIALIZADA
ORIGEM: 1º VARA CÍVEL DE ÁGUAS CLARAS/DF

COLENDA TURMA,
EMÉRITOS JULGADORES.

RAZÕES DO AGRAVO DE INSTRUMENTO

I. PRELIMINARMENTE – DA TEMPESTIVIDADE

A r. Decisão Interlocutória de ID 8569729 foi disponibilizada no Diário


de Justiça Eletrônico em nome da advogadas da Apelante no dia 10 de fevereiro
de 2020, sendo registrada a ciência no mesmo dia.

Desta forma, por força dos artigos 231, inciso VII, combinado aos
artigos 224 e 1.009, todos do Código de Processo Civil de 2015, temos que o
prazo para apresentação do presente Agravo de Instrumento (dies a quo) se
iniciou em 11 de fevereiro de 2020 e se findará (dies ad quem) em 05 de março
de 2020.

Logo, o presente recurso de Apelação se apresenta tempestivo,


interposto dentro do prazo legal de 15 (quinze) dias úteis na forma dos artigos
supramencionados.

Outrossim, protocolizado o presente em tempo e modo oportuno, não


restam dúvidas que as razões abaixo expendidas deverão ser conhecidas e
analisadas, seguindo o feito, dessa forma, o seu regular trâmite.

II. BREVE SÍNTESE DOS FATOS

Trata-se de Ação de Reparação de Danos Decorrentes de Erro

QND 28 – Lote 21 – Sala 304 – Comercial Norte


Taguatinga – Brasília/DF – CEP: 72.120-280
adv.izabelauchoa@gmail.com
(61) 3203-6844 / (61) 99134-4143
Médico, na qual a Agravante busca o recebimento de indenização por danos
materiais, morais e estéticos sofridos após a realização de procedimento médico
cirúrgico na coluna vertebral que resultou em lesão na medula espinhal da
Agravante.

A Agravante requereu, na exordial, que lhe fossem concedidas as


benesses da Gratuidade Judicial, com fundamento no artigo 5º, inciso LXXIV, da
Constituição Federal, combinado com os artigos 98 e 99, do Código de Processo
Civil.

Contudo, o juízo a quo, ao proferir o Despacho inicial (ID 53388254),


achou por bem afastar a presunção de hipossuficiência estabelecida pela
Declaração de Hipossuficiência anexa à exordial, sob o fundamento de que a
contratação de advogado particular, a natureza e objeto da causa constituiriam
indícios de capacidade financeira. Vejamos:

DESPACHO

O art. 5º, LXXIV, da Constituição Federal, dispõe "o Estado prestará


assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de
recursos".

Embora para a concessão da gratuidade não se exija o estado de miséria


absoluta, é necessária a comprovação da impossibilidade de arcar com as
custas e despesas do processo sem prejuízo de seu sustento próprio ou de
sua família.
A declaração de pobreza, por sua vez, estabelece mera presunção relativa
da hipossuficiência, que cede ante outros elementos que sirvam para indicar
a capacidade financeira.

No caso, há elementos suficientes para afastar a presunção, em


especial: (i) natureza e objeto discutidos; (iii) contratação de advogado
particular, dispensando a atuação da Defensoria.

Antes de indeferir o pedido, contudo, convém facultar ao interessado o direito


de provar a impossibilidade de arcar, sem o seu próprio prejuízo ou de sua
família, com as custas e despesas do processo.

Assim, para apreciação do pedido de Justiça Gratuita, a parte requerente


deverá, em 15 (quinze) dias, apresentar, sob pena de indeferimento do
benefício:
a) cópia das últimas folhas da carteira do trabalho, ou comprovante de renda
mensal, e de eventual cônjuge;
b) cópia dos extratos bancários de contas de titularidade, e de eventual
cônjuge, dos últimos três meses;
c) cópia dos extratos de cartão de crédito, dos últimos três meses;
d) cópia da última declaração do imposto de renda apresentada à Secretaria

Ou, no mesmo prazo, deverá recolher as custas judiciais e despesas

QND 28 – Lote 21 – Sala 304 – Comercial Norte


Taguatinga – Brasília/DF – CEP: 72.120-280
adv.izabelauchoa@gmail.com
(61) 3203-6844 / (61) 99134-4143
processuais, sob pena de extinção, sem nova intimação.

