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RELATÓRIO PLANETA PROTEGIDO 2020:

AMÉRICA LATINA E CARIBE


© Parque Nacional Coiba, SNAP Panamá.

ACRÔNIMOS, SIGLAS E ABREVIATURAS


III Caplac Congresso de Áreas Protegidas da América Latina e ALC América Latina e Caribe
Caribe (Lima, Peru, 2019)

AZE Aliança para Extinção Zero (Alliance for ODS Objetivo de Desenvolvimento Sustentável
Zero Extinction)

IBA Área Importante para a Conservação de Aves Omec Outra Medida Efetiva de Conservação
(Important Bird Area) Baseada em Área

Alfa 2020 Aliança Latino-Americana para o Fortalecimento de ONG Organização Não Governamental
Áreas Protegidas de 2020

AMP Área Marinha Protegida PADDD Degradação, Redução e Desclassificação de Áreas


Protegidas (Protected area downgrading, downsizing and
degazettement)

AP Área Protegida Pnud Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

APP Área Protegida Privada Pnuma Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

CDB Convenção sobre Diversidade Biológica Ptap Programa de Trabalho sobre Áreas Protegidas (PoWPA –
Programme of Work on Protected Areas)

CMAP-UICN Comissão Mundial de Áreas Protegidas da União RedParques Rede Latino-Americana de Cooperação Técnica em
Internacional para a Conservação da Natureza Parques Nacionais, Outras Áreas Protegidas, Flora e
Fauna Silvestres

CQNUMC Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a


Snap Sistema Nacional de Áreas Protegidas
Mudança do Clima

Conanp Comissão Nacional de Áreas Naturais Protegidas Snuc Sistema Nacional de Unidades de Conservação

COP Conferência das Partes UICN União Internacional para a Conservação da Natureza

MEE Avaliação da Efetividade da Gestão (Management Unep-WCMC Centro Mundial de Monitoramento da Conservação do
Effectiveness Evaluation) Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(UN Environment Programme World Conservation
Monitoring Centre)

FAO Organização das Nações Unidas para a Alimentação Unesco Organização das Nações Unidas para a Educação, a
e a Agricultura (Food and Agriculture Organization of Ciência e a Cultura (United Nations Educational, Scientific
the United Nations) and Cultural Organization)

GAD Governos Autônomos Descentralizados Ticca Território e Área Conservada por Povos Indígenas e
Comunidades Locais e Tradicionais

GNC Grupo Nacional de Coordenação WD-OECM Base de Dados Mundial sobre Outras Medidas
Efetivas de Conservação Baseadas em Áreas (The
Word Database on Other Effective Area-Based
Conservation Measures)

Iapa Projeto de Integração das Áreas Protegidas WDPA Base de Dados Mundial de Áreas Protegidas
da Amazônia (The World Database on Protected Areas)

Ipbes Plataforma Intergovernamental de Políticas WWF Fundo Mundial para a Natureza


Científicas sobre Biodiversidade e Serviços (Worldwide Fund for Nature)
Ecossistêmicos (Intergovernmental Science-Policy
Platform on Biodiversity and Ecosystem Services).

KBA Área-Chave de Biodiversidade ZEE Zona Econômica Exclusiva


(Key Biodiversity Areas)

PLANETA PROTEGIDO: AMÉRICA LATINA E CARIBE, 2020


Copyright / Autoria Biodiversidade (Conabio) e pelo Instituto de Pesquisa de Recursos Biológicos Alexander
© 2021 RedParques von Humboldt. Além disso, a AFD reconhece a importância das áreas protegidas privadas
(APPs) para o cumprimento da Meta 11 de Aichi e das metas pós-2020, o que contribui para
Citação fortalecer a conectividade ecológica entre os países da região.
Álvarez Malvido, M.; Lazaro, C.; De Lamo, X.; Juffe-Bignoli, D.; Cao, R.; Bueno, P.; Sofrony,
C.; Maretti, C.; Guerra, F. (editores). Planeta Protegido: América Latina e Caribe, 2021. OBSERVAÇÃO
Cidade do México, México; Cambridge, Reino Unido; Gland, Suíça; Bogotá, Colômbia: A reprodução desta publicação é permitida para fins educacionais e não lucrativos, sem
RedParques, Unep-WCMC, CMAP-UICN, WWF, Conanp e Projeto Iapa. 2021. necessidade de autorização especial, desde que seja citada a fonte. A reutilização de qualquer
figura aqui presente está sujeita à autorização dos titulares dos direitos originais. Esta
Editores publicação não pode ser utilizada para revenda ou qualquer outro fim comercial sem uma
Monica Alvarez Malvido3; Cristina Lazaro2; Xavier de Lamo2; Diego Juffe-Bignoli2; Renata autorização escrita da Coordenação Regional da RedParques. Os pedidos de autorização, com
Cao3 4; Paula Bueno3 4; Carolina Sofrony5 ; Claudio Maretti3 e Felipe Guerra6. indicação do propósito e âmbito da reprodução, devem ser enviados ao endereço eletrônico
coordinacionRedParques@gmail.com.
Coordenação
O conteúdo deste relatório não representa necessariamente as posições oficiais ou políticas
REDPARQUES (COORDENADOR PRINCIPAL)
dos sistemas nacionais de áreas protegidas da América Latina e do Caribe que fazem
A Rede Latino-Americana de Cooperação Técnica em Parques Nacionais, Outras Áreas
parte da RedParques; do Unep-WCMC; da CMAP-UICN; do WWF; do Projeto Iapa; dos
Protegidas, Flora e Fauna Silvestres (RedParques) é um mecanismo voluntário de cooperação
colaboradores; ou dos editores. As designações utilizadas neste relatório e a apresentação do
técnica atualmente composto por mais de 20 sistemas nacionais de áreas protegidas na
material não devem ser entendidas como uma expressão das opiniões dos sistemas nacionais
América Latina e no Caribe, cujo objetivo é aumentar progressivamente sua capacidade
membros da RedParques, do Unep-WCMC ou dos colaboradores e editores a respeito da
tecnológica e de gestão a partir de trocas de experiências e conhecimentos entre seus
condição jurídica de qualquer país, território, cidade ou região; de suas autoridades; da
membros. Para tal, utiliza seus próprios recursos técnicos, humanos e financeiros. A
delimitação de suas fronteiras ou limites; ou da designação de seu nome, fronteiras ou
RedParques foi constituída em 1983, e sua secretaria técnica é o Escritório Regional da
limites. A menção de qualquer produto ou entidade comercial nesta publicação não constitui
FAO para a América Latina e o Caribe. Atualmente, a coordenação regional está a cargo da
um endosso da RedParques, do Unep-WCMC, da CMAP-UICN, do WWF ou do Projeto Iapa.
Comissão Nacional de Áreas Naturais Protegidas do México (Conanp), que desempenhará
essa função por um período de dois anos (2019–2021). Mais informações encontram-se AGRADECIMENTOS
disponíveis em https://RedParques.com. O relatório Planeta Protegido: América Latina e Caribe, 2020 é fruto de um trabalho
colaborativo e, principalmente, voluntário. Estamos profundamente gratos às instituições
UNEP-WCMC (COLABORADOR PRINCIPAL)
e pessoas que tornaram isso possível e esperamos manter nossa colaboração em versões
O Centro Mundial de Monitoramento da Conservação do Programa das Nações Unidas para
posteriores deste relatório regional.
o Meio Ambiente (Unep-WCMC) é um centro global de excelência em biodiversidade, que
resulta de uma colaboração entre o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente A publicação deste relatório não teria sido possível sem a contribuição financeira da Agência
e o Centro Mundial de Monitoramento da Conservação, registrado no Reino Unido como Francesa de Desenvolvimento no México (AFD) e seu Projeto Bioconnect; do Fundo Mundial
instituição filantrópica. Juntos, eles combatem a crise global enfrentada pela natureza a partir para a Natureza (WWF); e do Projeto Iapa – Visão Amazônica.
de uma posição única, assegurando que a ciência, o conhecimento e a compreensão moldem
políticas internacionais e nacionais e colaborando com parceiros em todo o mundo para Agradecemos à Comissão Nacional de Áreas Naturais Protegidas do México (Conanp), que
promover maior capacitação e criar soluções inovadoras para os desafios ambientais. Como atualmente está à frente da Coordenação Regional da RedParques; ao Centro Mundial de
guardiões reconhecidos de dados ambientais robustos e influentes, eles usam sua posição Monitoramento da Conservação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
para gerar impactos positivos nas pessoas e na natureza. (Unep-WCMC); à Comissão Mundial de Áreas Protegidas da União Internacional para a
Conservação da Natureza (CMAP-UICN); ao Fundo Mundial para a Natureza (WWF); e ao
CMAP-UICN (COLABORADORA) Projeto Iapa pelo tempo investido neste trabalho. Em particular, agradecemos a Mónica
A União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) é uma organização Álvarez, Cristina Lázaro, Xavier de Lamo, Diego Juffe-Bignoli, Renata Cao, Claudio Maretti,
internacional de importância singular, cujos membros são governos e organizações da Paula Bueno, Carolina Sofrony e Felipe Guerra por seu tempo e contribuição editorial.
sociedade civil. Desde sua criação em 1948, oferece apoio internacional a atividades de
conservação da natureza. Além disso, estendemos este agradecimento aos 58 coordenadores e autores dos capítulos e
estudos de caso, por dedicarem seu tempo voluntário a este trabalho. Eles são, na ordem em
A Comissão Mundial de Áreas Protegidas (CMAP) da União Internacional para a Conservação que são citados no texto: Cristina Lázaro; David Díaz; Miguel Fernández; Alberto Yanosky;
da Natureza (UICN) é a principal rede mundial de especialistas em áreas protegidas. Mayra Milkovic; Ignacio J. March Mifsut; Paula Bueno Martínez; Andrea Barrero Ramírez;
Ela possui 2.500 membros voluntários e está presente em 140 países. Tem como missão Thora Amend; Noelia Zafra-Calvo; Vivienne Solis-Rivera; Carlos Alberto P. dos Santos; Flávio
promover a criação e gestão efetiva de um conjunto de áreas protegidas marinhas e D. G. Lontro; Cláudio C. Maretti; Marvin Fonseca Borrás; Oscar Godínez Gómez; Tania
terrestres, que são representativas da biodiversidade global. Por meio de orientação técnica Urquiza-Haas; Patricia Koleff Osorio; Camilo Andrés Correa Ayram; Luis Santiago Castillo;
e estratégica, contribui para a missão da UICN e apoia governos e demais atores sociais no Tarsicio Granizo; Marcos Rugnitz Tito; Pedro Araújo; Ricardo Meneses-Orellana; Laura
planejamento e gestão de áreas protegidas e em sua integração a outros setores da sociedade Camacho Jaramillo; Carmen E. Miranda Larrea; Marco Octavio Ribera Arismendi; Carolina
e da economia. Há mais de 60 anos, a CMAP e a UICN exercem liderança mundial no setor. Amaya Pedraza; Lorena Arce; Jorge Nahuel; Pedro Solano; Roberto de la Maza; Marcela
Mais informações encontram-se disponíveis em www.iucn.org/wcpa. Santamaría; Carolina Sofrony; Clara Matallana; Juliana Echeverri; Damián Martínez-
Fernández; Sandra Galán; Jens Brüggemann; Stephanie Arellano; André Lima; Miriam
FUNDO MUNDIAL PARA A NATUREZA, WWF (COLABORADOR E FINANCIADOR)
Factos; Roberto Aviña Carlín; Julia Miranda; Lucía Bartesaghi; Carlos Godoy; Felipe Guerra
O Fundo Mundial para a Natureza (WWF) é uma das maiores e mais respeitadas
Baquero; Renata Cao; Allan Valverde; Osvaldo Barassi Gajardo; Mike Appleton; Mariana
organizações independentes de conservação do mundo, com uma rede global ativa que
Bellot; Lucía Ruíz; Andrew J. Rhodes; Ximena Barrera; Mariana N. Ferreira; Mónica Álvarez;
engloba mais de 100 países. A missão do WWF é impedir a degradação ambiental do planeta
e Ana Julia Gómez.
e construir um futuro no qual a humanidade coexista harmonicamente com a natureza. Para
tal, o WWF promove a conservação da diversidade biológica mundial, a sustentabilidade do Por fim, nosso agradecimento também aos 51 países, ilhas e territórios da América Latina
uso de recursos naturais renováveis e a redução da poluição e do desperdício no consumo. e do Caribe que mantém suas informações atualizadas na WDPA; bem como às pessoas
Mais informações encontram-se disponíveis em https://www.worldwildlife.org/ . que integram os sistemas nacionais de áreas protegidas, que participaram deste processo
e forneceram as informações necessárias em um ano tão complexo. Aos membros da
PROJETO IAPA (COLABORADOR E FINANCIADOR)
RedParques, agradecemos o apoio e o fornecimento de informações complementares à
O Projeto de Integração das Áreas Protegidas da Amazônia 2014–2021 (Iapa) visa a
Base de Dados Mundial de Áreas Protegidas (WDPA), que foram usadas para enriquecer
fortalecer os sistemas nacionais de áreas protegidas dos países amazônicos e a promover
o relatório. Eles são: Administração de Parques Nacionais (APN) da Argentina; Ministério
sua integração regional. Assim, pretende contribuir para a implementação de uma Visão
do Meio Ambiente e Águas da Bolívia, por meio do Serviço Nacional de Áreas Protegidas
Amazônica – em prol da conservação da diversidade biológica e cultural do bioma Amazônia,
(Sernap); Ministério do Meio Ambiente (MMA) do Brasil; Ministério do Meio Ambiente
com base em seus ecossistemas – e para o cumprimento dos objetivos do plano de trabalho
(MMA) e Corporação Nacional de Florestas (Conaf) do Chile; Parques Nacionais Naturais
da Coordenação Regional da RedParques. O projeto é financiado pela União Europeia,
da Colômbia (PNNC); Sistema Nacional de Áreas de Conservação (Sinac) da Costa Rica;
coordenado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO)
Sistema Nacional de Áreas Protegidas (Snap) de Cuba; Ministério do Meio Ambiente e
e implementado em conjunto com o Fundo Mundial para a Natureza (WWF), a União
Águas do Equador; Ministério do Meio Ambiente e Recursos Naturais de El Salvador;
Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), o Programa das Nações Unidas para o
Conselho Nacional de Áreas Protegidas (Conap) da Guatemala; Instituto de Conservação
Meio Ambiente (Pnuma) e a RedParques.
e Desenvolvimento Florestal (ICF) de Honduras; Comissão Nacional de Áreas Naturais
AGÊNCIA FRANCESA DE DESENVOLVIMENTO, AFD, POR MEIO DO PROJETO Protegidas (Conanp) do México; Ministério do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Marena)
BIOCONNECT MÉXICO (FINANCIADORA) da República da Nicarágua; Ministério do Meio Ambiente do Panamá; Ministério do Meio
A Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), por meio do projeto Bioconnect, apoiou Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Mades) do Paraguai; Serviço Nacional de Áreas
a elaboração deste relatório, fortalecendo as ferramentas e políticas que promovem a Naturais Protegidas pelo Estado (Sernanp) do Peru; Ministério do Meio Ambiente e Recursos
conectividade ecológica na América Latina e no Caribe e oferecendo recomendações para Naturais da República Dominicana; Ministério da Habitação, Ordenamento Territorial e
aumentar o percentual de superfície conectável. Isso é feito com base na metodologia Meio Ambiente (MVOTMA) do Uruguai; Ministério do Poder Popular para o Ecossocialismo
ProtConn, desenvolvida pelo Centro de Pesquisa Conjunta (JRC) da Comissão Europeia e Instituto Nacional de Parques (Inparques) da Venezuela.
e ajustada para a América Latina pela Comissão Nacional para o Conhecimento e Uso da

1
Conanp-RedParques (consultora do Pnud na Comissão Nacional de Áreas Naturais Protegidas do México. Coordenação Regional da RedParques).
2
Unep-WCMC (Centro Mundial de Monitoramento da Conservação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente).
3
CMAP-UICN (Comissão Mundial de Áreas Protegidas da União Internacional para a Conservação da Natureza).
4
WWF (Fundo Mundial para a Natureza).
5
Projeto Iapa – Visão Amazônica
6
PNNC-RedParques (Parques Nacionais Naturais da Colômbia. Coordenação Sub-regional Andes-Amazônia da RedParques).
© Mathieu Perrot Bohringer, Colombia.

PLANETA PROTEGIDO: AMÉRICA LATINA E CARIBE, 2020


SUMÁRIO
RESUMO EXECUTIVO 6
MENSAGENS PRINCIPAIS
1. 12

1. Introdução 13

2. Cobertura 14

3. Áreas-chave de biodiversidade: uma ferramenta para


a conservação eficiente da biodiversidade na América Latina
e no Caribe 19

4. Representatividade 24

5. Avaliação da efetividade da gestão de áreas protegidas


na América 6. Latina e no Caribe 29

6. Governança de áreas protegidas na América Latina:


Compartilhamento de poder para aumentar a efetividade,
e eficiência e a justiça 42

7. Quão conectados estão os sistemas de áreas terrestres


protegidas na América Latina e Caribe? 48

8. Integração a paisagens mais amplas 56

9. Contribuição dos territórios de vida na América Latina e no Caribe 60

10. Áreas protegidas privadas na América Latina 68

11. Progressos na identificação de outras medidas efetivas de


conservação baseadas em áreas na América Latina e Caribe 74

12. Potencial desconhecido dos governos locais para a


gestão de áreas protegidas 78

13. Condições propícias e áreas protegidas 83

14. Sem áreas protegidas e conservadas não há futuro sustentável 93

CONCLUSÕES: CONSTATAÇÕES IMPORTANTES 97


NOTAS DE RODAPÉ 98
REFERÊNCIAS 98

Publishing office
Tradução para o Português: Luiz Hargreaves
Revisão: Jaime Gesisky (WWF-Brasil) e Luiz Hargreaves
Revisão do projeto gráfico: Regiane Guzzon (WWF-Brasil)
Coordenação: Mariana Napolitano (WWF-Brasil)
Diagramação: Amanda Filippi
RESUMO
EXECUTIVO
Contexto áreas protegidas, a ALC possui 142 sítios reconhecidos como
patrimônio mundial pela Organização das Nações Unidas
Com mais de 8,8 milhões de km2 em áreas protegidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) devido a seu
terrestres e marinhas, a região da América Latina e Caribe excepcional valor universal para a humanidade. Desses, 96
(ALC) é a mais protegida do mundo em termos de cobertura foram designados por seu valor cultural; 28, por seu valor
terrestre (sem considerar a região polar). natural; e 8, por seu valor misto8.

Esse número equivale a 21,4% da área total protegida pela Devido a essa vasta e singular riqueza biológica e cultural,
ALC (24% das áreas terrestres e 18,9% das áreas marinhas a ALC tem o dever e a responsabilidade fundamentais de
e costeiras), uma cobertura maior que a superfície total do proteger com eficácia sua diversidade biológica e promover
Brasil ou à soma das superfícies continentais de Argentina, a repartição justa e equitativa dos benefícios derivados da
México, Peru, Colômbia, Bolívia e Paraguai. Além da notável utilização de tais recursos biológicos.
extensão da área protegida, a ALC abriga uma extraordinária Nesse contexto, a Convenção sobre Diversidade Biológica
diversidade biológica e cultural em seus territórios: 9 dos 20 (CDB) tem reconhecido a importância das áreas protegidas
membros do grupo de Países Megadiversos Afins (LMMC, na para atingir seus objetivos e, em 2010, definiu a Meta 11 de
sigla em inglês)7 pertencem à região. Aichi como uma das vinte metas de seu plano estratégico
A diversidade biológica da ALC é excepcional. A América para 2020. A Meta 11 de Aichi propõe uma visão para a rede
do Sul, por si só, é a região mais rica em biodiversidade do global de áreas protegidas que inclui, entre outras ações,
planeta1, com mais de 40% da biodiversidade global e mais um aumento estratégico na extensão das áreas protegidas e
de um quarto das florestas do mundo todo. Além disso, a outras medidas efetivas de conservação baseadas em áreas
Mesoamérica tem a segunda maior barreira de corais do (Omecs); a gestão eficaz e equitativa de tais áreas; e sistemas
mundo, e aproximadamente 50% das espécies vegetais únicas ecologicamente representativos, bem conectados e integrados
do planeta se encontram no Caribeii. No entanto, as ameaças a paisagens mais amplas.
antrópicas aumentam na região, e o resultado pode ser visto
no estado das espécies que a habitam. Nesse sentido, apesar Progresso
de a ALC abrigar 60% de todas as espécies avaliadas pela
União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), Este relatório analisa o progresso em relação ao
foram identificadas – somente em 2020 – 5.758 espécies de cumprimento da Meta 11 de Aichi em 51 países, ilhas e
animais e plantas em risco de extinção (em estado crítico, territórios selecionados da América Latina e do Caribe,
ameaçadas de extinção ou vulneráveis). Isso representa a saber: Anguilla; Antígua e Barbuda; Argentina; Aruba;
quase 40% das espécies animais e 1% das espécies vegetais Bahamas; Barbados; Belize; Bermudas; Bolívia; Bonaire,
ameaçadas do mundoiii. Das espécies animais ameaçadas que Santo Eustáquio e Saba; Brasil; Chile; Colômbia; Costa Rica;
foram identificadas, 18% são mamíferos; 23%, répteis; 41%, Cuba; Curaçao; Dominica; Equador; El Salvador; Granada;
anfíbios; e 10%, peixesiv. Guadalupe; Guatemala; Guiana Francesa; Guiana; Haiti;
Honduras; Ilhas Cayman; Ilhas Malvinas; Ilhas Turcas e
Em termos de diversidade cultural, a região abriga 826 Caicos; Ilhas Virgens Britânicas; Ilhas Virgens Americanas;
povos indígenas, totalizando cerca de 45 milhões de Jamaica; Martinica; México; Montserrat; Nicarágua;
pessoas, incluindo povos em isolamento voluntário e grupos Panamá; Paraguai; Peru; Porto Rico; República Dominicana;
residentes em grandes aglomerados urbanosv. Em relação às São Martinho (território francês); São Bartolomeu; São

7
Nações com a maior diversidade de animais e plantas e quase 70% da diversidade de espécies do mundo. Mais informações estão disponíveis em
https://www.cbd.int/doc/meetings/cop/cop-13/information/cop-13-inf-45-en.pdf.
8
Mais informações estatísticas sobre a Lista do Patrimônio Mundial encontram-se disponíveis em https://whc.Unesco.org/en/list/stat.

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Cristóvão e Neves; São Vicente e Granadinas; Santa Lúcia; rapidamente nos últimos anos, mas apenas em alguns países.
São Martinho (território holandês); Suriname; Trinidad e Apesar do notável progresso em relação à cobertura, o
Tobago; Uruguai; e Venezuela. relatório identifica grandes desafios no que diz respeito aos
outros componentes da Meta 11 de Aichi para a região. Segue
Na análise dos elementos qualitativos da Meta 11 de
uma descrição do status atual de conformidade de cada
Aichi, foram priorizados os sistemas que são membros da
componente da meta, bem como dos desafios, constatações
RedParques. Por esse motivo, o relatório pode apresentar
e recomendações relativos a cada um dos componentes
algumas lacunas importantes em relação à região do Caribe.
cobertos por este relatório.
As informações apresentadas correspondem àquelas incluídas
na Base de Dados Mundial de Áreas Protegidas (WDPA), Capítulo 2: Cobertura. Como região, a ALC realizou
considerando julho de 2020 como data de corte. Elas foram grandes esforços para cumprir o objetivos do componente
complementadas por outras fornecidas por fontes regionais de cobertura da Meta 11 de Aichi. Vinte e quatro por cento
e nacionais, conforme a disponibilidade. Portanto, podem das áreas terrestres e continentais da região estão cobertas
apresentar disparidades e sub-representações em relação aos por áreas protegidas. As áreas marinhas protegidas, por sua
relatórios nacionais dos países da CDB e ao Relatório Global vez, cobrem um total de 3.952.075 km2 (aproximadamente
Planeta Protegido, a ser publicado em 2021. Outra razão três vezes o tamanho do Peru), o que corresponde a 18,9%
para a possível sub-representação de dados decorre da falta das áreas marinhas e costeiras da região. No entanto, a
de conhecimento sobre como incluir, na WDPA, elementos extensão geográfica das áreas protegidas é um componente
qualitativos relacionados à Meta 11 de Aichi. que, por si só, não garante a conservação da biodiversidade
e dos ecossistemas, devendo ser considerada em conjunto
Principais constatações e recomendações com por outros componentes que serão relatados nos
capítulos seguintes. Será necessário reconhecer e incorporar
A região da América Latina e Caribe observou, nas últimas a contribuição das Omecs e, para que se atinjam as novas
duas décadas, um aumento constante na cobertura de metas de cobertura da agenda pós-2020, deve ser dada
áreas terrestres protegidas, que vem se estabilizando. Em atenção especial aos países e territórios que não conseguirem
contraste, a cobertura de áreas marinhas protegidas cresceu alcançar seus objetivos.

© Marcelo Cora, Argentina.

7
© Miguel Ángel Cruz Río, México.

