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COORDENAÇÃO
Olga Santos
Mário Oliveira
Nuno Carvalho
EdiTOR
F ICHA T ÉCN IC A
Título
Atas do III Congresso Internacional
Educação, Ambiente e Desenvolvimento
Coordenação
Olga Santos; Mário Oliveira; Nuno Carvalho
Comissão Científica
Araceli Serantes; Conceição Colaço; Conceição Martins; Edgar Lameiras;
Fernando Magalhães; Fernando Cruz; Fernanda Oliveira; Filipe Duarte Santos;
Francisco Teixeira; Germán Vargas; Helena Freitas; Joaquim Ramos Pinto;
José Manuel Palma; Juarês Aumond; Judite Vieira; Luísa Schmidt; Marília
Torales Campos; Maurício Balensiefer; Mário Freitas; Mário Oliveira; Nuno
Carvalho; Olga Santos; Pablo Meira; Maria José Rodrigues; Sofia Bergano;
Rogério Roque Amaro; Sandrina Milhano; Viriato Soromenho-Marques
Comissão Organizadora
Carla Gomes, Conceição Colaço, Edgar Lameiras, João Costa, Jorge Figueiredo,
Júlia Rigueira, Manuela Carvalho, Mário Oliveira, Nuno Carvalho, Olga Santos,
Raquel Delgado, Sandra Vieira, Sérgio Duarte
Instituições Organizadoras
OIKOS – Associação de Defesa do Ambiente
e do Património da Região de Leiria
Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Politécnico de Leiria
Edição
OIKOS – Associação de Defesa do Ambiente
e do Património da Região de Leiria
Parceiros Institucionais
Agência Portuguesa do Ambiente; Direção-Geral de Educação; Rede de Coope-
ração e Aprendizagem do Centro de Competências Entre Mar e Serra
Mecenato Ambiental
SECIL; Águas do Centro Litoral; Fundação Caixa Agrícola de Leiria
Apoios
Câmara Municipal de Leiria; Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria
DESIGN E paginação
Rui Lobo
ISBN
978-989-99054-4-3
Ano
2018
O conteúdo e opção de escrita dos textos publicados são da exclusiva responsabilidade dos
respetivos autores, não refletindo necessariamente a posição oficial da Oikos – Associação
de Defesa do Ambiente e do Património da Região de Leiria relativamente aos temas tratados.
EdiTOR
COORDENAÇÃO
Olga Santos
Mário Oliveira
Nuno Carvalho
Abstract
Community lands (termed baldios) are a valuable cultural and so-
cial heritage and an important agroforest space owned and ma-
naged by rural communities. The promotion of sustainable develo-
pment of these lands is a current issue with serious repercussions
for the future of rural areas in Northern and Central Portugal.
In 2017, based on a protocol between FAO / UN and CEABN / ISA,
and following the methodology promoted by the FAO / ONU, the
management of these community areas and their forest resources
was evaluated. The aim was to determine how the transfer of te-
nure rights to local communities, after the 1974 revolution, contri-
buted to the sustainable management (environmental, social and
economic) of baldio forest areas.
Understanding the concept of sustainable forest management
(SFM) and its transition to practice often requires a multidiscipli-
nary set of knowledge and skills. The assessment of SFM indicators
in baldios revealed some discrepancies in results due to evident
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Introdução
O princípio da Gestão Florestal Sustentável (GFS) compreende a ex-
ploração dos recursos florestais de forma a aumentar os benefícios
diretos para as pessoas e ambiente (funções ecológicas, diversidade
biológica e paisagística, valores estéticos e recreativos), mantendo
simultaneamente o ritmo da produtividade florestal (EC 2017; FAO
2003). Desta forma, a GFS requer um equilíbrio entre os diversos
indicadores ambientais, sociais e económicos no espaço e no tempo.
Nas últimas décadas, a preocupação com a sustentabilidade na ges-
tão de áreas florestais tem recebido uma atenção crescente a nível
global (FAO 2015), apesar da sua importância na silvicultura ser
discutida há mais de dois séculos (Wiersum 1995).
Outra importante componente observada no campo da gover-
nança florestal contemporânea é a descentralização. A Gestão Co-
munitária de Áreas Florestais (GCAF) constitui um regime que re-
sulta do processo de descentralização, que promove a inclusão da
população local na governança dos recursos florestais, e que envol-
ve várias combinações de direitos de usuário, responsabilidades e
tomada de decisões. De acordo com o relatório da FAO “Forty years
of community-based forestry. A Review of its Extent and Effecti-
veness” (2016)community-based forestry has grown in popularity,
based on the concept that local communities, when granted suf pro-
perty rights over local forest commons, can organize autonomously
and develop local institutions to regulate the use of natural resour-
ces and manage them sustainably. Over time, various forms of com-
munity-based forestry have evolved in different countries, but all
have at their heart the notion of some level of participation by smal-
lholders and community groups in planning and implementation.
