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SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 –
NASCIMENTO DA IGREJA ROMANA E SUAS TRADIÇÕES
Após isso, a Igreja de Roma passou a ter muito mais poder político, militar
e religioso acima das demais igrejas que existiam antes dela. Desta feita, o
Imperador Teodósio emitiu um decreto ditatorial:
1. Igreja Católica Ortodoxa Ucraniana: Esta igreja é uma das maiores igrejas
ortodoxas católicas e tem uma presença significativa na Ucrânia, com
comunidades em vários outros países também.
1
SHELLEY, Bruce. História do Cristianismo. Pag 116-117.
7
3. Igreja Católica Ortodoxa Bizantina: Esta igreja tem suas raízes nas
tradições bizantinas e é composta principalmente por comunidades de
origem grega, ucraniana, romena e outras.
2
Biblia Sagrada. Marcos 7.13.
8
CAPÍTULO 2 –
JESUS FUNDOU A CATÓLICA ROMANA? PEDRO FOI O PRIMEIRO PAPA?
Não, Jesus nunca fundou a Igreja Católica Romana. No livro de João 2.19,
Jesus diz “Destrua este templo, e, em três dias, Eu o reconstruirei”. Entretanto,
os judeus não entenderam o que Jesus estava querendo dizer, e no versículo 20
replicaram: “Em quarenta e seis anos foi construído este templo, e tu afirmas que
em três dias o levantarás? E no versículo 21, João reafirma que Jesus estava se
referindo ao templo do seu corpo.
No momento em que Jesus fosse morto e depois ressuscitado, Ele o faria
de seu próprio corpo o templo do Espírito Santo. Está era a igreja que Cristo iria
construir, o nosso próprio corpo. Mais tarde, o apostolo Paulo reafirma isso
dizendo no livro de 1 Corintios 3.16: “Não sabeis vós que sois templo de Deus e
que o Espiríto Santo habita em vós?” Paulo estava se referindo ao nosso corpo.
Todas as vezes que os cristãos se reúnem como uma congregação, ali
existe uma igreja. Está é a igreja de Cristo e não uma instituição feita por
homens, como a Igreja Católica Romana.
Para endossar isso, no livro de Mateus 18.20, Jesus diz: “Porque, onde
estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou EU no meio deles”. No
livro de Hebreus 10.25 também diz: “Não deixemos de nos reunir COMO igreja..”
Para enfatizar mais ainda, no livro de Atos 7.48, diz: “Todavia, o Altíssimo
não habita em templos feitos por mãos humanas”. Desta feita, como pode a
instituição Católica Romana ser a única igreja de Cristo? Como é possível ela
ser fundada por Cristo? Não faz sentido.
Os católicos romanos, para enfatizar que Pedro foi o primeiro papa, usam
como base o livro de Mateus 16.18-19, que diz: “Pois também eu te digo que tu
és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não
prevalecerão contra ela; E eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que
ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será
desligado nos céus”.
Entretanto, se formos fazer uma análise melhor do contexto bíblico deste
capítulo, veremos que isso não favorece a crença dos católicos romanos.
11
Perceba que Jesus se tratou de uma revelação, que não partiu de Pedro,
mas do Deus Pai. E logo em seguida Jesus afirma: “Pois também eu te digo que
tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno
não prevalecerão contra ela”.
A pedra é o próprio Cristo, Jesus estava se referindo a revelação que
Pedro recebeu, de que Jesus era o Cristo e filho do Deus vivo. É sobre essa
pedra (Cristo) que a igreja seria edificada.
No livro do próprio apostolo Pedro, em 1 Pedro 2.4, Pedro chama Jesus
de pedra viva e eleita por Deus: “E, chegando-vos para ele, pedra viva,
reprovada, na verdade, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa”.
Mais adiante, no versículo 6, Pedro reafirma que Jesus é a pedra em que
devemos crer, é a pedra que a igreja deve crer: “Por isso também na Escritura
se contém: Eis que ponho em Sião a pedra principal da esquina, eleita e
preciosa; e quem nela crer não será confundido”.
A igreja jamais seria alicerçada em cima de um homem pecador, que é
Pedro, mas em cima do Messias, que é Jesus, o eleito de Deus. A pedra
preciosa.
Mas muitos católicos romanos poderão dizer: “Por qual motivo então
Jesus entregou as chaves dos céus para Pedro em Mateus 16.19?” A resposta
é muito simples, Jesus não entregou somente para Pedro, mas para todos os
12
cristãos que o recebem como o Cristo, filho de Deus vivo, assim como descrito
em Mateus 18.18.
Vale lembrar que Pedro atuou pouquíssimo em Roma, a maior parte do
seu ministério foi em outras regiões.
Após a ascensão de Jesus, Pedro foi uma figura central na formação da
comunidade cristã em Jerusalém. Ele pregou o primeiro sermão após o
Pentecostes, que é descrito no livro de Atos dos Apóstolos, capítulo 2. Pedro
desempenhou um papel de liderança na igreja primitiva em Jerusalém.
Pedro também foi envolvido na evangelização da região da Samaria,
conforme registrado no livro de Atos. Ele e João foram enviados pelos apóstolos
em Jerusalém para orar pelos samaritanos e impor as mãos sobre eles para que
recebessem o Espírito Santo.
Pedro visitou várias partes da Ásia Menor durante suas atividades
missionárias. Estando presente em lugares como Antioquia, Bizâncio (atual
Istambul) e outras cidades da região.
Históricamente, quem atuou mais em Roma foi o apóstolo Paulo. Paulo,
ao escrever para os cristãos de Roma na década de 50 do século 1, em nenhum
momento menciona a presença de Pedro na cidade.
Mas para não ser injusto, autores como Irineu de Lyon ressalta o trabalho
de ambos os apóstolos em Roma, não só de Pedro. Em sua obra "Contra as
Heresias", Irineu menciona que a comunidade cristã em Roma foi fundada e
organizada pelos apóstolos Pedro e Paulo, atribuindo a ambos um papel
significativo na formação e estabelecimento da igreja em Roma.
Irineu enfatiza que a competência e autoridade da igreja de Roma
derivavam dessa fundação conjunta pelos dois apóstolos. Ele destaca a
importância de Pedro e Paulo como pilares da fé cristã e ressalta sua presença
e influência na comunidade romana.
Essa afirmação de Irineu reflete a visão e a tradição da igreja primitiva de
que Pedro e Paulo desempenharam papéis cruciais na disseminação do
cristianismo e no estabelecimento de comunidades cristãs em várias regiões,
incluindo Roma. Eles eram considerados figuras proeminentes e autoridades
apostólicas, e sua associação com a fundação da igreja em Roma concedia
grande prestígio e autoridade à comunidade cristã romana.
13
Mas como Pedro se tornou papa da igreja católica romana? Nos primeiros
séculos do cristianismo, não havia um único líder supremo sobre toda a Igreja
Cristã. Em vez disso, houve uma diversidade de líderes, como bispos e
presbíteros, que compartilhavam a responsabilidade pela liderança e
governança das comunidades cristãs.
No entanto, a Igreja de Roma, por sua posição como capital do Império
Romano e pelo prestígio associado a Pedro e Paulo, gradualmente ganhou
destaque e influência. Os bispos de Roma, passaram a exercer uma autoridade
crescente e a ser reconhecidos como líderes proeminentes na Igreja.
No século IV, a Igreja de Roma começou a assumir um papel de primazia,
sendo considerada a "Sede de Pedro" e tendo um papel central na tomada de
decisões importantes dentro da Igreja. O Concílio de Niceia, em 325 d.C.,
reconheceu a primazia de algumas igrejas, incluindo Roma, Alexandria e
Antioquia, com base em razões históricas e práticas.
Foi apenas no final do século V e início do século VI que o título de "papa"
(do termo grego "pappas", que significa "pai") começou a ser usado
exclusivamente para o bispo de Roma. O papa Leão I, conhecido como Leão
Magno, exerceu uma influência significativa e desempenhou um papel crucial na
defesa da autoridade e primazia do bispo de Roma.
Ao longo dos séculos seguintes, a autoridade e o poder do papado foram
se consolidando e se fortalecendo. O papado passou a ser reconhecido como a
mais alta autoridade na Igreja Católica Romana, com o papa sendo considerado
o sucessor de Pedro e o líder supremo da Igreja. A estrutura e as prerrogativas
do papado foram mais formalizadas e definidas ao longo da história, culminando
no estabelecimento das doutrinas e práticas associadas ao papado durante o
primeiro milênio do cristianismo.
O que a igreja católica romana fez para tornar Pedro um papa? Como dito
anteriormente, por muito tempo a igreja não tinha um líder máximo, mas sim
vários bispos e presbíteros. Com a chegada do título papal, concedido a uma
pessoa, que seria a autoridade máxima da igreja, a católica romana traçou uma
linha cronológica para trás, nomeando diversos líderes como “papa”, até chegar
em Pedro. Pedro nunca foi papa, e papa não existia naquela época, mas por
conta disso, por meio dessa nomeação feita com a linha cronológica para o
passado, Pedro e muitos outros líderes se “tornaram” papas.