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Capítulo 3: Áreas-chave de biodiversidade. Um nove áreas protegidas já integradas à lista (no México, Colômbia
total de 2.300 áreas-chave de biodiversidade (KBAs) foram e Peru) e com a candidatura de 14 áreas adicionais – localizadas
identificadas na ALC, cobrindo mais de 3,2 milhões de no Brasil e na Costa Rica, além dos três países anteriores.
km2 (mais de 20% da superfície terrestre da ALC). Dessas
KBAs, 21,2% se encontram em áreas protegidas, o que Capítulo 6: Governança de áreas protegidas na
representa 56,3% da superfície total das KBAs na região. América Latina: compartilhamento de poder para
Por outro lado, 43,9% das KBAs não possuem nenhum aumentar a efetividade, e eficiência e a justiça. Pouco
grau de proteção na forma de áreas protegidas. Como a mais da metade das áreas protegidas da região (5.237 áreas,
identificação das KBAs não está relacionada ao status legal ou 57,21%) estão sob a gestão de seus governos, em diferentes
ou de proteção desses locais, é uma prioridade prosseguir níveis. Nas áreas restantes, prevalecem outros tipos de
com sua identificação, promover sua proteção adequada e governança, tais como privada (1.408 áreas, ou 15,38%); de
acelerar os esforços para impedir a perda de biodiversidade povos indígenas e comunidades locais (567 áreas, ou 6,19%);
nos locais mais vulneráveis. ou compartilhada, que é a forma de governança menos relatada
(184 áreas, ou 2,01%). Além disso, 20% das áreas registradas na
Capítulo 4: Representatividade. Apesar do grande WDPA (1.758 áreas) não fornecem tal informação.
esforço para cumprir o componente de cobertura, a
proteção não é representativa da biodiversidade ecológica Embora os modelos de governança adotados na ALC sejam
em diferentes escalas de análise. Somente metade dos variados e funcionais, os modelos não governamentais
biomas presentes na ALC alcançam ou superam 17% de costumam ser sub-representados na WDPA. O desafio
proteção. Alguns biomas, como as florestas e arbustais consiste em gerar mecanismos institucionais e jurídicos para
mediterrâneos e os campos e savanas temperadas, são reconhecê-los e operacionalizá-los, já que os instrumentos
especialmente sub-representados na região. A ALC possui de avaliação são incipientes e não padronizados. Atualmente,
24% das ecorregiões terrestres e 19% das ecorregiões as análises cobrem um número limitado de áreas, há poucos
marinhas do mundo. Portanto, é importante avaliar relatórios sistematizados, e as conclusões sobre governança
a representatividade das áreas protegidas na região, não podem ser generalizadas para toda a região. Sugere-
considerando o status de proteção das espécies regionais se que seja dada prioridade à análise da qualidade da
e endêmicas. Isso forneceria informações úteis para governança nos sistemas de áreas protegidas e conservadas
identificar as principais áreas de expansão. As dificuldades a fim de fortalecer o intercâmbio de experiências entre os
relacionadas à expansão da cobertura na agenda pós-2020 países e os sistemas de governança da região.
demandarão atenção especial à proteção das ecorregiões
Capítulo 7: Quão conectados estão os sistemas de áreas
terrestres e marinhas que não tiverem alcançado seus
terrestres protegidas na América Latina e no Caribe?
objetivos. Para promover uma expansão mais representativa
Na grande maioria dos países da ALC, há processos
do sistema de proteção regional, os países da região devem
em andamento visando ao cumprimento dos critérios
considerar a adoção das metodologias identificadas neste
de conectividade da Meta 11 de Aichi. Dos 51 países e
relatório para análises territoriais integrativas.
territórios da região, apenas nove têm mais de 17% de sua
Capítulo 5: Avaliação da efetividade da gestão de superfície terrestre protegida e conectada. Em média, há
áreas protegidas na América Latina e no Caribe. Dos falhas de conexão em 33% da superfície desses sistemas
51 países e territórios que compõem a região, pelo menos 21 nacionais de áreas protegidas, ou seja, aproximadamente
avaliaram a efetividade do sistema nacional de áreas protegidas um terço da área protegida na ALC corresponde a ilhas
que administram com métodos documentados e sistemáticos. de conservação. É fundamental que os países otimizem
Um dos maiores desafios da região é continuar avaliando a a ampliação dos sistemas de áreas protegidas, o que
efetividade da gestão de forma sistemática, expandindo-a melhora a permeabilidade da paisagem em que essas
para outras escalas de análise e envolvendo outros atores não áreas estão localizadas e fortalece a implementação de
governamentais, de forma a aumentar a transparência dessas outras medidas de conservação do território, como as
avaliações de efetividade. Dessa maneira, os processos nacionais Omecs. A implementação de indicadores específicos de
de avaliação da efetividade da gestão de áreas protegidas serão conectividade para áreas protegidas marinho-costeiras
capazes de demolir o antigo conceito de parques de papel e será uma prioridade, visto que, atualmente, tais
aumentarão a confiança na comunidade internacional. Isso indicadores são muito raros.
se deve ao fato de as áreas protegidas que figuram no mapa
realizarem medições sistemáticas de sua efetividade, o que Capítulo 8: Integração a paisagens mais amplas. A
demonstra que possuem níveis elevados de gestão (com vista importância da conservação além das áreas protegidas reside
a alcançar mais eficácia e eficiência de conservação) e que na estratégia que requer uma política de Estado que envolva
adaptam suas práticas de manejo, quando necessário. os governos central e locais, o setor privado e organizações
locais. A conservação integral do patrimônio natural exige
Em termos de progresso na implementação do padrão global mudanças no modelo de desenvolvimento para encontrar
da Lista Verde da UICN (que estimula as áreas protegidas a novas formas de integrar a natureza ao desenvolvimento
progredir rumo a uma gestão efetiva), a ALC se destaca, com e vice-versa. Nesse contexto, é importante aprender

9
com os modelos de gestão que diversos povos indígenas que essas áreas podem dar aos objetivos de conservação.
e comunidades locais desenvolveram, especialmente na Isso permitirá conhecer os benefícios das Omecs para a
América Latina. conectividade e representatividade ecológica dos sistemas
nacionais de áreas protegidas, bem como sua contribuição
Capítulo 9: Contribuição dos territórios de vida na
para a resiliência e gestão efetiva das paisagens.
América Latina e no Caribe. Os Ticcas são territórios
e áreas conservadas por povos indígenas e comunidades Capítulo 12: Potencial desconhecido dos governos
locais e tradicionais, também chamados de territórios locais para a gestão de áreas protegidas.
de vida. Há séculos, esses territórios são governados e Aproximadamente 0,6% das áreas registradas na WDPA
administrados pelos povos e comunidades tradicionais que são administradas por prefeituras, com 38 tipos de
neles vivem. Os Ticcas apresentam modelos de governança denominações. Alguns países já tomaram medidas para
local que viabilizam cenários promissores de sustentabilidade reconhecer esses locais como (i) áreas protegidas ou
e proteção efetiva da natureza e de suas funções conservadas por governos locais em seus sistemas nacionais
ecossistêmicas. Isso pode contribuir para a gestão das áreas de áreas protegidas; (ii) reservas da biosfera; ou (iii)
protegidas, uma vez que muitos espaços tradicionais se possíveis Omecs (desde o ano 2000, 77% das áreas relatadas
sobrepõem a essas unidades de conservação. Por isso, é foram declaradas como tal). O reconhecimento desse tipo
imprescindível continuar a fortalecer os valores culturais, de iniciativa contribui para reforçar e demonstrar o papel
as capacidades e o resgate de conhecimentos integrais das e o potencial dos governos locais como promotores da
comunidades indígenas e de suas organizações, a fim de conservação da biodiversidade, atuando por meio da criação
otimizar a efetividade da gestão territorial frente às ameaças e gestão de áreas protegidas locais (APLs). É importante
derivadas de políticas e processos que desestabilizam a vida que os governos nacionais ajustem os marcos normativos e
comunitária dos povos e sua relação com o território. institucionais que fomentam a criação, governança e gestão
de áreas protegidas e Omecs em nível local.
Capítulo 10: Áreas protegidas privadas na América
Latina. Estima-se que existam, atualmente, pelo menos Capítulo 13: Condições propícias e áreas protegidas. É
4.000 áreas protegidas privadas (APPs) reconhecidas por urgente tratar da necessidade de criar condições favoráveis
redes e governos na região, cobrindo aproximadamente para que os sistemas nacionais de áreas protegidas possam
5 milhões de ha em 17 países. É incalculável o valor implementar plenamente seus objetivos de conservação.
das APPs da região, pois elas não somente refletem um Essas condições, ou o conjunto de elementos que
mosaico de áreas estratégicas para a biodiversidade e facilitariam sua implementação, são partes fundamentais
conectividade, mas também comprovam a existência de uma do debate sobre o marco pós-2020. As condições incluem:
comunidade de indivíduos comprometidos e exemplares. melhorar a segurança do pessoal no território; aumentar
O efeito multiplicador das APPs pode ser decisivo para os recursos financeiros para que os sistemas nacionais de
garantir equilíbrio e resiliência e, de fato, contribuir para áreas protegidas possam alcançar a conservação efetiva de
o cumprimento da Meta 11 de Aichi e dos Objetivos de seu patrimônio natural; e medir a contribuição das áreas
Desenvolvimento Sustentável. protegidas para outras metas globais de conservação e para
os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Isso é de
É necessário aprimorar os sistemas de proteção jurídica
grande importância, uma vez que a ALC é a região mais rica
desses espaços, além dos critérios e metodologias para sua
em biodiversidade do planeta.
identificação, avaliação e registro. Não é por acaso que a
WDPA ainda apresenta uma subnotificação significativa Capítulo 14: Sem áreas protegidas e conservadas não
de APPs: muitas delas escapam ao radar das autoridades há futuro sustentável. Num futuro marcado pela incerteza,
nacionais e dos sistemas nacionais de áreas protegidas. as áreas protegidas e conservadas devem ser reconhecidas
como o principal mecanismo de conservação da natureza e
Capítulo 11: Progressos na identificação de outras
dos serviços ecossistêmicos (elementos básicos para o bem-
medidas efetivas de conservação baseadas em áreas.
estar humano). É fundamental que sejam administradas de
Os países da ALC apresentam índices desiguais de progresso
forma mais eficaz, com espaços para governança participativa e
na identificação e notificação de Omecs. Poucos possuem
adaptativa, e que sejam reconhecidas como locais que reduzem
um roteiro de trabalho definido que permita coordenar
a perda de biodiversidade. Essas áreas devem ser fortalecidas
esforços em seus territórios (apenas um país informa a
por meio de seu marco jurídico legal e de apoio social. Para
existência de um roteiro; em outros sete, ele está em fase de
tal, é necessário que a sociedade e a região atuem de forma
desenvolvimento). Até o momento, nenhum país da região
articulada com governos nacionais e subnacionais e que,
relatou Omecs à Base de Dados Mundial de Outras Medidas
juntos, envidem esforços rumo a um novo acordo global para
Efetivas de Conservação Baseadas em Áreas (WD-OECM,
a natureza e as pessoas, com a participação de outros atores
na sigla em inglês), o que demonstra que todos ainda têm
sociais e das novas gerações. O nosso futuro depende disso.
muito a progredir em relação a seu marco nacional de
implementação. Portanto, no caso das Omecs, é importante
conhecer melhor os critérios, definir roteiros de trabalho
aplicáveis ao contexto de cada país e analisar as contribuições

PLANETA PROTEGIDO: AMÉRICA LATINA E CARIBE, 2020


© Archivo Sernanp, Perú.

11
MENSAGENS PRINCIPAIS
1.
Apesar do cumprimento do componente de cobertura
[capítulo 2] das áreas protegidas na região, a
relatam algum tipo de governança [capítulo 6] estão sob a
gestão do governo, em diferentes níveis. As demais áreas
qualidade dessa cobertura pode ser melhorada. Por se enquadram em outros tipos de governança: privada; de
exemplo, 43,9% das KBAs não têm nenhum grau de povos indígenas e comunidades locais; e compartilhada.
proteção como áreas protegidas, e apenas nove países Por isso é essencial que os sistemas fortaleçam as pontes de
apresentam mais de 17% de sua superfície terrestre colaboração com esses atores.
protegida e conectada. Somente metade dos biomas

4.
presentes na ALC alcançam ou superam 17% de proteção. É evidente a necessidade de aprimoramento e
Diante disso, ao se considerar a expansão dos sistemas padronização dos indicadores para medir os
nacionais de áreas protegidas, será fundamental seguir componentes qualitativos do cumprimento das próximas
as recomendações relativas aos componentes de proteção metas globais baseadas em áreas, com atenção especial
de KBAs [capítulo 3], representatividade [capítulo 4] e ao ambiente marinho. Além disso, é necessário buscar e
conectividade [capítulos 7 e 8] e, assim, assegurar sistemas incentivar a atualização periódica dos dados contidos na
funcionais de áreas protegidas. WDPA para facilitar a análise do progresso.

2. 5.
Um dos maiores desafios para a ALC será continuar Considerando a complexidade do período em
avaliando a efetividade da gestão de forma sistemática que vivemos, as áreas protegidas e conservadas
[capítulo 5], expandi-la para outras escalas de análise, com devem gozar de condições adequadas para implementar
maior envolvimento da sociedade e do meio acadêmico. plenamente seus objetivos de conservação [capítulo 13] e ser
reconhecidas como vetores do desenvolvimento local, com

3.
Em uma região com tamanha biodiversidade, responsabilidade compartilhada pela prestação de serviços
destaca-se o claro potencial de outros mecanismos fundamentais para a saúde e a sobrevivência humana
de conservação do território [capítulos 9 a 12]. Na ALC, [capítulo 14].
pouco mais da metade das áreas protegidas (57,21%) que

© La Mano Del Mono/Ismael Jiménez, México.

PLANETA PROTEGIDO: AMÉRICA LATINA E CARIBE, 2020


© Archivo Sernanp, Perú.

1. Introdução
Por ocasião do encerramento do Plano Estratégico de adicionais à cobertura) e a variedade de instrumentos
Biodiversidade 2011–2020 (e com novas metas globais regionais disponíveis para medir os elementos qualitativos
em negociação), a Coordenação Regional da RedParques da Meta 11 de Aichi. Por isso, este relatório é um primeiro
identificou a publicação deste relatório regional como uma exercício de análise regional do status dos países da ALC em
oportunidade estratégica para analisar detalhadamente o relação a áreas protegidas. Ele visa a facilitar a identificação
nível de cumprimento dos compromissos internacionais dos de prioridades regionais para as próximas metas globais.
países da América Latina e do Caribe (ALC) relativos a áreas
Em uma década de desafios sem precedentes, este relatório
protegidas (APs). Os resultados e constatações deste relatório
é um convite para que mantenhamos nossos esforços de
se sustentam nas melhores informações disponíveis na Base
colaboração regional, de forma a enfrentar esses desafios de
de Dados Mundial de Áreas Protegidas (WDPA) e em fontes
forma coordenada e conter a perda de biodiversidade em áreas
regionais. Eles convidam os países a refletir sobre os pontos
protegidas e conservadas. A elaboração do relatório estimulou
fortes e as oportunidades de que dispõem para facilitar seus
a atualização dos dados da WDPA sobre sistemas nacionais de
processos decisórios, considerando o marco das novas metas
áreas protegidas e a identificação de desafios específicos.
globais para áreas protegidas e conservadas.
A ALC fez importantes avanços na consolidação de seus
sistemas nacionais de áreas protegidas, desde a adoção do
O relatório
referido plano estratégico. É a região com a maior superfície O relatório Planeta protegido: América Latina e Caribe,
protegida do mundo em termos de cobertura terrestre (sem 2020 foi produzido pela atual Coordenação Regional da
considerar a zona polar). Como região, supera os objetivos RedParques (sob a responsabilidade da Comissão Nacional
de cobertura percentual estabelecidos pela Meta 11 de Aichi, de Áreas Naturais Protegidas do México – Conanp) e pelo
atingindo 24% das áreas terrestres e 18,9% das áreas marinhas Centro Mundial de Monitoramento da Conservação do
e costeiras. No entanto, os elementos qualitativos da Meta 11 Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Unep-
de Aichi ainda apresentam enormes desafios para as áreas WCMC). Ele recebeu apoio técnico da Comissão Mundial de
protegidas, tais como representatividade; conectividade Áreas Protegidas da União Internacional para a Conservação
ecológica; efetividade da gestão; governança e equidade na da Natureza (CMAP-UICN), do Fundo Mundial para a
gestão; e identificação e reconhecimento de outras medidas. Natureza (WWF) e do Projeto Iapa.

Limitações
Este relatório, o primeiro do tipo, é uma radiografia do estado
atual dos sistemas nacionais de áreas protegidas da ALC em
relação ao cumprimento da Meta 11 de Aichi. Ele reúne opiniões
As informações aqui contidas baseiam-se principalmente
de especialistas, além de constatações, estudos de caso e
nos dados contidos na WDPA, com a data de corte fixada
recomendações. Além disso, enfatiza a necessidade de esforços
em julho de 2020; portanto, pode haver sub-representações
para melhorar os indicadores padronizados e monitorar o
significativas e disparidade de dados em relação ao próximo
progresso real em relação às próximas metas globais.
Relatório Global de Áreas Protegidas Planeta Protegido, a
Constataram-se fatos importantes, como a sub-representação ser publicado em 2021. Este relatório é uma primeira versão,
de dados na WDPA (no que diz respeito aos elementos com previsão de atualização nos próximos anos.

13
2. Cobertura
CRISTINA LAZARO9
Foi alcançado o objetivo de cobertura da
Meta 11 de Aichi?
Em nível regional, os objetivos percentuais de cobertura terrestre
(17%) e marinha (10%) da Meta 11 de Aichi foram alcançados – na
A versão de julho de 2020 da Base de Dados Mundial de Áreas verdade, foram excedidos.
Protegidas (WDPA) registra um total de 9.154 áreas protegidas
na região da América Latina e Caribe (ALC) [figura 2.1]. Em escala nacional, observam-se grandes variações entre países/
territórios em termos de cobertura de áreas protegidas, tanto
A maior parte das áreas indicadas corresponde a terrestres quanto marinhas [figura 2.2].
áreas terrestres que totalizam 4.935.906 km2
(aproximadamente quatro vezes o tamanho da Colômbia). Em relação às áreas terrestres, observa-se que, em mais de
Isso significa que 24% das áreas terrestres e das águas metade dos países/territórios da região (27), foi superada
continentais da região estão cobertas por áreas protegidas. a meta de 17% de áreas protegidas. Martinica, Guadalupe,
Por sua vez, as áreas marinhas protegidas representam Venezuela e Guiana Francesa têm mais de 50% de sua
um total de 3.952.075 km2 (aproximadamente três vezes o superfície terrestre protegida. Por outro lado, os demais
tamanho do Peru), o que corresponde a 18,9% territórios não atingiram 17% de superfície terrestre protegida;
das áreas marinhas e costeiras da região. e 13 deles não chegaram nem a 10%.

FIGURA 2.1 – ÁREAS PROTEGIDAS NA REGIÃO DA ALC CADASTRADAS NA WDPA ATÉ JULHO DE 2020

Áreas protegidas terrestres


Áreas protegidas marinhas e costeiras

Fonte: Unep-WCMC e UICN (2020).

9
Unep-WCMC; oficial de programa associada; membro da CMAP-UICN.
10
Estas estatísticas podem diferir daquelas relatadas à CDB nos relatórios nacionais devido a diferenças metodológicas
e variações nos conjuntos de dados usados para avaliar a cobertura das áreas protegidas.

PLANETA PROTEGIDO: AMÉRICA LATINA E CARIBE, 2020


FIGURA 2.2 – PORCENTAGEM DE COBERTURA DE ÁREAS PROTEGIDAS NOS 51 PAÍSES/TERRITÓRIOS SELECIONADOS10
Anguila

Anguilla
Antígua e
Barbuda
Argentina

Aruba

Bahamas

Barbados

Belize

Bermudas

Bolívia
Bonaire, Santo
Eustáquio e Saba
Brasil

Chile

Colômbia

Costa Rica

Cuba

Curaçao

Dominica

Equador

El Salvador

Granada

Guadalupe

Guatemala

Guiana Francesa

Guiana

Haiti

Honduras

Ilhas Cayman

Ilhas Malvinas

Ilhas Turcas e Caicos

Ilhas Virgens Britânicas

Ilhas Virgens

Americanas

Jamaica

Martinica

México

Montserrat

Nicarágua

Panamá

Paraguai

Peru

Porto Rico

República Dominicana
São Martinho
(território francês)

São Bartolomeu

São Cristóvão e Neves


São Vicente e
Granadinas
Santa Lúcia
São Martinho
(território holandês)

Suriname

Trinidad e Tobago

Uruguai
Venezuela

% cobertura de zonas terrestres e águas continentais % de cobertura de zonas marinhas e costeiras

*Observação: Para mais detalhes sobre a metodologia utilizada, ver quadro 2.1.
15
Em relação às áreas protegidas marinhas e costeiras, observa-se (UICN) e incorporem padrões definidos que tornem os dados
que, em 13 países/territórios, mais de 10% das áreas marinhas interoperáveis e consistentes, para que possam ser analisados e
e costeiras são cobertas por áreas protegidas. Destacam-se gerar indicadores.
Martinica e Bonaire, Santo Eustáquio e Saba, com 100% de sua
Neste relatório, a cobertura de áreas protegidas terrestres e
área marinha protegida. No entanto, 34 países/territórios têm
marinhas foi calculada de acordo com a versão de julho de 2020
menos de 5% dessas áreas sob proteção.
da WDPA.
A análise inclui áreas designadas pelos diversos países em
Tendências de aumento da cobertura de áreas nível nacional (por exemplo, parques nacionais); em nível

protegidas na ALC regional (áreas protegidas pela Convenção de Cartagena); e em


conformidade com convenções e acordos internacionais (por
exemplo, sítios do Patrimônio Mundial Natural). As reservas
A análise temporal das tendências de cobertura de áreas
da biosfera do programa O Homem e a Biosfera da Unesco não
protegidas na região da ALC indica um viés de crescimento a
foram incluídas no cálculo das estatísticas de cobertura, pois
partir do ano 2000 [figura 2.3].
poderiam incluir zonas de amortecimento que não atendem à
O aumento da cobertura de áreas terrestres protegidas é definição de área protegida da UICN. Também foram excluídas
constante e vem se estabilizando. Em contraste, a cobertura de as áreas protegidas propostas e as áreas protegidas registradas
áreas marinhas protegidas cresceu rapidamente nos últimos anos. como pontos (sem área relatada). Da mesma forma, todas as
Isso se deve principalmente ao fato de alguns países/territórios sobreposições entre os diferentes tipos de designações foram
terem declarado grandes extensões de áreas marinhas protegidas, eliminadas, para evitar duplicações.
como é o caso do Chile, do Brasil e do México; e outros terem
Essas estatísticas podem diferir daquelas relatadas oficialmente
alcançado uma cobertura quase total de suas áreas marinhas,
pelos países à CDB e a outros órgãos. Isso se deve a diferenças
como se observou em Guadalupe e na Martinica (essas áreas
metodológicas nos conjuntos de dados usados para calcular a
correspondem a zonas econômicas exclusivas, ou ZEEs, com
cobertura de áreas protegidas e nos mapas de base que medem a
0–200 milhas náuticas).
área terrestre e marinha de cada país/território (como no caso de
Como região, a ALC realizou grandes esforços para cumprir os El Salvador e da Guatemala).
objetivos do componente de cobertura da Meta 11 de Aichi. As
Para calcular as porcentagens de cobertura de áreas marinhas,
novas metas de cobertura da agenda pós-2020 representam um
por exemplo, a WDPA usa a zona econômica exclusiva (ZEE),
desafio, que demandará atenção especial aos países/territórios
que se estende por até 200 milhas náuticas. No entanto,
que não tiverem alcançado os objetivos de cobertura.
alguns países baseiam seus cálculos nas águas territoriais
QUADRO 2.1 – Cálculo da cobertura de (12 milhas náuticas), o que gera diferenças notáveis entre os
áreas protegidas para este relatório percentuais e os relatórios nacionais apresentados à Convenção
sobre Diversidade Biológica (CDB). É o caso de Cuba, que
Os dados da WDPA são coletados por meio de governos, aparece neste relatório com um percentual aproximado de
organizações da sociedade civil e outras fontes confiáveis. 5% de proteção de suas áreas marinhas e costeiras, embora o
A base de dados armazena apenas informações sobre áreas país informe oficialmente à CDB que tem até 25,38% de seu
protegidas que atendam à definição-padrão de áreas protegidas território marinho protegido, com base em suas águas interiores
da União Internacional para a Conservação da Natureza (no interior da linha de base do mar territorial).

FIGURA 2.3. CRESCIMENTO DA PORCENTAGEM DE COBERTURA DE ÁREAS


PROTEGIDAS NA REGIÃO DA ALC (2000 – 2020)

Meta marinha (10%) Áreas marinhas protegidas Áreas terrestres protegidas Meta terrestre (17%)

9
Unep-WCMC; oficial de programa associada; membro da CMAP-UICN.

PLANETA PROTEGIDO: AMÉRICA LATINA E CARIBE, 2020


© Carlos Peña, República Dominicana.

17
© Britt Basel, Chile.
3. Áreas-chave de
biodiversidade:Uma ferramenta
para a Conservação eficiente
da biodiversidade na América
Latina e no Caribe
DAVID DÍAZ11
MIGUEL FERNÁNDEZ12
ALBERTO YANOSKY13

As áreas-chave de biodiversidade (KBA) são "locais que cobertas por áreas protegidas, o que representa 56,3% da
contribuem significativamente para a persistência da superfície total de KBAs na região. Por outro lado, 43,9%
biodiversidade" . Trata-se do conjunto de dados mais das KBAs não têm nenhum grau de proteção como áreas
completo de áreas de importância global para a protegidas [tabelas 3.1 e 3.2; figura 3.1].
biodiversidade, correspondendo especificamente a mais de
É necessário priorizar a identificação de KBAs na ALC e
16.300 KBAs e uma área superior a 20,6 milhões de km2 em
promover sua adequada proteção, visto que esse é um dos
nível mundial . Até o momento, foram identificadas 2.300
principais mecanismos para sua inclusão no âmbito da
KBAs na ALC, cobrindo mais de 3,2 milhões de km2 (mais
expansão estratégica de áreas protegidas e Omecs.
de 20% da superfície terrestre ). Dessas KBAs, 21,2% são

TABELA 3.1 – NÚMERO E GRAU DE COBERTURA DAS KBAS PROTEGIDAS POR REGIÃO
Porcentagem de proteção das KBAs Mesoamérica Caribe América do Sul Total

>95% / Totalmente protegidas 96 91 302 489


75%–95% / Majoritariamente protegidas 50 44 142 236
5%–75% / Parcialmente protegidas 93 65 180 338
5%–25% / Minimamente protegidas 57 40 131 228
0–5% / Não protegidas 176 193 640 1009

Total 472 433 1.395 2.300


Fonte: BirdLife International (2020); Unep-WCMC e UICN (2020).

11
Coponto focal regional de KBAs para a América Latina e o Caribe; Rainforest Trust.
12
Coponto focal regional de KBAs para as Américas; NatureServe; Smithsonian-Mason School of Conservation / Department of Environmental Science and Policy / George Mason University.
13
Pesquisador da Guyra Paraguai; Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (Conacyt).
14
Pouco mais de 5,8 milhões de km2 da superfície coberta por KBAs corresponde a áreas marinhas; e 14,8 milhões de km2 correspondem a ambientes terrestres e de água doce. Na região,
vêm surgindo esforços recentes para identificar KBAs em ambientes marinhos, especialmente no Cone Sul

19
TABELA 3.2 – SUPERFÍCIE DAS KBAS PROTEGIDAS POR REGIÃO
MESOAMÉRICA CARIBE AMÉRICA DO SUL TOTAL
% DE PROTEÇÃO
DAS KBAS
Área das KBAs Área protegidida Área das KBAs Área protegida Área das KBAs Área protegida Área das KBAs Área protegida

>95% /
Totalmente protegidas
102.970 101.991 25.831 25.715 887.678 879.943 1.016.479 1.007.649

75%–95% /
Majoritariamente
52.690 45.106 9.918 8.145 385.584 339.370 448.192 392.621
protegidas

25%–75% /
Parcialmente
140.431 74.059 10.263 5.517 552.420 275.139 703.114 354.715
protegidas

5%–25% /
Minimamente
116.586 16.153 2.472 313 259.602 34.809 378.660 51.275
protegidas

0–5% / Não protegidas 203.093 2.602 16.837 99 452.710 3.154 672.640 5.855

Total 615.770 239.911 65.321 39.789 2.537.994 1.532.415 3.219.085 1.812.115

Fonte: BirdLife International (2020); Unep-WCMC e UICN (2020).

FIGURA 3.1 – KBAS E GRAU DE PROTEÇÃO NA ALC

KBA e áreas protegidas


Grau de cobertura

Fonte: Adaptado de BirdLife International (2020); Unep-WCMC e UICN (2020).

PLANETA PROTEGIDO: AMÉRICA LATINA E CARIBE, 2020


© Britt Basel, Chile.

21
O RIO NEGRO,
A FRONTEIRA
ENTRE O
PARAGUAI E A
BOLÍVIA, TEM
KBAs EM AMBOS
OS LADOS.

© Alberto Yanosky, Paraguay.


FIGURA 3.2 – INTEGRAÇÃO DE INFORMAÇÕES SOBRE BIODIVERSIDADE NA ALC*
Integração da informação sobre a biodiversidade na lac
Geradores de informações Usuários de informações

PRODUTOS DO
CONHECIMENTO
E INDICADORES
DE VARIAÇÕES NA
BIODIVERSIDADE
Instituições Setor privado
acadêmicas

Integração de informações
VARIÁVEIS
Organizações
ESSENCIAIS DE
intergover-
BIODIVERSIDADE
namentais e
convenções

Organizações não
governamentais Órgãos gover-
namentais

Sociedade
civil

Órgãos
governamentais
Ativistas $
ambientais

Organizações
multilaterais de
Fitotecas e financiamento
museus

NECESSIDADES DE DADOS
Adaptada de: Fernández et al., Tropical Andes
Biodiversity Observator

Observação: O processo de integração de dados sobre biodiversidade e sua aplicação na ALC envolve etapas importantes vinculadas à complexidade das informações, à medida que
avança a geração de dados para embasar processos decisórios. A figura 3.2 indica, à esquerda, os agentes responsáveis pela geração e coleta de dados de biodiversidade (GNCs15 de
KBAs). Ao centro, encontram-se os diversos atores que usam dados brutos e os integram a produtos de conhecimento e a indicadores de variação da biodiversidade (no âmbito das
KBAs, eles são representados pelos pontos focais regionais, pelos grupos técnicos e pelo Fórum Consultivo). À direita, estão os vários usuários das informações, ou seja, o setor privado
e as convenções, acordos e fóruns multilaterais internacionais ratificados pelos países (por exemplo, CDB ou Ipbes), além de seus diversos mecanismos de implementação. Mais à
direita, encontram-se a sociedade civil e os mecanismos e infraestruturas nacionais de financiamento do desenvolvimento bilateral e multilateral.

QUADRO 3.1 – O Paraguai A incorporação das KBAs ao marco normativo fará com
planeja incorporar KBAs em seu que elas sejam reconhecidas como locais especiais, cuja
biodiversidade e natureza gozem de proteção prioritária.
marco normativo Além disso, incentivaria a integração das KBAs à visão de
A Direção-Geral de Proteção e Conservação da Biodiversidade desenvolvimento socioambiental do território paraguaio.
do Ministério do Meio Ambiente e Desenvolvimento Tal incorporação será acompanhada pela criação e
Sustentável (Mades) do Paraguai, por meio de justificativa fortalecimento do Grupo Nacional de Coordenação, uma
técnica, buscará estabelecer planos e ações para incorporar entidade que será altamente participativa e inclusiva e que
KBAs à legislação nacional por meio de resolução ministerial. buscará um consenso para avaliar os avanços realizados
O objetivo é que as áreas-chave para a conservação do em zonas importantes para a biodiversidade, tais como as
patrimônio natural do Paraguai sejam reconhecidas áreas protegidas, as áreas de importância para as aves e
como zonas especiais do território nacional, e que seus todas aqueles que abrigam a biodiversidade. Alguns desses
riscos, impactos e medidas de mitigação ou compensação locais são reconhecidos no marco jurídico e outros não, mas
sejam fortalecidos no marco jurídico complementar (por pesquisas de caráter técnico-científico têm contribuído para
exemplo, Avaliação de Impactos Ambientais ou Regime de que façam parte do nosso conhecimento.
Serviços Ambientais). Para tal, o Mades está elaborando
uma declaração, em colaboração com a sociedade civil e Não há fronteiras políticas para a natureza
a Comunidade Regional das KBAs para as Américas, que O Rio Negro, a fronteira entre o Paraguai e a Bolívia, tem KBAs
visa a incorporar ações ao marco normativo ambiental do em ambos os lados.
Paraguai e permitir que tais ações também sejam integradas
às intervenções de outros órgãos do governo paraguaio que
afetem os recursos naturais do país.