Intime-se.

Águas Claras, DF, 13 de janeiro de 2020 13:02:05.

MARCIA ALVES MARTINS LOBO


Juíza de Direito

Em atenção ao Despacho exarado a Agravante se manifestou através


da Petição de ID 55718608, juntando aos autos os documentos solicitados e
esclarecendo o juízo acerca de sua atual situação financeira, abalada pelos
desdobramentos de seu quadro clínico pós cirúrgico.

Contudo, apesar da documentação juntada aos autos e dos


esclarecimentos prestados o juízo a quo achou por bem indeferir, através da
Decisão Interlocutória de ID 55898068, o pedido de gratuidade judicial, bem
como o eventual pedido de diferimento do recolhimento das custas, ao
argumento de que a autora não está impossibilitada de arcar com as despesas
processuais sem prejuízo de seu sustento ou de sua saúde, vide:

DECISÃO INTERLOCUTÓRIA

O art. 5º, LXXIV, da Constituição Federal, dispõe "o Estado prestará


assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de
recursos".

A declaração de pobreza estabelece mera presunção relativa da


hipossuficiência, que cede ante outros elementos que sirvam para indicar a
capacidade financeira, cabendo nesse caso à parte interessada comprovar a
condição de hipossuficiência, sob pena de indeferimento.

No caso, afastada a presunção de pobreza pelos indícios constantes nos


autos.

Verifico que os documentos juntados demonstram que a situação da


requerente não se amolda à condição de efetiva necessidade. A declaração
de imposto de renda, referente ao exercício de 2019, juntada no id. 55718614,
mostra que a autora declarou ter auferido renda de R$ 75.100,26, fato este
que por si só vai de encontro à alegada hipossuficiência. Os comprovantes
de rendimentos e as movimentações financeiras da requerente e seu esposo
(ids. 55718612 e 55718613) corroboram que a autora não está
impossibilitada de arcar com as módicas despesas processuais sem prejuízo
do seu sustento.

Ante o exposto, INDEFIRO o pedido de gratuidade. Outrossim, pelas mesmas


razões, fica desde já indeferido eventual pedido de diferimento do
recolhimento das custas judiciais, a teor do disposto no art. 5º, da Lei
11.608/03.

QND 28 – Lote 21 – Sala 304 – Comercial Norte


Taguatinga – Brasília/DF – CEP: 72.120-280
adv.izabelauchoa@gmail.com
(61) 3203-6844 / (61) 99134-4143
Recolham-se as custas iniciais em 15 dias, sob pena de cancelamento da
distribuição.

Intime-se.

Águas Claras, DF, 10 de fevereiro de 2020 12:25:18.

MARCIA ALVES MARTINS LOBO


Juíza de Direito

Inconformada com a r. Decisão a Agravante interpõe o presente


recurso tendo em vista que não possui meios para promover o pagamento das
custas, honorários e demais despesas inerentes ao processo.

Assim, se faz necessário que a decisão a quo seja reformada in totum,


de forma a deferir-se à Agravante os benefícios da assistência judiciária gratuita,
como forma de resguardar o seu direito de acesso à justiça na busca pelo
recebimento de reparação pelos danos sofridos uma vez que a Agravante se
encontra incapacitada de exercer sua atividade profissional em razão das lesões
sofridas por erro médico.

III. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS PARA A REFORMA DA DECISÃO


VERGASTADA

Data Máxima Vênia, os argumentos utilizados, pelo juízo da 1ª Vara


Cível da Circunscrição Judiciária de Águas Claras/DF, para afastar a presunção
de veracidade da declaração de hipossuficiência juntada aos autos e,
posteriormente, negar a gratuidade da justiça estão combatidos pela
Constituição Federal, pelo Código de Processo Civil e pela Resolução 140, de
24 de junho de 2015, da Defensoria Pública do Distrito Federal, conforme será
demonstrado.

