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Stephen Michalak
A Pergunta Tertuliana e sua relevância para a
Moderna Maçonaria.
Pelo Irmão Stephen Michalak
Grande Instrutor Adjunto
Grande Loja do Sul da Austrália e Território do Norte
T.S. Eliot
Lillle Gidding em Four Quartets (1942)
Dedicatória
Ontem eu encontrei um homem íntegro… Custa tanto ser um ser humano calmo sendo
que existem muito poucos que têm a iluminação para pagar o preço… É preciso abraçar
o mundo como uma amante e ainda assim não exigir um rápido retorno de amor … É
preciso cortejar a dúvida e a escuridão como preço do conhecimento. É preciso uma
vontade obstinada no conflito, mas sempre apta a aceitar totalmente cada consequência
do viver e morrer.
Foi o próprio César, que inspirou e cultivou esse espírito, essa paixão por distinção
entre seus homens.
Agradecimentos
Foi em um sábado à tarde, frio e chuvoso, em meados de 2004, que fiz a descoberta de
pouca importância, acidental, que me levou a escrever este livro.
Cerca de oito ou nove anos antes, eu havia colocado uma série de livros em caixas
acima do teto em nossa casa. Meu plano original tinha sido que isso serviria como uma
instalação de armazenagem temporária. Pensando sobre isso, penso que eu deva ter
dado à minha esposa Jenny, alguma garantia de que este acordo ia ser exatamente o que
a palavra temporário realmente sugere. A razão de eu fazer esta observação é que
naquela mesma manhã, Jenny lembrou-me aquela garantia certa de que ela se
lembrava de que eu havia dado a ela tantos anos atrás. Cocei a cabeça e olhei fixamente
para ela. Ela enfrentou meu olhar vazio com um olhar determinado. O subtexto mudo de
sua expressão confirmou-me além de qualquer sombra de dúvida, que já era hora de
começar a trabalhar acima do nosso teto. Em qualquer caso, aquela área precisava ser
preparada para alguns dutos de ar condicionado que deveriam ser instalados dentro de
algumas semanas.
Como as coisas acabaram acontecendo, limpar o espaço acima do teto foi uma tarefa
bem adequada para aquele sábado em especial. Lá fora, uma chuva constante caía e
continuou a cair até o início da noite.
Uma vez que o espaço acima do teto havia sido desocupado, eu classifiquei os livros
dentro das caixas em três grupos.
De um lado, coloquei os livros que queria manter. De outro – livros que eu queria
vender.
O último grupo foi dedicado às doações e marcados para serem doados a Lions Club
local – um clube de serviço ao qual eu tinha pertencido antes de entrar para a
Maçonaria.
Quando olho para trás para aquele sábado em especial, ele não realmente muito
diferente de tantos outros sábados que eu tinha aproveitado em minha vida. Houve, no
entanto, uma coisa que o diferenciou de todos os outros, e isso ocorreu no exato
momento em que eu peguei um único livro em particular, que tinha estado
anonimamente entre todos os outros. Era um livro que eu havia estudado ao realizar um
trabalho escrito sobre a história da educação. Isso foi em 1977, quando eu estava
estudando no Murray Park Teachers College em Magill, Sul da Austrália.
O livro que eu tinha em minha mão tinha sido traduzido para Inglês por Sir Desmond
Lee e era uma reedição de 1976 de uma edição original Penguin Classics. Olhando para
o livro, eu também notei que suas extremidades superiores estavam manchadas com
tinta amarela desbotada, aguada – sem dúvida o resultado de um derrame acidental de
realce que tinha ocorrido há muitos anos.
Fiz uma pausa e olhei para fora do vidro da porta deslizante traseira, imerso em
reminiscências associadas aos meus tempos de estudante. Lá fora, raios fracos
ocasionais de uma luz acobreada carregada de umidade se refletia no gramado, arbustos
e árvores de uma forma que era tão típica de uma tarde de meados do inverno em
Adelaide.
A linha de texto assinalada que prendeu meus olhos estava, sem dúvida, prenhe de
significado maçônico. Foi uma coincidência muito curiosa. Eu olhei aleatoriamente para
outra página. Também neste caso, havia um trecho de texto assinalado. Da mesma
forma, este foi também era muito semelhante a uma outra parte do Ritual maçônico. Eu
agora tinha duas coincidências muito curiosas. Respirando fundo, acomodei-me em uma
cadeira e comecei a percorrer o texto. A esta altura, qualquer curiosidade sentimental
que eu tinha, havia se transformado em concentração.
Muito rapidamente, tornou-se óbvio para mim que muitas dessas passagens tinham
relação direta com o ritual com o qual eu tinha me familiarizado desde minha iniciação
na noite de segunda-feira 8 de Novembro de 1999.
Compreendi que havia um problema central que eu tinha que superar. Platão tinha
escrito A República em grego, e eu nunca tinha estudado a língua. Eu tinha frequentado
a Escola St Paul aqui em Adelaide, que se orgulhava de ter uma estrita tradição de
Irmãos Cristãos. Como consequência, cada um dos cinco anos do meu currículo do
ensino secundário, tinha uma matéria de latim clássico – e não grego.
Como quase 30 anos haviam se passaram desde a minha última aula de Latim (e sem
uso diário) o meu comando do Latim tinha, compreensivelmente, se tornado pouco
cansado. Apesar disso, uma lembrança permaneceu tão nítida como sempre. E eu sorrio
ao pensar nela, entendendo-se que somente a distância no tempo que me separava dos
tempos de estudante que me permitiu o luxo de um sorriso. Foi a lembrança do castigo
que esperava qualquer estudante que falhasse em declinar um substantivo ou conjugar
um verbo com o floreio de precisão que os Irmãos Cristãos exigiam.
Aqui estava minha principal preocupação – a tradução Penguin era fiel? Sem qualquer
conhecimento do grego como eu poderia estar certo? Porque tanto o idioma quanto os
sentimentos em destaque no livro que eu estava segurando eram tão impressionante
parecido com o ritual maçônico, que eu queria me convencer uma coisa em particular.
Eu precisava de garantias de que esses paralelos não eram apenas uma peculiaridade
desta tradução particular de Sir Desmond Lee. Mesmo assim – como eu poderia fazer
um julgamento considerado neste contexto, dado que o grego era (em todos os sentidos
da palavra) estranho para mim?
Foi então que eu decidi que a abordagem mais lógica seria para mim comparar
diferentes traduções modernas de A República.
Neste ponto, no início de minhas investigações, comparar estas três traduções modernas
confirmaram para mim, sem a menor dúvida, que A República de Platão tinha sido uma
influência principal no desenvolvimento do moderno Ritual Maçônico.
O que eu não entendia era o motivo. Supondo que eu estivesse correto – que a
República de Platão foi o fundamento do Ritual Emulação, por que ele foi escolhido?
Quais foram as influências operando na época em que escolha foi feita, uma escolha
natural? Com o tempo, as respostas a todas essas perguntas vieram com facilidade e
(felizmente) … grande clareza.
Então, pensei sobre a rota que eu precisaria tomar para chegar a uma conclusão lógica,
bem considerada quanto ao motivo por que os escritos de Platão tornaram-se bordados
no tecido do moderno Ritual maçônico.
A abordagem que eu devia tomar foi longe de ser auto evidente para mim no começo.
Ela se desenvolveu naturalmente e no seu próprio ritmo com o tempo. Minhas
investigações conduziram-me por distintos vetores da investigação histórica.
A segunda via foi entender o que estava ocorrendo na Escócia e na Inglaterra nos anos
que antecederam 1717, quando a Maçonaria foi revitalizada sob a égide da Grande Loja
da Inglaterra até o ano de 1823 e depois. O que eu descobri foi que a Europa, a partir de
meados dos anos 1700 (e mais particularmente a Inglaterra e a Alemanha), foi varrida
por uma alavanca cultural que hoje é reconhecido pelo termo “filohelenismo”. O termo
significa “amor por todas as coisas gregas”.
Em 1816, um ritual maçônico conhecido pelo nome de Emulação foi aprovado para uso,
após décadas de controvérsias quanto ao correto e adequada ritual maçônico que deveria
ser usado.
O ritual que usamos no sul da Austrália e Território do Norte é (apenas com variações
pouco importantes), Emulação. O ponto crucial disso – os autores do Emulação –
(escrito no início do século XIX), tinham decidido, por razões próprias tecer a tela do
conceito de Platão de um rei-filósofo no corpo deste Ritual.
Mais importante ainda, o caminho através da Maçonaria, não era mais uma macega de
sistema discordantes díspares de símbolos, imagens e referências.
Embora seja óbvio, certamente, nesta sociedade moderna, que tem havido uma
tendência de foco em vender, parece haver um renascimento da compreensão de um
propósito maior de vida, e alguns começam a buscar outros aspectos em suas vidas.
Para a Maçonaria, precisamos de garantir que possamos ajudar nesta busca,
proporcionando o conhecimento dos nossos ideais, mas é claro, como podemos
apresentá-lo à outras pessoas, se nosso entendimento pessoal de tal conhecimento é
formulada em termos e numa língua que não é facilmente compreendida pelos outros.
Permitam-me agora dar-lhe um retrato breve de algumas das questões discutidas neste
livro:
No Discurso do Canto Nordeste somos instruídos sobre a importância de não ter metais
ou objetos de valor em nossa pessoa. Existe alguma relação entre essa instrução e a
instrução dada a um dos reis-filósofos de Platão – não ter metais ou objetos de valor
sobre a sua pessoa?
Em Timeu, Platão descreve a criação do mundo por um Ser Supremo que ele chamou de
“techton” do cosmos (Artesão do Universo). Este Artesão criou o universo a partir de
cinco sólidos geométricos. Platão, (assim como aqueles sólidos geométricos vivos) é
mencionado no Discurso da Segunda Cadeira (Palestra simbólica) no Ritual do Santo
Real Arco de Jerusalém. O que isso nos diz sobre a evidente influência cruzada com
relação a Platão na Maçonaria Simbólica e outros graus?
Capítulo Um
A pergunta de Tertuliano e sua relevância para Maçonaria moderna.
A história diz que Cartago era uma cidade fundada por colonos da cidade de Tiro, na
Fenícia quase 1000 anos antes do nascimento de Tertuliano. Esta mesma cidade de Tiro,
dois dos nossos lendário primeiros Grãos Mestres chamava de lar e foi também o lar de
trágica rainha Dido. A Rainha Dido foi a amante do príncipe troiano Eneias, por quem
tanto Júlio César quanto o imperador Augusto alegavam descendência linear e Virgílio
explorou as aventuras lendárias de Enéias no poema épico, a Eneida.
Hannibal, o Grande, que empreendeu uma campanha militar de 16 anos contra Roma
durante a Segunda Guerra Púnica (218-202 a.C.) também vinha da cidade de Cartago.
Embora esta campanha militar não seja algo que venha facilmente à nossa mente,
provavelmente cada um tem uma vaga lembrança de infância dos inimigos de Roma
encenando uma ousada travessia dos Alpes usando elefantes. A vaga lembrança desta
campanha é aquela que Aníbal havia arquitetado e executado.
Nascido cerca de 200 anos depois de Tertuliano, foi o grande Doutor da igreja cristã –
Agostinho de Hipona, que também viveu em Cartago por um curto, mas significativo
período de sua vida. Como vamos descobrir, Agostinho de Hipona reconheceu que era
realmente a produção escrita de Platão que era a base da sua conversão ao cristianismo.
Foi Agostinho quem injetou a filosofia de Platão no núcleo em desenvolvimento da
teologia cristã, e foi o movimento protestante (cerca de mil anos depois) que redefiniu a
teologia cristã, retornando novamente a filosofia platônica.
Então, o que sabemos da vida de Tertuliano? Na realidade, sabemos muito pouco. Ele
nasceu de pais pagãos, que lhe forneceram um alto nível de educação, principalmente
em direito, mas também em literatura e filosofia grega e romana. Em algum ponto de
sua vida (e por razões que não são de todo claras), Tertuliano fez uma dramática
conversão ao cristianismo. Apenas alguns anos depois, Tertuliano foi ordenado
sacerdote. Durante sua vida, ele se tornou um escritor de enorme influência,
desenvolvendo aspectos da teologia cristã.
Por mais fervorosa e apaixonada que fosse sua conversão – sua associação com o
Cristianismo era raramente harmoniosa. Ele decidiu romper com a igreja cristã
estabelecida de Cartago e converter-se para uma seita herética conhecida como os
Montanistas. Desiludindo-se com a sua marca do cristianismo, ele a deixou para fundar
sua própria seita cristã, morrendo em algum momento em 255 d.C.
Se você tem alguma familiaridade com o idioma português você identificará a palavra
tertúlia com “reunião”, “simpósio”, ou “discussão” ou até mesmo um “encontro de
mentes”. Em um emprego anterior, tive a sorte de trabalhar com um colega chileno que
me apontou esta associação de palavras que demonstra a maior influência de Tertuliano,
não só no estudos “sérios” teologia e filosofia, mas também nos estudos mais “leves”
como a linguística.
Tendo isso em mente, a História está cheia de estórias a respeito de conversão, e uma
das coisas que muitas vezes parecem acompanhar a conversão é uma forte aversão –
uma forte afastamento de todos os aspectos da vida anterior de e crenças de uma pessoa.
A este respeito, Tertuliano não foi estranho a esse fenômeno psicológico.
Um de seus escritos mais famosos é uma obra curta, que é chamada em latim, De
Praescriptione haeretici. A tradução é muito simples, Sobre a Prescrição dos Hereges.
Dado o que sabemos sobre Tertuliano e o caminho que sua vida tomou, ele escolheu um
título intrigante. Neste curto trabalho e no espaço de apenas alguns parágrafos curtos,
ele rejeitou todo o corpo da filosofia grega em que seus pais o haviam educado desde
sua tenra infância. É neste trabalho que ele fez a famosa pergunta a partir da qual o
título deste livro leva o seu nome. A pergunta de Tertuliano foi: O que tem, realmente,
Atenas a ver com Jerusalém? Que concordância há entre a Academia e a Igreja?
Ao colocar esta questão, Tertuliano estava argumentando que a filosofia pagã (o que ele
caracterizou como Atenas) tinha, em sua opinião, nenhuma influência ou mesmo
relevância sobre o corpo em desenvolvimento da filosofia cristã ou da teologia revelada.
Em contrapartida, ele caracterizava a filosofia cristã e sua teologia como Jerusalém.
Então, com uma utilização escassa de palavras e um uso rico e elaborado de habilidade
retórica, Tertuliano rejeitou totalmente todos os séculos de pensamento avançado que
chegou até nós através de filósofos como Sócrates, Platão e Aristóteles (entre outros).
Mas, ele atingiu mais que isso. Ele foi ainda mais fundo. Com o zelo fanático que
acompanhou sua conversão, suas palavras também transmitiram a sua posição
bombástica de que as posições mundanas ocupadas pelos antigos filósofos gregos eram
totalmente incompatível com a perspectiva do mundo cristão. Para Tertuliano, esses
dois universos eram totalmente incompatíveis. Estes eram em todos os sentidos do
termo, mundos em rota de colisão.
Entendendo o que ele estava tentando expressar, vamos reinterpretar sua pergunta em
nosso meio maçônico e fazer a pergunta simples:
Então, quando Ritual de Emulação foi aprovado em 1816, foi lançado como um
moderno re-trabalho (ou uma reinterpretação moderna) dos princípios de Platão sobre a
liderança como ele os desenvolveu em vários de seus diálogos, mas principalmente em
um diálogo conhecido como República. Com um entendimento de alto nível da história
grega, mitologia e escrita platônica, os autores do Emulação criaram um ritual que (uma
vez explicado) nos fala hoje com uma mensagem que é especialmente relevante para
nossas vidas neste século XXI.
O que estou propondo pode parecer novo, mas isso está longe de ser o caso. Há
evidências sugerindo que já há 150 anos atrás, estava bem claro e entendido que a
filosofia de Platão era a orgulhosa espinha dorsal da Maçonaria moderna.
Se o meu argumento tem até mesmo o menor germe de verdade, então estamos diante
do reconhecimento de que a partir do momento em que ficamos no Canto Nordeste –
algo de extraordinária significância estava ocorrendo que nos conectava com a filosofia
do rei filósofo de Platão. Naquele momento, nós nos tornamos participantes ativos em
um modelo de envolvimento com o objetivo de sermos preparado para se nos tornarmos
reis-filósofos em todas as áreas de nossas vidas.
O amálgama simples e sem esforço dos escritos platônicos com as escrituras hebraicas
(conforme evidenciado no Ritual Emulação inglês), sempre esteve focado em alcançar
nas vidas de cada um de nós, o mais alto potencial (ou em termos platônicos) o mais
alto ideal de um ser humano que cada um de nós tem o potencial de alcançar nos breves
anos de vida que nos foram dados.
Vamos voltar muito rapidamente ao nosso amigo Tertuliano … Tendo colocado a sua
famosa pergunta, ele então passou a justificar sua posição. Sem discutir a sua posição de
uma forma ou de outra, podemos notar que seu argumento não só é elegante, mas
também vibra com ressonância maçônica:
… porque nossa instrução vem do pórtico de Salomão que tinha, ele mesmo, ensinado
que o Senhor deve ser procurado na simplicidade do coração.
Há um ou dois anos atrás, eu tinha feito uma apresentação sobre um aspecto da pesquisa
que eu tinha feito sobre este livro em uma reunião de loja metropolitana, aqui em
Adelaide. A apresentação estava relacionada a aspectos do Ritual de Emulação.
Conforme afirmado anteriormente, o Ritual Emulação é (… apenas com pequenas
variações), o ritual usado no sul da Austrália e Território do Norte desde 1884, e é um
que foi desenvolvido na Inglaterra e aprovado para uso no ano de 1816. Na reunião, um
irmão escocês atencioso e bem-intencionado aproximou-se e repreendeu-me por uma
falha que (na sua opinião) nós compartilhávamos em comum com outros Instrutores da
Grande Loja da jurisdição. A falha que todos nós compartilhávamos era a crença de que
a Maçonaria se originou na Inglaterra. Ele enfatizou com grande paixão, voz e
convicção sincera de que ela não tinha. Ela se originou na Escócia. Ele me deixou na
dúvida de seu entendimento da questão (ou por isso) – a real importância que desses
aspectos da história têm para os irmãos nesta jurisdição. Quanto à verdadeira origem da
Maçonaria, há uma distinção que nos ajudará se a fizermos. É entre dois modelos
distintos de Maçonaria.
O segundo modelo é o que podemos chamar (com alguma facilidade e precisão), pelo
termo moderno Maçonaria. Isso nós podemos fixar o ponto como tendo uma data de
início em 24 de junho de 1717. Os elementos que formam este tipo de Maçonaria (quer
se trate de um, dois ou 300 anos de idade) são facilmente reconhecíveis no ritual e
regras praticado hoje.
Traçar uma linha na areia entre esses dois modelos díspares de Maçonaria é vital para
qualquer discussão inteligente sobre as origens da Maçonaria. É fundamental porque a
partir das evidências que temos à mão, cada modelo tinha uma finalidade diferente em
vigor na época. Muito importante – o propósito da proto-Maçonaria era baseado em um
modelo filosófico e religioso, que era muito diferente de seu descendente mais moderno.
Proto-Maçonaria
Nos últimos cem anos ou mais, houve pesquisa Maçônica considerável que foi aplicada
a um grupo de documentos conhecidos como Old Charges (Antigas Obrigações). Como
grupo, estes documentos históricos apontam para indícios circunstanciais de que a
Maçonaria (como nós a conhecemos agora), teve seus antecedentes nas corporações
(guildas) de pedreiros medievais. São aqueles pedreiros que realizavam rituais baseados
no ofício (ou atividade) real e físico de construção no período medieval de formação e
no final do período renascentista a que nos referimos com o termo maçom operativo.
Eles também usaram as Antigas Obrigações como um guia para viver suas vidas. O
estudo de Maçônica Moderna aponta para (aproximadamente) seis “famílias” de
documentos que compõem o cânon das Antigas Obrigações. As datas de autoria dessas
famílias de manuscritos abrangem um período de 300 anos – de cerca de 1.390 até cerca
de 1680. Os dois documentos mais antigos são os Manuscritos Poema Regius (c 1390) e
Matthew Cooke (c 1450).
A característica distintiva destes dois manuscritos é que por padrão do período histórico
em que foram escritos, eles eram católicos romanos na perspectiva religiosa e filosófica.
Esta é uma faceta que é muitas vezes ignorada ou esquecida por alguns historiadores
maçonicos. Entender esse ponto muito simples é crucial se quisermos entender por que,
desde os primeiros anos dos século XVIII, o modelo filosófico proposto por Platão foi
consciente adaptado para se adequar ao modelo maçônico que reconhecemos hoje …
mas mais disso posteriormente.
Uma característica importante do Poema Regius é que embora ele não especifique um
código de conduta esperada de um pedreiro, e este código de conduta é, em muitos
aspectos, semelhante ao que os maçons modernos estão acostumados, ele não menciona
o rei Salomão, em absolutamente nenhum contexto.
Nossa experiência de vida normalmente confirma que as coisas ocorrem (em geral) de
uma forma evolutiva. Sabemos que qualquer nível de sofisticação geralmente ocorre
após um nível mais primitivo, mais básico. O desenvolvimento da proto-Maçonaria
segue um caminho evolutivo idêntico.