15
GNC: grupos nacionais de coordenação. Organizações e especialistas locais que coordenam a identificação de KBAs e garantem sua aceitação e apropriação como elementos essenciais
para a proteção e salvaguarda desses locais. Os GNCs reúnem as partes interessadas e gerenciam as informações em um processo participativo e inclusivo, de baixo para cima.

23
4. Representatividade
MAYRA MILKOVIC16

Quão diverso é o que estamos protegendo? estão particularmente sub-representados na região [figura 4.1].
Uma análise mais detalhada demonstra que a ALC abriga 24%
Conforme apresentado no capítulo 2, a região protege um das ecorregiões terrestres e 19% das ecorregiões marinhas do
total de 9.154 áreas terrestres, costeiras e marinhas, cobrindo mundox. Metade das ecorregiões terrestres tem pelo menos
4.935.906 km2 de superfície continental e 3.952.075 km2 de 17% de sua superfície coberta por áreas protegidas [figura 4.2],
superfície marinha [figuras 2.1 e 2.2]. Isso cumpre e excede e um terço das ecorregiões marinhas cumprem a meta de 10%
os percentuais definidos na Meta 11 de Aichi. Além da área de proteção [figura 4.3].
de cobertura, a Meta 11 de Aichi propõe que a proteção seja
representativa da diversidade ecológica local. Nesse sentido, foi Das 194 ecorregiões terrestresxi da região, 63 têm menos
realizada uma análise com diferentes níveis de detalhamento de 10% de sua superfície coberta por áreas protegidas, e
espacial para entender a representatividade do que está 32, menos de 5%. Algumas ecorregiões, como El Espinal, o
sendo protegido. Em nível global, os biomas permitem a Deserto do Atacama e o Matorral chileno, têm menos de 2%
diferenciação de grandes unidades de sistemas ecológicos, ao de sua superfície protegida. Em contraste, 62 ecorregiões
passo que, em nível continental, as ecorregiões permitem que terrestres têm mais de 50% de sua cobertura em áreas
a diversidade das unidades ecológicas seja compreendida em protegidas. Esse é o caso das Ilhas Galápagos (81%); do
mais detalhes. Nesse sentido, em relação ao primeiro caso, arquipélago de Fernando de Noronha (81%); das florestas
apenas metade dos biomas presentes na ALC alcançam ou úmidas do Tapajós-Xingu (59%) e Uatuma-Trombetas (55%);
superam 17% de proteção. Alguns biomas, como as florestas e das florestas úmidas de altitude da ecorregião Guaiana
arbustais mediterrâneos e os campos e savanas temperadas, (58%); e do páramo de Santa Marta (80%) [figura 4.2]. Das

FIGURA 4.1 – PORCENTAGEM DE PROTEÇÃO DOS 14 BIOMAS TERRESTRES


PRESENTES NA REGIÃO ANALISADA
Geleiras continentais

Manguezais

Lagos

Florestas úmidas latifoliadas


tropicais e subtropicais

Florestas temperadas latifoliadas e mistas

Campos e savanas inundadas

Florestas temperadas de coníferas

Campos e arbustais de montanha

Florestas subtropicais de coníferas

Campos, savanas e
arbustais tropicais e subtropicais

Florestas secas latifoliadas


tropicais e subtropicais

Desertos e arbustais xerófilos

Campos, savanas e cerrados temperados

Florestas e arbustais mediterrâneos

Fonte: Olson et al. (2001); Unep-WCMC e UICN (2020).

16
Fundação Vida Silvestre Argentina; especialista em Gestão de Informações Socioambientais; membro da Comissão de Gestão de Ecossistemas (CEM) e da CMAP.

PLANETA PROTEGIDO: AMÉRICA LATINA E CARIBE, 2020


FIGURA 4.2 – PORCENTAGEM DE ÁREAS PROTEGIDAS NAS ECORREGIÕES TERRESTRES DA ALC

Em termos relativos, a proteção


regional continental cobre uma área de
aproximadamente 6 vezes a extensão
do Chaco Seco, uma das florestas
mais desmatadas do mundo.

Fonte: Olson et al. (2001); Unep-WCMC e UICN (2020).

45 ecorregiões marinhas da região, 29 têm menos de 10% de No entanto, a proteção não é representativa em termos de
sua superfície coberta por áreas protegidas, e 20, menos de biodiversidade ecológica, em diferentes escalas de análise.
3%. Algumas ecorregiões – como a Plataforma Patagônica, a Sugere-se avaliar a representatividade da região protegida
região central do Peru e a região de Chiloense – têm menos na ALC em termos do status de proteção das espécies e de
de 1% de sua área protegida. Em contraste, 8 ecorregiões endemismos regionais. Isso forneceria informações úteis para
marinhas têm mais de 30% de sua cobertura em áreas identificar as principais áreas de expansão. As dificuldades
protegidas, tais como o Pacífico Tropical Mexicano (29%) relacionadas à expansão da cobertura no âmbito da agenda
e o Arquipélago Revillagigedo (51%) no México; os canais e pós-2020 demandarão atenção especial à proteção das
fiordes do sul do Chile (33%); a Ilha de Páscoa (100%); e as ecorregiões terrestres e marinhas que não tiverem alcançado
Ilhas Juan Fernández e Desventuradas (58 %), em território seus objetivos. Nesse sentido, para promover uma expansão
chileno [figura 4.3]. mais representativa do sistema de proteção regional, a ALC
conta com análises territoriais integrativas (como as áreas
Como região, a ALC realizou grandes esforços para cumprir
prioritárias de conservação, conhecidas como áreas-chave de
os objetivos do componente de cobertura da Meta 11 de Aichi.

25
FIGURA 4.3 – PORCENTAGEM DE ÁREAS PROTEGIDAS NAS ECORREGIÕES MARINHAS DA ALC

Em termos relativos, a proteção


marinha na região cobre uma área
aproximadamente 4 vezes maior que a
ecorregião das Bahamas.

Fonte: Spalding et al. (2007) ; Unep-WCMC e UICN (2020).

PLANETA PROTEGIDO: AMÉRICA LATINA E CARIBE, 2020


biodiversidade, ou KBA, na sigla em inglês [capítulo 3]; modelos e rios, entre outras. Segundo a Convenção de Ramsar, o
de conectividade [capítulo 7]; e a integração a paisagens tratado internacional para a proteção e conservação de áreas
mais amplas [capítulo 8]) e com outros critérios, como o úmidas, estima-se que 35% das áreas úmidas do mundo
reconhecimento da contribuição das áreas privadas e voluntárias tenham se perdido nas últimas décadas. As áreas úmidas
[capítulo 10], outras medidas efetivas de conservação [capítulo não contemplam apenas sistemas de água doce, e estimar
11] e áreas protegidas locais [capítulo 12]. o grau de proteção dessas unidades ecológicas permitiria
uma abordagem mais abrangente de sua representatividade.
Segundo a Meta 11 de Aichi, 17% dessas áreas são passíveis de
QUADRO 4.1- Em qual medida o sistema proteção em nível continental; e a proposta de expansão para
de áreas protegidas protege as o período pós-2020 é de 30%.
ecorregiões de água doce da região? Das 96 ecorregiões de água doce da região, 29 têm menos
de 10% de sua superfície coberta por áreas protegidas, e 13,
Quatro dos dez países do mundo com a maior superfície menos de 5%. Algumas ecorregiões, como Bermudas, Rio
de áreas úmidas fazem parte da ALC: Brasil, Argentina, Conchos e a área do alto Rio Grande, têm menos de 1% de
Colômbia e Venezuela, que cobrem uma área total de sua área protegida. Em contraste, 43 ecorregiões de água
1.156.272 km2. Essas áreas úmidas cumprem funções doce têm mais de 17% de sua cobertura em áreas protegidas;
ecológicas de grande importância, como a regulação hídrica é o caso de Rio Negro (53%), Xingu (48%), Altos Andes do
contra enchentes; o fornecimento de água para a vida Orinoco (35%) e Rio Salado (30%) [figura 4.4].
humana e a agricultura; e a proteção de costas, pântanos

FIGURA 4.4 – PORCENTAGEM DE ÁREA PROTEGIDA NAS ECORREGIÕES DE ÁGUA DOCE DA ALC

Fonte: Abell et al. (2008); Unep-WCMC e UICN (2020).

27
© Marcelo Cora, Argentina

PLANETA PROTEGIDO: AMÉRICA LATINA E CARIBE, 2020


5. Avaliação da efetividade da
gestão de áreas protegidas na América
Latina e no Caribe
IGNACIO J. MARCH MIFSUT 17
PAULA BUENO MARTÍNEZ 18
ANDREA BARRERO RAMÍREZ 19

A gestão de áreas protegidas visa a assegurar o cumprimento atividades de gestão são eficazes e apropriadas em um contexto
efetivo de seu objetivo ou finalidade, ou seja, garantir a dinâmico de mudança global.
conservação no curto, médio e longo prazos dos ecossistemas
Para a elaboração deste capítulo, foram coletadas informações
funcionais, com integridade na composição das espécies
atualizadas dos países da região sobre a efetividade da gestão de
biológicas e com populações viáveis. Para esta análise, as
suas áreas protegidas, por meio de dois recursos: a distribuição
avaliações da efetividade da gestão permitem determinar “como
de um questionário específico e pesquisas detalhadas em
está sendo administrada uma área protegida e, principalmente,
relatórios e outras publicações. Essas ações revelaram que, dos
em que medida ela está protegendo valores e alcançando suas
51 países ou territórios que compõem a região, pelo menos 21
metas e objetivos”. A medição da efetividade da gestão é, sem
realizaram esse tipo de avaliação do sistema nacional de áreas
dúvida, um dos aspectos mais relevantes para aprimorar o
protegidas que administram, com métodos documentados e
gerenciamento dos sistemas nacionais de áreas protegidas,
sistemáticos; os demais países realizaram avaliações de suas
com uma visão que englobe aspectos que vão além da gestão
áreas protegidas individualmente, avaliaram partes do sistema
em si, tais como a articulação intersetorial e a possibilidade de
nacional, ou estão prestes a implementar um sistema nacional
influenciar políticas públicas. Além disso, é um componente-
de avaliação (para mais informações, ver anexo 5.1).
chave do marco de indicadores e decisões pós-2020, uma vez
que já se provou que não é suficiente aumentar o número e a Vale destacar que, em nível global, é possível usar o Banco de
extensão das áreas protegidas. Dados Global sobre a Efetividade da Gestão de Áreas Protegidas
(GD-Pame, na sigla em inglês), uma ferramenta gerida pelo
A medição periódica e sistemática da efetividade da gestão
Unep-WCMC que está à disposição dos países para auxiliar na
é uma das maneiras mais importantes para se demonstrar
elaboração de relatórios, bem como na medição e comparação
que (i) se houver disponibilidade de recursos humanos
do cumprimento das metas relacionadas à gestão efetiva de
e financeiros, a biodiversidade será conservada; e (ii) as
áreas protegidas. Os países da ALC têm envidado esforços para

FIGURA 5.1 – CRONOLOGIA DA CRIAÇÃO DE SISTEMAS NACIONAIS DE AVALIAÇÃO DA EFETIVIDADE


DA GESTÃO DE ÁREAS PROTEGIDAS NOS PAÍSES DA ALC
GUATEMALA
EQUADOR

PANAMÁ REPÚBLICA DOMINICANA PERU


COSTA RICA
CHILE
BOLÍVIA GUIANA
CUBA
COLÔMBIA
BRASIL MÉXICO
PARAGUAI

EL SALVADOR
BELIZE
VENEZUELA
ARGENTINA
URUGUAI

17
Diretor de Avaliação e Acompanhamento da Conanp – México.
18
WWF-Colômbia; assessora de Políticas e Governança de Áreas Protegidas e Oceanos; Coordenação Regional da CMAP-UICN.
19
Parques Naturais Nacionais da Colômbia, ponto focal do grupo de trabalho de Efetividade da Gestão da RedParques; membro da CMAP-UICN.
20
Avaliação Rápida e Priorização da Gestão em Áreas Silvestres Protegidas da Ecorregião Valdiviana (Rappam). Mais informações estão disponíveis em https://wwfeu.awsassets.panda.org/downloads/finalrappamspanishsmall.pdf.

29
PAÍS ARGENTINA BAHAMAS BELIZE

Nome da metodologia Ferramenta de Medição


Avaliação da Efetividade NPAPSP – Ferramenta de
de avaliação da da Efetividade da Gestão
da Gestão Efetividade da Gestão
efetividade da gestão (MEG)

Administração de
Parques Nacionais Ministério da
Instituição Secretaria do Silvicultura, Pesca
responsável Meio Ambiente e e Desenvolvimento
Desenvolvimento Sustentável
Sustentável

Publicações da
metodologia e resultados
de efetividade
disponíveis na internet

Ano da primeira 2011 2007 2006


aplicação

Ano da última 2014 2009


aplicação

Número de áreas 57
protegidas avaliadas

Indicadores da 8 indicadores
metodologia de avaliação
24 variáveis
da efetividade da gestão

Número de categorias
de efetividade ou níveis 4
situacionais

Adequada
Média
Categorias Insuficiente
de efetividade
Nula

Avaliação Rápida e
Priorização da Gestão
de Áreas Protegidas
Outros Ferramenta de
(Rappam)
mecanismos Rastreamento da
de avaliação Efetividade da Gestão
Ferramenta de
usados (Mett)
Rastreamento da
Efetividade da Gestão
(Mett)

PLANETA PROTEGIDO: AMÉRICA LATINA E CARIBE, 2020


PAÍS BOLÍVIA BRASIL

Nome da metodologia Ferramenta de Status e Efetividade da


Sistema de Análisis y Monitoreo de la
de avaliação da Gestão de Áreas Protegidas Nacionais
Gestión (SAMGe)
efetividade da gestão da Bolívia.

Instituto Chico Mendes de Conservação


Serviço Nacional de Áreas Protegidas da Biodiversidade (ICMBio)
Instituição Ministério do Meio Ambiente e da Água Ministério do Meio Ambiente (MMA)
responsável
Entidades ambientais estaduais e
municipais

Publicações da https://observatorioccdbolivia.files.
metodologia e resultados wordpress.com/2017/09/1705_ http://samge.icmbio.gov.br/
de efetividade
informe_final_egem.pdf
disponíveis na internet

Ano da primeira 2017 2015


aplicação

Ano da última 2017 2019


aplicação

Número de áreas 22 509


protegidas avaliadas

Indicadores da 6 elementos (insumos, processo,


metodologia de avaliação 6 domínios governança, planejamento, resultados
da efetividade da gestão e contexto)

Número de categorias
de efetividade ou níveis 6 5
situacionais

1. Altamente efetiva (entre 80%


e 100% de efetividade)
Categorias 2. Efetiva (entre 60% e 80%)
de efetividade 3. Efetividade moderada (entre 40% e 60%)
4. Pouca efetividade (entre 20% e 40%)
5. Inefetiva (entre 0% e 20%)

Avaliação Rápida e Priorização da


1. Condições ótimas de gestão
Gestão de Áreas Protegidas (Rappam):
2. Condições positivas de gestão
Outros 3. Condições de gestão mínimas,
71 áreas protegidas avaliadas em 3
mecanismos porém adequadas
anos (2005, 2010 e 2015) Ferramenta
de avaliação de Rastreamento da Efetividade da
4. Condições abaixo do limite mínimo
usados Gestão (Mett): para as áreas protegidas
5. Condições deficientes de gestão
apoiadas pelo Programa Áreas
6. Condições críticas de gestão
Protegidas da Amazônia (Arpa)

31
PAÍS CHILE COLÔMBIA

Nome da metodologia Índice de variação da efetividade


Análise da Efetividade da Gestão de Áreas
de avaliação da no cumprimento dos objetivos
Protegidas com Participação Social (Aemapps)
efetividade da gestão legais do Snaspe.

Instituição Gestão de Áreas Silvestres Parques Nacionales Naturales de Colombia


responsável Protegidas (Conaf) (2020)

Publicações da
metodologia
e resultados https://parques.mma.gob.cl/login
de efetividade
disponíveis na
internet

Ano da primeira 2017 2003


aplicação

Ano da última 2019 2019


aplicação

Número de áreas 107 59


protegidas avaliadas

Indicadores da 3 objetivos
7 indices
metodologia 27 criterios
11 indicadores
de avaliação da 41 indicadores
37 variáveis
efetividade da gestão

Número de categorias
de efetividade ou 5
níveis situacionais

Para cada variável da análise, são


considerados os níveis situacionais, que se
Categorias encontram em uma escala de 1 a 5, em que
de efetividade 1–2 se referem a um nível baixo; 3, a um nível
médio; e 4–5,
a um nível elevado.

Outros Ferramenta de Rastreamento da Efetividade


mecanismos Ferramenta de Rastreamento
da Gestão (Mett) e outras 17 ferramentas de
de avaliação da Efetividade da Gestão (Mett)
efetividade
usados

PLANETA PROTEGIDO: AMÉRICA LATINA E CARIBE, 2020


PAÍS COSTA RICA CUBA EQUADOR
Ferramenta para a
Nome da metodologia Avaliação da Efetividade Monitoramento da Guia para Avaliação da
de avaliação da da Gestão das Áreas Efetividade da Gestão em Efetividade da Gestão de
efetividade da gestão Silvestres Protegidas da Áreas Protegidas Áreas Naturais do Estado
Costa Rica

Instituição Sistema Nacional de Centro Nacional de Ministério do Meio


responsável Áreas de Conservação Áreas Protegidas Ambiente e da Água

https://www.ambiente.gob.
ec/wp-content/uploads/
Publicações da http://www.sinac.go.cr/ downloads/2015/04/
metodologia e resultados ES/docu/Paginas/asps.
Gu%C3%ADa-
de efetividade disponíveis Metodol%C3%B3gica-
aspx Evaluaci%C3%B3n-de-Efectividad-
na internet
de-Manejo-del-Patrimonio-de-
%C3%81reas-PG.pdf

Ano da primeira 1997 2014 2012


aplicação

Ano da última
2015 2019 2018
aplicação

Número de áreas
65 16
protegidas avaliadas

Indicadores da 3 domínios 4 domínios


metodologia de avaliação 19 indicadores 43 indicadores 44 indicadores
da efetividade da gestão

Número de categorias
de efetividade ou níveis 5 5 4
situacionais

1. Muito satisfatória
1. Satisfatória (90% - (91%-100%)
1. Muito satisfatória (76% -
100%) 2. Satisfatória (76%-90%)
100%)
2. Muito boa (75% - 90%) 3. Moderadamente
Categorias 3. Aceitável (60% - 75%) satisfatória
2. Satisfatória (51% - 75%)
de efetividade 3. Pouco satisfatória (26% -
4. Pouco aceitável (50% (51%-75%)
50%)
- 60%) 4. Pouco satisfatória
4. Insatisfatória (<25%)
5. Inaceitável (0 - 50%) (36%-50%)
5. Insatisfatória (<35%)

Outros
mecanismos Indigap
de avaliação
usados

33
PAÍS EL SALVADOR GUATEMALA

Manual de Aplicação da Estratégia


Nome da metodologia de Monitoramento da Eficiência Sistema de Monitoramento da Gestão de
de avaliação da
da Gestão de Áreas Naturais Áreas Protegidas do Sigap (SMM-Sigap)
efetividade da gestão
Protegidas de El Salvador

Instituição Ministério do Meio Ambiente e Secretaria Executiva do Conselho Nacional de


responsável Recursos Naturais Áreas Protegidas (Seconap)

https://www.researchgate.net/
publication/322926628_Informe_de_
Publicações da efectividad_de_manejo_de_las_areas_
metodologia
protegidas_del_Sistema_Guatemalteco_
e resultados
de_Areas_Protegidas_-SIGAP-_2009-2012_
de efetividade
disponíveis na internet Management_effectiveness_of_protected_
areas_from_Guatemalas_protected_area_
netwo

Ano da primeira 2006 2000


aplicação

Ano da última 2017 2012


aplicação

Número de áreas 30 77
protegidas avaliadas

5 domínios
Indicadores da
metodologia 45 indicadores
de avaliação da
efetividade da gestão

5 domínios de avaliação (administrativo;


Número de categorias econômico-financeiro; político-legal; de
de efetividade ou recursos naturais e culturais; e social)
níveis situacionais 18 critérios
48 indicadores

Categorias
de efetividade

Outros
mecanismos
de avaliação
usados

PLANETA PROTEGIDO: AMÉRICA LATINA E CARIBE, 2020


PAÍS HONDURAS MÉXICO

Nome da Monitoramento da Efetividade da Gestão (MEM)


metodologia i-efectividad: Sistema Permanente de
Cogestão do Sistema Nacional de Áreas
de avaliação da Avaliação da Efetividade da Gestão de
Protegidas e Vida Silvestre (Sinaph) – versão 2013
efetividade da Áreas Naturais Protegidas
gestão

Departamento de Áreas Protegidas (DAP)


do Instituto Nacional de Conservação e
Instituição Desenvolvimento Florestal
Comissão Nacional de Áreas Naturais
responsável Protegidas (Conanp)
Áreas Protegidas e Vida Silvestre (ICF)

Publicações da https://www.researchgate.net/
metodologia publication/316917688_Manual_para_la_
e resultados aplicacion_del_Monitoreo_de_la_Efectividad_de_ https://simec.conanp.gob.mx/efectividad.
de efetividade Manejo_y_Co-manejo_del_Sistema_Nacional_de_ php
disponíveis na Areas_Protegidas_y_Vida_Silvestre_de_Honduras_
internet SINAPH 21 indicadores

Ano da primeira 2000 2018


aplicação

Ano da última 2013 2020


aplicação

Número de
áreas protegidas 11 123
avaliadas

Indicadores da 5 componentes (contexto e


metodologia 4 domínios
planejamento; administrativo e
de avaliação da financeiro; usos e benefícios; governança
21 indicadores
efetividade da e participação social; gestão) 48
gestão indicadores

Número de
categorias de
efetividade 4 4
ou níveis
situacionais

1. Satisfatória (>90%) 1. Índice de efetividade excelente


Categorias 2. Aceitável (75% - 90%) 2. Índice de gestão altamente efetiva
de efetividade 3. Pouco aceitável (50% - 75%) 3. Índice de gestão parcialmente efetiva
4. Inaceitável (<50%) 4. Índice de gestão inefetiva

Outros Rappam
mecanismos Mett
de avaliação ScoreCards
usados

35
PAÍS NICARÁGUA PANAMÁ

Nome da metodologia Programa de Monitoramento da


Programa de Monitoramento da Efetividade
de avaliação da Efetividade da Gestão de Áreas
da Gestão de Áreas Protegidas do Sinap
efetividade da gestão Protegidas do Sinap

Ministério do Meio
Instituição Departamento de Gestão de Áreas
Ambiente e Recursos
responsável Protegidas, Ministério do Meio Ambiente
Naturais (Marena)

Publicações da
metodologia https://www.researchgate.net/
e resultados http://bio-nica.info/biblioteca/ publication/326518604_Guia_para_el_
de efetividade Corrales2001.pdf monitoreo_y_la_evaluacion_de_la_gestion_
disponíveis na de_las_areas_protegidas_del_SINAP_Panama
internet

Ano da primeira 2000 1997


aplicação

Ano da última 2015


aplicação

Número de áreas
protegidas avaliadas

Indicadores da
metodologia 5 domínios 5 domínios
de avaliação da 33 indicadores 33 indicadores
efetividade da gestão
Número de categorias
de efetividade ou 5 5
níveis situacionais

1. Satisfatória 1. Satisfatória (>91%)


2. Aceitável 2. Aceitável (75% - 90%)
Categorias 3. Regular 3. Regular (50% - 75%)
de efetividade
4. Pouco aceitável 4. Pouco aceitável (26% - 50%)
5. Inaceitável 5. Inaceitável (0 - 25%)

Outros
mecanismos
de avaliação
usados

PLANETA PROTEGIDO: AMÉRICA LATINA E CARIBE, 2020


FIGURA 5.2 – STATUS DO PROGRAMA LISTA VERDE DA ALC

País Áreas incorporadas à Lista Verde Áreas com candidatura registrada

Colômbia 1. Parque Nacional Natural Gorgona 10. Parque Nacional Natural Cahuinarí
2. Santuário de Flora e Fauna de Galeras 11. Santuário de Flora e Fauna Guanentá
3. Parque Nacional Natural Tatamá 12. Parque Nacional Natural Los Katíos
8. Santuário de Flora e Fauna Malpelo

9. Parque Nacional Natural Chingaza

México 4. Parque Nacional da Zona Marinha do 13. Parque Nacional Cabo Pulmo
Arquipélago de Espírito Santo
14. Parque Nacional Bahía de Loreto
5. Reserva da Biosfera da Ilha 15. Reserva da Biosfera El Vizcaíno
San Pedro Mártir
16. Reserva da Biosfera Selva El Ocote
17. Reserva da Biosfera Calakmul
18. Complexo de Áreas Protegidas de Sian Ka’an

Peru 6. Parque Nacional Cordillera Azul 19. Santuário Nacional Calipuy


7. Reserva Comunal Amarakaeri 20. Reserva Nacional Matsés
21. Reserva Nacional de Paracas

Brasil 22. Reserva Particular do Patrimônio


Natural Sesc Pantanal

Costa Rica 23. Reserva Biológica Bosque Nuboso Monteverde

37
REPÚBLICA
PAÍS PARAGUAI PERU
DOMINICANA

Nome da Avaliação do estado


metodologia Medição da Efetividade de conservação dos Ferramenta de Rastreamento
de avaliação da da Gestão de Áreas ecossistemas na ANP da Efetividade da Gestão
efetividade da Protegidas do Paraguai utilizando a metodologia (Mett)
gestão de Efeitos por Atividades

Serviço Nacional de Áreas


Instituição Naturais Protegidas pelo
Vice-Ministério de Áreas
responsável Protegidas e Biodiversidade
Estado (Sernanp)

https://chm.cbd.int/api/v2013/
documents/4CAD6958-68E8-
Publicações da A0AB-E856-852720AD7CF8/
attachments/An%C3%A1lisis%20
metodologia de%20Resultados%20de%20
e resultados http://sis.sernanp.gob.pe/ la%20Aplicaci%C3%B3n%20de%20
la%20Metodolog%C3%ADa%20
de efetividade ioteca/?publicacion=594 Efectividad%20de%2 0Manejo%20
disponíveis na de%20%C3%81reas%20
Protegidas%20METT%20en%20
internet Rep%C3%BAblica%20Dominicana%20
Comparaci%C3%B3n%202009-2012%20
(3).pdf

Ano da primeira 2004 2013 2002


aplicação

Ano da última 2014 2019 2012


aplicação

Número de
áreas protegidas 12 70 58
avaliadas

Indicadores da Tres indicadores


metodologia (porcentagem de
de avaliação da 10 domínios influência; porcentagem 30 atributos
efetividade da de conservação; índice de
gestão efeitos cumulativos)

Número de
categorias de 5 3
efetividade ou
níveis situacionais

1. Muito satisfatória
(90% - 100%)
2. Satisfatória (76% -
1. Alta (75% - 100%)
Categorias 89%) - 3. Moderadamente
2. Média (55% - 74%)
de efetividade satisfatória - (51% - 75%)
3. Baixa (<55%)
4. Pouco satisfatória
(36% -50%)
5. Insatisfatória (<35%)

Avaliação Rápida e
Outros Ferramenta de Priorização da Gestão de Áreas
mecanismos Rastreamento da Protegidas (Rappam)
de avaliação Efetividade da Gestão Ferramenta de Rastreamento
usados (Mett) da Efetividade da
Gestão (Mett)

PLANETA PROTEGIDO: AMÉRICA LATINA E CARIBE, 2020


PAÍS URUGUAI VENEZUELA

Nome da metodologia Semáforo de Conservação de Parques


de avaliação da METT
Nacionais
efetividade da gestão

Direção Nacional do Meio Ambiente


(Dinama)
Instituição Ministério da Habitação, Instituto de Parques Nacionais (InParques)
responsável
Ordenamento Territorial e Meio
Ambiente (MVOTMA)

Publicações da
metodologia
e resultados http://www.snap.gub.uy/sisnap/web/
de efetividade mapa_conceptual/snap
disponíveis na
internet

Ano da primeira 2005 2001


aplicação

Ano da última 2019 2007


aplicação

Número de áreas 17 8
protegidas avaliadas

Indicadores da
metodologia 23 critérios
de avaliação da
efetividade da gestão

Número de categorias
de efetividade ou 3
níveis situacionais

1. Desejável
Categorias 2. Em risco
de efetividade
3. Em estado crítico

Outros
mecanismos
de avaliação
usados

Fonte: Elaboração própria, com informações


dos Snaps e revisão bibliográfica (para mais
informações, consultar as referências).

