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ESTE RELATÓRIO

FOI PRODUZIDO
EM COLABORAÇÃO
COM

RELATÓRIO
SOBRE A PEGADA
ECOLÓGICA DE
ÁFRICA
Uma Infraestrutura Verde para a Segurança Ecológica de África
1
Banco Africano de WWF Parceiros Técnicos Informação sobre esta
Desenvolvimento (BAD) Publicação
O WWF é uma das maiores e The Global Footprint Network Zoological Society of London
A missão do Grupo do Banco Africano mais experientes organizações (A Rede Global da Pegada (Sociedade Zoológica de Londres) Publicada em Maio de 2012, pelo
de Desenvolvimento (BAD) é ajudar a de conservação mundiais Ecológica) WWF – Fundo Mundial para a
Fundada em 1826, a Sociedade
reduzir a pobreza, melhorar as condições independentes, com mais de 5 Natureza (ex Fundo Mundial da Vida
A Rede Global da Pegada Zoológica de Londres é uma
de vida dos africanos e mobilizar milhões de apoiantes e uma rede Selvagem) e o BAD – Banco Africano
Ecológica promove a ciência da
recursos para o desenvolvimento de trabalho global e activa em mais de Desenvolvimento. Toda e qualquer
sustentabilidade apresentando a conservação e educação. A sua missão
económico e social do continente. de 100 países. A missão do WWF reprodução desta publicação,
Pegada Ecológica, uma ferramenta é concretizar e promover a conservação
Tendo em conta este objectivo, a é parar a degradação do ambiente na totalidade ou parcial, deverá
contabilística de recurso que de animais e seus habitats em todo o
instituição ambiciona assistir os países natural do planeta e construir um mencionar o seu título e creditar os
permite medir a sustentabilidade. mundo. A ZSL administra o Zoo ZSL de
africanos - individual e colectivamente futuro no qual os seres humanos editores acima mencionados como
Em conjunto com os seus parceiros, Londres e o Zoo ZSL Whipsnade, leva a
– nos seus esforços para atingirem possam viver em harmonia proprietários dos direitos de autor.
a Rede Global da Pegada Ecológica
o desenvolvimento económico com a natureza, conservando a
trabalha com o objectivo de Zoologia e está activamente envolvida
sustentável e o progresso social. O diversidade biológica do mundo,
melhorar e implementar cada vez em trabalho de campo em conservação 2012 o
combate à pobreza está no centro dos assegurando que o uso dos
mais esta ciência, coordenando a em todo o mundo. Banco Africano de Desenvolvimento e
esforços do continente para atingir o recursos naturais renováveis
pesquisa, desenvolvendo padrões
desenvolvimento económico sustentável. seja sustentável, e promovendo a Instituto de Zoologia WWF – o Fundo Mundial para a
metodológicos, e facultando àqueles
redução da poluição e do consumo. Zoological Society of London Natureza.
que tomam decisões registos
e mobilizar recursos internos e externos Regent’s Park,
WWF International contabilísticos dos recursos, para Todos os direitos reservados.
com vista a promover o investimento, London
Avenue du Mont-Blanc ajudar a economia humana a
assim como facultar a assistência técnica United Kingdom A versão electrónica deste relatório e
1196 Gland, operar dentro dos limites
NW1 4RY, UK de outros materiais relacionados pode
Switzerland ecológicos da Terra.
região. O BAD é propriedade dos seus 77 www.zsl.org/indicators
www.panda.org
membros, incluindo 53 da região. Sendo Global Footprint Network www.livingplanetindex.org
312 Clay Street, Suite 300 www.panda.org/lpr/africa2012
desenvolvimento do continente, o Grupo Oakland, California 94607 www.afdb.org
do Banco Africano de Desenvolvimento USA
(BAD) contrai empréstimos dos www.footprintnetwork.org ISBN 978-2-940443-61-1
mercados de capital para emprestar
aos países membros na região. Os
principais instrumentos de que dispõe © Brent Stirton / Getty Images
para ajuda aos países membros em
desenvolvimento são o diálogo sobre
políticas, empréstimos, investimentos
de capital, garantias, doações e
assistência técnica.

Banco Africano de Desenvolvimento


15 Avenue do GhanaBP 323,
1002 Tunis Belvedere
Tunisia
www.afdb.org
ÍNDICE
Prefácio 4

Introdução 6

SECÇÃO 1
Riqueza ecológica e prosperidade humana 8

A Pegada Ecológica 10

A Pegada da Água 18

Os Povos e a Natureza 26

Rumo ao desenvolvimento sustentável 32

SECÇÃO 2
A Infraestrutura Ecológica da África (Estudos de Caso) 40

SECÇÃO 3
Conclusões e chamadas à acção 56

As Perguntas Mais Frequentes sobre a Pegada Ecológica 67

Referências e leituras suplementares 68

3
PREFÁCIO
Em resposta ao declínio A pressão sobre a natureza e os recursos naturais ecossistemas terrestre, de água fresca e marinho e se na redução dos efeitos nocivos do consumismo
geral do ambiente a é cada vez maior em todo o mundo – e em lugar a biodiversidade – é essencial ao desenvolvimento humano dos recursos da Terra; em manter o
nível mundial, o conceito algum ela se faz sentir mais do que em África. A humano inclusivo e à melhoria da qualidade de vida, capital natural através de investimento adicional e
de “economia verde” principal força por detrás da crescente pegada tanto como o são a infraestrutura industrial e social, objectivo; e em fazer realçar os muitos benefícios
começa a deixar de ser ecológica é o consumo cada vez maior, resultante tais como as estradas, escolas, hospitais e a provisão socioeconómicos reais que provêm do investimento
apenas um ideal, para se do aumento populacional e da robusta expansão de energia. no capital natural e na gestão dos recursos naturais.
tornar numa abordagem da economia regional. O rendimento per capita na
O investimento no capital natural pode ajudar a Orgulhamo-nos de partilhar algumas das nossas
de crescimento concreta região aumentou e as taxas de pobreza diminuíram
impulsionar o desenvolvimento de uma economia experiências sobre desenvolvimento sustentável
e possível de realizar, nalguns países, dando lugar a uma crescente classe
verde e assegurar os serviços ecossistémicos no período que antecedeu a conferência Rio+20, e
ganhando cada vez mais média cada vez mais urbanizada. Estas mudanças
dos quais todos dependemos. Estes serviços estamos especialmente gratos ao Governo do Brasil
apoio dos países de todo resultam em maior consumo de recursos em África e
providenciam alimentos, água e energia, apoio aos por apoiar a produção deste relatório conjunto.
o mundo. não só, e num crescente impacto no meio ambiente,
nossos meios de subsistência, e ajudam a nossa
degradando os ecossistemas que são as bases da O Banco Africano de Desenvolvimento e o WWF,
resiliência perante as condições incertas de um
economia e sustêm a própria vida. juntamente com os seus parceiros, comprometem-se
clima em mudança.
a apoiar os países em África na transição para um
A África tem escolhas. Ao adoptar uma abordagem
Em África, o uso sustentável dos recursos naturais futuro de desenvolvimento sustentável com povos
mais sustentável de desenvolvimento pode gerar
tem que ser integrado no desenvolvimento saudáveis prosperando num planeta saudável.
benefícios em termos de segurança ambiental,
económico. Os Governos e as empresas têm que
bem-estar humano e maior competitividade. As

© AfDB

© WWF-Canon / Richard Stonehouse


fazer das economias verdes uma realidade, e tanto
escolhas que se fazem hoje de infraestrutura, energia
países individualmente como grupos regionais
lançaram já excelentes iniciativas. Tornar mais
oportunidades e opções pelo futuro adiante.

Em resposta ao declínio geral do ambiente a nível usam os recursos e investem em novas tecnologias
mundial, o conceito de “economia verde” começa a e inovação ajudará a desenvolver tais iniciativas.
deixar de ser apenas um ideal para se tornar uma Dadas as suas relativamente pequenas pegadas,
abordagem de crescimento concreta e possível de os países africanos, os seus governos, líderes
realizar, ganhando cada vez mais apoio dos países empresariais e investidores têm que demonstrar
de todo o mundo. ainda maior capacidade de liderança, se se pretender
Donald Kaberuka Jim Leape
que os recursos naturais do continente sejam
Presidente Director Geral
usados de forma sustentável.
medida que o mundo se desenvolve, é necessário Banco Africano de WWF International
prestar cada vez maior atenção à melhoria de Este relatório apresenta exemplos de soluções que Desenvolvimento
condições de vida dos pobres, reduzindo o excessivo promovem a criação de riqueza e o alívio da pobreza
consumo dos ricos, e preservando o tecido natural da através de uma gestão mais sustentável do capital
vida na Terra. A nossa infraestrutura ecológica – os natural do continente. Estas estratégias concentram-

4
© WWF-Canon / Simon Rawles
Crianças caminhando perto do viveiro de restauração da paisagem florestal no Distrito de Kasese, Montanhas Rwenzori, Uganda

5
INTRODUÇÃO
(Figura 1) mostra uma redução de 39 por cento nas populacional bem como do consumo per capita
populações animais ao longo de um período de 38 numa minoria de países.
a infraestrutura ecológica do planeta que nos providencia
anos, entre 1970 e 2008.
A pegada per capita média em África em 2008
Muita da pressão colocada sobre os ecossistemas está rapidamente a aproximar-se da biocapacidade
de subsistência e economias se apoiam. disponível dentro das fronteiras africanas de 1.5
e serviços por parte da humanidade, que já excede hectares globais por pessoa.
a capacidade do planeta de regenerar recursos e
No futuro, prevê-se que a África de forma geral entre
Porém, os ecossistemas africanos alteram-se mais absorver os resíduos que produzimos. A exigência
depressa que nunca devido ao impacto conjunto da humanidade sobre os recursos vivos do mundo,
exceder a biocapacidade de que dispõe dentro das
de pressões globais e locais. A perda de serviços a sua Pegada Ecológica, aumentou mais que o
suas fronteiras, até 2015. Já hoje, quase 400 milhões
ecossistémicos compromete a segurança, a saúde e dobro desde 1961 e agora ultrapassa a capacidade
o bem-estar do futuro e os efeitos são suportados regenerativa do planeta – ou a sua biocapacidade –
África têm falta de água pelo menos durante um mês
desproporcionadamente pelos pobres. em cerca de 50 por cento.
em cada ano. Muitos países africanos compensam
A Pegada Ecológica de todos os países africanos
ecossistemas do planeta. Publicado pela primeira vez aumentou 240 por cento entre 1961 e 2008 bens e serviços de algum outro lado.
neste volume, o Índice do Planeta Vivo para África (Figura 2) em consequência do crescimento

Built-

Fishi
1.4
Figura 2. As tendências
Fore
históricas na Pegada
Ecológica de África 1.2 Graz

Bilhões de Hectares a nível Global


(1961-2008) Crop
2 (Global Footprint 1
Figura 1. Índice Carb
Network, 2011)
Planeta Vivo da 0.8
África
(1970 – 2008). Áreas de construção Built-up land
Valor do Índice

0.6
1 Áreas de pescas Fishing
1.4
indica que houve uma
Áreas de floresta Forest 0.4
redução geral de
1.2 Grazing
39 por cento da Áreas de pastagem
0.2
população animal Áreas de cultivo Cropland
1
durante o período de 0
Carbono Carbon 0
38 anos 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005
1961

1964

1967

1970

1973

1976

1979

1982

1985

1988

1991

1994

1997

2000

2006
0.8
(WWF/ZSL, 2012)

0.6

0.4
6

0.2
OS CONTÍNUOS AVANÇOS NO DESENVOLVIMENTO HUMANO NA ÁFRICA SUB-SAARIANA PODERÃO NÃO SÓ PARAR
COMO ATÉ REGREDIR – A MENOS QUE SEJAM DADOS PASSOS DETERMINANTES NO SENTIDO DE REDUZIR OS RISCOS
E DESIGUALDADES AMBIENTAIS NA REGIÃO E EM TODO O MUNDO (UNDP, 2011)

As medidas combinadas da Pegada Ecológica, a

© Anton Vorauer / WWF-Canon


Pegada da Água e o Índice Planeta Vivo mostram-
nos que a África se encontra agora perante uma
encruzilhada em termos das suas opções de
desenvolvimento. Seguir o uso intensivo de recursos
à semelhança de outras partes do mundo irá

com a degradação ambiental a ela associada. No

pegada per capita, África está em boa posição para

recursos que aqueles que se vêem noutras regiões, Novas perspectivas


fazendo uso de tecnologias conhecidas e rentáveis.
Aclamado pelo Presidente Goodluck
Optar por uma abordagem de desenvolvimento como “outro marco nos esforços da
mais sustentável que outras seguidas noutros nossa nação para resolver problemas
sítios poderá resultar em benefícios para a nacionais através da tecnologia
segurança do ambiente, bem-estar humano e espacial”, o lançamento de dois
maior competitividade. Neste relatório exploramos satélites de observação da terra
duas vertentes de uma rota de desenvolvimento pela Nigéria em Junho de 2011 irá
enriquecer a nossa compreensão
a redução da Pegada Ecológica e para proteger e sobre as mudanças climáticas e a
restaurar os ecossistemas do continente. vulnerabilidade humana no Sahel,
uma das regiões mais sensíveis
de África. Num ano em que a seca
causou destruição em todo o Sahel,
este esforço para melhorar a nossa
compreensão sobre as forças que

não poderia ter sido mais oportuno.

Vegetação árida, árvores


sob um céu pesado
na Zona do Sahel, Níger

7
1
RIQUEZA ECOLÓGICA
E PROSPERIDADE
HUMANA
8
© Brent Stirton / Getty Images / WWF-UK
INTRODUÇÃO
Sem ecossistemas, não haveria vida.
Os ecossistemas providenciam os alimentos que
comemos e os materiais que utilizamos para
habitação e combustível, e asseguram a qualidade
do ar que respiramos e da água que bebemos.
Contudo, em África e pelo mundo fora, assistimos
a um declínio sem precedentes do estado do nosso
ambiente, em resultado da procura cada vez maior
de recursos naturais pela humanidade. A erosão
do nosso capital natural põe em perigo os nossos
prospectos de prosperidade no futuro e coloca em
risco os nossos esforços de capacitar a crescente
população africana para sair da pobreza.

Nas páginas seguintes examinamos a natureza e as


tendências das exigências que a humanidade vem
colocando nos recursos renováveis a nível global e
em África, usando as medidas complementares da
The Forest Landscape Restoration HQ and Pegada Ecológica e da Pegada da Água. Analisamos
nursery in Rukoki Sub-County. WWF has
os serviços ecossistémicos que estão na base dos
given 82 farmers pine woodlots to restore the
formally neglected bare hills, Kasese District, meios de subsistência e bem-estar humanos, e
Rwenzori Mountains, Uganda. To date, 32 examinamos as formas como estes estão sendo
Hectares have been restored with another 768 degradados em consequência das pressões humanas
Hectares earmarked. – usando o Índice do Planeta Vivo como medida

factores e forças que determinam a nossa procura de

para as gerir de modo a melhorar a sustentabilidade


do desenvolvimento em África.

9
1.1 APRESENTAÇÃO DA
PEGADA ECOLÓGICA
A Pegada Ecológica mostra as exigências concorrentes Explorar a Pegada Ecológica
de estilo de vida da humanidade, estamos a utilizar permite compreender
da humanidade sobre a biosfera, ao comparar os recursos
os recursos a uma velocidade mais rápida do que é como a Pegada Ecológica
renováveis que as pessoas consomem com a capacidade possível renová-los e a consumir as nossas reservas é formada de componentes
regeneradora do planeta – ou seja a sua biocapacidade. ecológicas. de uso da terra – e como
estes se relacionam com
As Pegadas Ecológicas variam enormemente entre
as exigências humanas

1.5
A Pegada Ecológica mede a quantidade de terra e sobre a biosfera. Permite
de consumo e de estilos de vida. Se todas as pessoas
área aquática biologicamente produtiva necessária compreender o conceito
no planeta vivessem com o estilo de vida do cidadão
para produzir todos os recursos que um indivíduo, de hectares a nível
médio dos Emiratos Árabes Unidos, então em 2008
EM 2008 USÁMOS O uma população ou uma actividade consomem, e para teríamos precisado de mais de quatro planetas e
global (gha).

EQUIVALENTE A UM
sequestrar o dióxido de carbono por elas gerado, meio para suster a população mundial.
dadas a tecnologia e práticas de gestão de recursos
PLANETA E MEIO prevalentes. Esta área pode ser comparada com

PARA SUSTENTAR O
capacidade biológica ou biocapacidade, a quantidade
de área produtiva que está disponível para gerar 1.61.6

NOSSO CONSUMO
Built-up
Built-up
Áreas deland
land
construção
esses recursos e absorver os resíduos.
Fishing
Fishing
Áreas de pescas
1.41.4
Em 2008, a área produtiva total, ou biocapacidade, Forest
Forest
Áreas de floresta
do planeta era 12.0 bilhões de hectares globais Pegada Ecológica (Número de planetas)
1.21.2 Grazing
Grazing
Áreas de pastagem
(gha) ou 1.8 gha per capita. A humanidade tinha
uma Pegada Ecológica de 18.2 bilhões de gha, o Cropland
Cropland
Áreas de cultivo
1 1
equivalente a 2.7 gha per capita. Carbon
Carbon
Carbono

0.80.8
Este excedente de aproximadamente 50 por cento

0.60.6
a 1.5 planetas Terra para satisfazer o nosso consumo,
ou por outras palavras, teria levado à Terra Figura 3.
0.40.4
aproximadamente um ano e meio para regenerar Pegada Ecológica
os recursos usados pela humanidade naquele ano. 0.20.2
Global segundo
o uso da terra,
1961 – 2008
0 0
(Global Footprint
1961
1961

1971
1971

1981
1981

1991
1991

2001
2001

2008
2008
Network 2011)

10
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África

Carbon
Represents the amount of forest land that
could sequester CO2 emissions from the
burning of fossil fuels, excluding the
fraction absorbed by the oceans which
EXPLORAR leads to acidification.
A PEGADA
ECOLÓGICA
Carbono Pastos
Figura 4.
Representa a área usada para pastagem
Componentes
para absorver as emissões de CO2 de gado para carne, lacticínios,
da Pegada
resultantes da queima de combustíveis produtos de couro e lã
fósseis, mudanças no uso das terras
e transporte internacional, que não
são absorvidas pelos oceanos

Florestas Pescas
Calculada a partir da produção
necessária para o fornecimento primária estimada como sendo

Cropland Grazing Land


de madeira, celulose e lenha necessária para apoiar a captura de
para combustível peixe e marisco, incluindo captura
a partir de aquacultura
Represents the amount Represents the
of cropland used to grow amount of grazing
crops for food and fibre land used to raise
for human consumption livestock for meat,
Áreas de cultivo
as well as for animal feed, dairy, hideÁreas
and de construção
oil crops and rubber. wool products.
Representa a área usada para produzir Representa a área ocupada por infraestrutura
humana, incluindo transportes, habitação,
consumo humano, bem como área estrutura industrial e reservatórios para
de produção de rações para animais,
culturas para óleo e borracha
A medida de hectares globais (gha): produção de energia hidroeléctrica

Tanto a Pegada Ecológica (que representa a procura de recursos)


como a biocapacidade (que representa a disponibilidade de recursos) são expressas
em unidades chamadas hectares globais (gha). Um gha representa a capacidade
produtiva de um hectare de terra com uma produtividade média mundial

Forest Built-up Land Fishing Grounds


Represents the amount Represents the amount Calculated from the 11
of forest required to of land covered by estimated primary
supply timber products, human infrastructure, production required
1.2 A PEGADA ECOLÓGICA
DAS NAÇÕES AFRICANAS
4.6 GHA
Em 2008 a pegada total de África era 1.41 bilhões de global. Dez dos 45 países representados na Figura 5
têm uma Pegada Ecológica maior que a capacidade
gha ou 7.7 por cento da pegada total da humanidade. Isto
disponível per capita de 1.8 gha. Em 2008, a Eritreia
equivale a uma Pegada média per capita de 1.4 gha. tinha a pegada mais baixa per capita de 0.7 gha. AS MAURÍCIAS TÊM A
Para além da variação entre os países da pegada PEGADA PER CAPITA
MAIS ALTA EM
A pegada de muitos Embora esta seja muito mais baixa que a pegada média per capita, há também considerável variação
dos cidadãos africanos per capita média global de 2.7 gha, ela está perto entre as pessoas nos mesmos países. A pegada de
da biocapacidade mundialmente disponível de ÁFRICA, DE 4.6 GHA
1.8 gha por pessoa e aproxima-se rapidamente da
para satisfazer as suas biocapacidade disponível dentro dos limites de necessidades.
necessidades África.
A Pegada Ecológica, como medida da utilização dos Figura 5. A Pegada
As Ilhas Maurícias têm a mais alta pegada per capita, recursos renováveis por uma população, pode ser Ecológica por país,
4.6 gha, e, juntamente com a Líbia, Mauritânia e comparada com a biocapacidade, uma quantidade por pessoa, 2008
(Global Footprint
Ecological Footprint (gha per capita)

