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Rafael Barbosa
Professor de Administração Geral e Pública com experiência na preparação de candidatos para concursos públicos.
Graduado em Direito e mestrando em Administração Pública. Foi servidor do Governo do Distrito Federal,
Departamento de Polícia Federal e atualmente é servidor do Ministério Público Federal.
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1.1. O modelo patrimonialista Um dos marcos desse modelo no Brasil, se deu com a
chegada da família real portuguesa. Nesse período, o Brasil foi
Originário das monarquias absolutistas europeias, é elevado a parte integrante do Reino Unido de Portugal.
caracterizado pelo endeusamento do governante, que passa a
exercer poderes ilimitados e a utilizar o Estado como extensão de IMPORTANTE
seu poder.
A transferência da corte portuguesa, em 1808, e a consequente
Os servidores públicos, normalmente parentes e amigos elevação do Brasil a parte integrante do Reino Unido de Portugal
do governante, eram escolhidos de acordo com critérios pessoais constituíram as bases do Estado nacional, com todo o aparato
(nepotismo) e ganhavam status de nobreza real ou elite. necessário à afirmação da soberania e ao funcionamento do
autogoverno.
A principal característica desse modelo é a ausência de
distinção entre bens públicos e bens particulares, razão pela qual
Com o retorno de D. João VI para Portugal, D. Pedro I
tudo que se encontrava em determinado território era tido como
assume o comando da nação e em sete de setembro de 1822
propriedade do governante.
declara a Independência do Brasil. Nesse momento o Brasil torna-
se um Estado soberano.
Com isso, tudo que estava sob o domínio do poder
soberano era passível de utilização pelo governante sem qualquer
Em 1824 o Brasil ganha sua primeira Constituição, sendo
prestação de contas à sociedade, que era excluída de qualquer tipo
marcada pela adoção de uma estrutura estatal patrimonialista,
de participação no governo.
pois, além de declarar a total irresponsabilidade do Imperador,
exclui a maioria da população do direito de votar.
ATENÇÃO
Além disso, cria o Poder Moderador, que tinha poderes
As principais características da Administração Pública que em muito superavam os demais poderes. Os artigos 3º, 10º, 98
Patrimonialista são: e 99 da CF de 1822, reforçam as características patrimonialistas:
• Confusão entre a propriedade pública e a privada; Art. 3. O seu Governo é Monarchico Hereditario,
• Impermeabilidade à participação social-privada; Constitucional, e Representativo.
• Endeusamento do soberano; Art. 10. Os Poderes Politicos reconhecidos pela
• Corrupção e nepotismo; Constituição do Imperio do Brazil são quatro: o
• Caráter discricionário e arbitrário das decisões; Poder Legislativo, o Poder Moderador, o Poder
• Ausência de carreiras administrativas; Executivo, e o Poder Judicial.
• Cargos denominados de prebendas (atividades Art. 98. O Poder Moderador é a chave de toda a
rentáveis de pouco ou nenhum trabalho que organisação Politica, e é delegado privativamente
conferem status de elite ou nobreza real) ou ao Imperador, como Chefe Supremo da Nação, e
sinecuras; seu Primeiro Representante, para que
• Descaso pelo cidadão e pelas demandas sociais. incessantemente vele sobre a manutenção da
Independencia, equilibrio, e harmonia dos mais
Poderes Politicos.”
Segundo o PDRAE (Plano Diretor de Reforma do Art. 99. A Pessoa do Imperador é inviolavel, e
Aparelho do Estado, 1995), na administração Pública Sagrada: Elle não está sujeito a responsabilidade
Patrimonialista, o aparelho do Estado funciona como uma alguma.
extensão do poder do soberano, e os seus auxiliares, servidores,
possuem status de nobreza real. Os cargos são considerados Nesse período o Brasil era um Estado oligárquico
prebendas. A res publica (patrimônio público) não é diferenciada dominado por uma burguesia rural e políticos patrimonialistas. O
das res principis (patrimônio privado). Em consequência, a poder político encontrava-se concentrado em um estamento
corrupção e o nepotismo são inerentes a esse tipo de aristocrático-burocrático.
administração. Já no ano de 1889, o Marechal Deodoro da Fonseca
proclama a República e, em 1891, passa a viger uma nova
No momento em que o capitalismo e a democracia se constituição. Nesta, os Poderes foram reduzidos a três (Executivo,
tornam dominantes, o mercado e a sociedade civil passam a se Legislativo e Judiciário) e foi criado o Tribunal de Contas da
distinguir do Estado. Neste novo momento histórico, a União.
administração patrimonialista torna-se uma excrescência
inaceitável. Mesmo após a proclamação da República, o Estado
brasileiro continuou patrimonialista, principalmente em
No Brasil, em razão da colonização portuguesa, o decorrência do coronelismo (predominante durante o período
modelo patrimonialismo predomina ao longo do período Colonial conhecido como República do Café com Leite).
(1500 a 1822), Imperial (1822 a 1889) e da República Velha (1889
a 1930). Durante o período que antecedeu a era Vargas, vigorou a
política conhecida como do café com leite, onde os cafeicultores
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de São Paulo e produtores de leite de Minas Gerais se revezavam de controle e de preservação do uso indevido dos bens do Estado
no poder para atender, de forma predominante, aos seus pelos servidores.
interesses.
8 Cespe/MC/2013/Especialidade 4/70 Uma organização pública
Esse período, caracterizado pelo coronelismo, voto de com base no modelo patrimonialista apresenta grande
cabresto e eleições ilegítimas, manteve as características do permeabilidade à participação social-privada na instituição.
modelo patrimonialista e foi marcado pelas oligarquias rurais no
poder. 9 Cespe/MC/2013/Especialidade 9/93 A transição do modelo
patrimonialista para os novos formatos de gestão pública foi
Já em 1930, com o início da era Vargas, que ascende ao marcada por esforços empreendedores de políticos, sociólogos e
poder após uma revolução vitoriosa, têm início uma verdadeira economistas frente aos novos desafios do setor público, sobretudo
revolução no Estado brasileiro que passará a adotar um modelo o enfrentamento de crises vivenciadas historicamente pelo Estado
burocrático, razão pela qual o patrimonialismo deixa de ser brasileiro.
predominante.
10 Cespe/MDIC/2013/Analista Técnico-administrativo/54 Desde
Nessa época a industrialização e as demandas sociais 1930, têm sido desenvolvidas ações na administração pública para
forçaram o governo brasileiro a adotar um estilo de administração que o modelo patrimonialista de gestão seja adotado pelo Estado
capaz de responder às mudanças da sociedade. brasileiro.
Nesse momento, onde o capitalismo e a democracia se 11 Cespe/MC/2013/Especialidade 22/75 No ano de 1930, iniciou-
tornam dominantes, o mercado e a sociedade civil passam a se se a fase da administração patrimonialista brasileira, marco na
distinguir do Estado e a Administração Pública Patrimonialista evolução da administração pública.
torna-se inaceitável.
Gabarito
Durante o período patrimonialista o Estado não pensava
na coletividade e por diversas vezes relegava os direitos desta ao
último plano. 1 Certo. No patrimonialismo, o aparelho do Estado funciona
como uma extensão do poder do soberano e os seus auxiliares,
Exercícios servidores, possuem status de nobreza real. Os cargos são
considerados prebendas (atividades rentáveis de pouco ou nenhum
trabalho).
1 Cespe/Ancine/Técnico em Regulação/2012/54 Consoante o
modelo de administração patrimonialista, o aparelho do Estado 2 Certo. Uma das principais características do modelo
funciona como uma extensão do poder do soberano, o que faz que patrimonialista é a confusão entre patrimônio público e privado,
seus auxiliares e servidores detenham o status de elite. uma vez que o governante não faz distinção entre a res publica e a
res principis.
2 Cespe/PRF/Técnico de Nível Superior/2012/86 No Estado
patrimonialista, caracterizado pela interseção entre os patrimônios 3 Certo. A corrupção e o nepotismo são inerentes a esse tipo de
público e privado, os bens e serviços públicos também constituem administração.
patrimônio do governante.
4 Errado. As principais características da Administração
3 Cespe/PRF/Técnico de Nível Superior/2012/87 Entre os traços Pública Patrimonialista são:
inerentes à administração patrimonialista estão o nepotismo e a
corrupção. Confusão entre a propriedade pública e a privada;
4 Cespe/ANAC/Analista Administrativo/2012/51 De acordo com Impermeabilidade à participação social-privada;
o modelo patrimonialista, o gestor público deve ter autonomia
para gerir os recursos humanos, materiais e financeiros colocados Endeusamento do soberano;
à sua disposição, a fim de que os objetivos contratados e a
finalidade pública sejam atingidos. Corrupção e nepotismo;
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5 Certo: O modelo patrimonialista de administração pública é
caracterizado pelo nepotismo, razão pela qual a indicação de um
parente para exercer um cargo público de livre nomeação é uma
prática característica desse modelo.
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1.2. O modelo burocrático • Impessoalidade na atuação administrativa;
• Separação entre propriedade e administração;
O Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado – • Ênfase nas comunicações escritas (caráter formal das
PDRAE, afirma que a administração pública burocrática surge na comunicações);
segunda metade do século XIX, na época do Estado liberal, como • Disciplina racional.
forma de combater a corrupção e o nepotismo patrimonialista.
Constituem princípios orientadores do seu desenvolvimento a DICA
profissionalização, a ideia de carreira, a hierarquia funcional, a Rotinas e procedimentos padronizados são uma característica
impessoalidade, o formalismo, em síntese, o poder racional- marcante do modelo burocrático, o que leva à previsibilidade e
legal. segurança jurídica.
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IMPORTANTE A reforma burocrática, encabeçada pelo DASP,
A adoção do modelo burocrático se deve à emergência do introduziu na Administração Pública brasileira conceitos como,
capitalismo e desenvolvimento da indústria brasileira, centralização, impessoalidade, separação da coisa pública e
constituindo uma verdadeira passagem do Brasil agrário para o privada e a padronização da gestão de pessoas e de materiais
industrial. (compra pública).
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em DASP. Para melhor compreensão, seguem os trechos das
legislações relativas ao DASP. Constituição de 1937
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instituída pelo decreto n, 562, de 31 de dezembro de 1935. 7 Cespe/ANAC/Técnico em Regulação/2012/80 No modelo de
administração pública burocrática, o funcionário assumia, como
principal tarefa, o exercício do controle do poder do Estado.