39
para atualizar seus dados, em resposta a convites enviados QUADRO 5.1 – Lista Verde de Áreas
sistematicamente a todos solicitando tais atualizações. De
Protegidas e Conservadas: uma forma de
acordo com o GD-PAME, até julho de 2020 , 13,7% das APs
de países da ALC cadastradas na Base de Dados Mundial de
analisar a evolução das áreas protegidas
Áreas Protegidas (WDPA) foram avaliadas por meio de alguma rumo a uma gestão efetiva
metodologia de medição da efetividade da gestão. Isso equivale
Desde o início de 2012, sete jurisdições ao redor do
a 24,7% da cobertura das áreas protegidas da região, e é por
mundo fazem parte da fase-piloto do programa da
isso que nos esforçamos para avançar rumo ao cumprimento
UICN Lista Verde de Áreas Protegidas e Conservadas.
da meta global, que é poder avaliar 60% da área total de APs
O programa é implementado por meio de uma norma
(Decisão X/31 da COP da CDB).
global, que tem por objetivo “incentivar as áreas
A maioria dos países da ALC criou seus próprios sistemas protegidas e conservadas a avaliar, melhorar e manter
de avaliação entre 1997 e 2018 [figura 5.1], de acordo com a o bom desempenho de sua gestão por meio de critérios
estrutura conceitual desenvolvida pela União Internacional estabelecidos globalmente, que sejam referência de boa
para a Conservação da Natureza (UICN) em 2000. Os sistemas governança, projeto e planejamento; gestão efetiva; e
de avaliação – operados pelos órgãos públicos de cada país resultados positivos de conservação.”
responsáveis pelos sistemas nacionais de áreas protegidas –
Com base nesses critérios, até 2014 foram incorporadas 24 áreas
variam em sua estrutura e número de indicadores ou variáveis,
protegidas de um total de 50 candidatas em todo o mundo.
podendo ter até 48 indicadores e definir uma escala de
A Colômbia foi o primeiro país da ALC a pertencer ao grupo,
análise entre três e seis categorias. Em vários países da região,
com a inclusão de três áreas. Em seguida, entraram na lista seis
universidades e organizações da sociedade civil têm realizado
novas áreas da região (duas do Peru, duas do México e duas da
trabalhos para aprimorar ou calibrar as metodologias utilizadas.
Colômbia). Atualmente, Brasil e Costa Rica estão trabalhando
Um dos maiores desafios para a região será manter os esforços em suas candidaturas [figura 5.2].
voltados a avaliar sistematicamente a efetividade, expandi-
A Lista Verde incentiva o avanço das áreas protegidas rumo a
los para outras escalas de análise e envolver mais a sociedade
uma gestão efetiva. Além disso, as áreas protegidas incluídas na
e a academia em observatórios não governamentais que
lista tornam-se exemplos a seguir, em nível local e regional. Esse
proporcionem transparência a essas avaliações de efetividade.
importante reconhecimento constitui um distintivo que pode
Os processos nacionais de avaliação da efetividade da gestão viabilizar oportunidades de cooperação, além de tornar visíveis
de áreas protegidas eliminarão gradualmente o antigo os impactos positivos da boa gestão de áreas protegidas para os
conceito de parques de papel. Além disso, aumentarão a habitantes de territórios mais amplos.
confiança da comunidade internacional, uma vez que as áreas
Avaliações de efetividade recentes identificaram a necessidade
protegidas identificadas em mapas passam por medições
de incluir os critérios e indicadores da Lista Verde em seus
sistemáticas de efetividade. Isso não apenas demonstra
elementos de análise, e os países da Lista avançaram em
que adotam padrões elevados de eficácia e eficiência da
sua articulação nesse sentido. O envolvimento dos atores no
conservação, mas também que são capazes de adaptar suas
processo e a avaliação coletiva de seu papel na conservação,
práticas de gestão conforme a necessidade.
como ocorreu na Colômbia, foram fundamentais para

© Archivo Sernanp, Perú.


© Guy Wenborne, Chile.

documentar os componentes do programa relacionados à É o caso da região amazônica, na qual foram evidenciadas
boa governança. Isso faz da Lista Verde um veículo capaz de quatro escalas: (i) os mosaicos de conservação no Brasil; (ii) o
melhorar o dia a dia da gestão de áreas protegidas. Programa Trinacional para a Conservação e Uso Sustentável
da Bacia do Rio Putumayo (Colômbia, Equador e Peru); (iii)
a Cordilheira Real Oriental; (iv) e o bioma Amazônia, em
sua dimensão mais ampla (oito países e um território). Para
QUADRO 5.2 – Um olhar sobre a avaliação isso, foram desenvolvidas e aplicadas ferramentas de análise
da efetividade da gestão de áreas da efetividade das áreas protegidas de caráter regional,
protegidas, em escala de paisagem: o com as quais é possível agregar dados, tirar conclusões em
caso da Amazônia nível de bioma e propor estratégias de gestão integrada. As
metodologias de monitoramento usadas na região amazônica
Com a aplicação sistemática – nos países da região – de (a metodologia Rappam20 em três mosaicos amazônicos no
ferramentas para medir a efetividade da gestão de suas áreas Brasil, os indicadores regionais de efetividade da gestão das
protegidas, surgiram questões importantes quanto à integração áreas protegidas da Cordilheira Real Oriental, a ferramenta
de tais áreas em um marco territorial que extrapole seus limites de efetividade da gestão do Programa Trinacional e o
e cujas condições sejam determinantes para o cumprimento protocolo de efetividade da gestão das áreas protegidas
dos objetivos de conservação nas unidades delimitadas. A fim amazônicas) levaram os gestores dos sistemas nacionais
de identificar e gerenciar essas variáveis-chave para alcançar de áreas protegidas a refletir sobre como melhorar seus
uma conservação de alto impacto, considerando a complexidade processos decisórios. Essas reflexões enfocam as decisões
das paisagens mais amplas, têm sido envidados esforços para relacionadas à alocação adequada de recursos, ao manejo da
avaliar os sistemas sub-regionais que articulam as unidades biodiversidade em toda a paisagem (mosaicos nacionais e
de conservação com outras figuras do ordenamento nacional e transfronteiriços), à governança e aos programas de gestão
que integram visões regionais que possam ir além das próprias e mudanças climáticas, entre outros aspectos fundamentais
unidades e sejam capazes de identificar os impactos de áreas que transcendem a área e consideram a análise de uma
bem administradas na conservação de um contexto territorial. paisagem mais ampla.

Agradecimentos
Os autores deste capítulo gostariam de agradecer especialmente aos colaboradores dos países da região pelas informações
valiosas que nos concederam, a saber: Marina Faria do Amaral (Brasil); Fabiola González Huenchuñir (Chile); Andrea Barrero
Ramírez (Colômbia); Jenny Asch-Corrales e Mauricio Arias Zumbado (Costa Rica); Augusto de Jesús Martínez Zorrilla (Cuba);
Marcela Torres Hinojosa (Equador); Carlos Rivera (El Salvador); Carlos Enrique Godoy Liere (Guatemala); Julien Cambou
(Guiana Francesa); Elva Ivonne Bustamante Moreno (México); Edgar Eduardo Vicuña Miñano (Peru); Pedro Arias Mejía
(República Dominicana); e Lucía Bartesaghi (Uruguai). Além disso, agradecemos a Mónica Álvarez Malvido por sua gestão e
pelo apoio oferecido durante a compilação das contribuições para este relatório.

20
Avaliação Rápida e Priorização da Gestão em Áreas Silvestres Protegidas da Ecorregião Valdiviana (Rappam). Mais informações estão disponíveis em https://wwfeu.
awsassets.panda.org/downloads/finalrappamspanishsmall.pdf.

41
6. Governança de áreas protegidas na
América Latina: compartilhamento de
poder para aumentar a efetividade, e
eficiência e a justiça
THORA AMEND21
NOELIA ZAFRA-CALVO22
VIVIENNE SOLIS-RIVERA23
*COM O APOIO DE PAULA BUENO24

A governança de áreas protegidas é fundamental De acordo com a Base de Dados Mundial de Áreas
para o cumprimento da Meta 11 de Aichi, bem como Protegidas (WDPA), em julho de 2020, pouco mais da
para garantir a gestão efetiva e equitativa dessas áreas e metade das áreas protegidas da região (5.237 áreas, 57,21%)
alcançar um relacionamento positivo com as comunidades estavam sob gestão de governos centrais/nacionais ou
locais e os atores da sociedade civil, no contexto das federais/estaduais. Por outro lado, o tipo de governança
enormes diversidades biológica e cultural que se menos comum é a compartilhada, com apenas 184 áreas, ou
encontram inextricavelmente entrelaçadas no territórios 2,01%. A governança privada representa 15,38% das áreas
da região. (1.408), e a governança por povos indígenas e comunidades
locais, 6,19% (567 áreas). Os quase 20% restantes (1.758
“O termo governança refere-se à diversidade de tipos de
áreas) representam aquelas áreas sobre as quais não há
processos decisórios dentro e no entorno das unidades
informações disponíveis.
de conservação; à autoridade e aos poderes legítimos
de representação; às instâncias de participação; e ao No entanto, é importante considerar que a governança não
relacionamento com os atores estratégicos que norteiam governamental é, muitas vezes, sub-representada na WDPA;
a gestão e as estratégias de gestão: instituições públicas, por esse motivo, é fundamental que os países mantenham
organizações privadas e comunidades, povos indígenas, bem suas informações atualizadas. Isso proporcionará uma
como os proprietários da terra em suas várias formas de posse” . visão melhor dos diferentes atores que contribuem para a
conservação das áreas conservadas.
A União Internacional para a Conservação da Natureza
(UICN) e a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) Houve considerável progresso graças ao reconhecimento
reconhecem quatro tipos de governança, tanto de fato de uma diversidade de modelos implementados com
quanto de direito; e 11 subtipos, conforme ilustra a figura sucesso nos territórios, em respeito a leis e regulamentos
6.1. Esses tipos de governança são: governamentais e tradicionais. Isso representa uma
contribuição que nem sempre é visível no cumprimento dos
1. Governança centralizada no governo, em
objetivos nacionais de conservação. Em muitos países, ainda
vários níveis.
não foram incorporados outros modelos além do estatal e
2. Governança compartilhada por diversos privado, e os avanços em seu reconhecimento são muito
titulares de direitos e partes interessadas em conjunto, desiguais.
com acordos transfronteiriços entre autoridades
Há experiências positivas (baseadas em consultas prévias
públicas e atores privados ou da sociedade civil.
sobre a criação de novas unidades de conservação) de
3. Governança privada, geralmente a cargo dos integração adequada de povos indígenas e proteção de
proprietários de terras [capítulo 10]. seus direitos, em conformidade com os instrumentos
internacionais que os protegem. Ademais, há casos em que
4. Governança por povos indígenas e/ou
a governança estatal se sobrepõe a modelos de governança
comunidades locais, às vezes chamados de Ticcas ou
comunitária indígenas e locais; nesses casos, a tomada
territórios de vida [capítulo 9].

21
Vice-presidente temática de Governança da CMAP-UICN.
22
Centro Basco de Mudanças Climáticas.
23
CoopeSoliDar R.L; membro honorário do Consórcio Ticca; membro da CMAP-UICN.
24
WWF-Colômbia; assessora de Políticas e Governança de Áreas Protegidas e Oceanos; Coordenação Regional da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima; CMAP.
25
Coordenador de Políticas Públicas e Relações Institucionais da Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas Costeiras e Marinhas (Confrem).
26
Coordenador-geral da Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas Costeiras e Marinhas (Confrem).
27
Vice-presidente regional da CMAP-UICN; doutor e pós-doutorando em Geografia pela Universidade de São Paulo – Brasil.

PLANETA PROTEGIDO: AMÉRICA LATINA E CARIBE, 2020


© Christian Quispe, Perú.

43
de decisão deve ser compartilhada entre as autoridades QUADRO 6.1 – O poder da sociedade
públicas e tradicionais (pública-privada e pública-indígena civil: governança e comunidades
ou comunitária).
marinho-costeiras no Brasil
Os modelos de governança são variados e funcionais;
CARLOS ALBERTO P. DOS SANTOS25, FLÁVIO D. G.
portanto, o desafio é criar mecanismos institucionais e
LONTRO26 *COM O APOIO DE CLÁUDIO C. MARETTI27
jurídicos para reconhecê-los e torná-los operacionais. No
entanto, as ferramentas de avaliação são incipientes e não Em 2000, as reservas extrativistas foram incorporadas
padronizadas; atualmente, as análises cobrem um número às categorias da Lei do Sistema Nacional de Unidades de
limitado de áreas, há poucos relatórios sistematizados, e as Conservação (Snuc) como um modelo de área protegida na
conclusões sobre governança não podem ser generalizadas categoria VI da classificação internacional da UICN, com
para toda a região. No futuro, a análise da qualidade da governança compartilhada entre governos e comunidades
governança nos sistemas de áreas protegidas e conservadas locais. Isso permitiu sua criação sob a égide dos três níveis
deve ser tratada com prioridade, a fim de fortalecer o de governo: federal, estadual e municipal.
intercâmbio de experiências entre os países e os sistemas de
Em 2007, foi criada a Comissão Nacional de Fortalecimento
governança da região.
das Reservas Extrativistas Costeiras e Marinhas (Confrem),

FIGURA 6.1 – TIPOS E SUBTIPOS DE GOVERNANÇA (CONFORME CLASSIFICAÇÃO DA UICN) DAS ÁREAS
PROTEGIDAS DA ALC CADASTRADAS NA WDPA ATÉ JULHO DE 2020

25
Coordenador de Políticas Públicas e Relações Institucionais da Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas Costeiras e Marinhas (Confrem).
26
Coordenador-geral da Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas Costeiras e Marinhas (Confrem).
27
Vice-presidente regional da CMAP-UICN; doutor e pós-doutorando em Geografia pela Universidade de São Paulo – Brasil.

PLANETA PROTEGIDO: AMÉRICA LATINA E CARIBE, 2020


© Oliver Chassot, Costa Rica.

que integrava, entre seus participantes (de múltiplos espaços da CONFREM, foi possível adaptar o conceito de reservas
e níveis), comunidades de pescadores artesanais, catadores e extrativistas para áreas marinho-costeiras. Isso foi feito
entidades governamentais. O objetivo era elaborar estratégias por meio do reconhecimento dos territórios tradicionais,
visando a criar e implementar modelos de gestão eficiente e da defesa dos direitos de uso sustentável das comunidades
efetiva das reservas extrativistas costeiras e marinhas. locais e da promoção de um importante conjunto de
unidades de conservação sob governança compartilhada.
O movimento nacional da Confrem reúne comunidades
que reivindicam o reconhecimento de seus territórios de
vida tradicionais, inclusive seus locais de moradia, pesca
e reunião de milhares de famílias. Desde a sua fundação,
QUADRO 6.2 – Desafios para a
a Confrem contribuiu significativamente para a criação de implementação da governança
um conjunto de 26 reservas extrativistas marinho-costeiras, compartilhada: Parque Nacional
com a proteção de aproximadamente 1,4 milhão de hectares,
Cahuita, na Costa Rica
que beneficiam cerca de 50.000 famílias.
Embora o modelo de governança das reservas MARVIN FONSECA BORRÁS28 E VIVIENNE SOLIS RIVERA29
extrativistas no Brasil corresponda ao Tipo B (governança O Monumento Natural Cahuita da Costa Rica foi criado
compartilhada), algumas áreas se enquadram no Tipo D em 1970 com o objetivo de conservar os recifes do Caribe
(governança por povos indígenas e comunidades locais Mesoamericano. Em 1978, mudou sua categoria de gestão
e tradicionais – Ticca). O reconhecimento é definido por para Parque Nacional Cahuita. Em 1994, após uma série
autoridades dos três níveis de governo, que geralmente de conflitos socioambientais, iniciou-se um processo que
reconhecem os territórios tradicionais de pesca e colheita, culminou em um acordo de governança compartilhada entre
inclusive em manguezais importantes. Os pescadores a comunidade afrodescendente local e o governo.
artesanais têm direito ao uso sustentável dos recursos
naturais e podem produzir e comercializar produtos Esse modelo foi reconhecido internacionalmente como um
naturais, exceto no caso de espécies ameaçadas. Para esses dos mais relevantes no que se refere à relação equilibrada
casos, há sistemas mais rígidos de gestão compartilhada entre proteção ambiental e respeito aos direitos das
com a participação de entidades governamentais. populações locais, conforme determinam instrumentos
internacionais, como, por exemplo, a Convenção sobre
Este caso é considerado inspirador, pois, graças à liderança Diversidade Biológica, em seus artigos VIII e X.
de pescadores e catadores artesanais, tanto homens quanto
mulheres, que se organizaram nacionalmente no âmbito No entanto, não foi possível implementar integralmente o

28
CoopeSoliDar R.L.
29
CoopeSoliDar R.L; membro honorário do Consórcio de Territórios e Áreas Conservadas por Povos Indígenas e Comunidades Locais e Tradicionais, Ticca; membro da CMAP-UICN.

45
modelo devido a incompatibilidades com as normas ambientais QUADRO 6.3 – Avaliação da
vigentes no país. As autoridades do parque e sua comunidade governança de áreas protegidas
realizaram inúmeras tentativas com a Controladoria-Geral da públicas na Colômbia: um caso
República para concretizar a implementação da governança
compartilhada, que tem mais de 40 anos de operação legal
de avaliação multinível
no âmbito do sistema de áreas protegidas do país. Em 2016, PAULA BUENO 31
o governo da Costa Rica reconheceu, por meio de decreto
executivo30 , os diversos modelos de governança de áreas O Sistema Nacional de Áreas Protegidas da Colômbia
protegidas em um esforço para regulamentar e reconhecer a (Sinap) é representado por diversas categorias de gestão,
situação em Cahuita; o decreto, entretanto, não foi considerado bem como por acordos de participação, implementação
suficiente para respaldar o modelo. de estratégias e tomadas de decisão relativos à gestão e ao
manejo das áreas em diferentes escalas. O Sinap baseia-se
O parque nacional passou a ser gerido de forma
na relação entre os atores dos territórios em que atuam, o
compartilhada entre o governo e a comunidade,
que implica uma grande riqueza de visões e desafios em sua
inicialmente por meio de uma comissão de cogestão e,
abordagem. Isso requer um esforço de coordenação entre as
atualmente, por um Conselho Local, que é o mecanismo que
autoridades étnicas e institucionais do território, com base
permite a execução das atividades identificadas no Plano
em aspectos fundamentais. Esses aspectos são a abordagem
Geral de Gestão. Entre outros desafios, destaca-se o atual
diferencial, a interculturalidade, o conceito amplo de
debate entre as partes interessadas sobre a destinação e
território, a confiança e as responsabilidades – do Estado e
utilização dos recursos derivados da cobrança da taxa de
das etnias – pela conservação, respeitando os princípios de
entrada na área protegida. A solução parece ser a
coordenação e concorrência.
elaboração de um novo projeto de lei que reconheça os
diferentes modelos de governança que o país ratificou de Com o objetivo de fortalecer essa gestão, a partir de múltiplas
acordo com a CDB. lições aprendidas e por meio de uma metodologia padronizada

© Christian Byfield, Colombia.

30
Por meio do Decreto Executivo 39059-Minae.
31
WWF-Colômbia; assessora de Políticas e Governança de Áreas Protegidas e Oceanos; Coordenação Regional da CMAP-UICN.

PLANETA PROTEGIDO: AMÉRICA LATINA E CARIBE, 2020


© Christian Quispe, Perú.

de coleta e sistematização das percepções dos principais atores, território e identificam os serviços ecossistêmicos dos quais
são realizadas avaliações do exercício da autoridade em áreas são beneficiários graças à existência de áreas protegidas.
protegidas para medir o sucesso da governança, seus pontos
Esta ferramenta foi implementada em três níveis de
fortes e fracos, sua evolução histórica e as ações de melhoria
gestão pública: (i) Sinap, como um todo; (ii) sete parques
necessárias. Esta metodologia é composta por cinco momentos
nacionais terrestres e marinhos; e (iii) um subsistema
centrais adaptáveis a diferentes contextos e escalas, que
regional (Sirap – Eixo Cafeeiro). Além disso, pode ser
permitem desenvolver, a partir de uma compreensão local da
replicada para outras categorias ou níveis. Os resultados das
governança, princípios de boa governança, bem como refletir
análises – mensuráveis e comparáveis, com base na escala
sobre as mudanças nas relações ao longo do tempo.
de avaliação – aportam mais valor graças às orientações
Por meio de elementos didáticos que levam ao diálogo e derivadas de diálogo e reflexão coletiva. Eles oferecem aos
a diagnósticos factuais, os atores contribuem para uma gestores alternativas para o cumprimento dos objetivos
avaliação coletiva do conhecimento de sua instituição, de conservação, em conjunto com todos os interessados,
comunidade ou grupo de interesse, com base em uma escala o que gera responsabilidade solidária e benefícios
qualitativa (conhecida como governômetro). Além disso, os compartilhados por meio de um exercício construtivo de
atores se reconhecem como partes integrantes de um mesmo governança territorial.

47
7. Quão conectados estão
os sistemas de áreas terrestres
protegidas na América Latina
e no Caribe?
OSCAR GODÍNEZ GÓMEZ32
TANIA URQUIZA-HAAS33
PATRICIA KOLEFF OSORIO34
CAMILO ANDRÉS CORREA AYRAM35
LUIS SANTIAGO CASTILLO36

A criação de sistemas nacionais de áreas protegidas é essencial sobre Áreas Protegidas (WDPA), da metodologia ProtConn
para reduzir o risco de extinção de espécies e manter a Bound e do mapa da pegada humana global38 .
estrutura e função dos ecossistemas no longo prazo. Embora
Dos 51 países e territórios da região, apenas nove têm mais de
a expansão dos sistemas nacionais de áreas protegidas seja
17% de sua superfície terrestre protegida e conectada [tabela
necessária, isso não será suficiente se as novas declarações
7.1 e figura 7.2]. A maioria dos países da América Latina e do
ou extensões não estiverem localizadas em locais estratégicos
Caribe ainda está se esforçando para cumprir os critérios de
[capítulo 3]; se não forem elaborados ou implementados
conectividade da Meta 11 de Aichi, conforme revela a figura
projetos eficientes que promovam a conectividade ecológica
7.1. Em média, há lacunas de conexão em 33% da superfície
; ou se não for tratada a deterioração dos ecossistemas que
desses sistemas nacionais de áreas protegidas, ou seja,
reduz a permeabilidade das paisagens em que se encontram
aproximadamente um terço da área protegida na ALC pode
tais áreas protegidas . Assim, o uso de indicadores robustos
ser descrita como ilhas de conservação. De acordo com seu
de conectividade torna-se uma ferramenta necessária para
grau de isolamento, isso pode ter um impacto na deterioração
orientar as estratégias de gestão da biodiversidade visando à
dos fluxos ecológicos e na perda de populações locais, o
melhoria ou continuidade da conectividade ecológica entre
que afeta a estrutura e o funcionamento dos ecossistemas
áreas protegidas, uma tarefa especialmente relevante, dados os
e aumenta a suscetibilidade às mudanças climáticas e ao
desafios do período pós-2020.
colapso dos ecossistemasxxii.
A conectividade dos sistemas nacionais de áreas protegidas
É fundamental que os países otimizem a ampliação dos
é geralmente avaliada de forma qualitativa, uma vez que o
sistemas nacionais de áreas protegidas e, ao mesmo tempo,
que é relatado é o número de iniciativas de corredores de
melhorem a permeabilidade da paisagem em que essas
conservação entre áreas protegidas ou entre países. Várias
áreas se encontram. Também é necessário fortalecer a
métricas quantitativas de conectividade de áreas protegidas
implementação de outras medidas efetivas de conservação
surgiram recentemente, entre as quais se destacam as
baseadas em áreas (Omecs), que incluem o inventário, o
metodologias ProtConn e ProtConn Bound (a última indica
relato de estratégias, o monitoramento da biodiversidade
a porcentagem de superfície coberta por áreas protegidas
[capítulo 11] e a implementação de indicadores de
terrestres e conectadas de um país, e pode ser aplicada a
conectividade específicos para áreas protegidas marinho-
outras escalas de análise). Este capítulo avalia a conectividade
costeiras, que atualmente são insuficientes. A aplicação
dos sistemas nacionais de áreas protegidas na ALC com o
conjunta dessas recomendações embasa a tomada de decisões
objetivo de compreender o efeito dos impactos antrópicos
sobre conectividade ecológica, um atributo-chave para o
na conectividade e funcionalidade da paisagem. Isso é feito a
cumprimento da Meta 11 de Aichi e das metas pós-2020.
partir de dados de julho de 2020 do Banco de Dados Mundial

32
Conabio; especialista em Análise Espacial; Subcoordenação de Avaliação de Ecossistemas; Direção-Geral de Análise e Prioridades.
33
Conabio; subcoordenadora de Avaliação de Ecossistemas, Direção Geral de Análise e Prioridades.
34
Conabio; diretora-geral de Análises e Prioridades.
35
Pesquisador do Instituto de Pesquisa de Recursos Biológicos Alexander von Humboldt; Programa de Avaliação e Monitoramento da Biodiversidade; membro do Grupo de Especialistas em Conservação da Conectividade
(CCSG) da CMAP-UICN.
36
Pesquisador do Instituto de Pesquisa de Recursos Biológicos Alexander von Humboldt – Nature and Culture International.
37
A permeabilidade da paisagem define em que medida a matriz da paisagem oferece qualidade aos organismos para se moverem por ela.
38
A pegada humana corresponde a um mapa global que mostra a distribuição espacial de oito pressões antrópicas acumuladas no ambiente terrestre. O mapa foi publicado inicialmente em 2002 com base em dados do
início dos anos 1990, mas a versão mais recente disponível usada para este estudo é a de Williams et al. (2020), com base em dados de 2013.

PLANETA PROTEGIDO: AMÉRICA LATINA E CARIBE, 2020


© PNN Gorgona - Archivo PNNC Colombia.

49
TABELA 7.1 – VALORES DO INDICADOR PROTCONN BOUND (PROTEGIDO E CONECTADO) PARA TODOS
OS PAÍSES E TERRITÓRIOS DA AMÉRICA LATINA E DO CARIBE
País / território Área não Área protegida e Área protegida e não País / território Área não Área protegida e Área protegida e
protegida (%) conectada (%) conectada(%) protegida (%) conectada (%) não conectada (%)

Anguilla 96,9 3,1 0,0 Ilhas Cayman 95,3 3,4 1,3

Antígua e 92,0 6,8 1,2 Ilhas Malvinas 99,5 0,4 0,1


Barbuda

Argentina 91,7 1,7 6,6 Ilhas Turcas e 90,8 8,3 1,0


Caicos

Aruba 80,4 19,6 0,0 Ilhas Virgens 97,5 2,5 0,0


Britânicas

Bahamas 70,2 28,1 1,7 Ilhas Virgens 92,5 7,5 0,0


Americanas

Barbados 99,6 0,4 0,0 Jamaica 85,6 6,9 7,5

Belize 63,7 27,3 9,1 Martinica 8,3 91,1 0,6

Bermudas 100,0 0,0 0,0 México 85,9 3,2 10,9

Bolívia 70,1 8,4 21,5 Montserrat 91,0 9,0 0,0

Bonaire, Santo 87,1 12,9 0,0 Nicarágua 65,2 19,8 15,0


Eustáquio
e Saba

Brasil 69,9 14,2 15,9 Panamá 80,1 9,8 10,1

Chile 81,5 7,7 10,8 Paraguai 85,9 11,3 2,8

Colômbia 83,2 4,8 11,9 Peru 78,9 8,5 12,6

Costa Rica 72,9 11,6 15,6 Porto Rico 94,7 2,5 2,8

Cuba 86,0 6,2 7,8 República 74,9 9,7 15,5


Dominicana

Curaçao 88,7 8,3 3,1 São Bartolomeu 95,0 5,0 0,0

Dominica 79,4 14,5 6,1 São Cristóvão 84,4 15,0 0,6


e Neves

Equador 81,6 8,7 9,6 São Martinho 92,8 5,8 1,4


(território
francês)

El Salvador 92,5 3,8 3,7 São Vicente 79,6 20,4 0,0


e Granadinas

Granada 92,5 5,8 1,7 Santa Lúcia 82,7 15,6 1,7

Guadalupe 31,9 53,0 15,1 São Martinho 100,0 0,0 0,0


(holandês)

Guatemala 80,4 7,1 12,5 Suriname 85,5 11,1 3,3

Guiana 48,1 42,0 9,9 Trinidad e 70,9 13,2 15,9


Francesa Tobago

Guiana 91,4 4,6 4,0 Uruguai 96,3 2,3 1,4

Haiti 93,5 2,3 4,2 Venezuela 46,9 35,0 18,1

Honduras 77,0 12,8 10,1 MÉDIA 81,6 12,4 6,0

Observação 1: A “área protegida e não conectada” corresponde à diferença entre a “área protegida” e a “área protegida e conectada”.
Observação 2: O indicador ProtConn Bound foi estimado com distância média de dispersão de 10 km.