Botswana, são um de quatro países com uma Pegada mensurável de área produtiva que está disponível Built-up
Áreas deland
construção
5 Network, 2011). A
Ecológica média per capita maior que a média a nível para gerar esses recursos e para absorver resíduos. Fishingdeground
ÁreasBuilt-up
pescas
Ecological Footprint (gha per capita)

linha horizontal land


4.5
5
4 mostra a Forest land
ÁreasFishing
de floresta
ground
A Pegada Ecológica (gha per capita)

4.5
3.5 biocapacidade Grazingde land
ÁreasForest
pastagem
4 land
3 disponível a nível
3.5 Cropland
ÁreasGrazing
de cultivoland
2.5 global de 1.8 hectares
3
2 globais por pessoa Carbon
Carbono
Cropland
2.5
1.5 Carbon
2
1
1.5
.5
1
0
.5
0
Mauritius

Jamahiriya

Cameroon

Congo

Lesotho

LesotoTogo
Kenya
Mauritania

Botswana

South Africa

África do SulEgypt
Namibia

NamíbiaChad

Chade Mali
Gabon

Tunisia

Ghana

Guinea

Algeria

Sudan

Uganda

Senegal

SenegalFaso

Burkina Swaziland
Somalia

Nigeria

Gambia

Republic

República Centro-AfricanaBenin
Morocco

Liberia

Rep. of

Zimbabwe

Madagascar

Ethiopia

Etiópialeone
Guinea-Bissau

Angola

Burundi

Zambia

Mozambique

Malawi

Rep. of

Rwanda

Eritrea
Gâmbia

Benim

Marrocos

Libéria

Tanzânia

Zimbabué

Madagáscar

Leoa

Guiné Bissau

Camarões

Congo

Togo

Quénia

Angola

Burundi

Zâmbia
Maurícias

Líbia

Mauritânia

Botswana

Egipto

Mali

Gabão

Tunísia

Gana

Guiné

Argélia

Sudão

Uganda

Faso

Suazilândia

Somália

Nigéria

Moçambique

Malawi

Rep. Dem. do Congo

Ruanda

Eritreia
Burkina

Sierra
Tanzania, United

Congo, Dem.
Central African

Serra
Libyan Arab

12
Green infrastructure for Africa’s ecological security

1.2 A BIOCAPACIDADE DA ÁFRICA


2,960
que as nações com alta biocapacidade per capita
tais como a República do Congo e a República
A biocapacidade de uma área, país ou região é uma
função da sua área bioprodutiva e da produtividade
A ÁFRICA CONTÉM
2,960 MILHÕES
dessa área. A África contém 2,960 milhões de biocapacidade por pessoa – também tem as maiores
hectares de terras, das quais 1,873 milhões de áreas de pesca e pastagens. As áreas de pastagem
hectares são bioprodutivas, ou usadas como áreas constituem uma grande contribuição de outros
DE HECTARES DE
TERRA, DOS QUAIS
construídas. Desta área de terra bioprodutiva, 681 líderes da biocapacidade, como a Mauritânia
e o Botswana, enquanto as áreas de pesca são
terra cultivada, e 909 milhões são pastos. A África predominantes na Namíbia.
1,873 MILHÕES SÃO
CONTADOS COMO
tem 192 milhões de hectares de áreas de pesca que
No outro lado da escala, os países com a menor
35 abrangem a sua plataforma continental e as águas
BIOPRODUTIVOS
biocapacidade per capita têm frequentemente
do interior. Tendo em conta as diferenças entre os
uma densidade populacional relativamente alta
NA CONTABILIDADE
35 rendimentos médios africanos e os correspondentes
ou condições ambientais desfavoráveis como,
30 rendimentos mundiais das áreas de cultivo,
NACIONAL DA
por exemplo, baixa pluviosidade ao longo do ano,
o que afecta a sua produtividade. Dos 45 países
PEGADA ECOLÓGICABuilt up land
30 total da África é 1,480 milhões de gha. A
25 apresentados na Figura 6, um total de 27 dispõem
biocapacidade média per capita disponível em África
Biocapacity (gha per person
(gha per capita)

DE 2008
de biodiversidade per capita em território nacional
é 1.5 gha, que é mais baixa que a mundial de 1.8 gha. Fishing ground
25
abaixo de 1.5 gha per capita. Isso compara-se com
15 Forest landBuilt
Áreasup
de land
per person

78 dos 151 países a nível mundial sobre os quais construção

existem dados. Fishing


Grazing landÁreas deground
pescas
Biocapacity (ghaBiocapacidade

10 15 Figura 6. A Biocapacidade
Cropland Forest land
Áreas de floresta
por país, por pessoa,
Grazing land
Áreas de pastagem
2008 (Global Footprint
5 10 Network, 2011) Cropland
Áreas de cultivo

0 5

Ruanda

Burundi
Congo

Guiné

Madagáscar

Sudão
Madagascar Zâmbia

Mali
Gabão

Moçambique
MailCamarões

Serra Leoa

Eritreia
Sierra Leone Senegal

Burkina Faso

Senegal Somália
Gana

África do Sul

Ghana Gâmbia
Nigéria

Gambia Tanzânia
Benim

Togo
República Centro-Africana

Namibia

Mauritânia

Botswana

Guiné Bissau

Chade

Rep. Dem. do Congo

Angola

Libéria

Suazilândia

Tunísia

Lesoto

Uganda

Zimbabué

Marrocos

Malawi

Líbia

Egipto

Etiópia

Argélia

Maurícias

Quénia
0
Gabon

Congo

Central African Republic

Namibia

Mauritania

Botswana

Guinea-Bissau

Chad

Congo, Dem. Rep. of

Angola

Liberia

Guinea

Sudan

Zambia

Mozambique

Cameroon

Eritrea

Burkina Faso

Somalia

South Africa

Nigeria

Tanzania, United Rep. of

Benin

Swaziland

Tunisia

Lesotho

Uganda

Zimbabwe

Morocco

Togo

Malawi

Libyan Arab Jamahiriya

Egypt

Ethiopia

Algeria

Mauritius

Kenya

Rwanda

Burundi
13
1.3 A PEGADA ECOLÓGICA TEM
MUDADO COM O PASSAR DO TEMPO
A Pegada Ecológica da humanidade aumentou mais Ecológica da África em comparação com 22 por
o aumento de 122 por cento na pegada per capita cento a nível mundial.
que o dobro entre 1961 e 2008, lançando o mundo como do carbono, que representa um aumento oito vezes
Olhando para o futuro, e assumindo que o
um todo num excesso ecológico no início dos anos ’70. maior no total da pegada de carbono africana entre
crescimento não seja refreado por restrições de
1961 e 2008. O carbono hoje representa 20 por
recursos, projecta-se que a Pegada Ecológica total
EMBORA A A Figura 7 mostra como a procura de bens e serviços
em África mudou entre 1961 e 2008, e como se
cento da Pegada Ecológica da África, comparado
com uma média global de 55 por cento. A pegada da
da África atinja o dobro até 2040. Baseado em

DISPONIBILIDADE projecta que venha a mudar entre 2008 e 2050, área de cultivo per capita aumentou 15 por cento, o
valores de bioprodutividade de 2008, projecta-se
que a biocapacidade da África no seu total entrará
DE BIOCAPACIDADE baseado num cenário em que se mantém ‘a atitude
habitual’. A Figura chama a atenção tanto para o
que representa um aumento quatro vezes maior na
pegada total da área de cultivo da África. As áreas
TENHA AUMENTADO contínuo crescimento da Pegada Ecológica como de cultivo representam 35 por cento da Pegada
disponível dentro do seu território, até 2015.

EM TERMOS para a mudança na composição da Pegada Ecológica.

ABSOLUTOS A Pegada Ecológica de todos os países africanos


juntos aumentou 238 por cento entre 1961 e 2008.
Built-up
Áreas deland
construção

EM ÁFRICA, A
Fishing
Áreas de pescas
1.4 3.5
Este aumento é em grande parte o resultado do

BIOCAPACIDADE
Forestde floresta
Áreas
aumento populacional durante o mesmo período.
1.2 Grazing
Na verdade, a pegada média per capita em África Áreas de pastagem

DISPONÍVEL PER
3

diminuiu cerca de 5 por cento durante o mesmo Cropland


Áreas de cultivo
1

CAPITA DIMINUIU período, mas ela aumentou em todas as outras


regiões do mundo.
2.5 Carbon
Carbono

PRINCIPALMENTE
0.8
Bilhões de gha

DEVIDO AO
2
0.6

AUMENTO
Figura 7. A tendência
1.5
histórica da pegada
0.4

POPULACIONAL ecológica por tipo de uso


de0.2terras (1961-2008) 1
mostrando as projecções
0segundo a ‘atitude
0.5
habitual’ para 2015, 2030 e
1961

1964

1967

1970

1973

1976

1979

1982

1985

1988

1991

1994

1997

2000

2006
2045 (bilhões de gha) (Global
Footprint Network, 2011) 0
1960

1965

1970

1975

1980

1985

1990

1995

2000

2005

2010

2015

2020

2025

2030

2035

2040

2045
14
<-10 <-10
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África
between -10 and -5 between -10 and -5

between -5 and -2 between -5 and -2

between -2 and -1 between -2 and -1


1961
between -1 and -0.5 between -1 and -0.5 2008
between -0.5 and 0 between -0.5 and 0

between 0 and 0.5 between 0 and 0.5


biocapacidade
(gha per capita)
between 0.5 and 1 between 0.5 and 1
Figure 8. Países <-10
<- 10

>1 credores e países >1 between


entre -10-10
e -5and -5
devedores de
between -5-2
entre -5 e and -2
biocapacidade. 1961
e 2008. O mapa de between
entre -2 e-2-1and -1
credores e devedores de
between
entre -1 e-1-0.5
and -0.5
biocapacidade compara
a Pegada Ecológica between -0.5
entre -0.5 e 0and 0
do consumo com a
between
entre 0 e00.5
and 0.5
biocapacidade doméstica
between
entre 0.50.5
e 1and 1

>1
>1

30% O CRESCIMENTO DA BIOCAPACIDADE NÃO Dos 45 países com dados disponíveis, 25 tinham e serviços de outra parte. Porém, num contexto

ESTÁ A ACOMPANHAR O PASSO DA PROCURA com apenas sete em 1961. Os 20 países credores de
global de excesso (overshoot), os recursos naturais
vão se esgotando em muitos países e o meio
A BIOCAPACIDADE Vários países em África, como muitos outros pelo biocapacidade em África também viram reduzida ambiente é degradado em resultado da sobre

TOTAL EM ÁFRICA mundo fora, são já “devedores de biocapacidade” – a diferença entre a biocapacidade disponível e a extracção.
países onde a biocapacidade interna não consegue Pegada Ecológica.
AUMENTOU CERCA sustentar os padrões de consumo. Entre 1961 e 2009

DE 30% ENTRE a África registou um aumento de cerca de 30 por


cento na biocapacidade total, principalmente devido
de área de cultivo, onde o seu consumo de

1961 E 2008
biocapacidade agrícola excede a sua produção
ao aumento da produção agrícola. Contudo, estes
ganhos na produção não acompanharam o passo
da crescente procura, e a biocapacidade per capita
disponível sofreu uma baixa dramática ao longo
do mesmo período – para apenas 37 por cento do Alguns países e regiões compensam as suas
sseu valor em 1961.

15
1.4 COMÉRCIO E SEGURANÇA ECOLÓGICA
Tanto os países devedores como os países credores biocapacidade com exportações de carbono, produtos
ultrapassaram substancialmente as exportações;
de biocapacidade estão a depender cada vez mais do
uma tendência que se acelerou no século 21. A África
comércio internacional para sustentar os seus padrões Ocidental também viu as importações passarem à
de comércio e subestima provavelmente até que
e preferências de consumo. frente das exportações, particularmente durante a
ponto outros países se estão a valer da biocapacidade
primeira década deste século.
da África. Por exemplo, o custo da pesca ilegal não
Os dados do comércio A nível mundial, a pegada dos bens e serviços A Figura 10 mostra uma desagregação das importações declarada e não regulamentada (IUU) em águas
permitem-nos comercializados entre as nações representaram mais e exportações de biocapacidade por componente de africanas foi calculado em quase US$1 bilhão de
analisar até que de 40 por cento da Pegada total da humanidade uso de terra para cada sub-região. As áreas de cultivo dólares por ano (MRAG, 2005), o equivalente a mais
ponto a África é em 2005, comparado com 8 por cento em 1961 respondem pela maior parte das importações líquidas de 25 por cento do valor das exportações de pescas
dependente da (WWF, 2008). As importações e exportações de biocapacidade da África e somavam um total da África em 2005. A extracção e comércio ilegais de
biocapacidade de biocapacidade da África aumentaram ambas massivo de 53.5 milhões gha em 2008, com a maioria madeira estão também a custar muitos milhões de
importada para substancialmente desde 1961 (Figura 9). A nível das importações destinadas à África do Norte onde a dólares por ano aos países africanos.
sustentar os seus regional, a África tem sido um importador líquido escassez de água limita a produção agrícola.
De uma perspectiva estratégica, importar uma
padrões de consumo, de biocapacidade desde meados dos anos ’70 e, em
A África do Norte foi responsável por dois-terços das pegada incorporada através do comércio poderá
e se a procura 2008, as importações de biocapacidade numa média
importações líquidas de biocapacidade da África em
de recursos em de 0.29 gha por pessoa eram mais do dobro da
2008, com grandes importações em carbono contido resolver a sua procura de bens e serviços sem terem
África por parte de magnitude de exportações de 0.14 gha por pessoa.
que recorrer ao seu próprio capital natural, ou
outros países está A 0.15 gha por pessoa, a biocapacidade de
nas importações líquidas totais, a África Ocidental sofrerem os efeitos locais do excesso (overshoot).
a contribuir para importações líquidas da África somaram145
fez importações líquidas que incluíram 18 milhões de Três países devedores de biocapacidade – Gâmbia,
milhões gha em 2008 e eram equivalentes a 10.3
gha de carbono contido e quantidade semelhante de Senegal, e Somália – têm exportações líquidas que
por cento da sua Pegada Ecológica total.

As importações e exportações de biocapacidade deliberada por parte de grandes importadores como outros países usam importações para resolver
aumentaram ambas na África Austral e Central
com importações a aproximarem-se gradualmente o fornecimento de proteína, exportando peixe de alto biocapacidade. Contudo, depender de outros países
das exportações entre 1961 e 2008. Em contraste, valor no mercado e importando grandes quantidades para satisfazer os seus padrões de consumo é cada
um aumento de cerca de dez vezes nas importações com menor valor de mercado. Em contraste, a sub- vez mais arriscado num mundo constrangido
feitas pela África Oriental e do Norte durante região da África Austral é um exportador líquido de em recursos – particularmente sendo os preços

DADO O ACENTUADO AUMENTO NA PROCURA DE ALIMENTOS E ÁGUA PELAS POPULAÇÕES AFRICANAS EM RÁPIDO CRESCIMENTO, O
BOM SENSO DE VENDER RECURSOS AGRÍCOLAS E DE ÁGUA DOCE PARA SATISFAZER A SEGURANÇA ALIMENTAR EM QUALQUER OUTRA
PARTE DO MUNDO É UMA QUESTÃO QUE PODE NECESSITAR SER CUIDADOSAMENTE RECONSIDERADA (UN HABITAT E UNEP, 2010)

16
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África

dos produtos voláteis e sujeitos a crescente


especulação. Imports by subregion and component

Figura 10.
Por outro lado, as exportações de bens e serviços Importações e África Ocidental
colocam uma pressão adicional em recursos exportações de
Imports by subregion
Figura 9.and component
renováveis sem os quais muitos países mal biocapacidade por
Importações e
podem passar. Apenas dois dos 25 devedores sub-região, 2008 África Austral
África Ocidental exportações de
de biocapacidade da África - África do Sul e (Global Footprint
biocapacidade
Suazilândia – são actualmente exportadores Network, 2011) C
(1961-2008) para África do Norte
líquidos de biocapacidade, mas em face da
África Austral África. 40 dos 45 Á
crescente procura doméstica e internacional de países analisados
África Oriental Á
bens e serviços, o compromisso entre a geração eram importadores
África do Norte Carbono Á
de receitas provenientes das exportações ea líquidos de
Áreas de cultivo
satisfação da procura local vai se tornar cada vez biocapacidade em África Central Á

mais difícil nas próximas décadas. África Oriental 2008. (Global Áreas de pastagem

Footprint Áreas de floresta 0 50 100 150


O arrendamento comercial de terra, ou
Network, 2011) Áreas de pesca
“apoderamento de terras”, representa África
umaCentral
outra Importações por sub-região e componente (milhões de gha)
Exports by subregion and component
forma pela qual os países podem apropriar
biocapacidade e os recursos hídricos associados 0 50
350 100 150
de outras partes do mundo, muitas vezes com África Ocidental
Biocapacidade no comércio (milhões de gha)

obrigações de longo prazo. O Painel de Peritos de 300


Importações EF
Alto Nível sobre a Segurança Alimentar e Nutrição Exportações EF África Austral
250
(HLPE, 2011) relatou que dois terços dos cerca
de 50-80 milhões de hectares adquiridos como 200
África do Norte C

subsaariana. Outros estudos apresentam números 150 C

ainda mais altos, de 134 milhões de ha na década África Oriental G


100
até 2010 (Anseeuw et al., 2012), o que pode ser F
comparado com os 251 milhões de ha de terras de 500
África Central F
cultivo exploradas em 2008. Muitas destas terras
continuam sem desenvolvimento e as exportações 0
0 500 100 150
1961

1965

1969

1973

1977

1981

1985

1989

1993

1997

2001

estatísticas de comércio. 2005 Exportações por sub-região e componente (milhões de gha)

17
1.6 INTRODUÇÃO
À PEGADA DA ÁGUA O uso da água varia muito entre os países e entre
as comunidades e indivíduos no mesmo país.
Embora a disponibilidade de água seja de importância A produção agrícola responde por 92 por cento
vital para a bioprodutividade, o seu uso não é medido da Pegada Aquática Global; a produção industrial
contribui 4.4 por cento e o abastecimento de
directamente nas contas da Pegada Ecológica. água doméstica 3.6 por cento (Hoekstra and
Mekonnen, 2012).
Figura 11. Pegada A Pegada da Água fornece uma medida
A Figura 11 mostra quanta água é usada em
da Água por complementar da procura humana sobre os recursos
média para produzir os bens e serviços agrícolas,
pessoa por país, naturais renováveis, e pode ser comparada com a
industriais e domésticos consumidos por indivíduos
mostrando o uso disponibilidade de água para se determinar se o uso
nas nações africanas. Tal inclui tanto os bens e
agrícola, industrial de água de uma população pode ser mantido pelo
serviços produzidos localmente, como aqueles que
e doméstico (Média fornecimento renovável.
são importados de outros países. A maior parte
do período 1996-
A Pegada da Água mede o volume total de água da variação entre os países deve-se a diferenças
2005) (Hoekstra
usado para produzir os bens e serviços que no uso de água para produtos agrícolas. Isto
and Mekonnen,
consumimos. Ela inclui a água que se tira dos rios,

92
2012)
lagos e aquíferos, usada na agricultura, na indústria dos produtos consumidos – pois a intensidade da
e nas casas, bem como a água da chuva usada para a água na produção das culturas varia bastante
agricultura e para produzir as rações de animais. entre os países.
4000

A PRODUÇÃO
Metros cúbicos per capita por ano
Cubic meters per capita per year

3500 Uso de água doméstica


3000 Produtos industriais
AGRÍCOLA
RESPONDE POR
2500 Produtos agrícolas
2000
1500
92 POR CENTO
DA PEGADA DA
1000
.500
0
ÁGUA A NÍVEL
GLOBAL
Níger

Tunísia

Ilhas Maurícias

Botswana

Líbia

Sudão

Marrocos

Burkina Faso

Namíbia

Guiné

Argélia

Madagáscar

Chade

Gabão

Suazilândia

Egipto

Costa do Marfim

África do Sul

Camarões

Nigéria

Libéria

Zimbabué

Gana

Guiné-Bissau

Rep. Centro-Africana

Etiópia

Senegal

Benim

Moçambique

Quénia

Eritreia

Uganda

Tanzânia

Togo

Angola

Malawi

Zâmbia

Gâmbia

Ruanda

Congo

Burundi

Rep. Dem. do Congo


18
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África

COMO EXPLORAR A PEGADA DA ÁGUA O volume de água


doce retirado da superfície ou de fontes de água
O volume de
água necessário para diluir os poluentes libertados
O cálculo da Pegada da Água é feito com base na subterrâneas e que é usado pelas pessoas sem nos processos de produção, até ao ponto de a
Pegada Aquática da Produção ou no volume de água qualidade da água do ambiente se mantenha acima
fresca usada pelas pessoas para produzirem bens, é principalmente a água evaporada a partir da dos padrões de qualidade de água acordados.
medido ao longo de toda a cadeia de abastecimento, irrigação dos campos.
assim como na água usada nos lares e indústria,