14
CAPÍTULO 3 –
A IDOLATRIA E A INTERCESSÃO DOS SANTOS
3.1 IDOLATRIA
A bíblia incentiva que os cristãos que estão vivos na terram orem uns
pelos outros, ou intercedam uns pelos outros. Isto é válido! Agora, pessoas que
já se foram da terra e estão no mundo espiritual, jamais pode interceder por
alguém, pois nem sequer ela é onisciente e nem onipresente.
A idolatria aos santos, principalmente á Maria extrapola os limites dentro
da igreja católica romana, podemos citar alguns exemplos a seguir.
Afonso de Ligório, conhecido como Santo Afonso de Ligório, foi um bispo
católico italiano, teólogo e fundador da Congregação do Santíssimo Redentor,
também conhecida como Redentoristas. Ele nasceu em 27 de setembro de 1696,
em Marianella, perto de Nápoles, na Itália, e faleceu em 1º de agosto de 1787,
em Pagani, também na Itália. Ligório foi um escritor prolífico e é mais conhecido
por suas obras morais e devocionais. Seu livro mais famoso, "As Glórias de
Maria", reflete sua profunda idolatria por Maria e seu papel na fé católica.
3
Bispo Afonso de Ligório. Glórias de Maria, p. 76,77.
4
Ibid, p 152
16
Há ainda um padre com outra heresia bastante severa, que é o padre José
Rodrigues, autor do livro “Rezemos o Terço”, ele diz:
5
Ibid, p. 75
6
Ibid, p. 162
7
Ibid, p. 168
8
Ibid, p. 169
9
São Luis de Montfort - Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem, p. 34
17
Ora, sabemos muito bem que o único que é capaz de livrar alguém do
inferno é o próprio Jesus Cristo. Como o próprio Apóstolo Paulo afirma em
Romanos 4.25: “Ele foi entregue à morte por nossos pecados e ressuscitado
para nossa justificação.” Novamente Paulo reafirma em Romanos 8.1: “Portanto,
agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não
andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.”
Um grande padre famoso brasileiro, também demonstra sua idolatria por
Maria, é o Padre Marcelo Rossi. Padre Marcelo Rossi, cujo nome de batismo é
Marcelo Mendonça Rossi, é um sacerdote católico brasileiro conhecido por seu
trabalho como evangelizador, cantor e escritor. Ele nasceu em São Paulo, Brasil,
em 20 de maio de 1967.
O padre, em sua obra “Aprendendo a dizer sim com Maria”, chega a dizer
o seguinte:
10
Pd José Rodrigues. Rezemos o terço, p. 208.
11
Ibidem, p. 182
12
Pd Marcelo Rossi. Aprendendo a dizer sim com Maria, p. 07.
18
Entretanto, eles teimam em dizer que tudo isso é apenas uma “veneração” e não
uma adoração.
Se acaso alguém questionar algum católico sobre qual a diferença entre
veneração e idolatria, de certo ele falará sobre os termos: dulia, hiperdulia e
latria. A seguir, irei explicar de forma teórica como funciona esses termos.
Dulia, hiperdulia e latria são termos utilizados dentro do contexto da
veneração religiosa, principalmente no catolicismo, para descrever diferentes
formas de adoração e honra prestadas aos santos, anjos e a Deus.
3.2 INTERCESSÃO
No livro de Filipenses 1.23, o apóstolo Paulo afirma que ele desejava partir
e estar com Cristo, pois isso era muito melhor. Todavia, no versículo 24 do
mesmo texto, Paulo ressalta a importância de ele ficar vivo no corpo, por causa
dos cristãos, pois assim Paulo seria mais útil. Fazendo conexão com o referido
texto, temos também 2 Timóteo 4.7, onde Paulo fala a famosa frase “combati o
bom combate, encerrei a carreira, guardei a fé”. Ora, se Paulo encerrou a carreira
com a sua morte, que sentido faz a intercessão dos santos lá no céu? Mesmo
depois da morte, eles continuam trabalhando arduamente? Paulo ressalta que a
morte seria um descanso eterno com Cristo. Paulo só teria utilidade para a igreja
enquanto estivesse vivo aqui na terra, como ele bem ressalta em Filipenses 1.23.
Para a igreja católica romana, os santos estão no tempo Chronos, no Céu.
Se admitirmos por um instante que eles estejam conscientes e cientes do que
está acontecendo na Terra, isso não altera o fato de que somente Deus trabalha
no tempo Kairos, sem limites de tempo e espaço.
Kairos é o “tempo de Deus”, enquanto o Chronos é o “tempo dos homens”.
Só Deus trabalha no Kairos porque só Ele tem o atributo da Onisciência, um
atributo que pertence unicamente aquele que não tem início e nem fim, àquele
que existe de eternidade em eternidade. Mesmo no Paraíso, os mortos (incluindo
os tais “santos”) continuariam “presos” no tempo Chronos.
Isto significa que eles não têm tempo para ficar rezando por todo mundo
que pede a intercessão deles. Enquanto milhares, talvez milhões de pessoas,
pedem ajuda divina, eles não podem obter todas as bênçãos de cada um, já que
seu tempo é limitado, e não ilimitado como o de Deus.
É por isso que a Bíblia diz que, no Céu, Jesus Cristo e o Espírito Santo
são nossos intercessores diante de Deus (Rm.8:36; Jo.17:9; 1Co.14:14,15;
Rm.8:34). Mas por que a Bíblia diz que o Filho e o Espírito Santo são
intercessores nossos, mas nunca mostra a intercessão dos tais
“santos”? Porque, “coincidentemente”, Jesus Cristo e o Espírito Santo, como
Deus, trabalham no tempo Kairos.
Jesus e o Espírito Santo sim podem interceder por todos, ao contrário dos
“santos” que, mesmo se soubessem o que se passa na Terra (o que não sabem),
mesmo se pudessem ouvir a oração de todos simultaneamente (o que não
podem), mesmo se pudessem estar em vários lugares diferentes para interceder
por diferentes pessoais em locais opostos no globo (o que também não podem),
22
mesmo se a Bíblia desse um único exemplo disso (o que não dá), mesmo se a
Bíblia permitisse a comunicação com os mortos (o que não permite), mas mesmo
se eles conseguissem tudo isso ainda assim esbarraria no fato de que eles
trabalham no tempo Chronos e, por isso, não tem a mínima condição de rogar
por todos (na verdade não tem a mínima condição de rogar nem sequer por 1%
deles...). Não é coincidência que, no Céu, a Bíblia relata apenas dois
intercessores nossos, e ambos trabalham no tempo Kairos.
Tal mediador, sozinho, é o cabeça da igreja e o Sumo Sacerdote perante
Deus como nosso advogado. Seu nome é Cristo Jesus, e Ele é o nosso Senhor,
Salvador e irmão. Efésios 2:18 diz que “por ele [Jesus] ambos temos acesso ao
Pai por um Espírito”. Apenas mediante Jesus nós temos o acesso ao Pai. João
14:6 é bem claro em dizer que Jesus é “o caminho, a verdade e a vida; e ninguém
vem ao Pai a não ser por mim”. Perceba que Jesus disse que ele é O caminho,
e não “um” caminho, e para reforçar ainda mais a frase ele conclui dizendo
que “ninguém vem ao Pai senão por mim”. Absolutamente não há outro caminho!
Não existem outros mediadores!
Ora, para um "santo" morto atender às orações de alguém, muitas vezes
até mesmo em seu inconsciente, ele deve ter a onisciência. Contudo, esta
característica é um atributo exclusivo do Todo-Poderoso. Só Deus pode atender
várias orações ao mesmo tempo, pois isto é intrínseco à sua divindade.
A menos que os católicos não queiram considerar seus santos como semi-
deuses como faziam os pagãos, eles precisam negar tal atributo aos seus
santos. Se pudessem ouvir as orações que lhes são dirigidas em todas as partes
do do mundo, às vezes até em pensamento e no mesmo instante, teriam de ser
oniscientes (ter ciência de tudo). Mas, como vimos, eles não têm esse poder.
Onipresença. Ora, para um “santo” morto ouvir as orações de pessoas
que rezam a eles simultaneamente no Brasil, na Arábia, no Cazaquistão, no
Triangulo das Bermudas e na casa do papa eles devem estar cientes do que
acontece em todos os lugares, tendo assim o atributo da onipresença. Contudo,
esse é novamente outro atributo exclusivo do Todo-Poderoso. Todavia, recorrer
a “santos” é lhes atribuir poderes de Deus, considerando-os deuses. De novo, a
idolatria.
