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FOI PRODUZIDO
EM COLABORAÇÃO
COM
RELATÓRIO
SOBRE A PEGADA
ECOLÓGICA DE
ÁFRICA
Uma Infraestrutura Verde para a Segurança Ecológica de África
1
Banco Africano de WWF Parceiros Técnicos Informação sobre esta
Desenvolvimento (BAD) Publicação
O WWF é uma das maiores e The Global Footprint Network Zoological Society of London
A missão do Grupo do Banco Africano mais experientes organizações (A Rede Global da Pegada (Sociedade Zoológica de Londres) Publicada em Maio de 2012, pelo
de Desenvolvimento (BAD) é ajudar a de conservação mundiais Ecológica) WWF – Fundo Mundial para a
Fundada em 1826, a Sociedade
reduzir a pobreza, melhorar as condições independentes, com mais de 5 Natureza (ex Fundo Mundial da Vida
A Rede Global da Pegada Zoológica de Londres é uma
de vida dos africanos e mobilizar milhões de apoiantes e uma rede Selvagem) e o BAD – Banco Africano
Ecológica promove a ciência da
recursos para o desenvolvimento de trabalho global e activa em mais de Desenvolvimento. Toda e qualquer
sustentabilidade apresentando a conservação e educação. A sua missão
económico e social do continente. de 100 países. A missão do WWF reprodução desta publicação,
Pegada Ecológica, uma ferramenta é concretizar e promover a conservação
Tendo em conta este objectivo, a é parar a degradação do ambiente na totalidade ou parcial, deverá
contabilística de recurso que de animais e seus habitats em todo o
instituição ambiciona assistir os países natural do planeta e construir um mencionar o seu título e creditar os
permite medir a sustentabilidade. mundo. A ZSL administra o Zoo ZSL de
africanos - individual e colectivamente futuro no qual os seres humanos editores acima mencionados como
Em conjunto com os seus parceiros, Londres e o Zoo ZSL Whipsnade, leva a
– nos seus esforços para atingirem possam viver em harmonia proprietários dos direitos de autor.
a Rede Global da Pegada Ecológica
o desenvolvimento económico com a natureza, conservando a
trabalha com o objectivo de Zoologia e está activamente envolvida
sustentável e o progresso social. O diversidade biológica do mundo,
melhorar e implementar cada vez em trabalho de campo em conservação 2012 o
combate à pobreza está no centro dos assegurando que o uso dos
mais esta ciência, coordenando a em todo o mundo. Banco Africano de Desenvolvimento e
esforços do continente para atingir o recursos naturais renováveis
pesquisa, desenvolvendo padrões
desenvolvimento económico sustentável. seja sustentável, e promovendo a Instituto de Zoologia WWF – o Fundo Mundial para a
metodológicos, e facultando àqueles
redução da poluição e do consumo. Zoological Society of London Natureza.
que tomam decisões registos
e mobilizar recursos internos e externos Regent’s Park,
WWF International contabilísticos dos recursos, para Todos os direitos reservados.
com vista a promover o investimento, London
Avenue du Mont-Blanc ajudar a economia humana a
assim como facultar a assistência técnica United Kingdom A versão electrónica deste relatório e
1196 Gland, operar dentro dos limites
NW1 4RY, UK de outros materiais relacionados pode
Switzerland ecológicos da Terra.
região. O BAD é propriedade dos seus 77 www.zsl.org/indicators
www.panda.org
membros, incluindo 53 da região. Sendo Global Footprint Network www.livingplanetindex.org
312 Clay Street, Suite 300 www.panda.org/lpr/africa2012
desenvolvimento do continente, o Grupo Oakland, California 94607 www.afdb.org
do Banco Africano de Desenvolvimento USA
(BAD) contrai empréstimos dos www.footprintnetwork.org ISBN 978-2-940443-61-1
mercados de capital para emprestar
aos países membros na região. Os
principais instrumentos de que dispõe © Brent Stirton / Getty Images
para ajuda aos países membros em
desenvolvimento são o diálogo sobre
políticas, empréstimos, investimentos
de capital, garantias, doações e
assistência técnica.
Introdução 6
SECÇÃO 1
Riqueza ecológica e prosperidade humana 8
A Pegada Ecológica 10
A Pegada da Água 18
Os Povos e a Natureza 26
SECÇÃO 2
A Infraestrutura Ecológica da África (Estudos de Caso) 40
SECÇÃO 3
Conclusões e chamadas à acção 56
3
PREFÁCIO
Em resposta ao declínio A pressão sobre a natureza e os recursos naturais ecossistemas terrestre, de água fresca e marinho e se na redução dos efeitos nocivos do consumismo
geral do ambiente a é cada vez maior em todo o mundo – e em lugar a biodiversidade – é essencial ao desenvolvimento humano dos recursos da Terra; em manter o
nível mundial, o conceito algum ela se faz sentir mais do que em África. A humano inclusivo e à melhoria da qualidade de vida, capital natural através de investimento adicional e
de “economia verde” principal força por detrás da crescente pegada tanto como o são a infraestrutura industrial e social, objectivo; e em fazer realçar os muitos benefícios
começa a deixar de ser ecológica é o consumo cada vez maior, resultante tais como as estradas, escolas, hospitais e a provisão socioeconómicos reais que provêm do investimento
apenas um ideal, para se do aumento populacional e da robusta expansão de energia. no capital natural e na gestão dos recursos naturais.
tornar numa abordagem da economia regional. O rendimento per capita na
O investimento no capital natural pode ajudar a Orgulhamo-nos de partilhar algumas das nossas
de crescimento concreta região aumentou e as taxas de pobreza diminuíram
impulsionar o desenvolvimento de uma economia experiências sobre desenvolvimento sustentável
e possível de realizar, nalguns países, dando lugar a uma crescente classe
verde e assegurar os serviços ecossistémicos no período que antecedeu a conferência Rio+20, e
ganhando cada vez mais média cada vez mais urbanizada. Estas mudanças
dos quais todos dependemos. Estes serviços estamos especialmente gratos ao Governo do Brasil
apoio dos países de todo resultam em maior consumo de recursos em África e
providenciam alimentos, água e energia, apoio aos por apoiar a produção deste relatório conjunto.
o mundo. não só, e num crescente impacto no meio ambiente,
nossos meios de subsistência, e ajudam a nossa
degradando os ecossistemas que são as bases da O Banco Africano de Desenvolvimento e o WWF,
resiliência perante as condições incertas de um
economia e sustêm a própria vida. juntamente com os seus parceiros, comprometem-se
clima em mudança.
a apoiar os países em África na transição para um
A África tem escolhas. Ao adoptar uma abordagem
Em África, o uso sustentável dos recursos naturais futuro de desenvolvimento sustentável com povos
mais sustentável de desenvolvimento pode gerar
tem que ser integrado no desenvolvimento saudáveis prosperando num planeta saudável.
benefícios em termos de segurança ambiental,
económico. Os Governos e as empresas têm que
bem-estar humano e maior competitividade. As
© AfDB
Em resposta ao declínio geral do ambiente a nível usam os recursos e investem em novas tecnologias
mundial, o conceito de “economia verde” começa a e inovação ajudará a desenvolver tais iniciativas.
deixar de ser apenas um ideal para se tornar uma Dadas as suas relativamente pequenas pegadas,
abordagem de crescimento concreta e possível de os países africanos, os seus governos, líderes
realizar, ganhando cada vez mais apoio dos países empresariais e investidores têm que demonstrar
de todo o mundo. ainda maior capacidade de liderança, se se pretender
Donald Kaberuka Jim Leape
que os recursos naturais do continente sejam
Presidente Director Geral
usados de forma sustentável.
medida que o mundo se desenvolve, é necessário Banco Africano de WWF International
prestar cada vez maior atenção à melhoria de Este relatório apresenta exemplos de soluções que Desenvolvimento
condições de vida dos pobres, reduzindo o excessivo promovem a criação de riqueza e o alívio da pobreza
consumo dos ricos, e preservando o tecido natural da através de uma gestão mais sustentável do capital
vida na Terra. A nossa infraestrutura ecológica – os natural do continente. Estas estratégias concentram-
4
© WWF-Canon / Simon Rawles
Crianças caminhando perto do viveiro de restauração da paisagem florestal no Distrito de Kasese, Montanhas Rwenzori, Uganda
5
INTRODUÇÃO
(Figura 1) mostra uma redução de 39 por cento nas populacional bem como do consumo per capita
populações animais ao longo de um período de 38 numa minoria de países.
a infraestrutura ecológica do planeta que nos providencia
anos, entre 1970 e 2008.
A pegada per capita média em África em 2008
Muita da pressão colocada sobre os ecossistemas está rapidamente a aproximar-se da biocapacidade
de subsistência e economias se apoiam. disponível dentro das fronteiras africanas de 1.5
e serviços por parte da humanidade, que já excede hectares globais por pessoa.
a capacidade do planeta de regenerar recursos e
No futuro, prevê-se que a África de forma geral entre
Porém, os ecossistemas africanos alteram-se mais absorver os resíduos que produzimos. A exigência
depressa que nunca devido ao impacto conjunto da humanidade sobre os recursos vivos do mundo,
exceder a biocapacidade de que dispõe dentro das
de pressões globais e locais. A perda de serviços a sua Pegada Ecológica, aumentou mais que o
suas fronteiras, até 2015. Já hoje, quase 400 milhões
ecossistémicos compromete a segurança, a saúde e dobro desde 1961 e agora ultrapassa a capacidade
o bem-estar do futuro e os efeitos são suportados regenerativa do planeta – ou a sua biocapacidade –
África têm falta de água pelo menos durante um mês
desproporcionadamente pelos pobres. em cerca de 50 por cento.
em cada ano. Muitos países africanos compensam
A Pegada Ecológica de todos os países africanos
ecossistemas do planeta. Publicado pela primeira vez aumentou 240 por cento entre 1961 e 2008 bens e serviços de algum outro lado.
neste volume, o Índice do Planeta Vivo para África (Figura 2) em consequência do crescimento
Built-
Fishi
1.4
Figura 2. As tendências
Fore
históricas na Pegada
Ecológica de África 1.2 Graz
0.6
1 Áreas de pescas Fishing
1.4
indica que houve uma
Áreas de floresta Forest 0.4
redução geral de
1.2 Grazing
39 por cento da Áreas de pastagem
0.2
população animal Áreas de cultivo Cropland
1
durante o período de 0
Carbono Carbon 0
38 anos 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005
1961
1964
1967
1970
1973
1976
1979
1982
1985
1988
1991
1994
1997
2000
2006
0.8
(WWF/ZSL, 2012)
0.6
0.4
6
0.2
OS CONTÍNUOS AVANÇOS NO DESENVOLVIMENTO HUMANO NA ÁFRICA SUB-SAARIANA PODERÃO NÃO SÓ PARAR
COMO ATÉ REGREDIR – A MENOS QUE SEJAM DADOS PASSOS DETERMINANTES NO SENTIDO DE REDUZIR OS RISCOS
E DESIGUALDADES AMBIENTAIS NA REGIÃO E EM TODO O MUNDO (UNDP, 2011)
7
1
RIQUEZA ECOLÓGICA
E PROSPERIDADE
HUMANA
8
© Brent Stirton / Getty Images / WWF-UK
INTRODUÇÃO
Sem ecossistemas, não haveria vida.
Os ecossistemas providenciam os alimentos que
comemos e os materiais que utilizamos para
habitação e combustível, e asseguram a qualidade
do ar que respiramos e da água que bebemos.
Contudo, em África e pelo mundo fora, assistimos
a um declínio sem precedentes do estado do nosso
ambiente, em resultado da procura cada vez maior
de recursos naturais pela humanidade. A erosão
do nosso capital natural põe em perigo os nossos
prospectos de prosperidade no futuro e coloca em
risco os nossos esforços de capacitar a crescente
população africana para sair da pobreza.
9
1.1 APRESENTAÇÃO DA
PEGADA ECOLÓGICA
A Pegada Ecológica mostra as exigências concorrentes Explorar a Pegada Ecológica
de estilo de vida da humanidade, estamos a utilizar permite compreender
da humanidade sobre a biosfera, ao comparar os recursos
os recursos a uma velocidade mais rápida do que é como a Pegada Ecológica
renováveis que as pessoas consomem com a capacidade possível renová-los e a consumir as nossas reservas é formada de componentes
regeneradora do planeta – ou seja a sua biocapacidade. ecológicas. de uso da terra – e como
estes se relacionam com
As Pegadas Ecológicas variam enormemente entre
as exigências humanas
1.5
A Pegada Ecológica mede a quantidade de terra e sobre a biosfera. Permite
de consumo e de estilos de vida. Se todas as pessoas
área aquática biologicamente produtiva necessária compreender o conceito
no planeta vivessem com o estilo de vida do cidadão
para produzir todos os recursos que um indivíduo, de hectares a nível
médio dos Emiratos Árabes Unidos, então em 2008
EM 2008 USÁMOS O uma população ou uma actividade consomem, e para teríamos precisado de mais de quatro planetas e
global (gha).