Decreto-Lei 200/1967 8 Cespe/ANAC/Técnico em Regulação/2012/79 Durante o
período em que vigorou a administração pública burocrática,
implementou-se a descentralização das atividades como forma de
Art. 212. O atual Departamento Administrativo do Serviço combate à corrupção e ao nepotismo patrimonialista.
Público (DASP) é transformado em Departamento
Administrativo do Pessoal Civil (DASP), com as atribuições 9 Cespe/MCTI/Gestão Administrativa/2012/64 No Brasil, a
que, em matéria de administração de pessoal, são atribuídas pela evolução da burocracia deu-se de forma lenta e superficial nos
presente Lei ao nôvo órgão. primeiros cem anos de independência, encontrando seu ponto de
inflexão e aceleração na Revolução de 1930.
10 Cespe/ANAC/Técnico em Regulação/2012/82 No período de
Decreto 93.211 de 1986 1930 e 1945, fortaleceu-se a tendência de centralização na
administração pública.
Art. 1º É criada a Secretaria de Administração Pública da 11 Cespe/ANAC/Técnico em Regulação/2012/84 Com a reforma
Presidência da República - SEDAP, órgão de assessoramento administrativa do Estado Novo, buscou-se inserir, no aparelho
imediato ao Presidente da República, à qual competem, no que administrativo do país, a centralização, a impessoalidade, a
concerne à Administração Federal Direta e autárquica, a hierarquia, o sistema de mérito e a separação entre a res pública e
supervisão, a coordenação, a orientação e o controle das a res privada.
atividades relativas à administração de pessoal civil e de serviços 12 Cespe/CAPES/Analista de Ciência e Tecnologia -
gerais, à modernização e organização administrativas, e à Geral/2012/55 A estrutura administrativa implantada pelo governo
desburocratização. de Getúlio Vargas previa uma administração desburocratizada.
Art. 2º É extinto o Departamento Administrativo do Serviço
Público - DASP. 13 Cespe/ANAC/Analista Administrativo/2012/106 O governo
autoritário de Vargas investiu na modernização da máquina
administrativa do Estado por meio da difusão dos paradigmas
Exercícios burocráticos de Max Weber.
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dirigem demandas. Por isso são sempre necessários controles
rígidos dos processos, como por exemplo na admissão de pessoal,
21 Cespe/Ancine/Técnico em Regulação/2012/56 No que diz
nas compras e no atendimento a demandas. Sendo assim, pode-se
respeito à administração dos recursos humanos, a criação do
afirmar que a principal tarefa do administrador era o exercício do
Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP)
controle.
representou uma tentativa de formação da burocracia nos moldes
weberianos, baseada no princípio do mérito profissional. 8 Errado: Durante o período burocrático, houve forte
centralização na administração pública, como forma de obter
22 Cespe/TRE - RJ/Técnico – área administrativa/2012/93 A
maior rigor no controle.
implantação do Departamento Administrativo de Serviço Público
(DASP) foi uma ação típica da administração pública voltada para 9 Certo: A burocracia se desenvolveu de forma lenta e gradual no
o paradigma pós-burocrático. Brasil, contudo,a partir de 1930, houve uma verdadeira ruptura
em termos de gestão e teve início a primeira reforma
Gabarito administrativa, cujo principal objetivo era a modernização da
administração pública brasileira por meio da implantação do
modelo burocrático.
1 Certo: No momento em que o capitalismo e a democracia se
tornam dominantes, o mercado e a sociedade civil passam a se 10 Certo: Durante toda a Era Vargas (1930 a 1945), fortaleceu-se
distinguir do Estado. Neste novo momento histórico, a a tendência de centralização e autoritarismo.
administração patrimonialista torna-se uma excrescência
11 Certo. O “Estado Novo” foi um golpe de estado conduzido por
inaceitável, razão pela qual é substituída pela burocracia. Cabe
Vargas em 1937. Esse período será marcado pela continuidade das
destacar que a burocracia não elimina o patrimonialismo, uma vez
reformas burocráticas, cujos pilares são a centralização, a
que nos dias atuais restam traços do patrimonialismo, tais como
impessoalidade, a hierarquia, a meritocracia e a separação entre a
corrupção e nepotismo.
coisa pública e a coisa privada.
2 Certo: Embora a administração pública burocrática tenha
12 Errado. O modelo de administração pública implementado
surgido em contraposição à patrimonialista, ela representou
por Vargas foi o burocrático, razão pela qual uma administração
apenas uma tentativa de substituição desta, tendo em vista que
desburocratizada seria incompatível com o seu governo.
diversos traços do patrimonialismo continuam a existir.
13 Certo. A Era Vargas foi caracterizada pelo autoritarismo e
3 Errado: A eficiência da administração pública, a necessidade
centralização como o fim de suprimir as práticas patrimonialistas
de reduzir custos e aumentar a qualidade dos serviços, o cidadão
e modernizar a administração pública brasileira, por meio da
como beneficiário e a necessidade de aumento da governança –
difusão dos paradigmas burocráticos.
capacidade administrativa do Estado para implementar políticas
públicas de maneira eficiente e eficaz – relacionam-se com a 14 Certo. A criação do DASP, em 1936, constituiu o primeiro
administração pública gerencial e não burocrática. movimento de reforma administrativa no país, cujo objetivo era
realizar a modernização administrativa.
4 Certo: Entre as principais características da burocracia,
destacam-se as seguintes: 15 Errado. Embora o DASP seja o marco da primeira reforma
administrativa do país, sua finalidade era a implantação da
• A meritocracia; administração burocrática e não gerencial.
• O profissionalismo; 16 Errado. A criação do DASP representou a primeira reforma
• A criação de carreiras; administrativa do país e não a segunda. Além disso, sua finalidade
era a implantação da administração pública burocrática e não a
• Hierarquia funcional; gerencial.
• Impessoalidade; 17 Certo. O DASP, marco principal da primeira reforma
• Formalismo. administrativa (burocrática), teve a intenção de suprimir as
práticas patrimonialistas.
5 Errado: A burocracia, por ser caracterizada pela grande ênfase
dada aos processos e procedimentos, adota mecanismos de 18 Errado. Embora o DASP tenha sido criado para suprimir a
controle a priori, como forma de previnir a corrupção e o administração patrimonialista, sua extinção ocorreu em 1986,
nepotismo. Por outro lado, o modelo gerencial, cuja ênfase recai durante a governo do Presidente José Sarney.
nos resultados, adota mecanismos de controle a posteriori. Sendo 19 Errado. O DASP foi criado em 1936 durante o governo de
assim, o modelo que passa a definir, medir e analisar resultados é Getúlio Vargas e não JK. Além disso, sua finalidade era implantar
o gerencial e não o burocrático. o modelo burocrático e não gerencial.
6 Errado: A burocracia é caracterizada pela adoção de 20 Certo. O DASP é criado com a finalidade de dar continuidade
mecanismos rígidos de controle dos processos e procedimentos (a à modernização da administração pública brasileira.
priori). Logo, neste modelo, o controle não é orientado para
resultados. 21 Certo. Conforme o Plano Diretor de Reforma do Aparelho do
Estado, o DASP, no que diz respeito à administração dos recursos
7 Certo: Os controles administrativos visando evitar a corrupção humanos, representou a tentativa de formação da burocracia nos
e o nepotismo são sempre a priori. Parte-se de uma desconfiança moldes weberianos, baseada no princípio do mérito profissional.
prévia nos administradores públicos e nos cidadãos que a eles
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22 Errado. O DASP é o ápice do modelo burocrático, razão pela
qual não faz parte do contexto do paradigma pós-burocrático, uma
vez que este corresponde à nova administração pública ou
administração gerencial.
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3. Tentativas de desburocratização de Juscelino Kubischek Por ser um plano extremamente ambicioso, o governo
necessitava de uma estrutura mais flexível. Diante disso, JK optou
Com a deposição de Vargas em 1945, o DASP perdeu pela criação de estruturas paralelas para sua execução, evitando
força e as reformas administrativas, ainda incompletas, sofreram com isso o rompimento com a Administração Burocrática. A
com as forças contrárias a elas. Em 1950 Vargas retorna ao Poder principal marca do governo JK foi a Administração para o
de forma democrática, no entanto, este poder encontrava uma desenvolvimento.
série de limites previstos na Constituição, o que dificultou a
realização de novas reformas. A criação das tais estruturas paralelas originou o seguinte
problema: de um lado havia uma administração direta
centralizadora, burocrática, formal e defasada, enquanto do outro
IMPORTANTE: Nesse período Vargas criou a Petrobrás e o havia uma administração moderna e flexível.
BNDES.
Vale ressaltar o importante papel de JK no
desenvolvimento do Planalto Central por meio da construção de
Embora o modelo burocrático tenha sido um verdadeiro Brasília.
avanço para o país, sua rigidez precisava ser atenuada, pois o
governo precisava de mais flexibilidade para atuar, haja vista que
o mundo estava se tornando cada vez mais dinâmico.
• Simplificação de rotinas;
• Reagrupamento de funções;
• Descentralização da execução e da Administração;
• Fixar responsabilidades;
• Instituir a prestação de contas das autoridades;
• Supressão de organismos inoperantes.
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4. Tentativa de desburocratização do Governo Militar DO PLANEJAMENTO
4.1 Reforma de 1967 (Decreto-Lei 200/67) Art. 7º A ação governamental obedecerá a planejamento que vise
a promover o desenvolvimento econômico-social do País e a
Conforme o PDRAE, a reforma operada em 1967 pelo segurança nacional, norteando-se segundo planos e programas
Decreto-Lei 200, entretanto, constitui um marco na tentativa de elaborados, na forma do Título III, e compreenderá a elaboração
superação da rigidez burocrática, podendo ser considerada como e atualização dos seguintes instrumentos básicos:
um primeiro momento da administração gerencial no Brasil.