23
CAPÍTULO 4 – PURGATÓRIO
que pode fazer propiciação pelos pecados humanos, e isso é feito através do
seu sacrifício na cruz. Logo, a ideia de purgatório se torna inútil, visto que
somente Cristo pode sofrer e pagar pelos pecados humanos, sendo impossível
dos seres humanos sofrerem para pagarem pelos seus próprios pecados no
purgatório. Isto anula totalmente o sacrifício de Cristo na cruz.
Em Hebreus 9.28, afirma que Cristo foi oferecido em sacrifício uma única
vez, para tirar os pecados das pessoas. Ora, se o sacrífico de Cristo nos justifica
de toda e qualquer mácula do pecado, qual a razão do purgatório?
Em Hebreus 6.4-6, afirma que aqueles que foram participantes do Espírito
Santo, foram iluminados, experimentaram toda a bondade e palavra de Deus,
mas caíram, é impossível que sejam renovados ao arrependimento. Pois assim,
de novo crucificam Jesus Cristo e o expõem ao vitupério. Dito isso, qual a razão
do purgatório?
Mais uma vez eu repito, ou você está com Cristo ou não está, não existe
meio termo. Se você morrer em Cristo, logo você é justificado por meio do
sacrifício de Cristo na cruz, podendo assim adentrar direto ao céu. Se você morre
sem Cristo, manchado pelo pecado pela falta de arrependimento, a cruz de
Cristo não lhe serviu em nada, logo sua expectativa no pós morte é o inferno e
não o purgatório.
A doutrina do purgatório, por outro lado, sugere que as almas devem
passar por um processo de purificação e expiação antes de entrarem no céu.
Isso implica que a salvação não é alcançada somente pela graça divina, mas
também requer uma ação humana ou uma forma de pagamento pelos pecados
cometidos durante a vida.
Essa visão do purgatório levanta questões sobre a própria natureza da
graça divina e da misericórdia de Deus. Se a salvação é um presente gratuito e
incondicional oferecido por Deus, por que seria necessário passar por um
processo de purificação adicional?
Além disso, a doutrina do purgatório também pode levar a uma
mentalidade de "obras" em oposição à "fé". As pessoas podem sentir que
precisam realizar boas obras ou penitências para garantir sua entrada no céu,
em vez de confiar na graça de Deus. Isso pode desviar o foco do relacionamento
pessoal com Deus e da confiança na sua misericórdia. É por isso que a ideia de
purgatório, além de anular o sacrifício de Cristo na cruz, é totalmente antibiblica.
30
Essa doutrina conflita diretamente com as escrituras, com tudo que Jesus
ensinou e com tudo que os apóstolos ensinaram.
O purgatório contradiz o sacrifício de Cristo na cruz. De acordo com as
escrituras, Jesus Cristo morreu na cruz para redimir a humanidade, pagando o
preço pelos pecados e abrindo o caminho para a salvação eterna.
A doutrina do purgatório sugere que, após a morte, as almas ainda
precisam passar por um processo de purificação para alcançar a santidade antes
de entrar no céu. Isso levanta a questão de como esse processo de purificação
se relaciona com o sacrifício de Cristo. Se Cristo já pagou o preço pelos pecados
da humanidade, por que seria necessário passar por uma purificação adicional
no purgatório?
A existência do purgatório diminui o significado e a eficácia do sacrifício
de Cristo. Se as almas ainda precisam passar por um processo de purificação,
parece implicar que o sacrifício de Cristo não foi suficiente para redimir
completamente os pecados. Isso pode sugerir que a salvação é alcançada não
apenas pela fé em Cristo, mas também por meio de uma contribuição humana
adicional.
Claramente, esse ensinamento carece de base bíblica, embora alguns
apologistas católicos tenham sido habilidosos em reinterpretar textos bíblicos
para sustentar essa doutrina exclusiva da Igreja Romana (Quando menciono
'exclusivamente romana', estou me referindo ao fato de que nem a Igreja Católica
Ortodoxa Oriental nem qualquer igreja protestante adotam essa doutrina,
tornando-a exclusiva da Igreja Romana). O principal texto distorcido pelos
apologistas romanos é aquele sugerido no próprio Catecismo Católico:
13
§1031 do Catecismo Católico.
31
CAPÍTULO 5 –
FORMAÇÃO DO CANÔN BÍBLICO E A ADULTERAÇÃO CATÓLICA DO
ANTIGO TESTAMENTO
14
Yves Congar, Tradition and Traditions (New York: Macmillan, 1966), p. 38.
41
Até mesmo São Jerônimo, tradutor da vulgata latina (bíblia dos católicos),
não aceitava muitos desses 7 livros a mais, e ainda fez uma distinção entre eles:
Por mais que ele tenha traduzido os livros da septuaginta, não significa
que São Jerônimo acreditava que todos eles eram canônicos, pois como dito
anteriormente, ele mesmo fez distinção entre esses livros.
15
New Catholic Encyclopedia, Vol II, p. 390.
16
Idem.
17
Idem.
42
18
Manual de História da Igreja, Vol. IV, p. 157
45
pura (Sl 19.7-8), devemos aprender "a não ir além do que está escrito" (1 Co 4.6,
um princípio muito semelhante a Dt 29.29).
O apóstolo Pedro, sabendo que sua morte estava muito próxima,
conforme lhe fora revelado (2 Pd 1.14), fez questão de escrever aos cristãos (2
Pd 1.15; 3.1), buscando firmá-los na revelação que já havia sido dada (2 Pd 3.2),
orientando-lhes a se apegarem à verdade das Escrituras (2 Pd 1.19-21) e se
acautelarem com os falsos profetas que viriam (2 Pd 2.1). Porém, nada disso
Pedro necessitaria fazer, se ele sequer imaginasse que haveria sucessores em
sua missão apostólica, que iriam se deleitar em cima de uma suposta
infalibilidade.
Tudo isto seria uma perda de tempo, se Pedro houvesse ensinado
àquelas comunidades cristãs a seguirem incondicionalmente um "sucessor"
infalível ou uma hierarquia situada em determinada cidade (como Roma,
Antioquia, Alexandria, Jerusalém, etc).
Se Pedro escreveu o seu ensino para que as futuras gerações
lembrassem (2 Pd 1.13-15; 3.1-2), como nós lembramos atualmente do que os
apóstolos ensinaram? Será escutando a Roma? Será lendo o que dizem os
denominados "pais da Igreja"? Será lendo bulas e decretos papais? Óbvio que
não! Lendo o Novo Testamento, escrito pelos próprios apóstolos!
Quando os católicos que odeiam a doutrina do Sola Scriptura citam a
tradição apostólico, todos eles caem em contradição, pois nós protestantes,
jamais negamos a tradição apostólico, somente negamos aquilo que confronta
com as sagradas Escrituras.
Os católicos, fazendo uso de forma errônea de 2 Ts 2.15, argumentam
que suas tradições não são tradições meramente humanas (como aquelas que
o Senhor Jesus condenou em Mt 15.1-3,9 e em Mc 7.5-13), mas são aquelas
tradições que o apóstolo faz menção positivamente.
Todavia, eles se enganam, porque falta-lhes um princípio básico: Como
poderíamos determinar nos dias atuais se uma tradição é apostólica ou
meramente humana? A resposta simples a esta questão é por demais óbvia: Só
podemos determinar pelas Escrituras! Ou, em outras palavras: Sola Scriptura!
Esta é uma lógica irrefutável da qual os inimigos da bíblia não podem fugir, sob
pena de serem anatematizados por Paulo, mediante as palavras de Gálatas 1.8,
por estarem pregando um outro evangelho.
48
ter confessado que Ele o era, mas meramente reconheceu sua condição gloriosa
de Cristo. Assim também, posteriormente, a Igreja Cristã não fez a Bíblia ser
inspirada e nem a tornou Palavra de Deus, mas meramente reconheceu o cânon,
como as ovelhas reconhecem a voz do seu Pastor (João 10.4,16).
Perceba também, que toda vez que existia um conflito doutrinário, o
próprio Senhor Jesus apelava para a autoridade das Sagradas Escrituras (Mt
22.29, "Errais não conhecendo as Escrituras..."; Mc 12.10,24). E Ele mesmo nos
deu exemplo ao resistir e refutar a todo erro com a Palavra de Deus, exatamente
como Jesus fez com Satanás (Mt 4.4,7,10, "Está escrito"..."também está
escrito"... "porque está escrito"). Jesus estava nos ensinando a nunca nos
afastarmos daquilo que as Santas Escrituras nos ensinam, para que assim não
viéssemos a crer no erro, cair nas ciladas de Satanás ou aceitar suas mentiras.
Com efeito, todos os cristãos devem agir assim (Ef 6.17), pois todos os
verdadeiros servos de Deus estimam de maneira especial a Palavra (Sl 119.140;
Jo 14.23; Jo 10.27) e, através do conhecimento da Bíblia, evitam pecar contra o
seu Deus (Sl 119.11; Jo 10.27).