EQUIVALENTE A UM
sequestrar o dióxido de carbono por elas gerado, meio para suster a população mundial.
dadas a tecnologia e práticas de gestão de recursos
PLANETA E MEIO prevalentes. Esta área pode ser comparada com
PARA SUSTENTAR O
capacidade biológica ou biocapacidade, a quantidade
de área produtiva que está disponível para gerar 1.61.6
NOSSO CONSUMO
Built-up
Built-up
Áreas deland
land
construção
esses recursos e absorver os resíduos.
Fishing
Fishing
Áreas de pescas
1.41.4
Em 2008, a área produtiva total, ou biocapacidade, Forest
Forest
Áreas de floresta
do planeta era 12.0 bilhões de hectares globais Pegada Ecológica (Número de planetas)
1.21.2 Grazing
Grazing
Áreas de pastagem
(gha) ou 1.8 gha per capita. A humanidade tinha
uma Pegada Ecológica de 18.2 bilhões de gha, o Cropland
Cropland
Áreas de cultivo
1 1
equivalente a 2.7 gha per capita. Carbon
Carbon
Carbono
0.80.8
Este excedente de aproximadamente 50 por cento
0.60.6
a 1.5 planetas Terra para satisfazer o nosso consumo,
ou por outras palavras, teria levado à Terra Figura 3.
0.40.4
aproximadamente um ano e meio para regenerar Pegada Ecológica
os recursos usados pela humanidade naquele ano. 0.20.2
Global segundo
o uso da terra,
1961 – 2008
0 0
(Global Footprint
1961
1961
1971
1971
1981
1981
1991
1991
2001
2001
2008
2008
Network 2011)
10
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África
Carbon
Represents the amount of forest land that
could sequester CO2 emissions from the
burning of fossil fuels, excluding the
fraction absorbed by the oceans which
EXPLORAR leads to acidification.
A PEGADA
ECOLÓGICA
Carbono Pastos
Figura 4.
Representa a área usada para pastagem
Componentes
para absorver as emissões de CO2 de gado para carne, lacticínios,
da Pegada
resultantes da queima de combustíveis produtos de couro e lã
fósseis, mudanças no uso das terras
e transporte internacional, que não
são absorvidas pelos oceanos
Florestas Pescas
Calculada a partir da produção
necessária para o fornecimento primária estimada como sendo
Botswana, são um de quatro países com uma Pegada mensurável de área produtiva que está disponível Built-up
Áreas deland
construção
5 Network, 2011). A
Ecológica média per capita maior que a média a nível para gerar esses recursos e para absorver resíduos. Fishingdeground
ÁreasBuilt-up
pescas
Ecological Footprint (gha per capita)
4.5
3.5 biocapacidade Grazingde land
ÁreasForest
pastagem
4 land
3 disponível a nível
3.5 Cropland
ÁreasGrazing
de cultivoland
2.5 global de 1.8 hectares
3
2 globais por pessoa Carbon
Carbono
Cropland
2.5
1.5 Carbon
2
1
1.5
.5
1
0
.5
0
Mauritius
Jamahiriya
Cameroon
Congo
Lesotho
LesotoTogo
Kenya
Mauritania
Botswana
South Africa
África do SulEgypt
Namibia
NamíbiaChad
Chade Mali
Gabon
Tunisia
Ghana
Guinea
Algeria
Sudan
Uganda
Senegal
SenegalFaso
Burkina Swaziland
Somalia
Nigeria
Gambia
Republic
República Centro-AfricanaBenin
Morocco
Liberia
Rep. of
Zimbabwe
Madagascar
Ethiopia
Etiópialeone
Guinea-Bissau
Angola
Burundi
Zambia
Mozambique
Malawi
Rep. of
Rwanda
Eritrea
Gâmbia
Benim
Marrocos
Libéria
Tanzânia
Zimbabué
Madagáscar
Leoa
Guiné Bissau
Camarões
Congo
Togo
Quénia
Angola
Burundi
Zâmbia
Maurícias
Líbia
Mauritânia
Botswana
Egipto
Mali
Gabão
Tunísia
Gana
Guiné
Argélia
Sudão
Uganda
Faso
Suazilândia
Somália
Nigéria
Moçambique
Malawi
Ruanda
Eritreia
Burkina
Sierra
Tanzania, United
Congo, Dem.
Central African
Serra
Libyan Arab
12
Green infrastructure for Africa’s ecological security
DE 2008
de biodiversidade per capita em território nacional
é 1.5 gha, que é mais baixa que a mundial de 1.8 gha. Fishing ground
25
abaixo de 1.5 gha per capita. Isso compara-se com
15 Forest landBuilt
Áreasup
de land
per person
10 15 Figura 6. A Biocapacidade
Cropland Forest land
Áreas de floresta
por país, por pessoa,
Grazing land
Áreas de pastagem
2008 (Global Footprint
5 10 Network, 2011) Cropland
Áreas de cultivo
0 5
Ruanda
Burundi
Congo
Guiné
Madagáscar
Sudão
Madagascar Zâmbia
Mali
Gabão
Moçambique
MailCamarões
Serra Leoa
Eritreia
Sierra Leone Senegal
Burkina Faso
Senegal Somália
Gana
África do Sul
Ghana Gâmbia
Nigéria
Gambia Tanzânia
Benim
Togo
República Centro-Africana
Namibia
Mauritânia
Botswana
Guiné Bissau
Chade
Angola
Libéria
Suazilândia
Tunísia
Lesoto
Uganda
Zimbabué
Marrocos
Malawi
Líbia
Egipto
Etiópia
Argélia
Maurícias
Quénia
0
Gabon
Congo
Namibia
Mauritania
Botswana
Guinea-Bissau
Chad
Angola
Liberia
Guinea
Sudan
Zambia
Mozambique
Cameroon
Eritrea
Burkina Faso
Somalia
South Africa
Nigeria
Benin
Swaziland
Tunisia
Lesotho
Uganda
Zimbabwe
Morocco
Togo
Malawi
Egypt
Ethiopia
Algeria
Mauritius
Kenya
Rwanda
Burundi
13
1.3 A PEGADA ECOLÓGICA TEM
MUDADO COM O PASSAR DO TEMPO
A Pegada Ecológica da humanidade aumentou mais Ecológica da África em comparação com 22 por
o aumento de 122 por cento na pegada per capita cento a nível mundial.
que o dobro entre 1961 e 2008, lançando o mundo como do carbono, que representa um aumento oito vezes
Olhando para o futuro, e assumindo que o
um todo num excesso ecológico no início dos anos ’70. maior no total da pegada de carbono africana entre
crescimento não seja refreado por restrições de
1961 e 2008. O carbono hoje representa 20 por
recursos, projecta-se que a Pegada Ecológica total
EMBORA A A Figura 7 mostra como a procura de bens e serviços
em África mudou entre 1961 e 2008, e como se
cento da Pegada Ecológica da África, comparado
com uma média global de 55 por cento. A pegada da
da África atinja o dobro até 2040. Baseado em
DISPONIBILIDADE projecta que venha a mudar entre 2008 e 2050, área de cultivo per capita aumentou 15 por cento, o
valores de bioprodutividade de 2008, projecta-se
que a biocapacidade da África no seu total entrará
DE BIOCAPACIDADE baseado num cenário em que se mantém ‘a atitude
habitual’. A Figura chama a atenção tanto para o
que representa um aumento quatro vezes maior na
pegada total da área de cultivo da África. As áreas
TENHA AUMENTADO contínuo crescimento da Pegada Ecológica como de cultivo representam 35 por cento da Pegada
disponível dentro do seu território, até 2015.
EM ÁFRICA, A
Fishing
Áreas de pescas
1.4 3.5
Este aumento é em grande parte o resultado do
BIOCAPACIDADE
Forestde floresta
Áreas
aumento populacional durante o mesmo período.
1.2 Grazing
Na verdade, a pegada média per capita em África Áreas de pastagem
DISPONÍVEL PER
3
PRINCIPALMENTE
0.8
Bilhões de gha
DEVIDO AO
2
0.6
AUMENTO
Figura 7. A tendência
1.5
histórica da pegada
0.4
1964
1967
1970
1973
1976
1979
1982
1985
1988
1991
1994
1997
2000
2006
2045 (bilhões de gha) (Global
Footprint Network, 2011) 0
1960
1965
1970
1975
1980
1985
1990
1995
2000
2005
2010
2015
2020
2025
2030
2035
2040
2045
14
<-10 <-10
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África
between -10 and -5 between -10 and -5
>1
>1
30% O CRESCIMENTO DA BIOCAPACIDADE NÃO Dos 45 países com dados disponíveis, 25 tinham e serviços de outra parte. Porém, num contexto
ESTÁ A ACOMPANHAR O PASSO DA PROCURA com apenas sete em 1961. Os 20 países credores de
global de excesso (overshoot), os recursos naturais
vão se esgotando em muitos países e o meio
A BIOCAPACIDADE Vários países em África, como muitos outros pelo biocapacidade em África também viram reduzida ambiente é degradado em resultado da sobre
TOTAL EM ÁFRICA mundo fora, são já “devedores de biocapacidade” – a diferença entre a biocapacidade disponível e a extracção.
países onde a biocapacidade interna não consegue Pegada Ecológica.
AUMENTOU CERCA sustentar os padrões de consumo. Entre 1961 e 2009
1961 E 2008
biocapacidade agrícola excede a sua produção
ao aumento da produção agrícola. Contudo, estes
ganhos na produção não acompanharam o passo
da crescente procura, e a biocapacidade per capita
disponível sofreu uma baixa dramática ao longo
do mesmo período – para apenas 37 por cento do Alguns países e regiões compensam as suas
sseu valor em 1961.
15
1.4 COMÉRCIO E SEGURANÇA ECOLÓGICA
Tanto os países devedores como os países credores biocapacidade com exportações de carbono, produtos
ultrapassaram substancialmente as exportações;
de biocapacidade estão a depender cada vez mais do
uma tendência que se acelerou no século 21. A África
comércio internacional para sustentar os seus padrões Ocidental também viu as importações passarem à
de comércio e subestima provavelmente até que
e preferências de consumo. frente das exportações, particularmente durante a
ponto outros países se estão a valer da biocapacidade
primeira década deste século.
da África. Por exemplo, o custo da pesca ilegal não
Os dados do comércio A nível mundial, a pegada dos bens e serviços A Figura 10 mostra uma desagregação das importações declarada e não regulamentada (IUU) em águas
permitem-nos comercializados entre as nações representaram mais e exportações de biocapacidade por componente de africanas foi calculado em quase US$1 bilhão de
analisar até que de 40 por cento da Pegada total da humanidade uso de terra para cada sub-região. As áreas de cultivo dólares por ano (MRAG, 2005), o equivalente a mais
ponto a África é em 2005, comparado com 8 por cento em 1961 respondem pela maior parte das importações líquidas de 25 por cento do valor das exportações de pescas
dependente da (WWF, 2008). As importações e exportações de biocapacidade da África e somavam um total da África em 2005. A extracção e comércio ilegais de
biocapacidade de biocapacidade da África aumentaram ambas massivo de 53.5 milhões gha em 2008, com a maioria madeira estão também a custar muitos milhões de
importada para substancialmente desde 1961 (Figura 9). A nível das importações destinadas à África do Norte onde a dólares por ano aos países africanos.
sustentar os seus regional, a África tem sido um importador líquido escassez de água limita a produção agrícola.
De uma perspectiva estratégica, importar uma
padrões de consumo, de biocapacidade desde meados dos anos ’70 e, em
A África do Norte foi responsável por dois-terços das pegada incorporada através do comércio poderá
e se a procura 2008, as importações de biocapacidade numa média
importações líquidas de biocapacidade da África em
de recursos em de 0.29 gha por pessoa eram mais do dobro da
2008, com grandes importações em carbono contido resolver a sua procura de bens e serviços sem terem
África por parte de magnitude de exportações de 0.14 gha por pessoa.
que recorrer ao seu próprio capital natural, ou
outros países está A 0.15 gha por pessoa, a biocapacidade de
nas importações líquidas totais, a África Ocidental sofrerem os efeitos locais do excesso (overshoot).
a contribuir para importações líquidas da África somaram145
fez importações líquidas que incluíram 18 milhões de Três países devedores de biocapacidade – Gâmbia,
milhões gha em 2008 e eram equivalentes a 10.3
gha de carbono contido e quantidade semelhante de Senegal, e Somália – têm exportações líquidas que
por cento da sua Pegada Ecológica total.