O volume de água

PA VERDE
da chuva que se evapora durante a produção de
bens; no caso dos produtos agrícolas, esta é a água das intervenções
humanas
da chuva depositada no solo e que se evapora dos
campos de cultivo.
PA AZUL
das intervenções
Florestas, áreas de pastagem, terras estéreis, etc
Agricultura alimentada pela chuva

ÁGUA
humanas Agricultura irrigada

VERDE
Agricultura irrigada

(humidade do solo)
PA VERDE
das intervenções
Uso de água industrial

Uso de água doméstico


humanas
Poluição dos recursos de água doce (PA cinzenta)
Restantes fluxos de água doce e de qualidade para

CHUVA Florestas, áreas de pastagem, PA AZUL


das intervenções
o ecossistema aquático e outros usos
Florestas, áreas de pastagem, terras estéreis, etc
Agricultura alimentada pela chuva

ÁGUA
terras estéreis, etc…
ÁGUA
humanas Agricultura irrigada

AZUL VERDE PA CINZENTA


Agricultura irrigada
Uso de água industrial
(humidade do solo) das intervenções
(rios, lagos e água Agricultura alimentada pela chuva humanas Uso de água doméstico
subterrânea)
Poluição dos recursos de água doce (PA cinzenta)

Agricultura irrigada
OCEANOS Restantes fluxos de água doce e de qualidade para

CHUVA
o ecossistema aquático e outros usos

Agricultura irrigada

ÁGUA
Uso de água industrial

AZUL Uso de água doméstico


PA CINZENTA
das intervenções
(rios, lagos e água humanas
subterrânea)

Restantes fluxos de água doce e de qualidade para o ecossistema aquático e outros usos
OCEANOS
Figura 12. Componentes da Pegada da Água

19
1.7 A PEGADA DA ÁGUA
DA PRODUÇÃO
Num contexto de crescente competição pelos recursos do solo, proveniente da chuva. Ao mesmo tempo, há enfrentam uma escassez de água aguda. Na África
grande incerteza em torno dos efeitos das do Sul e nas Maurícias, onde a procura de água
hídricos, compreender a natureza do uso da água constitui
mudanças climáticas na precipitação e escoamento azul excede os 20 por cento de abastecimento, a
em África. O Painel Intergovernamental sobre a escassez de água é moderada.
Mudança do Clima (Bates et al, 2008) sugere que
Noutras partes de África, a pressão durante todo o
é provável vir a haver um aumento no número de
ano sobre os recursos hídricos azuis continua a ser
A Pegada da Água da Produção permite-nos pessoas a sofrer de falta de água anualmente, no sul
baixa, sugerindo que exista potencial para aumentar
observar a água que é utilizada na agricultura, e no norte de África, e de uma redução na África
a irrigação em áreas adequadas sem afectar
indústria e a nível doméstico num determinado oriental e ocidental.
seriamente os utentes e os ecossistemas a jusante.
país ou região - independentemente de onde sejam
O uso da água azul em irrigação representa 32 por No entanto, com chuvas cada vez mais erráticas,
consumidos os bens ou serviços que dela resultam
cento da água agrícola utilizada no Norte da África serão necessárias tanto a irrigação como estratégias
(Figura 13). A agricultura consome a maior parte
em comparação com apenas três por cento na África para optimizar o uso dos recursos de água verde,
Figura 13. Pegadas da água em uso em África, representando 97,5 por
Subsaariana - onde apenas um punhado de países para assegurar segurança alimentar.
Ecológicas da Água cento do consumo de água. A produção industrial
utilizam irrigação extensiva. Com uma procura de
utiliza 0,7 por cento de água, e água doméstica 1,7
mais de 40 por cento pelo abastecimento de água
por cento.
milhões de m³ por ano azul (medida como recurso renovável internamente),
(média para o período Um total de 91 por cento do uso de água na as populações dos cinco países do norte de África
1996-2005) agricultura compreende “água verde”, ou a humidade incluídos na Figura 15, assim como o Sudão,

20000
7%
da Água de Produção

Cinzento
em milhões de m³ por ano

15000 Azul
5%
of production

Verde Grey
Blue
10000
88% Green
Million m3 per year

5000
Water footprintPegada

0
Nigéria

Etiópia

Egipto

Sudão

África do Sul

Costa do Marfim

Níger

Tanzânia

Marrocos

Uganda

Gana

Quénia

Rep. Dem. do Congo

Camarões

Madagáscar

Moçambique

Argélia

Burkina Faso

Tunísia

Guiné

Zimbabué

Chade

Angola

Malawi

Benim

Senegal

Zâmbia

Ruanda

Togo

Burundi

Líbia

Libéria

Eritreia

Namíbia

Guiné-Bissau

Botswana

Suazilândia

Gabão

República do Congo

Gâmbia

Maurícias

Djibouti
República Centro-Africana

20
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África

A ESCASSEZ DE ÁGUA
A disponibilidade de água em muitas bacias As bacias mais ao norte, como do Senegal,
Volta, Níger, Lago Chade, Nilo e Shebelle sofrem
extracção da água durante períodos de baixo severa escassez de água azul em Fevereiro ou Março
devido ao baixo escoamento, sendo a escassez menos
subsistência, causar danos ou mesmo destruir
ecossistemas a jusante. Para determinar se a Orange e Limpopo, a escassez de água ocorre em
retirada de água e a procura de usos da água estão Setembro e Outubro, o período em que a extracção
em competição e se podem vir a ter impacto nos de água azul é maior e o escoamento é mais baixo.
serviços dos ecossistemas, são necessárias mais
Estes resultados ressaltam a importância de
que as medidas tradicionais da escassez de água,
para se avaliar a disponibilidade de água durante Figura 14.
todo o ano nas bacias individuais. Número de meses
durante o ano em
Uma recente análise do Water Footprint Network, da água e evitar alterações maiores ou irreversíveis que a pegada da
The Nature Conservancy e WWF (Hoekstra et al., na estrutura e função do ecossistema.
2012) examinou onde e quando a pegada de água a disponibilidade
azul ultrapassa a disponibilidade da água azul
principais bacias

de deixar de lado uma reserva conservadora para


África, baseado 0
no período entre
14) mostram que nove das onze maiores bacias 1996 e 2005.
1

Algumas destas 2–3


sofrem escassez de água azul durante pelo menos 4–5
um mês por ano. áridas, enquanto
6–7
outras sofrem
escassez de água, 8–9

A NÍVEL GLOBAL, A ESCASSEZ DE ÁGUA AFECTA PELO MENOS quantidade de água


10 – 11

2.7 BILHÕES DE PESSOAS EM 201 BACIAS HIDROGRÁFICAS


12
ser canalizada para a
???

DURANTE PELO MENOS UM MÊS EM CADA ANO (HOEKSTRA ET AL, 2012)


agricultura (Hoekstra
et al., 2012)

21
1.8 A ÁGUA E O COMÉRCIO
As estatísticas internacionais sobre o comércio
combinadas com os dados sobre a Pegada da Água podem
ser usadas para calcular o volume da água contida ou
virtual usada no comércio.

27
A Figura 15 mostra o “saldo de água virtual” dos seca, por as importações de água virtual terem Figure 11. Xxxxxxx
países africanos durante o período de 1996 a permitido o crescimento das populações das terras xxxxx
2005. Os países representados a vermelho são
PAÍSES EM importadores líquidos de água virtual, cujas menos probabilidade de haver recursos hídricos

ÁFRICA FORAM
importações excedem as exportações, enquanto os subutilizados nos sistemas locais como reserva
países em verde são exportadores líquidos de água. contra a perda das culturas agrícolas.
IMPORTADORES Os produtos agrícolas representam a maior parte de Vários dos países africanos são simultaneamente
LÍQUIDOS DE água virtual a nível global, e não é para admirar que importadores líquidos de biocapacidade de terras

ÁGUA DURANTE O
o Norte e o Sul da África - as duas sub-regiões que de cultivo e de pastagem, e exportadores líquidos
importam substancial biocapacidade de terras de
PERÍODO ENTRE cultivo - também importam grandes quantidades de cuja produção é mais intensiva em uso de água, do

1996-2005
água virtual. Hoekstra e Mekonnen (2012) sugerem que aqueles que importam. Segundo os padrões Importações líquidas de
água virtual (Gm³/ano)
que, em países com pouca água, é provável que a de comércio actuais, o comércio de água virtual é
importação de água virtual tenha efeitos ambientais, considerado na maioria incidental. Contudo, estando
sociais e implicações económicas positivos. previsto o aumento da escassez da água face ao Figura 15. O saldo de água entre -35 e -15
crescimento populacional e às mudanças climáticas virtual para os países
No entanto, contar com os recursos hídricos de africanos em relação ao
entre -15 e -5
em África e em todo o mundo, será de esperar que o
outras nações para satisfazer as suas próprias comércio de produtos agrícolas entre -5 e 0
necessidades domésticas também pode ser e industriais durante o período entre 0 e 5
de comércio da água do século 21.
visto como um risco. D’Odorico et al. (2010) de 1996-2005 (Mekonnen
entre 5 e 10
argumentaram que a globalização dos recursos and Hoekstra, 2011)
entre 10 e 15
hídricos através do comércio reduziu a resiliência
Os países representados a
das sociedades ao fracasso agrícola resultante da entre 15 e 50
verde têm um saldo negativo,
entre 50 e 115

exportação líquida de água Sem dados


virtual. Os países representados
de amarelo a vermelho são
importadores líquidos de
água virtual

22
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África

700,000

© WWF-Canon / Simon Rawles


700,000 ÁRVORES
PLANTADAS PARA
VOLTAR A ENCHER
AS ENCOSTAS NUAS
DAS MONTANHAS
RWENZORI NO
UGANDA

Montanhas Rwenzori,
Uganda, O WWF ajudou
574 agricultores na região
a plantar 700,000
árvores no âmbito do seu
programa de 5 anos
para voltar a encher as
encostas nuas. Muitos dos
agricultores nas região
estão a adoptar
culturas ‘resistentes à
seca’, incluindo o ananás,
as mangas, bananas,
laranjas e arroz ‘das
terras altas’ resistente
à seca

23
1.9 A INFRAESTRUTURA
ECOLÓGICA COMO BASE DA VIDA
Sem os ecossistemas e os serviços que eles oferecem – O estudo sobre a Economia dos Ecossistemas e não têm um fornecimento ou acesso adequado
a Biodiversidade (The Economics of Ecosystems aos serviços dos ecossistemas (MEA, 2005).
and Biodiversity – TEEB) referiu-se à capacidade
produtividade primária – a Terra não seria habitável. da natureza de providenciar serviços tais como
As populações rurais – em particular as mulheres
e as famílias mais pobres – dependem mais
a “infraestrutura ecológica”, e sublinhou que a
directamente dos serviços ecossistémicos e são
© Michel Gunther / WWF-Canon

conservação e recuperação dos ecossistemas são


particularmente mais vulneráveis às mudanças
a base de uma série de objectivos de políticas
nas condições do ecossistema. Os serviços
– nomeadamente a segurança alimentar, o
ecossistémicos sustentam os sectores industriais
desenvolvimento urbano, o tratamento da água, o
dependentes de recursos naturais, tais como a
desenvolvimento regional e a mitigação e adaptação
agricultura, pastagens, silvicultura e pescas, que
às mudanças climáticas (TEEB, 2010).
são as bases para o sustento e a resiliência nas
A Avaliação do Ecossistema do Milénio descreveu zonas rurais. Nestas zonas rurais, os ecossistemas
quatro categorias de serviços ecossistémicos oferecem uma riqueza de produtos no dia-a-dia,
que contribuem para o bem-estar humano e que nomeadamente a lenha, medicamentos, carne
sustentam as nossas condições de vida e economias. de caça e mel, que são muitas vezes relegados
A avaliação sublinhou que, num mundo em que as para segundo plano nos sistemas contabilísticos
desigualdades estão a aumentar, muitas pessoas padrão, e por isso subvalorizados. Reconhecer o
papel importante que os serviços ecossistémicos
desempenham no desenvolvimento é crucial para
Os efeitos nocivos da garantir meios de vida sustentáveis.
degradação dos serviços
ecossistémicos estão a Os efeitos nocivos da degradação dos serviços
ser suportados de forma ecossistémicos estão a ser suportados de forma
desproporcional pelos desproporcional pelos pobres e a Avaliação do
pobres e, por vezes, são o Ecossistema do Milénio constatou que estes são,
factor principal de pobreza por vezes, os factores principais na origem da

Criação de peixe no Lago Mellah, Parque Nacional El Kaka, Argélia

24
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África

Torres de água na Guiné


O planalto de Fouta Djallon,
na Guiné, é a nascente de
metade dos rios da África
Ocidental, incluindo sete
rios internacionais

Serviços Ecossistemáticos
Serviços ecossistemáticos é o termo utilizado Pescas
para descrever os bens e serviços fornecidos Em 2008, a pesca no
interior de África produziu
pelos ecossistemas. A Avaliação do Ecossistema
2,5 milhões de toneladas
do Milénio (Millennium Ecosystem Assessment de pescado, cerca de um
Recifes de corais
– MEA) descreve quatro categorias de serviços quarto do total mundial
Os recifes de
corais apoiam a
pesca artesanal e
comercial, protegem
Produtos a costa, absorvem o
directamente obtidos dos ecossistemas, tais como dióxido de carbono
Figura 16. e são a base de
alimentos, medicamentos, madeira, um sector de
Serviços
recreação e turismo
ecossistemáticos vibrante. O valor
em África Florestas
económico total
Benefícios obtidos As florestas de África
dos 12.000 km2 de
da regulação dos processos naturais, tais como armazenam cerca
recifes de corais
de 98 biliões de
na parte Ocidental
toneladas de carbono,
do Oceano Índico
regulação climática e polinização de culturas. equivalentes a 145
estima-se em
toneladas por hectare.
US$7,3 biliões
Cinquenta e seis
Funções e processos por ano
biliões de toneladas
ecológicos básicos que são necessários para estão armazenadas
a produção de todos os outros serviços do em biomassa, 34
biliões em solos e 8
ecossistema, tais como o ciclo de nutrientes, biliões em madeira
fotossíntese e formação de solos. morta e lixo

Benefícios não
materiais, tais como benefícios recreativos, Medicina
educacionais, estéticos e espirituais. Há muito utilizada na medicina tradicional, a
mirta (Cathrantus roseus) de Madagáscar é a
Gorilas das montanhas fonte de compostos de alcalóide utilizados no
Estima-se que cada gorila tratamento de inúmeras doenças, incluindo os
das montanhas produza diabetes e o cancro. As taxas de sobrevivência
$1 milhão por ano em receitas de turistas da leucemia infantil aumentaram de 20 para 80
para a economia do Uganda. (Fonte: por cento em resultado das propriedades
http://wwf.panda.org/?uNewsID=201576) terapêuticas da planta

25
1.10 COMO AS ACTIVIDADES HUMANAS AFECTAM
OS SERVIÇOS DO ECOSSISTEMA E A BIODIVERSIDADE
“A perda dos serviços derivados dos ecossistemas constitui As causas da perda de biodiversidade podem ser

ou mudança de habitat; exploração excessiva


Desenvolvimento do Milénio de redução da pobreza, fome de espécies; poluição; propagação de espécies
e doenças” (MEA 2005). estranhas invasoras e mudanças climáticas, tudo
isto com origem na demanda humana sobre a
Entre 2000 e 2010, o A apetência da humanidade por bens e serviços tem biosfera (Figura 17). A erosão resultante dos serviços
continente africano uma variedade de impactos nos ecossistemas e espécies. ecossistémicos tem consequências directas no
bem-estar humano, uma vez que afecta a segurança,

-10%
perdeu uma média de A Avaliação do Ecossistema do Milénio (2005) constatou
que “ao longo dos últimos 50 anos, os seres humanos como o acesso aos recursos; as necessidades
por ano, equivalente mudaram os ecossistemas de uma forma mais rápida materiais básicas, tais como alimentos e abrigo; e a
a um pouco menos de e extensa do que em qualquer outro período de tempo saúde, como o acesso à água potável (MEA, 2005).
0,5 por cento da sua equiparável na história humana, essencialmente para Tomamos como certos os ecossistemas, descuramos A COBERTURA
DE MANGAIS EM
satisfazer a procura em rápido crescimento de os aspectos ambientais, e muitas vezes só
ano (FAO, 2010a)
ÁFRICA REDUZIU
apreciamos o seu valor depois de os termos perdido.
No entanto, é normalmente muito mais caro

EM 10% ENTRE
© Donald Miller / WWF-Canon

substituir ou recuperar serviços ecossistémicos

1990 E 2010
depois de os perdermos do que gerir as actividades
humanas para evitar ou minimizar os impactos. O
facto de não se conseguir contabilizar os valores dos
ecossistemas e dos aspectos ambientais associados
(FAO, 2010A)
às actividades humanas é visto como um factor

ecossistemas, assim como uma fonte de fracasso do


mercado (TEEB, 2010).

Mulheres africanas misturam argamassa para a construção de uma cisterna


no Lago Nakuru, Quénia

26
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África

Agricultura e Pescas e Urbano e Uso da água Energia e


© Jason Rubens / WWF-Canon

SECTORES DE Florestas caça industrial transportes


CONSUMO

Exploração Poluição
PRESSÕES NOS excessiva
ECOSISTEMAS E Perda de habitat, Espécies Mudanças
BIODIVERSIDADE alteração e invasoras climáticas
Espécies e ecossistemas fragmentação
As espécies são peças na construção dos
ecossistemas e a saúde dos ecossistemas
Serviços de Serviços de
depende da diversidade das espécies e também
IMPACTOS NOS aprovisionamento regulação Serviços Serviços
SERVIÇOS ECOLÓGICOS
da abundância de plantas e animais individuais,
bem como do relacionamento entre estes. 
 
 "!  
 "!$
de apoio culturais
A perda de biodiversidade faz com que os     "!       
    "!       
   "!   $ # 
e, em última instância, colapsem com a perda  "!  
"   
dos seus benefícios para os seres humanos e
outras espécies. Reciprocamente, os sistemas
mais diversos são mais resilientes e estão em
melhores condições de se recuperar dos choques
IMPACTOS NO Material
naturais e das pressões antropogénicas. Dado
básico para Boas relações
que as mudanças climáticas exacerbam as
pressões existentes nos ecossistemas, um
BEM-ESTAR HUMANO Segurança uma vida salutar Saúde
sociais
dos alicerces das estratégias de adaptação
climática é manter e melhorar a capacidade dos
ecossistemas de suportarem as pressões. Figura 17. Actividades humanas, biodiversidade, serviços
ecossistémicos e bem-estar (WWF, 2012; MEA, 2005)

27
1.11 APRESENTAÇÃO DO ÍNDICE
DO PLANETA VIVO (IPV)
Controlar a saúde da biodiversidade da Terra é essencial

de contrariar os impactos dos seres humanos na vida selvagem


e ecossistemas.
Figura 18.
mudanças que ocorrem na saúde dos ecossistemas Índice do Planeta Vivo
do planeta controlando a sorte de mais de 9.000 2 Mundial (1970 - 2008).
populações de espécies de vertebrados para avaliar O índice revela um declínio
a mudança no tamanho das populações da vida de cerca de 30 por cento

Valor do Índice (1970=1)


de 1970 a 2008 (WWF/
selvagem ao longo dos últimos 38 anos.
ZSL, 2012). O sombreado
O último Índice do Planeta Vivo sugere que, em 1 neste índice e no de África

9,014
todo o globo, as populações de vertebrados estão, representa os 95 por cento
em média, um terço mais pequenas do que há 38
anos. Esta estimativa baseia-se nas tendências de em torno da tendência –
quanto mais largo for o
AS POPULAÇÕES 9.014 populações de 2.688 espécies de mamíferos,
aves, répteis, anfíbios e peixes (Figura 18).
0 sombreado mais variável é

DE VERTEBRADOS
1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 a tendência subjacente
O índice de África inclui todas as populações
ESTÃO, EM MÉDIA, de espécies com dados disponíveis do reino

UM TERÇO MAIS Afrotropical, populações do reino Paleártico,


localizadas no Norte de África, e populações de
2

PEQUENAS DO QUE
Figure 19.
espécies marinhas do sul do Mar Mediterrâneo, Índice do Planeta

HÁ 38 ANOS ocidente do Oceano Índico e a leste do Atlântico.