PLANETA PROTEGIDO: AMÉRICA LATINA E CARIBE, 2020


FIGURA 7.1 – PORCENTAGEM DA ÁREA TERRESTRE DE CADA PAÍS
OU TERRITÓRIO NA AMÉRICA LATINA E CARIBE

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dos

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a

Observação 1: Em verde escuro, os territórios protegidos e conectados; em verde claro, os


territórios protegidos e não conectados; em cinza, os territórios desprotegidos.
Observação 2: A linha pontilhada indica a Meta 11 de Aichi, com valor de 17%.

Fonte: Elaboração própria.

51
FIGURA 7.2 – SUPERFÍCIE PROTEGIDA E CONECTADA (PROTCONN BOUND) DOS PAÍSES E TERRITÓRIOS
DA AMÉRICA LATINA E CARIBE, COM DISTÂNCIA MÉDIA DE DISPERSÃO DE 10 KM

SUPERFÍCIE PROTEGIDA E
CONECTADA (%)

Fonte: Elaboração própria.

© Giovanni Pulido, Colombia.

PLANETA PROTEGIDO: AMÉRICA LATINA E CARIBE, 2020


QUADRO 7.1 – Corredores participação de diversos setores, identificou áreas de alto
bioclimáticos e conectividade da valor biológico para conservação e restauração, bem como
corredores bioclimáticos (CBC) com rotas que evitam áreas
paisagem no México em face das de alto impacto humano e mudanças climáticas repentinas,
mudanças globais: o papel das áreas o que permitirá manter a mobilidade dos organismos frente
protegidas nacionais e subnacionais às mudanças climáticas .
OSCAR GODÍNEZ GÓMEZ 39, TANIA URQUIZA-HAAS 40 Ações de conservação e restauração nesses CBCs ajudarão
E PATRICIA KOLEFF 41 a aumentar a conectividade da paisagem e a resiliência
dos ecossistemas em mais de 68% da superfície das áreas
Muitos países com extraordinária diversidade biocultural naturais protegidas (ANP) do México. Além disso, de acordo
enfrentam grandes desafios devido à perda e degradação com o indicador de áreas protegidas e conectadas , os CBCs
de seus ecossistemas. Portanto, precisam de recursos para favorecerão a conectividade da rede de ANPs em todas as
orientar estrategicamente ações que visem a salvaguardar ecorregiões terrestres – com um aumento médio de 6,4%
sua biodiversidade . Esse é o caso do México, que, com ampla ± 5,04% [figura 7.3].

FIGURA 7.3 – AUMENTO DA CONECTIVIDADE DA REDE DE ÁREAS NATURAIS PROTEGIDAS


(ANP) NAS DIFERENTES ECORREGIÕES TERRESTRES DO MÉXICO*
Áreas protegidas federais Áreas protegidas federais, subnacionais e ADVCs Áreas protegidas federais, subnacionais e ADVCs + corredores bioclimáticos

Sistema Vulcânico Transversal

Serras e planícies de El Cabo

Serra Madre Oriental

Serra Madre Ocidental

Serra Madre do Sul

Serra Madre Centro-Americana e Planalto de Chiapas

Serra de Los Tuxtlas

Planícies e colinas ocidentais

Planícies costeiras e colinas secas do Golfo do México

Planície e colinas da Península de Yucatán

Planície semiárida de Tamaulipas-Texas

Planície Norte-Ocidental da Península de Yucatán

Planície costeira, colinas e desfiladeiros do Ocidente

Planície costeira e colinas úmidas do Golfo do México

Planície costeira e colinas de Soconusco

Planície costeira e colinas do Pacífico Sul

Planície costeira de Texas-Louisiana

Base da Serra Madre Ocidental

Desertos quentes

Depressões entre montes

Califórnia Mediterrânea

Planalto mexicano

Observação: Levando em consideração a contribuição das APs subnacionais e das áreas destinadas
voluntariamente à conservação (ADVCs), bem como a contribuição potencial dos corredores bioclimáticos (CBCs). Fonte: Elaboração própria.

39
Conabio; especialista em Análise Espacial; Subcoordenação de Avaliação de Ecossistemas; Direção-Geral de Análise e Prioridades.
40
Conabio; subcoordenadora de Avaliação de Ecossistemas, Direção Geral de Análise e Prioridades.
41
Conabio; diretora-geral de Análises e Prioridades.

53
© Gabriela Becerra, México.

PLANETA PROTEGIDO: AMÉRICA LATINA E CARIBE, 2020


FIGURA 7.4 – VARIAÇÕES NOS VALORES DE PROTCONN BOUND,
Porcentagem da superfície terrestre do país PROTUNCONN E PROT* NA COLÔMBIA ENTRE 1970 E 2020

Fonte: Elaboração própria. - Observação: ProtConn Bound, em azul; ProtUnconn, em cinza; e Prot, em laranja.

As áreas protegidas subnacionais (APS) e as áreas sobre a Diversidade Biológica (CDB). Com base nisso, foram
destinadas voluntariamente à conservação (ADVCs) avaliadas as tendências da conectividade das áreas terrestres
(por seus proprietários) contribuem para aumentar a protegidas na Colômbia de 1970 a 2020, com base em
representatividade e conservar parte da riqueza biocultural três indicadores: (i) a porcentagem de superfície terrestre
do país. Em geral, as APS e ADVCs se sobrepõem aos CBCs, protegida e conectada (ProtConn Bound); (ii) a porcentagem
e sua maior contribuição para a conectividade é o fato de de superfície terrestre protegida, mas não conectada
servirem como lugares de passagem (conhecidas como (ProtUnconn); e (iii) a porcentagem de superfície coberta
“stepping stones”, ou “trampolins”), com distâncias de por áreas protegidas (Prot). Uma análise integrada desses
dispersão superiores a 10 km para espécies da fauna, como indicadores permite quantificar quão bem conectados estão
pássaros e mamíferos, ou para espécies com certa tolerância os sistemas nacionais de áreas protegidas.
ao impacto humano. Os CBCs, juntamente com a articulação As tendências gerais identificadas demonstram um aumento
de ações com importantes atores locais, são essenciais nos indicadores. O índice ProtConn Bound cresceu na
para reduzir a vulnerabilidade dos socioecossistemas e Colômbia de 0,3% em 1970 para 5,4% em 2020; o Prot,
salvaguardar a biodiversidade em face de mudanças globais. de 0,4% para 16,1%; e o ProtUnconn, de 0,2% para 10,7%
[figura 7.4]. O índice de incremento do ProtConn equivale
à metade do aumento do Prot, e o índice de incremento
QUADRO 7.2 – Tendências na do ProtUnconn é aproximadamente três vezes maior que
conectividade de áreas protegidas na o aumento do ProtUnconn. Nesse sentido, fica evidente
que, embora a cobertura das áreas sob proteção tenha
Colômbia entre 1970 e 2020 crescido significativamente, principalmente nos últimos
CAMILO ANDRÉS CORREA AYRAM 42 10 anos, as estratégias voltadas à conectividade não têm
sido suficientemente eficazes. Esses resultados indicam que
As tendências de variações na conectividade da rede de são necessárias medidas adicionais para promover mais
áreas protegidas podem ser vistas como um indicador conectividade na rede colombiana de áreas protegidas.
da capacidade dos países de cumprir metas globais de Eles podem ser relevantes para orientar os esforços finais
conservação, tais como as Metas de Aichi e o Plano rumo a essas e outras metas de biodiversidade, levando em
Estratégico de Biodiversidade 2011–2020 da Convenção consideração o margo global pós-2020.

42
Pesquisador do IAvH; Programa de Avaliação e Monitoramento da Biodiversidade; membro do Grupo de Especialistas em Conservação da Conectividade (CCSG) da CMAP-UICN.

55
© Sistema Nacional de Áreas Protegidas de Uruguay.

8. Integração a paisagens mais amplas


TARSICIO GRANIZO 43
MARCOS RUGNITZ TITO 44
PEDRO ARAÚJO 45

Embora as áreas protegidas sejam a frente de batalha da e escalas de gestão. Na Colômbia, os casos-piloto de
conservação, entrincheirar-se nelas não é suficiente. A áreas protegidas embasam a Política de Ordenamento
conservação precisa ser integrada a paisagens mais amplas. Territorial Nacionalxxxviii.
Integrar áreas protegidas e conservadas a paisagens mais
• Modelos de gestão e governança privada e
amplas é “o processo de assegurar-se de que o projeto e a gestão
participativa. No Peru, as áreas de conservação
de áreas, corredores e a matriz circundante promovam uma
privadas complementam os corredores biológicos
rede ecológica funcional e conectadaxxvi”. Não se trata de uma
administrados pelo Estadoxxix.
integração puramente geográfica, mas sim de uma que busque:
(i) incorporar os valores, efeitos e dependências da diversidade • Enfoque ecossistêmicoxxx. Na Costa Rica, o Programa
biológica às funções e serviços dos ecossistemas; e (ii) gerar Nacional de Corredores Biológicos incentiva o acesso ao
impactos socioeconômicos e culturais positivos em setores- pagamento por serviços ambientais para proprietários
chave da economia. A necessidade de promover tal integração de florestas situadas nos corredores . Outro exemplo
foi contemplada na Meta 1.2 do Programa de Trabalho sobre relevante é o Programa Sócio Bosquexxxvii do Equador.
Áreas Protegidas da CDBxxvii em 2004. • Áreas protegidas, como soluções baseadas
A integração de áreas protegidas ou conservadas a paisagens na natureza. Na Patagônia argentina, para evitar a
mais amplas vem ocorrendo na ALC por meio de diferentes degradação do habitat, houve um fortalecimento da gestão
políticas e programas vinculados a: do ecossistema marinho-costeiro da Área Natural Protegida
da Península Valdés, como uma solução naturalxxxiii.
• Ordenamento territorial em diferentes níveis

43
Diretor do WWF-Equador; membro da CMAP-UICN.
44
Consultor do Programa de Áreas Protegidas da UICN; membro da CMAP-UICN.
45
WWF-Equador, especialista em Monitoramento e Avaliação e no Sistema de Informação Geográfica, SIG.

PLANETA PROTEGIDO: AMÉRICA LATINA E CARIBE, 2020


• Integração com setores socioeconômicos. No QUADRO 8.2 – Promoção da conservação
Chile, por meio de defesos sazonais, as áreas marinhas além das fronteiras
protegidas contribuem para a melhoria do manejo da
pesca, a renda econômica dos pescadores e a proteção da A natureza não se ajusta às fronteiras criadas pelo homem. A
vida marinha . conservação transfronteiriçaxli (CT) resulta da conectividade
ecológica entre áreas protegidas através de uma ou mais
• Mecanismos de gestão integrada e abordagem
fronteiras internacionais, o que exige certo nível de
da paisagem. No Brasil, o sistema nacional de
cooperação. Desde o início da década de 1990, iniciativas de
áreas protegidas define o mosaico como um modelo
conservação transfronteiriça têm sido promovidas na ALC.
de gestão integrada (conforme o Programa Nacional
Na América Central, o Corredor Biológico Mesoamericanoxlii
de Conectividade de Paisagensxxxvi. O país possui 17
consiste nas seguintes experiências: (i) corredor El
mosaicos reconhecidos federalmentexxxvii. Por sua vez, o
Castillo – San Juan – La Selvaxliii ; (ii) complexo de áreas
Uruguai está trabalhando em uma estratégia de gestão
protegidas da Floresta Tropical Maia; (iii) reserva da biosfera
e planejamento de áreas protegidas com o objetivo de
Montecristo Trifinio; (iv) sítio do patrimônio mundial
que elas não constituam ilhas de ecossistemas dentro de
Parque Internacional La Amistad; (v) reserva da biosfera do
paisagens altamente modificadasxxxviii.
Vulcão Tacaná; (vi) complexo Ramsar (entre Costa Rica e
A importância da conservação além das áreas protegidas deve Panamá); e (vi) complexo Ramsar (entre Belize e Guatemala).
ser vista como uma estratégia que exige uma política de Estado Na América do Sul, destacam-se: (i) a CT Cordilheira do
que envolva os governos central e locais, o setor privado e as Condor46 ; (ii) a CT do Pantanal (entre Bolívia, Brasil e
organizações locais. A conservação integral do patrimônio Paraguai)47; (iii) o complexo Glaciares – Torres del Paine
natural exige mudanças no modelo de desenvolvimento – O’Higgins; (iv) o sítio de patrimônio mundial Parques do
para encontrar novas formas de integrar a natureza ao Iguaçu; (v) as áreas úmidas Ramsar do Lago Titicaca; e (vi)
desenvolvimento e vice-versa; assim, é possível aprender com a reserva binacional da biosfera Bosques de Paz (Equador
os modelos que diversos povos indígenas e comunidades locais – Peru) . Recentemente, no âmbito da iniciativa Visão
desenvolveram, especialmente na América Latina. Dessa forma, Amazônica da RedParques48, com o apoio do Projeto Iapa49,
garantiremos a conectividade, não apenas entre as unidades de foram priorizadas paisagens transfronteiriças com maiores
conservação [capítulo 7], mas entre elas e o entorno. oportunidades de conservação de áreas protegidas. Essas
paisagens estão localizadas entre a Colômbia, o Equador e o
Peru e na região de Madre de Dios – Acre – Pando (MAP),
entre o Peru, o Brasil e a Bolívia.

Fonte: Fundação Gaia Amazonas, 2020.

QUADRO 8.1 – O potencial do Triplo A


A proposta do corredor ecológico Andes – Amazônia –
Atlânticoxxxix (mais conhecido como Triplo A), promovida pela
Fundação Gaia Amazonas, é um exemplo importante do potencial
de integração de paisagens mais amplas e transfronteiriças. O
corredor Triplo A cobre uma região de 135 milhões de hectares, Legenda

que inclui áreas protegidas no Peru, Equador, Colômbia,


Venezuela, Brasil, Guiana Francesa e Suriname; além disso,
conecta corredores ecológicos pré-existentes, como é o caso do
corredor central da Amazônia brasileiraXI .

46
Na década de 1990, o Peru e o Equador concordaram em criar a área protegida, como parte da solução de um conflito sobre fronteiras. Mais informações estão disponíveis em https://www.iucn.
org/es/content/la-conservacion-transfronteriza-mecanismo-esencial-para-los-bosques-tropicales.
47
Em 2018, a Bolívia, o Brasil e o Paraguai assinaram a Declaração para a Conservação, Desenvolvimento Integral e Sustentável do Pantanal. Mais informações estão disponíveis em https://www.
worldwildlife.org/descubre-wwf/historias/que-es-la-conservacion-transfronteriza-y-por-que-es-importante.
48
Visão para a conservação da diversidade biológica e cultural do bioma Amazônia com base em ecossistemas.
49
Projeto Integração das Áreas Protegidas da Amazônia (Iapa).

57
TABELA 8.1 – EXEMPLOS DE INTEGRAÇÃO A PAISAGENS MAIS AMPLAS
PAÍSES
ESTRATÉGIA ATIVIDADE OU EXEMPLO REFERÊNCIA
ENVOLVIDOS

Ordenamento territorial Colômbia Casos-piloto de áreas protegidas que http://www.parquesnacionales.gov.co/


em diferentes níveis e foram integradas como contribuição portal/es/parques-nacionales-y-uicn-lanzan-
escalas de gestão para a Política de Ordenamento guia-integrando-las-areas-protegidas-al-
Territorial Nacional. ordenamiento-territorial-caso-colombia/

Governança e modelos Peru Áreas de conservação privadas http://siar.minam.gob.pe/tumbes/


de gestão privada e que complementam os corredores novedades/areas-conservacion-
participativa biológicos e são administradas pelo privada-una-creciente-alternativa-
Estado. conservacion-peru

Enfoque ecossistêmico Costa Rica O Programa Nacional de Corredores http://www.cedaf.org.do/Eventos/


Biológicos incentiva o acesso ao LandTrust/Guia_Corredores_Biologicos-
pagamento por serviços ambientais CR.pdf
para proprietários de florestas situadas
nos corredores.

Enfoque ecossistêmico Equador Programa de compensação Socio http://sociobosque.ambiente.gob.ec/


Bosque para manutenção da floresta
em pé.

Áreas protegidas, como Argentina Na Patagônia, o manejo do https://www.iucn.org/es/content/


soluções baseadas na ecossistema marinho-costeiro da soluciones-basadas-en-la-naturaleza-
natureza Área Natural Protegida da Península identificadas-en-america-del-sur-
Valdés tem se fortalecido como se-exponen-en-el-congreso-mundial-
uma solução natural para evitar de-parques
a degradação do habitat.

Integração com setores Chile No Chile, por meio de defesos Bovarnick, A.; Fernández-Baca, J.; Galindo J.;
socioeconômicos sazonais, as áreas marinhas Negret H. (2010). Sostenibilidad financiera
protegidas contribuem para a de las áreas protegidas en América Latina y
melhorar o manejo da pesca, a el Caribe: Guía para la política de inversión.
renda econômica dos pescadores Pnud e TNC.
e a proteção da vida marinha.

Mecanismos de gestão Brasil O Sistema Nacional de Unidades de https://www.mma.gov.br/informma/


integrada e abordagem de Conservação define o mosaico como item/14907-conecta.html
paisagens um modelo de gestão integrada https://www.mma.gov.br/areas-protegidas/
(conforme o Programa Nacional de instrumentos-de-gestao/mosaicos
Conectividade de Paisagens). O país
possui 17 mosaicos reconhecidos
federalmente.

Mecanismos de gestão Uruguai O país desenvolve uma estratégia https://www.uy.undp.org/content/uruguay/


integrada e abordagem de de gestão e planejamento de áreas es/home/operations/projects/environment_
paisagens protegidas com o objetivo de que elas and_energy/SNAP.html
não constituam ilhas de ecossistemas
dentro de paisagens altamente
modificadas.

Integração transfronteiriça Peru, Integração de áreas protegidas, https://www.gaiaamazonas.org/


de vários países Equador, territórios indígenas e corredores já lamazoniaenmapas/12/
Colômbia, existentes.
Venezuela,
Brasil,
Guiana
Francesa e
Suriname.

Integração transfronteiriça Colômbia, Paisagens com maiores oportunidades https://www.iucn.org/es/regiones/america-


de vários países Equador, de conservação de áreas protegidas del-sur/nuestros-proyectos/proyectos-
Peru, Brasil transfronteiriças no âmbito da iniciativa concluidos/vision-amazonica-iapa
e Bolívia. Visão Amazônica da RedParques e com
o apoio do Projeto Iapa.

PLANETA PROTEGIDO: AMÉRICA LATINA E CARIBE, 2020


QUADRO 8.3 – Corredor Marinho do Patrimônio Mundial da Unesco, e alguns pertencem à Lista
Pacífico Oriental Tropical (Cmar) Verde da UICN.

RICARDO MENESES-ORELLANA50 *COM O APOIO DE LAURA A importância regional do Cmar em seus 16 anos de existência
CAMACHO JARAMILLO51 reside no trabalho colaborativo e voluntário entre os governos,
que leva em consideração critérios técnicos e científicos para
O Corredor Marinho do Pacífico Oriental Tropical (Cmar) é a tomada de decisões. Igualmente importante é a articulação
uma iniciativa de cooperação regional entre os governos do do setor ambiental com as autoridades da pesca, turismo e
Equador, Costa Rica, Colômbia e Panamá. Foi criado em 2004 defesa, bem como organizações da sociedade civil. Atualmente,
pela Declaração de San José com o propósito de promover, o Cmar conta com uma grande rede de aliados que contribuem
por meio dos ministérios do Meio Ambiente da região, a para o cumprimento dos objetivos de conservação e uso
conservação e uso sustentável da biodiversidade marinha no sustentável do corredor.
Pacífico Oriental Tropical. O Pacífico é considerado um dos
A cooperação e o posicionamento internacional alcançados
oceanos mais produtivos do mundo, pois é o lar de formações
pelo Cmar têm contribuído para o cumprimento da Meta 11
montanhosas subaquáticas que constituem habitat; criadouros
de Aichi e têm apoiado os processos de expansão das áreas-
e locais de alimentação para diferentes espécies endêmicas
núcleo, aumentando a porcentagem de áreas protegidas
e migratórias; ecossistemas de corais; e grupos biológicos,
marinhas e costeiras. Além disso, o Cmar promove a melhoria
como mamíferos marinhos, tubarões, raias, peixes pelágicos
da gestão dos sistemas nacionais de áreas protegidas dos
e demersais, tartarugas e pássaros. Além disso, há uma
quatro países, com base na conectividade e representatividade
conectividade ecológica entre esses elementos.
ecológica entre os ecossistemas comuns dessa rede de áreas
O Cmar compreende as Zonas Econômicas Exclusivas do marinhas protegidas. Ademais, contribui para o cumprimento
Pacífico dos quatro países e suas cinco principais áreas do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável nº 14, ao
de conservação: as áreas marinhas protegidas (AMPs) promover a pesquisa e a produção de conhecimento científico,
das Ilhas do Coco (Costa Rica), Coiba (Panamá), Malpelo bem como a promoção de boas práticas no uso de recursos
e Gorgona (Colômbia) e do arquipélago de Galápagos marinhos e a participação em cenários que busquem coibir a
(Equador). A maioria desses locais foram declarados pesca ilegal na região.

50
Secretário técnico do Corredor Marinho do Pacífico Oriental Tropical, Cmar.
51
Parques Nacionales Naturales de Colombia (2020; Vínculo Técnico Cmar – Colômbia.

59
9. Contribuição dos territórios de
vida na América Latina e no Caribe
CARMEN E. MIRANDA52
MARCO OCTAVIO RIBERA ARISMENDI53

Os Ticcas são “territórios e áreas conservadas por povos Dispersos em mais de 100 ecorregiões desse espaço
indígenas e comunidades locais e tradicionais”. Sob territorial, os Ticcas protegem uma grande diversidade de
diferentes denominações locais, eles são descritos como ecossistemas críticos e espécies ameaçadas ou emblemáticas
territórios de vida, governados e administrados por povos e para a conservação. Protegem funções ecossistêmicas
comunidades tradicionais que neles vivem há séculos. Em fundamentais para as regiões, como o abastecimento de água,
termos gerais, os Ticcas ou territórios de vida são fonte os rios voadores que regulam o clima regional, o controle
de alimentos, medicamentos, água e outros recursos de de enchentes e a disponibilidade de recursos faunísticos,
subsistência para as comunidades. Além disso, representam polinizadores e controladores de pragas, entre outros. Além
saúde, ambientes prósperos e locais sagrados; e são fonte de disso, preservam corredores ecológicos que favorecem o
identidade, afetividade ou empatia com o meio ambiente e intercâmbio genético entre territórios e entre áreas protegidas.
a cultura, a autonomia e a liberdade. Eles personificam os
Os povos indígenas e comunidades locais que vivem e
laços entre gerações e permitem preservar os conhecimentos
exercem governança nos Ticcas da Amazônia, da Orinoquía,
e experiências do passado e a conexão com o futuro
do Chaco ou de outras florestas mesoamericanas possuem
almejado. São o terreno no qual as comunidades exercem
conhecimentos ancestrais profundos sobre suas espécies e
uma governança inclusiva, aprendem, identificam valores e
ecossistemas; os ritmos e fenologia dos climas regionais; e
desenvolvem suas próprias regras, conectam realidades visíveis
a produtividade e as limitações de ecossistemas e espécies.
e invisíveis e harmonizam a riqueza material e espiritual. Os
Eles têm conhecimentos sobre plantas medicinais,
Ticcas são componentes socioecológicos poderosos e altamente
agrobiodiversidade nativa e seus parentes silvestres; sistemas
resilientes para qualquer sistema de conservação nacional,
de seleção de solos para a agricultura; sistemas tradicionais de
e seu papel deve ser reconhecido e adequadamente apoiado
controle da caça e de uso de recursos; e modelos nativos bem-
pelas sociedades latino-americanas.
sucedidos de agroecologia e silvicultura.

© Fundación Herencia Colombia.

52
Coordenadora regional do Consórcio Ticca para os países da Amazônia; presidente executiva da Associação Savia –
Bolívia; colíder do grupo de especialistas em Governança de APs da CMAP-UICN.
53
Associação Savia – Bolívia.

PLANETA PROTEGIDO: AMÉRICA LATINA E CARIBE, 2020


© Miguel Ángel Cruz Río, México.

61
FIGURA 9.1 – OS TERRITÓRIOS DE VIDA OU TICCAS NA
AMÉRICA LATINA E CARIBE
AMÉRICA LATINA E CARIBE

650.000 23 milhões
habitantes de km2

521 povos indígenas 40 3.000 Ticcas – territórios ou terras


milhões de indígenas (6.15% sob proteção indígena – ocupam
da população total da apenas 10% da área total (2.3
América Latina e Caribe) milhões de quilômetros quadrados)

PROTEGEM ATÉ 80% DAS


RIQUEZAS BIOLÓGICAS DE
TODA A REGIÃO DA AMÉRICA
LATINA E CARIBE
Fonte: Elaboração própria, com base no Consórcio Ticca.

© Carlos Enrique Godoy, Guatemala.

PLANETA PROTEGIDO: AMÉRICA LATINA E CARIBE, 2020


MOSAICO DE GUARDIÕES
ANCESTRAIS DA BIODIVERSIDADE

Vale destacar que, especialmente na América Latina, os


povos indígenas que protegem a biodiversidade de seus
territórios indígenas ancestrais, ou Ticcas, tiveram que
lutar continuamente pela defesa de seus direitos em face
da pressão de outros atores, como empresas extrativistas e
políticas de desenvolvimento que não levam em consideração
as necessidades dos povos indígenas. Os Ticcas e a natureza
são inseparáveis da vida, da dignidade e da autodeterminação
sustentável dos povos. Há mais de 520 povos indígenas
na ALC. Mais de 80% vivem em terras baixas tropicais e
subtropicais, com cerca de 40 milhões de habitantes, que
protegem cerca de 3.000 Ticcas (territórios, áreas conservadas,
reservas ou terras comunais) [figuras 9.1 e 9.2] xlv.
Ao propormos conclusões e recomendações para o período
pós-2020, pode-se considerar que, em quase todos os casos,
os Ticcas representam modelos de governança local que
permitem cenários promissores de sustentabilidade e proteção
efetiva da natureza e das funções ecossistêmicas. Essa situação
se estende ao fortalecimento da gestão de áreas protegidas,
uma vez que muitos espaços tradicionais se sobrepõem às
referidas unidades de conservação. É imprescindível continuar
a fortalecer os valores culturais, as capacidades e o resgate
de conhecimentos integrais das comunidades indígenas e de
suas organizações, a fim de otimizar a efetividade da gestão
territorial frente às ameaças derivadas de políticas e processos
que desestabilizam a vida comunitária dos povos e sua relação
Fonte: Elaboração própria,
com base no Consórcio Ticca. com o território.

63
FIGURA 9.2 – INICIATIVAS FUNDAMENTAIS DA REDE TICCA COLÔMBIA

Observação 1: O mapa mostra a localização das 17 iniciativas


Fonte: Amaya, C. y Parra, L. (2019) .
fundadoras da Rede Ticca Colômbia e de outras duas que estão em
processo de aprovação.

QUADRO 9.1 – Rede Ticca na Colômbia suas propriedades privadas para conservação.
Com esse objetivo, por meio de um arranjo de
CAROLINA AMAYA PEDRAZA54
governança mista (governo e comunidade), foram
O negócio é ser pequeno. E. F. Schumacher. estabelecidas linhas amarelas que impedem o avanço
da fronteira agrícola. Acordos entre comunidades e
Um grupo de jovens misak resgatou os sonhos frustrados
aldeias locais garantem a manutenção de um corredor
de seus pais (interrompidos há mais de vinte anos devido à
que conecta e amplia a área protegida regional
guerra) e reconstruiu os valores e práticas culturais de seus
coadministrada há mais de quinze anos.
ancestrais em questões relacionadas aos cuidados com o
território. Para tal, protegem uma área da reserva Guambía, Além dessas iniciativas, 17 organizações comunitárias
no município de Silvia, departamento de Cauca, como se (formadas por agricultores, afrodescendentes e indígenas
fosse um pequeno laboratório. O objetivo é sensibilizar as tutores de seus territórios), constituíram, em novembro
autoridades e o povo da região sobre educação ambiental, artes de 2018, a Rede Ticca Colômbia, definida como “a
e revalorização dos saberes dos avós e sábios de seu povo. construção autônoma e coletiva de um movimento
comunitário para fortalecer, promover e dar visibilidade
Uma associação de experientes caçadores afrodescendentes
aos Territórios de Vida (Ticcas) na Colômbia”. Essas
do Pacífico colombiano obteve uma escritura coletiva em
pequenas iniciativas totalizam quase 500.000 hectares
seu nome e criou um refúgio para a fauna da floresta úmida
de áreas conservadas, geridas com base em seus próprios
tropical que visa a resgatar espécies em perigo de extinção.
sistemas de governança e conhecimentos tradicionais com
Para tanto, os associados utilizam seus conhecimentos
o propósito de garantir o bem-estar de suas famílias, das
enciclopédicos sobre esse ecossistema, provenientes de
gerações futuras e de toda a humanidade55.
pesquisas próprias, educação em escolas locais e ecoturismo.
Participantes do workshop de encerramento da Iniciativa
Enquanto isso, em um município no sul da Colômbia, 1.500
Global de Apoio aos Ticcas*
famílias em 24 aldeias concordaram em reservar áreas de

54
Centro De Estudos Médicos Interculturais, Cemi – Colômbia.
55
Mais informações estão disponíveis em https://www.redticcacol.org y https://www.cemi.org.co/ticca.