Isso porque a Constituição Cidadã prevê a prestação de assistência


jurídica gratuita aqueles que se encontrarem em condição de hipossuficiência de
recursos, através do seu artigo 5º, inciso LXXIV, que assim determina:

QND 28 – Lote 21 – Sala 304 – Comercial Norte


Taguatinga – Brasília/DF – CEP: 72.120-280
adv.izabelauchoa@gmail.com
(61) 3203-6844 / (61) 99134-4143
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita
aos que comprovarem insuficiência de recursos; Grifei.

Nesse sentido, visando regular o direito constitucionalmente firmado


e proteger os cidadãos de eventuais abusos do poder discricionário, o legislador
infraconstitucional inseriu no Código de Processo Civil parâmetros acerca do
benefício de gratuidade judicial, vejamos:

Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com


insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas
processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da
justiça, na forma da lei.

Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na


petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no
processo ou em recurso.
(...)

§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida


exclusivamente por pessoa natural.
§ 4º A assistência do requerente por advogado particular não
impede a concessão de gratuidade da justiça. Grifei.

Portanto, é inaceitável que nos dias atuais, ainda existam magistrados


que se recusem a seguir o Código de Processo Civil de 2015, afastando a
presunção de veracidade da declaração realizada por pessoa natural pelo
simples motivo desta ser patrocinada por advogado particular.

Ademais, a exigência de apresentação de documentos para confirmar


fatos dotados de presunção de veracidade apenas favorece o casuísmo e atrasa
o andamento processual uma vez que contraria ao disposto no artigo 374, inciso
IV, do Código Civil, in verbis:

Art. 374. Não dependem de prova os fatos:


(...)
IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou de

QND 28 – Lote 21 – Sala 304 – Comercial Norte


Taguatinga – Brasília/DF – CEP: 72.120-280
adv.izabelauchoa@gmail.com
(61) 3203-6844 / (61) 99134-4143
veracidade. Grifei.

No mais, quanto à natureza e o objeto da presente ação, ambos os


pontos não servem de indício veemente de que a Requerente tenha condições
de arcar com o pagamento das custas e despesas processuais.

De outro modo, ao que se colhe de simples leitura dos autos é


possível verificar que a Requerente trata-se de uma pessoa que, por conta
de erro médico viu sua vida, saúde e situação financeira bruscamente
prejudicadas.

Conforme narrado ao longo da exordial, a Requerente laborava


como auxiliar de enfermagem na Secretaria de Saúde do Governo do Distrito
Federal, contudo, após as complicações de seu quadro de saúde
provocadas pela cirurgia realizada, foi aposentada prematuramente,
passando à perceber proventos proporcionais, em muito inferiores à
remuneração que recebia habitualmente.

Não bastasse o abalo em sua situação financeira, a Requerente


passou a possuir novas e cada vez mais altas despesas com medicamentos,
conforme demonstrado pelos Documentos de ID 52749878, do processo
originário.

Além disso, conforme foi devidamente comprovado pelos


Documentos de ID 55718610, o valor da renda líquida da Requerente é
inferior a 5 (cinco) salários mínimos federais, atendendo aos critérios de
hipossuficiência exigidos pela Resolução nº 140, de 24 de junho de 2015,
da Defensoria Pública do Distrito Federal, a qual estabele critérios para
aferição da hipossuficiência financeira.