Aproximadamente 60 anos após o Poema Regius ter sido composto, outro documento
conhecido como o Manuscrito Matthew Cooke foi composto. O título “Matthew
Cooke” refere-se à pessoa (um maçom), que publicou este documento pela primeira vez
em 1861, e não ao seu autor. O Manuscrito começa com uma oração e passa a discutir
as sete artes liberais e ciências. Aqui, o Manuscrito explica que as sete artes liberais e
ciências foram preservados por um descendente de Caim chamado Lameque.
A história dos dois pilares contada no Manuscrito Matthew Cooke não se confunde com
a história dos dois pilares que temos em nosso atual Ritual.
No Manuscrito Matthew Cooke, a história diz respeito a uma tradição judaica que é
recontada por um sacerdote judeu / historiador romano chamado Flávio Josefo, em uma
obra conhecida como “Antiguidades dos Judeus”. Este trabalho foi originalmente
escrito para judeus de língua grega, no primeiro século da era cristã.
Já com o que discutimos até agora, podemos traçar uma linhagem evolutiva para o
nosso atual Ritual, observando as seguintes semelhanças:
Assim, nesta fase inicial do que podemos chamar de proto-Maçonaria, houve dois
importantes documentos que oferecem indícios para o desenvolvimento de
características que são reconhecidas em lojas maçônicas em todo o mundo. Ambos
documentos estão originalmente em inglês. Ambos documentos apontam para o
surgimento de um código filosófico de conduta referido como Obrigações, um sistema
de ensino baseado nas artes liberais e ciências, a ênfase dada à ciência da geometria e
uma estrutura de loja incorporando Companheiros, Mestres Maçons, Vigilantes e
Mestres de Loja. Há também referência a personagens comuns ao nosso presente Ritual,
tais como Tubalcain, Rei Salomão, Hiram, rei de Tiro e (possivelmente) Hiram Abif.
Por último, temos uma alusão a duas colunas, cujo propósito é simbolicamente
preservar o conhecimento contra os elementos naturais de destruição cósmica.
Aqueles a favor da teoria da Maçonaria emergindo da Escócia muitas vezes citam uma
conexão dos Cavaleiros Templários. Provavelmente o melhor defensor expresso desse
argumento é “O Templo e a Loja” de Baigent e Leigh. Neste trabalho, os autores
explicam como (enquanto preparavam um documentário da BBC sobre os Cavaleiros
Templários) eles começaram a investigar cemitérios no norte da Escócia para descobrir
evidências de motivos templários em lápides de túmulos As lápides que eles
encontraram eram datadas depois de 1307 quando a Ordem foi suprimida por decreto do
Vaticano. Isso tendia a indicar que os sobreviventes da Ordem haviam migrado para a
Escócia vindos da França para escapar da perseguição nas mãos de Filipe IV (1268 –
1314), Rei de França. A razão para a escolha da Escócia era muito lógica. Robert Bruce
como o líder dos escoceses tinham sido recentemente excomungado pela Sé de Roma.
Como líder dos Escoceses, seu excomunhão efetivamente significava a excomunhão da
Escócia. Ao migrar para a Escócia, os Templários estavam fora do alcance de Roma.
Mas, a lógica (por mais forte que seja) não é o argumento mais convincente. Este
encontra-se nas mudanças que aparecem nas tumbas dos Templários no norte da
Escócia, ao longo do tempo. Conforme os anos passavam, as lápides (ainda mostradas
hoje), testemunharam uma mudança estranha e gradual. As lápides (sem discussão –
Templárias), começaram a incorporar mais e mais motivos maçônicos … motivos que
são claramente compreensíveis por todos os maçons que vivem hoje.
A mudança nos motivos de lápides fortemente sugeria uma reinvenção da Ordem dos
Pobres Cavaleiros do Templo (Cavaleiros Templários) como Ordem dos Maçons
Livres. As lápides eram apenas uma indicação da reinvenção da Ordem com uma
identidade Maçônica. A verdadeira evidência foi a gama de temas que aparecem na
Capela de Rosslyn. Estes eram temas ricos em simbolismo maçônico.
Rastrear a origem exata da Maçonaria até a Escócia não é uma tarefa fácil, apesar dos
protestos em contrário.
A Reforma
Até o Reforma Inglesa sob Henrique VIII (1491 -1547), o panorama religioso oficial
das Ilhas Britânicas era predominantemente católico romano. Desde a conversão de
Agostinho de Hipona a teologia católica romana havia sido impregnada com o
pensamento platônico, mas durante o período de 300 anos antes da Reforma, a teologia
católica romana tinha assumido uma característica muito distinta. Ela tinha adaptado sua
teologia à filosofia de um grego que fora uma época estudante de Platão. O nome deste
grego era Aristóteles e a forma como seus ensinamentos foram adotados (e adaptados)
como a base da teologia católica romana medieval é conhecido hoje pelo termo
Movimento Escolástico.
Para os fins desta discussão, não há sentido em ampliar mais a investigação sobre esta
questão, além de ter em mente que a força com que a revolução protestante se
desenvolveu não se tratou apenas de um protesto relacionado com a venda de
indulgências, nem foi apenas sobre a disputa quanto à salvação da alma somente ser
alcançada por boas obras ou pela ação da graça de Deus.
Podemos reafirmar o princípio de outra maneira para dar-lhe mais clareza. Enquanto o
catolicismo romano (durante o período medieval) adotou a filosofia de Aristóteles na
formulação de sua teologia, o movimento protestante trabalhou na direção oposta. Ele
conscientemente adotou novamente a filosofia de Platão como a base da teologia
protestante.
Será que este processo mostra alguma evidência em um contexto maçônico? Sem
sombra de dúvida.
Em sua própria maneira, a conversão de James também foi o catalisador que sustentava
a própria reinvenção dramática que a Maçonaria realizou no início de 1700.
As Eras jacobina e Hanoveriana Os meandros das manobras políticas nos 150 anos
seguintes à Reforma Inglesa podem ser constatados em qualquer livro confiável de
história Inglesa. O aspecto que é de particular interesse para a história Maçônica refere-
se a James II/VII da Inglaterra e as conseqüências de sua conversão ao catolicismo
romano.
Quando James conversão foi exposta, seu irmão, o rei Charles II opôs-se publicamente,
e certificou-se de que os filhos de James fossem educados como protestantes. A
natureza humana é raramente tão previsível quanto, por vezes, acreditamos. Neste caso,
quem teria previsto que Charles II – em seu leito de morte, em 1685 – teria se
convertido, ele mesmo, à fé católica? Não é difícil ver que a situação geral era
espinhosa de alguns pontos de vista. As tensões eram altas entre os seguidores da Igreja
da Inglaterra, bem como aqueles fora dela. Dito isto, nem a Igreja da Inglaterra estava
isenta de seu próprio elemento “protestante”. Havia grupos dentro da igreja que se
opunham firmemente que a Igreja da Inglaterra estabelecia não tinha ido
suficientemente longe em se distanciar do catolicismo romano. Esses grupos, cada um
com seu próprio “protesto” específico eram conhecidos coletivamente como
“dissidentes” e deste grupo, possivelmente um dos mais famosos foi o movimento
puritano.
Um dos pontos que a maioria das facções dissidentes sustentavam em comum era a sua
oposição à estrutura estabelecida na Igreja da Inglaterra de usar bispos. Na sua
perspectiva, a instituição dos bispos era muito próxima ao paradigma católico romano.
Havia ainda muitas áreas na Escócia que se opunham à instituição dos bispos. Nesses
casos, sua objeção era politicamente motivada e como religião e política muitas andam
de mãos dadas, eles viam os bispos como uma extensão indesejada da mão política
inglesa nos assuntos escoceses.
Durante esse período, os católicos romanos estavam sujeitos a puniççoes por se oporem
à Igreja da Inglaterra, mas este não foi o fim dela … A Igreja da Inglaterra estabelecida
aplicava a mesma punição contra seus próprios dissidentes. Neste ambiente, James
II/VII nadou contra a corrente ao emitir o que ficou conhecido como a Declaração de
Indulgência em 1687. Esta Declaração oferecia a todos os seus súditos liberdade de
consciência ao expressar suas crenças religiosas. A Declaração abriu caminho para os
católicos romanos cultuar como católicos, os dissidentes como dissidentes e os
seguidores da Igreja da Inglaterra como anglicanos – sem medo ou preconceito.
Esta legislação controversa, (bem como outras medidas que James II/VII instituiu) – o
colocou em oposição direta com alguns protestantes ricos e politicamente conectados.
Para eles, a única via para deixada a explorar foi arquitetra um plano para o seu
afastamento do trono da Inglaterra. Isso eles alcançaram oferecendo o trono da
Inglaterra ao genro de James II/VII – um holandês e protestante conhecido como
Guilherme de Orange (1650-1702). Quando James II/VII fugiu para a França em
Dezembro de 1688, esta “fuga” foi tratada como sua “abdicação” oficial. Na queda de
dominós que se seguiu, o trono passou para Guilherme, que reinou como William III na
Inglaterra e William II na Escócia a partir de 1689. Morrendo em 1702, ele reinou por
21 anos.
Por mais tenso que esses tempos tenham sido para o ingleses, eles só foram agravados
por uma tensão crescente entre os escoceses e ingleses sobre a matéria da conspiração
através da qual William III chegou ao seu trono. Muitos escoceses, (embora se opondo
ao catolicismo romano e a tudo que ele representava), tinham maior oposição à forma
como os ingleses haviam conspirado para remover James II/VII. James II/VII era seu
legítimo Rei da Escócia.
Por mais doloroso que essa ferida tenha sido para eles, o sal que os ingleses tinham
consciente e propositadamente aplicado a ela foi igualmente desagradável. Os ingleses
havia oferecido o trono para uma pessoa que não era nem nascida nas Ilhas Britânicas.
Num contexto mais amplo, os partidários escoceses de James II / VII, que eram
conhecidos como jacobitas (do latim Jacobus significando James), estavam interessados
em restaurar o trono aos descendentes da dinastia Stuart (de quem James II/VII era
representante). Novamente por extensão, a causa jacobita (como ficou conhecida) era
para alguns clãs das Terras Altas, (… nem um pouco surpreendente) não só sobre
religião. Sua motivação era também política. A causa jacobita se tornou o seu chamado
às armas contra um clã Presbiteriano conhecido como os Campbells de Argyll, cujo
exercício de poder era a aquisição de territórios pertencentes a outros clãs nas terras
altas da Escócia.
Dizer que a política da época era fluida, confusa e não restrita a determinados territórios
ou fronteiras culturais ou linguísticas específicas é um eufemismo.
Foi nesta altura dos acontecimentos políticos que agora apareceu língua de chama azul.
Em 1701, James II/VII morreu e seu filho – James Francis Edward Stuart (1688 -1766)
foi imediatamente reconhecida como James III da Inglaterra e James VIII da Escócia,
por uma série de cortes europeias, incluindo a própria corte papal. Estas cortes (tinham
incidentalmente) todos sido politicamente alinhadas em não reconhecer William III/II
como o sucessor legítimo e legal de James II/VII.
James Francis Edward Stuart – um católico era visto como o maior orgulho a esperança
da renovação intensificada da Causa Jacobita.
Aqui estava o problema central – no mesmo ano em que o seu nascimento ocorreu,
legislação foi aprovada que proíbia um católico romano de subir ao Trono. Como
resultado, o Trono passou para Anne (cunhada de William II/III). Ela era elegível por
direito sendo seu parente mais próximo vivo e tendo sido educada como protestante.
Uma das mais notáveis realizações políticas do seu reinado foi o Ato de União (1707),
através do qual a Inglaterra e a Escócia se uniram formando a Grã-Bretanha. Quando ela
morreu sem filhos em 1714, o Trono passou para um segundo primo de Anne, que era
conhecido pelo título de Eleitor de Hanover.
Ele era um protestante e nesta época – um alemão. Seu nome era George Louis (1660-
1727) e em 1714 foi coroado como rei George I da Grã-Bretanha.
O homem por trás de tudo isso era alguém que na história Maçônica parece tocar
“segundo violino” para os verdadeiros “músicos” por trás da formação da Primeira
Grande Loja da Inglaterra -, mas com o tempo a história pode reavaliar a sua
contribuição de ponta para a Ordem.
Este homem foi um instrumento para reescrever a história inicial da Maçônica (e por
razões muito políticas), estabelecendo um conjunto moderno de Constituições que
regem a Ordem, e colocando em prática princípios do ritual maçônico moderno
(baseado em linhas Gregas). A razão pela qual ele implantou todas estas coisas foi para
conseguir um único objetivo – o alinhamento dos novos ideais da Maçonaria revivifa
aos da nova era Hanoveriana. Ele nasceu por volta do ano 1680 e com 30 anos de idade
em 1710, foi ordenado pastor da Igreja Presbiteriana. Nove anos mais tarde, ele se
tornou ativamente envolvido em um debate acalorado sobre a posição que os
presbiterianos sob a sua autoridade deveriam assumir sobre a aplicação do artigo
primeiro dos Artigos de Religião da Igreja da Inglaterra. Quando olhamos sua vida, esta
associação próxima, acalorada com o debate em 1719 pode ter sido um fator que ajudou
a formar em sua mente o modelo de Obrigações de um Maçom que fizeram parte de sua
Primeira Edição das Constituições publicadas em 1723, existem algumas semelhanças
entre as Obrigações de um Maçom, e os artigos de religião anglicanos, que são mais que
simples coincidência.
Também é fácil perceber que a linguagem e o estilo tando dos Artigos de Religião
Anglicana e as obrigações de um Maçom compartilham o tom semelhante e a qualidade
religiosa da redação. Nesses casos, por clonagem deliberada do estilo, linguagem e tom
dos Artigos de Religião Anglicana, Anderson estava estampando a moderna Maçonaria
com uma associação direta com a Igreja da Inglaterra estabelecida da época. Ele estava
declaradamente distanciando a Maçonaria de qualquer possível sugestão de associação
com qualquer tipo de marca de sociedade subversiva jacobita católica romana .
Em 1730, apenas 13 anos após a formação da Primeira Grande Loja da Inglaterra, uma
exposição pública dos segredos da Maçonaria foi publicada sob o título de Maçonaria
Dissecada. Ela foi escrita por Samuel Pritchard. Anderson publicou uma resposta à
exposição pública de Pritchard e chamou-a Defesa da Maçonaria.
No seu panfleto de 1730, ele explicava que havia três graus praticado na Maçonaria
moderna e que cada loja era governada por um Mestre “e dois Vigilantes”. Mais do que
qualquer outro documento da época que está disponível para nós hoje ressoa o panfleto
de Anderson com material que é comum no Ritual de Emulação.
É também evidente que Anderson estava muito bem familiarizados com as obras de
clássicos gregos e romanos - autores que eram (e ainda são) conhecidos por sua
interpretação da história e mitologia gregas. Em 1730, em sua defesa da Maçonaria,
Anderson explicava o significado da lenda Hiramica recentemente desenvolvida através
de referência ao historiador grego Heródoto, à Eneida de Virgílio e às Metamorfoses de
Ovídio. As Metamorfoses de Ovídio foram sem dúvida a mais notável conquista romana
na conversão de personagens mitológicos gregos para um ambiente cultural romano.
Em 1738, Anderson publicou a Segunda Edição das Constituições, e neste trabalho ele
elaborou uma história da Maçonaria que se estendia muito além das Antigas Obrigações
originais. Anderson foi ainda mais longe – ele incluiu em sua lista de Grãos Mestes
anteriores a 1717, o Cardela Católico Romano Wolsey, Moisés e até mesmo
Nabucodonosor da Babilônia. A única característica singular da sua versão de 1738 das
Constituições é que, neste colorido bordado (embora altamente imaginativo) de pseudo-
história maçônica, ele descurou completamente de qualquer influência escocesa no
desenvolvimento da história maçônica, traçando a sua ascendência inglesa de volta aos
tempos bíblicos.
No entanto, existe uma outra questão muito importante com que Anderson estava
conectado que se tornou um ponto crucial da história Maçônica.
Mas, embora em tempos antigos os maçons fossem obrigado em cada País a ter a
Religião daquele país ou nação, qualquer que fosse ela, ainda assim pensa-se ser agora
mais conveniente obrigá-los a ter apenas aquela religião na qual todos os homens
concordam, deixando suas opiniões particulares para si ; isto é, serem homens bons e
verdadeiros, ou Homens de Honra e Honestidade, quaisquer que sejam as
Denominações ou Obediências que os possa distinguir; dessa forma a Maçonaria se
torna o centro da União, e os meios de conciliar a verdadeira amizade entre pessoas que
de outra forma permaneceriam perpetuamente separados.
Inócuo como este parágrafo possa parecer aos nossos olhos e ouvidos modernos,
naquele preciso momento, ele teve o efeito de polarizar a Fraternidade Maçônica. Este
único parágrafo mudou o mérito intrínseco do que havia sido a proto-Maçonaria e
trouxe-a até um ponto em consonância com os tempos. O que este simples parágrafo fez
foi alterar a antiga definição de maçônica de “irmão”; ele ampliou sua definição para a
um ponto que cortou todos os laços que poderiam ter permanecido com o proto-
Maçonaria. Ele fez mais do que apenas sugerir uma nova definição de “irmão” – ele a
redefiniu de forma inequívoca para incluir não apenas os cristãos (que eram os membros
originais da proto-Maçonaria), mas os homens de qualquer religião que valorizam a
verdade e a honra. O ano de 1723 marcou provavelmente o ano mais distinto em sua
história até nossos dias. Ela se tinha reinventado, rejeitado qualquer identidade com o
Catolicismo Romano, que ainda pudesse ter permanecido e viajou até mesmo além dos
limites do protestantismo para ver homens de todas as religiões – igualmente. Onde uma
vez havia uma divisão entre homens de diferentes religiões – uma divisão que se
manifestava sob várias formas de preconceito – a Maçonaria teve uma visão muito
esclarecida da fé religiosa e reconheceu que não havia motivos para discriminar entre
um homem e outro com base em suas inclinações religiosas.
Para melhor compreender as implicações deste parágrafo, uma analogia exata pode ser
imaginar a resposta de maçons em todo o mundo, se a redação de cada Constituição e
conjunto de Regulamentos fossem alterados para permitir que as mulheres (que
reconhecem a existência de um Ser Supremo) entrassem para as fileiras da maçonaria
regular. A grande variedade de respostas e uma gama de emoções que poderíamos
esperar fossem expressos não é diferente das respostas que foram associados com a
redefinição do termo “irmão” para incluir homens de religiões (diferentes da fé cristã),
nos idos de 1723.
Em 1751, apenas 28 anos depois que as portas da Maçonaria foram abertas aos homens
de outras religiões diferentes da cristã - uma nova Grande Loja foi formada
diretamente em oposição à Primeira Grande Loja.
A nova Grande Loja que foi formada em 1751 referia-se a si mesma como a “Antiga”
Grande Loja e se referia (com um tom sarcástico) à Primeira Grande Loja de 1717 como
a Grande Loja “Moderna”.
Eles fizeram isso com base em que eles se viam como preservando as antigas e
ortodoxas tradições da Maçonaria, em oposição à Primeira Grande Loja, que tinha
“modernizado” a Maçonaria seguindo linhas heterodoxas.
Tão importante quanto a influência de Anderson tinha sido para a Primeira Grande
Loja, a Antigo Grande Loja de 1751 tinha sua própria “usina de força” na pessoa de
Laurence Dermott.
Dermott nasceu na Irlanda em 1720. Aos 20 anos de idade, ele foi iniciado e instalado
como Mestre da Loja de Dublin em 1746. Dois anos mais tarde, ele se estabeleceu na
Inglaterra, assumindo a posição de Secretário da Antigo Grande Loja por um período de
19 anos – de 1752 a 1771. Dermott escreveu uma obra que provoca comparações ás
Constituições de Anderson, mas que tem o título muito estranho de Ahimon Rezon. Não
está claro o que realmente significa o título, mas acredita-se que signifique vagamente
parecido com “ajuda a um irmão” em hebraico.
As relações entre as Grandes Lojas “moderna” e “antiga” eram tensas para dizer o
mínimo. Fora a hostilidade que a abertura da adesão aos homens de religiões não-
cristãs havia provocado, havia muitas outras questões controversas, e a maioria delas
estava relacionada com a forma como o Ritual era interpretado e executado. Para
garantir que um irmão da Grande Loja adversária não pudesse entrar em suas reuniões
de loja para ver seus rituais, modos de reconhecimento (como apertos de mão e senhas)
foram mudados. O ponto sobre o qual os antigos eram enfáticos era que o ritual dos
Modernos era exatamente isso -moderno – no sentido de Liberal. Ele se afastava
significativamente das tradições antigas e ortodoxas.
Para negociar uma solução amigável para os conflitos que vinham dividindo a
Maçonaria nos 50 e poucos anos anteriores, a Grande Loja dos “Modernos” autorizou a
formação de uma loja com uma única finalidade especial – a solução dos conflitos entre
as Grandes Lojas Moderna e Antiga. Esta loja conhecida como Loja de Promulgação foi
formada em 1809, e conduziu as negociações sobre cada aspecto da disputa até 1813.
Em dezembro daquele ano, um documento conhecido como os Artigos da União foi
assinado pelos Grãos Mestres tanto da Grande Loja Moderna quanto da Grande Loja
Antiga. Com a assinatura deste instrumento, ambas Grandes Lojas adversárias foram
amalgamadas como a Grande Loja Unida da Inglaterra.
Este foi um projeto delicado que exigiu homens de visão, um entendimento superior de
Maçonaria, um aguçado senso de diplomacia e habilidade de negociação de alto nível.
