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ITQ - INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

PAULO HENRIQUE MARCELINO

A VISÃO DA IGREJA PRIMITIVA

LOUVEIRA

2022
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ITQ - INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

PAULO HENRIQUE MARCELINO

A VISÃO DA IGREJA PRIMITIVA

Trabalho apresentado à
disciplina Atos dos
Apóstolos do curso de
Teologia, Instituto Teológico
Quadrangular, Louveira -
Região 751, como requisito
parcial para conclusão da
disciplina.

Professor: Pr. Marcelo

LOUVEIRA
2022
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Sumário
1. INTRODUÇÃO – A ORIGEM DA IGREJA PRIMITIVA.....................................................4
……….1.1…….REVISÃO DA LITERATURA .….………………………………………………..4
2. METODOLOGIA - A HISTÓRIA DO CRISTIANISMO ( 100 –300)………………………..5
……….2.1....... Causas da Perseguição................................................................................5
……………2.1.1.......Políticas.....................................................................................................5
……………2.1.2. .....Religiosas..................................................................................................6
…………... 2.1.3. ....Sociais .………………………………………………………………………...6
……………2.1.4. .....Econômicas..............................................................................................6
............3.1........ O Cristianismo sob Interdição Estatal ………………………………..7,8 e 9
4. ANÁLISE DE RESULTADOS - GOVERNO DA IGREJA………. ..................................10
……….4.1……. O Bispo Monarquiso…………………………………………………………..10
……….4.2……. Desenvolvimento da Regra de Fé ………………………………………….11
……….4.3……. Canôn do Novo Testamento ………………………………………………...12
……….4.4……. Liturgia ………………………………………………………………………….12
4. CONCLUSÃO..................................................................................................................13
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................14
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1. INTRODUÇÃO – A ORIGEM DA IGREJA PRIMITIVA


A Igreja Primitiva era a igreja do tempo dos apóstolos, ou seja, a comunidade que viveu
os primeiros anos da Igreja Cristã. A história da Igreja Primitiva se desenvolveu desde a
primeira metade do século 1 d.C. até o final do mesmo século ou o início do século
seguinte, quando provavelmente morreu João, o último apóstolo de Jesus.
Inclusive, o período da Igreja Primitiva faz parte de um período maior da história do
Cristianismo chamado de “Igreja Antiga”. Esse período se estende até os anos 600 d.C.,
quando teve início a Igreja Medieval. Então para muitos comentaristas, a designação
“Igreja Primitiva” é usada principalmente para identificar a Igreja do período dos apóstolos
dentro dessa divisão maior que compreende toda a Igreja Antiga.

1.1. REVISÃO DA LITERATURA

É amplamente aceito pelos estudiosos que a Igreja Primitiva teve origem no dia de
Pentecostes, com o derramamento do Espírito Santo (Atos 2). No entanto, tudo isso
ocorreu dentro de um pano de fundo mundo maior.
A Bíblia mostra claramente que a história da redenção foi planejada por Deus desde
a eternidade (cf. Efésios 1). Isso quer dizer que Deus dirigiu a história soberanamente para
que seu propósito fosse cumprido. Então no momento oportuno, isto é, na “plenitude do
tempo, Deus enviou seu Filho” (Gálatas 4:4). Portanto, a Igreja Primitiva surgiu num
cenário meticulosamente preparado por Deus.
O Império Grego, de Alexandre, o Grande, basicamente padronizou o idioma e a
cultura. A filosofia grega influenciou muita gente, e o grego koiné se espalhou por toda
aquela região, se tornando o idioma comum de todos aqueles povos. Nesse mesmo tempo
também já havia judeus vivendo nas mais diversas regiões.
Então quando o Império Romano despontou, ele se aproveitou daquela unidade cultural e
idiomática para trazer uma realidade singular. Diferentemente de outros impérios, o
Império Romano conseguiu manter a paz em todo o seu domínio de forma incrível. Havia a
famosa Pax Romana, com tropas imperiais mantendo a paz e a autoridade do imperador
em toda a extensão do império.
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Consequentemente, houve grande prosperidade, riqueza e desenvolvimento. A


infraestrutura pública do Império Romano era algo sem igual para os padrões da época.
Todo o império era ligado por estradas que facilitavam o comércio e a comunicação.
Então foi nesse cenário que o Evangelho começou a ser pregado, fazendo a Igreja
Primitiva crescer rapidamente de Jerusalém para as cidades mais longínquas do mundo
greco-romano, cumprindo-se a promessa do Senhor Jesus de que suas testemunhas
pregariam o Evangelho “tanto em Jerusalém, como em toda a Judeia e Samaria, e até os
confins da terra” (Atos 1:8).