As importações e exportações de biocapacidade deliberada por parte de grandes importadores como outros países usam importações para resolver
aumentaram ambas na África Austral e Central
com importações a aproximarem-se gradualmente o fornecimento de proteína, exportando peixe de alto biocapacidade. Contudo, depender de outros países
das exportações entre 1961 e 2008. Em contraste, valor no mercado e importando grandes quantidades para satisfazer os seus padrões de consumo é cada
um aumento de cerca de dez vezes nas importações com menor valor de mercado. Em contraste, a sub- vez mais arriscado num mundo constrangido
feitas pela África Oriental e do Norte durante região da África Austral é um exportador líquido de em recursos – particularmente sendo os preços
DADO O ACENTUADO AUMENTO NA PROCURA DE ALIMENTOS E ÁGUA PELAS POPULAÇÕES AFRICANAS EM RÁPIDO CRESCIMENTO, O
BOM SENSO DE VENDER RECURSOS AGRÍCOLAS E DE ÁGUA DOCE PARA SATISFAZER A SEGURANÇA ALIMENTAR EM QUALQUER OUTRA
PARTE DO MUNDO É UMA QUESTÃO QUE PODE NECESSITAR SER CUIDADOSAMENTE RECONSIDERADA (UN HABITAT E UNEP, 2010)
16
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África
Figura 10.
Por outro lado, as exportações de bens e serviços Importações e África Ocidental
colocam uma pressão adicional em recursos exportações de
Imports by subregion
Figura 9.and component
renováveis sem os quais muitos países mal biocapacidade por
Importações e
podem passar. Apenas dois dos 25 devedores sub-região, 2008 África Austral
África Ocidental exportações de
de biocapacidade da África - África do Sul e (Global Footprint
biocapacidade
Suazilândia – são actualmente exportadores Network, 2011) C
(1961-2008) para África do Norte
líquidos de biocapacidade, mas em face da
África Austral África. 40 dos 45 Á
crescente procura doméstica e internacional de países analisados
África Oriental Á
bens e serviços, o compromisso entre a geração eram importadores
África do Norte Carbono Á
de receitas provenientes das exportações ea líquidos de
Áreas de cultivo
satisfação da procura local vai se tornar cada vez biocapacidade em África Central Á
mais difícil nas próximas décadas. África Oriental 2008. (Global Áreas de pastagem
1965
1969
1973
1977
1981
1985
1989
1993
1997
2001
17
1.6 INTRODUÇÃO
À PEGADA DA ÁGUA O uso da água varia muito entre os países e entre
as comunidades e indivíduos no mesmo país.
Embora a disponibilidade de água seja de importância A produção agrícola responde por 92 por cento
vital para a bioprodutividade, o seu uso não é medido da Pegada Aquática Global; a produção industrial
contribui 4.4 por cento e o abastecimento de
directamente nas contas da Pegada Ecológica. água doméstica 3.6 por cento (Hoekstra and
Mekonnen, 2012).
Figura 11. Pegada A Pegada da Água fornece uma medida
A Figura 11 mostra quanta água é usada em
da Água por complementar da procura humana sobre os recursos
média para produzir os bens e serviços agrícolas,
pessoa por país, naturais renováveis, e pode ser comparada com a
industriais e domésticos consumidos por indivíduos
mostrando o uso disponibilidade de água para se determinar se o uso
nas nações africanas. Tal inclui tanto os bens e
agrícola, industrial de água de uma população pode ser mantido pelo
serviços produzidos localmente, como aqueles que
e doméstico (Média fornecimento renovável.
são importados de outros países. A maior parte
do período 1996-
A Pegada da Água mede o volume total de água da variação entre os países deve-se a diferenças
2005) (Hoekstra
usado para produzir os bens e serviços que no uso de água para produtos agrícolas. Isto
and Mekonnen,
consumimos. Ela inclui a água que se tira dos rios,
92
2012)
lagos e aquíferos, usada na agricultura, na indústria dos produtos consumidos – pois a intensidade da
e nas casas, bem como a água da chuva usada para a água na produção das culturas varia bastante
agricultura e para produzir as rações de animais. entre os países.
4000
A PRODUÇÃO
Metros cúbicos per capita por ano
Cubic meters per capita per year
Tunísia
Ilhas Maurícias
Botswana
Líbia
Sudão
Marrocos
Burkina Faso
Namíbia
Guiné
Argélia
Madagáscar
Chade
Gabão
Suazilândia
Egipto
Costa do Marfim
África do Sul
Camarões
Nigéria
Libéria
Zimbabué
Gana
Guiné-Bissau
Rep. Centro-Africana
Etiópia
Senegal
Benim
Moçambique
Quénia
Eritreia
Uganda
Tanzânia
Togo
Angola
Malawi
Zâmbia
Gâmbia
Ruanda
Congo
Burundi
O volume de água
PA VERDE
da chuva que se evapora durante a produção de
bens; no caso dos produtos agrícolas, esta é a água das intervenções
humanas
da chuva depositada no solo e que se evapora dos
campos de cultivo.
PA AZUL
das intervenções
Florestas, áreas de pastagem, terras estéreis, etc
Agricultura alimentada pela chuva
ÁGUA
humanas Agricultura irrigada
VERDE
Agricultura irrigada
(humidade do solo)
PA VERDE
das intervenções
Uso de água industrial
ÁGUA
terras estéreis, etc…
ÁGUA
humanas Agricultura irrigada
Agricultura irrigada
OCEANOS Restantes fluxos de água doce e de qualidade para
CHUVA
o ecossistema aquático e outros usos
Agricultura irrigada
ÁGUA
Uso de água industrial
Restantes fluxos de água doce e de qualidade para o ecossistema aquático e outros usos
OCEANOS
Figura 12. Componentes da Pegada da Água
19
1.7 A PEGADA DA ÁGUA
DA PRODUÇÃO
Num contexto de crescente competição pelos recursos do solo, proveniente da chuva. Ao mesmo tempo, há enfrentam uma escassez de água aguda. Na África
grande incerteza em torno dos efeitos das do Sul e nas Maurícias, onde a procura de água
hídricos, compreender a natureza do uso da água constitui
mudanças climáticas na precipitação e escoamento azul excede os 20 por cento de abastecimento, a
em África. O Painel Intergovernamental sobre a escassez de água é moderada.
Mudança do Clima (Bates et al, 2008) sugere que
Noutras partes de África, a pressão durante todo o
é provável vir a haver um aumento no número de
ano sobre os recursos hídricos azuis continua a ser
A Pegada da Água da Produção permite-nos pessoas a sofrer de falta de água anualmente, no sul
baixa, sugerindo que exista potencial para aumentar
observar a água que é utilizada na agricultura, e no norte de África, e de uma redução na África
a irrigação em áreas adequadas sem afectar
indústria e a nível doméstico num determinado oriental e ocidental.
seriamente os utentes e os ecossistemas a jusante.
país ou região - independentemente de onde sejam
O uso da água azul em irrigação representa 32 por No entanto, com chuvas cada vez mais erráticas,
consumidos os bens ou serviços que dela resultam
cento da água agrícola utilizada no Norte da África serão necessárias tanto a irrigação como estratégias
(Figura 13). A agricultura consome a maior parte
em comparação com apenas três por cento na África para optimizar o uso dos recursos de água verde,
Figura 13. Pegadas da água em uso em África, representando 97,5 por
Subsaariana - onde apenas um punhado de países para assegurar segurança alimentar.
Ecológicas da Água cento do consumo de água. A produção industrial
utilizam irrigação extensiva. Com uma procura de
utiliza 0,7 por cento de água, e água doméstica 1,7
mais de 40 por cento pelo abastecimento de água
por cento.
milhões de m³ por ano azul (medida como recurso renovável internamente),
(média para o período Um total de 91 por cento do uso de água na as populações dos cinco países do norte de África
1996-2005) agricultura compreende “água verde”, ou a humidade incluídos na Figura 15, assim como o Sudão,
20000
7%
da Água de Produção
Cinzento
em milhões de m³ por ano
15000 Azul
5%
of production
Verde Grey
Blue
10000
88% Green
Million m3 per year
5000
Water footprintPegada
0
Nigéria
Etiópia
Egipto
Sudão
África do Sul
Costa do Marfim
Níger
Tanzânia
Marrocos
Uganda
Gana
Quénia
Camarões
Madagáscar
Moçambique
Argélia
Burkina Faso
Tunísia
Guiné
Zimbabué
Chade
Angola
Malawi
Benim
Senegal
Zâmbia
Ruanda
Togo
Burundi
Líbia
Libéria
Eritreia
Namíbia
Guiné-Bissau
Botswana
Suazilândia
Gabão
República do Congo
Gâmbia
Maurícias
Djibouti
República Centro-Africana
20
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África
A ESCASSEZ DE ÁGUA
A disponibilidade de água em muitas bacias As bacias mais ao norte, como do Senegal,
Volta, Níger, Lago Chade, Nilo e Shebelle sofrem
extracção da água durante períodos de baixo severa escassez de água azul em Fevereiro ou Março
devido ao baixo escoamento, sendo a escassez menos
subsistência, causar danos ou mesmo destruir
ecossistemas a jusante. Para determinar se a Orange e Limpopo, a escassez de água ocorre em
retirada de água e a procura de usos da água estão Setembro e Outubro, o período em que a extracção
em competição e se podem vir a ter impacto nos de água azul é maior e o escoamento é mais baixo.
serviços dos ecossistemas, são necessárias mais
Estes resultados ressaltam a importância de
que as medidas tradicionais da escassez de água,
para se avaliar a disponibilidade de água durante Figura 14.
todo o ano nas bacias individuais. Número de meses
durante o ano em
Uma recente análise do Water Footprint Network, da água e evitar alterações maiores ou irreversíveis que a pegada da
The Nature Conservancy e WWF (Hoekstra et al., na estrutura e função do ecossistema.
2012) examinou onde e quando a pegada de água a disponibilidade
azul ultrapassa a disponibilidade da água azul
principais bacias
21
1.8 A ÁGUA E O COMÉRCIO
As estatísticas internacionais sobre o comércio
combinadas com os dados sobre a Pegada da Água podem
ser usadas para calcular o volume da água contida ou
virtual usada no comércio.
27
A Figura 15 mostra o “saldo de água virtual” dos seca, por as importações de água virtual terem Figure 11. Xxxxxxx
países africanos durante o período de 1996 a permitido o crescimento das populações das terras xxxxx
2005. Os países representados a vermelho são
PAÍSES EM importadores líquidos de água virtual, cujas menos probabilidade de haver recursos hídricos
ÁFRICA FORAM
importações excedem as exportações, enquanto os subutilizados nos sistemas locais como reserva
países em verde são exportadores líquidos de água. contra a perda das culturas agrícolas.