Mediante o referido decreto-lei, realizou-se a transferência de a) plano geral de govêrno;
atividades para autarquias, fundações, empresas públicas e b) programas gerais, setoriais e regionais, de duração plurianual;
sociedades de economia mista, a fim de obter-se maior dinamismo c) orçamento-programa anual;
operacional por meio da descentralização funcional. Instituíram- d) programação financeira de desembôlso.
se como princípios de racionalidade administrativa o
planejamento e o orçamento, o descongestionamento das chefias CAPÍTULO II
executivas superiores (desconcentração/descentralização), a DA COORDENAÇÃO
tentativa de reunir competência e informação no processo
decisório, a sistematização, a coordenação e o controle. Art . 8º As atividades da Administração Federal e,
especialmente, a execução dos planos e programas de govêrno,
O paradigma gerencial da época, compatível com o serão objeto de permanente coordenação.
monopólio estatal na área produtiva de bens e serviços, orientou a
expansão da administração indireta, numa tentativa de § 1º A coordenação será exercida em todos os níveis da
"flexibilizar a administração" com o objetivo de atribuir maior administração, mediante a atuação das chefias individuais, a
operacionalidade às atividades econômicas do Estado. realização sistemática de reuniões com a participação das chefias
subordinadas e a instituição e funcionamento de comissões de
Entretanto, as reformas operadas pelo Decreto-Lei coordenação em cada nível administrativo.
200/67 não desencadearam mudanças no âmbito da administração
burocrática central, permitindo a coexistência de núcleos de § 2º No nível superior da Administração Federal, a coordenação
eficiência e competência na administração indireta e formas será assegurada através de reuniões do Ministério, reuniões de
arcaicas e ineficientes no plano da administração direta ou central. Ministros de Estado responsáveis por áreas afins, atribuição de
O núcleo burocrático foi, na verdade, enfraquecido indevidamente incumbência coordenadora a um dos Ministros de Estado (art.
através de uma estratégia oportunista do regime militar, que não 36), funcionamento das Secretarias Gerais (art. 23, § 1º) e
desenvolveu carreiras de administradores públicos de alto nível, coordenação central dos sistemas de atividades auxiliares (art.
preferindo, ao invés, contratar os escalões superiores da 31).
administração através das empresas estatais.
§ 3º Quando submetidos ao Presidente da República, os assuntos
IMPORTANTE: A partir da reforma promovida pelo referido deverão ter sido prèviamente coordenados com todos os setores
Decreto-Lei, houve grande centralização política do poder e dos nêles interessados, inclusive no que respeita aos aspectos
recursos e grande descentralização no nível administrativo por administrativos pertinentes, através de consultas e
meio da Administração Indireta. Alguns autores consideram o entendimentos, de modo a sempre compreenderem soluções
Decreto-Lei nº 200/67 como o marco inicial da Administração integradas e que se harmonizem com a política geral e setorial
Gerencial no Brasil, pois este deu início a um processo de do Govêrno. Idêntico procedimento será adotado nos demais
descentralização de atividades para as autarquias, fundações níveis da Administração Federal, antes da submissão dos
públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas. assuntos à decisão da autoridade competente.
IMPORTANTE: O Decreto-Lei 200/1967 estabeleceu os Art. 9º Os órgãos que operam na mesma área geográfica serão
seguintes princípios básicos: submetidos à coordenação com o objetivo de assegurar a
programação e execução integrada dos serviços federais.
TÍTULO II
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS Parágrafo único. Quando ficar demonstrada a inviabilidade de
celebração de convênio (alínea b do § 1º do art. 10) com os
Art. 6º As atividades da Administração Federal obedecerão aos órgãos estaduais e municipais que exerçam atividades idênticas,
seguintes princípios fundamentais: os órgãos federais buscarão com êles coordenar-se, para evitar
dispersão de esforços e de investimentos na mesma área
I – Planejamento. geográfica.
II – Coordenação.
III – Descentralização. CAPÍTULO III
IV - Delegação de Competência. DA DESCENTRALIZAÇÃO
V - Contrôle.
Art. 10. A execução das atividades da Administração Federal
CAPÍTULO I deverá ser amplamente descentralizada.
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instrumento de descentralização administrativa, com o objetivo
§ 1º A descentralização será posta em prática em três planos de assegurar maior rapidez e objetividade às decisões, situando-
principais: as na proximidade dos fatos, pessoas ou problemas a atender.
a) dentro dos quadros da Administração Federal, distinguindo-se Art . 12 . É facultado ao Presidente da República, aos Ministros
claramente o nível de direção do de execução; de Estado e, em geral, às autoridades da Administração Federal
delegar competência para a prática de atos administrativos,
b) da Administração Federal para a das unidades federadas, conforme se dispuser em regulamento.
quando estejam devidamente aparelhadas e mediante convênio;
Parágrafo único. O ato de delegação indicará com precisão a
c) da Administração Federal para a órbita privada, mediante autoridade delegante, a autoridade delegada e as atribuições
contratos ou concessões. objeto de delegação.
§ 3º A Administração casuística, assim entendida a decisão de a) o contrôle, pela chefia competente, da execução dos
casos individuais, compete, em princípio, ao nível de execução, programas e da observância das normas que governam a
especialmente aos serviços de natureza local, que estão em atividade específica do órgão controlado;
contato com os fatos e com o público. b) o contrôle, pelos órgãos próprios de cada sistema, da
observância das normas gerais que regulam o exercício das
§ 4º Compete à estrutura central de direção o estabelecimento atividades auxiliares;
das normas, critérios, programas e princípios, que os serviços c) o contrôle da aplicação dos dinheiros públicos e da guarda dos
responsáveis pela execução são obrigados a respeitar na solução bens da União pelos órgãos próprios do sistema de contabilidade
dos casos individuais e no desempenho de suas atribuições. e auditoria.
§ 5º Ressalvados os casos de manifesta impraticabilidade ou Art. 14. O trabalho administrativo será racionalizado mediante
inconveniência, a execução de programas federais de caráter simplificação de processos e supressão de contrôles que se
nitidamente local deverá ser delegada, no todo ou em parte, evidenciarem como puramente formais ou cujo custo seja
mediante convênio, aos órgãos estaduais ou municipais evidentemente superior ao risco.
incumbidos de serviços correspondentes.
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regionais e na elaboração da programação geral do Governo.
(Redação dada pela Lei nº 6.036, de 1974) 5 Cespe/ANAC/Técnico em Regulação/2012/85 O Decreto-Lei
n.º 200/1967 representou um marco orientador da administração
§ 2º Com relação à Administração Militar, observar-se-á o pública para a eficiência e a centralização administrativa, o que
disposto no art. 50. contribuiu para a autonomia da administração direta.
Art. 18. Tôda atividade deverá ajustar-se à programação 1 Certo. O governo JK buscou uma maior centralização e rigidez
governamental e ao orçamento-programa e os compromissos na administração direta, de modo a executar suas reformas na
financeiros só poderão ser assumidos em consonância com a administração pública federal, e maior descentralização da
programação financeira de desembôlso. administração e da execução na administração atualmente
conhecida como indireta.
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6 Errado. Ao contrário do afirmado pela questão, a
reforma administrativa de 1967 promoveu a descentralização
funcional da administração, sendo considerada pelo PDRAE
como um primeiro momento da administração gerencial no Brasil.
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5. O retrocesso Constitucional de 1988 patrimonialista no processo, a instituição de uma série de
privilégios, que não se coadunam com a própria administração
O PDRAE narra que as ações rumo a uma administração pública burocrática. Como exemplos temos a estabilidade rígida
pública gerencial são, entretanto, paralisadas na transição para todos os servidores civis, diretamente relacionada à
democrática de 1985 que, embora representasse uma grande generalização do regime estatutário na administração direta e nas
vitória democrática, teve como um de seus custos mais fundações e autarquias, a aposentadoria com proventos
surpreendentes o loteamento dos cargos públicos da administração integrais sem correlação com o tempo de serviço ou com a
indireta e das delegacias dos ministérios nos Estados para os contribuição do servidor.
políticos dos partidos vitoriosos. Um novo populismo
patrimonialista surgia no país. De outra parte, a alta burocracia Todos estes fatos contribuíram para o desprestígio da
passava a ser acusada, principalmente pelas forças conservadoras, administração pública brasileira, não obstante o fato de que os
de ser a culpada da crise do Estado, na medida em que favorecera administradores públicos brasileiros são majoritariamente
seu crescimento excessivo. competentes, honestos e dotados de espírito público. Estas
qualidades, que eles demonstraram desde os anos 30, quando a
A conjunção desses dois fatores leva, na Constituição de administração pública profissional foi implantada no Brasil, foram
1988, a um retrocesso burocrático sem precedentes. Sem que um fator decisivo para o papel estratégico que o Estado jogou no
houvesse maior debate público, o Congresso Constituinte desenvolvimento econômico brasileiro. A implantação da
promoveu um surpreendente engessamento do aparelho estatal, indústria de base nos anos 40 e 50, o ajuste nos anos 60, o
ao estender para os serviços do Estado e para as próprias desenvolvimento da infra-estrutura e a instalação da indústria de
empresas estatais praticamente as mesmas regras bens de capital, nos anos 70, de novo o ajuste e a reforma
burocráticas rígidas adotadas no núcleo estratégico do Estado. financeira, nos anos 80, e a liberalização comercial nos anos 90,
A nova Constituição determinou a perda da autonomia do não teriam sido possíveis não fosse a competência e o espírito
Poder Executivo para tratar da estruturação dos órgãos públicos, público da burocracia brasileira.
instituiu a obrigatoriedade de regime jurídico único para os
servidores civis da União, dos Estados-membros e dos As distorções provocadas pela nova Constituição logo se
Municípios, e retirou da administração indireta a sua fizeram sentir. No governo Collor, entretanto, a resposta a elas
flexibilidade operacional, ao atribuir às fundações e autarquias foi equivocada e apenas agravou os problemas existentes, na
públicas normas de funcionamento idênticas às que regem a medida em que se preocupava em destruir ao invés de
administração direta. construir. O governo Itamar Franco buscou essencialmente
recompor os salários dos servidores, que haviam sido
Este retrocesso burocrático foi em parte uma reação ao violentamente reduzidos no governo anterior. O discurso de
clientelismo que dominou o país naqueles anos. Foi também uma reforma administrativa assume uma nova dimensão a partir de
conseqüência de uma atitude defensiva da alta burocracia que, 1994, quando a campanha presidencial introduz a perspectiva da
sentindo-se injustamente acusada, decidiu defender-se de forma mudança organizacional e cultural da administração pública no
irracional. sentido de uma administração gerencial.