This publication is FAO's rst comprehensive look at the impact of
community-based forestry since previous reviews in 1991 and 2001.
It considers both collaborative regimes (forestry practised on land
with formal communal tenure requiring collective action atualmen-
te uma vasta área florestal do mundo está diretamente associada
a comunidades rurais locais, e revela um constante crescimento.
No entanto, não tem havido uma avaliação sistemática da extensão
e eficácia dos vários tipos dos regimes de GCAF a nível mundial.
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Metodologia
Para avaliar a sustentabilidade da gestão florestal comunitária, fo-
ram escolhidos baldios com áreas florestais, implementadas e ge-
ridas pelos Serviços Florestais durante o Estado Novo, no âmbito
do Plano de Povoamento Florestal, entre 1938 e 1968. Durante este
período, os terrenos comunitários foram apropriados pelo Estado
para, através da florestação, diminuir a severa erosão do solo pro-
vocada nestas áreas pela sobre-exploração dos recursos arbóreos e
dos pastos. Como resultados 370 mil hectares baldios no norte e
centro de Portugal foram objeto da florestação (Devy-Vareta 2003;
Rego 2001).
No inico da avaliação, levada a cabo por especialistas do CEABN,
foi feito um estudo prévio ao estado e gestão das áreas florestais bal-
dias a partir de 1976 (ano em que a propriedade comunitária obteve
um reconhecimento constitucional e esses terenos foram devolvi-
dos às comunidades locais, no âmbito de Decreto-Lei n.º 39/76) e
até 2017 (ano da avaliação).
O estudo avaliou e comparou o nível de GFS nas quatro princi-
pais modalidades de gestão dos baldios (tabela 1). Esta divisão é
baseada nos respetivos modelos organizacionais, de acordo com os
órgãos de gestão (Conselho Diretivo ou Junta Freguesia) e a relação
com os Serviços Florestais (cogestão ou gestão autónoma).
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Resultados
Os resultados da avaliação geral indicam que não há diferenças sig-
nificativas entre as quatro modalidades de gestão de baldios ana-
lisadas. A classificação média do GFS nestes varia entre 2,9 e 3,4
(o que corresponde a “alguma satisfação” dos participantes relati-
vamente ao seu estado atual). No entanto, percebe-se uma ligeira 316
Figura 1
Média de avaliação da satisfação
dos participantes sobre os direitos
de gestores dos baldios (a) e da
sua força (b). Cada indicador foi
avaliado numa escala de 1 a 5,
onde “1” significa uma satisfação
muito fraca; “2” - satisfação fraca;
“3” - alguma satisfação, “4” -
satisfação forte e “5” - satisfação
muito forte.
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Discussão
Sob a regência dos serviços florestais e do sistema de administração
pública, a partir dos anos 30 do século passado, a área florestal dos
baldios foi expandida para atingir determinados objetivos ambien-
tais e económicos. Atualmente mais de 70% da área baldia está sob
o Regime Florestal3 e/ou inclui algum estatuto de proteção (par- 3
Regime Florestal é o conjunto
ques naturais, Rede Natura 2000, etc.). Consequentemente, o pa- de disposições destinadas não só à
criação, exploração e conservação
pel desses terrenos na manutenção e promoção da biodiversidade e
da riqueza silvícola, sob o ponto de
salvaguarda de valores ambientais é inquestionável. vista da economia nacional, mas
Constata-se nos últimos anos que tem havido por parte das uni- também o revestimento florestal
dades baldias um crescente interesse em transitar do tipo de coges- dos terrenos cuja arborização seja
de utilidade pública, e conveniente
tão com os Serviços Florestais para uma gestão autónoma, efetuada
ou necessária para o bom regime
só por compartes ou por Juntas de Freguesia. Considerando todo o das águas e defesa das várzeas,
potencial ecológico, económico e social dessas áreas, torna-se impe- para a valorização das planícies
rioso garantir que existe uma manutenção ou mesmo melhoria da áridas e benefício do clima, ou para
a fixação e conservação do solo,
sua gestão sustentável, não só para o desenvolvimento destas áreas
nas montanhas, e das areias no li-
rurais, mas também para o país em geral. toral marítimo.
Uma gestão florestal sustentável permitirá garantir que os ges-
tores conheçam as suas responsabilidades na formação e imple-
mentação de medidas, que visam a organização, a gestão florestal
contínua, sustentável e reprodutiva, e a melhoria da composição e
qualidade das espécies em gestão. Em simultâneo deve garantir a
proteção e conservação das funções ecológicas das florestas e o seu
papel na diversidade biológica (EC 2017). A nossa análise mostrou
que a sustentabilidade da gestão comunitária de baldios apresenta
um nível médio de satisfação entre os participantes no estudo. Em
seguida são discutidos os resultados mais importantes, com base
nos comentários dos participantes, bem como as recomendações
apresentadas para melhoria deste tipo de gestão.
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Referencias bibliográficas
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