IMPORTADORES Os produtos agrícolas representam a maior parte de Vários dos países africanos são simultaneamente
LÍQUIDOS DE água virtual a nível global, e não é para admirar que importadores líquidos de biocapacidade de terras
ÁGUA DURANTE O
o Norte e o Sul da África - as duas sub-regiões que de cultivo e de pastagem, e exportadores líquidos
importam substancial biocapacidade de terras de
PERÍODO ENTRE cultivo - também importam grandes quantidades de cuja produção é mais intensiva em uso de água, do
1996-2005
água virtual. Hoekstra e Mekonnen (2012) sugerem que aqueles que importam. Segundo os padrões Importações líquidas de
água virtual (Gm³/ano)
que, em países com pouca água, é provável que a de comércio actuais, o comércio de água virtual é
importação de água virtual tenha efeitos ambientais, considerado na maioria incidental. Contudo, estando
sociais e implicações económicas positivos. previsto o aumento da escassez da água face ao Figura 15. O saldo de água entre -35 e -15
crescimento populacional e às mudanças climáticas virtual para os países
No entanto, contar com os recursos hídricos de africanos em relação ao
entre -15 e -5
em África e em todo o mundo, será de esperar que o
outras nações para satisfazer as suas próprias comércio de produtos agrícolas entre -5 e 0
necessidades domésticas também pode ser e industriais durante o período entre 0 e 5
de comércio da água do século 21.
visto como um risco. D’Odorico et al. (2010) de 1996-2005 (Mekonnen
entre 5 e 10
argumentaram que a globalização dos recursos and Hoekstra, 2011)
entre 10 e 15
hídricos através do comércio reduziu a resiliência
Os países representados a
das sociedades ao fracasso agrícola resultante da entre 15 e 50
verde têm um saldo negativo,
entre 50 e 115
22
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África
700,000
Montanhas Rwenzori,
Uganda, O WWF ajudou
574 agricultores na região
a plantar 700,000
árvores no âmbito do seu
programa de 5 anos
para voltar a encher as
encostas nuas. Muitos dos
agricultores nas região
estão a adoptar
culturas ‘resistentes à
seca’, incluindo o ananás,
as mangas, bananas,
laranjas e arroz ‘das
terras altas’ resistente
à seca
23
1.9 A INFRAESTRUTURA
ECOLÓGICA COMO BASE DA VIDA
Sem os ecossistemas e os serviços que eles oferecem – O estudo sobre a Economia dos Ecossistemas e não têm um fornecimento ou acesso adequado
a Biodiversidade (The Economics of Ecosystems aos serviços dos ecossistemas (MEA, 2005).
and Biodiversity – TEEB) referiu-se à capacidade
produtividade primária – a Terra não seria habitável. da natureza de providenciar serviços tais como
As populações rurais – em particular as mulheres
e as famílias mais pobres – dependem mais
a “infraestrutura ecológica”, e sublinhou que a
directamente dos serviços ecossistémicos e são
© Michel Gunther / WWF-Canon
24
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África
Serviços Ecossistemáticos
Serviços ecossistemáticos é o termo utilizado Pescas
para descrever os bens e serviços fornecidos Em 2008, a pesca no
interior de África produziu
pelos ecossistemas. A Avaliação do Ecossistema
2,5 milhões de toneladas
do Milénio (Millennium Ecosystem Assessment de pescado, cerca de um
Recifes de corais
– MEA) descreve quatro categorias de serviços quarto do total mundial
Os recifes de
corais apoiam a
pesca artesanal e
comercial, protegem
Produtos a costa, absorvem o
directamente obtidos dos ecossistemas, tais como dióxido de carbono
Figura 16. e são a base de
alimentos, medicamentos, madeira, um sector de
Serviços
recreação e turismo
ecossistemáticos vibrante. O valor
em África Florestas
económico total
Benefícios obtidos As florestas de África
dos 12.000 km2 de
da regulação dos processos naturais, tais como armazenam cerca
recifes de corais
de 98 biliões de
na parte Ocidental
toneladas de carbono,
do Oceano Índico
regulação climática e polinização de culturas. equivalentes a 145
estima-se em
toneladas por hectare.
US$7,3 biliões
Cinquenta e seis
Funções e processos por ano
biliões de toneladas
ecológicos básicos que são necessários para estão armazenadas
a produção de todos os outros serviços do em biomassa, 34
biliões em solos e 8
ecossistema, tais como o ciclo de nutrientes, biliões em madeira
fotossíntese e formação de solos. morta e lixo
Benefícios não
materiais, tais como benefícios recreativos, Medicina
educacionais, estéticos e espirituais. Há muito utilizada na medicina tradicional, a
mirta (Cathrantus roseus) de Madagáscar é a
Gorilas das montanhas fonte de compostos de alcalóide utilizados no
Estima-se que cada gorila tratamento de inúmeras doenças, incluindo os
das montanhas produza diabetes e o cancro. As taxas de sobrevivência
$1 milhão por ano em receitas de turistas da leucemia infantil aumentaram de 20 para 80
para a economia do Uganda. (Fonte: por cento em resultado das propriedades
http://wwf.panda.org/?uNewsID=201576) terapêuticas da planta
25
1.10 COMO AS ACTIVIDADES HUMANAS AFECTAM
OS SERVIÇOS DO ECOSSISTEMA E A BIODIVERSIDADE
“A perda dos serviços derivados dos ecossistemas constitui As causas da perda de biodiversidade podem ser
-10%
perdeu uma média de A Avaliação do Ecossistema do Milénio (2005) constatou
que “ao longo dos últimos 50 anos, os seres humanos como o acesso aos recursos; as necessidades
por ano, equivalente mudaram os ecossistemas de uma forma mais rápida materiais básicas, tais como alimentos e abrigo; e a
a um pouco menos de e extensa do que em qualquer outro período de tempo saúde, como o acesso à água potável (MEA, 2005).
0,5 por cento da sua equiparável na história humana, essencialmente para Tomamos como certos os ecossistemas, descuramos A COBERTURA
DE MANGAIS EM
satisfazer a procura em rápido crescimento de os aspectos ambientais, e muitas vezes só
ano (FAO, 2010a)
ÁFRICA REDUZIU
apreciamos o seu valor depois de os termos perdido.
No entanto, é normalmente muito mais caro
EM 10% ENTRE
© Donald Miller / WWF-Canon
1990 E 2010
depois de os perdermos do que gerir as actividades
humanas para evitar ou minimizar os impactos. O
facto de não se conseguir contabilizar os valores dos
ecossistemas e dos aspectos ambientais associados
(FAO, 2010A)
às actividades humanas é visto como um factor
26
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África
Exploração Poluição
PRESSÕES NOS excessiva
ECOSISTEMAS E Perda de habitat, Espécies Mudanças
BIODIVERSIDADE alteração e invasoras climáticas
Espécies e ecossistemas fragmentação
As espécies são peças na construção dos
ecossistemas e a saúde dos ecossistemas
Serviços de Serviços de
depende da diversidade das espécies e também
IMPACTOS NOS aprovisionamento regulação Serviços Serviços
SERVIÇOS ECOLÓGICOS
da abundância de plantas e animais individuais,
bem como do relacionamento entre estes.
"!
"!$
de apoio culturais
A perda de biodiversidade faz com que os "!
"!
"! $ #
e, em última instância, colapsem com a perda "!
"
dos seus benefícios para os seres humanos e
outras espécies. Reciprocamente, os sistemas
mais diversos são mais resilientes e estão em
melhores condições de se recuperar dos choques
IMPACTOS NO Material
naturais e das pressões antropogénicas. Dado
básico para Boas relações
que as mudanças climáticas exacerbam as
pressões existentes nos ecossistemas, um
BEM-ESTAR HUMANO Segurança uma vida salutar Saúde
sociais
dos alicerces das estratégias de adaptação
climática é manter e melhorar a capacidade dos
ecossistemas de suportarem as pressões. Figura 17. Actividades humanas, biodiversidade, serviços
ecossistémicos e bem-estar (WWF, 2012; MEA, 2005)
27
1.11 APRESENTAÇÃO DO ÍNDICE
DO PLANETA VIVO (IPV)
Controlar a saúde da biodiversidade da Terra é essencial
9,014
todo o globo, as populações de vertebrados estão, representa os 95 por cento
em média, um terço mais pequenas do que há 38
anos. Esta estimativa baseia-se nas tendências de em torno da tendência –
quanto mais largo for o
AS POPULAÇÕES 9.014 populações de 2.688 espécies de mamíferos,
aves, répteis, anfíbios e peixes (Figura 18).
0 sombreado mais variável é
DE VERTEBRADOS
1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 a tendência subjacente
O índice de África inclui todas as populações
ESTÃO, EM MÉDIA, de espécies com dados disponíveis do reino
PEQUENAS DO QUE
Figure 19.
espécies marinhas do sul do Mar Mediterrâneo, Índice do Planeta
28
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África
O cálculo relativo
ao IPV África
EXPLORANDO O ÍNDICE DO PLANETA VIVO Os índices regionais, bioma e taxonómicos
podem ser construídos a partir do conjunto de
Figura 20. Explorando o
Índice do Planeta Vivo
seguiu o mesmo O Índice do Planeta Vivo é um índice composto
processo que o dos que controla as tendências registadas num grande O cálculo referente ao IPV de África seguiu o
número de populações de espécies de todo o mundo.
globais para que cada O Índice do Planeta Vivo mundial é um agregado mundiais para que cada espécie tivesse peso
de dois índices, nomeadamente o índice tropical e o
IPV
espécie tenha peso igual dentro do índice de África.
igual dentro do índice temperado, a que é atribuído peso igual.
índice de África
O índice tropical inclui espécies terrestres e de MUNDIAL/
água doce, populações encontradas nos Reinos
REGIONAL
marinhas e populações encontradas entre os
Trópicos de Câncer e de Capricórnio. O índice IPV
temperado inclui espécies terrestres e de água doce, temperado terrestre
tropical
populações encontradas nos reinos Paleártico e IPV
Neártico e espécies marinhas, populações que se terrestre marinho
encontram a norte ou sul dos trópicos. temperado IPV da
Cada uma das populações individuais dentro da terrestre marinho água doce
tropical temperado
ou temperada; e se é de água doce, marinha ou marinho água doce
espécies tropical temperado
1
população mais que às espécies, e algumas espécies água doce
migratórias, tais como a tainha (Myxus capensis), espécies tropical
população 2
podem ter populações da água doce e marinhas ou
1
podem ser encontradas tanto nas zonas tropicais
espécies
como nas temperadas. população 3
2
população
3
29
1.12 O COMÉRCIO ILEGAL DE
ANIMAIS SELVAGENS
1780
A Figura 21 apresenta uma visão geral das ameaças comercialização de uma actividade anteriormente
AFRICANOS QUE
Muitas populações e espécies estão sujeitas a mais que está em crescimento, força algumas das
do que um tipo de ameaça às suas variedades. Por espécies mais emblemáticas de África à extinção.
ESTÃO Finalmente, a mudança climática representa uma
CLASSIFICADOS
é essencialmente afectado pela destruição do habitat
ameaça emergente às espécies em África, com
e redução da sua variedade na África Ocidental,
COMO EM PERIGO
mudanças substanciais nos habitats e prevendo-se
enquanto a caça furtiva constitui uma maior
que a disponibilidade de água agrave os efeitos
CRÍTICO (CR),
preocupação na África Central.
das variedades reduzidas e das pressões directas
EM PERIGO (R)
As primeiras duas ameaças às espécies em África, sobre as espécies.
tal como acontece no resto do mundo, são a
E VULNERÁVEIS agricultura e o abate de árvores, os quais estão
(VU) NA LISTA
associados à destruição ou alteração e fragmentação Agricultura
VERMELHA
Abate de árvores
da agricultura e da silvicultura são também a Desenvolvimento residencial/comercial
Figura 21: Proporção
DA IUCN
principal fonte de poluição que afecta os vertebrados de espécies de
Caça (com e sem armadilhas)
vertebrados afectados
Espécies exóticas invasoras por diferentes tipos
militares e as águas residuais domésticas e urbanas.
Poluição de ameaças em África.
Também associado à destruição do habitat, o Mudança no regime de fogos
desenvolvimento residencial/comercial é menos Produção de energia/mineração
avaliação de 1.780 espécies
(962 terrestres, 964 de
Mudanças climáticas/condições climáticas adversas
ameaça às espécies em África do que noutras partes água doce e 162 marinhas,
Pescas
do mundo, mas prevê-se que seja motivo de maior com algumas espécies a
Perturbações humanas ocorrerem em múltiplos
preocupação devido à rápida urbanização e
Espécies nativas problemáticas sistemas) (ZSL, 2012
expansão de cidades nas zonas vulneráveis, como
Barragens/gestão hídrica baseado na IUCN, 2011)
é o caso das zonas costeiras.
Corredores de transporte/serviços
A caça, com e sem armadilhas, constitui uma
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7
contribuição importante para os meios de sustento
Proporção de espécies afectadas
em África, mas uma crescente procura, aliada à
30
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África
ornamentais ou medicinais.
31
1.13 RUMO AO DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
Com as suas pegadas relativamente baixas, as nações Desenvolvimento 1992, a IUCN, o WWF e o UNEP medida mais recente, o IDH ajustado à Desigualdade
(Inequality-adjusted HDI – IHDI) refere-se à
africanas estão bem posicionadas para apresentar novas
compromisso para “melhorar a qualidade da vida desigualdade no nível de escolarização, esperança de
rotas de desenvolvimento que sejam mais sustentáveis humana
8 respeitando os limites de capacidade dos vida e rendimento – que é maior nos países de renda
do que as adoptadas noutros países. ecossistemas”. mais baixa do que nos de alta renda (PNUD 2011).
7
Considera-se que um valor do IDH igual ou superior
O progresso dos países em direcção à sustentabilidade
6 a 0,8 no Índice de 2007 representa um “grande
É possível uma outra Todavia, para se conseguir isto, será necessária pode ser avaliado utilizando o Índice do
desenvolvimento humano” (PNUD 2009).
via que combine os uma distanciação radical da atitude habitual. As Desenvolvimento
5 Humano (IDH) do Programa das
ganhos no IDH com secções seguintes irão explorar os factores que Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) Ao mesmo tempo, uma Pegada Ecológica per
North America
4
um crescimento determinam a Pegada Ecológica e a biocapacidade como uma medida da qualidade de vida e a Pegada capita inferior a 1,8 gha – valor correspondente à
EU
limitado na pegada Ecológica
3 como uma medida da procura sobre os biocapacidade per capita disponível no planeta –
per capita. alternativa é de opções de desenvolvimento ecossistemas de apoio (Figura 23). satisfaz asOther Europe mínimas para a
condições
8
2
bloqueado e potencial perdido. sustentabilidade global na medida em que pode ser
Latin America
O IDH mede os rendimentos, a esperança de
7
1 reproduzida a nível mundial.