16
Gabarito comentado
17
6. A nova gestão pública – Paradigma pós-burocrático ao possibilitar a participação da população nas decisões
governamentais.
18
Aplica os conceitos da administração privada à
administração pública; IMPORTANTE: No consumerismo o objetivo principal é prestar
serviços de qualidade para o cidadão. A ênfase principal se
Origem nos países Anglo-Saxônicos (Eua,
desloca para a efetividade.
Inglaterra, Nova Zelândia);
O proceso evolutivo da nova administração pública pode ser Nesse modelo o cidadão passa a ser visto como um
dividido nas seguintes fases: cliente.
Como principais resultados obtidos em virtude da adoção
dos modelos gerenciais, destacam-se os seguintes:
1º Estágio da nova administração pública - Gerencialismo
Puro Economia e redução do tamanho dos governos;
Consiste no primeiro estágio gerencial, tendo encontrado Melhoria nos processos;
sua inspiração nas empresas privadas. Ele surge em resposta à
crise fiscal do Estado e tem por fim a eficiência e redução de Maior eficiência;
custos na administração pública.
Maior eficácia e efetividade;
Nessa primeira fase o estado traz da iniciativa privada o
conceito de produtividade (fazer mais com menos), juntamente Maior flexibilidade;
com o enxugamento da máquina pública por meio das grandes
privatizações. Descentralização.
Com relação ao usuário de serviços públicos, este é tido
apenas como financiador do sistema ou mero pagador de impostos
(contribuinte).
19
7. A 2ª reforma administrativa: Plano Diretor de Reforma produção de informações vitais para o processo decisório
do Aparelho do Estado e a Reforma Gerencial (Governo governamental.
FHC)
É preciso, agora, dar um salto adiante, no sentido de uma
administração pública que chamaria de “gerencial”, baseada
em conceitos atuais de administração e eficiência, voltada
Em relação a este ponto, ressalto que a maioria das para o controle dos resultados e descentralizada para poder
questões de provas de concursos públicos são meras reproduções chegar ao cidadão, que, numa sociedade democrática, é quem dá
do Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado. Desse legitimidade às instituições e que, portanto, se torna “cliente
modo, vou evitar utilizar minhas palavras e apenas reproduzir os privilegiado” dos serviços prestados pelo Estado.
principais pontos abordados em provas. Tudo o que estiver em
negrito já foi abordado em prova, então muita atenção em sua É preciso reorganizar as estruturas da administração com
leitura. ênfase na qualidade e na produtividade do serviço público; na
verdadeira profissionalização do servidor, que passaria a perceber
salários mais justos para todas as funções. Esta reorganização da
7.1. Apresentação máquina estatal tem sido adotada com êxito em muitos países
desenvolvidos e em desenvolvimento.
Os diagnósticos e o quadro teórico apresentados no
A crise brasileira da última década foi também uma crise “Plano Diretor” serviram de base para as propostas de Emenda
do Estado. Em razão do modelo de desenvolvimento que Constitucional que o Poder Executivo apresentou ao Congresso
Governos anteriores adotaram, o Estado desviou-se de suas Nacional para as reformas nas áreas administrativa e
funções básicas para ampliar sua presença no setor produtivo, previdenciária (neste último caso, no que respeita às
o que acarretou, além da gradual deterioração dos serviços aposentadorias e pensões dos servidores públicos). Tais propostas
públicos, a que recorre, em particular, a parcela menos favorecida de Emenda visam, por um lado, garantir conquistas da
da população, o agravamento da crise fiscal e, por conseqüência, Constituição de 1988, as quais, na realidade, nunca se
da inflação. Nesse sentido, a reforma do Estado passou a ser concretizaram, tais como a definição de tetos precisos para a
instrumento indispensável para consolidar a estabilização e remuneração dos servidores ativos e inativos e a exigência de
assegurar o crescimento sustentado da economia. Somente assim Projeto de Lei para aumentos de remuneração nos Poderes
será possível promover a correção das desigualdades sociais e Constituídos. Por outro lado, mediante a flexibilização da
regionais. estabilidade e da permissão de regimes jurídicos
Com a finalidade de colaborar com esse amplo trabalho diferenciados, o que se busca é viabilizar a implementação de
que a sociedade e o Governo estão fazendo para mudar o Brasil, uma administração pública de caráter gerencial. Já no caso da
determinei a elaboração do “Plano Diretor da Reforma do Emenda na área da Previdência Social, objetiva-se assegurar que
Aparelho do Estado”, que define objetivos e estabelece diretrizes as aposentadorias ocorram em idade razoável e que sejam
para a reforma da administração pública brasileira. proporcionais ao tempo de contribuição do servidor.
O grande desafio histórico que o País se dispõe a As pesquisas de opinião têm revelado que a reforma do
enfrentar é o de articular um novo modelo de desenvolvimento aparelho do Estado conta com o apoio decidido da população. O
que possa trazer para o conjunto da sociedade brasileira a apoio é fundamental, mas não é suficiente. Se quisermos avançar
perspectiva de um futuro melhor. Um dos aspectos centrais desse na adoção de formas modernas de gestão pública, é
esforço é o fortalecimento do Estado para que sejam eficazes sua imprescindível, também, que os servidores passem a ter uma nova
ação reguladora, no quadro de uma economia de mercado, bem visão de seu papel, pois é no dia a dia do exercício das funções
como os serviços básicos que presta e as políticas de cunho social públicas que a mais profunda e verdadeira reforma vai realizar-se.
que precisa implementar. Por implicar a flexibilização da estabilidade do
Este “Plano Diretor” procura criar condições para a funcionalismo, a reforma administrativa tem sido identificada
reconstrução da administração pública em bases modernas e como contrária aos interesses dos servidores. Nada mais incorreto:
racionais. No passado, constituiu grande avanço a os bons funcionários, que constituem a maioria absoluta, nada têm
implementação de uma administração pública formal, a temer. Muito pelo contrário: pretende-se valorizar o servidor
baseada em princípios racional-burocráticos, os quais se público, propiciando-lhe motivação profissional, remuneração
contrapunham ao patrimonialismo, ao clientelismo, ao condizente com o mercado de trabalho nacional, além de razoável
nepotismo, vícios estes que ainda persistem e que precisam ser segurança no emprego. Só assim será restaurada a criatividade, a
extirpados. Mas o sistema introduzido, ao limitar-se a padrões responsabilidade e a dignidade do servidor público, cuja aspiração
hierárquicos rígidos e ao concentrar-se no controle dos maior deve ser a de bem servir a população.
processos e não dos resultados, revelou-se lento e ineficiente Encareço a todos que exercem funções públicas no
para a magnitude e a complexidade dos desafios que o País Governo Federal que leiam atentamente este “Plano Diretor da
passou a enfrentar diante da globalização econômica. A Reforma do Aparelho do Estado”. Porque, do bom cumprimento
situação agravou-se a partir do início desta década, como de suas diretrizes, dependerá o êxito da transformação do Estado
resultado de reformas administrativas apressadas, as quais brasileiro. O “Plano”, que já está sendo posto em prática em
desorganizaram centros decisórios importantes, afetaram a várias de suas dimensões, é resultado de ampla discussão no
“memória administrativa”, a par de desmantelarem sistemas de âmbito da Câmara da Reforma do Estado.
20
O desafio de implementar integralmente essa reforma, forma adequada a sobrecarga de demandas a ele dirigidas. A
contudo, é imenso e exigirá a dedicação e o entusiasmo de todos. desordem econômica expressava agora a dificuldade do Estado
É nosso dever dar uma resposta urgente e eficaz à população, que, em continuar a administrar as crescentes expectativas em relação
ao me eleger Presidente da República, acreditou na capacidade à política de bem-estar aplicada com relativo sucesso no pós-
deste Governo de mudar o Brasil, criando um modelo de justiça guerra.
social, em que o direito à uma vida com dignidade lhe seja
A Primeira Grande Guerra Mundial e a Grande
garantido.
Depressão foram o marco da crise do mercado e do Estado
Liberal. Surge em seu lugar um novo formato de Estado, que
assume um papel decisivo na promoção do desenvolvimento
7.2. Introdução
econômico e social. A partir desse momento, o Estado passa a
desempenhar um papel estratégico na coordenação da economia
capitalista, promovendo poupança forçada, alavancando o
Estado e sociedade formam, numa democracia, um todo desenvolvimento econômico, corrigindo as distorções do mercado
indivisível. O Estado, cuja competência e limites de atuação estão e garantindo uma distribuição de renda mais igualitária.
definidos precipuamente na Constituição, deriva seu poder de
legislar e de tributar a população, da legitimidade que lhe outorga Não obstante, nos últimos 20 anos esse modelo mostrou-
a cidadania, via processo eleitoral. A sociedade, por seu turno, se superado, vítima de distorções decorrentes da tendência
manifesta seus anseios e demandas por canais formais ou observada em grupos de empresários e de funcionários, que
informais de contacto com as autoridades constituídas. É pelo buscam utilizar o Estado em seu próprio benefício, e vítima
diálogo democrático entre o Estado e a sociedade que se definem também da aceleração do desenvolvimento tecnológico e da
as prioridades a que o Governo deve ater-se para a construção de globalização da economia mundial, que tornaram a competição
um país mais próspero e justo. entre as nações muito mais aguda. A crise do Estado define-se
então:
Nos últimos anos, assistimos em todo o mundo a um
debate acalorado - ainda longe de concluído - sobre o papel que o (1) como uma crise fiscal, caracterizada
Estado deve desempenhar na vida contemporânea e o grau de pela crescente perda do crédito por parte
intervenção que deve ter na economia. No Brasil, o tema adquire do Estado e pela poupança pública que se
relevância particular, tendo em vista que o Estado, em razão do torna negativa;
modelo de desenvolvimento adotado, desviou-se de suas
(2) o esgotamento da estratégia estatizante
funções precípuas para atuar com grande ênfase na esfera
de intervenção do Estado, a qual se reveste
produtiva. Essa maciça interferência do Estado no mercado
de várias formas: o Estado do bem-estar
acarretou distorções crescentes neste último, que passou a
social nos países desenvolvidos, a estratégia
conviver com artificialismos que se tornaram insustentáveis na
de substituição de importações no terceiro
década de 90. Sem dúvida, num sistema capitalista, Estado e
mundo, e o estatismo nos países comunistas;
mercado, direta ou indiretamente, são as duas instituições centrais
e
que operam na coordenação dos sistemas econômicos. Dessa
forma, se uma delas apresenta funcionamento irregular, é (3) a superação da forma de administrar o
inevitável que nos depararemos com uma crise. Foi assim nos Estado, isto é, a superação da
anos 20 e 30, em que claramente foi o mau funcionamento do administração pública burocrática.