Para supervisionar este projeto, outra loja especial desse grupo de elite de maçons foi
formada. Ela era conhecida como a Loja de Reconciliação, e como o próprio nome
sugere, sua principal finalidade era a racionalização ou a reconciliação dos diferentes
rituais praticados naquele momento. Como não era permitido imprimir o ritual em 1813,
ele era ensinado somente por um meio o boca a boca. Todos conhecemos as
dificuldades que a transmissão boca a boca pode produzir – os problemas relacionados
ao que foi dito, como é interpretado e que é lembrado … entre outros. Em todo caso,
três anos mais tarde, em 1816, o resultado desta colaboração foi a aprovação oficial do
que ficou conhecido como Ritual Emulação – o ritual praticado na jurisdição do sul da
Austrália e Território do Norte. A fim de assegurar que o mais elevado padrão de Ritual
(usando Emulação como base) fosse praticado, a Loja Emulação de Perfeição foi
formada em 1823.
No centro deste Ritual repousa a melhor expressão da filosofia platônica, bem como a
melhor expressão da mitologia grega. Ele foi propositalmente concebido desta forma
para articular uma mensagem específica – um significado específico. Sua mensagem e
significado estão ressoando com pertinência em nossas vidas hoje.
Nossa tarefa agora é entender por que foi que muitos aspectos da cultura grega foram
incorporados ao Ritual Emulação.
Uma vez que tenhamos entendido as razões que influenciam este aspecto, então
passaremos algum tempo examinando os aspectos específicos da filosofia, história e
mitologia grega que aparecem em nosso ritual, com muito mais detalhes.
Acadêmicos como o Dr. James Anderson estariam muito bem familiarizados com as
obras de Platão e seus contemporâneos no original grego.
A primeira tradução notável de um texto grego para inglês foi aquele de Josefo,
Antiguidades dos Judeus. Ele foi traduzido por William Whiston (1667-1752) e
publicado em 1732, em Londres. As Antiguidade é um documento importante do ponto
de vista maçônico. A data da sua publicação é justamente na época do desenvolvimento
do Terceiro Grau e mais visivelmente – entre a primeira e a segunda edição das
Constituições de Anderson (1723 e 1738) – ambas as obras significativas no cânon de
literatura Maçônica (e algo que voltaremos a discutir em breve).
Outra questão importante – há aspectos de nosso Ritual, que aos olhos não treinados
parecem ter sido tomados das escrituras sagradas, no entanto – não há dúvida de que
eles realmente originavam-se do Antiguidades. Um exemplo é o da escada em caracol
encontrado no Segundo Grau. Embora nenhuma escada exista em qualquer narrativa nos
livros de Reis ou Crônicas, a referência a uma escada em caracol do piso térreo até o
terceiro nível do Templo aparece em Antiguidades. Ela estava posicionada entre as
paredes exterior e interior do Templo.
A primeira pessoa a traduzir o corpo completo das obras de Platão e Aristóteles para
Inglês foi Thomas Taylor (1758 – 1835). Taylor era o filho de um ministro dissidente
que tinha esperanças que seguiria os passos de seu pai. Embora a carreira de Taylor não
tenha seguido a de seu pai, ele desenvolveu um interesse pelo estudo das línguas antigas
– especialmente a grega.
O conjunto de suas traduções gregas é vasto e até o ano de 1800, ele havia traduzido não
só as obras completas de Aristóteles, mas também as obras completas de Platão e mais
particularmente – a República. Pela primeira vez na história, homens e mulheres que
não liam grego podiam ler República em uma tradução em inglês. De repente, o
mistério e intriga dos clássicos gregos originais estavam disponíveis para qualquer um
ler em inglês razoavelmente simples.
Isso abriu uma nova dimensão de filosofias, ideias, teorias e histórias que somente
tinham estado disponíveis para um grupo de elite de acadêmicos. O escopo material
grego que estava agora disponível em tradução inglesa (filosofia, teologia, história,
poesia, teatro e mitologia) sugeria fortemente que os antigos gregos eram muito
parecidos com você e eu. Os problemas que eles enfrentavam, as perguntas que faziam
sobre a vida e a morte – essas não eram diferentes das perguntas que fazemos hoje.
No espaço de menos de 10 anos após a primeira publicação da República, o interesse
por todas as coisas gregas desenvolveu-se em outros campos. A primeira expressão fora
da literatura foi a arte.
Thomas Bruce, o sétimo conde de Elgin (1766-1841), arrebatado pelas ondas da moda
grega, e aproveitando-se das tensões entre os gregos e turcos na época, convenceu as
autoridades de Atenas para autoriza-lo a derrubar os frisos que adornavam o Parthenon
(dentro e fora), corta-los, encaixota-los e despacha-los para a Inglaterra. (Ele os tinha
persuadido que este seria o melhor de todas as vias possíveis para preservar a arte, no
caso de uma invasão turca). A intenção era que a medida fosse temporária, mas
permaneceram na Inglaterra nos últimos 200 anos, apesar dos protestos do Governo
grego exigindo seu retorno.
É impossível separar a instituição dos estudos gregos nas escolas públicas inglesas da
determinação de manter o sistema de classes britânico. Os gregos forneceram, através
da República de Platão, por exemplo, um modelo para uma classe dirigente ociosa,
cujo direito de governar depende de uma formação especializada negada à maioria
que não era considerada digna dela. Charles Freeman, The Greek Achievement,
(2000), pp. 10.
A atriz grega Melina Mercouri (1920-1994) defendeu ativamente o retorno desses frisos
que são mais comumente chamados hoje como Os Mármores de Elgin. Quando Lord
Elgin inicialmente retirou os frisos, eles eram ricamente coloridos. Personagens e
animais esculpidos na pedra tinham roupas de diversas cores, e até mesmo detalhe de
tons de pele.
Enquanto em exposição no Museu Britânico, estas obras de arte atraíram uma nova
geração para os estudos antigos gregos. Foi também durante essas primeiras décadas do
século XIX que a poesia inglesa experimentou uma nova interpretação do estilo poético
grego antigo conhecido como ode ou hino. Os principais expoentes dessa nova forma
poética conhecida como a Ode Inglesa foram Wordsworth, Shelley e Keats. No capítulo
intitulado Mitologia e História Grega: Sua Relação com Ritual maçônico, atenção
específica é dada à forma como o Ritual Emulation adaptou a ode grega.
Lord Byron também foi contundente em sua oposição ao “vandalismo” de Elgin dos
frisos do Parthenon em seu poema – Peregrinação de Childe Harolds.
Até 1830, dentro do sistema escolar público inglês, o grego se tornou a linguagem da
moda. Tornou-se moda porque o estudo dessa língua tornou-se um importante
instrumento político para assegurar que em um mundo que estava passando por tantas
mudanças, como resultado da Revolução Industrial, o sistema de classes inglês
sobrevivesse sem mudanças.
Este fenômeno filohelênico não ficou confinado apenas à Inglaterra. Ele também incluiu
termos muito amplos e apaixonados na Alemanha. Até 1870 em um local chamado
Hilarsik na Turquia, o empresário alemão chamado Heinrich Schliemann (1822-1890)
satisfez uma ambição de longa data – descobrir o verdadeiro local da cidade que tinha
sido povoado pelos heróis de Homero – Helen, Paris, Aquiles, Heitor, Agamenon,
Menelau e Príamo … a cidade de Tróia.
E assim, foi neste ambiente cultural muito exclusivo (que se estendeu por quase 100
anos), que a Maçonaria Inglesa (refletindo as tendências sociais, intelectuais, históricas
e filosóficas da época), veio a adotar o modelo grego clássico proposto por Platão como
a plataforma definitiva para o seu ritual novo, dinâmico e inovador.
Em cada casa em cada país e continente do nosso pequeno planeta, todos nós nos
recordamos de assistir em nossas telas de televisão, dois aviões da United Airlines
realizarem uma rota de colisão muito consciente e direta contra as Torres Norte e Sul do
World Trade Center. Em todo o mundo, assistimos em total incredulidade.
Olhando para trás, para aquele dia, como as torres desabaram parecia simbolizar uma
transição na história humana. O evento, pareceu traçar uma linha entre eventos da
história humana que tenham ocorrido antes daquele dia e eventos ocorridos na história
humana depois daquele dia. Nos poucos anos que se passaram desde aquele dia trágico,
esse entendimento foi capturado em nossa linguagem cotidiana. Referimo-nos aos
acontecimentos através expressão que é totalmente um americanismo – a saber – pré ou
pós 11/9.
Eles nos fizeram sentir menos confortáveis sobre nossa sobreviência em médio e longo
prazo como raça humana, sem o benefício do correto exercício da liderança
disciplinada.
A nossa é uma era essencialmente trágica, por isso nos recusamos a aceitá-lo
tragicamente. O cataclismo aconteceu; estamos entre as ruínas; começamos a construir
novos pequenos habitats pouco, a ter novas poucas esperanças.
Com estas palavras, D.H. Lawrence descreveu a percepção sombria de que não só o
modo de vida (mas o modo de pensar que tinha existido há muito tempo) tinha
desaparecido entre as ruínas da Grande Guerra.
Então, agora, estamos mais exigentes dos que nos lideram tanto em nível local quanto
em nível global.
Nós queremos ver nossos políticos, nossos líderes religiosos, nossos CEOs demonstrar
ética na maneira como conduzem suas vidas e ilustrar a humanidade na forma como eles
lidam com as complexidades crescentes da vida humana. Ferver e reduzir tudo isso a
um princípio – esperamos que nossos líderes desempenhem; exibam um calibre de
pensamento e comportamento que suporte o seu direito de servir. Servir é uma palavra
antiga que está ganhando terreno rapidamente, uma vez mais como um termo que
descreve a atitude que um líder forte demonstra em sua vida quando seu principal
princípio motivador na vida é estar a serviço de outros.
Sobre este ponto, Platão foi excepcionalmente claro. Sobre este ponto que ele foi
enfático. Quando a bússola a mente do líder aponta para o serviço… estar de serviço dos
outros, é nesse momento que vemos a diferença entre um verdadeiro líder e um falso
líder. Aqui está o que Platão escreveu sobre o assunto:
Ninguém jamais será um mestre recomendável, sem ter sido primeiro um servo deve-se
estar orgulhosos, não tanto de governar bem, mas de servir bem.
Ser um servo de Deus é a medida exata da servidão; o excesso consiste em ser o servo
dos homens.
Platão entendeu isso. Se alguma vez houve um momento em sua vida em que ele
poderia marcar como o momento em que se tornou a única paixão permanente em sua
vida a ser tratado, foi exatamente quando o sol nasceu sobre Atenas em uma manhã de
399 a.C. Naquele momento, seu amigo e mentor Sócrates foi executado por ordem das
leis de Atenas.
Um funcionário da prisão trouxera-lhe uma taça cheia de cicuta venenosa. Uma vez que
Sócrates tinha bebido a cicuta, ele se deitou.
O penúltimo gesto dos 70 anos de sua vida foi cobrir o rosto com seu manto.
A este sinal o carcereiro começou a apertar seus pés, perguntando se ele conseguia
sentir qualquer sensação.
Quando Sócrates respondeu que não podia, o guarda continuou beliscando as pernas de
Sócrates e movendo-se para cima sobre seu corpo. O objetivo deste estranho exercício
era (conforme Platão o descreveu) verificar o avanço da cicuta, que Platão explicou –
era caracterizado pela sensação de dormência se espalhando através de seu sistema.
Quando a dormência chegou à sua cintura, Sócrates afastou a capa de seu rosto e falou
suas últimas palavras
Críton, devemos um galo a Esculápio; faça esta oferta a ele; não se esqueça.
A última instrução de Sócrates a seu amigo Críton foi oferecer um sacrifício de ação de
graças a Esculápio, o deus da medicina para libertá-lo desta vida mortal para uma vida
eterna.
Embora o último dia de Sócrates (conforme descrito por Platão) fosse cheio de uma
ternura dramática, filosófica e nobre, ela também deixou uma impressão duradoura
sobre a vida de Platão. Platão não foi capaz de reconciliar a morte de Sócrates com um
sistema justo de governo – especialmente – com um sistema justo de liderança.
A partir desse dia, até ao final de sua vida, Platão pensou sobre, discutiu, e tentou
colocar em prática um método de treinamento de um homem ou uma mulher para se
tornar um verdadeiro líder, para que as circunstâncias que levaram ao veredicto de
culpabilidade contra Sócrates jamais voltasse a se repetir.
Uma das coisas mais importantes que aconteceram como resultado de tudo isso foi a
escrita de um livro que nos é conhecida como República de Platão.
Antes de investigar a República, daremos um breve olhar sobre a vida de Platão, para
que possamos entender por que ele pensava e sentia da maneira como ele fez.
Compreendendo isso, teremos uma base sólida para avaliar como as suas palavras e
sentimentos ressoam em todo o nosso ritual.
Embora os escritos de Platão sejam vastos e girem em torno de pouco menos de 1.800
páginas em uma edição de Trabalhos Completos, nosso conhecimento do próprio
homem talvez não seja tão abrangente. Ainda assim, se tivermos uma compreensão das
principais influências em sua vida e seus efeitos sobre os seus escritos, isso nos ajudará
a compreender sua contribuição para o nosso Ritual ainda mais.
Primeiros Anos:
Platão nasceu por volta do ano 428 ou 427 a.C. em Atenas, a uma família aristocrática
de alguma influência nos assuntos políticos.
Sabemos que o nome de seu pai era Ariston e que o nome de sua mãe era Perictone. Em
geral, a história tem presado pouca atenção ao pobre Ariston. Na verdade, o sobrinho de
Platão (Speusippus) foi um passo além na marginalização total do significado de
Ariston na vida de Platão, afirmando que o deus Apolo quem era o pai de Platão, e não
como algumas pessoas erroneamente afirmavam – Ariston.
Platão também tinha dois irmãos, cujos nomes eram Glaucus e Adeimantes. Estes dois
irmãos aparecem como personagens principais da República.
Ariston morreu quando Platão ainda era muito jovem e bela Perictone se casou
novamente. O resultado de seu novo casamento foi o nascimento de Antífone um meio-
irmão de Platão.
Platão também tinha uma irmã chamada Petone. Quando Platão faleceu, foi o filho de
Petone – Speusippus quem (juntamente com outro membro da Academia chamado
Xenócrates) assumiu a liderança da Academia, que tinha sido originalmente fundada por
Platão. Foi nessa época que Speusippus começou a divulgar a versão da concepção de
Platão, por Perictone através do deus Apolo.
Seu Nome:
Durante séculos, tem havido um debate sobre seu verdadeiro nome. Desde os tempos
antigos, havia argumentos de que “Platão” simplesmente pode não ter sido seu
verdadeiro nome! Uma das principais fontes que temos da vida de Platão nos chegou a
partir de uma biografia escrita no século terceiro d.C. por um romano chamado
Diógenes Laertius. Tendo em mente que Laertius viveu cerca de 600 anos depois de
Platão, ele compôs uma biografia de Platão (entre outros filósofos), baseando seus
“fatos” em histórias que corriam durante sua própria vida ou que tinham sido
transmitidas pela tradição. Laertius alega que o verdadeiro nome de Platão era
Aristocles – o nome de seu avô paterno cujo nome ele recebeu. Presumindo-se por um
momento que este seja o caso, por que nós o conhecemos pelo nome de Platão?
Laertius sugeriu que Platão era realmente seu apelido, mas ao longo do tempo e, por
convenção, o nome pegou. A raiz grega do nome Platão é platon e significa alguma
coisa parecida como “Largura”. Laertius nos fornece as três variações tradicionais da
história sobre como surgiu o apelido. A primeira é que Platão tinha ombros largos. A
segunda era que ele tinha uma testa larga, enquanto que a última foi em homenagem à
largura de sua eloquência.
Um aspecto que podemos ter em mente é que “Platão” era um nome muito comum nos
séculos 4 a 5 a.C. em Atenas. Na mesma linha, o nome grego de Jesus (ou a sua forma
aramaica Yehoshua) era um nome muito comum no primeiro século d.C. na Palestina.
Independentemente da forma como olhamos para ele, Platão é o nome que temos ao
longo dos séculos para conhecer o homem, e seria pedante para nós, depois de todo esse
tempo para começar a chamá-lo de Aristócles (… só com base na palavra de Laertius).
Outro argumento que Laertius levantou é de que em sua juventude, Platão foi um pintor,
um poeta, e também um dramaturgo. Estas alegações podem ser mais confiáveis. Se
lermos seus diálogos, logo fica evidente como os diálogos em si assumem uma forma
dramática, juntamente com um elenco de personagens (e até mesmo indicações de
palco). A prosa de Platão é, por vezes, poética e faz bom uso dos jogos de palavra
gregos em nítida distinção com os escritos de Aristóteles nos quais os principais são
pouco mais que “anotações de aulas”.
Por enquanto, tudo o que precisamos ter em mente é que os atenienses eram
descendentes de um grupo cultural conhecido como o Jônios. Os costumes, tradições e
dialetos eram muito diferentes dos espartanos. Espartanos eram descendentes de um
grupo cultural conhecido como o Dórios. Então, na verdade, essas hostilidades pode
muito bem ter sido marcado por crenças na superioridade racial e cultural de um sobre o
outro.
Retornaremos a uma discussão mais detalhada das culturas Jónica, Dórica e Coríntia um
pouco mais tarde. Nesse ínterim, tudo o que nós precisamos ter em mente é que, num
contexto maçônico, a coluna do Venerável Mestre (que representa a sabedoria), é
conhecida como a coluna jônica, enquanto que a coluna do Primeiro Vigilante (que
representa a força), é conhecida como a coluna Dórica.
As Guerras do Peloponeso duraram de 431 a.C. até 404 a.C. – um período de 27 anos e
terminou com a derrota total de Atenas por Esparta. Colocando Platão neste contexto,
ele nasceu cerca de quatro anos depois do início da guerra e era um jovem adulto de
aproximadamente 23 ou 24 anos, quando ela acabou. O resultado dessas guerras foi uma
influência significativa sobre o seu pensamento – tanto político quanto mítico – e sua
importância para o desenvolvimento do seu mito da Atlântida é algo que afeta a
Maçonaria a partir de uma perspectiva filosófica e será discutido no Post-scriptum a este
livro.
Aproximadamente com a idade de 20 anos (c. 408 a.C.), tornou-se discípulo de Sócrates
e manteve-se dedicado a ele nos últimos 10 ou 11 anos – até a execução de Sócrates em
399 a.C. Apesar da forte ligação de Platão com o homem (assim como sua filosofia), é
um dos aspectos muito peculiares da história que Platão não era um membro do grupo
em companhia de Sócrates no momento de sua morte. (Na manhã de execução de
Sócrates, Platão estava em casa, doente na cama).
Enquanto Platão estava doente, presente com Sócrates naquela manhã estavam pelo
menos 15 pessoas (incluindo Xantipa – esposa de Sócrates), além de um grupo anônimo
de “outros”, incluindo o filho sem nome de Sócrates que se sentou no colo de Xantipa.
Na verdade, nem Xantipa, nem o filho de Sócrates estiveram presentes em seu momento
final. Sócrates providenciou isso organizando através de Crito que ela fosse levada à sua
casa pois ela estava “chorando histericamente”.
Meio da vida:
Após a execução, Platão decidiu aprofundar seus próprios estudos filosóficos. Ele fez
isso viajando muito (por vários anos) em todo o Mediterrâneo. Laertius afirma que
durante esta época, ele absorveu os ensinamentos das três principais escolas de
pensamento – a de Euclides, a de um matemático chamado Teodoro em Cirene e acima
de tudo – a de Pitágoras no sul da Itália.
Por sua própria admissão, os escritos de Platão foram a principal influência que levou
Agostinho de Hipona a se tornar um cristão. Ele escreveu sobre essas influências em
duas grandes obras que a maioria de nós terá ouvido falar (… mesmo que apenas de
passagem). São as Confissões e a Cidade de Deus. Devido à sua dívida para com Platão,
Agostinho fez uma série de menções biográficas relatando a vida de Platão em
Confissões e Cidade de Deus, entre elas:
Percebendo, porém, que nem seu gênio nem o treinamento socrático era adequado para
desenvolver um sistema perfeito de filosofia, ele viajou para longe e extensamente para
onde quer que houvesse alguma esperança de ganhar algum acréscimo valioso para o
conhecimento. Assim, no Egito, ele dominou a lei que lá era estimada. Dali ele foi para
a baixa Itália, famosa pela Escola Pitagórica e lá ele se abeberou com sucesso com
eminentes professores de tudo o que estava então em voga na filosofia italiana.
Platão na Sicília:
Foi por volta de 388 a.C. que Platão que visitou a Sicília pela primeira vez e observou
os resultados do governo tirânico de um déspota conhecido como Dionísio I (c 432-367
a.C.). Dionísio tinha atingido o seu alto cargo através de alguns sucessos militares em
impedir os avanços de Cartago pelo controle da Sicília.
A única coisa importante que emergiu dessa visita à Sicília foi Platão ter-se encontrado
com um jovem chamado Dion – filho de uma das esposas de Dionísio I. Atraído pela
filosofia de Platão, Dion convidou Platão para voltar à Sicília, 20 anos após a primeira
visita de Platão. O objetivo de Dion neste convite foi permitir a Platão a oportunidade
de colocar em prática o seu ideal de um rei-filósofo governante, treinando Dionísio II
(filho de Dionísio I) para se tornar um líder ideológico. Este filho tinha assumido o
trono após a morte de seu pai em 367 a.C.