Middle East/Central Asia
Em Caring for the Earth, publicado um pouco vida e o nível de escolarização para comparar o
6 antes da Conferência do Rio sobre o Ambiente e desenvolvimento
0 económico e social dos países. Uma A Figura 23 Asiaindica
Pacific que as trajectórias de
0 1,000 2,000 3,000 4,000 5,000 6,000 desenvolvimento
Africa de muitos países os afastaram da
5
sustentabilidade, com ganhos cruciais no IDH ajustado
Figura 22. Pegada 1961 América do Norte 2008
4 à Desigualdade (IHDI) obtido à custa de aumentos
Ecológica por 8 UE 8 substanciais na pegada. Generalizados a nível mundial,
3 agrupamento
7
Resto da Europa
7
estes caminhos de desenvolvimento conduziriam a
2 um maior excesso e esgotariam ainda mais o capital
Pegada ecológica (gha per capita)
América Latina
Pegada ecológica (gha per capita)
e 2008. A área
6 6 natural do qual o bem-estar humano depende.
1 dentro de cada barra Médio Oriente / Ásia Central
representa a pegada 5 5
Contudo, outros países, como a Índia, obtiveram
Ásia Pacífico
0 total referente a cada ganhos tremendos no IDH apesar de um aumento
0 1,000 2,000 3,000 4,000 5,000 6,000 North America
região (Global Footprint 4 África 4 relativamente pequeno na sua pegada per capita.
Network, 2011) EU
3 3 A Figura 22 apresenta os efeitos combinados da
Other Europe
8
2
mudança na pegada per capita e na população no
2
Latin America
total da Pegada Ecológica em regiões diferentes. A
7
1 1 Middle East/Central Asia pegada ecológica per capita aumentou em todas as
6
0 Asia Pacific regiões, à excepção de África, mas a Pegada Ecológica
0
0 1,000 2,000 3,000 4,000 5,000 6,000 0 1,000
Africa 2,000 3,000 4,000 5,000 6,000 global de África mais do que triplicou em resultado
5
População (milhões) População (milhões)
4
8
3
32
7
2
6
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África
12
© John E. Newby / WWF-Canon
Baixo Desenvolvimento
Humano
Desenvolvimento
Humano Médio
Alto Desenvolvimento
Humano
Desenvolvimento
Humano Muito Alto
10
UE
Resto da Europa
6
América Latina
Ásia Pacífico
África
33
1.14 O QUE PRESSIONA A
PEGADA E O EXCESSO?
entre a pegada da humanidade e a biocapacidade disponível.
Cinco factores determinam o tamanho deste fosso.
EXCESSO
atrito dos serviços ecológicos. biocapacidade (Global
2.5
Footprint Network, 2011)
As páginas a seguir analisam estes factores em mais
2
1970
1980
1990
2010
2020
2030
2040
2049
2000
34
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África
1.15 A POPULAÇÃO
Existe uma variação substancial entre os países e
regiões na medida em que o crescimento relativo da População
população e a pegada média per capita contribuem para 4 Pegada Ecológica Total
1961
1965
1969
1973
1977
1981
1985
1989
1997
2001
2005
(WWF, 2012). agrícola per capita aumentou na África do Norte e 0.5
2008) (Global Footprint
1961 1961
1965 1965
19731969 1969
19771973 1973
1977 1977
1981 1981
1985 1985
1989 1989
1997 1997
20012001 2001
20052005 2005
0
Ocidental, ela registou um declínio em África como Network, 2011)
Até 2050, projecta-se que a população de África 0
um todo. Em 2010, 239 milhões dos 925 biliões de
atinja entre 1,93 e 2,47 biliões de pessoas,
1961
1965
1969
1981
1985
1989
1997
pessoas subnutridas do mundo encontravam-se na
comparativamente a 1,02 biliões em 2010 e
África Sub-sahariana, o equivalente a 30 por cento Alto
0,294 biliões em 1961 (Figura 26). À medida High
da população desta região (FAO, 2010b). 2400 2400
que as populações crescem, existe uma menor AltoMédio
Medium
2400
disponibilidade de biocapacidade para satisfazer as 2000 Médio
Low
2000 Baixo
Alto
necessidades de cada indivíduo. O crescimento de
2400 2000 Baixo
População em milhões
mais de três vezes da população de África registado 1600 Médio26. Crescimento
Figura
entre 1961 e 2008 foi acompanhado por uma redução 1600
2000 1600 daBaixo
população em
de dois terços na disponibilidade de biocapacidade 1200
África desde 1960-
per capita. Um número cada vez maior de países em 1200 1200 200 e projecção
1600 800
África enfrenta a escolha entre satisfazer os seus do crescimento da
800 800 população de 2010
1200 400
de outros países ou explorar excessivamente os seus a 2050 com base nos
recursos naturais, correndo o risco de um declínio 400 cenários de população
400 0
associado nos serviços dos ecossistemas. 800 1960 1960 reduzida, média e alta
1970 1970
1980 1980
1990 1990
2000 2000
2010 2010
2020 2020
2030 2030
2040 2040
2050 2050
0 (UN DESA, 2011)
0
400
1960
1970
1980
1990
2000
2010
2020
2030
2040
2050
0 35
1960
1970
1980
1990
2000
2010
2020
2030
2040
2050
1.16 A URBANIZAÇÃO
As populações urbanas estão a crescer rapidamente em África
e tal irá continuar a acontecer em resultado do crescimento,
deslocação e migração intrínsecos (Parnell e Walawege, 2011).
Projecta-se que a população urbana em África (UN Habitat, 2003) é acentuada pela sua maior Figura 27. Projecção
atinja os 1,23 biliões de pessoas em 2050, cerca vulnerabilidade aos efeitos das mudanças do crescimento das
de três vezes o seu nível de 413 milhões em 2010 e climáticas. populações urbanas
equivalente a 61,6 por cento da população total de e rurais, 2050
As cidades podem também ser parte da solução. (UN DESA, 2009)
África (UN DESA, 2009b). Até 2050, África terá um
A concentração cada vez maior da procura
número maior de pessoas a viver nas cidades do que
crescente de bens e serviços constitui uma
a Europa, América Latina ou América do Norte.
oportunidade para se gerir 140
o crescimento da
A urbanização está associada à mudança de
2050
pegada e se conseguir economias de escala na 140 População rural
120
estilos de vida e à procura de serviços. Em todo o prestação de serviços através do planeamento População urbana
mundo, a riqueza relativa das populações urbanas urbano e desenho de medidas e de uma 120
100
está associada a maiores pegadas de carbono per infraestrutura mais verde – em particular nos
PROJECTA-SE capita em resultado de um maior consumo de sectores de construção, transportes,
800 fornecimento 100
População em milhões
QUE A POPULAÇÃO
energia e/ou da mudança para fontes energéticas de energia e gestão dos resíduos.
800
como combustíveis fósseis que produzem 600
URBANA EM
Tendo em vista o papel crucial desempenhado
maiores emissões de carbono (Poumanyvong e
pelos serviços de energia, a400
gestão da Pegada 600
ÁFRICA ATINJA
Kaneko, 2010). A procura urbana de electricidade
Ecológica das zonas urbanas muitas vezes
representará cerca de 90 por cento do total da
OS 1,23 BILIÕES
400
acontece simultaneamente 200com a mitigação dos
produção de energia até 2030, mas existe margem
gases de efeito de estufa. Do mesmo modo, as
DE PESSOAS
para se satisfazer grande parte desta procura através 0 200
iniciativas de adaptação nas cidades, tais como
do recurso a energias renováveis.
EM 2050
as concebidas para reduzir a vulnerabilidade
0
Ao mesmo tempo, com dezenas de milhões de associada ao desenvolvimento em áreas sensíveis,
1960
1970
1980
1990
2000
2010
2020
2030
2040
2050
pessoas a viver em bairros degradados, não ou o fornecimento de materiais podem reduzir o
regulamentados e desfavorecidos em termos
1960
1970
1980
1990
2000
2010
2020
2030
2040
2050
impacto da pegada das populações urbanas nas
de serviços, as cidades africanas apresentam o suas zonas rurais imediatas e circundantes.
nível mais elevado de desigualdade do mundo
(UN Habitat, 2010). A necessidade de melhorar
as condições de vida dos cerca de 72 por cento
dos habitantes das zonas urbanas da África Sub-
sahariana que vivem em bairros degradados
36
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África
1.17 A ENERGIA
A nível mundial, o carbono é o componente da Pegada 3500 3500 Urbano
1500 1500
3%
Em África, o carbono representa o maior componente 1000 1000
da pegada em cinco países de média renda, cujas 500 500
economias de energia são dominadas pelos combustíveis energia e aumentaria a sua competitividade,
A ELECTRICIDADE
0 0
fósseis e representam mais de 50 por cento da pegada proporcionaria poupanças para 2007
os sistemas energéticos
2015 2030em 2050 2007 2015 2030 2050
REPRESENTA
na África do Sul e na Líbia. As emissões de CO2 em termos de gestão das cargas de pico e permitiria a satisfação
África resultantes dos combustíveis fósseis representam das necessidades de mais utilizadores por cada dólar Figura 28.
MENOS DE 3% DO apenas 2,5 por cento do total global. investido na infraestrutura (UNIDO e REEEP, 2009). Projecção do
crescimento
CONSUMO TOTAL No entanto, em termos gerais, os cidadãos africanos A biomassa fornece actualmente mais de 80 por cento da procura de
FINAL DE ENERGIA
possuem um consumo médio de energia per capita mais do total de energia primária às famílias da África Sub- electricidade, 2007-
baixo do que qualquer outra região e expandir o acesso sahariana (excluindo a África do Sul) (BAD, 2008) e 2050 (BAD, 2008)
37
1.18 BIOCAPACIDADE E
SEGURANÇA ALIMENTAR disponibilidade de água e preocupações em relação à
A PRODUÇÃO
perda de serviços dos ecossistemas (ex. HLPE, 2011).
As secções anteriores focaram os principais factores Existe actualmente um consenso crescente de
AGRÍCOLA E A
que a expansão da agricultura acontece à custa SEGURANÇA
intensidade e crescimento. da perda de serviços ecossistemáticos vitais e que
ALIMENTAR EM
maior produção e intensidade de culturas, é a opção MUITOS PAÍSES
A gestão destes factores é fundamental para travar
preferida (ex. Foresight, 2011a, HLPE, 2011, UN
Habitat e UNEP, 2010). Por exemplo, o valor actual
E REGIÕES
sustentável da e eventualmente inverter o excesso a nível global.
das produções de milho, óleo de palma, soja e cana- AFRICANOS SERÃO
PROVAVELMENTE
agricultura, incluindo
O excesso pode também ser reduzido através de de-açúcar em África poderia ser aumentado duas a
a utilização prudente
uma maior bioprodutividade dos ecossistemas e cinco vezes (Foresight, 2011b).
da água, pode
alargando a área bioprodutiva. No passado, a maior COMPROMETIDAS
PELAS MUDANÇAS
contribuir para a
parte dos ganhos de biocapacidade em todo o mundo
segurança alimentar uso cada vez maior de fertilizantes caros e intensivos
foi associada a uma maior produtividade agrícola
e a manutenção da
quer através da expansão da área agrícola ou de um
em energia, à poluição provocada pelos pesticidas e
à maior extracção de água para a irrigação, factores
CLIMÁTICAS E PELA
VARIABILIDADE
biocapacidade
aumento da produção e intensidade das culturas.
que podem ter características ambientais negativas.
Em África, a área de produção agrícola aumentou
35 por cento entre 1961 e 2005 (HLPE, 2011), sendo
Contudo, existe um crescente corpo de conhecimento
CLIMÁTICA.
a maioria da expansão representada pela conversão sustentável que podem minimizar a necessidade BOKO ET AL., 2007.
destes insumos e gerar características ambientais
é o principal factor da mudança no uso da terra e do positivas (ex. Foresight, 2011a).
desmatamento em África e é, em grande medida,
responsável pelos 17 por cento que a região tem de
esgotada em resultado da urbanização ou da
emissões globais de CO2 resultantes da mudança no
uso da terra (Denruyter et al., 2010).
contribuem para a degradação dos solos e, em
Algumas estimativas colocam a área potencial
de expansão da agricultura de sequeiro fora das agricultura intensiva que conduz à exaustão dos
solos; pastagem excessiva que conduz à perda de
milhões de hectares (ex. Deininger e Byerlee, 2011). cobertura de vegetação e erosão; desmatamento
Todavia, este valor foi questionado, com base nos que conduz à perda de solos e sistemas de irrigação
pressupostos relacionados com a fraca densidade inadequadamente drenados que provocam a
populacional, a adequação do terreno e dos solos, a salinização dos solos (UNCCD, 2011).