A palavra de Deus, sua vontade, sua verdade é toda revelada por meio
de sua palavra, (v. Jo 17.17; Sl 119.142,167), não se pode comparar às opiniões
dos homens (Nm 23.19; Rm 3.4; 1 Jo 5.9a) ou tradições humanas que surgem
no meio do povo de Deus (Mt 15.3ss; Mc 7.7-9; Cl 2.8), visto que todos os
homens são passíveis de erro (Sl 116.11) e "mais leves que a vaidade" (Sl 62.9).
É por esse motivo, nós que somos adeptos ao Sola Scriptura, rejeitamos
tudo que não está de acordo com esta regra infalível (Is 8.20; Gl 1.8; At 17.11;
At 24.14; Sl 119.105), a saber, a Sagrada Escritura inspirada (2 Tm 3.16),
conforme os apóstolos nos ensinaram: "Provai os espíritos se procedem de
Deus" (l Jo 4.1). E: "Se alguém vem ter convosco e não traz esta doutrina, não
o recebais em casa" (2 Jo 10).
Por fim, é certo dizer que “o que Deus diz, a Escritura diz"! A Suprema
Autoridade das Escrituras fica evidente ao analisamos as citações e as fórmulas
utilizadas pelos escritores neo-testamentários ao mencionarem as Escrituras:
"Deus diz", "O Espírito Santo diz", e tantas outras (cf.At 3.24, 25; 2 Co 6.16; At
1.16). Percebe-se, por tais fórmulas, que "O que Deus diz" e "o que as Escrituras
dizem" é exatamente [e sempre] a mesma coisa. Daí o porquê de algumas vezes
a Escritura ser mencionada de forma personificada, tal como Deus falando por
51
si mesmo (Gl 3.8; Rm 9.17). E é por isso que a Escritura é autoritativa (2 Pd 1.19-
21)! O "Assim diz o Senhor", que confirma nossa fé, bem por esse motivo que
expomos, só encontramos nas Escrituras.
Apesar de ser consenso acadêmico que não dá pra provar uma citação
explícita na patrística do tipo "Sola Scriptura reina" ou algo assim, sabemos,
porém, que os pais só começam a invocar a autoridade dos outros no século IV
adiante, antes disso, eles preferem dar preferência e primazia a Escritura, apesar
de não ter um cânon 100% definido universalmente, quem muito comenta sobre
isso é J.N.D. Kelly que nos diz:
19
E . g., Irineu, haer. 2.26.1; Tertuliano, de praescr . 14.1-3.
52
20
Patrística: Origem e Desenvolvimento das Doutrinas Centrais da Fé Cristã. Pág 20
53
mantida entre ambas. Outros temas estão intrinsecamente atrelados a este, tais
como o papel da razão na elaboração da verdade cristã, mas delimitar-nos-
emos, apropriadamente, ao cerne deste assunto.
O próprio Deus, como todos os teólogos primordiais concordavam,
detinha o papel de autor último da revelação. Todavia, Ele a confiou a profetas
e legisladores inspirados, acima de todos, aos apóstolos, testemunhas visuais
do Verbo encarnado, incumbidos de transmiti-la à congregação. Assim, quando
inquiridos acerca do locus da autêntica fé, sua retórica ressoava clara e
insofismável: em linhas gerais, residia na ininterrupta tradição de ensinamento
da Igreja e, de modo mais completa, nas Sagradas Escrituras. Estas, de fato, se
configuravam como as autoridades geminadas — cuja sobreposição, conforme
explanaremos, se delineava — nas quais os adeptos cristãos buscavam a
ratificação de suas crenças. Singularmente, contudo, esta assertiva se revela
algo lacônica, carecendo de elucidativos para que suas implicações sejam
inteiramente discernidas.
Três pontos demandam destaque nesta análise. Em primeiro plano,
desponta a autoridade doutrinária conferida ao Antigo Testamento,
fundamentada na pressuposição aparentemente inquestionável de que, quando
interpretado de maneira apropriada, este constituía um livro intrinsecamente
cristão. A percepção de que os profetas, em particular, testemunhavam a Cristo
e Sua magnificência era difundida. A assertiva de Justino,21 que as Escrituras
pertenciam não aos judeus, mas aos cristãos, era uma crença universalmente
compartilhada.
Segundo essa premissa só se sustentava devido à adoção, consciente ou
inconsciente, de um método exegético específico pelos cristãos. Neste
momento, ressalta-se que o Antigo Testamento em si não o continha nem o
professava explicitamente. Os apologistas que alegavam terem se convertido ao
cristianismo exclusivamente por meio do estudo das Escrituras (ou seja, o Antigo
Testamento) estavam, indiscutivelmente, indo além do que os fatos
corroboravam. Eles, sem dúvida, liam as Escrituras com a perspicácia
21
1 apol. 32.2; diaL 29.2
54
22
6.9; 9.8; 10.10; 13.7.
23
1 apol 50.12
24
42.
25
E .g . ,1 apol 42.4; 50.10; 53.3; 67.7; dial 53.1
26
Sim . 9.17.1
55
o Filho de Deus era proclamado em todo o mundo. Portanto, não causa surpresa
encontrarmos Inácio,27 uma geração anterior, enfatizando a conformidade com
o Senhor e Seus apóstolos como um ideal; não importa que, inicialmente, ele
provavelmente tivesse em mente instruções de natureza ética.
Uma manifestação prática dessa postura era o notável interesse pelas
recordações pessoais dos apóstolos de Cristo. Papias,28 por exemplo, esforçou-
se ao máximo para obter o ensinamento exato de Jesus, consultando os
"anciãos". Outro indício desse enfoque era o elevado prestígio das epístolas
paulinas e dos evangelhos. Embora ainda não tivessem sido formalmente
canonizados, a frequência com que eram citados nesse período é reveladora.
Policarpo29, por exemplo, considerava a carta de Paulo aos filipenses como o
alicerce de sua fé; e para Justino,30 os evangelhos derivavam sua autoridade do
fato de serem as "memórias" (apomnêmoneumata) dos apóstolos. Justino31
também se baseava neles para explicar a necessidade do batismo e a maneira
de celebrar a eucaristia.
Outros dois pontos merecem destaque. Primeiramente, embora
formalmente separassem as Escrituras (ou seja, o Antigo Testamento) e o
testemunho apostólico, esses pais pareciam tratar o conteúdo de ambos como
praticamente coincidentes. O que os apóstolos testemunharam como
testemunhas oculares, os profetas já haviam predito em detalhes nas Escrituras.
Era suficiente buscar nas Escrituras para evidenciar que não havia um único
elemento na mensagem dos apóstolos que não tivesse sido previsto pelos
profetas.
Segundo o testemunho apostólico ainda não era referido como "tradição".
Embora Clemente32 tenha mencionado a "regra de nossa tradição", o termo
"paradosis" era raramente utilizado neste período. Justino 33 usou-o uma única
vez, apenas para se referir à tradição dos mestres judeus. O verbo relacionado,
"paradidonai", era mais comum, mas carecia de um significado específico.
27
E . g . , Eph \\.2 \Magn . 13.1; Trall 7.1
28
Cf. Eusébio, hist. eccl. 3.39.3s.
29
Phil. 3.2.
30
1 apol. 66.3; dial 103.8.
31
1 apol 61.9; 66.1-3.
32
7.2.
33
Dial 38.2.
56
34
Phil. 7.2
35
1 apol 49.5
36
Ibidem , 66.3
37
E. g., Justino, 1 apol 53.6; dial 42.1
38
Haer. 3.1.1
39
Ibidem , 2.27.2
40
Ibidem , 1.8.1; 1.9.1-4
57
41
Cf. ibidem, 2.35.4; 3.praef.; 3.2.1; 3.5.1; 4.praef.l; 5.praef
42
Ibidem, 3.praef.; 3.1.1.
43
Ibidem, 1.9.4.
44
De cor. 3s
45
De virg. vel. 2.
58
vez que os apóstolos registraram sua pregação oral nas epístolas.46 Portanto, as
Escrituras detinham uma autoridade absoluta; tudo o que ensinavam era
necessariamente verdadeiro,47 e aquele que aceitasse doutrinas que não
estivessem presentes nelas estava sujeito à desgraça.48
Tertuliano considerava que essa tradição não-escrita era essencialmente
equivalente à "regra de fé" (regula fidei) e a preferia como padrão em suas
contendas com os gnósticos. Vale ressaltar que, ao mencionar a "regra de fé",
ele não se referia a um credo formal, como alguns eruditos podem imaginar, mas
sim ao formato e ao padrão inerentes à própria revelação. Suas citações 49 da
regula demonstram que, quando expressa em sua totalidade, ela delineava
claramente as verdades essenciais sobre Deus Pai, Jesus Cristo e o Espírito
Santo. Portanto, para Tertuliano, a regula desempenhava um papel semelhante
ao que "o cânon da verdade" era para Irineu, embora ele tenha dado um maior
destaque a esse conceito. Tertuliano afirmava explicitamente 50 que a regra havia
sido transmitida por Cristo através dos apóstolos e insinuava que ela podia ser
usada como critério para determinar se alguém era verdadeiramente cristão. 51
Além disso, a regula indicava o caminho para uma interpretação correta
das Escrituras. Semelhante a Irineu, Tertuliano estava convicto 52 de que as
Escrituras eram harmoniosas em todas as suas partes, e seu significado deveria
ser claro quando lidas como um todo.
