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Escola Estadual Major Alcides Rodrigues dos Santos

Lucia shalomy Pardo Bastidas


Rosângela de Souza

Biotecnologia Azul

Boa Vista-RR
2023
Lucia shalomy Pardo Bastidas
Rosângela de Souza

Biotecnologia Azul

Trabalho apresentado à matéria de


Biologia, como requisito para obtenção de
nota do 4° Bimestre.
orientador(a): Professora Fernanda Dantas
de Biologia.

Boa vista- RR
2023
Introdução

Há milênios, a humanidade retira recursos do mar para o seu proveito, como o sal de
cozinha e o pescado, consumidos diariamente ao redor do mundo. Mas, você sabia que
um dos fármacos para o tratamento contra o HIV, o Retrovir®, foi desenvolvido a partir de
uma substância isolada da esponja caribenha Cryptotethya crypta ou mesmo que o
sangue do caranguejo-ferradura (Limulus polyphemus) é usado há décadas para detectar
contaminantes ambientais? Esses são alguns exemplos de usos da recente área de
conhecimento denominada Biotecnologia Azul ou Biotecnologia Marinha, que envolve a
aplicação da ciência e da tecnologia em organismos marinhos para a produção de
conhecimento, bens e serviços para a sociedade.
Biotecnologia Azul

É a utilização da rica biodiversidade escondida nos oceanos em prol do


desenvolvimento de novos produtos, gerando inovação.

O diferencial dos organismos marinhos é o ambiente inóspito que habitam. A


adaptação para sobreviver nesse ambiente extremo, com condições diferenciadas de
pressão, temperatura, pH, iluminação, salinidade, oxigenação e a própria competição
entre espécies em um ambiente pobre em recursos, acarretou a seleção de organismos
com um arsenal diversificado de moléculas bioativas altamente potentes.

Além disso, o mar é apontado como a região menos explorada do planeta, embora os
oceanos ocupem mais de 70% da superfície da Terra. Essa imensidão azul esconde
inúmeras espécies e compostos bioativos, que hoje são acessíveis devido ao avanço de
tecnologias de mergulho, de manipulação laboratorial e de biologia molecular. Isso
transforma esse cenário promissor em realidade!

Os organismos e moléculas marinhas passaram a agregar no valor econômico e social,


ganhando espaço cada vez maior na chamada bioeconomia.

Tecnologias

A inovação da Biotecnologia Azul está em todas as áreas:

– Agricultura: Utilização de organismos no controle microbiológico de pragas e na


nutrição vegetal;

– Alimentação: Enzimas com potencial econômico extraídas de organismos marinhos


como celulases, glucoses, lipases, entre outras. As algas marinhas ganharam espaço
como nutrição funcional dada a sua composição química;

– Biocombustível: O biodiesel pode ser produzido a partir de óleo obtido de microalgas.


Elas podem ser cultivadas no mar, ou em qualquer terreno com a estrutura necessária,
ocupando espaço reduzido e apresentando uma produtividade superior em relação às
plantas terrestres;

– Ambiental: Organismos marinhos, como bactérias, fungos ou algas, com capacidade de


degradar petróleo. Outros exemplos são microrganismos capazes de descontaminar
locais com metais pesados, enzimas como lipases para tratamento de efluentes de
indústrias alimentícias e diversas outras;

– Cosmético: Enzimas presentes em tinturas, produtos depilatórios, alisantes de cabelo e


inúmeras aplicações, podemos destacar a ação das queratinases. Tensoativos que
podem compor a formulação de produtos como cremes, pomadas;
_Têxtil: Enzimas que auxiliam nos processos de fiação, tingimento e acabamento dos
tecidos, podemos citar proteases, lipases, nitrilases. A grande vantagem é que, ao
contrário dos tratamentos químicos e nocivos ao meio ambiente, estas são
biodegradáveis;

– Farmacêutico: Podemos destacar algumas tecnologias revolucionárias que já estão ao


nosso alcance:

Analgésico para dores crônicas, o Prialt® – Elan Corporation, desenvolvido através da


toxina do molusco marinho Conus magus;

– Primeiro fármaco licenciado para o tratamento contra o HIV-AIDS, o AZT, conhecido


como Retrovir® – Burroughs Wellcome Co./GSK, isolada de uma esponja caribenha
Cryptotethya crypta;

_ Antitumoral, o Yondelis® – PHARMAMAR, foi obtido a partir do invertebrado


Ecteinascidia turbinata;

– Anticancerígenos, o Cytosar-U® – Bedford Laboratories, desenvolvido a partir da


spongotimidina, um nucleósido isolado a partir de uma esponja do mar das Caraíbas, a
Tethya crypta.

