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PRODUÇÃO DE MATERIAIS COMPÓSITOS UTILIZANDO MATRIZ

TERMOFIXA
Filipe B. da Fonseca,
Filipebr94@gmail.com
1 – Centro integrado de manufatura e tecnologia - CIMATEC, Campus de Salvador, Salvador -BA

Resumo: No vasto universo das fibras utilizadas para reforço, a fibra de vidro substitui com vantagens as cargas e
reforços tradicionalmente empregados em compostos e compósitos poliméricos. Então para a elaboração desse estudo
utilizou-se a fibra de vidro curta disposta aleatoriamente e alongada orientada em uma matriz termofixa de Poliéster. A
fim de estudar suas características e propriedades, foram elaboradas quatro formulações distribuídas da seguinte forma:
A primeira com 100% de Poliéster, a segunda com 2,5% de fibra de vidro curta disposta aleatoriamente na matriz, a
terceira com 5% de fibra de vidro curta disposta aleatoriamente na e por ultimo 2,5% de fibra de vidro longa disposta de
forma orientada na matriz. Após seu processamento, foram realizados os ensaios de esforços mecânicos (flexão ao
impacto) e a análise morfológica das formulações foram feitas através de um microscópico eletrônico de varredura. Os
resultados obtidos mostram que a formulação com maior concentração de fibra e disposta aleatoriamente apresenta um
valor maior de resistência a flexão e a resistência ao impacto semelhante ao com fibra orientada.

Palavras-chave: fibra de vidro, poliéster, termofixa, propriedades.

Introdução
Os materiais compósitos podem ser definidos como sendo aqueles obtidos a partir da
combinação de dois ou mais componentes, cujas propriedades resultantes são diferentes das de cada
um destes componentes individualmente. Eles são constituídos, basicamente, por uma matriz e um
reforço, formando um material com propriedades adequadas a inúmeras aplicações, dependendo da
combinação das diferentes matérias-primas. Os compósitos de matriz polimérica por apresentarem
boas propriedades mecânicas específicas, aliadas ao baixo custo relativo de fabricação são
competitivos dentro do mercado, substituindo materiais convencionais, tais como madeira e metal.
O uso de materiais compósitos poliméricos [1].
O poliéster reforçado com fibras de vidro (PRFV) é um compósito polimérico que pode ser
conformado por diversos processos de fabricação, originando resíduos com composições diferentes
[2].

Experimental

º Materiais e equipamentos
- Fibra de vidro picotada e longa
- Molde do corpo de prova
- Balança
- Vidrarias
- Desmoldante
- Endurecedor Butanox (catalisador)
- Resina Poliéster Ortofitálica C400

º Preparação dos corpos de prova sem reforço (Formulação F1)


Inicialmente, separou-se a resina e o catalisador na proporção de 100g de resina para cada
45g de catalisador, efetuou-se a mistura. Logo após o desmoldante foi aplicado no molde e o
volume adequado da mistura depositado no mesmo, com o tempo de cura ajustado em 30 minutos.
Passado esse tempo, o material foi desmoldado.

º Preparação de placa com 2,5 e 5% de fibra de vidro curta aleatória (Formulações F2 e F3)
Os passos iniciais são semelhantes aos da primeira preparação, incluindo as quantidades de
resina e catalisador. Então foram preparadas duas formulações, uma com 2,5% e outra com 5% do
volume total de fibra de vidro curta depositada de forma aleatória na mistura. O tempo de cura é de
30 minutos, após passar esse período a mistura foi desmoldada.

º Preparação de placa com 2,5% de fibra de vidro longa e orientada (Formulação F4)
Os passos iniciais são semelhantes aos listados acima, mas a ordem de aplicação no molde é
diferente, tem-se inicialmente o desmoldante aplicado, em seguida, a fibra de vidro longa orientada
disposta no molde

º Flexão
O ensaio de flexão é utilizado para determinar as propriedades de tensão e força máxima à
flexão, módulo de elasticidade, deformação na ruptura.
Foram analisados quatro corpos de prova, um de cada formulação listada acima, em sequência. E a
norma que forneceu os parâmetros de ensaio foi a ISO 178 e a maquina utilizada foi a universal de
ensaios EMIC Modelo DL 2000.

º Impacto
O ensaio de impacto foi realizado no equipamento em cinco corpos de prova de cada
formulação, onde suas dimensões (largura e espessura) foram medidas em metros, sendo colocadas
no sistema da máquina antes da realização do ensaio, para que as devidas proporções fossem
seguidas. A energia em KJ também foi aferida a fim de se obter a resistência ao impacto.

º Análise microscópica
Utilizando o microscópio eletrônico de varredura (MEV), realizaram-se análises das formulações
F2, F3 e F4 processadas a fim de averiguar a adesão fibra/matriz e a dispersão da fibra.