PLANETA PROTEGIDO: AMÉRICA LATINA E CARIBE, 2020


QUADRO 9.2 – Da cogestão à conjuntos, a partir do reconhecimento dos direitos dos
governança de territórios bioculturais povos indígenas.

LORENA ARCE56 E JORGE NAHUEL57 O objetivo final é um processo político para avançar rumo à
governança e proteção de territórios com alta biodiversidade
O Parque Nacional Lanín (PNL) e o Parque Nacional (em mapuzungun, a língua mapuche, esse conceito é descrito
Nahuel Huapi – criados em 1937 e 1934, respectivamente como itxofillmogen, ou biodiversidade física e espiritual,
– têm localização contígua, unidos de norte a sul, nas algo essencial para o kume felen, isto é, o bem-estar do povo
províncias de Neuquén e Río Negro, na Argentina. Esses mapuche). A partir dessa necessidade, nasceu uma aliança entre
parques foram criados em um território de ocupação várias organizações mapuches localizadas na grande região da
ancestral do povo mapuche sem seu consentimento Cordilheira dos Andes, local da fronteira entre Chile e Argentina,
prévio. Diante da expropriação de suas terras ancestrais e, graças a isso, foi possível manter a continuidade cultural dos
e da necessidade de gestão dessas áreas protegidas, as povos. A aliança visa a fortalecer a proteção e governança do que
comunidades se organizaram para debater a situação e tem sido chamado de Território Biocultural Futa Mawiza (grande
tomar providências. floresta montanhosa), um símbolo de unidade entre as diferentes
Consequentemente, durante o ano de 2001, a identidades territoriais do povo mapuche de gulumapu (terra do
Confederação Mapuche de Neuquén assinou um convênio oeste) e puelmapu (terra do leste).
com a Administração de Parques Nacionais da Argentina
QUADRO 9.3 – Gestão marinho-
(APN) para estabelecer um sistema de cogestão das
áreas comunitárias do PNL. Foi constituído um Comitê
costeira dos Ticcas: o exemplo da
de Cogestão integrado por representantes da APN, do Rede de Áreas Marinhas de Pesca
Instituto Nacional de Assuntos Indígenas, da Confederação Responsável e Territórios Marinhos
Mapuche de Neuquén e das comunidades mapuche do de Vida da Costa Rica
PNL. Além disso, foram criados Comitês Locais de Gestão,
VIVIENNE SOLIS RIVERA58
que reúnem comunidades indígenas e representantes do
PNL para tratar da gestão local do território. Esses eventos A Rede de Áreas Marinhas de Pesca Responsável e Territórios
marcaram uma guinada no sistema nacional de áreas Marinhos de Vida da Costa Rica é um espaço não formal de
protegidas da Argentina e deram início a um processo de encontro e aprendizagem de organizações de pescadores
construção política rumo à busca de consensos e trabalhos artesanais de pequena escala e de diferentes naturezas, além

FIGURA 9.3 – TERRITÓRIO BIOCULTURAL FUTA MAWIZA

Fonte: Observatório Cidadão – Chile (2019).


56
Observatório Cidadão – Chile.
57
Confederação Mapuche de Neuquén – Argentina.

65
© Leonardo Parra, Colombia (Noviembre, 2018)

© La Mano Del Mono/Ismael Jiménez, México.

58
CoopeSoliDar R.L; membro honorário do Consórcio Ticca; membro da CMAP-UICN.

PLANETA PROTEGIDO: AMÉRICA LATINA E CARIBE, 2020


FIGURA 9.4 – ÁREAS MARINHAS DE PESCA RESPONSÁVEL NA COSTA RICA

Fonte: CoopeSoliDar R.L., 2019.

de comunidades sob diferentes modalidades de governança em


seus territórios. Essas comunidades adotam modelos de gestão
Áreas marinhas de pesca responsável na Costa Rica
compartilhada com a autoridade pesqueira, como as áreas Atualmente, a rede inclui representantes de mais de 22
marinhas de pesca responsável, ou atuam sob governança comunidades pesqueiras de pequena escala – sob modelos
governamental. Elas vivem próximas ou dentro de áreas de de governança compartilhada ou comunitária – localizadas
gestão marinha, que representam uma das categorias do na costa do Pacífico, no Caribe e em territórios indígenas
sistema de áreas protegidas do país. Incluem povos indígenas da Costa Rica [figura 9.4]. Estima-se que os líderes da
e comunidades de afrodescendentes ou marisqueiros, além rede representem mais de 5 mil pessoas de comunidades
de outras formas de organização pesqueira e comunitária. diversas, cuja principal fonte de renda é a pesca artesanal de
É um grupo amplo, aberto e heterogêneo, que conta com a pequena escala.
participação de diferentes grupos que compõem o setor da
pesca artesanal de pequena escala, tanto na costa do Pacífico Desde que foi reconhecida, a rede vem implementando
quanto no Caribe da Costa Rica. práticas de pesca responsável, entre as quais a elaboração
participativa dos planos de ordenamento pesqueiro das
A rede foi criada em 2009 por um grupo representativo Áreas Marinhas de Pesca Responsável, com base nos
da diversidade cultural e ambiental de comunidades cujo conhecimentos tradicionais dos pescadores locais; e a
território está total ou parcialmente em áreas marinho- implementação das Diretrizes Voluntárias para Garantir
costeiras. Em 2014, a governança indígena e as comunidades a Pesca de Pequena Escala Sustentável no Contexto da
locais nos territórios marinhos de vida receberam o Segurança Alimentar e da Erradicação da Pobreza. Essas
reconhecimento do mais alto nível do Poder Executivo da diretrizes foram aprovadas pela FAO (2014) e reconhecidas
República da Costa Rica. na Costa Rica por meio de um Decreto Executivo (2015).

67
10. Áreas protegidas
privadas na América Latina
PEDRO SOLANO59
ROBERTO DE LA MAZA60

A conservação voluntária na América Latina e no Caribe Com frequência, os responsáveis pelas APPs criam redes
(LAC) tem uma longa história. Há décadas, comunidades, locais, que, então, se unem redes nacionais ou regionais. Na
famílias e instituições privadas protegem espaços silvestres Colômbia, por exemplo, as redes e organizações articuladoras
e garantem a conservação da biodiversidade por meio de existem há 30 anos ou mais. As redes permitem que os
pesquisa, educação ambiental, conectividade, governança proprietários se conheçam, se fortaleçam e possam interagir
e proteção de paisagens e recursos estratégicos [capítulos para enfrentar ameaças e se articular com as autoridades.
6 e 9]. Em muitos casos, esses empreendimentos são
Além disso, a maioria dos países da região incluiu, em seus
levados adiante sem marcos jurídicos; sem incentivos ou
sistemas nacionais de áreas protegidas, um nível ou categoria
políticas claras; e com recursos próprios. Nesse sentido,
de APPs. Em geral, são áreas protegidas reconhecidas ou
a conservação de áreas protegidas privadas (APPs) tem
validadas pelo governo a pedido de seu proprietário. O
sido prioritariamente um compromisso pessoal, familiar,
primeiro país da região a incorporá-las foi o Brasil, por meio
comunitário ou empresarial, motivado por um interesse
da criação, em 1990, das Reservas Particulares do Patrimônio
genuíno na proteção do patrimônio natural das gerações
Natural (RPPN) 61.
presentes e futuras.
De acordo com os dados do último Congresso Latino-
As APPs na ALC protegem ecossistemas importantes e
Americano de Reservas Naturais Privadas (2018), estima-se
garantem suas funções ecológicas, além de gerar uma
que haja atualmente 4.000 APPs formais na região, cobrindo
comunidade exemplar de cidadãos sustentáveis que, a cada
aproximadamente 5.000.000 ha em 17 países [figura 10.1].
dia, cresce e influencia positivamente os outros. Se é verdade
Esses números diferem muito daqueles contidos na Base de
que o futuro depende de como os humanos se relacionam
Dados Mundial de Áreas Protegidas (WDPA), que relata, até
com o planeta, essas pessoas encarnam a esperança de que é
o momento, apenas 1.408 APPs em 51 países ou territórios
possível viver em harmonia com a natureza.

© Francisco Bonell, Colombia.

59
Grupo de especialistas em áreas protegidas privadas da UICN.
60
Diretor de Legislação e Políticas Ambientais da VoBo . Asesores Integrales; facilitador do projeto Bioconnect – México.
61
O Decreto nº 98.914 de 31 de janeiro de 1990 dispõe sobre a instituição, no território nacional, de Reservas Particulares do Patrimônio Natural por destinação do proprietário. Disponível em http://legis.senado.leg.br/
norma/521554/publicacao/15707809 (Acessado em 15 de maio de 2020).
62
Coordenadora técnica da Associação Colombiana de Reservas Naturais da Sociedade Civil, Resnatur.

PLANETA PROTEGIDO: AMÉRICA LATINA E CARIBE, 2020


© Mathieu Perrot Bohringer, Colombia.

da ALC [figura 10.2]. As possíveis explicações para essa cumprimento da Meta 11 de Aichi e das metas pós-2020,
divergência são as limitações nos relatos dos pontos focais é necessário estabelecer critérios e metodologias para sua
e o fato de que nem todas as APPs têm reconhecimento identificação, avaliação e relato.
governamental ou estão registradas nas redes de seus
titulares. As redes ainda não estão no radar de todos os
sistemas nacionais de áreas protegidas como interlocutores QUADRO 10.1 – Colômbia e a
válidos para a gestão de áreas com esse tipo de governança. conservação voluntária em
O valor das APPs da região é incalculável, uma vez que geram propriedades privadas
benefícios e esperança para o mundo de amanhã. Seu efeito MARCELA SANTAMARÍA62
multiplicador pode ser decisivo para garantir equilíbrio e
resiliência e contribuir para o cumprimento da Meta 11 de Aichi Há mais de cem anos, a sociedade civil colombiana
e das metas subsequentes da Convenção sobre Diversidade desempenha um papel central na conservação e produção
Biológica. Além disso, permitem que os cidadãos assumam suas sustentável de propriedades privadas. Um dos primeiros
corresponsabilidades pela conservação da biodiversidade. esforços reconhecidos foi a criação, em 1891, de uma
reserva natural em Chicaque, cujo objetivo era conservar
No entanto, são muitos os desafios enfrentados pelas APPs perpetuamente as altas florestas andinas. Na década de
na ALC. Por um lado, é necessário melhorar os sistemas de 1980, essas iniciativas de conservação começaram a se tornar
proteção legal desses espaços. A propriedade rural é um bem visíveis com o surgimento de organizações ambientais e redes
sob constante ameaça em uma região com precária estabilidade locais formadas por agricultores e famílias que pretendiam
política, níveis inaceitáveis de pobreza e um modelo de transformar suas propriedades em reservas naturais.
desenvolvimento econômico que não respeita a natureza.
A Constituição Política da Colômbia de 1991 lançou as bases
Além disso, ainda não foram adequadamente internalizados para o reconhecimento da função ecológica da propriedade.
os serviços ecossistêmicos fornecidos – que deveriam ser Algumas ONGs ambientais, coletivos e representantes
remunerados. Embora os programas de pagamento por esses da academia conseguiram incluir a categoria de reserva
serviços estejam em voga, eles ainda estão longe de funcionar natural da sociedade civil (RNSC) na lei ambiental de
adequadamente para todos. Há experiências positivas no Brasil, 1993, uma das mais importantes conquistas de ativismo
Costa Rica e México, para citar casos pioneiros na região. político ambiental da sociedade civil. Atualmente, o Sistema
Por fim, para que essas áreas possam contribuir para o Nacional de Áreas Protegidas (Sinap) inclui 933 RNSCs

69
FIGURA 10.1 – ÁREAS PROTEGIDAS PRIVADAS (APPS) NA AMÉRICA LATINA

AMÉRICA CENTRAL E NA AMÉRICA DO SUL


ÁREAS PROTEGIDAS PRIVADAS (APPs) NA

FIGURA 10.2 – NÚMERO DE ÁREAS PROTEGIDAS PRIVADAS POR SUBTIPO DE GOVERNANÇA*


Tipo de governança Subtipo de Número de APPs, Número Porcentagem de APPs
governança por subtipo de total de APPs sobre o total de APPs
governança cadastradas na região

Proprietários 1.280
individuais
GOVERNANÇA PRIVADA Organizações sem fins 93 1.408 15,40%
lucrativos

Organizações com fins 35


lucrativos

*Observação: Informações obtidas de acordo com os valores aceitos no campo "GOV_TYPE" da WDPA.

PLANETA PROTEGIDO: AMÉRICA LATINA E CARIBE, 2020


em 192.689,96 ha (com base no Runap em 25 de outubro). como uma espécie de área natural protegida federal (ANP) e
Elas são apoiadas por redes e organizações articuladoras que seus proprietários fossem responsáveis por sua governança.
(22 delas estão cadastradas na lista de Parques Naturais Até o momento, já foram certificadas mais de 354 ADVCs,
Nacionais da Colômbia). No entanto, há muitas propriedades totalizando 550.000 ha de propriedades públicas, privadas ou
não escrituradas que podem ser descritas como estratégias agrárias, que protegem uma grande diversidade de ecossistemas
de conservação privadas, mas não podem ou não querem e espécies da flora e fauna silvestres 65.
fazer parte do Sinap. Os proprietários consideram que seus
A certificação de imóveis como ADVCs constitui um ato
esforços de conservação não requerem aval do Estado,
de natureza autorregulatória e de boa fé, uma vez que são
uma vez que o processo de conservação é anterior à criação
os proprietários que propõem a estratégia de gestão e o
do Sinap. Até o momento, estima-se que este grupo de
zoneamento, cabendo à autoridade somente reconhecer
estratégias inclua cerca de 800 áreas, com 160.000 ha63 .
sua vontade e certificar as referidas propostas, desde que
Quer façam parte do Sinap, quer não, as RNSCs e as cumpram a definição legal e os objetivos das ANPs.
estratégias privadas de conservação são uma realidade no
Trata-se de uma modalidade de ANP flexível, pois, embora os
território colombiano, e, a cada dia, mais voluntários se unem
certificados sejam emitidos por prazo determinado (mínimo
a elas com o propósito de cuidar de um pedaço da Terra. Essa
de 15 e máximo de 99 anos), seus titulares podem solicitar o
forma de conservar e produzir de forma sustentável contribui
cancelamento antecipado a qualquer momento. Vale notar
para a construção de comunidades e paisagens resilientes e
que a ampla aceitação das ADVCs somente foi possível
para o bem-estar humano.
por meio de um instrumento que, em nenhum momento,
envolve violação de direitos de propriedade – sobretudo se
considerarmos, que, no México, prevalece a percepção social
QUADRO 10.2 – México e a construção de que as ANPs instituídas por decreto são estratégias de
de um modelo de governança flexível e desapropriação de terras.
baseado na vontade dos proprietários Nesse sentido, tanto o aumento constante da superfície
ROBERTO DE LA MAZA 65 quanto a diversidade de proprietários demonstram o sucesso
das ADVCs como mecanismo voluntário e flexível para a
Em 2008, foi reformada a Lei Geral de Equilíbrio Ecológico e constituição e governança de ANPs, uma vez que atendem
Proteção Ambiental com o objetivo de que as áreas destinadas a circunstâncias sociais específicas relativas aos direitos
voluntariamente à conservação (ADVC) fossem incorporadas fundiários no México.

© Archivo Conanp, México.

71
QUADRO 10.3 – Peru: construção de esse reconhecimento por si só não tem sido suficiente para
cadeias de valor e identidade na garantir que as áreas tenham uma gestão efetiva e estejam
realmente protegidas.
conservação voluntária
Por esse motivo, surgiram as plataformas e redes de
PEDRO SOLANO 66 proprietários, que pretendem articular a valorização das
As áreas de conservação privadas (ACPs) foram incorporadas áreas. Esses espaços desempenham um papel importante
ao sistema peruano de áreas naturais protegidas por meio de para coordenar e valorizar os proprietários; destacar áreas
uma lei de 1997. As ACPs são reconhecidas pelo Ministério do como destinos turísticos e voluntários; e promover os
Meio Ambiente a pedido de seu titular, por um período que produtos sustentáveis das áreas.
varia de dez anos (mínimo) até a perpetuidade. Por meio desses mecanismos, atualmente muitos profissionais
A evolução jurídica da visibilidade e a implementação do doam seu tempo e dinheiro para apoiar iniciativas voluntárias
mecanismo têm sido marcantes. Até o momento, o Peru de conservação. Foram realizadas campanhas bem-sucedidas
tem 144 áreas de conservação privadas, cobrindo mais de de crowdfunding (financiamento colaborativo) para resgatar
400.000 ha e protegendo muitos ecossistemas, habitat e espécies ou construir a infraestrutura necessária. Além disso,
espécies importantes, tais como florestas secas, yungas diversos produtos locais vêm sendo promovidos no mercado,
ou aves relictas – algumas espetaculares e únicas, como o como cervejas com aromas amazônicos 67, óleos cosméticos,
beija-flor sílfide. Os titulares são proprietários individuais e salgadinhos e bebidas feitas com produtos florestais. Do mesmo
comunidades indígenas andinas ou amazônicas. modo, existem vários livros e centenas de artigos em revistas
e jornais que destacam o trabalho dos proprietários de ACPs,
Embora o reconhecimento do Estado proporcione aos bem como suas áreas e seus produtos. Isso ajudou a formar uma
titulares uma espécie de marca e status que privilegiam certos comunidade orgulhosa e visível que, sem dúvida, contribui para
produtos e serviços, como, por exemplo, a proteção das áreas, um planeta mais sustentável e feliz.

© Archivo Sernanp, Perú.

63
Dados de projetos não publicados em andamento: “Adaptación de los criterios OMEC al contexto colombiano”. Resnatur, Instituto Humboldt, Fundação Natura, Projeto Áreas Protegidas Locais – GIZ, Iclei, UICN.
Financiamento do Programa de Pequenas Subvenções (PPD) do Fundo Global para o Meio Ambiente – GEF, Pnud.
64
Diretor de Legislação Ambiental e Política da VoBo . Asesores Integrales; facilitador do projeto Bioconnect – México.
65
Mais informações estão disponíveis em https://advc.conanp.gob.mx/estadisticas-advc/. (Acessado em 13 de maio de 2020).
66
Grupo de especialistas em áreas protegidas privadas da UICN.
67
Mais informações estão disponíveis em http://ampaperu.info/amazonia-que-late/ e https://www.conservamospornaturaleza.org y https://shiwi.pe.

PLANETA PROTEGIDO: AMÉRICA LATINA E CARIBE, 2020


© Bruno Téllez, Perú.

73
11. Progressos na identificação de outras
medidas efetivas de conservação baseadas
em áreas na América Latina e Caribe
CAROLINA SOFRONY 68
CLARA MATALLANA 69
JULIANA ECHEVERRI 70
MARCELA SANTAMARÍA 71

As áreas protegidas são uma das ferramentas mais Essa decisão determina que as partes signatárias devem
relevantes para a conservação in situ da biodiversidade. identificar e relatar 72 outras medidas efetivas de conservação
A gestão das áreas protegidas mostra que, para manter a baseadas em áreas (Omecs). Ademais, reconhece que essas
funcionalidade do ecossistema, são necessários sistemas áreas serão essenciais para cumprir uma meta de conservação
nacionais de áreas protegidas conectados à paisagem e mais ambiciosa – possivelmente 30% da superfície global – a
a outros processos de conservação [capítulo 7]. Na ALC, ser acordada na próxima Conferência das Partes (COP) da
esses processos são, em sua maioria, impulsionados por Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB).
atores sociais, que têm promovido o manejo sustentável da
Com o apoio de diversos projetos 73, foram criados espaços
biodiversidade e que contribuem para o cumprimento dos
de diálogo e reforçadas as capacidades visando à aplicação
objetivos de conservação dos sistemas nacionais de áreas
dos critérios de Omecs para a identificação de áreas
protegidas [capítulo 10].
potenciais. Essas áreas incluem Ticcas [capítulo 9]; áreas de
Essas iniciativas, que mostram resultados efetivos de conservação locais e privadas [capítulos 12 e 10]; reservas
conservação da biodiversidade [figura 11.1], são reconhecidas florestais; reservas da biosfera; sítios Ramsar; patrimônios da
na Meta 11 de Aichi e são definidas na Decisão 14/8 da CDB. Unesco; áreas importantes para conservação de aves (IBAs);

FIGURA 11.1 – RELAÇÃO DAS OMECS COM AS ÁREAS PROTEGIDAS


OUTRAS Conservação
MEDIDAS subsidiária
EFICAZES DE
CONSERVAÇÃO
BASEADAS EM
ÁREAS

Conservação As áreas protegidas


secundária devem ter um objetivo
primário de conservação

As Omecs
devem alcançar
a conservação UMA ÁREA COM UM OBJETIVO
eficaz in situ da PRIMÁRIO DE CONSERVAÇÃO PASSA
biodiversidade, Conservação DE OMEC A ÁREA PROTEGIDA
independentemente primária QUANDO É RECONHECIDA
COMO TAL PELA AUTORIDADE
de seus objetivos.
COMPETENTE DE GOVERNANÇA.

Fonte: CMAP-UICN, Força-Tarefa de Omecs (2019).

68
Projeto IAPA
69
IAvH, pesquisadora associada do Programa de Gestão Territorial da Biodiversidade; membro da CMAP-UICN; GE Omec.
70
Agência de Cooperação Alemã (GIZ) – Colômbia; ponto focal do Projeto Regional de Áreas Protegidas Locais; membro da CMAP-UICN.
71
Coordenadora técnica da Resnatur.
72
O relato deve ser feito no banco de dados mundial de Omecs (WD-OECM) https://www.protectedplanet.net/c/other-effective-area-based-conservation-measures.
73
Projeto Iapa (União Europeia, FAO, WWF, UICN e ONU Meio Ambiente); Projeto Regional de Áreas Protegidas (GIZ, Iclei, UICN e Ministério Federal do Meio Ambiente da Alemanha); e Projeto de Adaptação dos Critérios de
Omecs ao Contexto Colombiano (PPD do GEF-Pnud; Resnatur, Fundação Natura, Instituto Humboldt e o Projeto de Áreas Protegidas Locais).

PLANETA PROTEGIDO: AMÉRICA LATINA E CARIBE, 2020


© Juan Carlos Huitrón Baca, México.

e áreas-chave para a biodiversidade [capítulo 3]. No entanto, aos objetivos de conservação, por meio de seus relatos à
como cada país segue suas próprias normas nacionais, WD-OECM. Isso dará mais visibilidade aos benefícios das
ainda permanece o debate sobre a aplicação de designações Omecs para a conectividade e representatividade ecológica
internacionais às Omecs. Além disso, as áreas devem ser dos sistemas nacionais de áreas protegidas, bem como sua
avaliadas caso a caso, de acordo com os critérios das Omecs. contribuição para a resiliência e gestão efetiva das paisagens.
As designações listadas aqui devem ser consideradas apenas
como Omecs em potencial; portanto, é possível que cubram
alguns locais que atendem aos critérios, e outros que não. QUADRO 11.1 – Identificação de Omecs
Os países da ALC apresentam índices desiguais de progresso marinhas na Costa Rica: fortalecimento
na identificação e notificação de Omecs. Poucos possuem da governança marinha
um roteiro de trabalho definido que permita coordenar,
em seus territórios, as determinações da Decisão 14/8 (El DAMIÁN MARTÍNEZ-FERNÁNDEZ75
Salvador relata ter um roteiro, ao passo que o Panamá, o A Costa Rica possui dez vezes mais mar do que terra;
Uruguai, o Peru, a Colômbia, a Costa Rica, o México e Cuba entretanto, apenas 2,63% de sua ZEE está incluída em alguma
estão em processo de elaboração de seus roteiros). Até o categoria de gestão (Sinac, 2020). O país consolidou uma
momento, nenhum país da região relatou Omecs à Base de abordagem de conservação baseada em áreas e implementou
Dados Mundial de Outras Medidas Efetivas de Conservação um planejamento sistemático para a conservação marinha . O
Baseadas em Áreas (WD-OECM, na sigla em inglês) 74 [figura desafio atual é atingir as metas de representatividade em um
11.2], o que demonstra que todos ainda têm muito a progredir espaço marinho bem governado e administrado, de forma a
em relação a seu marco nacional de implementação . facilitar o cumprimento das metas pós-2020 .
Embora o reconhecimento das Omecs constitua um Segundo o Sexto Relatório Nacional, prevalece uma tendência
desafio para os países da região que vivem em um contexto centralizadora na Costa Rica, em que poucos atores podem
socioeconômico e político complexo, é também uma dominar todos os processos . Com o objetivo de melhorar as
oportunidade de tornar visível sua contribuição para a capacidades locais de base e trabalhar em colaboração com o
conservação, considerando diferentes modalidades de Estado em prol de uma governança compartilhada efetiva, o
governança [capítulo 6] que existem há décadas e que país implementou as seguintes ações:
beneficiam o desenvolvimento sustentável dos territórios.
• Em 2016, decretou quatro modelos de governança: (i)
É importante que os países da região aprendam mais sobre governamental; (ii) compartilhada; (iii) privada; e (iv)
os critérios e definam seus roteiros de trabalho [figura 11.3], de povos indígenas e comunidades locais.
o que deve ser feito com o propósito de aplicá-los ao contexto
de cada país e analisar as contribuições que as áreas fazem • Em 2019, decretou o Mecanismo de Governança de
Espaços Marinhos na Costa Rica, um instrumento que
74
Resultados da análise das respostas obtidas por representantes dos ministérios do Meio Ambiente e dos sistemas nacionais de áreas protegidas do Panamá, Guatemala,
Uruguai, El Salvador, Brasil, República Dominicana, Peru, Chile, Colômbia, Costa Rica, México, Equador, Cuba e Venezuela.
75
Federação de Pesca da Costa Rica; assessor de Conservação e Políticas Públicas; membro da CMAP & Marine.

75
© Ángela Echeverry, Colombia.

promove a coordenação interinstitucional para a gestão forma, conseguem, por exemplo, enfrentar ameaças, como
e manejo participativo de recursos marinhos; e garante a expansão da fronteira agrícola e conflitos armados. Rumo
a participação ativa e efetiva da sociedade na gestão ao Pacífico, em Buenaventura, o Conselho Comunitário da
integral do mar. Comunidade Afrodescendente de Calle Larga destinou 1.359
ha de seu território para a proteção de recursos madeireiros
• Em 2020, ratificou o Acordo Escazú, que, entre outras
e hídricos por meio do resgate de práticas culturais,
coisas, permitirá que decisões sejam tomadas de forma
engajamento juvenil e ecoturismo.
fundamentada, participativa e inclusiva; e melhorará a
prestação de contas e a transparência. Na região do Caribe, a Associação de Mulheres Unidas
de San Isidro protege 106 ha de floresta seca e seus
O marco de governança marinha permitirá a consolidação das
mananciais; assim, estabelecem lavouras agroflorestais
Omecs. A abordagem adotada para a medição da efetividade
para retomar o controle sobre sua atividade produtiva. No
foi bem-sucedida no passado (como no caso dos corredores
Pacífico Norte, o Grupo Interinstitucional e Comunitário
biológicos, que permitem a gestão de ações de diferentes setores
de Pesca Artesanal da Costa de Chocoana administra, há
em nível de paisagem). O compromisso do país com as Omecs
20 anos, a Zona Exclusiva de Pesca Artesanal, uma área
permitirá a aplicação de princípios de direitos humanos (por
marinha de 800 km2 que garante a sustentabilidade dos
exemplo, equidade, democracia e gênero), que são fundamentais
recursos pesqueiros e a sua autonomia alimentar.
para o cumprimento das metas definidas para depois de 2020.
Essas iniciativas fazem parte de 27 casos de
QUADRO 11.2 – Omecs: a experiência Omecs potenciais que foram analisados pelo projeto
da Colômbia Adaptação dos Critérios de Omecs ao Contexto
Colombiano. O projeto é liderado pela Resnatur, pelo
CLARA MATALLANA76, MARCELA SANTAMARÍA77, JULIANA Instituto Humboldt, pela Fundação Natura e pelo Projeto
ECHEVERRI78 E SANDRA GALÁN79 de Áreas Protegidas Locais, com o apoio do Programa de
Pequenas Subvenções do GEF (Pnud) e em parceria com
Na Amazônia colombiana, os entes municipais de Belén de outros projetos, como o Projeto Iapa. O processo tem
los Andaquíes e San José del Fragua, preocupados com o permitido a identificação de Omecs com diversas finalidades
desmatamento e a mineração ilegal, estabeleceram, e modelos de governança, o que é uma oportunidade
com o apoio da comunidade, o Parque Municipal Natural de tornar visíveis e fortalecer essas iniciativas, que já
La Resaca, que compreende 220.000 ha de floresta tropical existem há décadas. Além disso, permite destacar suas
úmida. Em Nariño, a comunidade indígena Awá Magüí contribuições para o cumprimento de objetivos de
constituiu uma reserva natural de 1.569 ha que visa a conservação nacionais e internacionais.
conservar a natureza e, assim, garantir seu bem-estar. Dessa

76
IAvH, pesquisadora associada do Programa de Gestão Territorial da Biodiversidade; membro da CMAP-UICN; GE Omec.
77
Coordenadora técnica da Resnatur.
78
Agência de Cooperação Alemã (GIZ) – Colômbia; ponto focal do Projeto Regional de Áreas Protegidas Locais; membro da Comissão Mundial de Áreas Protegidas da União Internacional para a Conservação da Natureza,
CMAP-UICN.
79
Fundação Natura; oficial de Projetos do Grupo Interinstitucional de Estratégias Complementares de Conservação.