2. METODOLOGIA - A HISTÓRIA DO CRISTIANISMO – IGREJA PRIMITIVA ( 100 –300)

2.1. CAUSAS DA PERSEGUIÇÃO:


2.1.1. Políticas - Enquanto a Igreja Cristã fazia parte do judaísmo, que era
religião licita, a Igreja sofreu pouco. Mas logo que foi distinguido do judaísmo foi
classificada como seita, uma sociedade secreta, o cristianismo recebeu a interdição do
estado romano que não admitia nenhum rival à obediência por parte de seus súditos.
Tornou-se então, uma religião ilícita, uma religião ilegal, considerada como ameaça à
segurança do estado romano.
A religião cristã, era rápida em crescimento, exigia exclusiva lealdade a Cristo, César
era colocado em segundo plano e este era o temor dos lideres romanos, empenhados em
preservar a cultura clássica dentro da estrutura do império estatal: como desleais ao
Estado, para os romanos os cristãos estavam tentando fundar um estado dentro do estado
o Corpo de Cristo, tinha de ceder a soberania exclusiva de César .
Muitas práticas cristãs pareciam confirmar as suas suspeitas da deslealdade básica
cristãos ao Estado levantada pelas autoridades romanas: Os cristãos se recusavam
terminantemente a oferecer incenso nos altares devotados ao culto ao imperador romano.
Quem sacrificasse nesses altares, podia praticar uma segunda religião particular.
Os cristãos também realizavam a maioria de suas reuniões à noite e em segredo.
Para a autoridade romana isto deixava claro que se preparava uma conspiração contra a
segurança do estado.
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2.1.2. – Religiosas - A religião romana era mecânica e externa. Tinha seus


altares, ídolos, processionais, ritos e praticas que o povo ver. Os romanos não se opunham
a acrescentar um ídolo ao grupo do Panteão, desde que a divindade se subordinasse às
pretensões de primazia feitas pela religião do Estado. Os cristãos não tinham ídolos e no
seu culto nada havia para ser visto. Seu culto era espiritual e interno. Quando se opunham
de pé e oravam de olhos fechados, suas orações não eram dirigidas a nenhum objeto
visível. Para as autoridades romanas, acostumadas às manifestações materiais simbólica
de seu deus, isto nada mais era do que ateísmo.
 O sigilo dos encontros dos cristãos também suscitou ataques morais contra eles. O vulgo
popular os acusou de incesto, de canibalismo e de praticas desumanas. Entendo
equivocadamente o significado de “comer e beber" os elementos representativos do
corpo de Cristo, o vulgo popular logo depreendeu que os cristãos matavam e comia
crianças em sacrifício ao seu Deus. A expressão “beijo da paz” foi logo transformada em
acusações de incesto e outras formas se conduta moral que repugnava à mente cultural
romana. Pouca diferença fazia se estes boatos eram verdadeiros ou não.
2.1.3. – Sociais -  Os que exerciam grande atrativo sobre as classes pobres e
escravas, eram odiadas pelos líderes aristocráticos influentes da sociedade. Estes líderes
os viam com desprezo, mas temiam sua influencia sobre as classes pobres. Os cristãos
defendiam a igualdade entre todos homens (CI. 3:11), enquanto que o paganismo insistia
na estrutura aristocrática da sociedade em que uns poucos privilegiados eram servidos
pelos pobres e pelos escravos.
2.1.4. – Econômicas -  A oposição que Paulo recebeu dos fabricantes de ídolos
em Efeso, mais preocupados com o perigo que representava o cristianismo para seus
negócios que com a ameaça possível ao culto de Diana (At. 19:27), é uma chave para a
compreensão da reação daqueles cujos interesses do “ganha - pão” estavam ameaçados
pelo avanço do cristianismo. Sacerdotes fabricantes de ídolos, videntes, pintores,
arquitetos e escultores dificilmente se entusiasmaram com uma religião que ameaçasse
seus meios de sustento.
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No ano 250 em que a perseguição deixou de ser local e intermitente para se tornar
generalizada e violenta, Roma entrava, segundo a contagem dos romanos, nos mil anos
de sua fundação. Nesta época uma fome e uma agitação civil assolavam o Império; a
opinião atribuía estes problemas à presença do cristianismo no império e o conseqüente
abandono dos deuses. Há sempre um bom motivo para superstição quando se aproxima o
fim de um milênio e os romanos nisto não foram melhores que as pessoas da Idade Média
que viveram pouco antes do ano 1.000. A perseguição aos cristãos parecia, aos romanos,
uma forma lógica de superar os problemas.
 Tudo isto cooperou para justificar a perseguição dos cristãos na mente das autoridades.
Nem todas as razões estiveram presentes em cada caso, mas a pretensão de
exclusividade por parte da religião cristã sobre a vida do cristão conflitava com o
sincretismo pagão e sua exigência de lealdade exclusiva ao estado romano na maioria dos
assuntos.