Valor do Índice (1970=1)

Vivo de África (1970 -


O índice de África baseia-se em 1.299 populações 2008).
de 373 espécies. O índice de África revela um 1
declínio constante na abundância de vertebrados indica que se registou
de 1970 para 2008 (Figura 19). uma redução geral de 39
por cento nas populações
de animais ao longo
0 do período de 38 anos
1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 (WWF/ZSL, 2012)

28
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África

O cálculo relativo
ao IPV África
EXPLORANDO O ÍNDICE DO PLANETA VIVO Os índices regionais, bioma e taxonómicos
podem ser construídos a partir do conjunto de
Figura 20. Explorando o
Índice do Planeta Vivo
seguiu o mesmo O Índice do Planeta Vivo é um índice composto
processo que o dos que controla as tendências registadas num grande O cálculo referente ao IPV de África seguiu o
número de populações de espécies de todo o mundo.
globais para que cada O Índice do Planeta Vivo mundial é um agregado mundiais para que cada espécie tivesse peso
de dois índices, nomeadamente o índice tropical e o
IPV
espécie tenha peso igual dentro do índice de África.
igual dentro do índice temperado, a que é atribuído peso igual.
índice de África
O índice tropical inclui espécies terrestres e de MUNDIAL/
água doce, populações encontradas nos Reinos
REGIONAL
marinhas e populações encontradas entre os
Trópicos de Câncer e de Capricórnio. O índice IPV
temperado inclui espécies terrestres e de água doce, temperado terrestre
tropical
populações encontradas nos reinos Paleártico e IPV
Neártico e espécies marinhas, populações que se terrestre marinho
encontram a norte ou sul dos trópicos. temperado IPV da
Cada uma das populações individuais dentro da terrestre marinho água doce
tropical temperado
ou temperada; e se é de água doce, marinha ou marinho água doce
espécies tropical temperado
1
população mais que às espécies, e algumas espécies água doce
migratórias, tais como a tainha (Myxus capensis), espécies tropical
população 2
podem ter populações da água doce e marinhas ou
1
podem ser encontradas tanto nas zonas tropicais
espécies
como nas temperadas. população 3
2
população
3

29
1.12 O COMÉRCIO ILEGAL DE
ANIMAIS SELVAGENS
1780
A Figura 21 apresenta uma visão geral das ameaças comercialização de uma actividade anteriormente

© Hervè Morand / WWF


de subsistência, colocou pressão sobre as
espécies em muitos países, em especial nas zonas
VERTEBRADOS (EN) e vulneráveis (VU) na Lista Vermelha da IUCN. periurbanas. O comércio ilegal de animais selvagens,

AFRICANOS QUE
Muitas populações e espécies estão sujeitas a mais que está em crescimento, força algumas das
do que um tipo de ameaça às suas variedades. Por espécies mais emblemáticas de África à extinção.
ESTÃO Finalmente, a mudança climática representa uma
CLASSIFICADOS
é essencialmente afectado pela destruição do habitat
ameaça emergente às espécies em África, com
e redução da sua variedade na África Ocidental,
COMO EM PERIGO
mudanças substanciais nos habitats e prevendo-se
enquanto a caça furtiva constitui uma maior
que a disponibilidade de água agrave os efeitos
CRÍTICO (CR),
preocupação na África Central.
das variedades reduzidas e das pressões directas

EM PERIGO (R)
As primeiras duas ameaças às espécies em África, sobre as espécies.
tal como acontece no resto do mundo, são a
E VULNERÁVEIS agricultura e o abate de árvores, os quais estão

(VU) NA LISTA
associados à destruição ou alteração e fragmentação Agricultura

VERMELHA
Abate de árvores
da agricultura e da silvicultura são também a Desenvolvimento residencial/comercial
Figura 21: Proporção

DA IUCN
principal fonte de poluição que afecta os vertebrados de espécies de
Caça (com e sem armadilhas)
vertebrados afectados
Espécies exóticas invasoras por diferentes tipos
militares e as águas residuais domésticas e urbanas.
Poluição de ameaças em África.
Também associado à destruição do habitat, o Mudança no regime de fogos
desenvolvimento residencial/comercial é menos Produção de energia/mineração
avaliação de 1.780 espécies
(962 terrestres, 964 de
Mudanças climáticas/condições climáticas adversas
ameaça às espécies em África do que noutras partes água doce e 162 marinhas,
Pescas
do mundo, mas prevê-se que seja motivo de maior com algumas espécies a
Perturbações humanas ocorrerem em múltiplos
preocupação devido à rápida urbanização e
Espécies nativas problemáticas sistemas) (ZSL, 2012
expansão de cidades nas zonas vulneráveis, como
Barragens/gestão hídrica baseado na IUCN, 2011)
é o caso das zonas costeiras.
Corredores de transporte/serviços
A caça, com e sem armadilhas, constitui uma
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7
contribuição importante para os meios de sustento
Proporção de espécies afectadas
em África, mas uma crescente procura, aliada à

30
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África

O COMÉRCIO ILEGAL DE ANIMAIS SELVAGENS

© Getty Images for WWF-UK


A caça furtiva e o comércio ilegal de animais selvagens
constituem uma das maiores ameaças a muitas espécies
carismáticas, valiosas e de importância ecológica de

ornamentais ou medicinais.

Tem-se registado uma explosão dramática da caça furtiva


e comércio ilegal nos últimos anos. A caça ao rinoceronte
aumentou em 3.000 por cento entre 2007 e 2011. As

lugar em 2011, foram as maiores jamais registadas.

escala é prova do envolvimento cada vez maior das


redes criminosas bem organizadas no comércio ilegal
de animais selvagens, que constitui neste momento
a 5ª maior actividade ilícita transnacional, avaliada
em US$7,8-10 biliões por ano. Consequentemente, as
populações de várias espécies africanas estão a reduzir.
Estima-se que, só na África Central, as populações de
elefantes tenham sido reduzidas em mais de 50 por cento
entre 1995 e 2007, essencialmente devido à caça furtiva.

O crime perpetrado contra os animais selvagens prejudica


os esforços dos governos de travar outras actividades
de comércio ilícito, tais como armas e drogas; facilita
o crescimento do crime organizado; e pode ajudar a EM 2011 FORAM ABATIDOS 448 RINOCERONTES NA ÁFRICA DO SUL PARA A A OBTENÇÃO DE CHIFRES.
OS DADOS ESTATÍSTICOS MAIS RECENTES DA ÁFRICA DO SUL INDICAM QUE 150 RINOCERONTES FORAM
CAÇADOS FURTIVAMENTE NOS PRIMEIROS TRÊS MESES DE 2010, SENDO ESTA CAÇA FURTIVA
maior capacidade institucional e de afectação de recursos
para a aplicação da lei da fauna bravia e garantir que
estes criminosos sejam penalizados ao máximo pela lei.
ALIMENTADA PELA PROCURA CADA VEZ MAIOR DO CHIFRE DO RINOCERONTE NA ÁSIA.

31
1.13 RUMO AO DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
Com as suas pegadas relativamente baixas, as nações Desenvolvimento 1992, a IUCN, o WWF e o UNEP medida mais recente, o IDH ajustado à Desigualdade
(Inequality-adjusted HDI – IHDI) refere-se à
africanas estão bem posicionadas para apresentar novas
compromisso para “melhorar a qualidade da vida desigualdade no nível de escolarização, esperança de
rotas de desenvolvimento que sejam mais sustentáveis humana
8 respeitando os limites de capacidade dos vida e rendimento – que é maior nos países de renda
do que as adoptadas noutros países. ecossistemas”. mais baixa do que nos de alta renda (PNUD 2011).
7
Considera-se que um valor do IDH igual ou superior
O progresso dos países em direcção à sustentabilidade
6 a 0,8 no Índice de 2007 representa um “grande
É possível uma outra Todavia, para se conseguir isto, será necessária pode ser avaliado utilizando o Índice do
desenvolvimento humano” (PNUD 2009).
via que combine os uma distanciação radical da atitude habitual. As Desenvolvimento
5 Humano (IDH) do Programa das
ganhos no IDH com secções seguintes irão explorar os factores que Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) Ao mesmo tempo, uma Pegada Ecológica per
North America
4
um crescimento determinam a Pegada Ecológica e a biocapacidade como uma medida da qualidade de vida e a Pegada capita inferior a 1,8 gha – valor correspondente à
EU
limitado na pegada Ecológica
3 como uma medida da procura sobre os biocapacidade per capita disponível no planeta –
per capita. alternativa é de opções de desenvolvimento ecossistemas de apoio (Figura 23). satisfaz asOther Europe mínimas para a
condições
8
2
bloqueado e potencial perdido. sustentabilidade global na medida em que pode ser
Latin America
O IDH mede os rendimentos, a esperança de
7
1 reproduzida a nível mundial.
Middle East/Central Asia
Em Caring for the Earth, publicado um pouco vida e o nível de escolarização para comparar o
6 antes da Conferência do Rio sobre o Ambiente e desenvolvimento
0 económico e social dos países. Uma A Figura 23 Asiaindica
Pacific que as trajectórias de
0 1,000 2,000 3,000 4,000 5,000 6,000 desenvolvimento
Africa de muitos países os afastaram da
5
sustentabilidade, com ganhos cruciais no IDH ajustado
Figura 22. Pegada 1961 América do Norte 2008
4 à Desigualdade (IHDI) obtido à custa de aumentos
Ecológica por 8 UE 8 substanciais na pegada. Generalizados a nível mundial,
3 agrupamento
7
Resto da Europa
7
estes caminhos de desenvolvimento conduziriam a
2 um maior excesso e esgotariam ainda mais o capital
Pegada ecológica (gha per capita)

América Latina
Pegada ecológica (gha per capita)

e 2008. A área
6 6 natural do qual o bem-estar humano depende.
1 dentro de cada barra Médio Oriente / Ásia Central
representa a pegada 5 5
Contudo, outros países, como a Índia, obtiveram
Ásia Pacífico
0 total referente a cada ganhos tremendos no IDH apesar de um aumento
0 1,000 2,000 3,000 4,000 5,000 6,000 North America
região (Global Footprint 4 África 4 relativamente pequeno na sua pegada per capita.
Network, 2011) EU
3 3 A Figura 22 apresenta os efeitos combinados da
Other Europe
8
2
mudança na pegada per capita e na população no
2
Latin America
total da Pegada Ecológica em regiões diferentes. A
7
1 1 Middle East/Central Asia pegada ecológica per capita aumentou em todas as
6
0 Asia Pacific regiões, à excepção de África, mas a Pegada Ecológica
0
0 1,000 2,000 3,000 4,000 5,000 6,000 0 1,000
Africa 2,000 3,000 4,000 5,000 6,000 global de África mais do que triplicou em resultado
5
População (milhões) População (milhões)
4
8
3
32
7
2
6
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África

12
© John E. Newby / WWF-Canon

Baixo Desenvolvimento
Humano

Desenvolvimento
Humano Médio

Alto Desenvolvimento
Humano

Desenvolvimento
Humano Muito Alto
10

Pegada ecológica (gha per capita)


América do Norte

UE

Resto da Europa
6
América Latina

Médio Oriente / Ásia Central

Ásia Pacífico

África

Crianças apresentam mudas de um viveiro financiado 4


pelo WWF nos Montes Udzungwa, Tanzânia

do crescimento populacional, e um número cada


Biocapacidade média mundial por pessoa em 2008 2
biocapacidade.

do IDH da África Subsaariana deverá aumentar em


0
44 por cento até 2050 (PNUD, 2011). Todavia, os
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
Índice do Desenvolvimento Humano ajustado à Desigualdade (IHDI)
mais grave da água e do ar e os efeitos das mudanças Inequality-Adjusted Human Development Index (IHDI)
climáticas – poderão reduzir este crescimento Figura 23. Pegada Ecológica de cada país (em 2008) vs. o Índice do Desenvolvimento Humano ajustado
para 32 por cento, enquanto um “cenário de à Desigualdade (em 2011). Os pontos que representam cada país estão coloridos de acordo com a sua região
desastre ambiental” revela que o progresso do
desenvolvimento humano irá parar ou até registar do IDH referentes ao desenvolvimento humano reduzido, médio, elevado e muito elevado com base no PNUD, 2011
um declínio até 2050. (Global Footprint Network, 2011)

33
1.14 O QUE PRESSIONA A
PEGADA E O EXCESSO?
entre a pegada da humanidade e a biocapacidade disponível.
Cinco factores determinam o tamanho deste fosso.

Do lado da procura, a pegada é uma função do Área de terra e água (marinha


tamanho da população; a quantidade de bens e do interior) que sustenta a actividade fotossintética As necessidades básicas da vida, tais como os
e serviços consumidos por cada pessoa; e a alimentos, abrigo, água potável e ar limpo, são
intensidade de recursos e resíduos associados à pelas pessoas. produzidas directa ou indirectamente pelos
produção destes bens e serviços. Níveis de população ecossistemas.
A produtividade
e de consumo individual mais baixos, a utilização
de uma área depende do tipo de ecossistema e da
forma como ele é gerido. que os recursos naturais são convertidos em bens
emitidos na produção de bens e serviços resultam
e serviços afecta o tamanho da pegada de todos
todos numa pegada mais pequena. O número total
os produtos consumidos.
de pessoas é um dos principais factores do aumento
Do lado da oferta, a biocapacidade é determinada
da pegada global.
pela quantidade de área biologicamente produtiva
disponível e a produtividade dessa área. No entanto,
os aumentos em qualquer um destes factores
A Pegada Ecológica de África (biliões de gha)

3.5 Figura 24. Factores


por vezes são à custa de uma maior utilização de
recursos ou de emissões de resíduos, ou ainda do 3 Pegada Ecológica e a

EXCESSO
atrito dos serviços ecológicos. biocapacidade (Global
2.5
Footprint Network, 2011)
As páginas a seguir analisam estes factores em mais
2

ao aumento da pegada e também às compensações 1.5 BIOCAPACIDADE (Oferta) =


inerentes à gestão da biocapacidade. Área x Bioprodutividade
1

0.5 PEGADA ECOLÓGICA


(Procura) =
0 População x Consumo
x Intensidade da Pegada
1961

1970

1980

1990

2010

2020

2030

2040

2049
2000

34
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África

1.15 A POPULAÇÃO
Existe uma variação substancial entre os países e
regiões na medida em que o crescimento relativo da População

população e a pegada média per capita contribuem para 4 Pegada Ecológica Total

o crescimento global da procura. 3.5


Pegada Ecológica
População
Population
per capita
4 População
Total Ecological
Pegada Footprint
Ecológica Total
43 Biocapacidade
4 Pegada Ecológica
Ecological FootprintTotal
per capita
A Figura 25 apresenta as contribuições relativas O crescimento da população aumentou 3.5 Pegada
per capita Ecológica
3.5
2.5
da população e a pegada média per capita na 3.5
per capita
Pegada Ecológica
3 Biocapacity
per capita
determinação do crescimento da pegada total nas africanos e a comunidade de desenvolvimento 32 Biocapacidade
per capita

Valor Indexado (19661=1)


3
2.5 Biocapacidade
nações africanas entre 1961 e 2008. Com o declínio se deparam para alcançar os Objectivos de per capita
per capita
2.5
1.5 2.5
da pegada per capita, está claro que o principal Desenvolvimento do Milénio. Os avanços 2
factor de mudança na Pegada Ecológica de África importantes registados numa grande variedade de 2 2
Figura 25: Índice de
1 1.5
é a população em crescimento. Pelo contrário, frentes de desenvolvimento foram suplantados pelo População, Pegada
1.5 Ecológica, Pegada
os níveis de consumo individual em crescimento aumento da procura de bens e serviços. A título de 1.5
0.5 1
Ecológica per capita
desempenharam um papel mais importante no exemplo, enquanto a produção agrícola líquida em 1 1
0.5
0 e biocapacidade per
aumento da pegada nos países de alta renda África mais do que triplicou desde 1961 e a produção 0.5
0 capita, África (1961-

1961

1965

1969

1973

1977

1981

1985

1989

1997

2001

2005
(WWF, 2012). agrícola per capita aumentou na África do Norte e 0.5
2008) (Global Footprint

1961 1961

1965 1965

19731969 1969

19771973 1973

1977 1977

1981 1981

1985 1985

1989 1989

1997 1997

20012001 2001

20052005 2005
0
Ocidental, ela registou um declínio em África como Network, 2011)
Até 2050, projecta-se que a população de África 0
um todo. Em 2010, 239 milhões dos 925 biliões de
atinja entre 1,93 e 2,47 biliões de pessoas,

1961

1965

1969

1981

1985

1989

1997
pessoas subnutridas do mundo encontravam-se na
comparativamente a 1,02 biliões em 2010 e
África Sub-sahariana, o equivalente a 30 por cento Alto
0,294 biliões em 1961 (Figura 26). À medida High
da população desta região (FAO, 2010b). 2400 2400
que as populações crescem, existe uma menor AltoMédio
Medium
2400
disponibilidade de biocapacidade para satisfazer as 2000 Médio
Low
2000 Baixo
Alto
necessidades de cada indivíduo. O crescimento de
2400 2000 Baixo

População em milhões
mais de três vezes da população de África registado 1600 Médio26. Crescimento
Figura
entre 1961 e 2008 foi acompanhado por uma redução 1600
2000 1600 daBaixo
população em
de dois terços na disponibilidade de biocapacidade 1200
África desde 1960-
per capita. Um número cada vez maior de países em 1200 1200 200 e projecção
1600 800
África enfrenta a escolha entre satisfazer os seus do crescimento da
800 800 população de 2010
1200 400
de outros países ou explorar excessivamente os seus a 2050 com base nos
recursos naturais, correndo o risco de um declínio 400 cenários de população
400 0
associado nos serviços dos ecossistemas. 800 1960 1960 reduzida, média e alta

1970 1970

1980 1980

1990 1990

2000 2000

2010 2010

2020 2020

2030 2030

2040 2040

2050 2050
0 (UN DESA, 2011)
0
400
1960

1970

1980

1990

2000

2010

2020

2030

2040

2050
0 35
1960

1970

1980

1990

2000

2010

2020

2030

2040

2050
1.16 A URBANIZAÇÃO
As populações urbanas estão a crescer rapidamente em África
e tal irá continuar a acontecer em resultado do crescimento,
deslocação e migração intrínsecos (Parnell e Walawege, 2011).

Projecta-se que a população urbana em África (UN Habitat, 2003) é acentuada pela sua maior Figura 27. Projecção
atinja os 1,23 biliões de pessoas em 2050, cerca vulnerabilidade aos efeitos das mudanças do crescimento das
de três vezes o seu nível de 413 milhões em 2010 e climáticas. populações urbanas
equivalente a 61,6 por cento da população total de e rurais, 2050
As cidades podem também ser parte da solução. (UN DESA, 2009)
África (UN DESA, 2009b). Até 2050, África terá um
A concentração cada vez maior da procura
número maior de pessoas a viver nas cidades do que
crescente de bens e serviços constitui uma
a Europa, América Latina ou América do Norte.
oportunidade para se gerir 140
o crescimento da
A urbanização está associada à mudança de

2050
pegada e se conseguir economias de escala na 140 População rural
120
estilos de vida e à procura de serviços. Em todo o prestação de serviços através do planeamento População urbana
mundo, a riqueza relativa das populações urbanas urbano e desenho de medidas e de uma 120
100
está associada a maiores pegadas de carbono per infraestrutura mais verde – em particular nos
PROJECTA-SE capita em resultado de um maior consumo de sectores de construção, transportes,
800 fornecimento 100

População em milhões
QUE A POPULAÇÃO
energia e/ou da mudança para fontes energéticas de energia e gestão dos resíduos.
800
como combustíveis fósseis que produzem 600

URBANA EM
Tendo em vista o papel crucial desempenhado
maiores emissões de carbono (Poumanyvong e
pelos serviços de energia, a400
gestão da Pegada 600

ÁFRICA ATINJA
Kaneko, 2010). A procura urbana de electricidade
Ecológica das zonas urbanas muitas vezes
representará cerca de 90 por cento do total da
OS 1,23 BILIÕES
400
acontece simultaneamente 200com a mitigação dos
produção de energia até 2030, mas existe margem
gases de efeito de estufa. Do mesmo modo, as
DE PESSOAS
para se satisfazer grande parte desta procura através 0 200
iniciativas de adaptação nas cidades, tais como
do recurso a energias renováveis.
EM 2050
as concebidas para reduzir a vulnerabilidade
0
Ao mesmo tempo, com dezenas de milhões de associada ao desenvolvimento em áreas sensíveis,

1960

1970

1980

1990

2000

2010

2020

2030

2040

2050
pessoas a viver em bairros degradados, não ou o fornecimento de materiais podem reduzir o
regulamentados e desfavorecidos em termos

1960

1970

1980

1990

2000

2010

2020

2030

2040

2050
impacto da pegada das populações urbanas nas
de serviços, as cidades africanas apresentam o suas zonas rurais imediatas e circundantes.
nível mais elevado de desigualdade do mundo
(UN Habitat, 2010). A necessidade de melhorar
as condições de vida dos cerca de 72 por cento
dos habitantes das zonas urbanas da África Sub-
sahariana que vivem em bairros degradados

36
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África

1.17 A ENERGIA
A nível mundial, o carbono é o componente da Pegada 3500 3500 Urbano

Projecção da procura de electricidade (TWh)


(BAD, 2008).
Ecológica com o crescimento mais rápido – sendo grande 3000 3000 Rural

parte do crescimento causada por emissões resultantes da Simultaneamente, a África


2500 encontra-se entre as regiões 2500
com a maior intensidade de energia por unidade do
queima do óleo, gás e carvão para gerar energia. 2000
Produto Interno Bruto (PIB) do mundo (Enerdata, 2009),
2000

1500 1500

3%
Em África, o carbono representa o maior componente 1000 1000
da pegada em cinco países de média renda, cujas 500 500
economias de energia são dominadas pelos combustíveis energia e aumentaria a sua competitividade,
A ELECTRICIDADE
0 0
fósseis e representam mais de 50 por cento da pegada proporcionaria poupanças para 2007
os sistemas energéticos
2015 2030em 2050 2007 2015 2030 2050

REPRESENTA
na África do Sul e na Líbia. As emissões de CO2 em termos de gestão das cargas de pico e permitiria a satisfação
África resultantes dos combustíveis fósseis representam das necessidades de mais utilizadores por cada dólar Figura 28.