38
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África
O QUE ESTÁ CLARO NESTE MOMENTO É QUE A EXPANSÃO DA ÁREA DA AGRICULTURA ACONTECE À CUSTA DA PERDA DE
SERVIÇOS AMBIENTAIS VITAIS E QUE MELHORAR DE FORMA SUSTENTÁVEL A PRODUTIVIDADE DAS TERRAS JÁ CULTIVADAS
TRARÁ ENORMES BENEFÍCIOS. ESTUDO DE FORESIGHT, 2011
Olhando além das áreas cultivadas, a contínua
Um homem pulveriza
culturas, Lago Bogoria,
Quénia
39
Alt opener
2
A INFRAESTRUTURA
ECOLÓGICA DE
ÁFRICA
© Mauri Rautkari / WWF-Canon
INTRODUÇÃO
Parte 1 do presente relatório realçou a forma como os
ecossistemas de África estão a ser sujeitos a pressões
sem precedentes em resultado de uma maior procura de
bens e serviços por parte da humanidade. A degradação
ambiental, conjugada com as desigualdades resultantes
do acesso desequilibrado aos recursos, passou a
ser reconhecida como um verdadeiro obstáculo ao
desenvolvimento no século 21.
41
ESTUDO DE CASO
1
O CORAÇÃO VERDE DE ÁFRICA
Os Chefes de Estado e de Governo das bacias da de convergência, um plano de acção prioritário companhias mineiras estão presentemente envolvidas
que visa harmonizar o quadro jurídico e regulador em actividades de prospecção. A indústria mineira
Amazónia, Congo e Sudeste Asiático comprometeram-se
representa uma ameaça substancial a áreas de grande
a manter-se em estreita consulta e a promover o interesse sustentável dos ecossistemas da região. valor em biodiversidade devido à fragmentação e
perturbação do habitat – causadas por actividades
Fundo para as Florestas da Bacia do Congo mineiras, estradas de acesso e campos de mineração.
mudanças climáticas.
Lançado em 2008 e alojado no BAD, o Fundo para as
exacerbou-se como consequência de uma maior
33
Florestas da Bacia do Congo foi concebido para apoiar
UM FUTURO PARA A BACIA DO CONGO a execução do plano de convergência da COMIFAC.
acessibilidade. As companhias manifestaram grande
interesse em contribuir para a conservação da área,
Existem no momento 41 projectos em carteira. Os
e algumas delas planeiam actividades visando
AS BACIAS DE
projectos recentemente aprovados incluem apoio a
da Bacia do Congo presta, local e globalmente, “compensar” a biodiversidade.
países membros na concepção de processos nacionais
FLORESTAS
importantes serviços relacionados com ecossistemas,
REDD e na criação de sistemas nacionais e regionais A estreita cooperação entre governos, o sector
incluindo o fornecimento de alimentação e
TROPICAIS DA
privado, as populações locais e ONGs que levam
medicamentos, e a regulação do clima e da água. A
a cabo actividades de conservação permitiu uma
AMAZÓNIA,
região é rica em bens essenciais tais como madeiras,
abordagem integrada de gestão da área, que toma
óleo, diamantes, ouro e metais raros, cuja exploração
DO CONGO E DO
TRIDOM – Planeamento de desenvolvimento em linha de conta a excepcional biodiversidade
económico e conservação de escala dessa mesma área – assim como os interesses
SUDESTE ASIÁTICO governos, da sociedade civil, do sector privado e da
das populações rurais, dos povos indígenas e do
REPRESENTAM
sector privado – tendo em vista assegurar que a
comunidade internacional de considerar a gestão da bacia do Congo, o Complexo Transfronteiriço
33 POR CENTO DA
Tri-Nacional Dja-Odzala-Minkebe (TRIDOM) é
responsável, ambiental e socialmente.
para se atingir um desenvolvimento económico reconhecido pelos Governos dos Camarões, Congo e
COBERTURA GLOBAL sustentável e aliviar a pobreza na bacia do Congo. Gabão como sendo, globalmente, uma área de valores A reconciliação dos interesses de desenvolvimento
DE FLORESTAS
de biodiversidade excepcionais. O TRIDOM inclui e cooperação, no contexto da exploração de
Em 1999, Chefes de Estado dos países da bacia
nove áreas projectadas, cobrindo 20 por cento da
assinaram a histórica Declaração de Yaoundé,
exige abordagens participadas no que se refere
visando salvaguardar os respectivos recursos
ao planeamento e desenvolvimento de infra-
estruturas (incluindo vias férreas, estradas e energia
pelo Tratado de Brazzaville de 2005. A Comissão As concessões para exploração de madeira cobrem
de Florestas da África Central (COMIFAC) é 60 por cento da paisagem, que inclui uma nova
e a perturbação do habitat; o uso de tecnologia de
responsável por assegurar a coordenação do plano área de minério de ferro, onde pelo menos sete
ponta e de normas aplicadas internacionalmente em
42
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África
43
ESTUDO DE CASO
2
GESTÃO COMUNITÁRIA DE RECURSOS
NATURAIS NA ÁFRICA AUSTRAL
Estendendo-se pelas áreas fronteiriças de Angola, A KAZA tem potencial para lidar com diversas oeste do Parque Nacional de Kafue na Zâmbia,
questões chave com impacto nas populações abriu novas oportunidades económicas para as
Botswana, Namíbia, Zâmbia e Zimbabwe, a Área de
de fauna bravia, incluindo a caça furtiva e a comunidades que vivem em redor desta área
Conservação Transfronteiriça Kavango Zambeze (KAZA) fragmentação de manadas. Mediante a conjugação degradada e profundamente afectada pela caça
é a maior área de conservação internacional, cobrindo de forças, os cinco países podem combater de forma furtiva, e permitiu a recuperação de populações
de fauna bravia. A parceria entre a Autoridade para
44 milhões de hectares.
e a caça furtiva através da partilha de informações, a Fauna Bravia da Zâmbia, os sectores privados,
71
ONGs e as comunidades locais está a produzir
A CONSERVAÇÃO COMO CATALISADOR harmonizadas de aplicação da lei. Os movimentos dividendos. A instituição comunitária de fauna
DA INTEGRAÇÃO REGIONAL
de fauna bravia poderão ser facilitados mediante a bravia, Junta Comunitária de Recursos de Kahhare,
remoção dos milhares de quilómetros de vedações recebeu US$20,000 como quota-parte das receitas
DESDE 1998, que impedem o movimento histórico de animais. de caça na GMA, valor que se prevê venha a
FORAM CRIADAS zonas húmidas e savana, albergando 44 por cento Isto dependerá de forma crítica da capacidade de triplicar em 2012.
atrair investidores para proporcionar o progresso
NA NAMÍBIA 71 MODELO DE CONSERVAÇÃO DA NAMÍBIA
dos elefantes do continente africano, e um total
de animais estimado em 325,000. Os pontos de económico às pessoas que vivem nas áreas de
ENTIDADES DE destaque incluem zonas de atracção turística de conservação, e a partilha, entre as comunidades
A Lei (versão revista) da Conservação da Namíbia
locais, dos benefícios provenientes do turismo.
CONSERVAÇÃO
renome como as Cataratas de Vitória (as maiores de 1996 conferiu poderes às comunidades rurais
quedas de água do mundo), e o Delta de Okavango. Os programas de gestão comunitária de para que assumissem a responsabilidade e
A KAZA foi criada em Agosto de 2011 nos termos recursos naturais (CBNRM) a nível da África
de um tratado assinado pelos presidentes dos cinco Austral demonstraram que com a atribuição de mediante a atribuição de direitos sobre as receitas
países, para possibilitar a gestão, em regime de responsabilidades às comunidades rurais e a da caça e turismo em terras comunais.
colaboração, do rico património natural da região partilha de benefícios provenientes do turismo e do
Os resultados excederam as expectativas. Desde
num espírito de integração regional e de cultura de uso sustentável da fauna bravia, é possível atingir os
1998, foram criadas na Namíbia mais de 71
paz. A área de conservação visa melhorar os meios objectivos comuns de conservação da biodiversidade
instituições de gestão de recursos naturais,
de subsistência de 2.5 milhões de pessoas que e melhorar os meios de subsistência.
conhecidas por entidades de conservação. As
vivem nas regiões das bacias dos rios Okavango e A criação do projecto da Área de Gestão de Caça comunidades rurais passaram a assumir a
Zambeze na África Austral. de Mufunta (GMA), cobrindo 541 mil hectares a responsabilidade pela gestão sustentável da fauna
44
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África
a mais de 45 milhões de dólares da Namíbia Órix Antílope Gnu Elefante Veado Avestruz Ruão Cefo Gazela Javali
africano do Cabo sul-africana
ou USD6.4 milhões em 2010 (Figura 31). Com
o aumento dos investimentos em empresas
de turismo na modalidade de associação em
Estimativa de
participação entre companhias privadas e as populações de
comunidades, os residentes da zona gozam de uma caça na Área de
gama de oportunidades sociais e económicas e de Conservação de
benefícios de recursos de fauna bravia – incluindo o Nyae Nyae
desenvolvimento de conhecimentos e de modos de do censo de caça
50
vida, emprego e nutrição melhorada. aéreo (1995, 1998,
40
45
ESTUDO DE CASO
3
CASOS EMBLEMÁTICOS DE ÁFRICA:
SUCESSOS E DESAFIOS DA CONSERVAÇÃO
Distribuição e
rinoceronte
populações de
rinoceronte preto
(Emslie 2011). As
As medidas de conservação estão a dar resultados entre
algumas das mais conhecidas e emblemáticas espécies de África –
mas as ameaças persistem, e algumas das espécies permanecem
em situação de grave risco.
GORILAS MONTESES
© Martin Harvey / WWF-Canon
400
de espaços e recursos (Blomley et al, 2010).
Mudança na
A espécie é tida como em Perigo Crítico na Lista abundância 300
46
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África
790
ESTIMA-SE
QUE MENOS DE
790 GORILAS
O gorila montês permanece em situação
frágil devido ao ressurgimento da caça PERMANECEM RINOCERONTE PRETO
NA SELVA
(Diceros bicornis)
furtiva e de matanças em anos recentes.
A exploração petrolífera surge como O rinoceronte preto é uma das ‘cinco
uma nova ameaça no Parque Nacional de grandes’ espécies no coração da indústria do
Virunga. turismo de fauna bravia em África. Todavia,
2011
apesar de um aumento em quase o dobro desde
Um aspecto encorajador. Os números
1991, os números de rinocerontes pretos são de uma
forma alarmante baixos, havendo menos de 5,000
A SUBESPÉCIE DE
da década de 80 (Figura 33), dado que a
animais desta espécie em Perigo Crítico ainda vivos
monitorização intensiva das populações permitiu
RINOCERONTES
(IUCN SSC AfRSG, informação pessoal). Em África,
protecção contra caçadores furtivos. Este aumento
as tendências populacionais variam (Figura 32).
PRETOS EM
é também devido à intervenção de serviços
Em países da África central e ocidental, um grande
de veterinária e à mudança de percepções da
PAÍSES DA ÁFRICA
número de populações dessa espécie baixou até à
comunidade local quanto ao valor da espécie. No
extinção. Em outras zonas, especialmente África do
OCIDENTAL FOI
Uganda, as autoridades e as ONGs adoptaram uma
Sul e Namíbia, há indícios do aumento e recuperação
abordagem de desenvolvimento comunitário para
DECLARADA
da espécie. A subespécie existente na África
conservação dos gorilas. Trata-se de uma
Ocidental (D. bicornis longpipes) foi recentemente
declarada como extinta (Emslie, 2011).