Resultados e Discussão

º Flexão
Os testes de flexão realizados demonstram importantes mudanças no comportamento do
material devido ao incremento da fibra, sua concentração e em como a mesma se encontra orientada
ao longo da matriz. Podemos observar na tabela a seguir os resultados obtidos dos ensaios, cada
formulação foi avaliada com 5 corpos de prova ensaiados.

Gráfico 1 – Ensaio de flexão nas formulações F1, F2, F3 e F4.

Na composição F4 com a fibra de vibro longa, possui orientação em um único sentido


(conferindo ao material um comportamento isotrópico), perpendicular ao de esforço à flexão,
fazendo com que esse incremento de carga não represente um aumento significativo no módulo
elástico. Já as composições F3 e F4 que possuíam fibras curtas e aleatórias (proporcionando ao
material um comportamento anisotrópico) obtiveram valores de modo elástico maiores, justamente
pela aleatoriedade da fibra, que fornece ao material uma resistência maior ao esforço de flexão.

º Resistência ao impacto
O aumento identificado da resistência ao impacto ocorre, pois existe transferência de carga
entre o reforço e a matriz, para que isso ocorra é necessário que exista uma alta adesão entre as
fases do material. Se o efeito do acréscimo de carga for o contrário, com taxas baixas de adesão na
matriz, sua influência nas propriedades de impacto serão negativas (causando uma diminuição na
resistência).
Nas formulações com fibras de vidro dispostas aleatoriamente na matriz, ocasionou um
aumento da resistência devido ao acréscimo da propriedade anisotrópica no material, mas,
independentemente da orientação do reforço (fibra de vidro) se a adesão entre o mesmo e matriz for
satisfatória o aumento na resistência ao impacto se torna perceptível, pois a solicitação mecânica é
transferida para a carga, que nesse caso possui uma resistência maior que a matriz.
Seguem dados obtidos com os ensaios de impacto das formulações elaboradas.

Gráfico 2 – Resistência ao impacto médio das formulações

Formulações Resistência ao impacto (Kj/m2)F1 Média Desv. Padrão


F1 2,19 2,73 1,49 2,01 1,06 1,89 0,65
C.P. Larg. (m) Esp. (m) Energia (KJ)
F2 3,18 5,78 2,34 3,34 6,54 4,23 1,82
1 0,01881 0,00302 0,0003
F3 1,99 4,29 6,34 3,35 5,76 4,35 1,77
2 0,01567 0,00482 0,00076
F4 0,70 6,22 5,82 4,21 5,02 4,47 2,29
3 0,01246 0,00745 0,0008
Tabela 1 – Resistência ao impacto juntamente com a média e o desvio padrão das formulações
4 0,01417 0,00335 0,00046
5 0,0125 0,00319 0,00046
Tabela 2 – Medidas dos corpos de prova da formulação 4

Outras tabelas contendo os dados das medidas dos corpos de prova das outras formulações
também foram elaboradas.
º Análise microscópica
Através da microscopia eletrônica de varredura, feita com o MEV foi possível avaliar
a eficiência do processo de dispersão da carga fibra de vidro curta e aleatória na matriz de poliéster
juntamente com sua adesão a mesma, verificando assim a capacidade dessa adesão em proporcionar
melhorias nas propriedades do compósito.

Figura 1 – MEV de matriz termofixa com fibra de vidro curta disposta aleatoriamente

Nas imagens é possível observar uma boa adesão interfacial da matriz com a fibra de vidro
curta aleatória, o que se relaciona diretamente com os resultados obtidos nos ensaios de esforços
mecânicos, já que as cargas das solicitações mecânicas empregadas nesse material serão
transferidas da matriz para o reforço.

Conclusões
Nas análises feitas conclui-se que a formulação que possui 5% de fibra de vidro curta
disposta aleatoriamente na matriz conferiu ao material um ganho mais significativo de respostas às
solicitações de flexão e nos ensaios de impacto não foram notadas diferenças tão significativas entre
as formulações F2, F3 e F4 o que se explica pela adesão satisfatória entre carga e matriz.

Agradecimentos
Agradeço as estudantes do curso de Engenharia de materiais Amanda Dantas, Michele Mota
juntamente com a professora Pollyana pelo enorme apoio na execução das atividades e a professora
Joyce por todo conhecimento ministrado que nos capacitou a tornar esse artigo possível.
Referências Bibliográficas
Listar seguindo os modelos abaixo em fonte Times New Roman 12, espaço 1,5, 1 coluna.
1. “Reciclagem de resíduos de materiais compósitos de matriz polimérica: Poliéster insaturado
reforçado com fibras de vidro”: Kelly N. C. Pinto, Tese de mestrado, Universidade de São
Paulo, 2002.

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