MENOS DE 3% DO apenas 2,5 por cento do total global. investido na infraestrutura (UNIDO e REEEP, 2009). Projecção do
crescimento
CONSUMO TOTAL No entanto, em termos gerais, os cidadãos africanos A biomassa fornece actualmente mais de 80 por cento da procura de

FINAL DE ENERGIA
possuem um consumo médio de energia per capita mais do total de energia primária às famílias da África Sub- electricidade, 2007-
baixo do que qualquer outra região e expandir o acesso sahariana (excluindo a África do Sul) (BAD, 2008) e 2050 (BAD, 2008)

EM ÁFRICA. a serviços de energia moderna e limpa constitui uma


prioridade de desenvolvimento. A electricidade
continuará a desempenhar um papel importante nos
próximos anos. O combustível
100
lenhoso para uso doméstico
representa menos de três por cento do consumo total e a produção do carvão são muitas vezes obtidos em Rural
80
níveis insustentáveis e tornaram-se o principal motivo de Urbano
100
de electricidade aumente mais de 6 vezes ao longo das 60

Acesso à electricidade (%)


próximas décadas, com mais de 80 por cento da nova dos centros urbanos (Denruyter et al., 2020). A transição 80
40
procura a registar-se nas zonas urbanas (BAD, 2008). da biomassa tradicional para outras fontes de energia, 60
nomeadamente as cadeias 20de abastecimento de lenha
Grande parte desta procura poderia ser satisfeita através 40
0
de energias renováveis, evitando os padrões de energia
reduziria as emissões de CO2 relacionadas
2007 com a mudança
2015 2030 2050 20
intensivos em carbono que se registam na maioria
no uso da terra, assim como as emissões de negro de 0
dos países industrializados (UN DESA, 2004). O
carbono associadas ao aquecimento global e aos impactos 2007 2015 2030 2050
desenvolvimento de uma economia de baixo carbono
na saúde. As tecnologias conhecidas, nomeadamente as
pode criar oportunidades directas e indirectas
Figura 29.
para o empreendedorismo e emprego e melhorar a
Taxa de acesso
competitividade global de África. O potencial de energia
à electricidade
renovável de África está inexplorado em grande medida (percentagem da
podem contribuir para melhorar toda a cadeia de
e inclui força hidráulica, energia geotérmica, energia população) (BAD, 2008)
abastecimento da biomassa.

37
1.18 BIOCAPACIDADE E
SEGURANÇA ALIMENTAR disponibilidade de água e preocupações em relação à
A PRODUÇÃO
perda de serviços dos ecossistemas (ex. HLPE, 2011).
As secções anteriores focaram os principais factores Existe actualmente um consenso crescente de
AGRÍCOLA E A
que a expansão da agricultura acontece à custa SEGURANÇA
intensidade e crescimento. da perda de serviços ecossistemáticos vitais e que
ALIMENTAR EM
maior produção e intensidade de culturas, é a opção MUITOS PAÍSES
A gestão destes factores é fundamental para travar
preferida (ex. Foresight, 2011a, HLPE, 2011, UN
Habitat e UNEP, 2010). Por exemplo, o valor actual
E REGIÕES
sustentável da e eventualmente inverter o excesso a nível global.
das produções de milho, óleo de palma, soja e cana- AFRICANOS SERÃO
PROVAVELMENTE
agricultura, incluindo
O excesso pode também ser reduzido através de de-açúcar em África poderia ser aumentado duas a
a utilização prudente
uma maior bioprodutividade dos ecossistemas e cinco vezes (Foresight, 2011b).
da água, pode
alargando a área bioprodutiva. No passado, a maior COMPROMETIDAS
PELAS MUDANÇAS
contribuir para a
parte dos ganhos de biocapacidade em todo o mundo
segurança alimentar uso cada vez maior de fertilizantes caros e intensivos
foi associada a uma maior produtividade agrícola
e a manutenção da
quer através da expansão da área agrícola ou de um
em energia, à poluição provocada pelos pesticidas e
à maior extracção de água para a irrigação, factores
CLIMÁTICAS E PELA
VARIABILIDADE
biocapacidade
aumento da produção e intensidade das culturas.
que podem ter características ambientais negativas.
Em África, a área de produção agrícola aumentou
35 por cento entre 1961 e 2005 (HLPE, 2011), sendo
Contudo, existe um crescente corpo de conhecimento
CLIMÁTICA.
a maioria da expansão representada pela conversão sustentável que podem minimizar a necessidade BOKO ET AL., 2007.
destes insumos e gerar características ambientais
é o principal factor da mudança no uso da terra e do positivas (ex. Foresight, 2011a).
desmatamento em África e é, em grande medida,
responsável pelos 17 por cento que a região tem de
esgotada em resultado da urbanização ou da
emissões globais de CO2 resultantes da mudança no
uso da terra (Denruyter et al., 2010).
contribuem para a degradação dos solos e, em
Algumas estimativas colocam a área potencial
de expansão da agricultura de sequeiro fora das agricultura intensiva que conduz à exaustão dos
solos; pastagem excessiva que conduz à perda de
milhões de hectares (ex. Deininger e Byerlee, 2011). cobertura de vegetação e erosão; desmatamento
Todavia, este valor foi questionado, com base nos que conduz à perda de solos e sistemas de irrigação
pressupostos relacionados com a fraca densidade inadequadamente drenados que provocam a
populacional, a adequação do terreno e dos solos, a salinização dos solos (UNCCD, 2011).

38
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África

O QUE ESTÁ CLARO NESTE MOMENTO É QUE A EXPANSÃO DA ÁREA DA AGRICULTURA ACONTECE À CUSTA DA PERDA DE
SERVIÇOS AMBIENTAIS VITAIS E QUE MELHORAR DE FORMA SUSTENTÁVEL A PRODUTIVIDADE DAS TERRAS JÁ CULTIVADAS
TRARÁ ENORMES BENEFÍCIOS. ESTUDO DE FORESIGHT, 2011
Olhando além das áreas cultivadas, a contínua

© Brent Stirton / Getty Images


Relação (Nexus) entre a Água, a Energia
desestabilização dos ecossistemas e o atrito dos
serviços derivados dos ecossistemas, tais como a
e a Segurança Alimentar
manter a biocapacidade. As populações de plantas
e de animais são os blocos de construção dos A abordagem “nexus” reconhece que atingir metas
serviços ecossistémicos e um estudo recente sugere sociais relacionadas com o abastecimento da água
que, até 2050, o declínio da biodiversidade será e saneamento, segurança alimentar e acesso à
energia depende dos recursos naturais subjacentes
resultado de impactos associados no funcionamento – água, solo e terra e ecossistemas relacionados.
do ecossistema (Lenzen et al., 2007). Em termos Os desenvolvimentos num sector muitas vezes têm
de factores, prevê-se que as mudanças climáticas consequências não intencionais noutros sectores –
– com as mudanças associadas na temperatura, em resultado das características ambientais ou da
pluviosidade e variabilidade climática – tenham competição para obter recursos escassos.
efeitos profundos nos ecossistemas e na produção Ao mesmo tempo, os dados apresentados neste
alimentar nos próximos anos. A informação relatório sobre a Pegada Ecológica, Pegada da Água
existente ainda é limitada sobre como estas e o Índice do Planeta Vivo sublinharam que as
mudanças serão vividas a nível local em África, e nossas exigências sobre a biosfera estão a atingir –
manter (e se possível fortalecer) a resiliência nos e em muitos casos já ultrapassaram – os limites da
ecossistemas constitui uma adaptação vital e uma sustentabilidade.
estratégia de defesa em face desta incerteza.
Ao reconhecer e explicitamente contabilizar
a interdependência e as compensações entre
os sectores alimentar, de água e energia num
quadro que valoriza a infraestrutura ecológica,
uma abordagem desta natureza em relação à
água, energia e segurança alimentar pode gerar

Um homem pulveriza
culturas, Lago Bogoria,
Quénia

39
Alt opener

2
A INFRAESTRUTURA
ECOLÓGICA DE
ÁFRICA
© Mauri Rautkari / WWF-Canon
INTRODUÇÃO
Parte 1 do presente relatório realçou a forma como os
ecossistemas de África estão a ser sujeitos a pressões
sem precedentes em resultado de uma maior procura de
bens e serviços por parte da humanidade. A degradação
ambiental, conjugada com as desigualdades resultantes
do acesso desequilibrado aos recursos, passou a
ser reconhecida como um verdadeiro obstáculo ao
desenvolvimento no século 21.

níveis insustentáveis de procura e métodos prejudiciais de


extracção de recursos e de eliminação de resíduos.

Uma grande parte desse estado de coisas remonta aos


desaires ocorridos nos mercados, incluindo subsídios
que distorceram preços, e a não tomada em conta das
exterioridades ambientais. Os fracassos de governação,
relacionados com propriedade de terras e posse de
recursos inadequados agiram igualmente como elementos
dissuasivos de uma melhor gestão do capital natural.

Há um crescente conjunto de conhecimentos e boas

e uma melhor gestão de recursos naturais em África.

e das boas práticas emergentes na gestão de ‘infra-


estruturas ecológicas’ ou do capital natural de África

e manter resiliência face a pressões existentes e


emergentes. Assim, dá-se ênfase às soluções locais –
que envolvem directamente alguns dos utilizadores de
recursos mais vulneráveis e criam incentivos para uma
melhor gestão desses mesmos recursos num quadro de
responsabilidades partilhadas.

41
ESTUDO DE CASO

1
O CORAÇÃO VERDE DE ÁFRICA
Os Chefes de Estado e de Governo das bacias da de convergência, um plano de acção prioritário companhias mineiras estão presentemente envolvidas
que visa harmonizar o quadro jurídico e regulador em actividades de prospecção. A indústria mineira
Amazónia, Congo e Sudeste Asiático comprometeram-se
representa uma ameaça substancial a áreas de grande
a manter-se em estreita consulta e a promover o interesse sustentável dos ecossistemas da região. valor em biodiversidade devido à fragmentação e
perturbação do habitat – causadas por actividades
Fundo para as Florestas da Bacia do Congo mineiras, estradas de acesso e campos de mineração.
mudanças climáticas.
Lançado em 2008 e alojado no BAD, o Fundo para as
exacerbou-se como consequência de uma maior

33
Florestas da Bacia do Congo foi concebido para apoiar
UM FUTURO PARA A BACIA DO CONGO a execução do plano de convergência da COMIFAC.
acessibilidade. As companhias manifestaram grande
interesse em contribuir para a conservação da área,
Existem no momento 41 projectos em carteira. Os
e algumas delas planeiam actividades visando
AS BACIAS DE
projectos recentemente aprovados incluem apoio a
da Bacia do Congo presta, local e globalmente, “compensar” a biodiversidade.
países membros na concepção de processos nacionais
FLORESTAS
importantes serviços relacionados com ecossistemas,
REDD e na criação de sistemas nacionais e regionais A estreita cooperação entre governos, o sector
incluindo o fornecimento de alimentação e
TROPICAIS DA
privado, as populações locais e ONGs que levam
medicamentos, e a regulação do clima e da água. A
a cabo actividades de conservação permitiu uma
AMAZÓNIA,
região é rica em bens essenciais tais como madeiras,
abordagem integrada de gestão da área, que toma
óleo, diamantes, ouro e metais raros, cuja exploração
DO CONGO E DO
TRIDOM – Planeamento de desenvolvimento em linha de conta a excepcional biodiversidade
económico e conservação de escala dessa mesma área – assim como os interesses
SUDESTE ASIÁTICO governos, da sociedade civil, do sector privado e da
das populações rurais, dos povos indígenas e do

REPRESENTAM
sector privado – tendo em vista assegurar que a
comunidade internacional de considerar a gestão da bacia do Congo, o Complexo Transfronteiriço

33 POR CENTO DA
Tri-Nacional Dja-Odzala-Minkebe (TRIDOM) é
responsável, ambiental e socialmente.
para se atingir um desenvolvimento económico reconhecido pelos Governos dos Camarões, Congo e
COBERTURA GLOBAL sustentável e aliviar a pobreza na bacia do Congo. Gabão como sendo, globalmente, uma área de valores A reconciliação dos interesses de desenvolvimento

DE FLORESTAS
de biodiversidade excepcionais. O TRIDOM inclui e cooperação, no contexto da exploração de
Em 1999, Chefes de Estado dos países da bacia
nove áreas projectadas, cobrindo 20 por cento da
assinaram a histórica Declaração de Yaoundé,
exige abordagens participadas no que se refere
visando salvaguardar os respectivos recursos
ao planeamento e desenvolvimento de infra-
estruturas (incluindo vias férreas, estradas e energia
pelo Tratado de Brazzaville de 2005. A Comissão As concessões para exploração de madeira cobrem
de Florestas da África Central (COMIFAC) é 60 por cento da paisagem, que inclui uma nova
e a perturbação do habitat; o uso de tecnologia de
responsável por assegurar a coordenação do plano área de minério de ferro, onde pelo menos sete
ponta e de normas aplicadas internacionalmente em

42
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África

locais de exploração mineira e meios para minimizar


impactos, tais como a poluição da água; e esforços no Congo, encontrando-se sob a grave ameaça da
agricultura de desbaste e queima, produção de
fauna bravia e de operações de combate à caça furtiva
nas zonas extractivas e em redor das mesmas.
na região de Mai-Ndombe são a pobreza, a falta de
Mai-ndombe – frente de incêndios ou emprego, práticas tradicionais de agricultura,
CAMARÕES REPÚBLICA CENTRO-AFRICANA
crescimento populacional e posse de terra
tropicais do Congo em moldes pouco claros.

O empenho internacional em reduzir as emissões de O Programa REDD+ Integrado de Mai-


Ndombe é precursor de uma abordagem

emissões resultantes da mudança de uso de TRIDOM


terra no território, e criar um modelo de
desenvolvimento sustentável de baixo teor de
trazendo benefícios de âmbito global e local. carbono, coerente com a REDD+ nacional REPÚBLICA
GABÃO DO
Todavia, até à data a implementação da REDD+ em e as estratégias climáticas.
CONGO
África provou ser uma experiência dispendiosa que MAI-NDOMBE
O programa irá ajudar os utilizadores de
complexos de governação e a incapacidade de lidar

sustentável do respectivo território, para além de REPÚBLICA


Um programa recentemente lançado na Província de DEMOCR ÁTICA
DO CONGO
Bandundu na República Democrática do Congo visa
três áreas de acção complementares são: delineação
de um plano REDD+ simples para uso da terra;
Abarcando mais de 3 milhões de hectares, a região criação de um sistema de pagamento de base
de Mai Ndombe situa-se entre o Rio Congo, o Rio comunitária por prestação de serviços ambientais Cobrindo 1.8 milhões de
Kasai e o Lago Mai-Ndombe no local onde ocorre (PES); e promoção de projectos de desenvolvimento km²
local envolvendo entidades múltiplas, como
albergando elefantes, bonobos e chimpanzés.
Isolada até há pouco tempo pela distância e por

43
ESTUDO DE CASO

2
GESTÃO COMUNITÁRIA DE RECURSOS
NATURAIS NA ÁFRICA AUSTRAL
Estendendo-se pelas áreas fronteiriças de Angola, A KAZA tem potencial para lidar com diversas oeste do Parque Nacional de Kafue na Zâmbia,
questões chave com impacto nas populações abriu novas oportunidades económicas para as
Botswana, Namíbia, Zâmbia e Zimbabwe, a Área de
de fauna bravia, incluindo a caça furtiva e a comunidades que vivem em redor desta área
Conservação Transfronteiriça Kavango Zambeze (KAZA) fragmentação de manadas. Mediante a conjugação degradada e profundamente afectada pela caça
é a maior área de conservação internacional, cobrindo de forças, os cinco países podem combater de forma furtiva, e permitiu a recuperação de populações
de fauna bravia. A parceria entre a Autoridade para
44 milhões de hectares.
e a caça furtiva através da partilha de informações, a Fauna Bravia da Zâmbia, os sectores privados,

71
ONGs e as comunidades locais está a produzir
A CONSERVAÇÃO COMO CATALISADOR harmonizadas de aplicação da lei. Os movimentos dividendos. A instituição comunitária de fauna

DA INTEGRAÇÃO REGIONAL
de fauna bravia poderão ser facilitados mediante a bravia, Junta Comunitária de Recursos de Kahhare,
remoção dos milhares de quilómetros de vedações recebeu US$20,000 como quota-parte das receitas
DESDE 1998, que impedem o movimento histórico de animais. de caça na GMA, valor que se prevê venha a

FORAM CRIADAS zonas húmidas e savana, albergando 44 por cento Isto dependerá de forma crítica da capacidade de triplicar em 2012.
atrair investidores para proporcionar o progresso
NA NAMÍBIA 71 MODELO DE CONSERVAÇÃO DA NAMÍBIA
dos elefantes do continente africano, e um total
de animais estimado em 325,000. Os pontos de económico às pessoas que vivem nas áreas de

ENTIDADES DE destaque incluem zonas de atracção turística de conservação, e a partilha, entre as comunidades
A Lei (versão revista) da Conservação da Namíbia
locais, dos benefícios provenientes do turismo.
CONSERVAÇÃO
renome como as Cataratas de Vitória (as maiores de 1996 conferiu poderes às comunidades rurais
quedas de água do mundo), e o Delta de Okavango. Os programas de gestão comunitária de para que assumissem a responsabilidade e
A KAZA foi criada em Agosto de 2011 nos termos recursos naturais (CBNRM) a nível da África
de um tratado assinado pelos presidentes dos cinco Austral demonstraram que com a atribuição de mediante a atribuição de direitos sobre as receitas
países, para possibilitar a gestão, em regime de responsabilidades às comunidades rurais e a da caça e turismo em terras comunais.
colaboração, do rico património natural da região partilha de benefícios provenientes do turismo e do
Os resultados excederam as expectativas. Desde
num espírito de integração regional e de cultura de uso sustentável da fauna bravia, é possível atingir os
1998, foram criadas na Namíbia mais de 71
paz. A área de conservação visa melhorar os meios objectivos comuns de conservação da biodiversidade
instituições de gestão de recursos naturais,
de subsistência de 2.5 milhões de pessoas que e melhorar os meios de subsistência.
conhecidas por entidades de conservação. As
vivem nas regiões das bacias dos rios Okavango e A criação do projecto da Área de Gestão de Caça comunidades rurais passaram a assumir a
Zambeze na África Austral. de Mufunta (GMA), cobrindo 541 mil hectares a responsabilidade pela gestão sustentável da fauna

44
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África

bravia em quase 15 milhões de hectares de terras, o 1600


1400
equivalente a cerca de 18 por cento da área do país.
1200
Os resultados foram impressionantes – tendo 1000
800 1995
a recuperação das populações de fauna bravia,
600 1998
atingido números salutares ao longo de grandes
400
áreas (Figura 30). As receitas de empresas CBNRM 2004
200
dentro e fora das zonas protegidas corresponderam 0
2007

a mais de 45 milhões de dólares da Namíbia Órix Antílope Gnu Elefante Veado Avestruz Ruão Cefo Gazela Javali
africano do Cabo sul-africana
ou USD6.4 milhões em 2010 (Figura 31). Com
o aumento dos investimentos em empresas
de turismo na modalidade de associação em
Estimativa de
participação entre companhias privadas e as populações de
comunidades, os residentes da zona gozam de uma caça na Área de
gama de oportunidades sociais e económicas e de Conservação de
benefícios de recursos de fauna bravia – incluindo o Nyae Nyae
desenvolvimento de conhecimentos e de modos de do censo de caça
50
vida, emprego e nutrição melhorada. aéreo (1995, 1998,

40

30 locais de 1995 a 2007


As receitas dos
(NACSO, 2008)
CBNRM na
20
Namíbia
aumentaram de CBNRM
zero em 1994 10
Não numerário
para quase N$46
0 Numerário
milhões em 2010
(NASCO, 2011) 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010

45
ESTUDO DE CASO

3
CASOS EMBLEMÁTICOS DE ÁFRICA:
SUCESSOS E DESAFIOS DA CONSERVAÇÃO
Distribuição e
rinoceronte
populações de
rinoceronte preto
(Emslie 2011). As
As medidas de conservação estão a dar resultados entre
algumas das mais conhecidas e emblemáticas espécies de África –
mas as ameaças persistem, e algumas das espécies permanecem
em situação de grave risco.