Inclusive, este e. Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios


tem firmado recente entendimento de que os critérios adotados pela Defensoria
Pública do Distrito Federal configuram parâmetros razoáveis a serem adotados
pelo judiciário, vejamos:

QND 28 – Lote 21 – Sala 304 – Comercial Norte


Taguatinga – Brasília/DF – CEP: 72.120-280
adv.izabelauchoa@gmail.com
(61) 3203-6844 / (61) 99134-4143
AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL.
GRATUIDADE DE JUSTIÇA. CRITÉRIOS. RESOLUÇÃO 140/2015 DA
DEFENSORIA PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL. SITUAÇÃO DE
HIPOSSUFICIÊNCIA. COMPROVADA. DECISÃO REFORMADA. 1. O
benefício da gratuidade de justiça tem previsão no art. 98 e seguintes
do CPC, segundo os quais é autorizada sua concessão, em regra,
mediante declaração de hipossuficiência. 1.1. Ocorre que a presunção de
pobreza, prevista no §3º do art. 99 do CPC, é relativa e pode ser afastada
diante de provas contrárias constantes dos autos, nos termos do §2º do art.
99 e art. 100 do CPC. 1.2. A exigência comprobatória da situação de
hipossuficiência econômica decorre expressamente do texto constitucional
ao dispor que "o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos
que comprovarem insuficiência de recursos", nos termos do art. 5º, LXXIV,
da CF. 2. A lei não estabeleceu parâmetros objetivos para a análise da
concessão do benefício pretendido. 2.1. Diante desse panorama, no
intuito de preservar a isonomia, entendo que os critérios adotados pela
Defensoria Pública do Distrito Federal, previstos na RESOLUÇÃO n.
140/2015, que disciplina a forma de comprovação da necessidade, para
fins de assistência jurídica integral e gratuita, figuram como parâmetros
razoáveis para a análise do caso concreto. 3. No caso em análise, ficou
demonstrado que os Agravantes não auferem renda mensal superior a
cinco salários mínimos, de modo que fazem jus ao benefício da
gratuidade de justiça, conforme inciso I do §1º do art. 1º da Resolução
n. 140/2015 da Defensoria Pública do Distrito Federal. 4. Agravo de
Instrumento conhecido e provido.

(Acórdão 1224085, 07125245520198070000, Relator: ROBERTO FREITAS,


3ª Turma Cível, data de julgamento: 11/12/2019, publicado no DJE:
27/1/2020. Pág.: Sem Página Cadastrada.) Grifei.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE COBRANÇA. GRATUIDADE DE


JUSTIÇA. CRITÉRIOS DA RESOLUÇÃO 140/2015 DA DEFENSORIA
PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL. CABIMENTO. INDENIZAÇÃO
SECURITÁRIA. CONTRATO DE SEGURO DE VIDA EM GRUPO PARA
MILITARES. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO.
INTERESSE DE AGIR. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE PRÉVIO
REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. DESNECESSIDADE. SENTENÇA
ANULADA. 1. No intuito de preservar a isonomia, os critérios adotados
pela Defensoria Pública do Distrito Federal, previstos na RESOLUÇÃO
n.º 140/2015, que disciplina a forma de comprovação da necessidade,
para fins de assistência jurídica integral e gratuita, figuram como
parâmetros razoáveis a serem adotados pelo Poder Judiciário. 1.1.
Considerando que a renda familiar mensal do requerente da gratuidade
de justiça não ultrapassa cinco salários mínimos, faz ele jus ao
benefício, nos termos do art. 1º, §1º, I, da Resolução em comento. 2.
Haverá interesse de agir quando houver necessidade de a parte submeter a
questão à análise do Poder Judiciário, quando o meio escolhido for adequado
para veicular a pretensão e quando o processo puder resultar em utilidade
para o postulante. 3. O princípio da inafastabilidade do Poder Judiciário
consagrado no art. 5º, XXXV, da CF, alberga o entendimento de que a
comprovação do prévio requerimento administrativo de indenização deve ser
encarada como exceção para o acesso ao Judiciário. 3.1. Desse modo, a
solicitação administrativa ou a imediata comunicação do sinistro à seguradora
não é condição para o ajuizamento de demanda judicial e,
consequentemente, a sua ausência não tem o condão de afastar o interesse
de agir. 4. Impor à parte a comprovação de uma recusa administrativa que,
segundo ela, não lhe foi fornecida seria obrigá-la a produzir prova de fato
negativo, o que não se coaduna com os atuais ditames processuais (art. 373,

QND 28 – Lote 21 – Sala 304 – Comercial Norte


Taguatinga – Brasília/DF – CEP: 72.120-280
adv.izabelauchoa@gmail.com
(61) 3203-6844 / (61) 99134-4143
§1º, CPC). 5. Apelação conhecida e provida. Sentença anulada.