46
De praescr. 21.
47
De carn e Chr. 3; adv. Prax. 29.
48
Adv . Hermog. 22; de carne Chr. 6.
49
Cf. de praescr. 13; de virg. vel 1; adv. Prax. 2.
50
Apol 47.10.
51
De praescr. 37.
52
E . g., ibidem , 9s; de resurr. 21; adv. Prax. 26.
53
Strom. 7.16.93.
59
54
E . g .,de princ. l.praef.10; 1.5.4; 2.5.3.
55
C. Cels. 3.15.
56
De princ. 3.6.6.
57
C. gent. 1: cf. de syn. 6.
58
Cat. 4.17.
59
In CoL. hom . 9.1; in 2 Thess. hom . 3.4 (PG 62,361; 485).
60
De doct. christ. 2.14.
61
Common. 2
60
O que será que as escrituras falam sobre isso? Será que a igreja católica
nos deu a bíblia ou escolheu o Cânon bíblico? É isso que abordarei neste
capítulo.
O grande debate sobre a doutrina do Sola Scriptura passa por uma
questão muito simples: os evangélicos vão dizer que a escritura possui
autoridade por si só, o texto bíblico deste modo é autoritativo. Cremos então, que
ninguém precisou dá autoridade às escrituras, e sim que a escritura já tem
autoridade por ser a revelação de Deus
Para os católicos romanos não é bem assim: ensina-se que os católicos
escolheram e definiram as escrituras e nesse processo criaram o Cânon do Novo
Testamento. É comum ouvir muitos católicos dizendo que foi a igreja que nos
deu a bíblia e que a igreja nos entregou o Cânon do Novo Testamento, logo a
conclusão é que nós, evangélicos - protestantes, somos ingratos. Isso porque
nós usamos as escrituras que supostamente veio do magistério da igreja
católica.
Esse tipo de percepção católica romana acaba passando por cima dos
escritos do Novo Testamento e os escritos pós apostólicos (Pais da igreja, por
exemplo) de como se interpretava as escrituras. Nisso, a igreja católica deveria
então, receber todo o mérito de ter inventado, criado e/ou definido o que é o
Cânon do Novo Testamento.
O problema é que já no Novo Testamento os apóstolos entendiam que
eles estavam escrevendo o que seria a palavra de Deus, isso surge tanto a partir
daquilo que eles escreviam quanto do próprio contexto das escrituras, e aquilo
que o Antigo Testamento tinha, lança luz no Novo Testamento.
No livro "A Heresia da Ortodoxia" 62 escrito por Andreas Köstenberger fala
muito bem sobre a formação do Cânon, talvez seja um dos melhores disponíveis
em português.
No livro ele possui três capítulos explicando como se tinha a esperança
de uma nova escritura, de novos escritos, ele tem uma série de argumentos, mas
um que achei interessante:
62
A Heresia da Ortodoxia
61
Nós sabemos que no AT Deus fazia alianças com seu povo e que talvez
a aliança seja uma das grandes estruturas bíblicas tanto no AT quanto no NT.
Nós temos a Antiga Aliança do pacto de Deus com Moisés e Cristo trás a Nova
Aliança, os judeus sabiam que toda aliança feita era uma aliança que cobrava a
escrituração.
Os termos também eram definidos de forma escrita, você pode imaginar
por exemplo no decálogo nos dez mandamentos ou mesmo em todo livro de
Deuteronômio como textos da aliança. Todo o AT representa o registro da
aliança de Deus com o homem, se há uma nova aliança, se há um novo pacto,
isso significa que haveria uma nova escritura, que haveria uma adição neste
texto escrito no pacto entre Deus e o homem.
Alguns teóricos vão dizer que não existe nada que cobrasse a existência
do NT, porém, os autores vão argumentar que a nova aliança precisaria
necessariamente de uma nova escritura, mas não só isso, as obras de redenção
no AT também eram obras que estavam atreladas a registro histórico, registro
inspirado por Deus através da redenção. Toda a história dos judeus e aquilo que
Deus estava fazendo no mundo foi registrado justamente pelo seu poder e pelo
seu impacto em transformar aqueles judeus que estavam relacionados com
aquilo, se há uma redenção que se manifesta em Cristo Jesus, é de se esperar
que a vinda do Messias também traga novo registro bíblico sobre a sua obra e a
sua história. Se a sombra do AT se tornou um registro da palavra de Deus, a
nova aliança concreta em Cristo também cobraria uma nova escritura. Se o tipo
tinha um registro bíblico, o anti-tipo também deveria ter um registro. Se a profecia
era registrada como palavra de Deus, o cumprimento da profecia também
deveria ser registrado como palavra de Deus
A tese de Andreas Köstenberger é que havia uma expectativa de uma
nova escritura nesse processo de construção daquilo que Deus estava fazendo
no mundo. Será que os apóstolos concordavam com isso?
Quando lemos o NT percebemos que quando os apóstolos escreveram,
eles estavam cientes que eles estavam escrevendo o que seria a palavra de
Deus e não simplesmente cartas comuns, eles sabiam que aquilo que estava
sendo escrito e que todo esse corpo, todo esse cervo de textos apostólicos era
62
tanto palavra de Deus quanto a escritura e o AT. Isso significa que eles tinham
uma expectativa de que aquilo que estava sendo escrito seria também recebido
como um texto autoritativo sobre a igreja e sobre o povo de Deus.
Em 2° Pedro 3:16 você encontrará Pedro tratando os escritos de Paulo
como escrituras, assim como no AT, em peso e em autoridade, ele diz:
aquilo que ele fazia era transmitir o evangelho recebido por revelação do próprio
Cristo Jesus e com isso ele transmitia o evangelho para o povo de Deus.
Por isso que em 2° Pedro 3:2, Pedro pode falar com muita segurança que
o mandamento do Senhor e Salvador foi ensinado pelos vossos Apóstolos, os
apóstolos ensinavam esse mandamento com autoridade de palavra de Deus,
com autoridade do próprio Cristo falando por meio deles.
Em 1° Coríntios Paulo diz:
com peso e autoridade igual a do Antigo Testamento, e isso não é algo que foi
definido posteriormente pela igreja, isso é algo que já era expectativa dos
próprios Apóstolos sobre aquilo que eles escreviam, tanto que os apóstolos
cobram que suas cartas fizessem parte da leitura pública dos cultos, isso parte
do contexto de culto judaico onde tinham o costume da leitura pública da torá, lê
publicamente o livro da lei, Paulo ordena que suas cartas fizessem parte da
leitura do culto. Ele diz:
"Eu vos suplico pelo Senhor que está carta seja lida a todos
os irmãos". (1 Te 5:27)
Em 2° Coríntios 10:9 Paulo deixa entender que a carta seria lida a todos
os irmãos no contexto de culto:
"Depois de lida entre vós, fazei com que esta carta também
seja lida na igreja dos laodicenses; e procurai ler também
a carta de Laodiceia." (Cl 5:16)
63
Contra as Heresias, 3.12.12
64
Contra as Heresias, 3.12.12
65
Contra as Heresias, 3.11.9
67
CAPÍTULO 7 –
EXTRA ECCLESIA NULA SALUS
A expressão "Extra Ecclesiam nulla salus" é uma frase latina que pode ser
traduzida como "Fora da Igreja não há salvação". Essa expressão tem raízes na
doutrina da Igreja Católica e representa uma crença importante dentro do
cristianismo.
A ideia por trás dessa frase é que a Igreja Católica é vista como o único
caminho para a salvação eterna e, portanto, qualquer pessoa que deseje
alcançar a salvação deve ser membro da Igreja Católica. Historicamente, essa
crença esteve associada ao conceito de exclusivismo religioso, que sustenta que
apenas aqueles que seguem a fé católica podem ser salvos.
O erro de ser uma igreja exclusivista é um tópico de grande relevância e
controvérsia no contexto religioso e espiritual. Para entender essa questão
profundamente, é necessário analisar as implicações de uma abordagem
exclusivista, suas causas, consequências e alternativas mais inclusivas.
Uma igreja exclusivista é aquela que acredita ser a única detentora da
verdade religiosa ou espiritual, reivindicando que apenas seus membros estão
no caminho certo para a salvação ou para uma conexão genuína com o divino.
Esse tipo de mentalidade pode ser problemático por várias razões:
O texto diz claramente para “confessarmos uns aos outros” e não para um
sacerdote em específico. Todavia, o ato de confessar no texto, refere-se a ajuda
espiritual que cada um pode proporcionar para o seu próximo, visando ajuda-lo
a vencer o pecado, não que o confessionário dá poder para os irmãos perdoar
pecados cometidos contra Deus.
Ele não disse: “se o sacerdote perdoou, eu também perdôo”, mas sim:
“se vocês perdoaram, eu também perdôo”. Há uma diferença enorme entre uma
coisa em outra.
Jesus nunca pediu indulgências a alguém quando perdoou pecados. O
que ele sempre dizia era: “vá, e não peques mais” (Jo.8:11), e não: “vá, reze 25
Ave-Marias e o rosário, e então estará perdoada”!
Mateus 5:23-24:
Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar e aí te lembrares
de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante
do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu
irmão, e depois vem, e apresenta a tua oferta.
23
Por isso, o Reino dos céus pode comparar-se a um certo
rei que quis fazer contas com os seus servos;
24
e, começando a fazer contas, foi-lhe apresentado um
que lhe devia dez mil talentos.
25
E, não tendo ele com que pagar, o seu senhor mandou
que ele, e sua mulher, e seus filhos fossem vendidos, com
tudo quanto tinha, para que a dívida se lhe pagasse.
26
Então, aquele servo, prostrando-se, o reverenciava,
dizendo: Senhor, sê generoso para comigo, e tudo te
pagarei. 27 Então, o senhor daquele servo, movido de
íntima compaixão, soltou-o e perdoou-lhe a dívida.
28
Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus
conservos que lhe devia cem dinheiros e, lançando mão
dele, sufocava-o, dizendo: Paga-me o que me deves.
74
29
Então, o seu companheiro, prostrando-se a seus pés,
rogava-lhe, dizendo: Sê generoso para comigo, e tudo te
pagarei.
30
Ele, porém, não quis; antes, foi encerrá-lo na prisão, até
que pagasse a dívida.
31
Vendo, pois, os seus conservos o que acontecia,
contristaram-se muito e foram declarar ao seu senhor tudo
o que se passara.
32
Então, o seu senhor, chamando-o à sua presença, disse-
lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque
me suplicaste.
33
Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu
companheiro, como eu também tive misericórdia de ti?
34
E, indignado, o seu senhor o entregou aos
atormentadores, até que pagasse tudo o que
devia. 35 Assim vos fará também meu Pai celestial, se do
coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas
ofensas.
9.1 LUTERO
66
Joseph Lortz, The Basic Elements of Luther’s Intellectual Style,” in Catholic Scholars Dialogue with
Luther, ed. Jared Wicks (Chicago: Loyola University Press, 1970), 3
67
Joseph Lortz, A Reforma na Alemanha, trans. Ronald Paredes (London: Darton, Longman & Todd,
1968), 1: 296. Lortz não dá a referência à sua cotação de Cochlaeus.
76
68
Dave Armstrong, Os reformadores protestantes sobre Maria, available from:
http://ic.net/~erasmus/RAZ95.HTM; Internet; accessed 20 November 2002. This document is included
in Appendix 1..
77
69
Martin Luther, D. Martin Luthers Tischreden 1531 - 1546, IV No.4422, citado em Robert Herndon Fife.
A revolta de Martinho Lutero (New York: Columbia University Press, 1957), 122.
78
70
Martin Luther, "Sermão de 22 de Dezembro, 1532," WA XXXVI, 388, citado em Robert Herndon Fife. A
revolta de Martinho Lutero, 122.
71
Martin Luther, D.Martin Luthers Werke: Kritische Gesamtausgabe, Abteilung Werke, I, 415, citado em
Robert Herndon Fife. A revolta de Martinho Lutero, 13-14.
72
Lortz, A Reforma na Alemanha, 1: 112.
79
despercebido. O historiador Robert Fife tentou esboçar uma imagem que nos
permite compreender como Lutero, quando criança, estava imerso no universo
dos santos e na veneração a Maria:
73
Herndon Fife. A revolta de Martinho Lutero (New York: Columbia University Press, 1957), 13-14.
74
Martin Luther, obras de Lutero, vol. 54, ed. JJ Pelikan, HC Oswald & HT Lehmann (Philadelphia:
Fortress Press, 1999), 14.
80
75
Robert Herndon Fife, A Revolta de Martin Luther (New York: Columbia University Press, 1957), 123.
Citação de Lutero é de, Martin Luther, "Sermão 21 de maio de 1537," WA XLV, 86 citado em Robert
Herndon Fife, A revolta de MartinhoLutero, 123.
76
Pelikan, 144.
81
77
Martin Luther, Obras de Lutero, 22: 377.
78
Ibid,. 22: 145.
82
79
Ibid., 54: 84.
83
80
Martin Luther, de LutherWorks, 41:97.
81
Martin Luther, Obras de Lutero, 54: 425.
84
82
Heiko Oberman A., O Impacto da Reforma, (Grand Rapids:. Wm B. Eerdmans Publishing Co., 1994),
242.
83
Martin Luther, obras de Lutero, 21: 329.
85
que Maria foi afetada pelo pecado original, o final da Idade Média testemunhou
o surgimento de teólogos que defendiam sua impecabilidade.
Essa ideia ganhou forte apoio, especialmente da ordem franciscana,
teólogos como Duns Scotus e William de Occam promoveram a visão de que
Maria foi purificada da mancha do pecado original. Essa perspectiva também foi
defendida pelo avô teológico de Lutero, Gabriel Biel. 84
Na fase em que estava se afastando das influências teológicas de Occam
e Biel, Lutero foi capaz de expressar suas visões sobre Maria no início de sua
carreira:
84
George Yule, Lutero Teólogo para católicos e protestantes (Escócia: T & T Clark LTD, 1985), 109-110.
85
Martin Luther, de Lutero Works, 43:40.
86
Hartman Grisar, Martin Luther sua vida e obra (Baltimore: Newman Press, 1959), 211.
87
Martin Luther, Obras de Lutero, 31: 173.
86
Até o final de sua carreira, a posição de Lutero sobre essa questão mudou.
Em 1544, ele rejeitou a ideia de que "através dos séculos, uma linhagem pura
(massa imperdita) tinha sido preservada da qual, finalmente, Cristo veio. Em
suas palestras sobre Gênesis 38:1-5, ele destacou a imoralidade e o incesto
presentes entre os antepassados de nosso Senhor segundo a carne". 88
Em vez de elaborar longos tratados sobre o assunto, Lutero mais uma vez
desviou a ênfase de Maria para o Messias. Em vez de debater a impecabilidade
de Maria, ele insistiu que a impecabilidade de Cristo se devia inteiramente à obra
miraculosa do Espírito Santo durante a concepção. Em 1532, ele pregou:
88
Martin Luther, que Lutero diz, Vol. 1, ed. Ewald Martin Plass (St Louis: Concordia Publishing House,
1959) 151. Este é o comentário dos editores.
89
Martin Luther, Sermões de Martin Luther, Vol. 3, ed. John Nicholas Lenker. (Grand Rapids: Baker
Books, 1996), 291.
87
a gestação do menino Jesus, e não que ela foi concebida em santidade sem a
mancha do pecado.
90
Martin Luther, Obras de Lutero, 54: 340.
91
Martin Luther, Obras de Lutero, 22: 215.
88
carreira: "no parto e depois do parto, assim como ela era virgem antes do parto,
assim ela permaneceu." 92
No início de 1520, espalharam-se rumores pela região da Alemanha de
que Lutero estava a ensinar que "Jesus foi concebido pela semente de José, e
que Maria não manteve sua virgindade, mas gerou diversos descendentes após
93
o advento de Cristo." Em um contexto em que a devoção a Maria estava
profundamente enraizada na cultura medieval, essas acusações representavam
sérias afrontas. A situação tornou-se especialmente premente para Lutero
quando ele tomou conhecimento de que o arquiduque Ferdinand também o
acusara de proferir tais afirmações.
Foi com o intuito de rebater essas alegações que ele compôs sua obra
intitulada "Que Jesus Cristo nasceu judeu", em 1523. Nessa obra, Lutero conduz
uma análise extensa do milagre do nascimento virginal e, com base na ausência
de evidência bíblica em contrário, conclui que Maria, segundo todas as
aparências, manteve sua virgindade ininterruptamente. Como ele assim afirma:
92
Martin Luther, "Sermão da Apresentação de Cristo no Templo", Luthers Werke 52: 688- 99, citado em
Jaroslav Pelikan, Maria por meio das eras, 158.
93
Walther Brandt e Jarislov Pelikan, Introdução ao "Que Jesus Cristo nasceu judeu" em Martin Luther,
obras de Lutero, vol. 45: O cristão na sociedade II, 197.
94
Martin Luther, Obras de Lutero, 45: 205-206.
89
95
Martin Luther, "Sermão de 15 de Agosto, 1516," O que Lutero diz Vol. III, 1257.
96
Martin Luther, Obras de Lutero, 42: 113.
90
97
Martin Luther, "Carta aos evangelistas de Erfurt -10 de julho de 1522," O que Lutero diz, Vol. 1, 1253.
98
Martin Luther, de Lutero Works, 43:10.
91
99
Ibid., 43:38.
100
Ibid., 43:40.
92
101
Robert Kolb, A Teologia de Martin Luther, fitas de áudio das palestras de Robert Kolb, (Grand Rapids:
Instituto de Estudos Teológicos), palestra 7.
102
Martin Luther, D.Martin Luthers Werke: Kritische Gesamtausgabe, Abteilung Werke 11: 415 citado
em martinluther, que Lutero diz, Vol. III, ed. Ewald Martin Plass (St Louis: Concordia Publishing House,
1959), 1254.
103
Martin Luther, Obras de Lutero, 40: 376.
104
Ibid., 24: 119.
105
Ibid, 21:. 327.
93
A centralidade dessa questão para Lutero era inegável. Ele percebia que
Maria estava assumindo o papel de intercessora e co-redentora, sendo elevada
a um status que beirava a divindade, o que resultava na sua idolatria. Lutero
enxergava que na adoração aos ídolos não residia a salvação.
106
Ibid., 1: 191.
107
Ibid., 1: 191.
108
Ibid., 1: 192.
94
109
Ibid., 54: 341.
95
Pelikan continua:
110
Pelikan, 160.
111
Ibid.
96
próprias obras, não importa qual; não pode e não irá ser
efectuada sem fé." 112
112
Martin Luther, Obras de Lutero, 51:62
113
Ibid., 17: 224.
97
Calvino desde muito tempo tinha uma visão muito positiva de Maria, mas
com toda certeza ele rejeitou a concepção Mariana da igreja católica romana.
Will Durant, historiador, diz que "é notável quanto da tradição e da teoria católica
romana sobreviveu na teologia de Calvino" 114
Os maiores feitos de Calvino não estavam na criação de novas ideias,
repreensão das antigas ou algo do tipo, e sim no desenvolvimento das ideias
presentes para resultar em uma conclusão lógica.
Calvino tinha a ideia de que Maria tomou o lugar de Cristo na igreja
católica romana de sua época, ele compreendia que a veneração a Maria
ultrapassou a veneração a Cristo, deixando a obra divina de lado e focando em
uma humana pecadora.
Calvino, como bom argumentador e com plena certeza do seu
conhecimento ironiza dizendo que se os católicos romanos acreditam na
assunção de Maria, eles foram privados "de todo pretexto para fabricar quaisquer
relíquias de seus restos mortais, que de outra forma poderiam ter sido
115
suficientemente abundantes para encher um cemitério inteiro."
114
Will Durant, The Reformation, The Story of Civilization:Part VI, Simon and Schuster, New York, 1957,
p. 465
115
John Calvin, A treatise on relics, p. 248
99
116
Calvin. "Commentary on Matthew 1:25". Harmony of Matthew, Mark, anda Luke.
117
Calvin. "Commentary on Luke 1:34". Harmony of Matthew, Mark, anda Luke.
118
Calvin. "Commentary on Luke 1:43". Harmony of Matthew, Mark, and Luke.
100
9.2.4 SOTERIOLOGIA
119
John Calvin, Works, Serm. de la proph. de Christ: pp 35, 686.
120
John Calvin, Antidote to the Canons of the Council of Trent, Canon 23.
101
121
Pure defiance
122
Quant a L'intercession de la vierge Marie et des Saincts trespasses, revenez tousiours a ce principe,
gue cw n'est pas point a nous faire des Advocats in Paradies, mais a dieu, lequel a ordinne Jesus Christ
un seul piur tous, Ep 1438, Vol 14, 21.
102
9.2.6 ADVOGADA
9.2.7 VENERAÇÃO
123
John Calvin, Calvini Opera Harmonie Evangelique, Ser IX, op 46 309.
124
John Calvin, Calvini Opera Serm, de la proph, de Christ: op 35, 686.
103
perpétua virgindade, crença que ganhou ampla aceitação em toda a Europa sob
a chancela desta confissão.
As Confissões Francesa, Escocesa e Belga, bem como o Catecismo de
Heidelberg, todas incorporam referências ao Nascimento Virginal, enfatizando
especificamente que Jesus veio ao mundo sem a intervenção de um homem.
Cabe ressaltar que, em consonância com a perspectiva de Calvino, a prática de
invocar Maria ou realizar orações dirigidas aos santos diante de um altar é
categoricamente proscrita.
104
pudessem ler e interpretar a Bíblia. Isso, por sua vez, levou à ampliação da
alfabetização entre mais pessoas, já que antes apenas os padres liam a Bíblia e
transmitiam oralmente suas interpretações aos fiéis.
Outro ponto de convergência entre os três reformadores foi a crítica à
opulência e ostentação da Igreja Católica. Para eles, a Igreja deveria aderir ao
suposto exemplo inicial de Cristo, abraçando a simplicidade e priorizando os
assuntos da fé em detrimento da acumulação de riquezas.
Além disso, as posições desses três reformadores também alimentaram
importantes conflitos sociais entre os séculos XIV e XVI, especialmente entre as
classes camponesas. As questões religiosas nesse período se transformaram
em uma crítica prática por parte dos camponeses ao domínio econômico, político
e militar da aristocracia. A diferença notável é que Martinho Lutero se opôs a
essas revoltas, condenando as ações dos camponeses, enquanto John Wyclif e
Jan Hus as apoiaram e/ou as influenciaram.
É notável destacar que nesse período que abrange o final da Idade Média
e o início da Idade Moderna, as contendas religiosas adquiriram uma dimensão
de conflito social significativa, amplamente atribuída ao fato de que o poder
religioso estava intrinsecamente ligado à base econômica.
Com a Igreja Católica detendo vastas extensões de terras na Europa e a
aristocracia justificando sua posição social como sendo divinamente ordenada,
as lutas dos camponeses e das demais classes populares contra a exploração
frequentemente ecoavam nas crenças religiosas que legitimavam essa estrutura
social. Esses tumultos marcaram o declínio do poder da Igreja Católica e o início
de uma era distinta, caracterizada pelo fortalecimento das classes capitalistas.
O Professor John Wycliffe, que lecionava na Universidade de Oxford entre os
anos de 1330 e 1384, fez críticas severas aos líderes da Igreja Católica no século
XIV. Ele também era um pároco em Lutterworth, na Inglaterra, e trabalhava para
o rei inglês, o que lhe dava muita influência, especialmente quando se tratava de
lidar com o clero. Wycliffe viveu numa época de debates intensos sobre teologia
e filosofia, que tiveram um grande impacto no pensamento moderno, incluindo
as reformas na igreja.
John Wycliffe desempenhou um papel pioneiro na denúncia da corrupção
no clero católico e na promoção da ideia, mais tarde defendida por Martinho
Lutero, de que a fé por si só poderia conceder a salvação eterna, sem a
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Thomas Müntzer. Citado por Friedrich Engels. As guerras camponesas na Alemanha. Coimbra:
Centelha, 1974, p. 101.
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uma tragédia humana, com cerca de 100 mil pessoas perdendo a vida durante
esses confrontos.
Thomas Müntzer, uma figura central nesse movimento, também enfrentou
um destino trágico. Ele foi decapitado em Mühlhausen em 1525, tornando-se
uma das vítimas desse período conturbado da história alemã.
Jan Huss, um eminente pensador nascido entre os anos de 1369 e 1371
na região que hoje conhecemos como República Tcheca, emerge como uma
figura premonitória cujas críticas às doutrinas e práticas da Igreja Católica
reverberariam notoriamente através das eras, encontrando eco posteriormente
nas vozes de Martinho Lutero e João Calvino.
Embora de humilde origem, Huss cultivou uma sólida formação filosófica
e teológica, culminando na sua ascensão à posição de professor de teologia na
Universidade de Praga em 1398, seguida da sua ordenação sacerdotal em 1400.
Sua trajetória intelectual, em parte moldada pela influência das doutrinas de John
Wycliff, viu-o adotar algumas das ideias deste último.
No púlpito, Huss proclamou fervorosamente a supremacia das Escrituras
Sagradas como a máxima autoridade no seio do cristianismo, desafiando a
autoridade estabelecida da hierarquia eclesiástica. Sua pregação incitou a
convicção de que a comunhão, simbolizada pelo pão e pelo vinho, deveria ser
acessível a todos os crentes, em contraposição à prática restritiva da época.
De maneira audaciosa, Jan Huss promoveu a visão de uma Igreja
despojada de opulência, em contraste com a riqueza ostensiva da Igreja
Católica. Para ele, a jornada terrena do homem deveria convergir em direção ao
reino perfeito de Deus, uma ideologia que implicava a rejeição dos excessos
mundanos.
Ou seja, o ponto de partida nunca foi Lutero, Lutero apenas foi bem
sucedido em sua tentativa de voltar aos primórdios do cristianismo primitivo,
gerando assim a Reforma Protestante.
Fator Econômico:
O Fator Intelectual:
O Fator Moral:
Império Romano. No entanto, esse processo também trouxe para a Igreja muitos
pagãos que adotaram superficialmente o cristianismo, mas mantiveram suas
crenças e práticas pagãs. Essa influência persiste até os dias atuais.
Nessa época, a maioria das pessoas se considerava cristã apenas no
contexto das cerimônias religiosas, mas o ensinamento moral cristão tinha pouco
impacto em suas vidas. Em essência, a sociedade era nominalmente cristã, mas,
na prática, continuava pagã.
A Europa Ocidental enfrentava uma série de desafios, incluindo guerras
frequentes entre reis e nobres, invasões bárbaras que traziam selvageria e
destruição, além de um nível profundo de ignorância. A antiga cultura greco-
romana havia sido amplamente obscurecida pela invasão bárbara, e o
conhecimento e a instrução eram acessíveis a apenas alguns.
Diante desse contexto, o Cristianismo teve que lutar para que seus
princípios morais fossem aceitos e seguidos. No entanto, a influência do
paganismo persistia, e não apenas o Deus cristão, mas também santos, a
Virgem Maria, monges e mártires eram invocados, muitas vezes percebidos
como mais acessíveis aos indivíduos medievais do que o próprio Deus
encarnado. Isso levou a uma variedade de cultos, peregrinações e veneração de
relíquias na religião popular. A Missa tornou-se o ponto central do culto, e a
Eucaristia era considerada um sacrifício contínuo oferecido a Deus pelos
pecados do mundo.
É notável que muitos que se autodenominavam cristãos naquela época
viam o mundo como um lugar infestado por demônios ávidos por devorar almas
e conduzi-las ao inferno. Para neutralizar a influência maligna, a intercessão dos
santos e a magia atribuída às relíquias santas eram invocadas. Os templos eram
considerados refúgios de extrema santidade, onde as pessoas acreditavam estar
livres do pecado, do diabo e da ira divina. Essa crença generalizada transformou
o cristianismo em uma religião dominada pelo medo, assemelhando-se ao
paganismo, principalmente porque a maioria dos cristãos ainda mantinha
concepções pagãs sobre a religião.
No Oriente, a cristandade enfrentou divisões internas e debates
intermináveis sobre detalhes doutrinários, enquanto era alvo de ataques
massivos dos muçulmanos desde o século VI, quando os árabes conquistaram
territórios que incluíam Síria, Palestina, partes da Ásia Menor, Mesopotâmia e
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veneração e obediências que ninguém pode dela retirar nada ou opor-se sem
arriscar a perda da salvação eterna".
Observa-se que a Igreja Católica, em tempos pretéritos, promulgou uma
proibição infalível e irrevogável quanto à leitura da Sagrada Escritura por parte
dos crentes em geral. Entretanto, à luz dos eventos contemporâneos, em que o
Pontífice atual, Sua Santidade o Papa Francisco, encoraja vigorosamente a
leitura da Bíblia e a disponibiliza aos fiéis, emerge uma aparente contradição em
relação a essa doutrina estabelecida.
O próprio Catecismo da Igreja Católica, documento de significativa
autoridade eclesiástica, aparenta divergir deste ensinamento prévio, conforme
manifestado no seguinte trecho: "A Igreja exorta com ardor e insistência todos
os fiéis [...] a que aprendam 'a sublime ciência de Jesus Cristo' (Fl 3,8) pela leitura
frequentemente das divinas Escrituras [...]." (CAC 2653)
Com efeito, constatamos que a Igreja Católica, além de disseminar
doutrinas que são amplamente consideradas incongruentes com os princípios
do cristianismo adotados de forma universal em nossa época, também se
encontra em uma contradição direta com sua própria autoridade. Esta
contradição manifesta-se na revogação de doutrinas previamente estabelecidas
como infalíveis, o que levanta questionamentos acerca da alegada infalibilidade
papal.
Porém, temos de assumir uma coisa: protestantes quando afirmam
superficialmente que: "A igreja católica proibiu a leitura da Bíblia" se referindo a
tempos que difere do citado anteriormente, estes cometem falácia, visto que
tinham sim, em uma certa época da igreja, documentos públicos publicados pela
própria igreja católica.
Não é anacrônico, por exemplo, afirmar que na época de autoridade
católica, apenas o magistério da própria tinha conhecimento de documentos
específicos e das traduções da Bíblia, sendo uma limitação para o povo por só
ter acesso a partir do sermão do Padre na missa sem poder conferir se é real ou
não o que esse Padre prega, portanto, temos aí uma coisa que é muito
interessante: a maioria dos cidadãos só tinham acesso a palavra por meio da
pregação dos padres na missa.
Vale deixar claro que muitas decisões conciliares eram decididas por
Bispos, passada para os pastores e então passados para os leigos, então sim,
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em uma certa época os leigos podiam ter acesso à essas atas. No concílio de
Niceia houve bastante participação dos leigos na questão da Trindade.
Era uma coisa muito pública, os leigos tinham acesso e você poderia
conferir e etc, porém, apenas bispos e pessoas ligadas a autoridade da igreja
tinham acesso a documentos específicos que os leigos não tinham acesso.
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11.1 FILHOS
É possível provar que Maria não permaneceu virgem e teve outros filhos
com simples exegeses de textos bíblicos. Em primeiro lugar, de acordo com
Mateus 1.25, o anjo deu ordem para que José não tocasse em Maria só até
Jesus nascer.
De acordo com Mateus 13.55, as escrituras narram que Maria teve filhos
e filhas, mas cita apenas o nome dos homens: Simão, José, Tiago e Judas. O
interessante desse texto, que isso é apontado pelo povo, demonstrando que ali
era um núcleo familiar. Pois, nem sequer existia um conceito de “irmãos de
igreja”, como alguns defendem.
Os católicos afirmam que tais irmãos, na verdade, são primos de Jesus.
Todavia, a palavra “irmão” empregada no texto, em grego é adelphos. Adelphos
significa irmão, filho da mesma mãe e mesmo pai.
De sorte, ainda podemos cruzar dois textos de um mesmo autor para
rebater a ideia católica de aqueles irmãos são primos. Em Colossenses 4.10,
Paulo cita o primo de Barnabé. A palavra grega usada para primo é anepsios.
Já em 1 Coríntios 9.5, Paulo cita os irmãos de Jesus. Paulo, para citar esses
irmãos, ele usa a palavra grega adelphos.
Ora, se são “primos” de Jesus, por qual motivo Paulo não usou a palavra
grega “anepsios”?
De acordo com Lucas 2.7, Jesus é chamado de primogênito de Maria.
Se era primogênito, certamente indica que Maria teve mais filhos. Se Jesus fosse
o único, ele seria chamado de unigênito. Basta fazer uma conexão com João
3.16, onde Jesus é chamado de unigênito de Deus, ou seja, único filho.
Outro ponto a se observar é que os irmãos de Jesus não são os apóstolos
citados nos textos. Naquela época era comum ter nomes iguais. Temos por
exemplo uns três Judas diferentes mencionados nos evangelhos. Tratando dos
irmãos de Jesus, eles estavam a todo momento ao lado de José e Maria,
demonstrando para o povo que eram filhos do casal, assim como mostra o texto
de Mateus 13.55.
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11.2 PECADO
Jesus não foi concebido pelos meios naturais, ou seja, pela relação sexual, mas
por meio de um milagre. Por esse motivo Jesus foi preservado do pecado
original, sendo o único, em toda a história da humanidade, sem pecar.
O único homem em toda a escritura, onde é dito claramente que nele não
teve pecado algum, foi Jesus Cristo. Como diz em Hebreus 4.15: “Pois não
temos um sumo sacerdote que não seja capaz de compadecer-se das nossas
fraquezas, mas temos o Sacerdote Supremo que, à nossa semelhança, foi
tentado de todas as formas, porém sem pecado algum”.
Uma outra coisa que as vezes os católicos parecem esquecer, é que
Maria não foi escolhida por ser “sem pecado”. Existia uma profecia no antigo
testamento onde dizia que o Messias teria que vir da descendência do rei Davi
(Isaías 9.7). Tanto Maria (Lucas 3.23-38) quando José (Mateus 1) eram
descendentes de Davi, e foi por esse motivo, que eles foram escolhidos. Se
Maria não fosse da descendência de Davi, jamais ela seria escolhida para gerar
o Messias, pois a profecia nunca iria se cumprir.