PLANETA PROTEGIDO: AMÉRICA LATINA E CARIBE, 2020


FIGURA 11.2 – PROGRESSO DOS PAÍSES NA APLICAÇÃO DA DECISÃO 14/8 DA CDB

SIM 7

7
NÃO

14

EM ANDAMENTO 8

Elaboração de roteiro de trabalho para a aplicação dos critérios

Aplicação dos critérios

Omecs relatadas à WD-OECM


Fonte: Pesquisa em 14 países da região
(realizada para este relatório).

FIGURA 11.3 – ETAPAS PARA O RECONHECIMENTO E RELATO DE OMECS


INCLUSÃO na Base de
Dados Mundial de Omecs.
Após a verificação das
informações por parte
RELATO das Omecs da WD-OECM e do ponto
candidatas que focal da CDB de cada
atenderem aos critérios país, a Omec é incluída
FORTALECIMENTO à Base de Dados na base de dados. Sua
das Omecs candidatas Mundial de Omecs (WD- contribuição para o
que não atenderem a OECM) por parte dos cumprimento das metas
ANÁLISE atores encarregados
algum dos critérios, ou de conservação e o papel
das Omecs* da governança ou do
que necessitarem de dos diversos atores
candidatas em ponto focal da CDB.
apoio no processo. envolvidos podem ser
IDENTIFICAÇÃO de workshops para a
destacados.
Omecs potenciais aplicação dos critérios
nas bases de dados caso a caso.
nacionais e redes
locais. Recomenda-
se a aplicação da * A Omec candidata é uma Omec
ferramenta de potencial que obteve o consentimento
avaliação proposta dos atores encarregados de sua
pelo Grupo de governança para que seja avaliada.
Trabalho de Omecs da
CMAP-UICN (2019)

Fonte: Elaboração própria.

77
12. Potencial desconhecido
dos governos locais para a gestão
de áreas protegidas
JENS BRÜGGEMANN 80
STEPHANIE ARELLANO 81
MARCOS RUGNITZ TITO 82
JULIANA ECHEVERRI 83
ANDRÉ LIMA 84

As áreas protegidas geridas por governos locais ou municipais, QUADRO 12.1 – Situação atual das
de forma descentralizada do governo central, geralmente não unidades de conservação municipais
são muito visíveis. Tal fato é evidenciado na Base de Dados
Mundial de Áreas Protegidas (WDPA), na qual, até julho
brasileiras
de 2020, 51 países da região da América Latina e do Caribe COM O APOIO DE MIRIAM FACTOS 88
haviam relatado 385 tipos diferentes de designações de áreas
protegidas relacionadas a diferentes tipos de governança. Das No Brasil, as áreas protegidas são chamadas de unidades
9.154 áreas protegidas localizadas em 14 países, 28% adotam de conservação (UCs).  O Sistema Nacional de Unidades
um modelo governança vinculada a agências governamentais de Conservação da Natureza (Snuc) estabelece as áreas
subnacionais. Apenas nove países [tabela 12.1] relatam áreas nas esferas administrativas federal, estadual e municipal.
protegidas municipais85 ou identificam a gestão por entes Em janeiro de 2020, o Cadastro Nacional de Unidades de
públicos em nível municipal86. Conservação (Cnuc) do Ministério do Meio Ambiente (MMA)
relatava 2.446 áreas protegidas, das quais 390 (15,9%)
Aproximadamente 0,6% das áreas registradas na WDPA são correspondiam à esfera municipal e cobriam uma área de
administradas por prefeituras, com 38 tipos de denominações; 61.241 km² (2,4% de toda a superfície terrestre e marinha
e 29% das áreas não relataram equivalências a categorias da protegida ) [figura 12.1].
UICN. Elas correspondem a áreas de pequeno a médio porte
e foram estabelecidas em épocas diferentes. Setenta e sete por Avaliações recentes nos biomas Mata Atlântica e Cerrado
cento delas foram declaradas a partir de 2000. demonstram que eles possuem mais de 1.053 unidades de
conservação não cadastradas no Cnuc, com extensão total de
Os números apresentados na tabela 12.1 indicam que 72.060 km². Sem considerar outros biomas, a superfícies das
há pouca participação dos governos locais no cumprimento áreas protegidas por governos locais deve ser mais que o dobro
das metas internacionais de biodiversidade. Mas será que do que consta atualmente no Cnuc.
isso é verdade? Nem todos os países possuem marcos
jurídicos e mecanismos claros para reconhecer e registrar São diversos os motivos por trás disso. Um deles é a existência
áreas protegidas administradas por governos locais. O de nomenclaturas e categorias – utilizadas pelas UCs
Brasil é um exemplo importante [quadro 12.1], pois, embora municipais – que não se enquadram no sistema nacional
o sistema nacional promova a declaração de unidades de instituído no ano 2000. Além disso, alguns municípios não
conservação municipais, muitas de suas áreas ainda não percebem o benefício de ter suas UCs cadastradas, ou não
fazem parte do sistema. Essas situações se traduzem em consideram que valha a pena o esforço. Para lidar com essa
uma subestimativa do número e da extensão das áreas situação, por meio do projeto regional Áreas Protegidas
protegidas por governos locais. Locais, o MMA tem motivado e incentivado os municípios a

80
Agência de Cooperação Alemã (GIZ) – Brasil; diretor do Grupo de Biodiversidade, Floresta e Clima; membro da CMAP-UICN.
81
UICN, América do Sul; responsável pela Gestão da Biodiversidade; membro da CMAP-UICN.
82
Consultor do Programa de Áreas Protegidas da UICN; membro da CMAP-UICN.
83
Agência de Cooperação Alemã (GIZ) – Colômbia; ponto focal do Projeto Regional de Áreas Protegidas Locais; membro da CMAP-UICN.
84
Agência de Cooperação Alemã (GIZ) – Brasil; assessor Técnico do Projeto Regional de Áreas Protegidas Locais.
85
Dois países referem-se a áreas locais: Ilhas Virgens dos Estados Unidos (um parque local e uma área de conservação local) e Santa Lúcia (uma área local de manejo da pesca marinha).
86
As áreas protegidas municipais são identificadas pela forma de governança, não devendo ser confundidas com áreas protegidas urbanas, que podem ter qualquer tipo de governança, como, por exemplo, as áreas marinhas
protegidas.
87
As áreas são identificadas a partir do cruzamento das seguintes informações: (i) tipo de designação (em espanhol e inglês); (ii) nome da área; e (iii) tipo de indivíduo ou grupo que administra a área (variável MANG_AUTH). A
análise foi complementada com os resultados das pesquisas enviadas aos pontos focais dos países-membros da RedParques.
88
Agência de Cooperação Alemã (GIZ) – Equador; ponto focal do Projeto Regional de Áreas Protegidas Locais;

PLANETA PROTEGIDO: AMÉRICA LATINA E CARIBE, 2020


TABELA 12.1. REPRESENTATIVIDADE DAS ÁREAS PROTEGIDAS LOCAIS NA WDPA 87*
Número Número de Sem relação Extensão das áreas (km2) Ano de designação
País com categoria
de áreas designações
UICN*
Mínima Máxima Primeira Última

Argentina 18 5 9% 0,02 371,4 1963 2013

Bolívia 31 4 100% 3,80 3.470,4 1980 2007

Brasil 385 9 2% 0,01 30.424,8 1975 2019

Chile 10 1 20% 0,01 390,3 1973 2017

Costa Rica 1 1 100% 2,3 1973

Equador 2 1 100% 160,3 531,4 2012 2017

Guatemala 76 3 0% 0,05 121,3 1996 2017

México 71 14 99% 0,01 610,2 1978 2016

Paraguai 1 1 100% 0,8 2006


*Observação: Porcentagem de áreas não relacionadas a categorias da UICN. Fonte: Elaboração própria, com base na WDPA. Unep-WCMC e UICN (2020).

FIGURA 12.1 – AS ÁREAS PROTEGIDAS QUE COMPÕEM O SISTEMA NACIONAL


DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO BRASIL

79
© Archivo Conanp, México.

adequarem a nomenclatura e os critérios das UCs existentes municipais de conservação e uso sustentável (ACUS), várias
e a criarem novas UCs que se pautem pela legislação nacional reservas privadas e uma área protegida estadual (Reserva
em vigor. Considerando os 5.570 municípios brasileiros, essa Geobotânica Pululahua). Foram os governos municipais, no
iniciativa visa a aumentar as informações e o reconhecimento uso de suas atribuições, que promoveram permanentemente
dos esforços de conservação da biodiversidade promovidos por a relação campo-cidade, o que tem fortalecido a governança
governos locais no CNUC. territorial para a criação de unidades de conservação locais.
A iniciativa foi acolhida e apoiada pelos cidadãos, uma vez
que a área depende dos bens e recursos da biodiversidade,
QUADRO 12.2 – O trabalho articulado essenciais para apoiar o desenvolvimento econômico local e
dos governos municipais facilita a o bem-estar de cerca de 70 comunidades e uma população
de 400.000 habitantes. A iniciativa complementa os esforços
declaração de uma nova reserva da
de conservação em nível nacional e demonstra que é possível
biosfera no Equador alcançar uma verdadeira harmonização entre a conservação e o
*COM O APOIO DE MIRIAM FACTOS89 uso sustentável dos recursos naturais.

A Constituição vigente no Equador reconhece, no âmbito Alguns países tomaram medidas para reconhecer as áreas
de seu Sistema Nacional de Áreas Protegidas (Snap), os declaradas como protegidas ou conservadas pelos governos
governos autônomos descentralizados (GAD) como um dos locais em seus sistemas nacionais. Alguns exemplos
subsistemas para a criação de áreas protegidas locais. Além relevantes são as reservas da biosfera (quadro 12.2) ou
disso, o Código Orgânico do Meio Ambiente (2017) dá maior as Omecs potenciais [capítulo12]. No Peru, o Ministério
visibilidade aos GADs provinciais e municipais e lhes atribui do Meio Ambiente estabelece um registro interativo de
corresponsabilidade pela gestão de suas áreas especiais de Iniciativas de Conservação Local . O reconhecimento desse
conservação da biodiversidade. O valor do fortalecimento tipo de iniciativa contribui para reforçar e demonstrar o
dos poderes locais é evidenciado na declaração da Reserva papel e o potencial dos governos locais como promotores da
da Biosfera Chocó Andino de Pichincha, em 2018. Essa conservação da biodiversidade, atuando por meio da criação
declaração da Unesco é o reconhecimento de uma visão e gestão de áreas protegidas locais (APLs). Essa oportunidade
comum de conservação, em que a liderança e articulação foi contemplada na Declaração de Governos Locais, durante
do governo provincial de Pichincha (com nove distritos que o III Congresso de Áreas Protegidas da América Latina
incluem três governos municipais: Distrito Metropolitano de e Caribe, realizado em Lima em 2019. É importante que
Quito, San Miguel de los Bancos e Pedro Vicente Maldonado) os governos nacionais ajustem os marcos normativos e
foi a chave para alcançar o objetivo principal: a declaração institucionais que fomentam a criação, governança e gestão
oficial da reserva. Com uma extensão aproximada de 286.000 de áreas protegidas e Omecs em nível local.
ha, a reserva abrange nove florestas protetoras, três áreas

89
Agência de Cooperação Alemã (GIZ) – Equador; ponto focal do Projeto Regional de Áreas Protegidas Locais;

PLANETA PROTEGIDO: AMÉRICA LATINA E CARIBE, 2020


© Guy Wenborne, Chile.

81
© La Mano Del Mono/Ismael Jiménez, México.

PLANETA PROTEGIDO: AMÉRICA LATINA E CARIBE, 2020


13. Condições propícias e áreas protegidas
ROBERTO AVIÑA CARLÍN90
JULIA MIRANDA91
LUCIA BARTESAGHI92
CARLOS GODOY93

As áreas protegidas são reconhecidas como os instrumentos estabelecimento e gestão eficaz das áreas protegidas (Objetivo
mais eficazes para salvaguardar a abundância, a saúde e 3.1). Destacam-se a harmonização das políticas setoriais;
a funcionalidade dos ecossistemas dos quais nós, como a cooperação entre países vizinhos; a valorização de suas
humanidade, dependemos. No entanto, os sistemas nacionais contribuições ambientais, socioculturais e econômicas; o
de áreas protegidas não dispõem de ambientes favoráveis para desenvolvimento de incentivos positivos e a eliminação de
implementar totalmente seus objetivos de conservação. Embora incentivos perversos; a participação de comunidades étnicas e
esforços tenham sido feitos para aumentar sua cobertura, os locais; e o desenvolvimento de capacidades e oportunidades para
recursos financeiros disponíveis não cresceram na mesma estabelecer e administrar áreas protegidas.
proporção. Isso prejudica os instrumentos de gestão que
Até o momento, considerando o marco pós-2020, a CDB refere-
garantem resultados de conservação de longo prazo, visando
se a condições propícias como elementos que facilitariam sua
a proporcionar múltiplos benefícios derivados da natureza aos
implementação, destacando a participação de comunidades
seres humanos e demais seres vivos.
étnicas e locais, mulheres, jovens, autoridades locais, o setor
O Programa de Trabalho sobre Áreas Protegidas (PTAP) produtivo e privado, a comunidade científica e a sociedade em
da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) define geral. Essas condições são, entre outras, a coerência e a eficácia
ambientes propícios como um conjunto de fatores institucionais, das políticas que implementam o marco, além de sinergias com
socioeconômicos e de políticas que seja adequado para o acordos internacionais.

© Prensa Inparques, Venezuela.

90
Coordenador regional da RedParques; Comissariado Nacional da Conanp – México.
91
Coordenação Sub-regional Andes/Amazônia da RedParques; Diretora-geral do Sistema de PNNs da Colômbia 2004-2020.
92
Coordenação Sub-regional Cone Sul da RedParques; Diretora da Divisão Snap do Uruguai.
93
Coordenação Sub-regional da Mesoamérica e Caribe da RedParques; Direção de Desenvolvimento do Sistema de Áreas Protegidas da Guatemala, Sigap; Conap – Guatemala.
94
PNN da Colômbia.

83
A RedParques é uma iniciativa fundamental para o no território. Ao mesmo tempo, reiteramos a necessidade
fortalecimento das áreas protegidas da região da ALC, insubstituível de aumentar os recursos financeiros à disposição
conforme reconhece a Conferência das Partes (COP) da CDB dos sistemas nacionais de áreas protegidas, de forma a alcançar a
em sua Decisão 14/8. Os países-membros têm contribuído conservação efetiva do patrimônio natural em todo o mundo. Tal
significativamente para a consolidação das condições favoráveis apelo é particularmente importante na ALC, a região com maior
do PTAP, especialmente com a criação de capacidades biodiversidade do planeta.
para estabelecer e gerir efetivamente as áreas protegidas, a
cooperação regional, as sinergias para o cumprimento de acordos QUADRO 13.1 – Contribuição das áreas
internacionais, a participação das comunidades e a articulação protegidas aos acordos internacionais
entre diversos atores.
FELIPE GUERRA BAQUERO 94
Diante do exposto, destacamos o papel desempenhado pelas
Em geral, as áreas protegidas são principalmente associadas
redes de cooperação internacional, que direcionam seu trabalho
à conservação da natureza. No entanto, as áreas protegidas
para a criação de condições regionais propícias que favoreçam a
têm a capacidade de contribuir para o cumprimento de 14
implementação do marco pós-2020.
dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e
Para complementar, consideramos que deve ser reconhecido 19 das 20 Metas de Aichi (além da Meta 11). Ademais, são
o papel que as áreas protegidas desempenham na criação importantes para a Convenção-Quadro das Nações Unidas
das condições necessárias para a implementação do marco sobre Mudanças Climáticas, a Convenção para a Proteção do
pós-2020, como, por exemplo, o diálogo entre acordos Patrimônio Mundial, Cultural e Natural da Unesco e o Marco
internacionais. Conforme conclusão ratificada no III Congresso de Sendai para a Redução de Risco de Desastres, entre outros
de Áreas Protegidas da América Latina e Caribe, organizado instrumentos internacionais [figura 13.1].
pela UICN, as áreas protegidas são soluções baseadas na
Em primeiro lugar, as áreas protegidas contribuem para o
natureza que contribuem significativamente para a conservação
patrimônio cultural, uma vez que são a base dos territórios
do patrimônio natural e cultural; a saúde de seres humanos e de
onde vivem comunidades étnicas e locais; onde essas
outras espécies; a mitigação e adaptação às mudanças climáticas;
desenvolvem atividades espirituais e tradicionais; e onde se
a gestão de riscos; o desenvolvimento socioeconômico; e a
encontram os recursos naturais dos quais dependem, devido
segurança alimentar.
ao elo indissociável entre natureza e cultura. Com esses
Destacamos a necessidade urgente de renovar o apelo pela critérios, as reservas da biosfera foram declaradas patrimônio
criação das condições propícias definidas no PTAP e incluir, no mundial pela Unesco.
debate sobre o marco pós-2020, a segurança do pessoal presente
Em termos de saúde, garantem a abundância e funcionalidade

© Prensa Inparques, Venezuela.

PLANETA PROTEGIDO: AMÉRICA LATINA E CARIBE, 2020


Contribuição das áreas protegidas (APs) para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030

11 CIDADES E
Conservação da saúde dos Melhoria do acesso a serviços

1ERRADICAÇÃO
ecossistemas, o que garante básicos, como abastecimento
acesso a serviços básicos e
COMUNIDADES de água, por meio da proteção
DA POBREZA recursos naturais (1.4); reduz de ecossistemas-chave para
a vulnerabilidade a riscos de SUSTENTÁVEIS o fornecimento de recursos
desastres para pessoas em hídricos (11.1); salvaguarda do
situação de vulnerabilidade (1.5); patrimônio cultural e natural com
e gera empregos locais por meio a inscrição de áreas protegidas
de, por exemplo, ecoturismo e na Lista do Patrimônio Mundial
projetos produtivos (1.1). da Unesco (11.4); fortalecimento
do planejamento do uso da terra
(11.A); e redução do risco de
desastres, mitigação e adaptação
às mudanças climáticas (11.B).

2 FOME ZERO E
12 CONSUMO E
Proteção de ecossistemas Desenvolvimento de programas
vitais para os setores agrícola de educação ambiental e
AGRICULTURA e pesqueiro, mantendo ou PRODUÇÃO fornecimento de informações

RESPONSÁVEIS
melhorando a qualidade do solo e conhecimentos práticos
SUSTENTÁVEL e evitando riscos de desastres para Viver em Harmonia
naturais e mudanças climáticas com a Natureza (12.8);
(2.4); e apoio a projetos ou desenvolvimento de modelos de
acordos sustentáveis em favor ecoturismo sustentável (12.B);
de comunidades e setores (2.3), e desenvolvimento de políticas
melhorando, assim, a segurança e programas para mitigar as
alimentar e a qualidade da pressões sobre a natureza (12.2).
nutrição (2.1).

4 EDUCAÇÃO DE
13 AÇÃO CONTRA A
Concepção e implementação Preservação e manutenção da
de programas de educação saúde dos ecossistemas visando a
QUALIDADE ambiental para fortalecer MUDANÇA GLOBAL melhorar a mitigação e adaptação
a educação nas áreas de às mudanças climáticas, bem
conservação da natureza DO CLIMA como as reservas de CO2 (13.1);
e desenvolvimento e desenvolvimento de políticas
sustentável (4.7). e programas para mitigar as
pressões sobre a natureza (12.2).

5 IGUALDADE
14 VIDA
Concepção e implementação Conservação de 18,9% das
de projetos e programas de zonas marinho-costeiras por
DE GÊNERO igualdade de gênero (5.1); e NA ÁGUA meio de áreas protegidas (14.5
acesso equitativo das mulheres a e 14.2); aprofundamento do
empregos nos Sistemas de Áreas conhecimento científico sobre
Protegidas (5.5). esses ecossistemas com base nas
áreas protegidas (14.A); e acordos
com comunidades e setores para
a pesca sustentável (14.4).

6 ÁGUA POTÁVEL
15 VIDA
Proteção e restauração de Conservação de mais de
ecossistemas associados ao 24% das áreas terrestres por
E SANEAMENTO fornecimento de água potável, TERRESTRE meio de áreas protegidas e seus
como geleiras, páramos, áreas serviços ecossistêmicos (15.1),
úmidas, mananciais, lagoas e contendo o desmatamento
rios, beneficiando comunidades (15.2) e a extinção de espécies
étnicas, locais e municipais e o (15.5); e criação de programas de
setor produtivo (6.1, 6.4, 6.5 e restauração e manejo de espécies
6.6). exóticas invasoras (15.7).

7 ENERGIA LIMPA
16 PAZ, JUSTIÇA E
Proteção e restauração de Fortalecimento da presença
ecossistemas associados à do Estado para garantir direitos
E ACESSÍVEL produção de energia limpa
(como, por exemplo, a energia
INSTITUIÇÕES e deveres, desenvolvendo
processos de participação,
hidrelétrica), dos quais depende EFICAZES resolução pacífica de
o acesso (7.1) e o aumento das conflitos, responsabilização
fontes renováveis de energia e cumprimento das leis
sustentável (7.2). (16.3 e 16.7).

8 16 PARCERIAS
Contribuição para a melhoria As áreas protegidas promovem
TRABALHO DECENTE da produtividade de diversos a mobilização de recursos e

E CRESCIMENTO setores, protegendo os serviços


ecossistêmicos dos quais
E MEIOS DE alianças entre os atores relevantes
(comunidades, autoridades
ECONÔMICO dependem (8.2), reduzindo as IMPLEMENTAÇÃO nacionais e subnacionais, setores
pressões sobre o meio ambiente produtivos e sociedade civil)
com programas e convênios para atingir os objetivos de
(8.4) e gerando trabalho decente conservação e desenvolvimento
(por exemplo, no setor de sustentável.
ecoturismo).

85
© Christian Quispe, Perú.

dos ecossistemas dos quais dependem a saúde e o bem-estar Em conclusão, as áreas protegidas devem ser consideradas a
dos seres vivos, o que permite a manutenção de um ambiente pedra angular para o diálogo entre agendas internacionais e com
saudável e de abundante diversidade biológica, algo fundamental outros setores (mainstreaming).
para prevenir futuras pandemias por meio do controle natural de
patógenos (fenômeno de diluição).
Se considerarmos os perigos associados às mudanças climáticas, QUADRO 13.2 – Percepções do pessoal das
a conservação dos ecossistemas florestais, terrestres e marinho- áreas protegidas: um papel fundamental
costeiros permite a captura, fixação e armazenamento de CO2. para uma gestão efetiva
Ao manter os ciclos e a saúde dos ecossistemas, facilitam a
RENATA CAO95, ALLAN VALVERDE96, OSVALDO BARASSI
adaptação às mudanças climáticas e reduzem a vulnerabilidade
GAJARDO97 E MIKE APPLETON98
da biodiversidade e da sociedade aos riscos externos.
Os guarda-parques99 e o pessoal operacional das áreas
No que diz respeito ao desenvolvimento sustentável e à
protegidas são essenciais para o cuidado e a proteção efetivos
segurança alimentar, as áreas protegidas fornecem ar puro aos
da biodiversidade e dos valores naturais e culturais que
setores produtivos e domésticos; abastecimento e regulação de
elas salvaguardam. Os guarda-parques contribuem para o
recursos hídricos; formação e fertilidade do solo; e polinização
cumprimento de compromissos internacionais, bem como para
e dispersão de sementes, o que garante qualidade nutricional e
a geração de uma relação de confiança com as comunidades
produtividade empresarial. O retorno de cada dólar investido em
indígenas e locais que habitam as áreas protegidas. Isso
áreas protegidas varia de US$ 5,00 a US$ 100 lviii.
gera bem-estar e contribui para a proteção de seus direitos e
No que diz respeito à gestão de riscos, as áreas protegidas patrimônio. Em outras palavras, eles são uma ponte fundamental
contribuem para a infraestrutura natural dos ecossistemas entre as políticas públicas e as comunidades locais.
e reduzem a exposição das pessoas aos riscos de enchentes,
Apesar de seus recursos limitados, suas funções são diversas:
erosões costeiras ou incêndios da cobertura vegetal, entre outros,
fazem cumprir as normas e são agentes de mudança, aliados da
servindo como barreiras naturais mitigadoras de impactos.
comunidade e geradores de conhecimento e consciência, bem

95
WWF; ponto focal da Iniciativa de Crimes contra a Vida Selvagem na América Latina; membro da CMAP-UICN.
96
Universidade para a Cooperação Internacional, UCI / Escola Latino-Americana de Áreas Protegidas, Elap; vice-presidente para América Central e Caribe da CMAP-UICN.
97
WWF-Brasil; analista sênior de Conservação; membro do Grupo de Áreas Protegidas do WWF-Brasil.
98
Diretor de Gestão de Áreas Protegidas, Global Wildlife Conservation; vice-presidente de Desenvolvimento de Capacidades, CMAP-UICN.
99
Guarda-parques são todos os funcionários que atuam na primeira linha de conservação para salvaguardar os valores das áreas protegidas. Eles atuam como guardiões da vida selvagem, guardas-florestais, guardiões de
recursos, silvicultores, exploradores e observadores. Além disso, envolvem-se diretamente na proteção prática e na preservação de áreas silvestres e sítios de valor histórico e cultural

PLANETA PROTEGIDO: AMÉRICA LATINA E CARIBE, 2020


FIGURA 13.2 – PERCEPÇÕES DOS GUARDA-PARQUES SOBRE SEU MODO DE VIDA E SUA PROFISSÃO

Tenho orgulho de meu trabalho como guarda-parques.

TENHO

44.4% 67.0%
Esposa Filhos

18.9%
Se sim, vivo com
19.9%
Se sim, vivo
Concordo plenamente Discordo

minha esposa com meus filhos Concordo Discordo plenamente

Fonte: WWF (2019).

FIGURA 13.3 – ESTATÍSTICAS SOBRE GUARDA-PARQUES QUE PERDERAM A VIDA NO CUMPRIMENTO DE SEU DEVER

Guarda-parques que perderam a vida no


cumprimento de seu dever
Porcentagem de mortes de guarda-parques
registradas por região, 2009–2019*.

48.36%
Ásia

África 36.71%

América do Norte 5.68%

América do Sul 4.05%

Europa 2.99%

América Central 1.35%

Número total de mortes relatadas de guarda-parques, Oceania 0.87%


2009–2019

1,038
*Fonte: Federação Internacional de Guarda-Parques
(IRF) e Fundação The Thin Green Line (TTGLF).

Causas relatadas de mortes de guarda-parques, 2012–2019*


HOMICÍDIO OUTROS ACIDENTE ATAQUE ANIMAL

44.2% 21.1% 20.6% 14.0% Fonte: WWF (2019).

87
Contribuição das áreas protegidas (APs) para as Metas Aichi do Plano Estratégico de Biodiversidade 2011–2020

1 11
Aumento da conscientização sobre os valores A região conseguiu cobrir 24% das zonas terrestres
da biodiversidade e ações de conservação e uso e das águas continentais, além de 18,9% das
sustentável, com pesquisa, educação ambiental, zonas marinho-costeiras, com 9.154 unidades
comunicação e ecoturismo. de conservação e avanços significativos em
efetividade e equidade de gestão, conectividade e
representatividade.

2 12
Integração dos valores da biodiversidade às Proteção de espécies ameaçadas, o que melhora
políticas dos Sistemas de Áreas Protegidas, seu estado de conservação.
bem como aos planos e ações intersetoriais e
ordenadoras.

3 13
Desenvolvimento e implementação de Proteção da biodiversidade e preservação da
incentivos positivos para a conservação e biodiversidade genética e de seu valor cultural e
uso sustentável dos recursos naturais por socioeconômico.
meio de políticas, programas e acordos com
comunidades étnicas, locais e setoriais.