EXTINTA EM 2011
à deslocação de pessoas motivada pela listagem O rinoceronte preto está ameaçado pela caça furtiva,
e pela perda e degradação do habitat, o que resulta
na fragmentação das suas zonas. Houve um aumento
As comunidades locais estão autorizadas a ter acesso
da procura de pontas de rinoceronte para uso
tradicional e não tradicional em virtude da expansão
receber uma parte dos lucros obtidos com a venda
das economias asiáticas. Entre 2006 e 2009, o
de licenças para passeios em áreas habitadas por
continente africano perdeu 1,439 pontas, as quais
gorilas. Isso proporciona receitas para a construção
acabaram por ser transaccionadas em mercados Rinocerontes pretos, Parque Nacional Etosha, Namíbia
de escolas, infra-estruturas e meios para cuidados
ilegais (Milliken et al., 2009).
médicos. A abordagem resultou numa percepção
mais positiva sobre os parques por parte das pessoas O encorajamento dado à gestão local através de Privadas – tais como as que estão a ser postas
da zona, e tem contribuído para atenuar as ameaças investimentos em áreas que albergam núcleos de em prática na África do Sul, Quénia e Namíbia
enfrentadas pelos gorilas (Blomley et al., 2010). populações de rinocerontes provou ser um caso – proporcionam benefícios às comunidades e
No Uganda, o turismo envolvendo o gorila montês bem-sucedido no que se refere ao aumento de encorajam as pessoas a ter em apreço os interesses
passou a ser a maior fonte de receitas desse sector. rinocerontes pretos em África. As Parcerias Público-
47
ESTUDO DE CASO
4
FLUXOS ECOLÓGICOS NA
BACIA DO ZAMBEZE
A bacia do Zambeze é a quarta maior entre as 60 bacias internacionais uma iniciativa em parceria que foi concebida no
contexto de uma abordagem integrada da gestão
existentes em África, com uma captação de 1.3 milhões de quilómetros
de recursos hídricos. Trata-se de um programa
quadrados, estendendo-se por oito países: Angola, Botswana, Zâmbia, que tem como objectivo o restabelecimento de
Zimbabué, Tanzânia, Malawi, Moçambique e Namíbia.
para proteger ecossistemas de água doce e de
estuários assim como os benefícios humanos
produção de electricidade.
48
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África
TANZÂNIA
REPÚBLICA ZÂMBIA
DEMOCR ÁTICA DO
3
ANGOLA CONGO
As principais
zonas húmidas
MALAWI
1 A construção
do Zambeze incluem
o Kafue Flats e a
de barragens 3
para produção de do Alto Zambeze, da
energia, incluindo qual fazem parte as
Bacia
em Kariba e Cahora hidrográfica planícies de Barotse
Bassa no principal
do Barotse
1 e Caprivi-Chobe.
ponto estreito As extensas zonas
do rio, alterou húmidas constituem
substancialmente a 3 1 Cahora
Bassa
o suporte da pesca,
hidrologia da bacia e da agricultura
os regimes de caudal, de recessão e dos
Bacia Kariba
pastos; assim como
2
hidrográfica de
Caprivi- Chobe de importantes
consequências
ecológicas, populações de fauna
NAMÍBIA
económicas e sociais. Delta do bravia e grandes
Zambeze concentrações de
Estão planeadas
mais barragens pássaros aquáticos.
hidroeléctricas face à Em 1999, o valor
crescente procura de económico directo
electricidade a nível com base no uso
consuntivo do
2
da região.
complexo alargado
Delta do Zambeze: A mudança nas descargas do rio, na sequência da zona húmida do
do encerramento da barragem de Cahora Bassa em 1974, deu azo a uma Barotse estimava-
redução dramática na captura de camarão ao largo da costa. A gestão se em US$400 por
das descargas da barragem para se reduzir os caudais da estação seca e agregado familiar
(Turpie et al., 1999).
juvenil para o Banco de Sofala, tendo como resultado o aumento da
produtividade da pesca com um valor de US$30 milhões dentro de dois
anos (a preços de 1997) (Hoguane 1997).
49
ESTUDO DE CASO
5
LAGO NAIVASHA Rio
50
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África
naquilo que é considerado como o coração do sector de É muito provável que o aumento da extracção a níveis
urbano e agrícola, a par da subida de temperaturas e de
variações climáticas, venham a afectar a recorrência e a
A agricultura comercial tornou-se o pilar da economia
severidade dos períodos de crise.
local, atraindo dezenas de milhar de trabalhadores,
quer nacionais, quer de outras regiões, e contribuindo As partes intervenientes na bacia exploram novas
anualmente com centenas de milhões de dólares para a formas de trabalho em conjunto no âmbito da Lei de
economia do Quénia 2002 sobre a Gestão de Águas do Quénia. A lei sublinha
51
ESTUDO DE CASO
6
AS ÁREAS MARINHAS
PROTEGIDAS DE ÁFRICA
Em África, uma nova geração de áreas marinhas águas costeiras de Madagáscar, a maior parte cerca de metade da faixa costeira de 200 km entre
deles a operar a 10 quilómetros da costa. Os Maromena/ Befasy e Ambohibola. Ao longo dos
protegidas de objectivos múltiplos (AMP´s), cujos recifes coralinos do sudoeste de Madagáscar, anos, auxiliares residentes trabalharam com as
tamanhos vão de apenas alguns hectares a milhares de importância global, sustêm uma das mais comunidades para uma melhor compreensão das
de quilómetros quadrados, permite a conservação da produtivas pescas e providenciam o principal suas necessidades e preocupações, o que resultou
rendimento das populações locais – especialmente na organização de comités de gestão representando
biodiversidade, receitas de turismo e pesca melhorada. em épocas de seca. Porém, espécies de valor diferentes linhagens familiares. Entre outras, os
económico, como o polvo e a lagosta, correm agora comités levaram a cabo actividades sanitárias e de
59,000
o perigo de uma exploração excessiva, ao passo comunicação a nível de aldeias, tendo estendido a
AMPS E MEIOS DE SUBSISTÊNCIA que outras, como o pepino-do-mar, praticamente sua acção a comunidades vizinhas.
desapareceram de algumas zonas.
A melhoria da saúde do ecossistema de recifes, na
ACTIVIDADES
década, incluem as de Saint-Louis, Cayar, Joal-
O BAD apoia iniciativas-piloto em gestão sequência da adopção de medidas de gestão local
Fadiouth, Bamboung e Abéné no Senegal. Foram
PESQUEIRAS
comunitária de pescas na zona do sudoeste. Estão
criadas sob os auspícios do programa regional de
a ser colhidos resultados dessas iniciativas que piscícolas dadas como perdidas, e na redução
TRADICIONAIS
conservação marinha e costeira, PRCM, em estreita
irão informar os esforços dos Parques Nacionais de de espécies associadas a recifes não saudáveis.
cooperação com a Comissão Sub-regional de Pescas,
PROPORCIONAM
Madagáscar para criar grandes MPA de utilidade Os pescadores deram conta de que as capturas
o Parque Nacional das Quirimbas em Moçambique,
múltipla a sul de Toliara, assim como a elaboração de espécies muito apreciadas, como a lagosta,
MEIOS DE
e as Ilhas Príncipe Edward pertencentes à África
de um quadro jurídico regional. Auxiliada e apoiada aumentaram 1,5 – 4 vezes mais. Entre 2009 e 2010,
do Sul. Regimes de gestão menos formais, criados a
SUBSISTÊNCIA A
por ONGs tais como o WWF, Blue Ventures e a houve uma quebra de 75 por cento nas infracções
nível local, também estão a dar fruto.
Wildlife Conservation Society, a abordagem da à lei, e as práticas de pesca destrutiva deixaram de
59,000 PESSOAS EM Áreas marinhas de gestão local no sudoeste área marítima de gestão local (LMMA) conjuga ocorrer em duas áreas.
MADAGÁSCAR
de Madagáscar o planeamento comunitário e a regulamentação
às comunidades foi crucial para uma melhor gestão mangal, e melhorar os meios de vida costeiros
das pescas em quatro áreas de gestão, cobrindo mediante o pagamento de serviços ambientais. Os
52
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África
53
ESTUDO DE CASO
7
RUMO A UM FUTURO COM BAIXO TEOR DE
CARBONO –– ENERGIAS RENOVÁVEIS EM ÁFRICA
poderia servir as próprias necessidades da região.
e ajudar a catalisar o crescimento verde através da O Plano Solar Mediterrânico (PSM), no âmbito da
em toda a África, trazendo soluções imediatas e a longo criação de postos de trabalho e do estímulo a energias iniciativa União para o Mediterrâneo (UfM), pretende
prazo para a questão da pobreza energética do continente, renováveis fora da rede nacional a nível da grande explorar o potencial de energia renovável do Norte
e minimizando as emissões de gás de efeito de estufa. economia. Tenciona ainda mobilizar e canalizar de África, e passar a ser uma central eléctrica global
de energia verde. A ESC também pode fazer face
19
ao desenvolvimento da capacidade das energias à crescente procura na região e em outras partes,
PLANO DE ACÇÃO DE BAIXO TEOR renováveis e do fornecimento de energias verdes.
54
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África
MDL
O MDL PODE
GERAR
FINANCIAMENTOS
PARA ENERGIAS
MAIS LIMPAS
EM ÁFRICA
Energia hidráulica Fogões de Combustível Melhorados
Desde 2008, com a ajuda do BAD, Mais de um milhão de sacos de carvão são queimados
a Central de Energia Hidroeléctrica anualmente para satisfazer as necessidades
de Sahanivotry, de capitais privados, energéticas de agregados familiares na cidade
situada em Madagáscar, tem ajudado o país a fazer de Goma, no leste da República Democrática do
Congo. Apesar de haver soluções promissoras para
necessidades em energia eléctrica de uma forma
Sahanivotry, Província de Antananarivo, a central Pessoas Deslocadas Internamente (IDPs) exigiu uma
de energia hidráulica de Sahanivotry tem uma
capacidade instalada de 15 MW, com uma média Os parceiros da conservação e desenvolvimento que
de produção bruta de 90 GWh. Contribui com 10 trabalham com o ACNUR/UNHCR adoptaram uma
por cento da electricidade da ilha com recurso à estratégia com duas vertentes.
energia hidráulica, alimentando a rede de Antsirabe
No que se refere à procura, foram treinados artesãos
e Antananarivo, que por seu turno alimenta a rede
regional de Antananarivo, a capital de Madagáscar.
feitos com barris de metal e argila. Mais de 7,500
Com custos mais baixos do que uma central térmica
fogões foram fabricados desde Novembro de 2008
de tamanho equivalente, a central de Sahanivotry
para distribuição em campos de IDPs e para venda em
ajudou a aumentar em 50 por cento as ligações a
Goma a US$5 cada. O fabrico de fogões criou cerca de
consumidores a preços acessíveis.
160 postos de trabalho, havendo ainda benefícios em
Em Agosto de 2010, a Central de Sahanivotry obteve termos de manutenção, distribuição e venda.
permissão para vender créditos de carbono através
Relativamente à oferta, o programa EcoMakala
do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL)
do WWF trabalhou com as comunidades locais no
da UNFCCC: o primeiro projecto MDL registado em
Madagáscar, e um dos apenas 48 projectos registados
a lenha comercial como alternativa viável à extracção
em África. O BAD, que contribuiu com metade dos €13
ilegal de lenha. Nos últimos cinco anos, foram
milhões necessários para a construção da central em O BAD apoiou o desenvolvimento da Central Termo-Solar de Ciclo Combinado
plantados aproximadamente 6,000 ha de zonas
2007 e 2008, orientou a empresa operadora, Hydelec, de Aïn Béni Mathar em Marrocos
ao longo do rigoroso processo de registo MDL.
55
3
CONCLUSÕES
E CHAMADAS
À ACÇÃO
57
INTRODUÇÃO
As escolhas que forem feitas hoje, em relação à África tem opções na escolha das rotas do seu conhecidas. Com base nas análises e no crescente
desenvolvimento. Uma abordagem mais sustentável conjunto de experiências resumidos nas seções 1 e 2
e equitativa de desenvolvimento do que as adoptadas
oportunidades e opções da humanidade pelo futuro adiante. em outras partes do mundo poderá gerar benefícios estratégias complementares para gerir o crescimento
em termos de segurança ambiental, bem-estar e e impacto da Pegada Ecológica em África através
maior competitividade.
© Martin Harvey / WWF-Canon
58
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África
59
WATER SCARCITY
CHAMADA À ACÇÃO
60
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África
HÍDRICOS
qualidade da água sejam adequados para manter a Permitir a produção sustentável e o acesso a mercados maximizar a sua contribuição para a segurança
biodiversidade e os serviços dos ecossistemas. de alimentos e água, protecção ambiental e
Investir na produção sustentável será vital para
adaptação climática. As medidas deveriam incluir
Restaurar e salvaguardar os ecossistemas que satisfazer as necessidades de segurança alimentar
a divulgação do conhecimento e informação,
fornecem serviços essenciais relacionados com
incluindo serviços de extensão, sistemas de alerta
a água, incluindo ao longo dos rios, ao redor dos actualmente até um terço da população Africana.
relacionados com eventos climáticos extremos
lagos, nas montanhas e nas encostas íngremes e nas
As medidas para melhorar a segurança alimentar e assistência tecnológica devidamente concebida
áreas costais, tais como as cabeceiras, as várzeas, as
sem prejudicar os serviços ecológicos dos quais ela
depende incluem: rendimentos rurais.
aquíferos, vegetação ripária e mangais.