mercado que trouxe em seu bojo uma crise econômica de grandes
No Brasil, embora esteja presente desde os anos 70, a
proporções. Já nos anos 80, é a crise do Estado que põe em
crise do Estado somente se tornará clara a partir da segunda
cheque o modelo econômico em vigência.
metade dos anos 80. Suas manifestações mais evidentes são a
É importante ressaltar que a redefinição do papel do própria crise fiscal e o esgotamento da estratégia de substituição
Estado é um tema de alcance universal nos anos 90. No Brasil de importações, que se inserem num contexto mais amplo de
esta questão adquiriu importância decisiva, tendo em vista o peso superação das formas de intervenção econômica e social do
da presença do Estado na economia nacional: tornou-se, Estado. Adicionalmente, o aparelho do Estado concentra e
conseqüentemente, inadiável equacionar a questão da reforma ou centraliza funções, e se caracteriza pela rigidez dos
da reconstrução do Estado, que já não consegue atender com procedimentos e pelo excesso de normas e regulamentos.
eficiência a sobrecarga de demandas a ele dirigidas, sobretudo na
A reação imediata à crise - ainda nos anos 80, logo após a
área social. A reforma do Estado não é, assim, um tema abstrato:
transição democrática - foi ignorá-la. Uma segunda resposta
ao contrário, é algo cobrado pela cidadania, que vê frustrada suas
igualmente inadequada foi a neoliberal, caracterizada pela
demandas e expectativas.
ideologia do Estado mínimo. Ambas revelaram-se irrealistas: a
A crise do Estado teve início nos anos 70, mas só nos primeira, porque subestimou tal desequilíbrio; a segunda, porque
anos 80 se tornou evidente. Paralelamente ao descontrole fiscal, utópica. Só em meados dos anos 90 surge uma resposta
diversos países passaram a apresentar redução nas taxas de consistente com o desafio de superação da crise: a idéia da
crescimento econômico, aumento do desemprego e elevados reforma ou reconstrução do Estado, de forma a resgatar sua
índices de inflação. Após várias tentativas de explicação, tornou- autonomia financeira e sua capacidade de implementar políticas
se claro afinal que a causa da desaceleração econômica nos países públicas.
desenvolvidos e dos graves desequilíbrios na América Latina e no
Leste Europeu era a crise do Estado, que não soubera processar de MUITO IMPORTANTE
21
pela via da produção de bens e serviços, para fortalecer-se na
Neste sentido, são inadiáveis: função de promotor e regulador desse desenvolvimento. No
(1) o ajustamento fiscal duradouro; plano econômico o Estado é essencialmente um instrumento de
transferências de renda, que se torna necessário dada a existência
(2) reformas econômicas orientadas para de bens públicos e de economias externas, que limitam a
o mercado, que, acompanhadas de uma capacidade de alocação de recursos do mercado. Para realizar essa
política industrial e tecnológica, função redistribuidora ou realocadora o Estado coleta impostos e
garantam a concorrência interna e criem os destina aos objetivos clássicos de garantia da ordem interna e
as condições para o enfrentamento da da segurança externa, aos objetivos sociais de maior justiça ou
competição internacional; igualdade, e aos objetivos econômicos de estabilização e
(3) a reforma da previdência social; desenvolvimento. Para realizar esses dois últimos objetivos, que
se tornaram centrais neste século, o Estado tendeu a assumir
(4) a inovação dos instrumentos de funções diretas de execução. As distorções e ineficiências que daí
política social, proporcionando maior resultaram deixaram claro, entretanto, que reformar o Estado
abrangência e promovendo melhor significa transferir para o setor privado as atividades que podem
qualidade para os serviços sociais; e ser controladas pelo mercado. Daí a generalização dos processos
(5) a reforma do aparelho do Estado, de privatização de empresas estatais. Neste plano, entretanto,
com vistas a aumentar sua salientaremos um outro processo tão importante quanto, e que
“governança”, ou seja, sua capacidade no entretanto não está tão claro: a descentralização para o
de implementar de forma eficiente setor público não-estatal da execução de serviços que não
políticas públicas. envolvem o exercício do poder de Estado, mas devem ser
subsidiados pelo Estado, como é o caso dos serviços de
educação, saúde, cultura e pesquisa científica. Chamaremos a
esse processo de “publicização”.
Cabe aos ministérios da área econômica, particularmente
aos da Fazenda e do Planejamento, proporem alternativas com A reforma do Estado envolve múltiplos aspectos. O
vistas à solução da crise fiscal . Aos ministérios setoriais compete ajuste fiscal devolve ao Estado a capacidade de definir e
rever as políticas públicas, em consonância com os novos implementar políticas públicas. Através da liberalização
princípios do desenvolvimento econômico e social. A atribuição comercial, o Estado abandona a estratégia protecionista da
do Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado é substituição de importações. O programa de privatizações
estabelecer as condições para que o governo possa aumentar sua reflete a conscientização da gravidade da crise fiscal e da
governança. Para isso, sua missão específica é a de orientar e correlata limitação da capacidade do Estado de promover
instrumentalizar a reforma do aparelho do Estado, nos termos poupança forçada através das empresas estatais. Através
definidos pela Presidência através deste Plano Diretor. desse programa transfere-se para o setor privado a tarefa da
produção que, em princípio, este realiza de forma mais
Entende-se por aparelho do Estado a administração eficiente. Finalmente, através de um programa de
pública em sentido amplo, ou seja, a estrutura organizacional do publicização, transfere-se para o setor público não-estatal a
Estado, em seus três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) produção dos serviços competitivos ou não-exclusivos de
e três níveis (União, Estadosmembros e Municípios). O aparelho Estado, estabelecendo-se um sistema de parceria entre Estado
do Estado é constituído pelo governo, isto é, pela cúpula dirigente e sociedade para seu financiamento e controle.
nos Três Poderes, por um corpo de funcionários, e pela força
militar. O Estado, por sua vez, é mais abrangente que o aparelho, Deste modo o Estado reduz seu papel de executor ou
porque compreende adicionalmente o sistema constitucional- prestador direto de serviços, mantendo-se entretanto no papel
legal, que regula a população nos limites de um território. O de regulador e provedor ou promotor destes, principalmente
Estado é a organização burocrática que tem o monopólio da dos serviços sociais como educação e saúde, que são essenciais
violência legal, é o aparelho que tem o poder de legislar e tributar para o desenvolvimento, na medida em que envolvem
a população de um determinado território. investimento em capital humano; para a democracia, na medida
em que promovem cidadãos; e para uma distribuição de renda
Estes conceitos permitem distinguir a reforma do Estado mais justa, que o mercado é incapaz de garantir, dada a oferta
da reforma do aparelho do Estado. A reforma do Estado é um muito superior à demanda de mão-de-obra não-especializada.
projeto amplo que diz respeito às varias áreas do governo e, ainda, Como promotor desses serviços o Estado continuará a subsidiá-
ao conjunto da sociedade brasileira, enquanto que a reforma do los, buscando, ao mesmo tempo, o controle social direto e a
aparelho do Estado tem um escopo mais restrito: está orientada participação da sociedade.
para tornar a administração pública mais eficiente e mais voltada
para a cidadania. Este Plano Diretor focaliza sua atenção na Nesta nova perspectiva, busca-se o fortalecimento das
administração pública federal, mas muitas das suas diretrizes e funções de regulação e de coordenação do Estado, particularmente
propostas podem também ser aplicadas no nível estadual e no nível federal, e a progressiva descentralização vertical, para os
municipal. níveis estadual e municipal, das funções executivas no campo da
prestação de serviços sociais e de infra-estrutura.
A reforma do Estado deve ser entendida dentro do
contexto da redefinição do papel do Estado, que deixa de ser o Considerando esta tendência, pretende-se reforçar a
responsável direto pelo desenvolvimento econômico e social governança - a capacidade de governo do Estado - através da
transição programada de um tipo de administração pública
22
burocrática, rígida e ineficiente, voltada para si própria e para o onde as decisões estratégicas são tomadas. Corresponde
controle interno, para uma administração pública gerencial, aos Poderes Legislativo e Judiciário, ao Ministério
flexível e eficiente, voltada para o atendimento do cidadão. O Público e, no poder executivo, ao Presidente da
governo brasileiro não carece de “governabilidade”, ou seja, de República, aos ministros e aos seus auxiliares e
poder para governar, dada sua legitimidade democrática e o apoio assessores diretos, responsáveis pelo planejamento e
com que conta na sociedade civil. Enfrenta, entretanto, um formulação das políticas públicas.
problema de governança, na medida em que sua capacidade de
• ATIVIDADES EXCLUSIVAS. É o setor em que são
implementar as políticas públicas é limitada pela rigidez e
prestados serviços que só o Estado pode realizar. São
ineficiência da máquina administrativa.
serviços em que se exerce o poder extroverso do Estado -
o poder de regulamentar, fiscalizar, fomentar. Como
exemplos temos: a cobrança e fiscalização dos impostos,
7.3. O Aparelho do Estado e as Formas de Propriedade
a polícia, a previdência social básica, o serviço de
desemprego, a fiscalização do cumprimento de normas
sanitárias, o serviço de trânsito, a compra de serviços de
Para enfrentar os principais problemas que representam saúde pelo Estado, o controle do meio ambiente, o
obstáculos à implementação de um aparelho do Estado moderno e subsídio à educação básica, o serviço de emissão de
eficiente, torna-se necessário definir um modelo conceitual, que passaportes, etc.
distinga os segmentos fundamentais característicos da ação do
Estado. A opção pela construção deste modelo tem como principal • SERVIÇOS NÃO EXCLUSIVOS. Corresponde ao
vantagem permitir a identificação de estratégias específicas para setor onde o Estado atua simultaneamente com outras
cada segmento de atuação do Estado, evitando a alternativa organizações públicas não-estatais e privadas. As
simplista de proposição de soluções genéricas a problemas que instituições desse setor não possuem o poder de Estado.