3.1. O CRISTIANISMO SOB INTERDIÇÃO ESTATAL, 100-250 - A primeira


perseguição organizada como resultado de uma política governamental definida, começou
na Bitínia durante a administração de Plínio, o Moço, por volta de 112. Plínio escreveu uma
interessante carta ao Imperador Trajano, em que prestava informações sobre os cristãos,
esboçava seu programa e pedia a Trajano uma opinião sobre o assunto. Dizia ele que “o
contágio desta superstição”, ou seja, o cristianismo espalhava-se por vilas e regiões rurais
como também por grandes cidades com tal velocidade que os templos ficavam geralmente
vazios e os vendedores de animais para o sacrifício, ficaram empobrecidos. Quando
alguém era denunciado como cristão, Plínio convocava o tribunal e lhe perguntava se era
cristão. Se admitisse a acusação três vezes, o cristão era condenado à morte. Em sua
resposta, Trajano assegurou a Plínio que ele estava certo em seu comportamento. Não se
devia caçar os cristãos, mas se alguém dissesse que uma pessoa era cristã, esta deveria
ser condenada, a menos que negasse ou adorasse os deuses dos romanos. Foi durante
esta perseguição que Inácio morreu. Outra perseguição aconteceu em Esmirna nos
meados do segundo século. Marco Aurélio foi alertado sobre o cristianismo, inclinado a
atribuir as calamidades de seu reino provocadas pela natureza e pelo homem ao
crescimento do cristianismo, deu ordem para a perseguição aos cristãos.
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Justino Mártir, o grande apologista, sofreu o martírio em Roma durante esta


perseguição.  
O Imperador Décio subiu ao trono imperial ao tempo em que Roma completava o
fim do primeiro milênio de uma história e numa época em que o Império cambaleava sob
calamidades naturais e ataques internos e externos à sua estabilidade. Os cristãos foram
tomados com uma perigosa ameaça ao estado por causa de seu rápido crescimento
numérico e por sua aparente tentativa de se construírem num estado dentro do estado.
Décio promulgou em edito em 250 que exigia pelo menos, uma oferta anual de sacrifício
nos altares romanos aos deuses e à figura do Imperador. Aqueles que oferecessem este
sacrifício recebiam um certificado chamado libellus. A igreja mais tarde, foi sacudida com o
problema de como tratar aqueles que tinham negado a sua fé cristã para conseguir esses
certificados. Felizmente para a igreja, a perseguição durou só até a morte de Décio, no ano
seguinte, mas as torturas que Orígenes sofreu, mais tarde causaram sua morte.
Diocleciano, líder militar forte, chegou ao trono imperial no fim de um século
marcado pela desordem política no Império Romano. Ele concluiu que somente uma
monarquia forte salvaria o Império e sua cultura clássica. Em 285, pôs fim à monarquia do
principado, criada por César Augusto em 27 A.C, pela qual o imperador e o senado
dividiam o poder. Em sua opinião uma monarquia poderosa oferecia a única alternativa ao
caos. Foi nesta situação histórica que aconteceu a mais dura perseguição enfrentada pelos
cristãos. Os primeiros editos, com ordem de perseguição aos cristãos, foram promulgados
em março de 303, Diocleciano ordenou o fim das reuniões cristãs, a destruição das igrejas,
a deposição dos oficiais da Igreja, a prisão daqueles que persistissem em seu testemunho
de Cristo e a destruição das Escrituras pelo fogo. O ultimo edito obrigou os cristãos a
sacrificarem aos deuses pagãos sob pena de morte caso recusassem. Eusébio conta que
as prisões ficaram tão cheias de líderes cristãos e crentes comuns que não havia lugar
suficiente para os criminosos. Os cristãos foram punidos com o confisco de bens, exílio,
prisões ou execuções à espada ou por animais ferozes. Os mais felizes eram enviados aos
campos de trabalhos forçados, onde trabalhavam até a morte nas minas.
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Constantino, seu sucessor, compreendeu que se o Estado não podia destruí-la