(Acórdão 1176782, 07194638220188070001, Relator: ROBERTO FREITAS,


1ª Turma Cível, data de julgamento: 5/6/2019, publicado no DJE:
13/6/2019. Pág.: Sem Página Cadastrada.)

Por fim, no que tange às alegações do magistrado de que a Agravante


não se amolda na condição de efetiva necessidade, deixando de se enquadrar
no critério de pessoa hipossuficiente, na forma do artigo 5º, inciso LXXIV, da
Constituição Federal, estas não merecem prosperar pois a totalidade da renda
familiar da Agravante encontra-se comprometida.

Para que os ilustres julgadores melhor visualizem a situação em


comento a Agravante achou por bem elaborar Planilha Descritiva das Receitas
e Despesas da família, vejamos:

RECEITAS - NÚCLEO FAMILIAR 2020


Recebedor Tipo de Receita Valor Líquido
Andreia Cordeiro Lopes Aposentadoria R$ 2.529,20
Fábio Alves Lopes Proventos R$ 3.000,00 *
Maria Eduarda Cordeiro Lopes Não Possui Receitas R$ 0,00
RECEITA LÍQUIDA TOTAL R$ 5.529,20
DESPESAS - NÚCLEO FAMILIAR 2020
Tipo de Despesa Valor Médio
Mensalidade Faculdade Filha do Casal R$ 1.420,00
Transporte - Faculdade Filha Casal R$ 260,00
Outras Despesas - Faculdade Filha Casal R$ 120,00
Outras Despesas - Auxílio à Mãe Acamada R$ 350,00
Supermercado R$ 1.000,00
Água R$ 120,00
Luz R$ 200,00
Telefone R$ 260,00
Remédios R$ 400,00
Transporte - Gasolina Carro
Casal R$ 300,00
Gás R$ 60,00
IPVA R$ 1.200,00
DESPESAS TOTAL R$ 5.690,00
*Valor Variável – Máximo que pode ser atingido.

QND 28 – Lote 21 – Sala 304 – Comercial Norte


Taguatinga – Brasília/DF – CEP: 72.120-280
adv.izabelauchoa@gmail.com
(61) 3203-6844 / (61) 99134-4143
Sobre a tabela é importante externar algumas considerações; a filha
do casal Maria Eduarda tem 17 anos e iniciou este ano na faculdade, não
trabalha e suas despesas são aquelas que todo jovem tem, ou deveria ter:
faculdade, vestuário, remédios e lazer, ou seja, o mínimo existencial, despesas
essas que são custeadas pelos seus pais.

A Agravante, inclusive, gostaria de estar em uma realidade financeira


melhor nesse momento da sua filha, a mesma situação que se encontrava antes
do erro médico cirúrgico e da sua aposentadoria precoce, com proventos
proporcionais, porém não tinha como prever esse acontecimento com sua saúde
que prejudicou bastante sua situação financeira.

Ainda, em relação a receita do esposo da Agravante, sua renda é


variável, em alguns meses como consta nos extratos anexados no documento
ID 55718610 ele aufere renda de R$900.00 (novecentos reais) e que esse valor
pode mudar, chegando ao valor máximo de R$ 3.000,00 (três mil reais),
dependendo das horas extras e do atingimento e metas, mas de certo que não
pode contar sempre com um valor exato.

Por fim, a sua mãe Zezita Cordeiro Feitosa tem 68 anos, infelizmente
está com alzheimer e precisa da ajuda da sua filha, que não pode abster-se de
ajudar. A agravante ao expor na tabela sua renda e todos os seus gastos foi o
mais sincera possível, a fim de se mostrar sua real situação.

Dessa maneira, indeferir o direito da Agravante à gratuidade judicial e


exigir o recolhimento das custas judiciais e despesas processuais, extinguindo o
feito, em verdade configuraria real situação de violação do seu direito
constitucional de acesso à justiça.

Ante o exposto, resta claro o direito da Agravante ao benefício da


Assistência Judiciária Gratuita, devendo ser dado provimento ao presente
Agravo de Instrumento, a fim de reformar a r. Decisão Agravada, deferindo a
gratuidade judicial, nos termos do requerimento formulado pela Agravante na
petição inicial, na declaração de hipossuficiência e nas presentes razões
recursais.

QND 28 – Lote 21 – Sala 304 – Comercial Norte


Taguatinga – Brasília/DF – CEP: 72.120-280
adv.izabelauchoa@gmail.com
(61) 3203-6844 / (61) 99134-4143
IV. DA NECESSIDADE DO RECEBIMENTO DO AGRAVO EM SEU EFEITO
ATIVO

A manutenção da decisão agravada impõe a Agravante um evidente


prejuízo, qual seja, o indeferimento da Petição Inicial. Isso porque não tem a
Agravante qualquer condição econômico-financeira para arcar com as despesas
do processo.

A decisão do r. juízo a quo não só obstaculizou o acesso à justiça,


como também resguardou ao Agravado oportunidade para afastar a eficácia da
jurisdição.

Há de se concluir, portanto, que o indeferimento da petição inicial ante


a impossibilidade da Agravante recolher as custas do processo constitui razão
suficiente para demonstrar o periculum in mora.

No que tange ao fumus boni juris este resta evidente, posto que o
presente caso versa sobre a aplicação não só o direito, mas de princípios
constitucionais e dos próprios artigos 98, 99 e parágrafos do CPC, que
resguardam a pretensão da Agravante.

Assim, demonstrado o periculum in mora e o fumus boni juris, requer


a Agravante que Vossas Excelências concedam, em liminar, efeito ativo ao
presente Agravo de Instrumento, a fim de suspender os efeitos do despacho
interlocutório de primeiro grau, e conceder o benefício da gratuidade da justiça,
determinando ao Juízo a quo proceda a análise do pedido formulado na inicial e
o prosseguimento do feito, nos termos da Lei.

V. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS

Por todo exposto, requer a Agravante que essa c. Turma se digne em:

a) conhecer e receber o presente Agravo de Instrumento,


concedendo-lhe efeito ativo, nos termos do artigo 1.019, inciso I e 995,
parágrafo do NCPC, de forma a sustar os efeitos da r. decisão

QND 28 – Lote 21 – Sala 304 – Comercial Norte


Taguatinga – Brasília/DF – CEP: 72.120-280
adv.izabelauchoa@gmail.com
(61) 3203-6844 / (61) 99134-4143
agravada até julgamento final do presente recurso, uma vez que o
prosseguimento do feito poderá causar dano grave ou de incerta
reparação para a Agravante;

b) quanto ao mérito, dar total PROVIMENTO AO RECURSO, para


reformar a decisão interlocutória proferida pela MM. Juíza a quo,
reconhecendo e concedendo as benesses da justiça gratuita na forma
da declaração de hipossuficiência e da documentação juntada aos
autos.

c) sejam as intimações e publicações realizadas em nome de suas


advogadas, Dra. Angiê Raposo Lopes, OAB/DF 63.437 e Dra. Ana Izabela
de O. Uchôa, OAB/DF 60.323, com endereço profissional à QND 28, Lote
21, Sala 304, Taguatinga Norte – Brasília/DF, CEP 72.120-280.

Nesses termos, pede e aguarda deferimento.

Brasília/DF, 05 de março de 2020.

__________________________ __________________________
ANGIÊ RAPOSO LOPES ANA IZABELA DE O.UCHÔA
OAB/DF 63.437 OAB/DF 60.323

QND 28 – Lote 21 – Sala 304 – Comercial Norte


Taguatinga – Brasília/DF – CEP: 72.120-280
adv.izabelauchoa@gmail.com
(61) 3203-6844 / (61) 99134-4143

Você também pode gostar