são peculiares dependendo do setor. Entretanto, tem a Este, entretanto, está presente porque os serviços
desvantagem da imperfeição intrínseca dos modelos, que sempre envolvem direitos humanos fundamentais, como os da
representam uma simplificação da realidade. Estas imperfeições, educação e da saúde, ou porque possuem “economias
caracterizadas por eventuais omissões e dificuldades de externas” relevantes, na medida que produzem ganhos
estabelecimento de limites entre as fronteiras de cada segmento, que não podem ser apropriados por esses serviços através
serão aperfeiçoadas na medida do aprofundamento do debate. do mercado. As economias produzidas imediatamente se
espalham para o resto da sociedade, não podendo ser
O Estado é a organização burocrática que possui o poder transformadas em lucros. São exemplos deste setor: as
de legislar e tributar sobre a população de um determinado universidades, os hospitais, os centros de pesquisa e os
território. O Estado é, portanto, a única estrutura organizacional museus.
que possui o “poder extroverso”, ou seja, o poder de constituir
unilateralmente obrigações para terceiros, com extravasamento • PRODUÇÃO DE BENS E SERVIÇOS PARA O
dos seus próprios limites. MERCADO. Corresponde à área de atuação das
empresas. É caracterizado pelas atividades econômicas
O aparelho do Estado ou administração pública lato voltadas para o lucro que ainda permanecem no aparelho
senso, compreende do Estado como, por exemplo, as do setor de infra-
(a) um núcleo estratégico ou governo, estrutura. Estão no Estado seja porque faltou capital ao
constituído pela cúpula dos três poderes, setor privado para realizar o investimento, seja porque
são atividades naturalmente monopolistas, nas quais o
(b) um corpo de funcionários, e controle via mercado não é possível, tornando-se
(c) uma força militar e policial. necessário no caso de privatização, a regulamentação
rígida.
O aparelho do Estado é regido basicamente pelo direito
constitucional e pelo direito administrativo, enquanto que o
Estado é fonte ou sancionador e garantidor desses e de todos os 7.3.2 Setores do Estado e Tipos de Gestão
demais direitos. Quando somamos ao aparelho do Estado todo o
sistema institucional-legal, que regula não apenas o próprio
aparelho do Estado mas toda a sociedade, temos o Estado. Cada um destes quatro setores referidos apresenta
características peculiares, tanto no que se refere às suas
prioridades, quanto aos princípios administrativos adotados.
7.3.1 Os Setores do Estado
No núcleo estratégico, o fundamental é que as decisões
sejam as melhores, e, em seguida, que sejam efetivamente
No Aparelho do Estado é possível distinguir quatro setores: cumpridas. A efetividade é mais importante que a eficiência. O
que importa saber é, primeiro, se as decisões que estão sendo
tomadas pelo governo atendem eficazmente ao interesse nacional,
• NÚCLEO ESTRATÉGICO. Corresponde ao governo, se correspondem aos objetivos mais gerais aos quais a sociedade
em sentido lato. É o setor que define as leis e as políticas brasileira está voltada ou não. Segundo, se, uma vez tomadas as
públicas, e cobra o seu cumprimento. É portanto o setor decisões, estas são de fato cumpridas.
23
Já no campo das atividades exclusivas de Estado, dos possível dentro do aparelho do Estado. Em compensação seus
serviços não-exclusivos e da produção de bens e serviços o dirigentes são chamados a assumir uma responsabilidade maior,
critério eficiência tornase fundamental. O que importa é atender em conjunto com a sociedade, na gestão da instituição.
milhões de cidadãos com boa qualidade a um custo baixo.
No setor de produção de bens e serviços para o
Como já vimos, existem ainda hoje duas formas de mercado a eficiência é também o princípio administrativo básico
administração pública relevantes: a ADMINISTRAÇÃO e a administração gerencial, a mais indicada. Em termos de
PÚBLICA BUROCRÁTICA e a ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA propriedade, dada a possibilidade de coordenação via mercado, a
GERENCIAL. A primeira, embora sofrendo do excesso de propriedade privada é a regra. A propriedade estatal só se justifica
formalismo e da ênfase no controle dos processos, tem como quando não existem capitais privados disponíveis - o que não é
vantagens a segurança e a efetividade das decisões. Já a mais o caso no Brasil - ou então quando existe um monopólio
administração pública gerencial caracteriza-se fundamentalmente natural. Mesmo neste caso, entretanto, a gestão privada tenderá a
pela eficiência dos serviços prestados a milhares senão milhões de ser a mais adequada, desde que acompanhada por um seguro
cidadãos. sistema de regulação.
Nestes termos, no núcleo estratégico, em que o essencial
é a correção das decisões tomadas e o princípio administrativo
7.4 Objetivos do PDRAE
fundamental é o da efetividade, entendido como a capacidade de
ver obedecidas e implementadas com segurança as decisões
tomadas, é mais adequado que haja um misto de administração
pública burocrática e gerencial. A definição dos objetivos e estratégias da reforma do
aparelho do Estado apresentada a seguir decorre do diagnóstico e
No setor das atividades exclusivas e de serviços dos pressupostos teóricos que presidiram a análise anterior.
competitivos ou não exclusivos, o importante é a qualidade e o
custo dos serviços prestados aos cidadãos. O princípio Dada a crise do Estado e o irrealismo da proposta
correspondente é o da eficiência , ou seja, a busca de uma relação neoliberal do Estado mínimo, é necessário reconstruir o Estado,
ótima entre qualidade e custo dos serviços colocados à disposição de forma que ele não apenas garanta a propriedade e os contratos,
do público. Logo, a administração deve ser necessariamente mas também exerça seu papel complementar ao mercado na
gerencial. O mesmo se diga, obviamente, do setor das empresas, coordenação da economia e na busca da redução das
que, enquanto estiverem com o Estado, deverão obedecer aos desigualdades sociais.
princípios gerenciais de administração. Reformar o Estado significa melhorar não apenas a
organização e o pessoal do Estado, mas também suas finanças e
todo o seu sistema institucional-legal, de forma a permitir que o
7.3.3 Setores do Estado e Formas de Propriedade (três formas mesmo tenha uma relação harmoniosa e positiva com a sociedade
de propriedade) civil.
A reforma do Estado permitirá que seu núcleo estratégico
tome decisões mais corretas e efetivas, e que seus serviços - tanto
Outra distinção importante é a relacionada às formas de
os exclusivos, que funcionam diretamente sob seu comando,
propriedade. Ainda que vulgarmente se considerem apenas duas
quanto os competitivos, que estarão apenas indiretamente
formas, a PROPRIEDADE ESTATAL e a PROPRIEDADE
subordinados na medida que se transformem em organizações
PRIVADA, existe no capitalismo contemporâneo uma terceira
públicas não-estatais - operem muito mais eficientemente.
forma, intermediária, extremamente relevante: a
PROPRIEDADE PÚBLICA NÃO-ESTATAL, constituída pelas Reformar o aparelho do Estado significa garantir a esse
organizações sem fins lucrativos, que não são propriedade de aparelho maior governança, ou seja, maior capacidade de
nenhum indivíduo ou grupo e estão orientadas diretamente para o governar, maior condição de implementar as leis e políticas
atendimento do interesse público. O tipo de propriedade mais públicas. Significa tornar muito mais eficientes as atividades
indicado variará de acordo com o setor do aparelho do Estado. exclusivas de Estado, através da transformação das autarquias em
“agências autônomas”, e tornar também muito mais eficientes os
No núcleo estratégico a propriedade tem que ser
serviços sociais competitivos ao transformá-los em organizações
necessariamente estatal. Nas atividades exclusivas de Estado,
públicas não-estatais de um tipo especial: as “organizações
onde o poder extroverso de Estado é exercido, a propriedade
sociais”.
também só pode ser estatal.
Na reforma do aparelho do Estado podemos distinguir
Já para o setor não-exclusivo ou competitivo do Estado
alguns objetivos globais e objetivos específicos para seus quatro
a propriedade ideal é a pública não-estatal. Não é a propriedade
setores.
estatal porque aí não se exerce o poder de Estado. Não é, por
outro lado, a propriedade privada, porque se trata de um tipo de
serviço por definição subsidiado. A propriedade pública não-
estatal torna mais fácil e direto o controle social, através da 7.4.1 Objetivos Globais:
participação nos conselhos de administração dos diversos • Aumentar a governança do Estado, ou seja, sua
segmentos envolvidos, ao mesmo tempo que favorece a parceria capacidade administrativa de governar com efetividade
entre sociedade e Estado. As organizações nesse setor gozam de e eficiência, voltando a ação dos serviços do Estado
uma autonomia administrativa muito maior do que aquela para o atendimento dos cidadãos.
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• Limitar a ação do Estado àquelas funções que lhe são 7.4.4 Objetivos para os Serviços Não-exclusivos
próprias, reservando, em princípio, os serviços não-
• Transferir para o setor publico não-estatal estes serviços,
exclusivos para a propriedade pública não-estatal, e a
através de um programa de “publicização”,
produção de bens e serviços para o mercado para a
transformando as atuais fundações públicas em
iniciativa privada.
organizações sociais, ou seja, em entidades de direito
• Transferir da União para os estados e municípios as privado, sem fins lucrativos, que tenham autorização
ações de caráter local: só em casos de emergência cabe específica do poder legislativo para celebrar contrato de
a ação direta da União. gestão com o poder executivo e assim ter direito a
dotação orçamentária.
• Transferir parcialmente da União para os estados as
ações de caráter regional, de forma a permitir uma • Lograr, assim, uma maior autonomia e uma conseqüente
maior parceria entre os estados e a União. maior responsabilidade para os dirigentes desses
serviços.