pela força, o melhor seria usara Igreja como aliado para salvar a cultura clássica. A Igreja e
o Estado chegaram a um acordo que começou quando Constantino conseguiu o controle
completo. Constantino; (274-337) teve uma visão de uma cruz no céu, com as seguintes
palavras em latim; “com este sinal, vencerás”. Ele derrotou os seus inimigos na batalha da
ponte Mílvia sobre o rio Tibre. Embora a visão possa ter ocorrido, é evidente que o
favorecimento da igreja por Constantino foi um expediente seu. A Igreja poderia servir
como novo centro de unidade e salvar a cultura clássica e o Império.
Constantino inaugurou uma política de favorecimento da Igreja cristã. Em 313, ele
e Lícínio garantiram-lhe a liberdade de culto pelo Edito de Milão. Nos anos seguintes,
Cosntantino promulgou outros editos, que tornavam possíveis a recuperação das
propriedades confiscadas, os subsídios da Igreja pelo estado, a isenção ao clero do
serviço público, a proibição de adivinhações e a separação do “Dia do Sol” (domingo),
como um dia de descanso e culto. Ele tomou uma posição de liderança teológica no
Concílio de Nicéia, em 325, quando arbitrou a controvérsia ariana.
Apesar de o número de cristão não ultrapassar a um décimo da população do
Império nesta época, eles exerceram uma influência no Estado bem maior do que se podia
esperar pela quantidade de membros que possuía. Constantino, em 330 fundou a cidade
de Constantinopla, este ato ajudou a dividir Oriente e Ocidente. Ele tornou o centro do
poder político no oriente e o bispo de Roma, após 476, foi deixado com poder político além
do espiritual.
Quando parecia que o cristianismo iria se tornar a religião do Estado, houve um
retrocesso com a ascensão de Juliano em 361 ao trono imperial. Juliano foi forçado a
aceitar o cristianismo formalmente, mas a morte de seus parentes nas mãos do governo
cristão e o estudo que fez de filosofia em Atenas o levaram a se tornar um seguidor do
Neoplatonismo. Ele retirou da Igreja Cristã os privilégios e restaurou a liberdade plena de
culto. Todas as felicidades foram concedidas para ajudar no avanço da filosofia e da
religião pagã. Felizmente para as Igrejas seu reinado foi curto e o retrocesso do
desenvolvimento da Igreja, foi apenas temporário.
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O Imperador Graciano renuncio ao titulo de Pontifex Maximus. Teodósio I


promulgou em 380 um edito tornando o cristianismo a religião exclusiva do estado.
Qualquer pessoa que seguisse outra forma de culto receberia a punição do estado. Em
392, o Edito de Constantinopla estabeleceu a proibição do paganismo. Em 59, Justiniano
desferiu o golpe de misericórdia sobre o paganismo, quando determinou o fechamento da
escola de filosofia de Atena.

4. ANÁLISE E RESULTADOS - GOVERNO DA IGREJA ( 100-313 )

Foi no período entre 100 e 313 que a Igreja se viu forçada a pensar na melhor
maneira pela qual poderia enfrentar a perseguição externa do estado romano e o problema
interno do ensino herético e das conseqüentes decisões. Ela procurou cerrar fileiras
através de procedimentos.