GORILAS MONTESES
© Martin Harvey / WWF-Canon

(Gorila beringei beringei)

As duas populações de gorilas monteses


remanescentes (Gorilla beringei beringei) encontram-
se em parques nacionais que se estendem pelas
600
fronteiras do Uganda, Ruanda e República
Democrática do Congo. A área que circunda os parques
500
é a mais densamente povoada em África, o que dá azo

400
de espaços e recursos (Blomley et al, 2010).
Mudança na
A espécie é tida como em Perigo Crítico na Lista abundância 300

Vermelha da IUCN. Estima-se que haja menos de de populações


790 membros da espécie que permanecem nas matas de gorilas 200

(IGCP, 2012). Os gorilas são ameaçados pela caça monteses de


1972 a 2010
furtiva e perda e degradação do habitat; pressões 100
(com base em
essas exacerbadas pela pequena e fragmentada área
Pomeroy e
de actividade da espécie. Nos últimos anos ocorreram 0
declínios entre a população individual, principalmente Pomeroy, 2006,
1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010

entre grupos não habituados que formam


aproximadamente 30 por cento da população que não Pomeroy e
Jovem gorila montês, Ruanda é utilizada para turismo e pesquisas (Robbins, 2008).

46
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África

790
ESTIMA-SE
QUE MENOS DE
790 GORILAS
O gorila montês permanece em situação
frágil devido ao ressurgimento da caça PERMANECEM RINOCERONTE PRETO
NA SELVA
(Diceros bicornis)
furtiva e de matanças em anos recentes.
A exploração petrolífera surge como O rinoceronte preto é uma das ‘cinco
uma nova ameaça no Parque Nacional de grandes’ espécies no coração da indústria do
Virunga. turismo de fauna bravia em África. Todavia,

2011
apesar de um aumento em quase o dobro desde
Um aspecto encorajador. Os números
1991, os números de rinocerontes pretos são de uma
forma alarmante baixos, havendo menos de 5,000
A SUBESPÉCIE DE
da década de 80 (Figura 33), dado que a
animais desta espécie em Perigo Crítico ainda vivos
monitorização intensiva das populações permitiu
RINOCERONTES
(IUCN SSC AfRSG, informação pessoal). Em África,
protecção contra caçadores furtivos. Este aumento
as tendências populacionais variam (Figura 32).
PRETOS EM
é também devido à intervenção de serviços
Em países da África central e ocidental, um grande
de veterinária e à mudança de percepções da
PAÍSES DA ÁFRICA
número de populações dessa espécie baixou até à
comunidade local quanto ao valor da espécie. No
extinção. Em outras zonas, especialmente África do
OCIDENTAL FOI
Uganda, as autoridades e as ONGs adoptaram uma
Sul e Namíbia, há indícios do aumento e recuperação
abordagem de desenvolvimento comunitário para
DECLARADA
da espécie. A subespécie existente na África
conservação dos gorilas. Trata-se de uma
Ocidental (D. bicornis longpipes) foi recentemente
declarada como extinta (Emslie, 2011).
EXTINTA EM 2011
à deslocação de pessoas motivada pela listagem O rinoceronte preto está ameaçado pela caça furtiva,
e pela perda e degradação do habitat, o que resulta
na fragmentação das suas zonas. Houve um aumento
As comunidades locais estão autorizadas a ter acesso
da procura de pontas de rinoceronte para uso
tradicional e não tradicional em virtude da expansão
receber uma parte dos lucros obtidos com a venda
das economias asiáticas. Entre 2006 e 2009, o
de licenças para passeios em áreas habitadas por
continente africano perdeu 1,439 pontas, as quais
gorilas. Isso proporciona receitas para a construção
acabaram por ser transaccionadas em mercados Rinocerontes pretos, Parque Nacional Etosha, Namíbia
de escolas, infra-estruturas e meios para cuidados
ilegais (Milliken et al., 2009).
médicos. A abordagem resultou numa percepção
mais positiva sobre os parques por parte das pessoas O encorajamento dado à gestão local através de Privadas – tais como as que estão a ser postas
da zona, e tem contribuído para atenuar as ameaças investimentos em áreas que albergam núcleos de em prática na África do Sul, Quénia e Namíbia
enfrentadas pelos gorilas (Blomley et al., 2010). populações de rinocerontes provou ser um caso – proporcionam benefícios às comunidades e
No Uganda, o turismo envolvendo o gorila montês bem-sucedido no que se refere ao aumento de encorajam as pessoas a ter em apreço os interesses
passou a ser a maior fonte de receitas desse sector. rinocerontes pretos em África. As Parcerias Público-

47
ESTUDO DE CASO

4
FLUXOS ECOLÓGICOS NA
BACIA DO ZAMBEZE
A bacia do Zambeze é a quarta maior entre as 60 bacias internacionais uma iniciativa em parceria que foi concebida no
contexto de uma abordagem integrada da gestão
existentes em África, com uma captação de 1.3 milhões de quilómetros
de recursos hídricos. Trata-se de um programa
quadrados, estendendo-se por oito países: Angola, Botswana, Zâmbia, que tem como objectivo o restabelecimento de
Zimbabué, Tanzânia, Malawi, Moçambique e Namíbia.
para proteger ecossistemas de água doce e de
estuários assim como os benefícios humanos

RECURSOS HÍDRICOS PARTILHADOS


de barragens hidroeléctricas na bacia do Rio
O Rio Zambeze proporciona serviços vitais às
Zambeze tendo em vista a Gestão de Descargas de
populações dos países da bacia, incluindo apoio
Fluxos Ecológicos (EFR) que simulem tendências

água doce e marítima; extracção de água para


de zonas de recursos de água doce da bacia

produção de electricidade.

A necessidade de se “manter um equilíbrio ecossistema.


adequado entre desenvolvimento de recursos
Estudos técnicos indicam ser possível pôr em
tendo em vista padrões de vida mais altos,
e a conservação e valorização do ambiente
produção de energia hidráulica e os respectivos
como forma de promover o desenvolvimento
benefícios socioeconómicos, incluindo um melhor
sustentável” foi reconhecida pelos signatários da
controlo de cheias periódicas que presentemente
versão revista do Protocolo relativo a Cursos de
constituem uma importante fonte de risco na
Água Partilhados na Região da Comunidade de
bacia. Este estudo realça o potencial de cooperação
Desenvolvimento da África Austral (SADC).

O Programa Conjunto de restauração dos atribuição de água a diferentes utilizadores e para


Fluxos Ecológicos da Bacia do Rio Zambeze é diferentes funções numa bacia transfronteiriça.
Aldeão fazendo-se transportar numa canoa, Rio Zambeze

48
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África

TANZÂNIA

REPÚBLICA ZÂMBIA
DEMOCR ÁTICA DO

3
ANGOLA CONGO

As principais
zonas húmidas
MALAWI

1 A construção
do Zambeze incluem
o Kafue Flats e a
de barragens 3
para produção de do Alto Zambeze, da
energia, incluindo qual fazem parte as
Bacia
em Kariba e Cahora hidrográfica planícies de Barotse
Bassa no principal
do Barotse
1 e Caprivi-Chobe.
ponto estreito As extensas zonas
do rio, alterou húmidas constituem
substancialmente a 3 1 Cahora
Bassa
o suporte da pesca,
hidrologia da bacia e da agricultura
os regimes de caudal, de recessão e dos
Bacia Kariba
pastos; assim como
2
hidrográfica de
Caprivi- Chobe de importantes
consequências
ecológicas, populações de fauna
NAMÍBIA
económicas e sociais. Delta do bravia e grandes
Zambeze concentrações de
Estão planeadas
mais barragens pássaros aquáticos.
hidroeléctricas face à Em 1999, o valor
crescente procura de económico directo
electricidade a nível com base no uso
consuntivo do
2
da região.
complexo alargado
Delta do Zambeze: A mudança nas descargas do rio, na sequência da zona húmida do
do encerramento da barragem de Cahora Bassa em 1974, deu azo a uma Barotse estimava-
redução dramática na captura de camarão ao largo da costa. A gestão se em US$400 por
das descargas da barragem para se reduzir os caudais da estação seca e agregado familiar
(Turpie et al., 1999).
juvenil para o Banco de Sofala, tendo como resultado o aumento da
produtividade da pesca com um valor de US$30 milhões dentro de dois
anos (a preços de 1997) (Hoguane 1997).

49
ESTUDO DE CASO

5
LAGO NAIVASHA Rio

Um dos poucos lagos de água doce na África Oriental, o Lago Naivasha,


localizado na parte alta do Grande Vale do Rift do Quénia, está no centro de
uma próspera economia agrícola assente nos seus valiosos recursos hidráulicos.

PARTILHANDO BENEFÍCIOS E RISCOS


Da zona alta de captação ao lago e zonas húmidas
adjacentes, a água na bacia do lago constitui um recurso
partilhado – em relação ao qual numerosas entidades
reclamam direitos, desde pequenos proprietários,

fauna bravia. O lago de águas pouco profundas e as


zonas pantanosas circundantes albergam mais de 350
espécies de pássaros aquáticos, tendo sido reconhecidos
desde 1995, ao abrigo da Convenção de Ramsar, como
zona húmida de importância internacional.

A actividade agrícola na bacia expandiu-se de forma BACIA DO LAGO


dramática, quer nas pequenas propriedades agrícolas NAIVASHA

rurais da zona alta de captação, quer nas propriedades


de horticultura comercial em redor do lago. O sector
constitui a base de uma economia local de apoio a cerca
de 650,000 pessoas.

Uma conjugação de factores faz do Lago Naivasha


um dos melhores lugares do mundo para a produção

o baixo nível de precipitação, os solos férteis e a


proximidade de um aeroporto internacional através do
qual se pode facilmente chegar a mercados europeus,
Plantando rebentos na zona alta de captação permitiram a transformação da região de Naivasha

50
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África

naquilo que é considerado como o coração do sector de É muito provável que o aumento da extracção a níveis
urbano e agrícola, a par da subida de temperaturas e de
variações climáticas, venham a afectar a recorrência e a
A agricultura comercial tornou-se o pilar da economia
severidade dos períodos de crise.
local, atraindo dezenas de milhar de trabalhadores,
quer nacionais, quer de outras regiões, e contribuindo As partes intervenientes na bacia exploram novas
anualmente com centenas de milhões de dólares para a formas de trabalho em conjunto no âmbito da Lei de
economia do Quénia 2002 sobre a Gestão de Águas do Quénia. A lei sublinha

A área representa mais de 70 por cento das exportações


e estipula a criação de associações de utilizadores de
recursos hidráulicos (WRUA).
actividades de agricultura na bacia representam cerca
de 20 por cento das exportações de hortícolas. Uma iniciativa coroada de êxito foi o projecto-piloto
denominado “Pagamento Equitativo por Serviços
Ao longo dos últimos 50 anos, ocorreram mudanças
de Água”, apoiado pela CARE e pelo WWF. Através
das WRUA, o projecto estabeleceu a ligação entre os
consumidores comerciais de água em redor do lago e
arborizadas em pequenas parcelas agrícolas. O aumento
565 pequenos agricultores. Os membros da Associação
da subdivisão de lotes de terras ao longo de gerações,
de Utilizadores de Recursos Hidráulicos do Lago
Naivasha (LANAWRUA) patrocinaram as WRUA de
base de recursos naturais – resultando numa quebra
Wanjohi e do Alto Turusha, no âmbito da reabilitação e
de produtividade da terra, no aumento do escoamento
manutenção de zonas ribeirinhas, plantação de árvores
de sedimentos e em alterações hidrológicas. A par do
e diminuição do uso de fertilizantes.
declínio da produtividade de terras e da falta de acesso a
conhecimentos técnicos, os agricultores não procederam a Os 565 agricultores da zona alta de captação
mudanças de práticas agrícolas que há muito se tornaram envolvidos nessas actividades foram recompensados
necessárias. Simultaneamente, as descargas de águas com notas de crédito que podiam ser usadas para a
residuais municipais e o retorno de caudais de irrigação compra de insumos de produção agrícola e bens de
provenientes de propriedades agrícolas constituem uma consumo básicos. Isto permitiu que esses agricultores
ameaça à qualidade de água do lago. transformassem a forma como levam a cabo as suas
actividades agrícolas, em proveito próprio e em
As mudanças nos níveis do lago, inclusivamente como
benefício de outros consumidores de água e do meio
ambiente.
porém graves, de poluição, vieram realçar a forma como
as partes intervenientes na bacia estão vinculadas a Embora ainda na fase piloto, o projecto constitui
Água de irrigação de estufas recolhida em canais de escoamento,
um tecido de riscos entrelaçados que por sua vez estão região do Lago Naivasha, Quénia.
associados a serviços hidráulicos nessa bacia. utilizadores de recursos hídricos, desde a zona alta

51
ESTUDO DE CASO

6
AS ÁREAS MARINHAS
PROTEGIDAS DE ÁFRICA
Em África, uma nova geração de áreas marinhas águas costeiras de Madagáscar, a maior parte cerca de metade da faixa costeira de 200 km entre
deles a operar a 10 quilómetros da costa. Os Maromena/ Befasy e Ambohibola. Ao longo dos
protegidas de objectivos múltiplos (AMP´s), cujos recifes coralinos do sudoeste de Madagáscar, anos, auxiliares residentes trabalharam com as
tamanhos vão de apenas alguns hectares a milhares de importância global, sustêm uma das mais comunidades para uma melhor compreensão das
de quilómetros quadrados, permite a conservação da produtivas pescas e providenciam o principal suas necessidades e preocupações, o que resultou
rendimento das populações locais – especialmente na organização de comités de gestão representando
biodiversidade, receitas de turismo e pesca melhorada. em épocas de seca. Porém, espécies de valor diferentes linhagens familiares. Entre outras, os
económico, como o polvo e a lagosta, correm agora comités levaram a cabo actividades sanitárias e de

59,000
o perigo de uma exploração excessiva, ao passo comunicação a nível de aldeias, tendo estendido a
AMPS E MEIOS DE SUBSISTÊNCIA que outras, como o pepino-do-mar, praticamente sua acção a comunidades vizinhas.
desapareceram de algumas zonas.
A melhoria da saúde do ecossistema de recifes, na
ACTIVIDADES
década, incluem as de Saint-Louis, Cayar, Joal-
O BAD apoia iniciativas-piloto em gestão sequência da adopção de medidas de gestão local
Fadiouth, Bamboung e Abéné no Senegal. Foram
PESQUEIRAS
comunitária de pescas na zona do sudoeste. Estão
criadas sob os auspícios do programa regional de
a ser colhidos resultados dessas iniciativas que piscícolas dadas como perdidas, e na redução
TRADICIONAIS
conservação marinha e costeira, PRCM, em estreita
irão informar os esforços dos Parques Nacionais de de espécies associadas a recifes não saudáveis.
cooperação com a Comissão Sub-regional de Pescas,
PROPORCIONAM
Madagáscar para criar grandes MPA de utilidade Os pescadores deram conta de que as capturas
o Parque Nacional das Quirimbas em Moçambique,
múltipla a sul de Toliara, assim como a elaboração de espécies muito apreciadas, como a lagosta,
MEIOS DE
e as Ilhas Príncipe Edward pertencentes à África
de um quadro jurídico regional. Auxiliada e apoiada aumentaram 1,5 – 4 vezes mais. Entre 2009 e 2010,
do Sul. Regimes de gestão menos formais, criados a
SUBSISTÊNCIA A
por ONGs tais como o WWF, Blue Ventures e a houve uma quebra de 75 por cento nas infracções
nível local, também estão a dar fruto.
Wildlife Conservation Society, a abordagem da à lei, e as práticas de pesca destrutiva deixaram de
59,000 PESSOAS EM Áreas marinhas de gestão local no sudoeste área marítima de gestão local (LMMA) conjuga ocorrer em duas áreas.

MADAGÁSCAR
de Madagáscar o planeamento comunitário e a regulamentação

Estima-se que 59,000 pescadores e mulheres


do uso de recursos, incluindo um forte sistema de
monitorização das alterações da produtividade
PIONEIROS DE CRÉDITOS DE “CARBONO AZUL”
participam em actividades de pesca marinha nas O crescente apreço pela questão do sequestro
pesqueira e do estado dos recifes.
de carbono por ecossistemas costeiros cria a

às comunidades foi crucial para uma melhor gestão mangal, e melhorar os meios de vida costeiros
das pescas em quatro áreas de gestão, cobrindo mediante o pagamento de serviços ambientais. Os

52
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África

mangais sequestram e armazenam carbono cinco

e as zonas húmidas costeiras (mangais, ervas


marítimas e pântanos salgados) contribuem com 71
por cento de todo o armazenamento de carbono em
sedimentos oceânicos (Nellemen et al., 2009).

“Mikoko Pamoja” é um projecto de viabilidade de


pequena escala na Baía de Gazi, no Quénia, tendo
Mangais, um sistema vital
sido concebido para melhorar a produtividade A zona costeira do continente
africano possui 15 por cento
comunidades locais. Os parceiros do projecto dos mangais de todo o mundo.
planeiam replantar nos próximos 20 anos 0.4 ha/ Os mangais situam-se em
ano em áreas sujeitas à amplitude das marés e aproximadamente 10 000 km² da
que tenham sido degradadas, gerando créditos de orla costeira do Oceano Índico
e do Canal de Moçambique
restauração e apoio a projectos de desenvolvimento (Spalding et al., 1997) e em 20
000 km² na zona litoral do
Oceano Atlântico (UNEP 2007).
replantado. Para além de contribuírem
para o sequestro do carbono,
Executado pelos Serviços de Pesca Marinha do os mangais desempenham um
Quénia e por parceiros, o projecto da Baía de Gazi papel crucial na economia da
está na dianteira de esforços destinados a gerar região, como viveiros de pesca,
créditos de carbono azul. O WWF e parceiros fontes de madeira e de produtos
exploram oportunidades de alargar este trabalho
piloto à região oeste e a outras mais distantes no como tampão contra a erosão
Oceano Índico, trazendo benefícios aos habitantes costeira.
da zona costeira e às comunidades no seu todo.

53
ESTUDO DE CASO

7
RUMO A UM FUTURO COM BAIXO TEOR DE
CARBONO –– ENERGIAS RENOVÁVEIS EM ÁFRICA
poderia servir as próprias necessidades da região.
e ajudar a catalisar o crescimento verde através da O Plano Solar Mediterrânico (PSM), no âmbito da
em toda a África, trazendo soluções imediatas e a longo criação de postos de trabalho e do estímulo a energias iniciativa União para o Mediterrâneo (UfM), pretende
prazo para a questão da pobreza energética do continente, renováveis fora da rede nacional a nível da grande explorar o potencial de energia renovável do Norte
e minimizando as emissões de gás de efeito de estufa. economia. Tenciona ainda mobilizar e canalizar de África, e passar a ser uma central eléctrica global
de energia verde. A ESC também pode fazer face

19
ao desenvolvimento da capacidade das energias à crescente procura na região e em outras partes,
PLANO DE ACÇÃO DE BAIXO TEOR renováveis e do fornecimento de energias verdes.

DE CARBONO A par disso, o Plano de Acção Sul-africano de Baixo


misto energético de produção de energia. Poderá
também alimentar as oportunidades de crescimento
A ÁFRICA DO Como país extremamente vulnerável aos impactos
Teor de Carbono (WWF, 2011) constitui uma proposta
de plano ou ferramenta de planeamento nacional
verde através da obtenção a nível local de

SUL PLANEIA a água, as doenças, a segurança alimentar e a


concebida para descortinar o quê, o quando e o como
equipamento, componentes e serviços.