• Lograr adicionalmente um controle social direto desses
7.4.2 Objetivos para o Núcleo Estratégico:
serviços por parte da sociedade através dos seus
• Aumentar a efetividade do núcleo estratégico, de forma conselhos de administração. Mais amplamente, fortalecer
que os objetivos democraticamente acordados sejam práticas de adoção de mecanismos que privilegiem a
adequada e efetivamente alcançados. participação da sociedade tanto na formulação quanto na
avaliação do desempenho da organização social,
• Para isto, modernizar a administração burocrática, que no viabilizando o controle social.
núcleo estratégico ainda se justifica pela sua segurança e
efetividade, através de uma política de profissionalização • Lograr, finalmente, uma maior parceria entre o Estado,
do serviço público, ou seja, de uma política de carreiras, que continuará a financiar a instituição, a própria
de concursos públicos anuais, de programas de educação organização social, e a sociedade a que serve e que
continuada permanentes, de uma efetiva administração deverá também participar minoritariamente de seu
salarial, ao mesmo tempo que se introduz no sistema financiamento via compra de serviços e doações.
burocrático uma cultura gerencial baseada na avaliação
• Aumentar, assim, a eficiência e a qualidade dos serviços,
do desempenho.
atendendo melhor o cidadão-cliente a um custo menor.
• Dotar o núcleo estratégico de capacidade gerencial para
definir e supervisionar os contratos de gestão com as
agências autônomas, responsáveis pelas atividades 7.4.5 Objetivos para a Produção para o Mercado
exclusivas de Estado, e com as organizações sociais,
• Dar continuidade ao processo de privatização através do
responsáveis pelos serviços não-exclusivos do Estado
Conselho de Desestatização.
realizados em parceria com a sociedade.
• Reorganizar e fortalecer os órgãos de regulação dos
monopólios naturais que forem privatizados.
7.4.3 Objetivos para as Atividades Exclusivas
• Implantar contratos de gestão nas empresas que não
• Transformar as autarquias e fundações que possuem puderem ser privatizadas.
poder de Estado em agências autônomas, administradas
segundo um contrato de gestão; o dirigente escolhido
pelo Ministro segundo critérios rigorosamente
profissionais, mas não necessariamente de dentro do
Estado, terá ampla liberdade para administrar os recursos
humanos, materiais e financeiros colocados à sua
disposição, desde que atinja os objetivos qualitativos e
quantitativos (indicadores de desempenho) previamente
acordados;
• Para isto, substituir a administração pública burocrática,
rígida, voltada para o controle a priori dos processos,
pela administração pública gerencial, baseada no
controle a posteriori dos resultados e na competição
administrada.
• Fortalecer práticas de adoção de mecanismos que
privilegiem a participação popular tanto na formulação
quanto na avaliação de políticas públicas, viabilizando o
controle social das mesmas.
25
Exercícios 8 Cespe/MC/2013/Especialidade 9/51 De acordo com a
administração pública gerencial, que é autorreferente e centrada
1 Cespe/MC/2013/Especialidade 22/74 As reformas
nos resultados, o controle rígido dos processos é o modo mais
administrativas desenvolvidas no governo de Fernando Collor não
seguro de evitar o nepotismo e a corrupção.
se fundamentavam em um plano formal, tampouco eram
precedidas de estudos e debates. 9 Cespe/MC/2013/Especialidade 4/74 A ênfase da administração
pública gerencial recai sobre o controle do processo em
2 Cespe/Ancine/Técnico Administrativo/2012/59 De acordo
detrimento do resultado, pois, segundo esse modelo, é por meio
com o referido plano (PDRAE), no núcleo estratégico do aparelho
do acompanhamento dos indicadores de tendência que os
de Estado a propriedade ideal deveria ser a pública, não a estatal.
objetivos fixados são alcançados.
3 Cespe/Ancine/Técnico Administrativo/2012/60 No
10 Cespe/MI/2013/Analista Técnico-Administrativo/87 Na
denominado aparelho do Estado, serviços não exclusivos
perspectiva da reforma gerencial, o Estado amplia seu papel de
correspondem ao setor em que o Estado atua simultaneamente
prestador direto de serviços, abstendo-se, porém, do papel de
com outras organizações públicas não estatais e privadas.
regulador de serviços sociais como educação e saúde.
4 Cespe/MI/2013/Analista Técnico-Administrativo/84
11 Cespe/CPRM/2013/Analista em Geociências –
Contrapondo-se à ideologia do formalismo e do rigor técnico da
Administração/52 Nos anos 90 do século XX, com a reforma
burocracia tradicional, o paradigma gerencial fundamentado nos
gerencial do governo de Fernando Henrique Cardoso, verificou-
princípios da confiança e da descentralização da decisão exige
se, pela primeira vez, que os princípios rígidos da administração
formas flexíveis de gestão.
burocrática eram um empecilho para o desenvolvimento do Brasil.
5 Cespe/MC/2013/Especialidade 4/73 A administração pública
12 Cespe/FUB/2013/Administrador/53 Considerando a
gerencial adota os mesmos pressupostos da iniciativa privada, em
dimensão institucional, referente à reestruturação do aparelho do
termos de planejamento, controle e resultados.
Estado, os serviços sociais (saúde, educação e assistência social)
6 Cespe/MC/2013/Especialidade 24/82 Um gestor público são considerados atividades exclusivas do Estado.
adepto do modelo de administração gerencial buscará
13 Cespe/BACEN/2013/Infraestrutura e Logística/57 De
simultaneamente a eficiência com redução de custos e aumento da
acordo com a administração pública gerencial, conforme proposto
qualidade.
originalmente por Bresser Pereira, a estabilidade generalizada
7 Cespe/MC/2013/Especialidade 22/79 Uma organização concedida aos servidores públicos é vista como forma de garantir
pautada em pressupostos da administração gerencial tem como continuidade das atividades e, consequentemente, eficiência
meta prioritária o aumento da qualidade, independentemente do organizacional.
possível aumento de custos.
26
Gabarito TREINAMENTO
27
12 Cespe/TRT 10ª/Técnico Judiciário – Área 25 Cespe/Ancine/Técnico Administrativo/2012/57 O modelo da
Administrativa/2013/86 No modelo de administração pública administração pública gerencial tem como um dos seus
gerencial, o aparelho de Estado deve ser responsável apenas pela pressupostos a centralização das decisões e funções do Estado.
execução das políticas públicas.
26 Cespe/TRE - RJ/Técnico – área administrativa/2012/94 O
13 Cespe/TRT 10ª/Técnico Judiciário – Área modelo racional-legal tem como característica limitar o número
Administrativa/2013/88 A gestão pública empreendedora implica de regras e normas de modo a deixar a organização desenvolver
a busca por resultados, visando atender às necessidades dos suas atividades de forma mais racional e otimizada.
cidadãos e não aos interesses da burocracia mediante o estímulo
da sua parceria com sociedade.
Gabarito
14 Cespe/TRT 10ª/Analista Judiciário – Área
Administrativa/2013/78 A perspectiva da nova gestão pública
1 Certo. A administração pública gerencial ou nova administração
ressalta que o interesse público é uma representação da agregação
pública foi um movimento inspirado na administração de
de interesses individuais.
empresas. Nela a estratégia volta-se para a definição precisa dos
15 Cespe/TRT 10ª/Técnico Judiciário – Área objetivos que o administrador público deverá atingir em sua
Administrativa/2013/95 Por visar atender o interesse público, a unidade (mensuração de desempenho), para a garantia de
administração pública tem de alinhar suas ações e resultados às autonomia do administrador na gestão dos recursos humanos,
necessidades e expectativas dos cidadãos, mediante a assunção do materiais e financeiros que lhe forem colocados à disposição para
compromisso de fazer o melhor no cumprimento da sua missão. que possa atingir os objetivos contratados, e para o controle ou
cobrança a posteriori dos resultados (foco na produtividade e
16 Cespe/TRT 10ª/Técnico Judiciário – Área
resultados).
Administrativa/2013/89 Aproximando-se do modelo tradicional
burocrático, o governo empreendedor visa estimular a ação e a Como forma de garantir maior autonomia, o
parceria da sociedade, exercendo forte controle sobre a economia. gerencialismo busca a simplificação das normas e regulamentos
(desregulamentação).
17 Cespe/ANAC/Analista Administrativo/2012/103 O paradigma
pós-burocrático, ao romper radicalmente com o modelo racional- Adicionalmente, pratica-se a competição administrada
legal, procurou orientar o aparelho do Estado para o cidadão- no interior do próprio Estado, quando há a possibilidade de
cliente, fundamentando a gestão no controle dos resultados. estabelecer concorrência entre unidades internas
(competitividade). No plano da estrutura organizacional, a
18 Cespe/ANAC/Analista Administrativo/2012/101 A
descentralização e a redução dos níveis hierárquicos tornam-se
administração pública gerencial produziu avanços para a gestão
essenciais. Em suma, afirma-se que a administração pública deve
do Estado, tendo sido marcada pelo rompimento com princípios
ser permeável à maior participação dos agentes privados e/ou das
da administração pública burocrática e pela adoção da
organizações da sociedade civil (incentivos de mercado e
administração por objetivos.
desregulamentação) e deslocar a ênfase dos procedimentos
19 Cespe/ANAC/Analista Administrativo/2012/52 O modelo (meios) para os resultados (fins).
gerencial compreende a implementação de conceitos como o de
Por fim, podemos destacar que o modelo gerencial
accountability na administração pública.
caracteriza-se pela mudança do papel do Estado, que deixa de ser
20 Cespe/MCTI/Gestão Administrativa/2012/66 O gerencialismo um mero prestador de serviços para tornar-se um agente
pode ser dividido em três tipos: gerencialismo puro, consumerism regulador, atuando por meio do fomento ao mercado (incentivos
e public service orientation. de mercado).
21 Cespe/ANATEL/Analista Administrativo/2012/84 O termo 2 Certo. A nova gestão pública é inspirada na gestão de empresas.
joint venture refere-se à associação estratégica de duas ou mais Ela aproveita as contribuições de todas as abordagens da
empresas cujo objetivo é atuar em um novo mercado mediante o administração, incluindo a clássica, com foco na eficiência e
desenvolvimento de um projeto único. Na esfera pública, o joint produtividade, e a da qualidade total, com foco na satisfação dos
venture ocorre por meio das parcerias entre entidades públicas e clientes ou cidadãos.
privadas, buscando aperfeiçoar a atuação do Estado.