4.1. O Bispo Monarquiso - Necessidades práticas e teóricas levaram à exaltação


da posição do bispo em cada igreja, chegando ao ponto de as pessoas o virem e o
reconhecerem como superior aos outros presbíteros aos quais seu oficio fora relacionado
em tempos do Novo Testamento. A necessidade de uma liderança para enfrentar os
problemas da perseguição e da heresia foi uma necessidade prática que acabou por ditar o
aumento do poder do bispo. O desenvolvimento da doutrina da sucessão apostólica e a
crescente exaltação da Ceia do Senhor foram fatores fundamentais neste aumento de
poder. A elevação do bispo monárquico em meado do segundo século originou-se da
honra especial devida ao bispo monárquico da Igreja em Roma.
O argumento inicial e mais importante apresentado desde cedo na história da
Igreja, foi o de que Cristo deu a Pedro, presumivelmente o primeiro bispo de Roma, uma
posição de primazia entre os apóstolos em função da suposta designação de Pedro como
a rocha sobre qual edificaria a Sua igreja (Mt 16:18). Segundo Mateus (16:19) Cristo deu
tambem a Pedro as chaves do reino dos céus e depois o comissionou especialmente para
apascentar Seu rebanho (Jô: 21:15-19).
A Igreja Romana insiste desde tempos antigo que Cristo deu a Pedro um lugar especial de
primeiro bispo de Roma e de líder dos apóstolos.

 
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O prestigio histórico de Roma como a capital do Império levou a uma natural


elevação da posição da igreja da capital. Muitos pais da Igreja Ocidental, como Clemente,
Inácio, Irineu e Cipriano, destacaram a importância da posição do bispo, e no caso de
Cipriano, do bispo de Roma. Embora todos os bispos fossem iguais, honra especial
deveria ser dada ao bispo romano encarregado da cadeira de São Pedro. Embora todos os
bispos estivessem numa linha de sucessão apostólica dos bispos desde o próprio Cristo,
Roma merecia honra especial, porque, cria-se seu bispo continuava a linha sucessória
desde Pedro.
4.2. Desenvolvimento da regra de fé - O papel do bispo como garantia da
unidade da Igreja foi reforçada pelo desenvolvimento de um credo. Um credo é uma
declaração de fé para uso público. Os credos têm sido usados para testar a ortodoxia,
identificar os crentes entre si e servir como um resumo claro das doutrinas essenciais da
fé. Pressupõe uma fé viva da qual são expressão intelectual. Os credos denominacionais
surgiram depois da reforma. Os credos conciliares ou universais elaborados por
representantes de toda a igreja surgiram no período da controvérsia teológica entre 313 e
451. o primeiro tipo de credo foi o credo batismal de que o Credo do Apóstolos pode servir
como exemplo. Deve-se ter sempre em mente que os credos são expessões relativas e
limitadas da regra divina e absoluta de fé e prática contida na Bíblia. Textos bíblicos que
favorecem a idéia de um credo são encontrados em Romanos 10:9-10, Corintios 15:4, I
Timóteo 3:16.
Irineu e Tertuliano desenvolveram Regras de Fé para serem usadas na distinção
entre Cristianismo e Gnosticismo.
O Credo dos Apóstolos é o mais antigo sumário das doutrinas essenciais da
Escritura que possuímos. Alguns pensam que o Credo dos apóstolos surgiu da declaração
abreviada de Pedro sobre Cristo em Mateus 16:16 e que foi usado como fórmula batismal
desde cedo. 
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4.3. Cânon do Novo Testamento - O Cânon, lista dos volumes pertencentes a


um livro autorizado, surgiu como um reforço à garantia da unidade centralizada no bispo e
à fé expressa num credo. O desenvolvimento do cânon foi um processo demorado,
encerrado em 175, exceto para o caso de uns poucos livros cuja autoria era ainda
discutida.
Algumas razões de ordem prática tornaram necessário que a igreja
desenvolvesse a relação de livros que deveriam compor o Novo testamento, Heréticos,
como Márcion estavam formando o seu próprio cânon das Escrituras e estavam levando o
povo ao erro. Os cristãos perseguidos não estavam dispostos a arriscar suas vidas por um
livro se não estivessem certos de que ele integrava o cânon das Escrituras.como os
apóstolos estavam saindo de cena, havia a necessidade de alguns registros que seriam
reconhecidos como autorizados e dignos de uso na adoração.
O maior teste do direito de um livro estar no cânon era se ele tinha os sinais da
apostolicidade. Era ele escrito por um apóstolo ou por alguém ligado intimamente aos
apóstolos, como Marcos, o autor do Evangelho de Marcos que contou com a ajuda do
apóstolo Pedro. A eficácia do livro na edificação quando lido publicamente e sua
concordância com a regra da fé serviam de testes também. Na análise final, o que contava
para a decisão sobre que livro deveria ser considerado canônico e dignos de serem
incluídos no Novo Testamento era a verificação histórica de autoria ou influência apostólica
ou a consciência universal da igreja dirigida pelo Espírito Santo.

4.4. Liturgia - Muitos convertidos vindos das religiões de Mistério também


contribuíram para o desenvolvimento do conceito da separação do clero dos leigos, ao
destacaram a santidade da posição dos bispos. A Ceia do Senhor e o Batismo tornaram-se
ritos que somente poderiam ser dirigidos por um ministro credenciado. Ao se desenvolver a
idéia da Ceia como um sacrifício a Deus, fortaleceu a santidade superior d bispo
comparado com os membros comuns da igreja. O desejo de ser batizado era o único
requisito, mas, ao final do segundo século, acrescentou-se um período probatório como
catecúmeno a fim de provar a realidade da experiência do convertido. Neste período de
provação, os catecúmos assistiam aos cultos no vestíbulo final do templo e não podiam
cultuar no santuário. O batismo em geral era por imersão; às vezes por afusão ou
aspersão. O batismo infantil, que Tertuliano criticava e Cipriano apoiava, e o batismo
clínico (de doentes) surgiram neste período. O surgimento de um ciclo de festas no ano
eclesiástico é também deste período.

 
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A Páscoa, nascida da aplicação da Páscoa judaica à ressurreição de Cristo,


parece ter sido a primeira destas festas. Só depois de 350, o Natal foi aceito como uma
festa cristã e, então purificado dos elementos pagãos que o compunham. A quaresma, um
período de 40 dias, anteriores a Páscoa, de penitência e contenção dos apetites da carne,
foi aceita como parte do ciclo litúrgico das igrejas depois da adoção do Natal.

5. CONCLUSÃO

Sem dúvida a Igreja Primitiva tinha muitos pontos fortes que merecem ser
elogiados. A Igreja Primitiva era uma igreja hospitaleira; uma igreja engajada em missões;
uma igreja fervorosa e unida que persevera em oração; uma igreja centrada na defesa do
Evangelho; uma igreja que colocava a causa da obra de Deus em primeiro lugar; uma
igreja que não recuava diante da oposição e enfrentava com vigor as ameaças e as
perseguições, a Igreja Primitiva viu seus grandes líderes sendo um a um martirizado, mas
manteve firme seu compromisso com Cristo. Além disso, obviamente a Igreja Primitiva teve
um papel fundamental para que o Evangelho chegasse até nós e hoje pudéssemos estar
aqui servindo ao Senhor.
A Igreja Primitiva tinha os seus problemas e era duramente atacada por heresias
disseminadas por falsos mestres e algumas vezes suas comunidades acabavam abrigando
essas pessoas. Em algumas comunidades havia problemas doutrinários, éticos, casos de
divisão e imoralidade, também perdiam o fervor e se tornavam apáticas. Na verdade,
as sete igrejas do Apocalipse mostram de forma clara alguns dos problemas enfrentados.
Das sete igrejas da Ásia Menor, apenas duas não são repreendidas pelo Senhor
Jesus. Inclusive, parte importante dos escritos do Novo Testamento foi dada justamente
para corrigir erros graves que prejudicavam a vida.
Mas apesar de todos os seus problemas, a Igreja Primitiva prevaleceu e foi a
primeira base missionária que internacionalizou a pregação do Evangelho. Um grupo inicial
de pouco mais de cem pessoas em Jerusalém no primeiro século, se tornou uma multidão
incontável dedicada a fazer com que o nome de Cristo fosse glorificado.
Isso mostra que a realidade da Igreja não repousa sobre as habilidades humanas.
A principal qualidade da Igreja está no fato de ela ter sido alcançada pela graça de Deus. A
Igreja pertence ao Senhor e Ele é quem preserva o seu povo firme até o fim (1 Coríntios
1:8). Foi assim com a Igreja Primitiva, é assim com a Igreja atual, e continuará assim até o
dia em que Cristo vier buscar a sua Igreja.
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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 APOSTILA EVANGELHO QUADRANGULAR – ATOS DOS APÓSTOLOS
(EDIÇÃO 2011)
SECRETARIA GERAL DE EDUCAÇÃO E CULTURA – IEQ
 BÍBLIA SAGRADA KING JAMES 1611 com Estudo Holmam
 https://estiloadoracao.com/igreja-primitiva/
 https://monografias.brasilescola.uol.com.br/religiao/a-igreja-primitiva.htm

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