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Relatório sobre a Semana da Cultura de Paz nas escolas públicas de Maracanaú.

UECE- Lab. de ens. de história- 2018- professor Antônio Guerra- graduando Willian
Sampaio

Resolvi investigar a cultura de paz nas escolas de Maracanaú, pois sou desse
município. Descobri que em 2008, foi feita a lei N° 1290 que instituiu a Semana da Cultura de
Paz no serviço público do município e destaca o dia 27 de Fevereiro como dia da paz na
cidade. O efeito disso é que as escolas realizam na última semana de Fevereiro uma serie de
atividades voltadas para promover a cultura de paz.

Abaixo segue a imagem da referida lei acessada através do site da câmara municipal:
No dia 27 de Fevereiro de 1987 foi assassinado o primeiro prefeito de cidade. O Dia
da paz no município é, acredito, para substituir uma lembrança da violência. Sabemos que se
trata de um dia que representa uma página triste na história da cidade, mas que podemos
superar e construir uma nova caminhada. logo, aos poucos substitui-se a memória da
violência, por uma nova memória, o dia da paz. Claro, a cultura de paz deveria ser o ano todo,
não somente um dia ou semana. Apesar de tudo, a semana pode ser um ponto de partida para
conscientização assim como as companhas outubro rosa, dedicado a prevenção do câncer de
mama, setembro amarelo, prevenção ao suicídio, etc.

Existem e existiram várias experiências na cidade no sentido de difundir a cultura de


paz. Em 2007, o Movimento pela Paz de Clóvis Nunes, fechou uma parceria com a secretária
de educação e produziu um material que foi utilizado nas escolas. Além da qualificação
realizada com os profissionais da educação, o material pedagógico produzido foi de “200 kits
que contém 34 peças que vão ser utilizados pelos professores para abordar a paz em três
segmentos: Paz Social, Paz Ambiental e Paz Interior. Em todas as salas de aula terão uma foto
de um pacifista como patrono”1. Seria interessante ver esse material produzido, como foi a
aplicação nas escolas, se ainda é utilizado, etc. Isso só para mostrar que existiu na cidade
vários esforços na promoção da cultura de não-violência como a marcha pela paz, os
movimentos civis pela paz, etc.

Conheço uma estagiária, Alana Zaine, da secretaria Municipal de educação (SME) e


solicitei a ela que fizesse algumas perguntas à respeito da Semana de Paz dentro do órgão,
com muito zelo, ela buscou depoimentos e documentos para minhas dúvidas que foram: Em
quais escolas aconteceram a Semana da Paz? Como a secretária ajuda na realização do
evento? Quais foram as atividades realizadas? Quais foram os resultados ou como foi a
recepção dos alunos? A Coordenadora do Setor de Gestão Escolar, Alerte Moura de Oliveira
Cabral respondeu com muita atenção as questões que seguem abaixo. Ela digitou as respostas.
Veja o documento exclusivo:

1
Blog do Eliomar, 2007. https://www.google.com.br/amp/blogdoeliomar.com.br/2007/07/03/maracanau-
fecha-parceria-pela-cultura-de-paz/amp/
A resposta da funcionária da secretaria se refere ao projeto como um todo que existe
desde de 2008. Logo após a aprovação da lei, a Semana da Paz acontecia em todas ou em
quase todas as escolas, com o tempo o projeto foi sendo marginalizado e hoje não ocorre em
muitas escolas. A secretária não sabe informar o número exato de escolas que tiveram a
Semana da Paz em 2018. Dois colegas que trabalham na rede privada me relataram que não
houve esse ano a Semana de Paz nas escolas e eles não sabem informar se o evento já
aconteceu alguma vez em suas escolas privadas. Conversando com uma aluna da 9 série da
escola Ana Beatriz, ele informou que só participou do evento quem precisava de nota. Ou
seja, os alunos que tinham boas notas ficaram três dias em casa. Vemos por esse depoimento
que onde o projeto ainda é feito, ele não dura nem 5 dias da semana letiva. Mais que isso,
talvez não seja muito inteligente promover o evento somente para alunos que precisam de
nota ou ponto. A Semana da Paz deve ser feita porque Maracanaú é uma das cidades mais
violentas do Ceará e as escolas têm papel importante na construção de outra perspectiva, a
cultura de não-violência.

Sobre a parceira com o MOVPAZ, fiquei curioso por saber mais à respeito da atuação
da entidade junta ao município. Pelo que vi, não só ajudou na produção de material
pedagógico, como realizou a formação de educadores para atuarem na semana. Infelizmente,
não tive como me aprofundar nessa questão.

As atividades realizadas no evento foram desde filmes, documentários, palestras, os


estudos de pacifistas e a caminhada pela paz. A caminhada da paz não ocorreu em 2018, a
caminhada está esquecida.

Sobre os resultados, foi notado mudanças no comportamento dos alunos que


participaram. Pedi para uma aluna que participou da Semana da Paz descrevesse as atividades
que ela realizou e presenciou. Ela escreveu o seguinte:

Quando participei, tive que apresentar um trabalho junto com o meu


grupo que falasse de como poderíamos deixar a nossa convivência na
escola mais harmoniosa, sem que houvesse brigas ou tipos de
desentendimentos entre alunos, e professores e alunos. Antes da nossa
apresentação, houve palestras de convidados e professores da minha
escola que falaram sobre a Semana da Paz (estudante, 2018).
Vemos assim que foi um momento onde os alunos Fizeram várias atividades voltadas
para refletir e praticar a cultura de paz. A ideia foi que os alunos levassem essa prática e
conscientização para seu lar e seu bairro. Assim podemos partir da escolas, mas claro
articulando, se possível, também através ver outros meios.

A descrição desta aluna mostra que em um momento eles ouviram e noutro eles se
organizaram e apresentaram um trabalho sobre como melhorar a convivência na comunidade
escolar. Essa aluna além de lembrar-se bem do evento, está consciente sobre as formas de
promover a cultura de paz. Se os eventos ocorressem, de fato, anualmente em quase todas a
escolas, com certeza teríamos muito mais sucesso.

Então, concluo que a Semana da Paz é um projeto importantíssimo para a cidade e que
poderia ser bem melhor e ter muito mais efeito se fosse um projeto valorizado. Cabe, agora, a
todos nós, secretaria de educação, movimentos pela paz da cidade, alunos, país a mobilização
para efetivação desse programa.

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