Mas, por mais que Platão esperasse que isso viesse a ser uma aplicação bem sucedida de
seus princípios do filósofo-rei, em bem pouco tempo, ficou óbvio para Platão que esta
tentativa seria pouco menos que desastrosa. Segundo seu relato dos acontecimentos na
Carta VII, Platão afirma que Dionísio II tinha ciúmes, o tempo todo, da amizade íntima
entre Platão e Dion. Era um ciúme que se colocava no caminho de Platão no
desenvolvimento de uma disposição filosófica em Dionísio II. Desenvolver uma
disposição filosófica era fundamental na concepção de Platão para o líder ideológico. O
plano de Dionísio II para acabar com a amizade entre Platão e Dion foi quase
maquiavélico. Dionísio II enviou Dion ao exílio com base em falsas acusações. As
tentativas de Platão para colocar em prática os princípios da República se
desmoronaram rapidamente. Tudo o que restava a fazer era, para Platão, convencer
Dionísio II a deixá-lo regressar a Atenas. Ele fez isso convencendo Dionísio II, que seu
foco seria melhor costurado lidando com outra ameaça emergente dos cartagineses
contra a Sicília.
Se ele tivesse realmente unido a filosofia e o poder político na mesma pessoa, ele
poderia ter dado uma luz para o mundo inteiro, tanto grego quanto bárbaro …
Com o tempo, porém, Platão voltou à Sicília para continuar a sua experiência em uma
aplicação prática de seus princípios de liderança com Dionísio II.
Na Sétima Carta de Platão, ele registra que Dion o tinha incitado a voltar para a Sicília,
alegando que tinha recebido relatórios de que Dionísio II tinha “mudado de foco” e se
tornado entusiasmado com a aplicação das ideias de Platão ao governo da ilha. Platão
afirma que ele resistiu os primeiros dois convites. O terceiro concurso foi encenado de
maneira tão elaborada que a recusa era quase impossível.
Dionísio II enviou uma trirreme a Atenas, com instruções para buscar Platão. Ao
encontrar-se com Platão o embaixador lhe deu uma carta pessoal de Dionísio II,
assegurando-lhe que caso ele aceitasse o convite, todos os assuntos relativos à Dion
seriam resolvidos para satisfação de Platão. Mas, havia uma cláusula adicional… A
cláusula dizia que Platão recusasse, Dion sofreria as consequências. Podemos esperar
que a natureza ameaçadora do “convite” provavelmente teria sido uma indicação a
Platão de uma previsão de missão fracassada, apesar de sua decisão de ir.
Talvez essas pessoas que criaram iniciações religiosas não estejam tão longe da marca, e
todo o tempo, tem havido um significado oculto sob a alegação de que quem entrar no
próximo mundo leigo e ignorante estará atolado na lama, mas quem chega lá purificado
e iluminado habitará entre os deuses. Você sabe quantos envolvidos nas iniciações
dizem “Muitos carregam o emblema, mas os devotos são poucos”. Bem, em minha
opinião esses devotos são simplesmente aqueles que viveram a vida filosófica da
maneira certa. Platão: Fédon: (69 c-d)
A Academia:
De volta a Atenas, Platão fundou a famosa Academia. Muitas vezes pensamos na
Academia como um edifício. A Academia não era um edifício, mas sim um simples
bosque de árvores onde os discípulos de Platão se sentavam e discutiam assuntos de
interesse filosófico. Em muitos aspectos, ficou evidente que a rede de Lojas que existe
em todo o mundo se baseia nos princípios da Academia original. Mais ou menos nesta
época, ficou claro que Platão também era membro de uma misteriosa fraternidade. Sua
identidade é desconhecida. Em sua Vida de Dion, Plutarco escreve:
Embora Platão não tenha expressamente escrito qualquer coisa a respeito de sua
participação em qualquer misteriosa Fraternidade – (que era provavelmente a
fraternidade pertencente aos Mistérios de Elêusis), ele sugere em República que a
adesão a tal fraternidade pode envolver condições de silêncio.
No que diz respeito aos discípulos que frequentavam a Academia, Laertius enumera
alguns, incluindo Speusippus (seu sobrinho, co-executor de sua vontade e co-sucessor
na Presidência da Academia), Xenócrates e Aristóteles (tutor de Alexandre, o Grande),
mas também os nomes de duas mulheres – Lasthenea de Mantinéia e Axiothia de Phlius
(que, ele observa, chegavam até a vestir roupas masculinas).
A morte de Platão:
Ele morreu com a idade de 81 anos, e foi sepultado nos bosques da Academia. Laertius
observa que a lápide foi inscrita com o seguinte epigrama:
Este homem seria ainda mais sábio; grande demais para inveja.
A República não é uma obra de teoria política, mas uma alegoria do espírito humano
individual.
O corpo de A República fornece a resposta a esta pergunta. Felizmente, ele o faz de uma
forma que eu e você (enquanto maçons) não teremos qualquer dificuldade em
compreender. A razão para isto é que tudo – dentro do nosso ritual suporta isso.
Permitam-me enfatizar este ponto – tudo – suporta isso. Platão recomenda que os reis-
filósofos precisam se submeter a um curso de educação que tem como principal meta o
treinamento da mente para atingir dois objetivos distintos. O primeiro é pensar com
clareza, enquanto que o segundo é agir de uma maneira que esteja de acordo com o
princípio grego de excelência. A palavra grega para excelência é “arete” e,
tradicionalmente, ela é traduzida em Inglês como a palavra que comumente
reconhecemos como virtude.
Embora os elementos desses princípios possam ter existido de alguma forma antes de
Platão, este tem o mérito de ser a primeira pessoa na cultura ocidental a sintetizá-los em
um todo estruturado, coerente e lógico.
Neste ponto inicial de nossa análise, (somente por uma questão de simplicidade),
reduzirei todo o nosso Ritual para dizer que ele é uma destilação dos princípios de A
República – ou seja, que nosso Ritual é um sistema peculiar de ensino de moralidade
que usa como o seu arcabouço, dois estudos primários – aqueles das Artes Liberais e
Ciências, e também as Quatro Virtudes Cardeais. Seu objetivo ao fazer isso é
desenvolver em um candidato à entrada na Maçonaria os atributos intelectuais e de
caráter necessários em um rei-filósofo.
Em seu nível mais básico, este é um ponto muito conveniente para começar; então,
vamos iniciar nossa discussão revelando a ligação fundamental entre o conceito de
Platão do filósofo-rei e o Venerável Mestre de nossa loja.
Uma das razões mais fortes de que A República foi a pedra fundamental da filosofia
ocidental é que o livro apela e nos fala em muitos níveis. Ele pode ser lido e utilizado
como um manifesto político, como um comentário sociológico, como uma exposição
psicológica, ou como um tratado educacional. Além disso, (depois de mais de 2000
anos), em qualquer nível que o lemos, sua mensagem é ainda vibrante e ele ainda nos
fala sobre as preocupações que temos, enquanto homens e mulheres vivendo no século
XXI.
O único nível que não foi explorado em qualquer grau é o nível que estamos explorando
no momento – A República como o fundamento do ritual maçônico moderno. Portanto,
neste ponto, daremos uma olhada mais de perto nos paralelos mais importantes entre
sua filosofia e nosso Ritual.
A República é um trabalho grande e complexo por vezes (apesar de sua aparente
discussão direta diária). Então, agora pode ser um momento tão bom quanto qualquer
outro para nos familiarizarmos rapidamente com as semelhanças que existem entre este
livro e nosso Ritual. Isto simplificará o processo de leitura de A República, porque
podemos retirar dele todos os elementos supérfluos e nos concentrarmos apenas nos
elementos que foram escolhidos pelos compositores do Ritual Emulação entre os anos
de 1813 e 1823. Estes foram os elementos que eles acreditavam ser importante para
cada um de nós, para desenvolver competência como líderes ideológicos ou “reis-
filósofos” de nossos dias.
Nos negócios, muitas vezes nos referimos a conceitos conhecidos como “modelos de
negócio”. Em termos simples, modelos de negócios são plataformas para desenvolver
resultados muito específicos. A título de exemplo, esses resultados podem ser metas
financeiras, ou podem ser projetados para capturar uma participação especial no
mercado ou podem até mesmo ser baseados em desenvolver e aperfeiçoar as relações
desejadas. O que os modelos de negócio abrangem são meios pelos quais esse objetivo
será alcançado.
Analisando mais profundamente, ele diz que o homem ou a mulher escolhida para
receber esse ensino especializado deve ser treinado, disciplinado, aconselhado e
encorajado durante muitos anos – fundado – em duas vias distintas; porém
complementares de estudo.
Em seu nível mais básico (mas com grande precisão), a fórmula de A República pode
ser expressa como:
Neste exato momento, é inevitável que estaremos nos perguntando como esta fórmula
se aplica à Maçonaria. A resposta também é simples. Ela é tão simples que compartilha
muitas semelhanças com um processo com o qual eu e você provavelmente estamos
muito familiarizado, mas que de todo modo os compositores do Ritual Emulação podem
não ter sido incomodados por ele em 1816.
Deixe-me explica-lo através desse exemplo muito fácil de acompanhar: Em 1816 – ano
em que foi aprovado o Ritual Emulação, não tenho a certeza se as meias eram qualquer
outra cor que não fosse preta. O resultado disso é que estes homens estavam
provavelmente desconectados do fenômeno diário que enfrentamos no século XXI – o
problema de encontrar um par específico de meias na pressa de ir ao trabalho todas as
manhãs. Eu chamo minha esposa de manhã: “Jenny – onde estão as minhas meias pretas
com listras brancas”? Ela está na cozinha, preparando sanduíches para o nosso filho
mais novo. Como Jenny não tem a capacidade de ver através das paredes (até onde eu
sei), ela sempre é capaz de saber onde elas estão. Ela vai gritar: “Você já tentou olhar
bem na parte da frente de sua gaveta de meias?” Eu faço e sempre me surpreendo ao
encontrar o par de meias exato que corresponda ao meu terno naquele dia.
Em primeiro lugar – Platão montou um currículo que incluía os temas que compõem a
parte “intelecto” da equação. Nós discutidmos o termo coletivo para este grupo de
indivíduos. Nós os conhecemos como as artes liberais e ciências.
Ele, então, foi um passo adiante. Ele concebeu um currículo que incluía os temas que
compõem a parte “caráter” da equação. Isoladamente, esses temas são – prudência,
temperança, fortaleza e justiça. Coletivamente, nós nos referimos a eles como Quatro
Virtudes Cardeais e as exploraremos com mais detalhes um pouco mais tarde.
Há ainda uma questão importante que não superamos, e ela se refere ao termo Rei-
filósofo na equação acima.
Colocando a filosofia de lado por enquanto, vamos voltar à simples tarefa de encontrar
nossas meias de manhã a que me referi anteriormente. Lembre-se – a resposta está bem
em baixo de nossos narizes.
Precisamos ter em mente que os homens que compuseram o Ritual de Emulação eram
altamente versados nos clássicos. Lá em 1816, quando o Ritual Emulação foi finalmente
concluído e aprovado, “os clássicos” cobriam uma gama de literatura que ia da Bíblia,
passava pelos escritos gregos e romanos até Jonathan Swift. O que estamos dizendo é
que a bússola da literatura clássica foi e continua a ser, felizmente, … ampla.
Esta personagem bíblica é famosa por dois motivos. O primeiro é que ele era um rei. O
segundo é que ele era famoso por ser um rei amante da sabedoria. A este respeito, está
longe de ser acidental que o termo grego para “amante da sabedoria” seja filósofo.
Embora possamos ter resolvido um pequeno mistério maçônico, ainda não explicamos
adequadamente o mistério de como a sua esposa (e a minha) sabe a localização exata de
nossas meias pretas (com as listras brancas ) – Todas as manhãs.
Mas, antes de avançar, vamos nos certificar de que estamos entendidos sobre o que
discutimos até agora…
Dion acreditava que esta situação resultou da falta de educação do tirano, e por isso
tentou interessá-lo em estudos liberais… na esperança de formar seu caráter. (9)
Platão convenceria o jovem a desmantelar seus dez mil seguranças, dissolver sua frota
de quatro mil cavaleiros e a multidão inumerável de infantes, e tudo isso a fim de buscar
o bem inefável nas escolas da Academia, para fazer da geometria de seu guia para a
felicidade e entregar as bênçãos do poder… (14)
O objetivo de Platão era criar um líder ideal - Alguém que fosse versátil e multi-
dimensional – alguém que fosse capaz de harmonizar os diferentes aspectos da
inteligência (assim como da emoção) para realizar julgamentos que fossem sólidos e
que realmente lidasse com a situação com a qual houvesse necessidade de enfrentar.
1 – Aritmética
3. Música
4. Astronomia
5. Dialética.
Até o momento em que a Idade Média havia chegado, o currículo original de Platão, de
artes e ciências tinha se desenvolvido na estrutura que conhecemos hoje, e à qual nos
referimos cada vez que assistimos a uma reunião de loja. Também é interessante notar
que Cícero escreveu duas obras famosas que têm os mesmos títulos que os dois escritos
mais famosos de Platão, – República e As Leis.
Vamos agora olhar para cada uma destas artes e ciências em separado para entender o
que elas estão destinadas a nos ensinar, assim como considerar as possibilidades que
existem para nós de expressá-las significativamente em nossas vidas hoje.
As três artes:
Um líder pensante precisa ser capaz de se comunicar de forma clara e com o mínimo de
ambiguidade. Essa capacidade de usar a gramática de forma eficaz é sem dúvida o
aspecto mais essencial para sermos capazes de apresentar o que somos aos outros. Neste
contexto, a gramática constitui os blocos de construção de nossa própria auto expressão.
Quando nos expressamos de forma clara, estamos expressando quem somos e o que
defendemos. Importante, também expressamos contra o que nos posicionamos.
Devido ao poder desta forma de arte, é crucial, então, que desenvolvamos a capacidade
de fazê-lo com precisão e eloquência.
Pergunte a qualquer número de pessoas qual é seu maior medo (e pondo de lado a morte
e os impostos), a resposta universal (independentemente da cultura) parece ser falar em
público. Surpreendentemente, a maioria das pessoas ficaria feliz em passar pela
dolorosa experiência de um tratamento de canal dentário, que ficar de pé e de modo
articulado e convincente dirigir-se a um grupo de pessoas. No entanto, esta capacidade
de se comunicar com segurança e eficiência em um fórum público é uma das marcas
que muitas vezes são utilizadas para identificar um líder.
Espera-se que um líder use o poder de sua voz para levar uma audiência a fazer alguma
coisa – agir, apelando para o seu pensamento e envolvê-la emocionalmente. Ele
incorpora uma série de habilidades de boa comunicação. Mais importante ainda, exige-
se o uso da voz (não só o volume, mas o tom e a projeção). Também exige uma
compreensão da linguagem corporal para expressar emoções (assim como as ler) e
respostas emocionais de forma mais eficaz. Na verdade, isso está longe de uma proeza
fácil de conseguir. Ela exige uma capacidade de “sentir” as diferenças na forma como o
público responde durante uma apresentação. Isso exige versatilidade de se adaptar e se
ajustar ao “humor” do público a qualquer momento.
Platão tinha um aluno fabuloso, que atendia pelo nome de Aristóteles. Aristóteles
escreveu uma obra chamada Sobre a Retórica que lida especificamente com o uso
correto da retórica. Nos parágrafos de sua abertura, ele tradou dos casos em que a
retórica era usada incorretamente. Ele os descreveu como casos onde “raiva, piedade e
emoções semelhantes” são despertadas quando elas “nada têm a ver com os fatos”.
Em sua essência, a retórica trata com ser capaz de falar com o que o Ritual descreve
como eloquência persuasiva. Na terminologia moderna, a eloquência persuasiva
provavelmente se aproxima mais da expressão mais comum de habilidade de vendedor.
De um ponto de vista maçônico, é interessante trazer à mente que, durante a Cerimônia
de Instalação do Venerável Mestre Eleito, tanto o Venerável Mestre quanto seu segundo
vigilante são investidos com as palavras que orientam esses dois oficiais para o uso
eloquência persuasiva em todas as suas relações com os outros.
Os Quatro Ciências
Ele também observou que as pessoas que são boas em aritmética têm uma tendência
natural para demonstrar agilidade da mente também em outras disciplinas. De uma
perspectiva prática, Platão até mesmo sugeriu que uma pessoa que carece de agilidade
natural da mente pode utilizar a aritmética como meio para treinar sua mente a pensar
com maior flexibilidade.
Devemos… convencer as pessoas que vão realizar as tarefas mais importantes da nossa
comunidade a aprender aritmética. Eles não devem praticá-la como diletantes, mas
devem manter-se nela até chegar ao ponto em que possam ver em suas mentes que os
números realmente são… a fim de facilitar as mentes a se afastar cada vez em direção
à verdade e a realidade.
Geometria:
Novamente, Platão reconheceu os aspectos práticos dessa ciência, mas seu propósito em
um currículo para o desenvolvimento de líderes pensantes, era alinhar mente do líder
com realidade máxima que ele expressa como a divindade. Como a ciência da geometria
faz isso? Ela o faz por meio de um processo de disciplina mental, da mesma forma que a
aritmética é uma disciplina mental projetada para despir os aspectos ilógicos e inúteis
do trabalho ou da apresentação de um cálculo. A plataforma de Platão foi no sentido de
treinar a mente – disciplinar a mente para ver a verdade por trás da ilusão da existência
cotidiana.
Algo que tem profundo significado para nós enquanto maçons é a língua adaptamos a
partir dos escritos de Platão, especificamente em relação à divindade.
Por exemplo, em “Timeu”, Platão criou o primeiro mito grego da criação do universo
por um único deus (ao invés de uma multiplicidade de deuses). Neste mito, Platão
descreve que este deus criou o mundo usando formas geométricas. Nesse sentido, ele é
o Geômetra do Universo.
Platão foi de fato o primeiro a usar esta imagem de deus como o Geômetra do Universo.
Da mesma forma, Platão foi o primeiro a usar a imagem de deus como o arquiteto do
universo. O próprio termo grego do qual deriva a palavra arquiteto é arche-techton e
significa – (arche) e grande e (techton) artesão.
Platão propôs que o Geômetra do Universo criou o mundo a partir de quatro elementos
básicos: Terra, fogo, ar e água.
ao ar – o octaedro;
ao fogo – a pirâmide
e à água o icosaedro.
Toda a matéria foi formada pela coesão desses elementos em diferentes proporções, um
ao outro. Uma vez que o universo fora criado, ele assumiu a forma que foi a própria
imagem de si mesmo, de perfeição:
Astronomia:
… as sete Artes Liberais… eles são os resumos da verdade e, como Platão afirmava, as
etapas do todo universal.
As artes liberais não eram ensinada tanto como meio de preparar os alunos para ganhar
a vida, mas para aumentar o seu conhecimento nas ciências filosóficas.
Agora, quando o Pai que tinha gerado o universo observado o colocou em marcha e
vivo… ele estava bem contente… Porque antes do céu existisse não havia dia ou noite,
nem meses ou anos.
Como ela é, no entanto, nossa capacidade de ver os períodos do dia e da noite; dos
meses e dos anos; dos equinócios e solstícios levou à invenção do número e nos deu a
ideia de tempo e abriu o caminho para investigação sobre a natureza do universo.
Essas atividades nos deram a filosofia…
Um verdadeiro astrônomo… certamente pensa que o artista dos céus o construiu e tudo
o que ele contém para ser tão bonito quanto tais obras podem ser…
Voltando brevemente ao nosso próprio ritual, achamos que a Palestra sobre a Primeira
Prancha de Traço reflete um sentimento idêntico:
A simetria e a ordem justa mencionada era ressaltada de maneira semelhante por Platão
ao estabelecer paralelos entre as ciências da astronomia e a música e os sentidos
humanos de visão e audição:
Os olhos são feitos para a astronomia… e pela mesma razão, as orelhas são
supostamente feitas para o tipo de movimento que constitui a música. Se assim for,
esses ramos do conhecimento são aliados um do outro. Isto é o que afirmam os
pitagóricos.
Música / Harmonia:
Do ponto de vista de Platão, a música era um método que nos ajudava (da mesma forma
que a astronomia) a intuitivamente discernir a presença de um criador.
O que Platão defendia na concepção de um ciclo de estudos nas artes liberais e ciências,
eram as ferramentas do oficio filosófico. Isso reflete o cuidado que nos é pedido em
cada uma das Palestras sobre as Ferramentas de Trabalho. Em cada grau, nossa atenção
é atraída para essas ferramentas de trabalho, não como ferramentas do ofício, mas como
ferramentas especulativas (significando filosóficas) de vida.
Estas ferramentas intelectuais foram concebidas para ajudar uma pessoa a pensar – e
não apenas nas aplicações prática do dia-a-dia desses campos do conhecimento, mas o
mais importante – como um meio de alcançar um melhor entendimento mais satisfatório
da relação entre Deus e a humanidade.
Abaixo está uma tabela de algumas outras correlações entre as ciências em A República
de Platão e o Ritual de Emulação.
Republic/525b / Waterfield
Republic/527b / Waterfield
Republic/530d/ Waterfield.
Essencial para o Ritual maçônico é o estudo das Quatro Virtudes Cardeais. Platão não
as chamava “virtudes cardeais”. Este termo foi algo que surgiu muito mais tarde
desenvolvendo-se a partir da interpretação cristã durante a Idade Média.