Além desses vários outros produtos estão em desenvolvimento, como antibiótico contra
bactérias multirresistentes. São infinitas as possibilidades dado o pouco que se conhece
sobre a biodiversidade marinha.
Estes são variados, já que os organismos marinhos vivem em condições ambientais
bem distintas dos organismos terrestres, como a elevada pressão e baixa luminosidade
na maior parte do mar, conferindo a eles um metabolismo peculiar. Dos 31 filos animais
conhecidos, quase metade são exclusivamente marinhos, mas, atualmente, conhecemos
apenas cerca de 10% das espécies marinhas no mundo, considerando as estimativas
apresentadas por Mora e colaboradores em 2011, no estudo denominado How many
species are there on earth and in the ocean?. No Brasil, não há dados concretos sobre o
tamanho da biodiversidade marinha, mas há uma expectativa de elevado grau de
endemismo, dada à diversidade de habitats e à extensão e às peculiaridades da nossa
costa.
No Brasil
O país apresenta uma vasta área marinha, com diferentes climas e biomas,
aumentando ainda mais a biodiversidade, a chamada Amazônia Azul. Sabendo disso, o
Brasil busca pesquisar e prospectar esse ambiente, visando a geração de novos produtos
e tecnologias.

Podemos destacar alguns programas:


– O BIOMAR (https://www.mar.mil.br/secirm/portugues/biomar.html#acao) – Ação
Biotecnologia Marinha, vinculada ao antigo MCTI – Tem como propósito fomentar o
aproveitamento sustentável do potencial biotecnológico marinho.

– O BIOTECMAR (http://biotecmar.com.br/) – Rede Nacional de Pesquisa em


Biotecnologia Marinha – Compreende 4 projetos interligados, visando desenvolver
projetos inovadores nas áreas de biodiversidade, prospecção, genômica e pós-genômica
e transferência para o setor produtivo. São 20 programas de pós-graduação envolvidos
com nível de excelência pela CAPES (notas 6 e 7).

Além disso, destacamos a start up Regenera Moléculas do Mar, localizada no Rio


Grande do Sul, que já foi anteriormente citada no nosso canal do YouTube na entrevista
com o Mário Frota Jr. A Regenera possui a primeira e única licença especial do Ministério
do Meio Ambiente para acessar, catalogar e manter uma coleção de amostras
representativas da biodiversidade marinha brasileira. A empresa é focada em pesquisa e
desenvolvimento a partir do ambiente marinho, obtendo novas tecnologias de forma
sustentável.
Conclusão

O oceano é um manancial de biodiversidade que pode trazer diversos benefícios para


a humanidade. Mas para que esse potencial se realize precisamos proteger essa
biodiversidade e ampliar a nossa capacidade de estudá-la e utilizá-la sustentavelmente.
Para isso, precisamos de políticas de estado, estruturantes e duradouras, voltadas para a
conservação da biodiversidade marinha e para a produção de ciência e tecnologia, que
venham a promover uma transição efetiva para essa nova realidade, alinhando o oceano
e a sociedade. A Biotecnologia Azul busca valorizar a biodiversidade de maneira
consciente, sem devastar ou prejudicar o meio ambiente. Ainda existem muitas
novidades e tecnologias para serem descobertas para melhorar a vida em todos os
níveis.
O biotecnologista tem papel crucial nesse aspecto, seja no ambiente acadêmico ou
profissional: mergulhar e emergir com as inovações para a sociedade!
Referências Bibliográficas

https://jornal.usp.br/artigos/biotecnologia-azul-desafios-e-oportunidades/
https://profissaobiotec.com.br/biotecnologia-azul-a-revolucao-que-vem-do-mar/

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