ADICIONAR 19 migração ambiental como áreas chave em que as


da criação de uma economia de baixo teor de carbono.
A atribuição do orçamento de carbono envolverá
Marrocos possui a maior proposta de capacidade
no contexto dos países da região MENA, estando
GW DE ENERGIA de desenvolvimento existentes. Ao mesmo tempo,
contrapartidas entre as diferentes actividades, o presentemente a planear uma das maiores unidades

RENOVÁVEL À com uma economia movida por electricidade


que terá implicações de grande alcance. O plano
está a ser a realizado através de um processo de
de produção de ESC a nível mundial. Lançado em
Novembro de 2009, o Plano Solar de Marrocos
REDE NACIONAL gerada a carvão e com uma indústria de base
energética intensiva e um sector mineiro a contribuir
colaboração envolvendo todas as partes interessadas. constitui o pilar da estratégia do país em energias

ATÉ 2030 A contribuição para o desenvolvimento será o factor


principal a ter em consideração para se determinar as
renováveis e de mitigação das mudanças climáticas.
Orçado em US$9 mil milhões, o Plano Solar prevê
venha a ser penalizado por mercados globais que a encomenda de 5 unidades de produção de energia
actividades emitentes às quais será concedido espaço
começam a evitar produtos e serviços com grande solar entre 2015 e 2020 – com uma capacidade total
a nível do orçamento nacional de carbono.
teor de carbono. de 2000 MW. Com investimentos do BAD, a Fase 1
Energia solar concentrada
A Iniciativa Sul-Africana de Renováveis (SARi) tem do ambicioso Projecto Ouarzazate 500 MW ESC visa
como objectivo apoiar o desenvolvimento rápido de O consumo de electricidade na região do Médio desenvolver 125-160 MW de ESC de um total de 500
energias renováveis em larga escala no cumprimento Oriente e Norte de África (MENA) conta-se entre MW planeados no âmbito de uma parceria público-
do Plano de Recursos Integrado da África do Sul (IRP, os de crescimento mais rápido a nível mundial. A privada envolvendo a agência pública marroquina
2010) que prevê adicionar 19 GW de energia renovável par disso, a região possui um enorme potencial de de energia solar (MASEN).
à rede nacional até 2030. A iniciativa tem como produção de energia solar concentrada (ESC) que

54
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África

MDL
O MDL PODE
GERAR
FINANCIAMENTOS
PARA ENERGIAS
MAIS LIMPAS
EM ÁFRICA
Energia hidráulica Fogões de Combustível Melhorados

Desde 2008, com a ajuda do BAD, Mais de um milhão de sacos de carvão são queimados
a Central de Energia Hidroeléctrica anualmente para satisfazer as necessidades
de Sahanivotry, de capitais privados, energéticas de agregados familiares na cidade
situada em Madagáscar, tem ajudado o país a fazer de Goma, no leste da República Democrática do
Congo. Apesar de haver soluções promissoras para
necessidades em energia eléctrica de uma forma

Sahanivotry, Província de Antananarivo, a central Pessoas Deslocadas Internamente (IDPs) exigiu uma
de energia hidráulica de Sahanivotry tem uma
capacidade instalada de 15 MW, com uma média Os parceiros da conservação e desenvolvimento que
de produção bruta de 90 GWh. Contribui com 10 trabalham com o ACNUR/UNHCR adoptaram uma
por cento da electricidade da ilha com recurso à estratégia com duas vertentes.
energia hidráulica, alimentando a rede de Antsirabe
No que se refere à procura, foram treinados artesãos
e Antananarivo, que por seu turno alimenta a rede
regional de Antananarivo, a capital de Madagáscar.
feitos com barris de metal e argila. Mais de 7,500
Com custos mais baixos do que uma central térmica
fogões foram fabricados desde Novembro de 2008
de tamanho equivalente, a central de Sahanivotry
para distribuição em campos de IDPs e para venda em
ajudou a aumentar em 50 por cento as ligações a
Goma a US$5 cada. O fabrico de fogões criou cerca de
consumidores a preços acessíveis.
160 postos de trabalho, havendo ainda benefícios em
Em Agosto de 2010, a Central de Sahanivotry obteve termos de manutenção, distribuição e venda.
permissão para vender créditos de carbono através
Relativamente à oferta, o programa EcoMakala
do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL)
do WWF trabalhou com as comunidades locais no
da UNFCCC: o primeiro projecto MDL registado em
Madagáscar, e um dos apenas 48 projectos registados
a lenha comercial como alternativa viável à extracção
em África. O BAD, que contribuiu com metade dos €13
ilegal de lenha. Nos últimos cinco anos, foram
milhões necessários para a construção da central em O BAD apoiou o desenvolvimento da Central Termo-Solar de Ciclo Combinado
plantados aproximadamente 6,000 ha de zonas
2007 e 2008, orientou a empresa operadora, Hydelec, de Aïn Béni Mathar em Marrocos
ao longo do rigoroso processo de registo MDL.

55
3
CONCLUSÕES
E CHAMADAS
À ACÇÃO
57

© WWF-Canon / Simon Rawles


WATER SCARCITY
CHAMADA À ACÇÃO

INTRODUÇÃO
As escolhas que forem feitas hoje, em relação à África tem opções na escolha das rotas do seu conhecidas. Com base nas análises e no crescente
desenvolvimento. Uma abordagem mais sustentável conjunto de experiências resumidos nas seções 1 e 2
e equitativa de desenvolvimento do que as adoptadas
oportunidades e opções da humanidade pelo futuro adiante. em outras partes do mundo poderá gerar benefícios estratégias complementares para gerir o crescimento
em termos de segurança ambiental, bem-estar e e impacto da Pegada Ecológica em África através
maior competitividade.
© Martin Harvey / WWF-Canon

que aumente, simultaneamente, a resiliência dos


A procura da humanidade pelos recursos vivos do
ecossistemas. As abordagens e medidas propostas
mundo, a sua Pegada Ecológica, aumentou mais
nas seções seguintes podem também contribuir para
do dobro desde 1961 e agora excede a capacidade
a mitigação das emissões de carbono e a adaptação
regenerativa do planeta em cerca de 50 por cento.
em face das mudanças climáticas.
Os serviços derivados dos ecossistemas e dos quais
dependemos para os nossos meios de subsistência e Construir uma economia sustentável exigirá
bem-estar estão sendo degradados em consequência esforços concertados desde o nível local ao nacional
da nossa procura cada vez maior de recursos e em todos os sectores, que alterem a forma como
naturais, o que aumenta a nossa vulnerabilidade
aos choques económicos e ambientais. conjunto. Muitas das acções e estratégias descritas
nas páginas seguintes requerem a tomada de
medidas por parte dos governos, que vão desde
biocapacidade – em que a Pegada Ecológica
a orientação política e legislação necessária para
ultrapassa a biocapacidade doméstica disponível
uma melhor governação. Outros poderão descobrir
– mas se continuarmos com a ‘atitude habitual’,
o seu ponto de partida na inovação a nível local,
o continente num todo confrontar-se-á com um
nas preferências expressas de compradores,
consumidores ou investidores, ou no sector privado.
do cidadão médio africano seja menor que o de
muitos dos seus homólogos mundiais, um número
crescente de países africanos está já a usar os seus
recursos naturais mais rapidamente do que eles
podem ser renovados e a esgotar seu capital natural.
A Avaliação dos Ecossistemas do Milénio mostrou
que a perda de serviços dos ecossistemas está a
prejudicar os esforços nacionais e regionais para
atingir os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio
de reduzir a pobreza, fome, doença e desigualdade de
género A boa notícia é que muitas das soluções já são
A floresta na parte ocidental da bacia do Congo, à beira da Reserva Minkebe, no Gabão

58
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África

© Brent Stirton / Getty Images


O Crescimento Verde
O Banco Africano de Desenvolvimento está
crescimento. As condições e realidades para que esse
desenvolvimento seja possível no século 21 são muito abordagem estratégica para o Crescimento
diferentes daquelas do século 20. As economias cada Verde e Inclusivo em África. Em destaque está
vez mais interligadas e baseadas-no-conhecimento a adaptação do conceito do Crescimento Verde
apresentam novas oportunidades e caminhos para o
desenvolvimento, enquanto a poluição, os resíduos, a desenvolvimento da abordagem estratégica foca-
degradação do meio ambiente e a mudança do clima se na criação de uma infraestrutura sustentável,
na gestão dos recursos de África de maneira
o Relatório da Pegada Ecológica, à escala global os
processos de desenvolvimento precisam de se tornar resiliência dos meios de subsistência e dos
sectores económicos às mudanças ambientais e
de crescimento mais resilientes, para que possam socioeconómicas. O conceito de Crescimento
ser satisfeitas as necessidades de um mundo com Verde para África deve ser guiado por um
população em crescimento. Tal exige uma transição destaque para o crescimento centrado no
para uma economia mais verde, mais sustentável e desenvolvimento, na redução da pobreza e na
para um modelo de desenvolvimento inclusivo. sustentabilidade, com uma forte orientação para
o cliente. Os princípios operacionais
Para a África, a prioridade é desenvolver
fundamentais para permitir o Crescimento
a segurança dos meios de subsistência e a
Verde são a inclusão, a promoção do género e
prosperidade económica. Promover o Crescimento
do crescimento económico a favor dos pobres,
e abraçar uma abordagem participativa que
desenvolvimento existentes e emergentes sem se
procure alinhar as habilidades e vantagens
limitar às vias de desenvolvimento que esgotam o
comparativas dos vários intervenientes a nível
capital natural do continente e deixam as economias
nacional, regional e global. Neste cenário, o
e meios de subsistência mais vulneráveis às
Banco Africano de Desenvolvimento deverá agir
alterações climáticas e a outros riscos ambientais,
como um catalisador e líder na transição para
um Crescimento Verde em África, facilitando
biocapacidade existente em África num valor activo
o acesso à informação e ao conhecimento, à
e numa vantagem para o desenvolvimento
sustentável e a prosperidade.

Uma mulher regando as plantas no viveiro florestal, no planalto de Shimba, Quénia

59
WATER SCARCITY
CHAMADA À ACÇÃO

AUMENTAR A BIOCAPACIDADE GARANTINDO


SIMULTANEAMENTE A SEGURANÇA ECOLÓGICA
A resiliência ecológica e a biocapacidade podem ser As medidas para assegurar o acesso das futuras paisagens que as rodeia, com a participação
gerações a recursos naturais, e garantir a segurança efectiva das comunidades locais
reforçadas através de uma série de medidas incluindo as adequada para todos incluem:
boas práticas agrícolas, o restauro de terras degradadas, o
uso prudente dos recursos hídricos limitados no contexto da e gestão a todas as escalas, de modo a reconciliar de meios de subsistência e fornecem serviços
gestão das bacias hídricas e a gestão do ecossistema. e equilibrar o desenvolvimento e a conservação,
mantendo ao mesmo tempo os serviços vitais dos populações locais tanto como as mais distantes.
ecossistemas.
Enraizar princípios e práticas de boa governação
bens e serviços de que nós dependemos, temos
é uma pré-condição para o desenvolvimento de Preservar e proteger os ecossistemas que
África. As iniciativas ilustradas nos estudos de casos fornecem serviços ecossistemáticos-chave,

AS FLORESTAS acima destacam como a maior integração regional,


a coordenação interministerial, a capacitação da
necessários para se obter segurança de alimentos,
água e energia. As medidas que podem ajudar a deter e inverter
EM ÁFRICA comunidade e o envolvimento de actores não-
Reforçar e investir consideravelmente nos
SUSTÊM DEZENAS estatais podem mobilizar as partes interessadas a
todos os níveis para uma melhor gestão do capital
processos governamentais responsáveis pela Investir numa administração saudável

DE MILHÕES DE natural. É evidente que será necessário um cuidado


alocação de recursos e sua gestão sustentável,
(alimentos, medicamentos, madeira, materiais
MEIOS DE especial para garantir que os recursos naturais
de África venham a proporcionar benefícios
e da água, a nível nacional e entre países, tanto de construção, etc.) e serviços (preservação das

SUBSISTÊNCIA equitativos e sustentáveis. O processo de Aplicação


como no alto mar.
prevenção de erosão, e sequestro de carbono).
da Legislação do Sector Florestal e Governação em Encorajar o investimento na restauração e
África é exemplo do compromisso de alto nível que reabilitação da base de recursos ecológicos e Colaborar com o mecanismo REDD+ (Reduzir
é necessário para coibir o uso ilegal dos recursos. naturais das nossas economias, por exemplo,
os solos erodidos, corpos de água degradados, Florestal) no UNFCCC.
Investir na infraestrutura ecológica
Promover o uso de padrões ambientais e sociais
de África peixe sobre-exploradas e terras degradadas.
A longo-prazo, a segurança dos alimentos, da água
Promover reformas para assegurar o acesso tais como o Conselho de Protecção Florestal e
e da energia da humanidade está condicionada à
equitativo e a utilização sustentável dos recursos acabando com o comércio ilegal de madeiras.
gestão e conservação sustentável e equitativa do
naturais.
Gerir a água como o elo essencial no nexo de
pântanos, pastagens, savanas, oceanos e costas, Reforçar a resiliência estabelecendo sistemas segurança da água, energia e alimentos
sistemas de água doce e de biodiversidade.

60
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África

A água é a seiva dos ecossistemas, mas em África


e no mundo inteiro há uma competição cada vez
das Nações Unidas sobre os Cursos de Água
Internacionais (UN Watercourses Convention) práticas insustentáveis que prejudicam o ambiente
EM ÁFRICA E
maior pelos escassos recursos hídricos. como um quadro global para guiar e apoiar a e levam à perda de biodiversidade. EM TODO O
As medidas que podem ajudar a garantir um
cooperação sobre as águas transfronteiriças.
Promover melhores práticas de gestão e MUNDO, HÁ UMA
Oferecer maior protecção e apoio para a pesca
COMPETIÇÃO
CADA VEZ MAIOR
para todos sem prejudicar os serviços dos nas águas interiores e meios de subsistência os impactos e expandir conhecimentos de
ecossistemas incluem: dependentes da pesca, e investir em práticas e produção que ajudem a manter e restaurar

Gerir os ecossistemas de água interiores de modo


políticas de pesca sustentáveis para prevenir, ecossistemas saudáveis.
PELOS ESCASSOS
RECURSOS
controlar ou reverter a sobre-exploração.
Investir no apoio aos pequenos agricultores para

HÍDRICOS
qualidade da água sejam adequados para manter a Permitir a produção sustentável e o acesso a mercados maximizar a sua contribuição para a segurança
biodiversidade e os serviços dos ecossistemas. de alimentos e água, protecção ambiental e
Investir na produção sustentável será vital para
adaptação climática. As medidas deveriam incluir
Restaurar e salvaguardar os ecossistemas que satisfazer as necessidades de segurança alimentar
a divulgação do conhecimento e informação,
fornecem serviços essenciais relacionados com
incluindo serviços de extensão, sistemas de alerta
a água, incluindo ao longo dos rios, ao redor dos actualmente até um terço da população Africana.
relacionados com eventos climáticos extremos
lagos, nas montanhas e nas encostas íngremes e nas
As medidas para melhorar a segurança alimentar e assistência tecnológica devidamente concebida
áreas costais, tais como as cabeceiras, as várzeas, as
sem prejudicar os serviços ecológicos dos quais ela
depende incluem: rendimentos rurais.
aquíferos, vegetação ripária e mangais.
Capacitar os produtores para produzir de forma
Administrar, gerir e distribuir água dentro do
melhoria de rendimentos sobre a expansão sustentável através de apoio relacionado com
contexto da gestão integrada e participativa da
agrícola para novas áreas.

Investir na reabilitação de terras degradadas


abandonadas ou de baixo desempenho. As medidas reduzindo as perdas na fase pós-produção –
Desenvolver e investir em instituições e na
relacionadas, para reduzir impactos como a erosão incluindo investimento em armazenamento,
capacidade de gestão integrada dos recursos
e perda de solo incluem a construção de terraços, processamento e a melhoria de acesso aos
hídricos, incluindo a alocação de água para
plantio de árvores e capim, reabilitar cursos de mercados.
satisfazer as necessidades de todos os sectores
água e limpeza da poluição, e a adopção de técnicas
relevantes. Promover economia de água, encorajando o
tratamento e a reutilização de águas residuais
Reiterar o compromisso de cooperação
Transformar os actuais sistemas agrícolas
transfronteiriça em matéria de águas, incluindo
insustentáveis fechando ciclos de nutrientes,
aderir e efectivamente implementar a Convenção

61
CHAMADA À ACÇÃO

VIVER DENTRO DOS LIMITES DO PLANETA


Os três principais motores para o aumento da pegada em Colocar energias limpas / renováveis no efeitos externos ambientais e sociais da produção
coração de uma economia verde de energia.
Dada a necessidade urgente de proporcionar
a crescente procura de energia e a urbanização. Com a sua Investir no fornecimento sustentável de biomassa
e na utilização através de fogões para cozinhar e
relativamente baixa pegada per capita, a África está bem as empresas e a indústria, a energia terá um lugar
colocada para desenvolver rotas de utilização de recursos central na economia de baixo carbono do futuro.
O investimento no desenvolvimento de energia de
baixo carbono oferece oportunidades para a criação Adoptar, aplicar e cumprir as leis, regulamentos,
usando tecnologias conhecidas e de baixo custo. de emprego, inovação e empreendedorismo, bem políticas e normas da energia hidroeléctrica
como aumento de produtividade e competitividade.
ambientais, integração transsectorial e participação
© Martin Harvey / WWF-Canon

As seguintes medidas podem ajudar a assegurar


pública na tomada de decisões.

carbono e pegada: Adoptar e adaptar tecnologias novas e promover


a cooperação tecnológica.
Desenvolver uma visão de longo prazo para o
Investir em estilos de vida urbanos
energética e energias renováveis. sustentáveis
Até 2050, mais de 60 por cento da população da
África viverá em áreas urbanas e há necessidade
para permitir o investimento no fornecimento e
distribuição de energia de baixo carbono a escalas
relação à pegada nas cidades existentes e nas novas,
locais, nacionais e regionais.
para reduzir a intensidade do PIB na pegada, e para
Estabelecer metas nacionais para acabar com a gerir o impacto da pegada em áreas vizinhas. Tornar
pobreza energética e vulnerabilidade, atingindo as cidades verdes requer planeamento a longo-prazo
100 por cento de acesso a serviços de energia e um investimento considerável, mas poderá trazer
seguros, limpos e acessíveis até 2030. dividendos em termos do bem-estar dos cidadãos,
permitindo-lhes contribuir efectivamente para o
Promover o desenvolvimento limpo e contribuir
desenvolvimento social e económico.
para os esforços globais de redução de emissões,
As seguintes medidas podem guiar a transição para
energética do lado da oferta e incentivando uma cidades mais verdes e mais saudáveis:
cultura de poupança de energia do lado
Projectar cidades compactas ou policêntricas
da procura.
e gerar economias de escala agrupando serviços
Aumentar a contribuição das fontes de energia e infraestrutura.
Recolha de água nos arredores de Nairobi, Quénia renovável e limpa e prestar muita atenção a

62
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África

© Martin Harvey / WWF-Canon


Impôr regras de planeamento físico e zoneamento ainda maior num mundo de recursos limitados.
para limitar a expansão urbana e evitar a As políticas adequadas para atingir os objectivos
construção em áreas vulneráveis a subidas do
nível de mar, cheias ou deslizamentos de terra. Família, População e Desenvolvimento Sustentável
devem incluir as seguintes medidas:
Investir em sistemas de transporte colectivo para
reduzir poluição e congestionamento. Promover serviços de planeamento familiar
para dar opções às famílias tanto em relação ao
Promover o uso de materiais de construção

que podem desejar ter.

Promover os cuidados materno-infantis e, em


Promover a agricultura urbana e a gestão
particular, os serviços de saúde reprodutiva, para
sustentável de águas residuais para apoiar a
ajudar a baixar as taxas de mortalidade materna
agricultura periurbana, aumentando assim a
e promover cuidados de saúde da criança, para
segurança alimentar urbana e reduzindo custos e
reduzir o número de crianças, que morrem antes
desperdício de água e nutrientes.
de atingir os cinco anos de idade.
Fazer a gestão do consumo de água nas cidades
Investir mais na educação de meninas tendo em
e reduzir os riscos de água em áreas urbanas,
conta o elevado número de benefícios tanto em
nomeadamente através da protecção do
termos de bem-estar familiar como redução das
ecossistema a montante.
taxas de crescimento da população.