A palavra virtude é derivada da palavra latina Vir. Vir é latim para homem e, por
extensão, virilidade ou força. Os gregos, porém, tinham uma interpretação muito
diferente do ideal de virtude e é essa interpretação grega que mais nos interessa neste
momento.
O termo grego para a virtude era arete. Arete significa excelência – possivelmente
alguma coisa mais – a excelência habitual. É importante notar que do ponto de vista
grego, a virtude não tem qualquer inflexão de gênero como tem sua congênere latina.
Também era mais ampla em significado e aplicação.
Qualquer que seja o campo da atividade humana em que estejamos envolvidos, cada um
de nós tem a capacidade de desenvolver excelência em todo o seu potencial.
Antes de fazermos isso, porém, vamos dar uma olhada na maneira como essas virtudes
são exibidas graficamente no espaço da loja.
Acreditava-se em geral… que o número quatro tinha algum tipo de significado especial.
Existiam quatro pontos cardeais, quatro ventos, quatro fases da lua, quatro estações,
quatro letras da palavra Adão e quatro era o número constitutivo do tetraedro de Platão,
que correspondia ao fogo… Quatro foi o número da perfeição moral e os homens com
experiência na luta pela perfeição moral eram chamados “tetragonais”.
Umberto Eco, Arte e beleza na Idade Média, pp35-36.
Quando entramos em uma loja, uma das primeiras coisas para a qual nossos olhos serão
atraídos é algo que está no centro da sala. É o que é conhecido como o Pavimento
Mosaico. Este Pavimento é de forma retangular e as peças que compõem o Pavimento
em si são negras contra brancas. Em cada um dos cantos deste Pavimento está a figura
de um pendão simples. Em um contexto maçônico, cada um destes quatro pendões
representa cada uma das quatro virtudes cardeais.
Não é um simples acidente que o Pavimento Mosaico situa-se no centro da loja. Não é
um simples acidente que o Pavimento tenha forma retangular. Não é um simples
acidente que as Virtudes Cardeais sejam retratadas como ocupando cada um dos quatro
pontos do retângulo onde o ângulo reto é formado.
Tendo isso em mente, podemos interpretar o Pavimento Mosaico como ilustração dos
meios para atingir uma perspectiva moral sobre a vida e a maneira de fazê-lo – é por
meio das Quatro Virtudes Cardeais! Vamos agora examinar cada uma dessas virtudes
em mais detalhes para ver quais lições podemos tirar delas, para que possamos aplicá-
las em nossas vidas para alcançar maior realização pessoal.
Prudência:
A definição enfatiza o caráter muito prático do que se entende pela palavra. Em termos
do dia-a-dia, poderíamos sugerir que prudência se refere à arte de aplicar o senso
comum em nossas atividades rotineiras. Sendo este o caso, Platão estava enfatizando a
importância de um líder ponderado ser capaz de usar o bom senso. A este respeito, o
senso comum não é apenas um “palpite” ou um “pressentimento”. Ela é uma habilidade
que cada um pode desenvolver como uma forma de excelência habitual.
Temperança:
Autocontrole é a mais valorizada das virtudes e significa não desejar desejar. Significa,
também, controlar a própria infelicidade, tanto quanto possível quando e se o
lamentável acontece e o desejo incontrolável aparece.
As ideias operativas aqui são o equilíbrio e autocontrole. Em vez de dizer “não beba
gin”, sugere-se que o gin pode ser uma coisa boa para beber – com moderação. Isso
sugere que o excesso de qualquer coisa não é realmente desejável.
Em termos práticos, poderíamos até dizer que esta seria uma boa característica de se ter,
se quisermos perder peso… a ideia aqui é que levemos uma dieta balanceada, não
exageremos nossa ingestão de calorias e tomemos cuidado com o consumo de álcool. O
aspecto positivo desta definição é uma vez mais a sua praticidade. Ela não nos
obrigando a sermos ascetas… muito pelo contrário. Ela enfatiza qualidades como
equilíbrio, ordem, estabilidade. Nesta luz, o nosso foco na vida diária é atingir o
equilíbrio nas coisas que pensamos, as coisas que sentimos e nas coisas que fazemos. É
nada menos que o alinhamento harmonioso.
Coragem:
A definição do grego antigo é um pouco mais sutil do que esta que acabamos de
discutir. A definição grega diz simplesmente:
Mas, as pessoas que mais merecem ser julgadas de espírito forte são aquelas que sabem
exatamente o quais terrores e prazeres estão à frente, e não se afastam do perigo por
aquele conhecimento.
Aqui, a definição enfoca mais uma vez o princípio do equilíbrio. Desta vez, o equilíbrio
está associado à capacidade de acalmar a rápida sucessão de pensamentos que nos
alarma ou nos assusta. Isso é mais sugestivo de ser um chamado à ação calma mas
decisiva quando as circunstâncias o exigem – independentemente dos perigos presentes.
Nessas situações, eliminamos os aspectos emocionais de excesso de reação
normalmente associados a situações de perigo. Nós vemos o perigo pelo que ele
realmente é, e não por aquilo que nossa imaginação hiperativa dá impressão que seja.
Imagine ter ido a um médico especialista e ser submetido a uma série de exames.
Estamos aguardando os resultados na área de recepção do consultório do especialista.
Estamos preocupados que talvez os resultados sejam terminais. Pensamos que uma
rápida sucessão de pensamentos ligados à morte e o morrer. Como as pessoas reagem?
Que medidas deverão ser tomadas para o descarte de nosso corpo? Existe vida após a
morte? Se for o caso, como seria ela?
Justiça:
A quarta virtude cardeal é a justiça. A palavra latina é iustitia e a palavra grega é escrita
assim: dikaiosmnh. É pronunciado dikaiosuna.
Em nossa discussão das três virtudes cardeais anteriores, notamos que a definição grega
original se afasta significativamente do uso comum das palavras em inglês. A situação
não é diferente quando se trata da palavra justiça.
A definição grega antiga é: o estado que distribui a cada pessoa de acordo com o que é
merecido. A definição é simples, sem qualquer elaboração.
Sua importância para nós é aplicar o princípio de tal forma que damos uma resposta
adequada a nós mesmos, a cada pessoa que encontramos e a cada evento na vida em que
estamos envolvidos.
O ponto é que os deuses nunca negligenciaram qualquer pessoa que esteja disposta a se
dedicar a se tornar moral e praticar a virtude para assimilar-se a deus, tanto quanto seja
humanamente possível.
Após discutir cada uma das quatro Virtudes Cardeais, podemos entender que, enquanto
maçons, somos convocados a demonstrar equilíbrio em tudo de nossas vidas e em
nenhum lugar esta instrução tão claramente explicada quanto no Segundo Grau
…observar uma média devida entre a avareza e a profusão, manter a balança da
justiça com igual equilíbrio; fazer suas paixões e preconceitos coincidir com a linha
justa de sua conduta…
O objetivo por trás dessa afirmação é simples. O objetivo por trás disso ilustra a razão
por trás uma vida moral que Platão enfatizava de diferentes maneiras ao longo de A
República. É assimilação a deus, ou como nosso ritual poeticamente nos lembra, sempre
temos a eternidade em vista.
Mérito
Um dos temas mais duradouros que percorremos três graus da Maçonaria Simbólica e
até mesmo no ritual de instalação do próprio Venerável Mestre é o de atingir qualquer
das distinções que conseguimos na vida como um resultado de nossos próprios esforços,
habilidade e aplicação … em outras palavras – por nossos próprios méritos.
A República tem como a base de sua plataforma – uma crença permanente em que
ninguém – homem ou mulher – tem qualquer direito a nomeação, promoção ou avanço
dentro de sua sociedade, exceto como resultado de seus talentos, habilidades, indústria
exclusivos e, mais importante de tudo, seu caráter.
Esse mesmo princípio está impregnado em todo o nosso ritual, conforme demonstram
os exemplos a seguir.
Mérito
Cerimônia Ritual Maç. Simb. / Número da Escritos platônicos Diálogo / Paginação de
página Constituição Sul-Australiana 13ª Stephanus / Tradução
Edição, 2004
… elevado a eminência por mérito … Homens e mulheres que demonstraram o
mérito visível devem se qualificar para
A Cerimônia de instalação do Mestre-Eleito todas estas homenagens, sem distinção de
/ pág. 23 sexo.
A verdadeira questão é que o que ele (Platão) quer é uma aristocracia de talento.
As lições do primeiro e do segundo graus nos preparam para disciplinar nossas mentes
para manter a perspectiva da morte como uma influência moderadora sobre nosso
comportamento. Ela nos ajuda a conseguir uma perspectiva equilibrada sobre a vida,
enquanto que nos permite viver a vida com paixão animação e entusiasmo.
Phaeton/67e/Tredinnick
Apology/8b/Tredinnick
Apology/29a/Tredinnick
As Leis/717o/Saunders
As Leis/958d/Saunders
República/425b/ Waterfield.
Ao nunca propor ou absolutamente não Todo homem que é bom deve denunciar o
tolerando qualquer ato que possa ter uma conspirador às autoridades e levá-lo ao
tendência para subverter a paz e a boa tribunal sob a acusação de violência e
ordem da sociedade; dedicando a devida ilicitamente derrubar a Constituição As
obediência às leis de qualquer Estado que Leis/856o/Saunders
possa, durante algum tempo, se tornou o
lugar de sua residência ou estendeu-lhe sua
proteção …
Primeiro Grau / pg. 98
Se um dos princípios pelos quais vivemos nossas vidas é fazer das realizações de nossa
vida, um monumento eterno (mesmo na morte), então este foco nos dará um sentido de
equilíbrio que não só nos ajudará a navegar em nosso caminho por momentos de teste
na vida, mas também nos fornecerá uma boa base para uma partida confiante desta vida.
Republica/496d-e/ Waterfield.
A base da filosofia de Sócrates não era nada mais ou nada menos que uma verdadeira
compreensão de nós mesmos. Esse entendimento leva em consideração a amplitude da
nossa personalidade, incluindo nossos pontos fortes e talentos (mas não ignorando
nossos pontos fracos e áreas de autodesenvolvimento). Do ponto de vista grego antigo,
você e eu somos um reflexo do próprio grande cosmos; portanto, cada ação das nossas
vidas afeta o equilíbrio do cosmos – tanto o universo maior do qual os planetas, estrelas
e galáxias existem, mas bem no universo interior do nosso coração, mente e carne. O
autoconhecimento é o cabresto através do qual refreamos nossos apetites e restauramos
o foco e o equilíbrio. O autoconhecimento é o meio pelo qual contemos nossos defeitos
de caráter.
Autoconhecimento
Cerimônia Ritual Maç. Simb. / Número da Escritos platônicos Diálogo / Paginação de
página Constituição Sul-Australiana 13ª Stephanus / Tradução
Edição, 2004
Deixe os emblemas da mortalidade que se Estou refletindo, respondi, e descobrir que a
encontram diante de você levá-lo a temperança ou a sabedoria, se é uma espécie
contemplar seu destino inevitável e de conhecimento deve ser uma ciência e
orienta-lo em suas reflexões para aquele uma ciência de alguma coisa.
que é o mais interessante de todos os
estudos humanos, o estudo de si mesmo. Sim, ele disse, a ciência do próprio homem.
Charmides/1650/Jowett
Terceiro Grau / pg. 180
Porque eu diria que o autoconhecimento é a
própria essência da temperança, e nisso eu
concordo com quem dedicou a inscrição:
“Conhece a ti mesmo” em Delphi. Essa
inscrição, se não me engano, está lá como
uma espécie de saudação que o deus dirige
àqueles que entram no templo …
Charmides/165a/Jowett
Mas, em muitas situações da vida, nossas decisões não são tão fáceis como aquelas
entre extremos. Nossas decisões são mais difíceis – elas também são associadas a zonas
cinzentas de sombra e penumbra. Muitas vezes, não temos o luxo de fazer escolhas
entre o bem e o mal, mas entre o menor entre dois (ou mais males) ou a maior entre dois
ou mais bens. A capacidade de tomar essas decisões com confiança e bem, exige mais
que uma mera compreensão superficial da moralidade. Ela exige algo mais profundo –
uma compreensão da natureza humana.
Bem e Mal
Cerimônia Ritual Maç. Simb. / Número da Escritos platônicos Diálogo / Paginação de
página Constituição Sul-Australiana 13ª Stephanus / Tradução
Edição, 2004
Tendo definido para a nossa instrução, os Para realizar uma investigação rigorosa
limites do bem e do mal… sobre a natureza, tanto do bem quanto do
mal.
Terceiro Grau / pg. 191
Republica/368c/Waterfield
Republica/618c/Waterfield
Desde as primeiras histórias de Jasão e seus Argonautas, assim como Ulisses (e seus 10
anos de jornada para casa depois da Guerra de Tróia), uma das imagens mais
impressionantes que apelam à nossa mente é o da vida como uma viagem náutica. Quer
se trate de um timão de retidão ou uma quilha do caráter, a imagem é clara. É uma
imagem de foco ou talvez (mais apropriadamente), uma de manutenção de um rumo
preciso em nossas vidas.
Metais e Valores
A importância com a qual isso é tratado em nosso Ritual é incrível. Esta é a única
ocasião em que uma sanção real (e não simbólica), seria utilizada. Nosso Ritual nos
lembra que se o Candidato à Iniciação tiver metais ou objetos de valor em sua posse, ele
seria obrigado a ser retirado do recinto da loja e a cerimônia recomeçaria desde o início
somente depois desses metais e objetos de valor terem sido descartados enquanto durar
a cerimônia.
Metais e Valores
Cerimônia Ritual Maç. Simb. / Número da Escritos platônicos Diálogo / Paginação de
página Constituição Sul-Australiana 13ª Stephanus / Tradução
Edição, 2004
Você estava despido de tudo valioso antes Assim, diferentemente de alguns de nossos
de entrar na loja? concidadãos, não se lhes permite ter
qualquer contato com o ouro e a prata; eles
Primeiro Grau / pg. 89 não devem estar sob o mesmo teto que o
ouro ou a prata, ou usá-los sobre seus
Em segundo lugar, demonstrar aos irmãos corpos … Esses preceitos garantirão a sua
que você não tinha nem metais, nem própria integridade…
objetos de valor consigo, porque se você
tivesse a cerimônia de sua iniciação até República/418a/ Waterfield.
então deveria ser repetida.
Tendo sido educado assim, eles nunca
Primeiro Grau / pg. 90 devem olhar para ouro ou prata ou qualquer
outra coisa como sua propriedade particular.
Você foi despojado de todos os metais e
objetos de valor. Isto se referia ao fato de Timaeus/18/Lee
que na construção de Templo do Rei
Salomão, (pois é sobre as circunstâncias Nós não temos nenhum uso para ouro e
relacionadas com a construção daquela prata; é tabu para nós (isto é, reis-filósofos),
magnífica estrutura que a maioria de embora não seja para você.
nossas cerimônias são baseados), não se
ouviu nenhum som de martelo ou Republica/422d/ Waterfield.
implemento de ferro .. .
Agora, nossas observações, há pouco tempo
Primeiro Grau / pp. 92 – 93 atrás, não nos convenceram de que o ouro e
a prata, os deuses da riqueza não deviam ter
nem templo, nem casa em nosso Estado?
As Leis/801b/Saunders
Inovação
Inovação
Cerimônia Ritual Maç. Simb. / Número da Escritos platônicos Diálogo / Paginação de
página Constituição Sul-Australiana 13ª Stephanus / Tradução
Edição, 2004
Você admite que não está no poder de Eles devem estar em guarda contra
qualquer homem ou grupo de homens fazer inovações que transgridam nossos
a inovação no corpo da Maçonaria. regulamentos…
Submissão e obediência
Cerimônia Ritual Maç. Simb. / Número da Escritos platônicos Diálogo / Paginação de
página Constituição Sul-Australiana 13ª Stephanus / Tradução
Edição, 2004
Irmãos, tal é a natureza da nossa Agora entendo que os estados devem conter
Constituição que, como alguns têm algumas pessoas que governam e outras que
necessidade de governar e ensinar, outros são governadas?
devem, naturalmente, aprender a se
submeter e obedecer … As Leis/6890/Saunders
As Leis/6430/Saunders
Luz
Luz
Cerimônia Ritual Maç. Simb. / Número da Escritos platônicos Diálogo / Paginação de
página Constituição Sul-Australiana 13ª Stephanus / Tradução
Edição, 2004
VM. Tendo sido mantido por um tempo A reorientação de uma mente de uma
considerável em um estado de escuridão, espécie de crepúsculo para a verdadeira luz
qual é o desejo predominante em seu do dia – e esta orientação é uma ascensão da
coração? realidade, ou em outras palavras –
verdadeira filosofia.
Candidato A Luz
Republica/512c/Waterfield
VM. Irmão Segundo Diácono, ao meu
sinal, deixe aquela bênção ser restaurada
para o candidato.
Em ambos os trechos citados abaixo, fica evidente que a compreensão e saber o que
fazer nos ajudam a chegar só até certo ponto. Na verdade, ter a força da mente para
superar as barreiras mentais que às vezes se colocam em nosso próprio caminho é que
nos pode ajudar a atingir nossos objetivos.
Estas barreiras mentais são, na maioria das vezes, nossos preconceitos naturais que
Platão caracteriza como desejos e apetites.
As Leis/688b/Saunders
De acordo com Platão e nosso ritual, a finalidade de se levar uma vida moral, é tornar-se
equiparado a Deus.
Embora nunca possamos nos tornar semelhantes a Deus, podemos nos esforçar para
fazer o nosso melhor para nos aproximarmos da essência que é Deus.
Ambas as passagens abaixo estão relacionadas com uma coisa – os meios que
precisamos usar para apoiar-nos em nossas relações com Deus, assim como todas as
pessoas que encontramos em nossas vidas diárias.
Somos instruídos a guardar nossos pensamentos e palavras. Estes dois são o assunto a
partir dos quais nossos hábitos se desenvolvem.
República/395d/ Waterfield.
Nossa Conduta
A instrução que nos é dada é clara: quando estamos envolvidos em assuntos sérios,
precisamos adotar uma atitude séria.
Nossa Conduta
Cerimônia Ritual Maç. Simb. / Número da Escritos platônicos Diálogo / Paginação de
página Constituição Sul-Australiana 13ª Stephanus / Tradução
Edição, 2004
Como a solenidade de nossas cerimônias Mas, se temos a intenção de adquirir
exige uma postura séria, você deve estar virtude, mesmo em pequena escala, não
particularmente atento ao seu podemos ser sérios e também cômicos , e
comportamento em nossas reuniões. isto é a razão pela qual devemos aprender a
Segundo Grau/Pg. 143 reconhecer a palhaçada …
As Leis/816e/Saunders
Os Ensinamentos de Pitágoras
Os ensinamentos de Pitágoras foram o pano de fundo para a filosofia de Platão.
Sabemos disso por meio dos escritos de Platão, assim como dos escritos de Agostinho
de Hipona.
Nosso ritual deixa bem claro que ele está em dívida também com Pitágoras.
Os Ensinamentos de Pitágoras
Cerimônia Ritual Maç. Simb. / Número da Escritos platônicos Diálogo / Paginação de
página Constituição Sul-Australiana 13ª Stephanus / Tradução
Edição, 2004
O sistema de Pitágoras era baseado em um Isto é o que aconteceu com Pitágoras; ele
princípio semelhante. não só era tido em grande conta por seus
ensinamentos durante sua vida, mas seus
Primeiro Grau / pg. 102 sucessores mesmo hoje chamar seu modo
de vida de Pitagoreano e, de alguma forma,
parece, se destacar de outras pessoas.
República/600b/ Waterfield.
Nossas reuniões maçônicas seguem a prática adoptada por Sócrates e Platão, em que a
bênção de Deus deve ser buscada em tudo que fazemos na vida.
Os Céus
Não é uma prova da existência de um Ser Supremo, mas é algo que fala à nossas mentes
e corações sobre algo por trás do ato de criação.
Os Céus
Cerimônia Ritual Maç. Simb. / Número da Escritos platônicos Diálogo / Paginação de
página Constituição Sul-Australiana 13ª Stephanus / Tradução
Edição, 2004
Os céus Ele estendeu um teto, a terra que Ele acreditará que esse Artesão dos céus as
Ele plantou como escabelo aos seus pés. colocou e tudo o que neles há, da forma
Ele coroa Seu templo com estrelas assim mais bonita possível para tais coisas.
como como um diadema e as Suas mãos
ampliam seu poder e glória. República/530a/ Waterfield.
As Leis/903b/Saunders
Auto Disciplina
Uma das imagens que Platão usou em um diálogo chamado Fedro foi a de um cocheiro
dirigindo seus cavalos. Os cavalos pode querer ir em direções diferentes, mas o papel do
cocheiro é orientá-las em uma única direção.
O cocheiro é um símbolo de nossa mente racional e os cavalos são símbolos das nossas
paixões e desejos. Através da aplicação de um som, a mente bem-educada sobre nossos
desejos e apetites, nós os colocamos sob nosso controle.
Auto Disciplina
Cerimônia Ritual Maç. Simb. / Número da Escritos platônicos Diálogo / Paginação de
página Constituição Sul-Australiana 13ª Stephanus / Tradução
Edição, 2004
E para si mesmo, por tal prudente e bem Em vez disso, ele regula bem o que é
regulado curso de disciplina que possa realmente seu, regula a si mesmo, coloca-se
melhor conduzir à preservação de suas em ordem, torna-se seu próprio amigo e
faculdades corporais e mentais em sua harmoniza os três elementos …então e só
máxima energia. então ele deve voltar-se para a ação …
nessas áreas, ele considera e solicita apenas
Primeiro Grau / pg. 98 ação justa e fina que preserve a harmonia
interior e ajude a alcançá-la, e o
conhecimento e a sabedoria que fiscalizam
tal ação; e ele considera injusto e chama de
injusta tal ação que destrói esta harmonia.