Capacitar os produtores para produzir de forma
Administrar, gerir e distribuir água dentro do
melhoria de rendimentos sobre a expansão sustentável através de apoio relacionado com
contexto da gestão integrada e participativa da
agrícola para novas áreas.
61
CHAMADA À ACÇÃO
62
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África
63
CHAMADA À ACÇÃO
TER EM MENTE O
RESULTADO FINAL
A maneira como medimos o progresso e gerimos as Tomamos como certos os ecossistemas e os serviços Usar uma contabilidade de custos totais
que eles fornecem e, muitas vezes, acabamos para capturar os factores externos sociais
por reconhecer o seu valor apenas depois de os e ambientais
impactos que temos nos ecossistemas e nos serviços que perdermos. A maneira como medimos o progresso
Os modelos de contabilização de custos totais
deles derivam são negligenciados na tomada de decisões que capturem factores externos sociais e
estratégicas e nas transacções do dia-a-dia. O estudo limites ecológicos e os impactos que temos nos
ambientais associados com a produção e o consumo
ecossistemas e nos serviços que deles derivam são
permitir-nos-iam lidar com as causas em vez de
negligenciados na tomada de decisões estratégicas
lidar simplesmente com os sintomas de degradação
e nas transacções do dia-a-dia. A falha em
ambiental, e assegurar que estes sejam levados
contínua perda e degradação. contabilizar os valores dos ecossistemas é um factor
em conta em avaliações ambientais e avaliações
de mercado.
Incorporar o desempenho ambiental e
© Yoshi Shimizu / WWF-Canon
64
© Helen Morf / WWF-Canon
Duna de areia, Sossusvlei, Deserto do Namibe, Namíbia
ANEXO
O EXCESSO LOCAL Como é calculada a Pegada Ecológica? O que é Biocapacidade? aspectos de consumo de recursos e produção de
resíduos para os quais a Terra tem capacidade
OCORRE QUANDO A Pegada Ecológica mede as áreas de terra e de água
biologicamente produtivas necessárias para produzir
Biocapacidade é a capacidade dos ecossistemas
de produzirem materiais biológicos úteis e de
regenerativa, e onde existem dados que permitem
UM ECOSSISTEMA os recursos que uma pessoa, população ou actividade absorverem materiais residuais gerados por seres
que esta procura seja expressa em termos de área
produtiva. Por exemplo, emissões tóxicas não são
É EXPLORADO MAIS consome, e para absorver os resíduos por elas
gerados, dada a tecnologia predominante e a gestão
humanos usando regimes de gestão actuais e
tecnologias de extracção. A biocapacidade é
contabilizadas nas contas da Pegada Ecológica.
RAPIDAMENTE DO de recursos. Esta área é expressa em hectares globais medida em hectares globais (Global Footprint
Nem o são as retiradas de água doce, embora
a energia usada para bombear ou tratar água
QUE CONSEGUE (hectares com média mundial de produtividade
biológica). Os cálculos da Pegada utilizam factores da
Network, 2012).
esteja incluída. As contas da Pegada Ecológica
66
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África
67
ANEXO
68
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África
Commercial Pressures on Land Research Foresight. 2011a. The Future of Food www.ilec.or.jp/eg/lbmi/pdf/17_Lake_ Nellemann, C., Corcoran, E., Duarte, C. Robbins, M,M,, Gray, M., Fawcett, K.A.,
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and food security? FAO, Rome, Italy. Lessons Learned Brief. Version 2011.2. www.iucnredlist.org
69
ANEXO
AGRADECIMENTOS
Editores: Celine Beaulieu, Rosamunde Almond, Lecio da para o relatório ASTI (www.asti.is); contida nesta publicação. No entanto, Regional da África do Sul, Sudão do Sul,
Aimée Bella-Corbin, Anthony Nyong Ana Munguambe, Jean-Philippe Arjan Berkhuysen, WWF-Holanda e o material publicado é distribuído sem Sudão, Tanzânia, Togo, Tunísia ATR,
Denruyter, Elaine Geyer-Alléli, todos os contribuidores de dados para garantia de qualquer tipo, expressa Uganda, Zâmbia, Zimbabué.
Autor: Sarah Humphrey
David Greer, Monique Grooten, May o IPV para os sistemas de estuários. ou implícita. A responsabilidade pela
Escritórios do WWF
Tradução para Português: Guerraoui, Rubina Haroon, Gretchen A lista completa dos contribuidores interpretação e uso do material é do
Arménia, Azerbaijão, Austrália, Áustria,
Paula Brandberg Lyons, Richard McLellan, Natasja de dados pode ser vista em www. leitor. Em circunstância alguma poderá
Bélgica, Belize, Butão, Bolívia, Brasil,
Oerlemans,Tehani Pestalozzi, Voahirana livingplanetindex.org o WWF, ou o BAD, ser responsabilizado
Contribuições: Bulgária, Cambodja, Camarões, Canadá,
Randriambola, Patricia Skyer, Laurent por danos decorrentes de seu uso.
WWF Brigitte Carr-Dirick, Ashok Kumar Some, Arona Soumare, Hawa Sow, paul Pegada da Água A Rede da Pegada da República Centro-Africana, Chile,
Chapagain, Paul Chatterton, O WWF e o BAD encorajam a partilha China, Colômbia, Costa Rica, R. D.do
Sunters, Andrea Westall, Marianne
Jose Chiburre, Wendy Elliott, Saliem Mekonnen) por fornecerem dados electrónica da informação, a impressão Congo, Dinamarca, Equador, Finlândia,
Werth and Dominic White from WWF;
Fakir, Timothy Geer, Patrick Matakala, detalhados para as Figuras 11 e 13 que e a cópia exclusivamente para uso Fiji, França, Gabão, Gâmbia, Geórgia,
plus Kwame Koranteng (FAO), Ross
Joseph Okori, Stuart Orr, Bruno foram adaptadas por Ashok Chapagain pessoal e não-comercial, com o devido Alemanha, Gana, Grécia, Guatemala,
Esson and Guy Pegram (Pegasys),
no WWF UK, e pela autorização para reconhecimento da WWF e do BAD. Os Guiana, Honduras, Hong Kong, Hungria,
Pati Poblete (GFN), and James Kairo
Scheren, Greg Stuart Hill usar a Figura 14 (Hoekstra et al., 2012) utilizadores são impedidos de revender, Índia, Indonésia, Itália, Japão, Quénia,
(KMFRI) and MH Knight (IUCN SSC
BAD Aly Abou Sabaa, Youssef Arfaoui, e a Figura 15 (Mekkonen & Hoekstra, redistribuir, ou criar obras derivadas Laos, Madagáscar, Malásia, Mauritânia,
African Rhino Specialist Group).
Leslie Ashby, Amadou Bamba Diop, 2011). México, Mongólia, Moçambique,
Chahed Chawki, Hela Cheikhourou, Índice do Planeta Vivo: Richard Namíbia, Nepal, Holanda, Nova
Mapas
Khadidia Diabi, Mbarack Diop, Al Gregory, Petr Vorisek e o European Zelândia, Noruega, Paquistão, Panamá,
neste relatório não implicam uma
Hamdou Dorsouma, Mafalda Duarte, Bird Census Council pelos dados do Papua Nova Guiné, Paraguai, Peru,
para usar o mapa da pág. 43 sobre a manifestação de qualquer opinião por
Justin Ecaat, Anouk Fouich, Ilmi regime Pan-Europeu de Monitoramento Filipinas, Polónia, Roménia, Rússia,
Bacia do Congo. parte do WWF ou BAD sobre o estado
Granoff, Kazumi Ikeda-Larhed, Sering de Pássaros Comuns; a Base de Dados Senegal, Singapura, Ilhas Salomão,
legal de qualquer país, território, ou
Jalow, Ken Johm, Shingo Kikuchi, da Dinâmica Global da População Agradecimento especial África do Sul, Espanha, Suriname,
área, ou a respeito da delimitação de
Jean-Louis Kromer, Kurt Lonsway, Felix do Centro de Biologia Populacional, Agradecemos ao Governo do Brasil as Suécia, Suíça, Tanzânia, Tailândia,
suas fronteiras ou limites.
J-B Marttin, Simon Mizrahi, Jacques Imperial College e Herbert Tushabe Tunísia, Turquia, Uganda, Emiratos
Moulot, Mwila Musumali, Balgis Osman- pelos dados da Base Nacional de Trust Fund da Cooperação Sul-Sul do Regiões Árabes Unidos, Grã-Bretanha, Estados
Elasha, Hikaru Shoji, Bakary Sanogo, Dados de Biodiversidade, Instituto BAD que fez uma doação a favor deste Unidos da América, Vietname, Zâmbia,
Preeti Sinha, Frank Sperling, Nogoye do Ambiente e Recursos Naturais relatório. Gostaríamos também de Zimbabué.
Thiam, Zeneb Toure, Ignacio Tourino da Universidade Makerere, Uganda; agradecer aos membros do BAD, Rio+20 referidas nas secções do relatório sobre
Associados do WWF
Soto, Yogesh Vyas, Eskender Zeleke Kristin Thorsrud Teien e Jorgen Task Team, Green Growth Strategy Core Comércio e em Pegada da Água (Central,
Fundación Vida Silvestre (Argentina)
GFN Gemma Cranston, Mathis Randers, WWF-Noruega; Pere Task Team, lista alargada do Comité Leste, Norte, Sul e Oeste da África).
Fundación Natura (Equador) pasaules
Wackernagel, Scott Mattoon, David Tomas-Vives, Christian Perennou, Coordenador das Mudanças do Clima
Escritórios do BAD Dabas Fonds (Latvia) Fundação
Moore Driss Ezzine de Blas, Patrick Grillas (CCCC) e Lista Principal do CCCC pelos
Argélia, Angola, Burkina Faso, Burundi, Nigeriana para a Conservação (Nigéria)
ZSL Louise McRae, Victoria Price, e Thomas Galewski, Tour du Valat, seus comentários e orientação sobre
Camarões, República Centro-Africana, Sociedade da Vida Selvagem dos
Ben Collen Camargue, France; David Junor e Alexis as primeiras versões do relatório, bem
Chade, República Democrática do Emiratos (UAE)
Morgan, WWF- Canadá e todos os como ao Departamento de Garantia
Agradecimentos contribuidores de dados para o IPV do Congo, Sede do BAD em Côte d’Ivoire,
da Qualidade e Resultados do BAD, à Conceito e design por
Os autores estão extremamente Canadá; Miguel Angel Nuñez Herrero Centro Regional de Recursos da África
Unidade de Cooperação e Parceria, e © Louise Clements and Cliff Lee
agradecidos aos seguintes indivíduos Programa Voluntário Ambiental Oriental, Egipto, Etiópia, Gabão, Gana,
outros colegas do BAD pelo seu apoio.
e organizações pela partilha dos seus nas Áreas Naturais da Região de Guiné-Bissau, Libéria, Madagáscar, ISBN 978-2-940443-61-1
dados, por comentários ao texto e Murcia, Espanha; Mike Gill do CBMP, Isenção de Responsabilidade Malawi, Mali, Marrocos, Moçambique,
outro apoio: Christoph Zockler do UNEPWCMC O WWF tomou todas as precauções Nigéria, Ruanda, São Tomé e Príncipe,
e todos os contribuidores de dados Senegal, Serra Leoa, Centro de Recursos
70
© Chris Marais / WWF-Canon
A reabilitação dos pântanos na África do Sul contribui para a gestão da água e oferece emprego localmente
71
Relatório sobre a Pegada Ecológica da África 2012
100%
RECICLADO
PEGADA
A pessoa média em África usa 1,4
DESENVOLVIMENTO
hectares globais de biocapacidade, A crescente escassez de recursos acabará
embora a área biologicamente por afectar todas as economias. O impacto
produtiva actualmente disponível da degradação ambiental é sentido de
sejam 1,5 hectares globais. forma mais intensa pelos pobres do
mundo. Sem acesso a água potável, terra
ou alimentos adequados, combustíveis ou
materiais, as populações vulneráveis terão
PANDA.ORG/LPR/AFRICA2012
e abraçar a prosperidade.
AFDB.ORG
Porque estamos aqui
Para parar a degradação do ambiente natural do planeta e construir um
futuro no qual os seres humanos vivam em harmonia com a natureza 1986 Símbolo Panda WWF-Fundo Mundial para a Natureza (ex Fundo Mundial para a Vida
Selvagem)“WWF” é uma marca registada do WWF. WWF, Avenue du Mont-Blanc, 1196 Gland,
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Suíça – Tel. +41 22 364 9111 Fax +41 22 364 0332. Para dados de contacto e mais informação,
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