4 14
Redução dos impactos na biodiversidade por Restauração e proteção de ecossistemas essenciais
meio de políticas, programas e acordos, bem para garantir as contribuições da natureza para as
como do exercício de autoridade ambiental e pessoas e outros seres vivos.
ordenamento territorial.

5 15
Redução da perda de biodiversidade por meio Aumento da resiliência dos ecossistemas e
de políticas, programas e acordos, bem como fortalecimento das reservas de CO2 por meio
do exercício de autoridade ambiental. de ações de conservação e restauração, o que
contribui para a mitigação e adaptação às
mudanças climáticas.

6 16
Implementação de planos e medidas para a Aumento da resiliência dos ecossistemas e
sustentabilidade da pesca e recuperação de fortalecimento das reservas de CO2 por meio
espécies por meio de políticas, programas e de ações de conservação e restauração, o que
acordos, bem como do exercício de autoridade contribui para a mitigação e adaptação às
ambiental. mudanças climáticas.

7 17
Apoio à agricultura, aquicultura e silvicultura Respeito, participação efetiva e proteção das
em prol da sustentabilidade e conservação comunidades étnicas e locais, seu território,
por meio de políticas, programas, acordos e conhecimentos e práticas relacionadas à
ordenamento do território. conservação, ao uso sustentável e à distribuição
equitativa dos benefícios da biodiversidade para as
pessoas e demais seres vivos.

8 18
Redução do excesso de poluição por meio da Geração e sistematização de conteúdos científicos
proteção de ecossistemas que garantem ar e e tradicionais sobre a biodiversidade e suas
água limpos e, com isso, um meio ambiente dinâmicas, status, tendências e valores, bem como
saudável. as consequências de sua perda.

9 19
Desenvolvimento de programas de manejo e As áreas protegidas promovem a mobilização de
monitoramento de espécies exóticas invasoras recursos e alianças entre os atores relevantes
e suas rotas de introdução. (comunidades, autoridades nacionais e
subnacionais, setores produtivos e sociedade
civil) para atingir os objetivos de conservação e
desenvolvimento sustentável.

10
Redução das pressões antrópicas e ameaças
aos corais e ecossistemas vulneráveis e
afetados pelas mudanças climáticas por meio
de sua proteção e conservação.

PLANETA PROTEGIDO: AMÉRICA LATINA E CARIBE, 2020


FIGURA 13.5 – OPORTUNIDADES PARA AUMENTAR OS RECURSOS DISPONÍVEIS
E USÁ-LOS DE FORMA EFICIENTE E EFETIVA PARA AS ÁREAS PROTEGIDAS

A partir da análise realizada pela Biofin sobre os gastos em APs, foram


identificadas as seguintes oportunidades para aumentar os recursos disponíveis
e usá-los de forma eficiente e eficaz.

Melhorar a eficiência dos gastos públicos,


assegurando que o planejamento e o
orçamento sejam compatíveis.

Fortalecer as capacidades técnicas do pessoal em


relação a ciclos orçamentários e planejamento
orçamentário com base em resultados.

Identificar medidas para incorporar a


participação do setor privado na gestão das
áreas protegidas – por exemplo, por meio de
concessões turísticas e infraestrutura.

como implementadores de programas que garantem a gestão sua estabilidade e condições dignas de trabalho para, acima de
efetiva das unidades de conservação. São, também, homens e tudo, dar-lhes segurança no desenvolvimento do suas funções.
mulheres com famílias, necessidades e aspirações próprias. O objetivo deste texto é criar um espaço de reconhecimento para
os guarda-parques, inclusive os que deram a vida para proteger
Segundo uma pesquisa do WWF100 sobre as percepções dos
a natureza, conforme ilustra a figura 13.3. É importante lembrar
guarda-parques da América Latina, 82% dos entrevistados
que “sem guarda-parques, não há conservação”.
consideram seu trabalho perigoso devido à possibilidade de
receberem ameaças de caçadores furtivos; e 62,4%, devido à
possibilidade de sofrerem ataques da fauna silvestre. No entanto,
destaca-se o empenho e a dedicação com que desempenham suas QUADRO 13.3 – Financiamento
funções, fazendo da sua profissão um modo de vida assumido de em áreas protegidas
forma responsável, apesar dos sacrifícios e grandes desafios.
MARIANA BELLOT101 E LUCIA RUÍZ102
Na América Latina, 44,4% dos guarda-parques não são solteiros;
Embora vários países da região da ALC tenham aumentado a
desse grupo, apenas 18,9% moram com o companheiro ou
cobertura de áreas protegidas (e ultrapassado o compromisso
companheira. Sessenta e sete por cento dos entrevistados têm
de 17% de cobertura terrestre e 10% de cobertura marinho-
filhos, mas apenas 19,9% vivem com eles. Apesar disso, 98%
costeira), uma das grandes lacunas nesta década resultou da
deles se sentem orgulhosos de seu trabalho como guardiões das
falta de verbas, já que, à medida que o sistema crescia, em vários
diversas formas de vida no planeta [figura 13.2].
casos o orçamento estagnava ou mesmo diminuía. Isso impediu
É hora de pensarmos no pessoal de campo das unidades de o cumprimento regional de metas de gestão efetiva, governança,
conservação, suas necessidades e seus desafios. É necessário representatividade e conectividade.
investir em sua capacitação e profissionalização, garantindo

100
Mais informações sobre a pesquisa global com guarda-parques intitulada “Life on the Frontline” encontram-se disponíveis em https://www.worldwildlife.org/publications/life-on-the-frontline-2019-a-global-survey-of-the-working-
conditions-of-rangers
101
Assessora técnica para América Latina e Caribe da Iniciativa de Financiamento da Biodiversidade, Biofin/Pnud.
102
Coordenadora de Biodiversidade e Financiamento do WWF-México.

89
FIGURA 13.6 – ELEMENTOS-CHAVE E LOCALIZAÇÃO DOS PFPS NA AMÉRICA LATINA

A abordagem COSTA RICA


dos PFPs é: PARA SEMPRE
Detalhada e rigorosa

2.3Mi
HECTARES

• Objetivo único
• Três pilares de sustentabilidade

Transparente e
HERANÇA
COLÔMBIA

20Mi
responsabilizável

HECTARES ARPA
PARA VIDA

60Mi
• Condições claras
para os acordos
• Marcos de desembolso

Ferramenta para
alavancar recursos HECTARES
PATRIMÔNIO
NATURAL DO PERU

• “Acordo único” para


compromissos de financiamento
e políticas
16.7MiHECTARES

Atualmente, US$ 24 bilhões são investidos anualmente A Iniciativa de Financiamento da Biodiversidade (Biofin103)
em ações de conservação em áreas protegidas no mundo do Pnud, implementada em 35 países em todo o mundo, dez
todo. Um relatório recente publicado pelo Instituto dos quais na ALC, é uma ação sem precedentes no que diz
Paulson e pela ONG The Nature Conservancy estima que o respeito a soluções financeiras. Graças à análise dos gastos
investimento anual necessário para atingir a meta de 30 x com biodiversidade realizada pela Biofin, constatou-se que o
30 em áreas protegidas oscile entre US$ 149 bilhões e US$ maior item desses gastos são as áreas protegidas. No entanto, é
192 bilhões . É um investimento significativo; porém, em também onde foram identificadas as maiores necessidades de
mais da metade dos casos, as atividades produtivas como financiamento [figura 13.5]104.
ecoturismo e pesca sustentável poderiam contribuir com
Além de melhorar os gastos com áreas protegidas, é necessário
o triplo desse valor. Além disso, a cobrança pelo acesso
diversificar as fontes de recursos, incluindo a participação
a áreas protegidas e as concessões e receitas geradas por
do setor privado ou outras modalidades inovadoras. Um
impostos vinculados a mercados que dependem da
exemplo relevante são os Programas de Financiamento para a
natureza podem ajudar a financiar os esforços de
Permanência (PFP), que vêm sendo implementados em países
conservação no longo prazo.
como Brasil, Colômbia, Costa Rica e Peru pelo Fundo Mundial
O deficit financeiro aumentou em vários países, e os desafios para a Natureza (WWF)105. Os PFPs promovem parcerias
que a região enfrenta para eliminá-lo são muitos; por isso, público-privadas e integram os compromissos do governo com a
é necessário gerar bases de dados regionais sobre as verbas cooperação internacional; e garantem doações do setor privado
disponibilizadas para fazer análises mais detalhadas da região. para garantir a sustentabilidade financeira no curto, médio e
Duas iniciativas tangíveis para suprir lacunas financeiras são longo prazos, com foco na autossuficiência e manutenção dos
apresentadas a seguir. sistemas nacionais de unidades de conservação.

103
Mais informações estão disponíveis em www.biodiversityfinance.org.
104
Mais informações estão disponíveis na página da Biofin-Pnud sobre os resultados da análise de gastos e necessidades financeiras dos países da ALC.
105
Mais informações estão disponíveis em https://www.worldwildlife.org/initiatives/earth-for-life.

PLANETA PROTEGIDO: AMÉRICA LATINA E CARIBE, 2020


© Miguel Ángel Cruz Ríos, México.

91
© Christian Quispe, Perú.

PLANETA PROTEGIDO: AMÉRICA LATINA E CARIBE, 2020


14. Sem áreas protegidas e conservadas
não há futuro sustentável
CLÁUDIO C. MARETTI106
ANDREW J. RHODES107
ALLAN VALVERDE 108
XIMENA BARRERA 109
MARIANA N. FERREIRA110
MONICA ÁLVAREZ 111

A região da América Latina e Caribe possui enorme QUADRO 14.1 – Resultados do III
biodiversidade e relevância e presta serviços ecossistêmicos Congresso de Áreas Protegidas da
a todo o planeta. A região tem feito avanços significativos na
conservação da biodiversidade por meio de áreas protegidas.
América Latina e Caribe. Soluções
Alguns exemplos desses avanços são a expansão da cobertura para bem-estar e desenvolvimento
na Amazônia nas últimas décadas, a promoção da conservação sustentável, Lima, outubro de 2019115
marinha e os grandes esforços empreendidos na Floresta Maia,
no Mar do Caribe, na Patagônia, na Floresta Atlântica e nos CLÁUDIO C. MARETTI116, ALLAN VALVERDE117, ANDREW
Andes, entre outroslx . Recentemente, aumentou o número RHODES118 E MONICA ÁLVAREZ119
de Omecs112 associadas à geração de atividades produtivas O III Congresso de Áreas Protegidas da América Latina e
sustentáveis e ao apoio a povos indígenas e comunidades Caribe (III Caplac), realizado em Lima, Peru, em outubro
tradicionais e locais. Essas áreas são a melhor ferramenta para de 2019, evidenciou avanços e contribuições notáveis para
a conservação da natureza e para apoiar o desenvolvimento uma melhora da estratégia e do envolvimento dos atores
sustentável [figura 14.1] . sociais, bem como da efetividade nas áreas protegidas. O
Ademais, a região avançou na coordenação e colaboração evento contou com mais de 930 atividades e expositores de
regional entre os países. Há várias experiências de grande 40 países, atraindo 3.123 pessoas de diferentes grupos sociais
relevância, tais como o III Congresso de Áreas Protegidas da cujo objetivo era o reconhecimento e a possibilidade de
América Latina e Caribe; a RedParques, por meio da Visão contribuírem para a causa.
Amazônica; declarações em conferências mundiais sobre Um dos resultados mais importantes foi a Declaração de
o papel das áreas protegidas na mitigação e adaptação às Lima120, que trata de recomendações substanciais para a
mudanças climáticas e para o bem-estar da sociedade113; e o agenda pós-2020 sobre áreas protegidas e conservadas.
trabalho rumo à Meta 11 de Aichi, liderado pela Secretaria da Juntamente com outras declarações divulgadas durante o
Convenção sobre Diversidade Biológica e pela Aliança Latino- congresso, a Declaração de Lima faz um apelo por metas
Americana para o Fortalecimento das Áreas Protegidas até necessárias para a conservação e para o futuro da humanidade
2020 (Alfa 2020)114 . (pelo menos 30% de proteção em 2030). Considerando a
Por sua vez, os desafios para a garantia de uma proteção diversidade de categorias de gestão e formas de governança,
efetiva ainda são grandes, sendo necessário promover uma essas metas e ações devem ser mais equitativas em relação aos
conservação colaborativa e tornar visível o papel fundamental múltiplos atores sociais (povos indígenas e comunidades locais
desses espaços para o bem-estar humano. e tradicionais); e os benefícios econômicos e espirituais das
unidades de conservação devem ser mais valorizados.

106 e 116
Vice-presidente regional da CMAP-UICN; doutor e pós-doutorando em Geografia pela Universidade de São Paulo – Brasil.
107 e 118
Coordenador de Instrumentação do Painel de Alto Nível para uma Economia Oceânica Sustentável, SRE; ponto focal da CMAP – México.
108 e 117
Universidade para a Cooperação Internacional, UCI / Escola Latino-Americana de Áreas Protegidas, Elap; vice-presidente para América Central e Caribe da CMAP-UICN.
109
Diretora de Relações Governamentais e Assuntos Internacionais do WWF-Colômbia.
110
Gerente de Ciências do WWF-Brasil; copresidente do grupo de trabalho sobre áreas protegidas e COVID da CMAP-UICN.
111 e 119
Pnud-Conanp; ponto focal da Coordenação Regional da RedParques; membro da CMAP-UICN.
112
Na COP 10 da CDB, as Omecs foram incluídas na Meta 11 de Aichi (também adotadas por outros processos internacionais, nacionais e regionais, como a Alfa 2020) e definidos na COP 14 da CDB. Mais informações estão
disponíveis em https://www.cbd.int/doc/decisions/cop-14/cop-14-dec-08-en.pdf. Também são chamadas de áreas conservadas (especialmente pela UICN e sua CMAP).
113
Declaração da RedParques durante a COP 21 da Convenção das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima. http://d2ouvy59p0dg6k.cloudfront.net/downloads/declaracion_REDPARQUES_cop_21.pdf
Declaração da RedParques durante a COP 13 da Convenção das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima. https://www.portalces.org/sites/default/files/documentos/declaracion_REDPARQUES_a_cop_13.pdf.
114
Aliança liderada politicamente pela RedParques, com apoio da Secretaria da CDB e da Pronatura México. Mais informações estão disponíveis em http://www.pronatura.org.mx/alfa2020.php.
115
Mais informações sobre o III Caplac estão disponíveis em https://www.areasprotegidas-latinoamerica.org.
120
Mais informações sobre a Declaração de Lima estão disponíveis em https://www.areasprotegidas-latinoamerica.org/documentos-finales/.

93
© Carlos Enrique Godoy, Guatemala.

Portanto, os seguintes elementos foram reconhecidos como QUADRO 14.2 – Conservação


fundamentais: fortalecimento da cooperação internacional colaborativa: uma abordagem
de forma mais inclusiva; promoção de melhores mecanismos inclusiva e viável para a gestão de
de sustentabilidade financeira que incluam verbas
governamentais e recursos de fontes não tradicionais;
áreas protegidas
melhoria dos cuidados com a conservação de ecossistemas
aquáticos e áreas marinhas protegidas; promoção da CLÁUDIO C. MARETTI122, MONICA ÁLVAREZ123
eficácia da gestão e definição de padrões; integração das E ANA JULIA GOMEZ124
Omecs; reconhecimento da conservação por comunidades, Perante uma realidade com desafios sem precedentes, o
indivíduos, governos locais e outros; incorporação da variável reconhecimento e a efetiva implementação da conservação
mudanças climáticas; valorização da contribuição dos colaborativa125 é a opção mais viável e promissora para a
serviços ecossistêmicos para o bem-estar (inclusive de áreas natureza e a sociedade. Essa visão nasce do reconhecimento e
urbanas); promoção de um turismo diversificado; e gestão da inclusão, na gestão de áreas protegidas e conservadas, das
de sistemas e mosaicos de áreas protegidas e conservadas e múltiplas contribuições de diversos atores sociais, modelos
redes ecológicas, inclusive unidades transfronteiriças. institucionais e relações.
Talvez o aspecto mais importante do III Caplac tenha sido A conservação colaborativa reconhece os direitos humanos; em
a organização de grupos sociais antes, durante e depois do particular, os direitos das comunidades locais e tradicionais
evento, que participaram de maneira ativa dos debates, e dos povos indígenas. Isso decorre da diversidade social e da
levantaram suas vozes, construíram visões sobre áreas necessidade de uma gestão mais aberta e inclusiva, que leve em
protegidas e conservadas e estabeleceram estratégias para conta as necessidades, expectativas e interesses da sociedade.
melhorá-las no futuro121. Essa contribuição pode ser vista nos Para tal, é necessário promover um maior envolvimento da
diversos arranjos visando ao sucesso das áreas protegidas sociedade e facilitar a construção de pontes de comunicação
e da natureza, bem como nos benefícios de seus serviços estratégicalxv que consolidem processos de diálogo e mensagens
ecossistêmicos para a sociedade. A conjunção de suas sobre a relevância das áreas e de suas pessoas como cogestoras
experiências, processos organizacionais e resultados, reflexões, do bem-estar de toda a humanidade.
propostas e estratégias devem ser levadas em consideração nos
próximos dez anos na nossa região e no mundo tudo. A conservação colaborativa não é nova: ela é apenas parcialmente

121
Entre os diversos grupos que participaram do congresso, destacam-se jovens lideranças, mulheres, comunidades locais e tradicionais, povos indígenas, governos nacionais e subnacionais, cientistas, gestores de
unidades de conservação e guarda-parques, entre outros.
122
Vice-presidente regional da CMAP-UICN; doutor e pós-doutorando em Geografia pela Universidade de São Paulo – Brasil.
123
Pnud-Conanp; ponto focal da Coordenação Regional da RedParques; membro da CMAP-UICN.
124
Rede de Mulheres na Conservação da América Latina e Caribe; membro da Comissão Mundial de Áreas Protegidas da União Internacional para a Conservação da Natureza, CMAP-UICN; da Comissão de Educação e
Comunicação, CEC; e da Comissão para Gestão de Ecossistemas (CGE) da União Internacional para Conservação da Natureza (UICN); consultora em Educação e Comunicação Estratégica.
125
Não é um conceito totalmente novo. Ele considera uma nova abordagem para a gestão de sistemas de unidades de conservação, proposta em 2017. Mais informações estão disponíveis em https://www.icmbio.gov.br/
portal/ultimas-noticias/20-geral/8937-diretor-do-icmbio-propoe-conservacao-colaborativa.

PLANETA PROTEGIDO: AMÉRICA LATINA E CARIBE, 2020


reconhecida como tal no âmbito da conservação. É necessário sistemas nacionais de áreas protegidas. No caso da pandemia
incluí-la e ressignificá-la, catalisando o apoio necessário de COVID-19, os impactos negativos sobre a capacidade de
para que se desenvolva. Suas competências e diversidades se gestão, os orçamentos e a efetividade são significativos, assim
complementam e geram sinergia. Ela requer o fortalecimento de como aqueles sobre os meios de subsistência das comunidades
competências que promovam a compreensão das complexidades que vivem nessas áreas ou em seu entorno.
do ser humano e suas conexões com o meio ambiente, de forma a
De acordo com uma pesquisa realizada em outubro com 14
buscar mudanças positivas no comportamento da sociedade em
países da RedParques, mais de 70% relataram o fechamento
relação às áreas protegidas e conservadas.
temporário ou total (ao público) de áreas protegidas desde o
Somente por meio de espaços colaborativos com apoios início da pandemia. Além disso, metade relatou que o nível
suficientes, e com o fortalecimento das competências e do de pessoal nas áreas protegidas diminuiu devido, entre outros
reconhecimento público dos atores sociais e suas diversidades, motivos, a reduções orçamentárias e a medidas visando a
podem ser feitas contribuições reais para a saúde da natureza garantir a segurança do próprio pessoal. Quarenta e três por
e o bem-estar de nossa sociedade. O envolvimento efetivo e a cento relataram que a interação com as comunidades foi
comunicação estratégica são fundamentais para a avaliação, a parcialmente interrompida. Além disso, foram relatadas cargas
alocação de responsabilidades e a regulamentação necessária. de trabalho mais altas para os funcionários, que também
Isso exige que os gestores abandonem a gestão unidirecional desempenham funções adicionais relacionadas à assistência
e incorporem propostas metodológicas viáveis e inclusivas. social às comunidades locais. Denúncias de crimes e invasões
É necessária uma nova abordagem para a conservação da ilegais também aumentaram em algumas áreas devido à falta
natureza, que privilegie o trabalho e a responsabilidade de vigilância e da presença do poder públicolxvi.
compartilhados e que determine que, para alcançar uma
No entanto, as crises também representam oportunidades
conservação duradoura, todos devemos estar incluídos.
para reorientarmos as propostas de recuperação e desenvolvê-
las com base em modelos mais sustentáveis. Mais de 70%
QUADRO 14.3 – Áreas protegidas relataram ter introduzido novas medidas em resposta à
e a COVID-19 COVID-19, que continuarão após a pandemia. Esse é o caso
da utilização de tecnologias de comunicação remota para
MARIANA N. FERREIRA126, ALLAN VALVERDE127, ANDREW J. monitoramento e vigilância, além de novos protocolos de
RHODES128, RENATA CAO129 E MONICA ÁLVAREZ130 segurança para funcionários e visitantes.
No contexto atual, as áreas protegidas podem fazer parte
A pandemia da COVID-19 está tendo um impacto dramático
de uma resposta à pandemia, pois reduzem a possibilidade
na comunidade global, na vida e saúde das pessoas, nos meios
de recorrência de eventos semelhantes e constroem um
de subsistência e nas economias e comportamentos humanos.
futuro mais sustentável para as pessoas e a natureza. Nesse
A maioria das pandemias de doenças zoonóticas, inclusive a
sentido, é importante destacar a relevância dos serviços
COVID-19, surge da exploração insustentável da natureza.
ecossistêmicos para a conservação da biodiversidade. Por
Assim como em outras crises regionais e globais (por exemplo, no caso dos oceanos, está documentado que a
exemplo, a recessão econômica de 2008), os impactos sociais relação custo-benefício é de 1 para 5, ou seja, a conservação
e econômicos também são evidentes na desestabilização dos gera 5 vezes mais benefícios que os custos incorridos.

FIGURA 14.3 – BENEFÍCIOS DO AUMENTO DA PROTEÇÃO EM PELO MENOS 30% ATÉ 2030,
INCLUSIVE PARA ANÁLISES FINANCEIRAS E ECONÔMICAS
Variação percentual nas receitas de todos os
A Receitas de todos os setores (resultado), 2050 B setores após a proteção de 30%, 2030–2050
TRILHÕES DE DÓLARES AMERICANOS

5.8 8
7
5.7 7
PORCENTAGEM

5.6 6
5.5 5
5.4 4
5.3 3
2
5.2 1
5.1 0
5.0 THC HPR BIWI BPC SSE GDN
REF THC HPR BIWI BPC SSE GDN
SEM EXPANSÃO DAS ÁREAS PROTEGIDAS CONCILIAÇÃO BIODIVERSIDADE/PRODUÇÃO
Sem Cenários de implementação da meta de 30% FOCO NA PRODUÇÃO FOCO NA BIODIVERSIDADE
expansão BIODIVERSIDADE/VIDA SILVESTRE
das APs Fonte: Waldron et al. (2020) .

126
Gerente de Ciências do WWF-Brasil; copresidente do grupo de trabalho sobre áreas protegidas e COVID da CMAP-UICN.
127
Universidade para a Cooperação Internacional, UCI / Escola Latino-Americana de Áreas Protegidas, Elap; vice-presidente para América Central e Caribe da CMAP-UICN.
128
Coordenador de Instrumentação do Painel de Alto Nível para uma Economia Oceânica Sustentável, SRE; ponto focal da CMAP-UICN México.
129
WWF; ponto focal da Iniciativa de Crimes contra a Vida Selvagem na América Latina; membro da CMAP-UICN.
130
Pnud-Conanp; ponto focal da Coordenação Regional da RedParques; membro da CMAP-UICN.

95
FIGURA 14.1 – CONTRIBUIÇÃO DA NATUREZA EM ÁREAS PROTEGIDAS E CONSERVADAS PARA O DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL E REDUÇÃO DA POBREZA
Sistemas Alimentares e Agrícolas

Prosperidade

Pessoas, Dignidade
e Justiça

Planeta

FIGURA 14.2 – EXEMPLO DOS BENEFÍCIOS DAS ÁREAS PROTEGIDAS PARA A ECONOMIA,
A REDUÇÃO DA POBREZA E O BEM-ESTAR HUMANO

Área Melhorias na
infraestrutura local,
Protegida inclusive estradas
Saúde
(AP) Oferece
que aumentam
o acesso a melhor
oportunidades
estabelecimentos
diretas e
de saúde, ou que
indiretas de
podem resultar na
turismo.
criação de novos
estabelecimentos
de saúde.
Mais
turismo

Gera empregos/renda
direta e indiretamente
por meio de mercados
Leva à conservação
informais e infraestrutura Os recursos
ativa e/ou restauração
melhorada. são usados para
de ecossistemas
a compra de
dentro da AP.
Aumenta alimentos ou
as populações medicamentos.
de plantas
e animais
silvestres
nas APs ou
nas áreas Os recursos
adjacentes, são investidos
que podem em bens ou
ser vendidos usados para a
no mercado manutenção das
local. famílias.

Mais renda Mais


riquezas
Melhores condições Aumenta as populações de plantas e animais silvestres nas
ecossistêmicas APs ou nas áreas adjacentes (cujo consumo, na forma de alimentos
ou medicamentos, melhora a saúde das pessoas) e/ou melhora a
qualidade do ar e/ou água nas proximidades da AP, o que resulta na
redução dos índices de doenças e na melhoria da saúde.

PLANETA PROTEGIDO: AMÉRICA LATINA E CARIBE, 2020


© Freddy Mamani, Perú.

Felizmente, muitos líderes mundiais já sinalizaram sua intenção abertos a conhecimentos diversos, inclusão e equidade,
de aproveitar esta oportunidade em seus planos de recuperação. associações e alianças.
A região da América Latina e Caribe, com sua extensa rede de
• Lugares que conseguem retardar o processo de
áreas protegidas, tem todas as condições para construir um
perda da biodiversidade, inclusive por meio da
futuro muito mais positivo para esses lugares e, assim, melhorar
ampliação da cobertura de proteção em novos
as perspectivas do ser humano no mundo todo.
ambientes. Ademais, são áreas com influência positiva
fora de seus próprios limites.
Qual é o futuro ideal para os processos multilaterais • Fortalecidas em seu marco jurídico e no apoio social, de
e a recuperação econômica após a pandemia? forma a evitar outros eventos de degradação, redução e
desclassificação de áreas protegidas (PADDD, na sigla em
Em um futuro ideal (marcado por incertezas), as áreas inglês)132 lxviii.
protegidas e conservadas serão: • Integradas e manejadas em sistemas que funcionem de
• Mais reconhecidas como o principal mecanismo de forma colaborativa.
conservação da natureza e dos serviços ecossistêmicos –
elementos básicos para o bem-estar humano e a saúde Para que isso seja possível, são necessários esforços coordenados
dos ecossistemas, na perspectiva de Saúde Única 131 lxvii. e bem planejados que envolvam governos nacionais e
subnacionais, a sociedade e toda a região; que busquem um
• Administradas de forma mais eficaz por meio de novo acordo global para a natureza e as pessoas [figura 14.2]; e
alianças, planos e políticas integradas, com instituições que reforcem as lideranças ambiciosas e promovam uma maior
sólidas e pessoal adequado e estável, em um ambiente de participação de outros atores sociais e das novas gerações. Esse
segurança e conteúdo econômico necessário. é o futuro que devemos buscar. Sem retrocessos. Não temos
• Espaços de governança participativa e adaptativa, tempo a perder; o planeta e as pessoas precisam disso.

131
O conceito conhecido como Saúde Única foi cunhado pela Organização Mundial da Saúde, pela FAO e pela Organização Mundial da Saúde Animal com o objetivo de abordar os problemas de saúde decorrentes da relação
homem-animal-ambiente. A partir daí, tornou-se um acordo de trabalho conjunto para enfrentar os novos desafios da saúde global.
132
Reduções ou perdas na proteção de áreas protegidas vêm ocorrendo há muito tempo. Em muitos casos, são necessárias correções nas APs existentes. Contudo, há reduções na proteção causadas por outros motivos (como
a presença de estradas ou usinas hidrelétricas).

97
NOTAS DE FIM DE TEXTO CAPÍTULO 9
Filac (2018); Cepal (2018); CBD (2018); Banco Mundial
COMISSÃO ECONÔMICA PARA A AMÉRICA LATINA E
O CARIBE. Los pueblos indígenas en América Latina:
Avances en el último decenio y retos pendientes para la
RESUMO EXECUTIVO (2015); y Barié (2012). garantía de sus derechos. Santiago, Chile: ONU, 2014.
Pnud (2010), p. 5. Amaya, C.; Parra, L. (2019). Disponível em https://repositorio.cepal.org/bitstream/
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RELATÓRIO PLANETA PROTEGIDO 2020:
AMÉRICA LATINA E CARIBE

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