Republica/443d-e/ Waterfield.
Fedro/238/Hamilton
Boa Gestão
Comum aos ensinamentos de Platão e aos da Maçonaria é o princípio de que o bom
governo / gestão / liderança é a expressão externa de uma mente bem ordenada.
É por essa razão que Platão coloca tanta ênfase na educação correta.
Boa Gestão
Cerimônia Ritual Maç. Simb. / Número da Escritos platônicos Diálogo / Paginação de
página Constituição Sul-Australiana 13ª Stephanus / Tradução
Edição, 2004
A honra, reputação e utilidade desta loja Portanto, a gestão e autoridade
dependerá substancialmente da habilidade e inevitavelmente serão tratadas mal por um
da assiduidade com que você gerencia suas espírito ruim, enquanto que uma boa mente
preocupações … fará bem todas essas coisas.
República/353d/ Waterfield.
A Cerimônia de instalação do Mestre-Eleito
/ pág. 37
O Centro e o Círculo
Sobre o pavimento mosaico de qualquer loja que pratique o Ritual Emulação (ou uma
variante dele) está um dispositivo ou representação de um “ponto dentro de um círculo”.
Um volume da Lei Sagrada repousa sobre um travesseiro, que é suportado por este
dispositivo e o conjunto é uma representação simbólica de Deus.
É por este motivo que Deus criou o mundo como uma esfera (… sim… acreditava-se
nisso e foi provado cientificamente pelos antigos gregos, séculos antes de Colombo).
Como toda a criação é uma expressão externa de Deus, Platão via a esfera circular como
um símbolo, vital e pulsante do Ser Supremo.
O Centro e o Círculo
Cerimônia Ritual Maç. Simb. / Número da Escritos platônicos Diálogo / Paginação de
página Constituição Sul-Australiana 13ª Stephanus / Tradução
Edição, 2004
VM. O que é um centro? Por isso, Ele a transformou em uma forma
arredondada esférica, com os extremos
SV. Um ponto dentro de um círculo a equidistantes em todas as direções a partir
partir do qual cada parte do círculo é do centro.
equidistante.
Timaeus/33/Lee
Terceiro Grau / Pág. 162
… e “círculo”, a definição seria “a coisa
cujas extremidades, em todas as direções
são equidistantes de seu centro”.
A Sétimo Letra/342/Hamilton
Timaeus/62/Lee
As Leis/803c/Saunders
A Responsabilidade da Alma
A Responsabilidade da Alma
Cerimônia Ritual Maç. Simb. / Número da Escritos platônicos Diálogo / Paginação de
página Constituição Sul-Australiana 13ª Stephanus / Tradução
Edição, 2004
…e harmonizar nossa conduta nesta vida, O nosso verdadeiro eu – nossa alma imortal,
para nos tornar aceitáveis àquele Ser como é chamada – se afasta, como a lei
Divino, de quem toda fluem toda a ancestral declara, para os deuses para
bondade e a quem devemos prestar contas prestar conta de si mesma.
de nossas vidas.
As Leis/959b/Saunders
Segundo Grau/Pg. 139
VM. Estou feliz em descobrir que sua fé é Nunca devemos escolher como Guardião
tão bem fundamentada. das Leis qualquer um que… não tenha
trabalhado duro na teologia, ou permitir que
Primeiro Grau / pg. 74 a ele sejam concedidas distinções por
virtude.
As Leis/967d/Saunders
A Importância da Iniciação
Uma das marcas da iniciação, comum tanto aos escritos platônicos quanto ao Ritual
maçônico é uma valorização maior da beleza. A beleza é o reflexo e imagem de Deus
em toda a criação e em todos os eventos de nossas vidas.
A Importância da Iniciação
Cerimônia Ritual Maç. Simb. / Número da Escritos platônicos Diálogo / Paginação de
página Constituição Sul-Australiana 13ª Stephanus / Tradução
Edição, 2004
Concede Tua ajuda Pai Todo-Poderoso e Agora o homem que não teve sua iniciação
Supremo Governador do Universo conceda recentemente, ou que tenha sido corrompido
este candidato à Maçonaria que ele possa não faz rapidamente a transição da beleza na
assim dedicar e dedicar sua vida ao Teu terra para a beleza absoluta …
serviço, e se tornar um irmão verdadeiro e
fiel entre nós. Reveste-o com tal Fedro/250/Hamilton
competência da Tua Divina Sabedoria que
assistida pelos Segredos de nossa Arte Mas, o recém-iniciado que teve uma visão
Maçônica, ele possa desdobrar melhor as celestial completa, quando contempla um
belezas da verdadeira Divindade, para rosto com face de deus ou uma forma física
honra e glória do Teu Santo Nome. que verdadeiramente reflete a beleza ideal,
antes de tudo ele treme e experimenta algo
do temor que a visão em si inspirou …
Cerimônia de iniciação, pp. 73-74
Fedro/250/Hamilton
Capítulo 11: Mitologia e História Grega – Sua relação com o Ritual maçônico
Entendendo que o filohelenismo era uma constante ao longo do século XIX na Europa
e, especificamente, (a partir de nossa perspectiva) – na Inglaterra, seria estranho se a
história e mitologia grega não tivessem sido tecidas em nosso Ritual.
O que vamos fazer agora é investigar brevemente alguns amplos temas temas históricos
e mitológicos gregos que são facilmente aparentes no Ritual Emulação.
A importância do número 9:
O número 9 tem seu próprio significado peculiar que está diretamente ligado à
mitologia grega. Antes de avançar mais, vamos parar para relembrar o contexto em que
o número 9 aparece no ritual maçônico.
Esse número tem significado apenas para o cargo de Grão-Mestre. Quando saudamos o
Grão-Mestre, nós o fazemos com um sinal conhecido como Grandes Honras e o
fazemos por 9 vezes. No colar do Grão-Mestre, aparecem 9 links. A questão é: como
explicar isso?
A primeira coisa que podemos notar é o significado especial que tem o número 9 na
mitologia grega. O número 9 aparece com tanta regularidade que não podemos descartar
isso somente como uma coincidência. Aqui estão alguns exemplos:
Na mitologia grega, o cosmos (o universo) é medido em altura e profundidade
por uma explicação muito interessante: se fôssemos jogar uma bigorna para fora
no espaço habitado pelos deuses antigos, seriam necessários nove dias para
chegar à Terra.
Esta mesma bigorna levaria dias outros 9 dias para cair da terra até a casa de
Hades – senhor do Submundo.
Por nove dias e nove noites, Leto experimentou a gama de dores do parto (tendo
ficado grávida ao deus Zeus).
Quando Mnemósine subsequentemente deu à luz, sua prole foram as 9 Musas.
Com o tempo, estas 9 Musas se juntaram em uma competição contra 9 “irmãs
estúpidas” que elas venceram.
Os Mistérios de Deméter exigiam que as mulheres se abstivessem de relações
sexuais com seus maridos durante 9 noites.
Smyrna – (tendo sido descoberto que enganava seu pai e tendo tido relações
sexuais com ele), vagou em exílio durante 9 meses.
A criatura mítica conhecida como a Hidra tinha nove cabeças.
No pressuposto de que a cultura grega antiga está no cerne dos rituais maçônicos
modernos, é possível que o motivo para o número 9 ter um significado especial para o
cargo de Grão-Mestre, pode estar no fato de que, como o Grão-Mestre se senta na
Cadeira do Rei Salomão (que era muito conhecido pela sua sabedoria) recorda uma
alusão ao deus grego Zeus (que é o Pai da Sabedoria).
Mas, para Calliope a mais velha das Musas e sua próxima irmã Urania eles se referem
àqueles que passam a vida em filosofia e honram o exercício do que deve a sua
inspiração a essas deusas; entre as Musas são aqueles que se ocupam dos céus e toda a
história da existência divina e humana, e seu tema é o melhor de todos eles.
Platão, Fedro/259/Hamilton
Segundo o mito, Zeus deu à luz Atena (a deusa da Sabedoria) através de sua cabeça.
Tendo dado à luz a ela dessa maneira muito incomum, ele se tornou o Pai da Sabedoria.
No entanto – há mais uma reviravolta na história.
Suas nove filhas naturais são as Musas. Essas musas controlam as Artes, através das
quais a humanidade dá expressão eloquente à sua história, poesia, dança e drama. Em
essência, as Musas englobam todos os estilos de expressão artística que nos dão
habilidades de persuasão eloquente.
As 9 Musas são:
Urânia que rege a expressão de estudos astronômicos De sua própria maneira, podemos
sugerir que a razão pela qual o Grande Mestre é homenageado 9 vezes, é simbólica em
sinal de que em sua pessoa é levada a expressão das artes da persuasão eloquente.
Desde a noite de minha iniciação, eu sempre fiquei intrigado com as características que
cada um dos três principais dignitários representa. O Venerável Mestre, como chefe da
Loja senta na cadeira do Rei Salomão e representa a Sabedoria. Mas, como podemos
explicar as características da força (Primeiro Vigilante) e beleza (Segundo Vigilante)?
Supondo que eu estava certo e os autores do Ritual de Emulação tomaram como base a
história grega, a mitologia grega e os escritos de Platão, a resposta teve que estar bem à
minha frente para que eu visse (uma vez eu tinha conseguido trabalha-la).
As três principais cidades do mundo grego eram Atenas, Esparta e Corinto. Sabemos
que Atenas sempre foi o símbolo da sabedoria. Atenas é até mesmo o nome da deusa da
sabedoria – Atena. Esparta tinha reputação por sua força, seu poder, a sua disciplina.
Devido a esses fatores que destacam a sua característica de força, ela conseguiu o
sucesso sobre Atenas na Guerra do Peloponeso. Por último, temos Corinto. No mundo
grego, Corinto era conhecida por duas coisas – luxo e beleza. Suas exportações mais
importantes eram seus perfumes e vasos. Da mesma forma que Esparta lutou contra
Atenas utilizando forças terrestres, no momento mesmo, Corinto era inimigo de Atenas
sobre os mares. Nestas circunstâncias, temos um triângulo composto pelas principais
cidades da Grécia antiga -, Atenas, Esparta e Corinto.
Diz-se que os Corintos foram os primeiros a alterar o design dos navios … e de ter
construído as primeiras trirremes na Grécia … e Corinto … os Corinthos com a sua
cidade situada no istmo, estavam sempre envolvidos no comércio desde os primeiros
tempos … … Corinto era poderosa através de afluência, como os antigos poetas
confirmam ao chama-la “rica”.
Estabilidade na região era uma questão de reunir esses três poderes. De muitas formas,
isso é uma alusão à composição grega do ser humano individual – um ideal que era
composto por uma pessoa de sabedoria, assim como uma pessoa que mostrava não só a
força física, mas também mental.
E é sobre estas bases que uma pessoa culta tem o luxo de desenvolver as artes e de
apreciar não apenas a beleza física, mas a beleza que acompanha as belas artes, a poesia,
o teatro e a prosa. E é sobre estas bases que cultura civilizada humana social pode
desenvolver e florescer.
Se esses indícios não foram suficientes, havia uma parte ainda mais poderosa das provas
que sustenta a teoria.
Compreendendo isso, é simplesmente óbvio que deveríamos usar a Coluna Jônica para
representar a Sabedoria (Atenas), a Coluna Dórica para representar a Força (Sparta) e a
Coluna Coríntia para representar Beleza (Corinto).
O Uso do Malhete
Nos protocolos para direção de uma pousada, um Venerável Mestre tem ao seu lado um
malhete. Este malhete é o símbolo da sua autoridade para governar a sua loja. Ele
mantém o controle desse malhete em todos os momentos, exceto quando um oficial
Instalador (de grau superior) comparece à sua loja e precisa sentar-se na cadeira do
Venerável Mestre para conduzir um aspecto da Cerimônia.
O Símbolo da Romã
Nas culturas onde a romã é cultivada, o fruto é usado frequentemente como um símbolo
de abundância, exuberância e riqueza. Nosso ritual (quando se refere ao fruto) usa o
mesmo simbolismo. Havia fileiras de romãzeiras que adornavam os capitéis dos pilares
existentes ao longo do Templo de Salomão.
Peisenor, o arauto, past-master por experiência de conduta pública coloca nas mãos
dele (Telêmaco) o malhete que lhe dava o direito de falar.
Conforme notamos, os autores do Ritual de Emulação era bem versado nas escrituras
sagradas e na literatura grega e era perfeitamente capaz de mesclar as duas. No caso em
destaque, onde a romã aparece na mitologia grega, ela não aparece como um símbolo de
abundância.
Ela aparece como um símbolo de morte, quase da mesma maneira que a “maçã” (ou
mais exatamente – o fruto proibido) que Eva deu a Adão trouxe para a humanidade – a
mortalidade. No mito grego, o sentimento é idêntico apenas com um pequeno toque de
inversão de papéis.
Quando Deméter (Deusa do Grão e da Fertilidade), mãe de Perséfone entendeu que sua
filha tinha sido raptada por Hades, que era o Senhor do Submundo, ela ficou tão triste
que como resultado o mundo entrou em fome devido à sua intensa angústia. Nenhuma
plantações crescia e a humanidade começou a passar fome. Ela pediu a Zeus para
organizar a libertação de sua filha do Submundo. Então ela (como Orfeu) desceu ao
Submundo e encontrou sua filha, que ficou tomada de felicidade ao ver a mãe. Deméter
disse a Perséfone que Zeus tinha concordado em libertá-la do Submundo, sob a
condição de que ela não tivesse comido coisa alguma. Perséfone vacilou, mas acabou
dizendo a ela que tinha. Perséfone explicou que Hades a tinha presenteou com uma
romã quando quando ele a tinha levado pela primeira vez até o Submundo. Quando ela
resistiu, ele pediu a ela que provasse só um pouco da fruta. Contra sua melhor
inclinação, ela o fez. Deméter chorou. Ter comido a romã, Perséfone tinha comido do
fruto do Submundo e, portanto, já não podia retomar a sua vida anterior ao seu
seqüestro.
Estes “cajados” têm um pedigree muito antigo – de fato sua genealogia vem desde os
cultos dos mistérios da Grécia antiga. Um dos cultos de mistério mais importante era
conhecido como os mistérios de Elêusis. Esses mistérios parecem ter tido alguma
relação com o mito de Deméter e Perséfone. Uma das coisas que unem os dois é que
Elêusis era entendido como sendo o lugar onde Demeter se sentou e chorou diante do
seqüestro de sua filha por Hades.
O que sabemos é que neste culto de mistério, havia oficiais que carregavam consigo um
cajado ritual que atendia pelo nome de um thyrsos. Este thyrsos é mais comumente
associado ao deus Hermes.
Esta é uma indicação muito reveladora de que estamos no caminho certo. Mercúrio era
o nome dado ao deus romano cujo homólogo grego era conhecido como Hermes.
A serpente era uma criatura importante na mitologia grega, por uma razão muito
importante. Os cidadãos de duas cidades gregas – Atenas e Tebas – acreditavam que
elas eram autóctones. Esta não é uma palavra que encontramos facilmente. Ela significa
que eles acreditaram que nasciam diretamente do solo. O símbolo que eles usaram para
mostrar que nasciam do solo era a serpente – uma criatura que tem uma relação muito
estreita com o solo. Além disso, em mitologia, dizia-se que o primeiro rei de Atenas
tinha a forma de um homem da cabeça à cintura e de uma cobra da cintura para baixo.
A ligação entre Atenas (cidade da Sabedoria) e uma serpente (símbolo de Atenas) é
traduzido em nosso meio maçônico, quando consideramos que nosso objectivo nos
tornarmos reis-filósofos, produtos da Atenas mítica.
Que melhor símbolo para nós que amarrar o avental sobre a nossa cintura do que a
figura da serpente?
Jerusalém e Delfos
Delfos é uma cidade situada cerca de 15 quilômetros de Atenas. Na cidade havia uma
pedra conhecida como a omphalos (ou pedra-umbigo) que marcava o centro da terra. O
mito por trás disso era explicado de maneira muito simples. Zeus tinha enviado duas
aves de extremos opostos da terra e do local onde os pássaros cruzaram foi marcado
pelo omphalos. Era ali, no Templo de Delfos que os deuses se comunicavam com os
gregos. Assim, nas culturas tanto de gregos quanto de hebreus, sua cidade sagrada
marcava não apenas o centro do mundo, mas o local onde o divino e a humanidade se
comunicavam.
Uma das características da vida social grega era um encontro ao qual compareciam
somente os homens. Em seu nível mais básico, que era um banquete onde o vinho era
bebido, comida era servida, músicas (em forma de um tocador de lira ou cantor) seriam
apresentadas, histórias contadas e onde a filosofia e negócios atuais eram discutidos. A
reunião tinha um protocolo próprio e era conhecida como symposion. Nós a chamamos
pelo seu equivalente latino, symposium. Em um nível básico compartilha muitas
semelhanças com o banquete que ocorre após uma reunião formal da loja. É uma
oportunidade para se sentar com os outros membros da loja, comer e beber juntos,
dividir a mesa, conversar e desfrutar da companhia de homens de espírito semelhante.
Ela também tinha um protocolo próprio e é conhecida pelo termo de Câmara Festiva.
O Grau do Santo Real Arco de Jerusalém é uma extensão do Terceiro Grau, da mesma
forma que o grau de Mestre Maçom de Marca é uma extensão do Segundo Grau. No sul
da Austrália e Território do Norte, os Três Primeiros Graus de Aprendiz, Companheiro
e Mestre Maçom, juntamente com o Mestre Maçom de Marca e Graus do Real Arco são
o único conjunto de graus reconhecidos pela sua Constituição.
Sobre sólidos platônico … … e quando reduzidos à sua quantidade em ângulos retos,
será encontrado igual a cinco corpos regulares platônicos, que representam os quatro
elementos e a esfera do universo.
Odes
O termo que usamos para qualquer canção dentro de um contexto maçônico é uma Ode
A primeira ode foi composta pelos antigos gregos com o representante mais importante
dessa classe sendo o poeta Píndaro (c. 522-443 a.C.).
Nas evidências mais antigas que temos do início da Maçonaria, não temos qualquer
referência nas tradições orais aos dois pilares na entrada do Templo do Rei Salomão. Há
uma boa razão para isso. Os primeiros documentos que temos sobre ritual estruturado
são sobre o Patriarca bíblico, Noé – e não o Rei Salomão. O ritual baseado no Rei
Salomão é uma variante muito mais tardia. No entanto, em lugar dos dois pilares do rei
Salomão, os antigos rituais se referem a outros dois pilares. Estes pilares não aparecem
na Bíblia, mas nos escritos de um sacerdote judeu que nasceu logo após a crucificação
de Jesus, o Nazareno. O nome do padre era Josefo e ele escreveu sobre eles em um
comentário que escreveu sobre as histórias do Velho Testamento e relacionados com os
judeus de língua grega, que viviam na Palestina no primeiro século da era cristã.
Os pilares a que ele se refere destinavam-se a abrigar todo o conhecimento da
humanidade no caso de uma catástrofe natural causada exclusivamente por dois
elementos – fogo e água.
O conhecimento de que estava inscrito nestes pilares era efetivamente as artes liberais e
as ciências. Aqui estava a preocupação – da mesma forma que estamos sendo
disciplinados para fazer discos de backup do nosso trabalho no temor de que um vírus
ou worm possa destruir as imagens, documentos, planilhas e outros assuntos de
interesse pessoal para nós, os antigos temiam catástrofes naturais que tinham
historicamente eliminoado não só o conhecimento em si, mas civilizações inteiras.
Isso é algo que revisitaremos no Postscriptumg a este livro. O “disco de backup” que
eles concebera, eram os dois pilares. Um deles foi construído de material que resistia ao
fogo, enquanto o outro foi construído de material concebido para resistir a água, mais
especificamente, inundações. A memória cultural do Grande Dilúvio é algo que não
aparece apenas nos escritos hebraicos, mas em Babilônios e de maior importância para
nós – antigos escritos gregos.
Em Timeu, Platão relata uma história relacionada com a destruição do conhecimento por
dois elementos naturais. Estes são idênticos àqueles citados por Josefo e que aparecem
nos primeiros documentos relativos à Maçonaria – o fogo e a água. A história continua
para relatar como os gregos não registraram seus conhecimentos para preservá-lo para
as gerações futuras, mas foram os antigos egípcios que preservaram esse conhecimento
em caracteres hieroglíficos sobre as paredes de seus templo.
No ritual de emulação, temos uma alusão muito artística a esta história de Timeu e à
narrativa de Josefo dos dois pilares. Aqui, os autores adaptaram a essas duas correntes
lietrárias com a história bíblica de construção pelo Rei Salomão do Templo para aludir à
presença destes dois pilares abrignando os “rols constitucionais” da Maçonaria – uma
outra maneira de dizer que estão protegendo as leis e regulamentos da Maçonaria da
destruição pelas forças físicas.
Embora proibição contra a leitura ritual durante reuniões de loja não apareçam na
Constituição ou nos Regulamentos da Grande Loja do Sul da Austrália e Território do
Norte, essa proibição já existia desde os primeiros dias por uma convenção que aparece
no manual de nossa Loja, que é um guia sobre como ritual deve ser conduzido.