3 Errado. A nova administração pública surge em
22 Cespe/Ancine/Técnico em Regulação/2012/58 Governança decorrência da necessidade de superar a rigidez burocrática e a
representa a capacidade de um governo para formular e crise fiscal do Estado. Para tal, adota medidas como a
implementar suas decisões. racionalização dos gastos, privatizações e terceirizações, assim,
reduzindo a estrutura e os gastos da administração pública. Sendo
23 Cespe/Ancine/Técnico em Regulação/2012/59 A adoção da assim, a afirmativa de que o Estado deve evitar as privatizações e
administração gerencial no setor público propicia a flexibilização terceirizações é incorreta.
dos procedimentos operacionais e, por consequência, rompe com
a rigidez excessiva de regras. 4 Certo. A nova administração pública (gerencialista) orienta-se
para resultados e para o cidadão-cliente enquanto a administração
24 Cespe/Ancine/Técnico em Regulação/2012/60 Segundo o pública burocrática é orientada para o rigor técnico e para os
modelo de administração pública gerencial, o cidadão é tratado meios de controle.
como contribuinte e não como cliente dos serviços prestados pelo
Estado.
28
5 Certo. Entre os princípios norteadores da reforma gerencial está 15 Certo. A nova administração pública visa atender ao
a descentralização, como forma de conferir mais autonomia e interesse público, sendo este entendido como as expectativas do
flexibilidade para os órgãos da administração pública, bem como cidadão. Como fundamentos desse modelo, podemos mencionar a
eficiência e efetividade. inovação, descentralização, qualidade e busca pela excelência, ou
seja, fazer o melhor no cumprimento da missão.
6 Certo. A nova gestão pública é orientada para os resultados,
priorizando um controle a posteriori, e para a promoção da 16 Errado. O governo empreendedor aproxima-se do
eficiência, eficácia e efetividade. modelo gerencial e distancia-se do burocrático. Além disso, busca
consolidar o estado catalisador, que transfere a execução para o
7 Errado. Embora a administração pública gerencial tenha
setor privado e terceiro setor e dá maior ênfase à coordenação e
surgido para superar a rigidez burocrática, não se pode afirmar
regulação, reduzindo, com isso, o intervencionismo estatal no
que os princípios da administração burocrática são incompatíveis
mercado. O forte intervencionismo é característico do modelo
com o desenvolvimento e expansão dos mercados, uma vez que
burocrático.
diversos princípios desta teoria continuam a balizar a atuação da
administração pública, tais como o mérito profissional e a 17 Errado. O paradigma pós-burocrático não rompe
impessoalidade. radicalmente com o modelo burocrático, uma vez que diversos
princípios deste continuam a ser aplicados, tais como
8 Errado. A administração gerencial ou nova
impessoalidade e a meritocracia. Diante disso, podemos afirmar
administração pública surge para superar o caráter rígido da
que o paradigma pós-burocrático visa atenuar as disfunções da
administração burocrática, por meio da introdução de novas
burocracia, superando, assim, sua rigidez excessiva.
práticas gerenciais direcionadas à criação de condições para
elevar o controle social sobre o gestor público. 18 Errado. Conforme comentado anteriormente, a
administração gerencial preserva diversos avanços
9 Errado. Embora tenha foco em resultados, a
proporcionados pelo modelo burocrático, razão pela qual não
administração pública gerencial surge para superar a rigidez da
podemos afirmar que ela é marcada por romper totalmente com a
burocracia e não para preservá-la.
administração burocrática.
10 Certo. Segundo o PDRAE “o paradigma gerencial
19 Certo. O modelo gerencial reconhece que o cidadão é o
contemporâneo, fundamentado nos princípios da confiança e da
foco principal da atuação da administração pública, razão pela
descentralização da decisão, exige formas flexíveis de gestão,
qual esta deve incentivar maior participação daquele na gestão
horizontalização de estruturas, descentralização de funções e
pública. Uma das formas de aumentar essa participação é
incentivos à criatividade. Tais fundamentos estão de acordo com a
buscando uma atuação transparente, de forma a permitindo que o
ideia de estado catalisador, entendido este como aquele que
cidadão possa avaliar os resultados da administração pública e
transfere a execução para o setor privado e terceiro setor passando
impor sanções aos agentes públicos que não realizaram suas
a se preocupar com controle, coordenação e regulação.
atribuições de acordo com as expectativas.
11 Certo. Embora a nova administração pública reoriente
Logo, podemos relacionar o conceito de accoutability
o foco dos meios para os fins, ela mantêm algumas formas de
com uma gestão pública transparente (dever de prestar contas) que
controle inerentes ao modelo burocrático, tais como o devido
deve pertencer ao povo (responsabilização dos governantes).
processo legal ou o processo legislativo.
20 Certo. A nova administração pública evoluiu por meio
12 Errado. O estado catalisador, típico da nova gestão
dos seguintes modelos:
pública, é caracterizado por buscar parcerias, realizar
privatizações e terceirizações. Com isso, pode-se afirmar que ele é
menos preocupado com a execução e mais preocupado com a
gestão, transformando-se em um estado gerente ou regulador. 1º GERENCIALISMO PURO
29
22 Certo. Governança é a capacidade administrativa da TREINAMENTO 2
administração pública para implementar políticas públicas de
maneira eficiente e eficaz. Ressalta-se que o conceito de
1 Cespe/MC/2013/Especialidade 9/91 A adoção de modelos de
governança não deve ser confundido com o de governabilidade,
gestão privada por organizações do setor público apresenta duas
uma vez que este se refere à legitimidade do governante, enquanto
faces contraditórias. A primeira diz respeito aos assuntos
aquele refere-se à capacidade técnica da gestão.
organizacionais comuns da administração, e a segunda evidencia a
23 Certo. Enquanto o modelo burocrático é caracterizado atuação do cidadão como acionista em relação ao governo,
por sua rigidez, o gerencial é caracterizado por sua flexibilidade, exigindo maior capacidade de resposta das organizações públicas.
rompendo com a rigidez excessiva de regras.
2 Cespe/MC/2013/Especialidade 9/92 Os impactos das
24 Errado. A administração pública gerencial visualiza o transformações socioeconômicas, ambientais e políticas no mundo
cidadão como um cliente e não apenas como contribuinte. contemporâneo impuseram às organizações públicas a
necessidade de buscar mecanismos mais efetivos de planejamento
25 Errado. A administração gerencial busca formas de
e gestão estratégica para a consecução dos objetivos de Estado e
organização mais horizontalizadas e descentralizadas. Por essa
de governos.
razão, além de descentralizar o poder para tomada de decisões,
descentraliza a execução dos serviços públicos por meio de 3 Cespe/STF/2013/Analista Judiciário – Área
parcerias com o terceiro setor e realização de privatizações. Administrativa/51 A nova administração pública, que é
estruturada com orientação para resultados, contrapõe-se às
26 Errado. O modelo racional-legal ou burocrático caracteriza-se
práticas anteriores, que mantinham seu foco na busca por
pela existência de regras e normas rígidas que estabelecem o
eficiência nos processos administrativos.
comportamento dos agentes públicos. Sendo assim, pode-se
afirmar que os servidores públicos nesse modelo são meros 4 Cespe/IBAMA/2013/Analista Administrativo/74 De modo
cumpridores de normas. Com isso, a atuação das organizações geral, a nova administração pública tem caráter descentralizador,
torna-se rígida e inflexível, dificultando a racionalização e pois, por meio do gerencialismo, equilibraram-se as questões
otimização dos serviços. relativas à complexidade da gestão, como, por exemplo, a
integração entre os aspectos técnicos e políticos.
5 Cespe/MI/2013/Administrador/51 Para a antiga administração
pública, anterior à nova gestão pública, o interesse público
representava a agregação dos interesses individuais.
6 Cespe/MC/2013/Especialidade 22/80 Uma organização que se
pauta no modelo gerencial da administração denominado
gerencialismo puro (managerialism) percebe o cidadão como um
contribuinte, e não como um cliente ou consumidor.
7 Cespe/MC/2013/Especialidade 24/85 Uma organização
pública norteada pela valorização da accountability e da equidade
no tratamento dos cidadãos, que considera como clientes, adota o
modelo gerencial de administração denominado PSO (public
service orientation).
8 Cespe/MC/2013/Especialidade 24/91 A accountability vincula-
se aos regimes democráticos que buscam a maior
responsabilização dos seus governantes.
9 Cespe/MC/2013/Especialidade 22/88 A ação popular é um
instrumento que pode ser utilizado para realizar accountability
vertical.
Com referência ao empreendedorismo governamental e às novas
lideranças no setor público, julgue os itens que se seguem.
10 Cespe/MC/2013/Especialidade 4/76 A gestão empreendedora
das organizações públicas deve ter um caráter centralizador para
proporcionar maior rapidez e um controle adequado das ações
desenvolvidas na máquina administrativa.
11 Cespe/MC/2013/Especialidade 4/77 Uma organização pública
empreendedora vincula o alcance de seus objetivos a uma atuação
conjunta dos setores público, privado e voluntário.
12 Cespe/MC/2013/Especialidade 4/78 As organizações públicas
que pretendam adotar uma gestão empreendedora não necessitam
de pessoas empreendedoras, visto que empreendedorismo é um
30
conceito institucional que se efetiva apenas mediante políticas Gabarito
organizacionais.
13 Cespe/MC/2013/Especialidade 4/79 O empreendedorismo
1E
governamental privilegia a competição na prestação dos serviços,
com a finalidade de aumentar a eficiência dos serviços prestados. 2 C
14 Cespe/MC/2013/Especialidade 4/80 Uma organização que 3 C
busca a implementação do empreendedorismo governamental
deve enfatizar um planejamento focado no financiamento da 4 E
estrutura administrativa. 5E
15 Cespe/MC/2013/Especialidade 9/94 Empreender na gestão 6 C
pública consiste em aumentar a complexidade dos serviços
públicos diante do dinamismo da vida moderna e das 7 C
organizações do setor público. 8C
16 Cespe/MI/2013/Analista Técnico-Administrativo/88 O 9 C
governo empreendedor visa atender aos interesses da sociedade e
da burocracia, controlando a economia e se orientando por 10 E
missões e objetivos. 11 C
17 Cespe/MI/2013/Analista Técnico-Administrativo/89 A 12 E
gestão empreendedora no setor público pressupõe a autonomia de
decisão e a responsabilização. 13 C
18 Cespe/MI/2013/Analista Técnico-Administrativo/90 Na 14 E
visão de eficácia das políticas governamentais, o governo 15 E
empreendedor é voltado para a consecução de metas otimizadas e
resultados. 16 E
17 C
18 C
31