Promover intervenções para incentivar e


energética – inclusive para aquecimento,
aumentar as oportunidades e os rendimentos
arrefecimento e iluminação – através de
as mulheres africanas e dos jovens e promover
incentivos nos preços, rotulagem e sensibilização.
o empreendedorismo.
Integrar a reciclagem nos sistemas de gestão
Seguir políticas de crescimento económico a
de resíduos.
favor dos pobres para assegurar que os
Permitir escolhas relacionadas com o benefícios do crescimento económico sejam
aumento populacional compartilhados por todos.

o maior factor único para o crescimento da pegada


em África e em muitas outras partes do mundo.
Satisfazer as necessidades humanas e possibilitar
O desembarque do peixe de cauda amarela na África do Sul

63
CHAMADA À ACÇÃO

TER EM MENTE O
RESULTADO FINAL
A maneira como medimos o progresso e gerimos as Tomamos como certos os ecossistemas e os serviços Usar uma contabilidade de custos totais
que eles fornecem e, muitas vezes, acabamos para capturar os factores externos sociais
por reconhecer o seu valor apenas depois de os e ambientais
impactos que temos nos ecossistemas e nos serviços que perdermos. A maneira como medimos o progresso
Os modelos de contabilização de custos totais
deles derivam são negligenciados na tomada de decisões que capturem factores externos sociais e
estratégicas e nas transacções do dia-a-dia. O estudo limites ecológicos e os impactos que temos nos
ambientais associados com a produção e o consumo
ecossistemas e nos serviços que deles derivam são
permitir-nos-iam lidar com as causas em vez de
negligenciados na tomada de decisões estratégicas
lidar simplesmente com os sintomas de degradação
e nas transacções do dia-a-dia. A falha em
ambiental, e assegurar que estes sejam levados
contínua perda e degradação. contabilizar os valores dos ecossistemas é um factor
em conta em avaliações ambientais e avaliações
de mercado.
Incorporar o desempenho ambiental e
© Yoshi Shimizu / WWF-Canon

Desenvolver e implementar quadros de


a escassez de recursos em medidas de
incentivos para melhorar a actuação sobre
progresso social
o ambiente
As medidas existentes de progresso social, tais
como o PIB e o IDH não conseguem captar o Os instrumentos económicos, a par da
desempenho ambiental e a escassez de recursos. Ao regulamentação, podem ajudar a preencher a
nível nacional e global, o uso da Pegada Ecológica, lacuna entre as pessoas que geram externalidades
da biocapacidade, da Pegada da Água e do Índice ambientais e os que sentem os impactos, e
do Planeta Vivo como indicadores ambientais,
juntamente com medidas mais tradicionais, podem ambiental e os que abdicam das oportunidades.
ajudar-nos a medir o nosso progresso rumo à Estes instrumentos incluem penalidades para
sustentabilidade, e garantir que as estratégias o mau comportamento ambiental (‘o poluidor
nacionais de desenvolvimento contabilizem na paga’) e recompensas para aqueles que alteram
totalidade o estado dos bens activos naturais e o seu comportamento para conservar ou
ecossistemas e o seu papel em suster o bem-estar melhorar os serviços dos ecossistemas e proteger
humano e a actividade económica. a biodiversidade (“pagamento por serviços
ambientais”).

64
© Helen Morf / WWF-Canon
Duna de areia, Sossusvlei, Deserto do Namibe, Namíbia
ANEXO

A PEGADA ECOLÓGICA: AS PERGUNTAS MAIS FREQUENTES

O EXCESSO LOCAL Como é calculada a Pegada Ecológica? O que é Biocapacidade? aspectos de consumo de recursos e produção de
resíduos para os quais a Terra tem capacidade
OCORRE QUANDO A Pegada Ecológica mede as áreas de terra e de água
biologicamente produtivas necessárias para produzir
Biocapacidade é a capacidade dos ecossistemas
de produzirem materiais biológicos úteis e de
regenerativa, e onde existem dados que permitem

UM ECOSSISTEMA os recursos que uma pessoa, população ou actividade absorverem materiais residuais gerados por seres
que esta procura seja expressa em termos de área
produtiva. Por exemplo, emissões tóxicas não são
É EXPLORADO MAIS consome, e para absorver os resíduos por elas
gerados, dada a tecnologia predominante e a gestão
humanos usando regimes de gestão actuais e
tecnologias de extracção. A biocapacidade é
contabilizadas nas contas da Pegada Ecológica.

RAPIDAMENTE DO de recursos. Esta área é expressa em hectares globais medida em hectares globais (Global Footprint
Nem o são as retiradas de água doce, embora
a energia usada para bombear ou tratar água
QUE CONSEGUE (hectares com média mundial de produtividade
biológica). Os cálculos da Pegada utilizam factores da
Network, 2012).
esteja incluída. As contas da Pegada Ecológica

RENOVAR-SE curva de rendimento para comparar a produtividade


O que é um hectare global (gha)? fornecem instantâneos sobre a procura de recursos
e disponibilidade passadas. Elas não prevêem o
biológica dos países às médias mundiais (por Uma área ponderada pela produtividade usada
futuro. Assim, embora a Pegada Ecológica não
exemplo, comparando toneladas de trigo por hectare para relatar tanto a biocapacidade da Terra, como
faça uma estimativa de perdas futuras causadas
da Grã-Bretanha contra o hectare médio mundial) e a procura de biocapacidade (a Pegada Ecológica).
pela actual degradação dos ecossistemas, se esta
factores de equivalência para examinar as diferenças O hectare global tem uma produtividade igual
na produtividade média mundial entre os tipos de à produtividade média mundial das áreas
contas futuras como uma redução na capacidade
biologicamente produtivas da terra e água num
biológica. As contas da pegada também não indicam
contra média mundial de áreas agrícolas). Os determinado ano. Como os diferentes tipos de
a intensidade com que uma área biologicamente
resultados da Pegada e biocapacidade dos países terra têm diferente produtividade média, um
produtiva está sendo utilizada. Sendo uma medida
são calculados anualmente pela Global Footprint hectare global de, por exemplo, terras de cultivo,
biofísica, também não avalia as dimensões
Network (Rede Global da Pegada Ecológica). Os ocuparia uma área física menor do que a terra de
essenciais sociais e económicas da sustentabilidade.
governos nacionais são convidados a colaborar, para pastagem, uma vez que seria necessária mais área
melhorar os dados e a metodologia utilizados para de pasto para fornecer a mesma biocapacidade
a Contabilidade Nacional da Pegada. Até à data, a que um hectare de terra agrícola. Dado que a biocapacidade e a Pegada Ecológica de uma região
Suíça completou uma revisão, e Bélgica, Equador, bioprodutividade mundial varia um pouco de
Finlândia, Alemanha, Irlanda, Japão e os Emiratos ano para ano, o valor de um gha pode alterar-se Pegada de uma população excede a biocapacidade
ligeiramente de ano para ano (Global Footprint da área disponível para essa população. Por outro
revendo as suas contas. A supervisão do contínuo Network, 2012) lado, existe ainda um resto de biocapacidade
desenvolvimento metodológico da Contabilidade da quando a capacidade biológica de uma região
O que está incluído na Pegada Ecológica?
Pegada Ecológica é feita por um comité de revisão excede a Pegada da sua população. Se existir um
O que está excluído?
formal. O ‘paper’ sobre os métodos detalhados e
cópias de amostras de folhas de cálculo podem ser Para evitar exagerar a procura humana sobre a
obtidos a partir de www.footprintnetwork.org natureza, a Pegada Ecológica inclui apenas os através do comércio ou a liquidar activos ecológicos

66
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África

NOTAS TÉCNICAS SOBRE O IPV

Índice Planeta Vivo Oceano Índico ocidental e leste do


Atlântico. O Índice africano foi calculado
global não pode ser compensado através do em relação ao consumo total. Isto porém não afecta O Índice do Planeta Vivo é um índice dando igual peso para cada espécie.
comércio, e é por isso igual a excesso. a Pegada global total. composto que acompanha as tendências
de um grande número de populações Ameaças às Espécies de
Excesso: O excesso global ocorre quando a A Pegada Ecológica diz o que é um uso de recursos de espécies de todo o mundo. Os dados Vertebrados
procura da humanidade pelo mundo natural “justo” ou “equitativo”? populacionais das espécies utilizados
Os dados sobre ameaças contêm a
para calcular o índice são recolhidos
excede o fornecimento da biosfera, ou capacidade a partir de uma variedade de fontes
proporção de espécies de vertebrados
A Pegada documenta o que aconteceu no passado. afectados por cada tipo de ameaça.
regenerativa. Tal excesso conduz a uma
Ela pode descrever quantitativamente os recursos literatura de ONGs, ou na rede mundial.
Incluímos vertebrados africanos
diminuição do capital natural de apoio à vida da avaliados como ameaçados de extinção
ecológicos utilizados por um indivíduo ou uma Todos os dados utilizados na elaboração
Terra e a uma acumulação de resíduos. A nível do índice são séries cronológicas ou de
(CR, EN, VU) na Lista Vermelha da
população, mas não estabelece o que eles devem IUCN (IUCN, 2012).
tamanho, densidade, abundância de
utilizar. A alocação de recursos é uma questão de
o mesmo, uma vez que não há importação líquida uma população ou uma representação Nem todas as espécies de vertebrados
política, baseada naquilo que a sociedade acredita de abundância. O período coberto pelos africanos foram avaliadas pela IUCN,
de recursos para o planeta. O excesso local ocorre
ser ou não ser equitativo. Embora a contabilidade dados vai de 1970 a 2008. mas estão disponíveis amostras
quando um ecossistema local é explorado mais
da Pegada possa determinar a biocapacidade média Para se estabelecer as séries
representativas para todos os grupos.
rapidamente do que pode renovar-se
disponível por pessoa, ela não estipula como essa cronológicas, os dados anuais são
(Global Footprint Network, 2012). interpolados, com seis ou mais pontos
favor dos grupos que já foram
biocapacidade deve ser distribuída entre indivíduos amplamente avaliados foi dado igual
de dados, usando modelos aditivos
Como é levado em conta o comércio internacional? ou países. Ela fornece, no entanto, um contexto generalizados, ou assumindo uma
peso a todas as classes, tendo sido
para tais discussões. tirada uma percentagem média das
constante taxa de variação anual de
As Contas Nacionais da Pegada calculam a Pegada séries cronológicas com menos de seis
proporções individuais para cada
Ecológica associada ao consumo total de cada grupo – mamíferos, aves, répteis,
pontos de dados, e é calculada a taxa
peixes e anfíbios.
país, somando a Pegada das suas importações e de variação média em cada ano em
todas as espécies. As taxas médias
da sua produção, e subtraindo a Pegada das suas anuais de mudança dos anos sucessivos
são encadeadas para fazer um índice,
e as emissões produzidas pela fabricação de um com o valor 1 do índice em 1970.
Pode encontrar detalhes adicionais
carro no Japão, que é vendido e utilizado na Índia,
em Collen et al., 2009.
contribuirá para a Índia, em vez de contribuir para
IPV de África
a Pegada de consumo do Japão. As Pegadas de
consumo nacional podem ser distorcidas quando O índice africano inclui as populações
os recursos usados e os resíduos gerados na de todas as espécies do continente, e as
populações de espécies marinhas das
fabricação de produtos para exportação não forem Zonas Económicas Exclusivas de países
completamente documentados para todos os países. africanos no sul do Mar Mediterrâneo,
As inexactidões no comércio relatado podem afectar
consideravelmente as estimativas da Pegada nos

67
ANEXO

REFERÊNCIAS E LEITURAS SUPLEMENTARES


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68
Infraestrutura verde para a segurança ecológica de África

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and food security? FAO, Rome, Italy. Lessons Learned Brief. Version 2011.2. www.iucnredlist.org

69
ANEXO

AGRADECIMENTOS
Editores: Celine Beaulieu, Rosamunde Almond, Lecio da para o relatório ASTI (www.asti.is); contida nesta publicação. No entanto, Regional da África do Sul, Sudão do Sul,
Aimée Bella-Corbin, Anthony Nyong Ana Munguambe, Jean-Philippe Arjan Berkhuysen, WWF-Holanda e o material publicado é distribuído sem Sudão, Tanzânia, Togo, Tunísia ATR,
Denruyter, Elaine Geyer-Alléli, todos os contribuidores de dados para garantia de qualquer tipo, expressa Uganda, Zâmbia, Zimbabué.
Autor: Sarah Humphrey
David Greer, Monique Grooten, May o IPV para os sistemas de estuários. ou implícita. A responsabilidade pela
Escritórios do WWF
Tradução para Português: Guerraoui, Rubina Haroon, Gretchen A lista completa dos contribuidores interpretação e uso do material é do
Arménia, Azerbaijão, Austrália, Áustria,
Paula Brandberg Lyons, Richard McLellan, Natasja de dados pode ser vista em www. leitor. Em circunstância alguma poderá
Bélgica, Belize, Butão, Bolívia, Brasil,
Oerlemans,Tehani Pestalozzi, Voahirana livingplanetindex.org o WWF, ou o BAD, ser responsabilizado
Contribuições: Bulgária, Cambodja, Camarões, Canadá,
Randriambola, Patricia Skyer, Laurent por danos decorrentes de seu uso.
WWF Brigitte Carr-Dirick, Ashok Kumar Some, Arona Soumare, Hawa Sow, paul Pegada da Água A Rede da Pegada da República Centro-Africana, Chile,
Chapagain, Paul Chatterton, O WWF e o BAD encorajam a partilha China, Colômbia, Costa Rica, R. D.do
Sunters, Andrea Westall, Marianne
Jose Chiburre, Wendy Elliott, Saliem Mekonnen) por fornecerem dados electrónica da informação, a impressão Congo, Dinamarca, Equador, Finlândia,
Werth and Dominic White from WWF;
Fakir, Timothy Geer, Patrick Matakala, detalhados para as Figuras 11 e 13 que e a cópia exclusivamente para uso Fiji, França, Gabão, Gâmbia, Geórgia,
plus Kwame Koranteng (FAO), Ross
Joseph Okori, Stuart Orr, Bruno foram adaptadas por Ashok Chapagain pessoal e não-comercial, com o devido Alemanha, Gana, Grécia, Guatemala,
Esson and Guy Pegram (Pegasys),
no WWF UK, e pela autorização para reconhecimento da WWF e do BAD. Os Guiana, Honduras, Hong Kong, Hungria,
Pati Poblete (GFN), and James Kairo
Scheren, Greg Stuart Hill usar a Figura 14 (Hoekstra et al., 2012) utilizadores são impedidos de revender, Índia, Indonésia, Itália, Japão, Quénia,
(KMFRI) and MH Knight (IUCN SSC
BAD Aly Abou Sabaa, Youssef Arfaoui, e a Figura 15 (Mekkonen & Hoekstra, redistribuir, ou criar obras derivadas Laos, Madagáscar, Malásia, Mauritânia,
African Rhino Specialist Group).
Leslie Ashby, Amadou Bamba Diop, 2011). México, Mongólia, Moçambique,
Chahed Chawki, Hela Cheikhourou, Índice do Planeta Vivo: Richard Namíbia, Nepal, Holanda, Nova
Mapas
Khadidia Diabi, Mbarack Diop, Al Gregory, Petr Vorisek e o European Zelândia, Noruega, Paquistão, Panamá,
neste relatório não implicam uma
Hamdou Dorsouma, Mafalda Duarte, Bird Census Council pelos dados do Papua Nova Guiné, Paraguai, Peru,
para usar o mapa da pág. 43 sobre a manifestação de qualquer opinião por
Justin Ecaat, Anouk Fouich, Ilmi regime Pan-Europeu de Monitoramento Filipinas, Polónia, Roménia, Rússia,
Bacia do Congo. parte do WWF ou BAD sobre o estado
Granoff, Kazumi Ikeda-Larhed, Sering de Pássaros Comuns; a Base de Dados Senegal, Singapura, Ilhas Salomão,
legal de qualquer país, território, ou
Jalow, Ken Johm, Shingo Kikuchi, da Dinâmica Global da População Agradecimento especial África do Sul, Espanha, Suriname,
área, ou a respeito da delimitação de
Jean-Louis Kromer, Kurt Lonsway, Felix do Centro de Biologia Populacional, Agradecemos ao Governo do Brasil as Suécia, Suíça, Tanzânia, Tailândia,
suas fronteiras ou limites.
J-B Marttin, Simon Mizrahi, Jacques Imperial College e Herbert Tushabe Tunísia, Turquia, Uganda, Emiratos
Moulot, Mwila Musumali, Balgis Osman- pelos dados da Base Nacional de Trust Fund da Cooperação Sul-Sul do Regiões Árabes Unidos, Grã-Bretanha, Estados
Elasha, Hikaru Shoji, Bakary Sanogo, Dados de Biodiversidade, Instituto BAD que fez uma doação a favor deste Unidos da América, Vietname, Zâmbia,
Preeti Sinha, Frank Sperling, Nogoye do Ambiente e Recursos Naturais relatório. Gostaríamos também de Zimbabué.
Thiam, Zeneb Toure, Ignacio Tourino da Universidade Makerere, Uganda; agradecer aos membros do BAD, Rio+20 referidas nas secções do relatório sobre
Associados do WWF
Soto, Yogesh Vyas, Eskender Zeleke Kristin Thorsrud Teien e Jorgen Task Team, Green Growth Strategy Core Comércio e em Pegada da Água (Central,
Fundación Vida Silvestre (Argentina)
GFN Gemma Cranston, Mathis Randers, WWF-Noruega; Pere Task Team, lista alargada do Comité Leste, Norte, Sul e Oeste da África).
Fundación Natura (Equador) pasaules
Wackernagel, Scott Mattoon, David Tomas-Vives, Christian Perennou, Coordenador das Mudanças do Clima
Escritórios do BAD Dabas Fonds (Latvia) Fundação
Moore Driss Ezzine de Blas, Patrick Grillas (CCCC) e Lista Principal do CCCC pelos
Argélia, Angola, Burkina Faso, Burundi, Nigeriana para a Conservação (Nigéria)
ZSL Louise McRae, Victoria Price, e Thomas Galewski, Tour du Valat, seus comentários e orientação sobre
Camarões, República Centro-Africana, Sociedade da Vida Selvagem dos
Ben Collen Camargue, France; David Junor e Alexis as primeiras versões do relatório, bem
Chade, República Democrática do Emiratos (UAE)
Morgan, WWF- Canadá e todos os como ao Departamento de Garantia
Agradecimentos contribuidores de dados para o IPV do Congo, Sede do BAD em Côte d’Ivoire,
da Qualidade e Resultados do BAD, à Conceito e design por
Os autores estão extremamente Canadá; Miguel Angel Nuñez Herrero Centro Regional de Recursos da África
Unidade de Cooperação e Parceria, e © Louise Clements and Cliff Lee
agradecidos aos seguintes indivíduos Programa Voluntário Ambiental Oriental, Egipto, Etiópia, Gabão, Gana,
outros colegas do BAD pelo seu apoio.
e organizações pela partilha dos seus nas Áreas Naturais da Região de Guiné-Bissau, Libéria, Madagáscar, ISBN 978-2-940443-61-1
dados, por comentários ao texto e Murcia, Espanha; Mike Gill do CBMP, Isenção de Responsabilidade Malawi, Mali, Marrocos, Moçambique,
outro apoio: Christoph Zockler do UNEPWCMC O WWF tomou todas as precauções Nigéria, Ruanda, São Tomé e Príncipe,
e todos os contribuidores de dados Senegal, Serra Leoa, Centro de Recursos

70
© Chris Marais / WWF-Canon
A reabilitação dos pântanos na África do Sul contribui para a gestão da água e oferece emprego localmente

71
Relatório sobre a Pegada Ecológica da África 2012
100%
RECICLADO
PEGADA
A pessoa média em África usa 1,4
DESENVOLVIMENTO
hectares globais de biocapacidade, A crescente escassez de recursos acabará
embora a área biologicamente por afectar todas as economias. O impacto
produtiva actualmente disponível da degradação ambiental é sentido de
sejam 1,5 hectares globais. forma mais intensa pelos pobres do
mundo. Sem acesso a água potável, terra
ou alimentos adequados, combustíveis ou
materiais, as populações vulneráveis terão

PANDA.ORG/LPR/AFRICA2012
e abraçar a prosperidade.

CAPITAL NATURAL OPORTUNIDADE


O valor económico total dos 12,000 km de ²
Com a sua pegada relativamente baixa,
recifes de corais no Oceano Índico Ocidental
a África está em boa posição para criar
está calculado em US$7.3 bilhões por ano
novas rotas de desenvolvimento que

Back cover image: © Michel Terrettaz / WWF-Canon


sejam mais sustentáveis.

AFDB.ORG
Porque estamos aqui
Para parar a degradação do ambiente natural do planeta e construir um
futuro no qual os seres humanos vivam em harmonia com a natureza 1986 Símbolo Panda WWF-Fundo Mundial para a Natureza (ex Fundo Mundial para a Vida
Selvagem)“WWF” é uma marca registada do WWF. WWF, Avenue du Mont-Blanc, 1196 Gland,
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Suíça – Tel. +41 22 364 9111 Fax +41 22 364 0332. Para dados de contacto e mais informação,
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