Você é o pai da escrita (… o deus egípcio Thoth), por afeição à sua prole atribuiu a ela
bem o oposto de sua real função. Aqueles que a adquirirem vão parar de exercitar suas
memórias e se tornarão esquecidos; eles confiarão na escrita para trazer coisas à sua
lembrança por sinais externos, em vez de seus próprios recursos internos … E quanto à
sabedoria, seus alunos terão a reputação por ela sem a realidade … porque eles estão
cheios com o conceito de sabedoria em vez da verdadeira sabedoria; eles serão um
fardo para a sociedade.
Então talvez fosse melhor contar o esquecimento como um fator que impede a mente de
ser bastante boa em filosofia. Deveríamos tornar a boa memória um prérrequisito.
No terceiro grau do belíssimo Ritual Schroeder – um ritual alemão praticado pela Loja
Concordia (sob a jurisdição da Grande Loja do Sul da Austrália e Território do Norte), o
Candidato é proibido de olhar para trás quando é conduzido pela loja antes de assumir
sua Obrigação do Terceiro Grau. Esta proibição de olhar para trás parece sem sentido,
sem uma explicação de sua possível base mítica.
A primeira aparece no mito de Orfeu e Eurídice. Orfeu era muito apaixonado por
Eurídice. Quando tinha levantado a saia e corria descalça por um campo, ela foi
mordida por uma serpente e morreu tragicamente. Orfeu foi tomado por tanto remorso,
que descu ao submundo pedir Hades que a ressuscitasse. Orfeu (como Deméter antes
dele) tinha feito esta viagem ao Submundo para pleitear o retorno à vida de um ente
querido. Hades ficou tão dominado pela dor de Orfeu que ele permitiu que Eurídice
voltasse com uma condição:
Orfeu devia conduzi-la de volta à vida, mas durante a viagem para cima através do
Submundo, não lhe foi permitido olhar para trás.
Tudo estava indo bem até que ele estava quase ao nível da nossa existência terrena. Ele
se voltou e olhou para trás para ter certeza de que Eurídice o estava seguindo. No
momento em que ele fez isso, Eurídice foi conduzida de volta por espíritos ao
Submundo, para nunca mais voltar para Orfeu.
Na mitologia grega, há também o mito das três Parcas. Estas três Parcas eram as deusas
que determinavam os nossos destinos individuais. Seus nomes eram Cloto, Lacheis e
Átropos. Clotho fiava fio de nossas vidas, Lacheis media seu comprimento e Átropos
era a deusa cuja tarefa era cortar o fio de nossas vidas. A coisa intrigante sobre Atropos
é que seu nome significa não voltar atrás.
Em A República (617c-17e), Platão refere-se às Três Parcas in seu próprio mito. Aqui,
as Parcas acompanhar as Sereias cantando. Lacheis canta o Passado, Cloto canta o
Presente e Atropos canta o Futuro. (Dickens fez bom uso ao adaptar esse mito ao seu
conto Uma História de Natal).
Mas, no mito padrão, a única constante é a referência à vida e à morte; por isso, é
apropriado incluir esta no ritual do Terceiro Grau, quando somos confrontados com a
certeza de que seremos incapazes de escapar da morte.
Em algum momento definido no tempo, Átropos cortará o fio de sua vida, assim como
da minha.
Fui muito bem definido em minha escolha de deixar este capítulo como um pós escrito.
Meu motivo é simples. Sem ter esgotado as discussões anteriores, que precederam este
capítulo, receio que seria muito fácil simplesmente verificar o título do capítulo e
rejeitar seu conteúdo como um disparate com muito pouco esforço. No entanto, a seu
próprio modo, minha intenção é que este capítulo realmente junte os fios do argumento
que defendi e desenvolvi nos capítulos anteriores, em uma conclusão adequada.
Sim! Para aqueles que podem não saber, Platão foi a primeira pessoa a escrever uma
descrição detalhada desta ilha-continente lendária. Estudiosos ao longo dos séculos têm
argumentado (às vezes de forma convincente e em outras menos convincente) a favor e
contra a existência da ilha-continente perdida de Atlântida. Na verdade, ele escreveu
dois diálogos que tratam da Atlântida.
O primeiro deles é conhecido como Timeu. Se você olhar atentamente para o quadro A
Escola de Atenas, de Rafael verá que Platão está carregando em suas mãos uma cópia
de Timeu. O segundo trabalho é realmente só um diálogo fragmentado de menos de 20
páginas que é conhecido como Critias.
A interpretação moderna de uma velha história…
“Por exemplo, eu tenho um pressentimento forte sobre este lugar. Algumas vezes, talvez
centenas de anos a partir de agora, os homens de longe desembarcarão aqui – de
navios de metal – para serem cortados, como talos de grama por uma foice. Mas eu
não posso dizer quando exatamente. Eu nem mesmo sei o nome dos estreitos por onde
estamos navegando agora”.
Jasão deu de ombros. “Eu posso dizer-lhe que … Nós estamos no Dardanelos. Ali
existe um lugar que eles chamam de Galipoli. Mas Orfeu, fala sério – os navios de aço
– você não está brincando?
Vamos agora abordar duas questões que ficam frequentemente intocados em qualquer
discussão da Atlântida. O primeiro ponto é que sempre que Platão discute sua utópica
civilização da Atlântida, seu objetivo é sutilmente trabalhar no desenvolvimento de seu
conceito do filósofo-rei. No contexto destes dois diálogos apenas, a história da Atlântida
não tem sentido sem vincula-la à sua própria criação do rei-filósofo. Ele nos apresentou
ao rei-filósofo em A República e em Sétima e Oitava Cartas, finalmente repensando a
sua aplicação original do conceito em As Leis.
A meu ver, em ambos, Timeu e Critias, Platão estava usando suas habilidades criativas
como dramaturgo, aproveitando ao máximo as pitorescas Histórias que Heródoto tinha
escrito alguns anos antes e depois apresentou uma história que falava com entusiasmo
motivador a uma audiência ateniense que estava sofrendo de uma derrota esmagadora
nas mãos de Esparta. Este era o ambiente cultural no qual Platão teceu sua história da
Atlântida.
Outro ponto que vale a pena ressaltar neste momento é que Platão inventou três
civilizações utópicas das quais Atlântida é apenas uma delas. Em A República, (onde
pela primeira vez, discutiu o conceito do filósofo-governantes), esses filósofos-
governantes eram um componente fundamental de um experimento mental que ele nos
convidou para dividir com ele – um experimento mental funcioonando em uma cidade a
que ele deu o nome de Kallipolis – uma palavra grega que significa cidade bela e
nobre). Como um aparte, (aos leitores da Austrália e Nova Zelândia, em particular) o
nome Kallipolis deve ter um significado especial. Kallipolis era o nome dado a uma
cidade situada no Dardanelos, que foi palco de um assalto a cabeça de praia pelo corpo
de exército de ambas as nações, na manhã de 25 de abril de 1915. Como o nome era
difícil de pronunciar foi reduzido para Gallipoli.
Em seu maior trabalho (inacabado) – As Leis, Platão descreveu ainda outra cidade
utópica que ele chamou de Magnésia. Estas cidades platônicas representaram estágios
no desenvolvimento de seu próprio pensamento ao longo de sua vida. Sempre que nos
referimos a uma cidade como “utópica”, estamos geralmente nos referindo a ela como
uma cidade “ideal” (e mais comumente a partir de uma perspectiva sociológica ou
política). A palavra utopia é uma palavra grega que significa “lugar nenhum”. Aliás,
Samuel Butler, em sua obra de 1871, Erewhon, fez uma brincadeira com a palavra
utopia em seu significado em Inglês em seu título. (Erewhon é a palavra “nowhere” –
nenhum lugar -, soletrada ao contrário)! Feitas estas observações preparatórias, vamos
começar a trabalhar nosso caminho através da discussão filosófica ligando a Maçonaria
moderna a uma ilha-continente que existiu (segundo Platão), cerca de 9.000 anos antes
de seu tempo e que era chamada Atlântida.
A guerra entre Atenas e a Atlântida: Sua relação com a guerra entre Atenas e
Esparta
O ponto decisivo para a derrota da Pérsia em sua segunda tentativa de invasão foi a
batalha naval ao largo da costa de Salamina. Heródoto registra que as forças de Xerxes
na Segunda Invasão persa atingiu uma massa crítica de 5.283.220 – uma força de
invasão como o mundo nunca tinha visto antes. Diante desses números, nunca se
esperou que Atenas tivesse qualquer esperança de derrotar os persas. Gerenciando uma
aliança frouxa entre cidades-estados gregas, isso não era fácil. Muitos realmente
desertaram para o lado persa acreditando que a coalizão liderada por Atenas só
terminaria em desastre. Essas defecções alteraram não só as alianças militares mas
também as alianças comerciais necessárias para Atenas para marcar uma vitória
decisiva. O fato de que Atenas alcançou realmente a vitória diante de todas essas
chances só aumentou seu auto-orgulho e inchou sua confiança na capacidade de
expandir seus próprios interesses coloniais. O próximo passo de Atenas foi mandar
tropas para restaurar a liberdade de outras cidades jônicas localizada na Turquia
moderna que estavam sujeitas à tirania persa. Atenas, assim como aquelas cidades
jônicas compartilhavam, todas, as mesmas origens étnicas e culturais – algo que já
discutimos anteriormente.
De 460-429 a.C., o estadista Péricles (ca. 495-429 a.C.) conduziu Atenas enquanto
embarcava em uma série de programas de obras ambiciosos (incluindo a construção do
Partenon na Acrópole). Péricles era um líder astuto. Estas obras de construção
revitalizaram a economia de Atenas, melhoraram sua taxa de emprego e fortaleceram a
confiança da comunidade ateniense na sua base de poder, bem como em seus planos de
expansão. Em muitos aspectos, este período vibra com o mesmo ânimo econômico e
político confiante desfrutado pelos EUA após a Segunda Guerra Mundial (1939-45). A
outra “super-potência” que tinha ajudado Atenas em suas campanhas contra a Pérsia
tinha sido Esparta. Após a derrota da Pérsia, Esparta observou com crescente alarme os
indícios de campanhas imperialistas agressivas e intrusivas de Atenas. Uma “guerra
fria” entre os dois se desenvolveu em um paralelo com a época que se seguiu à Segunda
Guerra Mundial até que a República Soviética foi dissolvida em 1991. As tensões entre
Atenas e Esparta continuaram a crescer até que as duas potências chegaram a um acordo
em 446 a.C., com a assinatura de um tratado que ficou conhecido como Paz dos Trinta
Anos. No entanto, o tratado de paz não durou mais de 15 anos – terminando
abruptamente em 431 a.C., com hostilidades em escala total irrompendo entre Atenas e
Esparta.
Até o final do segundo ano da guerra, em 430 a.C., um terrível surto de peste irrompeu
em todo Atenas. A principal razão para isto foi atribuída a um inchaço da população de
Atenas, devido às incursões de Esparta nas regiões rurais circundantes. Tucídides, um
general ateniense que tomara parte na luta contra os espartanos, registrou seus eventos
em uma obra conhecida como A História da Guerra do Peloponeso. Além da praga, a
cidade também entrou em extremos da anarquia e desordens. Péricles, contaminado pela
peste, reuniu o pouco de sua força se restava, para fazer um discurso animador aos
atenienses, instando-os a mostrar coragem diante destas calamidades.
Em 421 a.C., um segundo tratado de paz (conhecido como a Paz de Nícias) foi assinado
entre Esparta e Atenas. Mais uma vez, esta paz foi de curta duração. Novos conflitos
entre as cidades-estado da Grécia continental que tinham se aliado ao lado dos
atenienses ou dos espartanos, levaram a questão a um final conclusivo, com a derrota de
Atenas por Esparta em 404 a.C. Atenas – o que por um breve meio século antes, era
uma super-potência de proporções quase míticas estava agora quebrada, humilhada (na
arena da política e relações internacionais), um poder de influência insignificante.
O ponto que vou sublinhar é o seguinte: na criação de seu mito da Atlântida, Platão
conscientemente tomou um episódio relatado por Heródoto em suas histórias e o bordou
para servir como pano de fundo para o seu princípio dos reis-filósofos.
Por razões de clareza, vou listar cinco itens que resumem a história da vitória grega
sobre os persas que Heródoto relatou em suas Histórias:
1. A super potência maior e mais agressiva do mundo (Pérsia) tenta invadir todo o
continente grego.
2. Atenas – uma pequena cidade-estado lidera uma coalizão militar com outras
cidades-estado da Grécia, em uma luta de morte contra as forças persas.
3. Uma série de cidades-estados gregas que fazem parte da coalizão militar deserta
para ajudar os persas. Ao fazer isso, elas traem Atenas.
4. Contra todas as possibilidades imagináveis – a coalizão militar grega (sob a
liderança de Atenas “) repele e derrota os persas.
5. Atenas restaura a liberdade para as cidades gregas ao longo da costa turca, que
estavam sujeitas ao controle da Pérsia.
Estes foram os acontecimentos que ocorreram nos primeiros anos do século V a.C. na
região.
Estes foram os acontecimentos que ajudaram a formar a visão ateniense que, como
descendentes dos jônios originais, eram (efetivamente) donos do mundo. Estes foram os
acontecimentos que ajudaram os atenienses a acreditar que eram muito superiores aos
espartanos – descendentes dos colonos originais Dóricos e seus aliados – o Corintos que
buscavam o luxo. Estes foram os acontecimentos que tornaram tão humilhante a derrota
dos Atenienses para os espartanos e Corintos ao final da Guerra do Peloponeso.
Seus ouvidos e sensibilidades eram rápidos para pegar os pontos que destacamos.
Precisamos também lembrar que eles eram um povo orgulhoso, que tinha derrotado a
Pérsia e, em seguida, viram-se subjudagos por Esparta. Desmotivados e humilhados,
quando ouviram a história da Atlântida, eles se lembraram o que tinham realizado
apenas duas ou três gerações antes, contra a Pérsia. Quando ouviam a história de
Atlântida, era algo que agradava seus corações, mentes e sentidos. Quando ouviam a
história de Atlântida, ela falava de uma esperança para o futuro. Quando ouviam a
história de Atlântida, eles eram inspiradas por sua narrativa. Quando eles liam a história
de Atlântida, estavam muito próximos dos acontecimentos de seu próprio tempo para
entender o conto a não ser como fábula baseada na história das Guerras Persas – as
mesmas histórias que Heródoto havia apresentado nos teatros e praças de mercado de
Atenas.
Tendo definido o cenário intelectual, Platão agora embelezou o conto com uma
dimensão emocional para sua aceitação de seu conceito do rei-filósofo.
A Influência de Heródoto:
Nas páginas iniciais do romance Criação de Gore Vidal, Heródoto está apresentando
uma história das Guerras Persas para uma audiência no Odeon em Atenas. O que Vidal
captura aqui é a essência do que provavelmente aconteceu nas praças e teatros de
Atenas no século V aC.
Podemos especular que um jovem Platão pode ter estado entre o público ouvindo com
intenso interesse o drama de eventos como Heródoto os narrava. Não temos qualquer
registro histórico de que Platão jamais estivesse presente em uma apresentação “ao
vivo” de Heródoto, mas parece pouco discutível que Platão tinha sido inspirada pelo
tema heróico que Heródoto desenvolvey e ao qual tinha acesso para seu trabalho. Mais
particularmente, Platão parece ter presado atenção específica à descrição que Heródoto
deu da capital excêntricamente visual dos Medos – uma cidade conhecida como
Ecbatana e descrita por Heródoto no livro I.98 de suas Histórias.
Heródoto nasceu por volta do ano 485 a.C. junto ao porto de Halicarnasso – uma cidade
agora conhecida como Bodrum, no sudoeste da Turquia moderna. A época de seu
nascimento coincidiu com as primeiras incursões persas em território grego, e podem ter
sido a chave para seu interesse em escrever a sua história das Guerras Persas. O
consenso geral é que as Histórias de Heródoto foram escritas em 430 a.C. e terminadas
em cerca de 425 a.C. – colocando sua composição nos primeiros estágios da Guerra do
Peloponeso. Pouco se sabe sobre a data da morte de Heródoto, mas acredita-se
comumente que ele tenha morrido por volta de 420 a.C. – bem antes da derrota de
Atenas por Esparta. Sua vida, então, transcorreu diretamente no tempo das grandes
revoluções intelectuais, políticas e religiosas que varreram Atenas, significando sua
proeminência entre as cidades-estados gregas após a vitória sobre os persas.
Lendo suas Histórias, podemos entender o quão bem-viajado que ele era. Ele afirma ter
viajado para o Egito e descreve com algum pormenor, a cultura e as práticas dos
egípcios no Livro II. Ele alega também ter viajado à Cítia (grosso modo, a moderna
Ucrânia) – mais uma vez explorando a cultura deste povo no Livro IV. A tradição diz
que ele eventualmente se estabeleceu (e provavelmente morreu) na colônia grega de
Thurii no que é hoje a província da Calábria, Itália.
Embora não fosse filósofo ou teólogo, Heródoto era imbuído de seu trabalho com um
tema que o equilíbrio do mundo é trazido de volta à ordem por um processo de
retribuição por injustiças realizadas – algo que observa Robin Waterfield na introdução
à sua tradução de As Histórias e similarmente observado por Charles Freeman em seu
recente estudo, A Conquista Grega.
Heródoto não descartou as ações dos deuses inteiramente em assuntos humanos (ele
acreditava que eles punem aqueles que, como Xerxes, são culpados de orgulho
excessivo, para, ao que parece, levar o cosmos a um equilíbrio ordenado). ..
Esta história pode não ser o mais delicioso de ouvir, pois não há mitologia nela. Mas,
aqueles que querem olhar para a verdade do que foi feito no passado, que, dada a
condição humana, se repetirão no futuro, na mesma forma ou de forma quase igual –
aqueles leitores acharão esta história bastante valiosa. ..
Em todo caso, Heródoto fez a sua declaração de propósito por escrito Histórias clara na
segunda frase de seu trabalho – que era “evitar que os traços de acontecimentos
humanos sejam apagadas pelo tempo”. O tema heróico de sua obra foi a inspiradora
história de sucesso de uma pequena cidade-estado grega contra a maior força de invasão
conhecida no mundo naquele momento.
Este tema estava na vanguarda da mente de Platão quando escreveu “Timeu e Crítias”.
Aqui ele contou uma história paralela de uma outra vitória ateniense de sucesso – era
novamente a maior e mais culta nação que o mundo já conheceu. Era a história de uma
guerra contra as políticas expansionistas do continente insular da Atlântida.
Com a nossa compreensão dos eventos das Guerras Persas, podemos agora entrar nos
detalhes que Platão deu desta cidade, combinando as descrições encontradas tanto em
Timeu quanto em Crítias.
A peculiaridade mais evidente sobre a ilha era sua excentricidade visual. Ela era
composta por três anéis circulares de terra, dividido por três canais circulares de água,
com pontes que ligavam cada anel da ilha ao próximo. Uma muralha interior e outra
exterior rodeavam cada anel de terra. Isto significa que no total eram cinco muralhas e
cada uma era feita de pedra escavada especificamente para a sua cor característica. A
partir da mais distante muralha externa e movendo-se para dentro, suas cores eram
branco, em seguida, em ordem seqüencial – preto, e então vermelho. A quarta muralha
era revestida de um verniz de bronze, enquanto que a quinta e mais interna muralha (em
torno da Acrópole, as fontes de Água quente e fria e o Palácio) eram fundidas em latão.
A própria Acrópole era coberta de oreichalkos que “brilhava como fogo dardejante”.
Para dizer o mínimo, esta é uma descrição muito fantasiosa de uma cidade. Na verdade,
caso encontrássemos essa descrição nos escritos de Jules Verne ou de Robert Heinlein,
dificilmente pareceria fora de lugar. Ela aparece, por seu valor nominal, ser uma
descrição de uma cidade que é o produto orgulhoso da imaginação humana.
Sabemos que a verdade é mais estranha que a ficção. Demonstramos como Platão usou
Heródoto para fornecer uma estrutura esquelética para a vitória ateniense contra a
Atlântida. Também vimos como Platão adaptou a preocupação de Heródoto, que os
feitos dos homens e mulheres que viveram no período das guerras persas seriam
apagados pelos efeitos do tempo, a menos que eles fossem gravados. Para Platão, este
tornou-se o argumento que ele usou para explicar por que nenhum ateniense estava
familiarizado com a história da derrota da Atlântida por Atenas. Mas, por mais
importantes que elas sejam, não são as únicas influências que Platão deve a Heródoto. A
principal influência literária que Platão deve a Heródoto é o uso de sua descrição da
capital mediana de Ecbátana como modelo para a Atlântida.
Por mais intrigantes que sejam essas correspondências, há uma última peça no quebra-
cabeça que ajuda a argumentação. Ela é encontrada em uma obra conhecida como
Epigramas. Por tradição, a obra é atribuída a Platão. Se cada um destes curtos epigramas
foi composto pelo próprio Platão é duvidoso, mas, no contexto do que já discutimos,
não podemos descartar o Epigrama XIII como sendo totalmente falso. Se assumirmos,
por enquanto, que ele veio diretamente da pena de Platão, então este epigrama funções
como o tecido conjuntivo, no âmbito do argumento anterior. O epigrama diz:
Certa vez, deixamos as sonoras ondas do mar Egeu para ficar aqui no meio das
planícies de Ecbátana. Adeus a ti, conhecida Eretria, nosso antigo país. Adeus a ti,
Atenas, vizinha Euboeais. Adeus a ti, querido mar.
… as almas dos guardiães deveriam ter uma natureza que é ao mesmo tempo alegre e
filosófica no mais alto grau, para que eles possam ser adequadamente suaves ou duros
conforme seja o caso.
Critias interrompe aqui e ali e se oferece para contar uma história que pode atingir o
objetivo de Sócrates. Ele alega que é uma história que ouviu de seu bisavô – uma pessoa
conhecida como Sólon, o legislador, quando o próprio Critias era apenas uma criança
pequena. É a história de uma vitória ateniense épica sobre a maior potência militar já
conhecida do homem que ocorrera milhares de anos antes.
Nem Sócrates, nem Timeu ou Hermocrates ouviram esta história antes, e ficaram
surpresos ao ouvir que ser uma história tão grandiosa e épica como Crítias pretende que
ela seja não tem qualquer registro histórico que a sustente. Nesse ponto, Platão (com
inteligência sutil) tece um ponto que Heródoto criou nas primeiras linhas do sus
Histórias – a saber, que o triunfo épico é desconhecido para os atenienses porque esses
traços dos acontecimentos humanos já tinham sido apagados pelo tempo, muitos e
muitos anos atrás:
…uma conquista que merece ser conhecida muito melhor do que qualquer outra de
suas realizações. Mas, devido à marcha do tempo e o fato de que os homens que a
realizaram morreram, a história não sobreviveu até o presente.
Critias relata como Sólon, uma vez viajou para a cidade egípcia de Sais no Delta do
Nilo e foi recebido pelos sacerdotes que o envolveu em uma série de debates animados
sobre uma série de temas – um deles em particular sendo uma tentativa de calcular o
tempo decorrido entre a criação do primeiro homem (Foroneu) e o Grande Dilúvio
(relacionados no mito grego de Deucalião e Pirra).
Além disso, quanto à sabedoria, eu tenho certeza que você pode ver quanta atenção
nosso modo de vida dedicou a ele, desde o início. Em nosso estudo da ordem mundial,
rastreamos todas as nossas descobertas … das realidades divinas aos níveis humanos, e
adquirimos todas as outras disciplinas relacionadas. Isto é, na verdade, nada menos do
que o próprio sistema de ordem social que a deusa (Atena) planejou primeiramente
para vocês quando fundou sua cidade …
Sólon foi surpreendido pela resposta do sacerdote, rápida, porém irônica. O sacerdote
observou que os gregos têm uma clara falta de profundidade histórica. Especificamente,
eles exibem uma forma daquilo que podemos chamar de amnésia histórica, porque
sempre lhes faltou disciplina para registrar suas histórias. Na falta disso, eles
substituiram por mitos para explicar fenômenos naturais. Aqui, o sacerdote explicou
algo desconhecido para Sólon. Ele lhe disse que não tinha acontecido uma só grande
inundação, mas que tinha havido muitas. A destruição completa, total e absoluta da raça
humana tinha ocorrido não apenas uma vez, mas a humanidade foi destruída em
intervalos regulares ao longo da história por duas causas principais – o fogo e a água.
Cada ciclo de destruição foi acompanhado por uma mudança no curso do sol através do
céu – um fenômeno que em linguagem científica seria explicada como uma mudança na
polaridade da terra.
O sacerdote então continua a explicar que, embora os gregos pareçam considerar a
civilização egípcia como mais antiga que a deles, Atenas é, na verdade, a civilização
mais antiga. Como justificativa, ele afirma que os egípcios têm documentos históricos
que remontam a 8.000 anos. O sacerdote explica que, quando ambas as civilizações,
egípcia e ateniense, foram fundadas, cada uma delas tinha o mesmo sistema social.
Durante todo esse tempo, o sistema social ateniense tem estado em decadência,
enquanto que os egípcios o mantiveram em seu estado original.
O curioso sobre este sistema social é que, no modelo egípcio, as pessoas mantiveram
competências especializadas e estavam proibidas de se envolver, obter formação ou
educação em áreas em que o seu próprio comércio ou profissão não estava relacionado.
O próximo ponto exposto pelo sacerdote é que a lei egípcia sublinha a importância de
todas as disciplinas do conhecimento – um ponto que Platão elaborou no currículo
educacional que ele criou para reis-filósofos da República – algo que entendemos como
as artes liberais e ciências .
Se dermos um pequeno passo para trás, podemos apreciar as habilidades que Platão
demonstrou como propagandista e marqueteiro de suas próprias teorias. Aqui está um
sacerdote egípcio falando de uma ordem mundial ideal (ou a estrutura social), onde o
conhecimento é usado para nos levar a realidade divina ou ao próprio trono de Deus.
Usando o artifício artístico de um terceiro expressando a mesma coisa que Platão estava
promovendo, ele dá ao seu argumento uma vantagem extra de credibilidade, bem como
uma justificação histórica convincente.
Podemos ver os primórdios das origens ideológica real das uma super-raça – por
exemplo – Atenas sobre Esparta – tomando sua forma, nas próximas palavras ditas pelo
sacerdote:
…ela (Athena) tinha escolhido a região em que seu povo tinha nascido (Atenas) e
percebido que o clima temperado ao longo das estações produziria homens de
sabedoria insuperável. E, sendo um amante tanto da guerra quanto da sabedoria, a
deusa escolheu a região que mais provavelmente produziria homens com ela mesma, e
a fundou primeiro … na verdade, suas leis melhoraram ainda mais, de modo que você
veio a superar todas as outras pessoas em toda a excelência, como se poderia esperar
daqueles cuja geração e nutrição eram divinos.
Crítias explica que os eventos da guerra entre Atenas e a Atlântida ocorreram 9.000
anos antes de seu tempo (em outras palavras por volta de 9400 a.C.). Ele descreve a
Atlântida como uma ilha situada no Oceano Atlântico, em frente as Colunas de Hércules
(Estreito de Gibraltar). Era uma ilha “maior que a Líbia e a Ásia juntas”. (Líbia era o
nome dado à área da África explorada na época). Seu império se estendia por toda a
África até as fronteiras do Egito, e se estendiam por toda a Europa até a Itália. A
Atlântida, então, decidiu expandir o seu império ainda mais para incorporar a Grécia e o
Egipto e que é hoje é a Espanha. Atenas, então, mostrou sua força e coragem a
comandar uma ofensiva que consistiu em “… uma aliança entre os gregos” contra as
legiões da Atlântida. Mesmo quando foi abandonada pelos membros desta aliança
grega, Atenas resistiu à agressão Atlante sozinha e conseguiu o triunfo incontestável
depois liberar todos os países que haviam sido subjugados sob a tirania dos Atlantis.
É fácil ver hoje como Platão adaptou os seis pontos que ele escolheu cuidadosamente
nas Histórias de Heródoto para construir um mito da Atlântida, que serviu para atingir
um fim (e somente um) – apoiar sua visão do rei-filósofo.
Essa catástrofe natural, Ele enfatizou, foi a terceira antes do Grande Dilúvio.
Crítias (relatando ainda mais a história do sacerdote egípcio) argumenta que o deus
Hephaestos e sua irmã Atena receberam o controle da Grécia e a impregnaram com o
selo do seu caráter – com conhecimento e habilidade, tornando a Grécia, o berço natural
de excelência e sabedoria. Os sobreviventes da catástrofe natural que envolveu a
Atlântida foi “um povo de montanha analfabeto” a quem faltavam os dons intelectuais
para apreciar e transmitir os valores e virtudes praticados pelos atenienses. Além disso –
os sobreviventes que escaparam tiveram que enfrentar a tarefa de domar um ambiente
hostil – uma ocupação que não contribuiu para a gravação de eventos históricos:
Ele, então, descreve as virtudes que levaram a uma vitória ateniense. Em primeiro lugar,
eles praticavam todas as normas estabelecidas em A República. É importante ressaltar
que seguiram uma das restrições mais importantes aplicáveis a reis-filósofos – que é a
primeira lição ensinada a um Iniciado durante o Discurso no Canto Nordeste:
Eles não faziam uso de ouro ou prata… . mas seguiam ma média entre a ostentação e
servilismo…
O argumento que Platão levanta, com uma habilidade de habilidade artística e floreio
filosófico, foi que na prática dos princípios preconizados em A República, (que de
acordo com o sacerdote de Sais eram de origem divina), Atenas foi capaz de derrotar
Atlantis:
… Eles eram os guardiões de seus próprios cidadãos e líderes do resto do mundo grego
.. . tal era o caráter deste povo … pois eles dirigiam a vida de sua cidade e da Grécia
com justiça. Sua fama pela beleza de seus corpos e a variedade e diversidade das suas
qualidades mentais e espirituais espalhou-se por toda a Ásia e toda a Europa. E as
considerações em que eram tido e sua fama era a maior de todas as nações da época.
O triunfo de reis-filósofos:
O que importa para você e eu, enquanto maçons, é que o mito da derrota da Atlântida
por Atenas ocorreu porque eles seguiram os princípios dos reis-filósofos.
Em sua própria maneira, é um modelo que devemos ter em mente quando circunstâncias
aparentemente intransponíveis golpeiam nossas vidas. Nesses momentos, podemos
optar por usar um equilíbrio entre o intelecto e emoção, cuidadosa e sabiamente
direcionar nossa vida através de mares tempestuosos da vida, mantendo a nossa própria
credibilidade de caráter.
Você pode encontrá-los de qualquer falha, então, em uma profissão como esta, que
para ser praticada com competência exige as seguintes propriedades inerentes a uma
pessoa: boa memória, rapidez na aprendizagem, abrangência de elegância, visão e
amor e filiação à verdade, à moral, à coragem e à auto-disciplina?
Nosso objetivo ao fazer isso é alcançar um triunfo. É atingir o mais alto nível de
excelência humana que a nossa própria natureza individual alguma vez possa alcançar.
Finis
Referência
Dedicatória:
Cada citação é originária das seguintes obras: Homero, A Odisséia, Penguin Books,
Victoria Ringwood, Austrália, 1996. (Trad. por Robert Fagles, introdução e notas por
Bernard Knox); West, ML, As Sandálias do Pescador da trilogia do Vaticano, William
Heinemann Austrália, Melbourne, Port, Vitória, 1993, Dante, A Divina Comédia ,
Everyman’s Library, Londres, 1995, (Trad por Mandelbaum Allan); Plutarco, A Queda
da República Romana, Penguin Classics, Victoria Ringwood, Austrália, 1974 (Trad. por
Rex Warner).
Introdução:
Pg. 11 Plato, The Republic, Penguin Classics, Ringwood Victoria, Australia, 1974,
(Trans by Desmond Lee).
Pg. 14 A edição atual (e do qual as citações são tomadas neste trabalho) é o ritual
dos três graus da Maçonaria Simbólica e endereços de investidura, Décima Terceira
Edição, 2004. Ele foi emitido sob a autoridade do irmão R.W. Bro Max Atkinson,
Grande Secretário – na época.
Pg. 27 B.E. Jones define a estrutura de “família” nas pags. 80. Para uma perspective
ligeiramente diferente (mas interessante, consulte Pick and Knight, The Pocket Book of
Freemasonry, Hutchinson, London, 1992, (especially Chap 3: The Old Charges) Pg. 27
Ambos textos do Poema Regius Poem e dos Documentos Matthew Cooke estão
disponíveis online emhttp://wvvw.freemasons-freemasonry.com/regius.html e
http://freemasonry.bcy.ca/agc/cooke.html respectivamente.
Pg. 28 A associação de Matthew Cooke com o documento é explicada em
http://freemasonry.bcy.ca/texts/cooke.html
Pg. 29 para uma versão online das Antiguidades dos Judeus de Josephus consulte
http://www.interhack.net/pro`ects/libraylantiguitiesiewsi
Pg. 30 Baigent and Leigh, The Temple and the Lodge, Arrow Books, London, 1989
Pp. 35-39 Para uma interessante perspectiva maçônica do resultado dos eventos da
conversão de James II/Vii para o catolicismo, consulte Gardiner, L., The Seal of
Solomon Harper Element, London, 2005 (Chaps 3-5) e compare com Baigent and
Leigh, The Temple and the Lodge, Arrow Books, London, 1989, (Chap 10).
Pg. 40 Wright, England’s Masonic Pioneers, George Kenning & Son, London,
1925, pp. 89-97 oferece percepções de Anderson que não aparecem nos textos padrão
como Jones ou Pick & Knight.
Pg. 45 Consulte B.E. Jones’ Compendium (pp. 200-202) para os principais motivos
da disputa entre as Grandes Lojas Antiga e Moderna.
Pg. 55 Ours is essentially…. little hopes is the first line to: Lawrence, D.H., Lady
Chatterley‘s Lover, Sandstone Publishing, Australia, 1999.
Pg. 56 No one…serving well. Plato, The Laws (726e); Penguin Classics, Ringwood
Victoria, Australia, 2004. (Traduzido com uma Introdução e Notas de Trevor Saunders).
Pg. 56 To be…of men. Platão, Seventh Letter (354); de Phaedrus and Letters VII
and VIII, Penguin Classics, Ringwood Victoria, Australia, 2003 (Traduzido com uma
instrodução de Walter Hamilton).
The principal texts that l have used as sources to compile this summary of Plato’s life
are:
Blackburn, S., Plato’s Republic-A Biography, Allen and Unwin, Crows Nest, Australia,
2006.
Annas, J., Plato: A Very Short Introduction, Oxford University Press Oxford 2003.
Moor, Donald R., Coffee with Plato, Duncan Baird Publishers, London, 2007
Profitt, B., Plato – Within Your Grasp, Wiley Publishing Inc., Hoboken, NJ., 2004
Robinson, D. And Groves, J., Introducing Plato, lcon Books, Cambridge, 2003
Texts of a more general field that I have consulted in writing this chapter are:
Freeman, C., The Greek Achievement: The Foundation of the Western World, Penguin
Books, Ringwood Victoria, Australia, 1999
Simon Goldhill, Amor, Sexo e Tragédia: Why Classics Matters, John Murray
Publishers, London, 2004
Nelson, E.D. and Allard Nelson, S.K., The Complete ldiot’s Guide to Ancient Greece,
Alpha Books, New York, 2004
Rubinstein, R.E., Aristotle’s Children: How Christians, Muslims and Jews Recovered
Ancient Wisdom and illuminated the Middle Ages, Harcourt Books, Orlando Florida,
2003
All quotations from Laertius’ Life of Plato from his Lives and Opinions of Eminent
Philosophers (translated by C.D. Yonge) were sourced from:
http://classicpersuasion.org/pwldiogenes/dlplato.htm
Pg. 64 Realizing however…Italian philosophy from City of God (Vlll.4) Augustine
of Hippo, City of God, Image Books, 1958. (Translated by Gerald G. Walsh, Demetrius
B. Zema, Grace Monahan and Daniel Honan; Abridged by Vernon Bourke).
Pg. 65 The…barbarian alike from Seventh Letter (335). Plato, Phaedrus and Letters
VII and VIII, Penguin Classics, Ringwood Victoria, Australia, 1973. (Translated with
Introductions by Walter Hamilton).
Pg. 66 One of Dion’s…in his company from Life of Dion (54). Plutarch, The Age
of Alexander, Penguin Classics, Ringwood Victoria, Australia, 1973. (Translated by lan
Scott »Kilvert)
Pg. 67 …it’s better…as possible from Republic (378a). Plato, Republic, Oxford
World’s Classics, Oxford University Press, Oxford, 1993.
Pg. 69 For a justification of using the term “morality” or “ethics” as opposed to the
standard “justice” for dikaiosune, refer to Water Held’s Introduction to Republic:
“Republic is about morality — what it is and how it fulfills one’s life as a human
being…” (pg. xii) and C.D.C. Reeve’s Glossary of Terms: “Justice (dikaiosune). The
topic of Republic. Often broader in scope than our notion of justice and more nearly
equivalent to ethical rightness in general” (pg. $32 Plato, Republic, Hackett Publishing
Company, Indianapolis, 2004. (Translated with an Introduction by C.D.C. Reeve).
Pg. 75 Refer Reasons for Preparation, Ritual of the First Degree, pg. 92 of SAC
13′” Edition.
Pg. 79 Life of Dion from Plutarch, The Age of Alexander, Penguin Classics,
Ringwood Victoria, Australia, 1973. Translation by Rex Warner.
Pg. 79 The passages relating to these five subjects appear between 521c and 541a
of Republic.
Pg. 81 Platão, Seventh Letter (354); de Phaedrus and Letters VII and VIII, Penguin
Classics, Ringwood Victoria, Australia, 2003 (Traduzido com uma instrodução de
Walter Hamilton).
Pg. 82 Aristotle, Rhetoric (1.1) from Rhetoric and On Poetics, The Franklin
Library, Pennsylvania, 1981. (Translated by W. Rhys Roberts and Ingram Bywater)
Pg. 85 Now when…or years. Timaeus. 371. (Lee translation) Pg. 86 As it is…us
philosophy.
Pg. 86 The Universe…and order. Lecture on the First Tracing Board, pg. 104
Pg. 88 You were led…God himself Exhortation: Third Degree, pg. 175
Henri Estienne (c 1528-1598) era um pintor franês que padronizou em 1578 a maneira
de citar os escritos de Platão dividindo-os em páginas e subsecções de páginas
pertencentes a uma edição das obras completas de Platão à qual ele tinha acesso na
época. Dessa forma, quando nos referimos a, digamos, República 352d, podemos
comparar diferentes traduções desta seção específica. It is (…in a sense) an equivalent
of quoting a chapter and verse. He also was responsible for Plutarch’s complete works
to be “paginated” for ease of reference.
Estienne is French for Stephen or Stephens and as a result his Latin name is given as
Stephanus.
The translations quoted are abbreviated in this section, but are given in full within the
body of the bibliography.
The version of Freemasonic (Craft) Ritual used in this essay is the 13‘” Edition of the
workings used in the Jurisdiction of South Australia and Northern Territory, issued in
2004.
Pg. 111 The Myth of the Cave appears in Republic 514a — 517a
Day, M., 100 Characters from Classical Mythology, ABC Books, Sydney NSW, 2007
Calasso, R., The Marriage of Cadmus and Harmony, Vintage, Sydney NSW, 1993,
(Translated from the Italian by Tim Parks)
Martin, R.P., Myths of the Ancient Greeks, New American Library, London England,
2003
Spivey, N., Songs on Bronze: The Greek Myths Made Real, Farrar Strauss, Giroux,
New York, 2005
Vernant, J-P., The Universe, the Gods and Men: Ancient Greek Myths, Perennial, 2002,
(Translated from the French by Linda Asher).
Pg. 140 Schroder Ritual is practiced in South Australia by Lodge Concordia, 214
(SAC). The Ritual was devised by a German Freemason known as Ludwig Schroder
(1744-1816) and appears to have as its origins a ritual practiced in the West Indies in
the 1760’s. Its ritual and rubrics stem from a vastly different tradition to the antecedents
of Emulation Ritual.
My older brother Joe introduced me to the classics when I was a very young boy. He
would sit and tell me stories (in words that I could understand) from the myths of
ancient Egypt, Greece and Rome.
Without his very personal interest in the classics and active encouragement in
developing my own interest in them, this essay could never have been written.
The theory of the link between Atlantis and Ecbatana can be found discussed in the
article The Genre of the Atlantis Story by Christopher Gill Classical Philology, Vol. 72,
No. 4 (Oct., 1977)
Pg. 147 Refer Herodotus’ Histories Vll.186 (for this estimate of the Persian military
strength).
Pp. 152-153 The most complete description of Atlantis is found in Critias 108-118.
Pg. 154 Epigrams, (13) from Plato: Complete Works, Hackett Publishing Company,
Indianapolis, 1997 (Translation J.M. Edmonds, revised by John Cooper).
Pg. 155 The guardians’ souls…case may be. Timaeus 18. from Plato: Complete
Works, Hackett Publishing Company, Indianapolis, 1997 (Translation by Donald J.
Zeyl)
Pg. 156 But in our temples many where else. Timaeus 18-19 (Zeyl translation)
Pg. 160 It is…not before. Critias 110 from Plato: Complete Works, Hackett
Publishing Company, Indianapolis, 1997 (Translation by Diskin Clay)
Bibliography
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Hugh Tredennick and Harold Tarrant, with an introduction and notes by Harold
Tarrant).
Tlmaeus and Critias, Penguin Classics, Victoria 1977 (Translated with an Introduction
by Desmond Lee)
11 Plato, The Republic, Penguin Classics, Ringwood Victoria, Australia, 1974, (Trans
by Desmond Lee).
Early Socratic Dialogues, Penguin Classics, Victoria 2005, Edited with a General
Introduction by Trevor J. Saunders.
Phaedrus, Oxford World Classics, Oxford, 1993 (Translated with an Introduction by
Robin Waterfield)
Platão, Seventh Letter (354); de Phaedrus and Letters VII and VIII, Penguin Classics,
Ringwood Victoria, Australia, 2003 (Traduzido com uma instrodução de Walter
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Selected Myths, Oxford World’s Classics, Oxford, 2004. (Edited by Catalin Partenie)
The Laws, Penguin Classics, Ringwood Victoria 2004 (Translated with an introduction
and notes by Trevor J. Saunders)
Annas, J., Plato: A Very Short Introduction, Oxford University Press, Oxford, 2003
Blackburn, S., Plato’s Republic: A Biography, Allen Unwin, Crows Nest, 2006
Moor, Donald R., Coffee with Plato, Duncan Baird Publishers, London, 2007
(Foreword by Robert M. Pirsig)
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Fontes Suplementares: