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SUMÁRIO EXECUTIVO

DIRETRIZES PARA A CONSERVAÇÃO E MANEJO DAS


ÁREAS ÚMIDAS NO TERRITÓRIO DA ÁREA DE PROTEÇÃO
AMBIENTAL DA BALEIA FRANCA E SEU ENTORNO

Relatório do Grupo de Trabalho Lagoas do Conselho Consultivo


da Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca

Imbituba/SC, julho de 2022


AUTORES DO RELATÓRIO Victor F. V. Pazin: Biólogo. Analista Ambiental do ICMBio. Atual-
Rodrigo Rodrigues de Freitas (coordenador): Biólogo, doutor em mente lotado na APA da Baleia Franca/ICMBio.
Ambiente e Sociedade e professor do Programa de Pós-Graduação
Walter Steenbock: Coordenador do PAN Lagoas do Sul e Analista
em Ciências Ambientais da Universidade do Sul de Santa Catarina
Ambiental do CEPSUL.
(UniSul).
Renê Duart Adelino: bacharel em Educação Física, Pescador Arte-
Eduardo Cargnin Ferreira: Professor do Instituto Federal de Santa
sanal da Lagoa de Ibiraquera, membro da ASPECI.
Catarina (IFSC, Campus Garopaba).
Ronaldo Costa: Oceanólogo. Analista Ambiental do ICMBio. Res-
Franco A. Werlang: Vice-presidente da Fundação Gaia.
ponsável pela Base Avançada do CEPSUL no Rio Grande do Sul.
João Henrique Quoos: Professor do IFSC, Campus Garopaba.
Victor F. V. Pazin: Biólogo. Analista Ambiental do ICMBio. Atual-
Jorge Luiz Rodrigues Filho: Biólogo, doutor em Ecologia e Recursos mente lotado na APA da Baleia Franca/ICMBio.
Naturais. Coordenador do Laboratório de Ecologia e professor da
Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Walter Steenbock: Coordenador do PAN Lagoas do Sul e Analista
Ambiental do CEPSUL.
Luciano Lopes Pereira: Pescador Artesanal da Lagoa de Ibiraquera
membro da Colônia de Pescadores de Garopaba.
Luiz Henrique Fragoas Pimenta: Caipora cooperativa para conser-
vação da natureza. FICHA TÉCNICA

Maria Aparecida Ferreira (Cidinha): Gestora Ambiental, liderança REVISÃO


comunitária, articuladora do Plano de Ação Nacional para a Con- Cláudia Regina dos Santos, Drª. Bióloga
servação dos Sistemas Lacustres e Lagunares do Sul do Brasil (PAN Diana Melim Werlang, Comunicadora
Lagoas do Sul), presidente do Conselho Comunitário de Ibiraquera
(CCI). PROJETO GRÁFICO
Maria Paula Casagrande Marimon: Geóloga, doutora em Geologia Fernanda do Canto / Coletivo UC da Ilha
Ambiental, professora aposentada do Programa de Pós-gradua-
ILUSTRAÇÕES
ção em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Sustentável
“Estamos de olho”, de Olana Tridapalli
(UDESC), representante do CCI.
Renê Duart Adelino: bacharel em Educação Física, Pescador Arte-
sanal da Lagoa de Ibiraquera, membro da Associação de Pescado-
res da Comunidade de Ibiraquera (ASPECI).
Ronaldo Costa: Oceanólogo. Analista Ambiental do Instituto Chico
Sugestão de citação:
Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Responsável
De Freitas, R.R. et al. 2022. Diretrizes para a conservação e manejo das
pela Base Avançada do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação
Áreas Úmidas no território da Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca.
da Biodiversidade Marinha do Sudeste e Sul (CEPSUL) no Rio Gran-
Relatório do Grupo de Trabalho Lagoas do Conselho Consultivo da Área de
de do Sul. Proteção Ambiental da Baleia Franca. ICMBio: Imbituba, Santa Catarina.
APRESENTAÇÃO

O Grupo de Trabalho (GT) Lagoas surgiu de uma demanda his-


tórica de proteção integral dos ecossistemas lagunares (lagoas
e seu entorno) presentes no recorte espacial da Área de Proteção
Socó Maria-farinha Coruja-buraqueira Ambiental da Baleia Franca (APABF). Sua criação foi requerida na
(Nycticorax nycticorax) (Ocypode quadrata) (Athene cunicularia)
plenária do Conselho Consultivo da Área de Proteção Ambiental da
Baleia Franca (CONAPA) de 18/12/20 e a Câmara Técnica (CT) Bio-
diversidade deliberou sobre sua constituição em 09/03/21. A pri-
meira reunião do GT Lagoas ocorreu no dia 14/04 e, desde então,
foram realizadas mais de vinte reuniões, incluindo encontros com
a chefia da APABF e com o Ministério Público Federal (MPF). O GT
Lagoas possui 15 integrantes, a maioria vinculados a universida-
des, institutos de pesquisa, representantes de pescadores artesa-
nais e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
(ICMBio). O relatório foi apresentado para os pescadores das Lagoas
de Ibiraquera (27 de outubro de 2021) e Santa Marta (30 de outubro
de 2021), que afirmaram seu apoio às recomendações. Além des-
tas reuniões também foram realizados diversos encontros entre
membros do GT e com a chefia da APABF para execução de ações
específicas.
A agenda de trabalho do grupo é orientada pelo Plano de Mane-
jo da APABF e pelo Plano de Ação Nacional para a Conservação dos
Sistemas Lacustres e Lagunares do Sul do Brasil (PAN Lagoas do
Sul). O PAN Lagoas do Sul é uma ferramenta de gestão coordenada
pelo ICMBio que objetiva melhorar o estado de conservação das es-
pécies ameaçadas e dos ecossistemas das lagoas da planície costei-
ra do sul do Brasil, promovendo os modos de vida sustentáveis e/ou
tradicionais. A região de abrangência do PAN Lagoas do Sul
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estende-se do complexo estuarino-lagunar litorâneo formado des- a apresentação de casos internacionais e nacionais. Este evento
de o Rio Maciambú/SC, incluindo as lagoas costeiras, até a fronteira possui uma comissão organizadora própria com composição mis-
do Brasil com o Uruguai, agregando as áreas terrestres contíguas. ta, envolvendo membros do GT Lagoas e pesquisadores de institu-
Fundamentado no planejamento territorial e na busca pelo envol- tos de pesquisa e universidades que atuam na região.
vimento multissetorial na sua elaboração e implementação, o PAN A segunda frente do GT consiste na elaboração do presente Re-
Lagoas do Sul busca caracterizar e fortalecer os processos de go- latório Técnico que visa nivelar o entendimento do poder público e
vernança instalados, visando ampliar e articular as iniciativas de da sociedade, em especial a APABF, o MPF e as prefeituras, sobre a
conservação com sua ratificação em uma política pública federal. importância e os dispositivos legais para a proteção dos ecossiste-
Neste contexto, várias ações do PAN se constituem em medidas de mas lagunares e seus ambientes adjacentes, aqui abordados como
gestão da APABF, em especial no que se refere aos ambientes lagu- Áreas Úmidas (AUs). Ainda, busca-se orientar os Planos Diretores
nares. dos municípios costeiros e a revisão do Plano de Manejo da APABF
Cabe destacar ainda que o relatório contribui diretamente sobre a aplicação da legislação ambiental nas AUs e denunciar mo-
com a implementação dos seguintes Objetivos de Desenvolvimen- dificações nestes ambientes que estão ocorrendo de forma acele-
to Sustentável (ODS): ODS 6 (Água potável e Saneamento); ODS 11 rada e de difícil controle pela inexistência de legislação adequada
(Cidades e Comunidades Sustentáveis); ODS 13 (Ação Contra a Mu- ou mesmo pela dificuldade de compreensão da sua aplicabilidade.
dança Global do Clima); ODS 14 (Vida na Água) e; ODS 14 (Parcerias Desta forma, além de aprofundar conceitos expressos nas diferen-
e Meios de Implementação). Entre as normas que são válidas para tes legislações relacionadas às AUs (ex.: banhado, restingas, águas
todo o território da APABF e que constam no seu Plano de Mane- subterrâneas), este relatório apresenta exemplos de impactos am-
jo, podem ser citadas: É proibido o uso de agrotóxicos (herbicidas, bientais históricos e recentes promovidos nas mesmas, em locali-
fungicidas e inseticidas) nos terrenos de marinha e acrescidos de dades situadas no perímetro de abrangência da APABF, dando ên-
APP´s de margem de lagoas: É garantido o acesso público às mar- fase às áreas adjacentes à Lagoa da Ibiraquera, Lagoa de Garopaba
gens de lagoa, inclusive por meio de trilhas de uso tradicional, sen- (também denominada da Encantada ou do Capão) e Lagoa de Santa
do vedado o seu bloqueio; É de competência do órgão responsável Marta.
pelas estruturas de microdrenagem urbana (i.e municípios) a ado- Conforme apresentado no presente documento, existe uma
ção de medidas, estruturais e não estruturais, de retenção preven- grande demanda por estudos, medidas de gestão e de proteção às
tiva para evitar o carreamento de resíduos sólidos aos corpos hídri- AUs dos ambientes costeiros em geral, incluindo as lagoas. Entre as
cos; É vedado o lançamento de efluentes nos corpos hídricos fora lacunas apontadas no documento para a proteção das AUs, desta-
dos padrões legais, inclusive advindos da rizicultura e aquicultura; camos àquelas relacionadas aos seguintes tópicos: banhados, nas-
Institucionalizar, junto ao conselho consultivo, a criação de comi- centes (i.e interações entre as águas superficiais e subterrâneas),
tês de ordenamento de aberturas de barra. licenciamento ambiental de AUs e drenagens urbanas.
Em síntese, foram elencadas duas frentes de trabalho para o GT Os trabalhos do GT deverão encerrar em julho de 2022 e os seus
Lagoas. A primeira visa fornecer parâmetros para os processos de resultados gerados (evento e relatório técnico) serão encaminha-
abertura de barras por meio de lições extraídas de um evento sobre dos para apreciação e apresentado no CONAPA, instância respon-
ecologia e gestão de lagoas de barra intermitente, que contará com sável pelo debate amplo e democrático das ações desenvolvidas nas
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Câmaras Técnicas e GTs, como forma de promover a participação
dos conselheiros. Esperamos que as recomendações sejam ampla-
mente difundidas junto às organizações conselheiras da APABF,
especialmente nas Prefeituras, Câmaras de Vereadores, Governos
Estadual e Federal, bem como nas escolas e universidades, fazendo
com que este documento represente o pacto social pela conserva- SUMÁRIO EXECUTIVO
ção das Lagoas Costeiras e suas AUs associadas.
O relatório produzido pelo GT Lagoas utilizou os documentos
da Convenção sobre Zonas Úmidas de Importância Internacional,
mais conhecida como Convenção de Ramsar, como referência para
as definições conceituais e estratégias de conservação. A Conven-
ção de Ramsar é um tratado intergovernamental que estabelece
marcos para ações nacionais e para a cooperação entre países com
o objetivo de promover a conservação e o uso racional de Áreas
Úmidas (AUs) no mundo, da qual o Brasil é signatário desde 1993.
Áreas Úmidas são ecossistemas na interface entre ambientes
terrestres e aquáticos, continentais ou costeiros, naturais ou ar-
tificiais, permanente ou periodicamente inundados ou com solos
Tartaruga Albatroz Polvo encharcados. As águas podem ser doces, salobras ou salgadas, com
(Caretta caretta) (Thalassarche melanophris) (Octopus vulgaris)
comunidades de plantas e animais adaptados à sua dinâmica hí-
drica. As principais AUs existentes na Área de Proteção Ambiental
da Baleia Franca (APABF) são: lagoas doces e salobras, margem de
cursos d´água, manguezais, marismas, banhados e restingas (her-
bácea, arbustiva e arbórea).
Todos os ecossistemas de AUs mencionados abrigam uma bio-
diversidade ímpar, a qual desempenha uma série de funções ecoló-
gicas que permitem a manutenção e o funcionamento dos sistemas
ecológicos. Como consequência de interações da biodiversidade e
de um portfolio de funções ecológicas, emergem processos ecos-
sistêmicos que reverberam em bens e valores e que impactam po-
sitivamente o bem-estar da sociedade humana que habita no en-
torno de áreas naturais. Tais bens e valores são denominados como
Serviços Ecossistêmicos e a abordagem que os considera (i.e Abor-
dagem Ecossistêmica) nos processos de gestão e planejamento
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territorial vem sendo amplamente utilizada no mundo tudo em Como consequência, as AUs do território da APABF vêm pas-
busca de associar usos sociais e atividades econômicas múlti- sando por um rápido processo de urbanização, declínio da ati-
plas com a conservação do capital natural. Além disso, a agen- vidade pesqueira e aumento da poluição. As ocupações de áreas
da pós2015 das Nações Unidas aborda a necessidade do Enfoque alagáveis no entorno das lagoas costeiras deterioram a qualidade
Ecossistêmico na Redução do Risco de Desastres. Isso significa que da água, bem como alteram a hidrologia do território do entorno,
a conservação das AUs costeiras representa uma estratégia de en- produzindo assoreamento e alterações hídricas que afetam total
frentamento aos desastres naturais, por funcionarem como bar- ou parcialmente a dinâmica da bacia hidrográfica.
reira contra inundações, vendavais, tornados, aumento do nível do Mesmo que no Brasil existam instrumentos jurídicos, além de
mar, desabamentos de encostas, entre outros. No contexto atual planos e programas, voltados para a proteção das AUs costeiras, há
de mudanças climáticas, essas áreas desempenham papel funda- uma ausência de aparatos legais que visem a conexão entre água,
mental como barreiras naturais à subida do nível do mar. lagoas e AUs. Além disto, as variadas alterações em leis ambien-
O território da APABF possui uma série de lagoas costeiras, as tais na última década tornaram o arcabouço legal fragmentado e
quais são ecossistemas altamente produtivos e provedores de uma desarticulado, criando um contexto em que parte das AUs estão
série de serviços ecossistêmicos, inclusive para o bem-estar hu- atualmente desprotegidas, sendo as restingas, além das áreas de
mano. Dentre os serviços, destaca-se o papel das lagoas como cria- várzea amazônicas, o ambiente melhor enfocado, especialmen-
dores naturais (berçários) da vida marinha, como peixes e crus- te pelas Resoluções do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CO-
táceos, que possuem parte do seu ciclo de vida associado a estes NAMA). Mesmo com as Resoluções CONAMA n°261/99 e n°417/09
ambientes. informando que os banhados podem ocorrer sobre restinga her-
Nos territórios que possuem elevada presença de lagoas costei- bácea, é de suma importância que os municípios da APABF criem
ras, diversos atores sociais se beneficiam da abundância biológica legislações que regulamentem a proteção dos banhados, uma vez
disponível, especialmente aqueles envolvidos nas cadeias produ- que estes ambientes abrigam nascentes e atuam na proteção das
tivas da pesca e do turismo. Por outro lado, as lagoas costeiras e lagoas.
demais AUs estão situadas em terrenos com alto valor econômi- Os municípios costeiros têm um papel de destaque na conser-
co, inclusive na APABF, sendo comercializados para construções vação das AUs associadas às lagoas da APABF, seja no planejamen-
de casas, loteamentos, condomínios, pousadas, estradas ou ainda, to, na fiscalização, na pesquisa, na educação e na proposição de
quando de difícil edificação, para agricultura e pecuária, por serem regras complementares que visem sua proteção. Para que as AUs
consideradas áreas sem valor ecológico ou social. AUs também são possam continuar contribuindo para o bem-estar da população,
adquiridas visando a descaracterização da vegetação nativa por elas precisam ser integradas ao planejamento urbano por meio
meio de drenagens, aterros, pecuária e espécies exóticas que pro- de abordagens ecossistêmicas, com a Bacia Hidrográfica como
movem o ressecamento do solo, tornando as áreas “secas”, sendo unidade integradora das ações de gestão. Temas como drenagem
mais facilmente comercializadas visando edificações. A pecuária é urbana, drenagem das AUs para uso de pastagem, loteamentos e
usada para impedir a regeneração da vegetação nativa, a exemplo o reconhecimento da microbacia como unidade de planejamento
dos Programas de Recuperação de Áreas Degradadas (PRADs), que demandam atenção por serem fundamentais em função do au-
promovem o cercamento da área e retirada do gado. mento da densidade populacional no território da APABF. Este GT
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foi criado em função das gestões municipais terem historicamente incentivem a mudança de comportamento no uso do solo e dos re-
se esquivado da sua obrigação em proteger seu patrimônio hídrico. cursos naturais.
Neste sentido, são indicados neste documento os principais mar- Salienta-se que muitos erros decorrentes de falta de planeja-
cos legais que estabelecem a obrigatoriedade dos municípios da- mento foram cometidos nos últimos séculos para a construção de
rem a devida atenção ao tema. núcleos urbanos. Por outro lado, é nestas áreas de expansão urbana
Existem instâncias democráticas de discussão sobre meio am- que poderemos construir uma nova cidade, com um desenho mais
biente nos níveis nacional, estadual, regional e municipal. Estes que se ajuste às feições naturais do local, ao invés de modificar o
são os espaços democráticos em que a sociedade civil participa ati- meio de formas que acabem por causar mais problemas e desas-
vamente, tendo o papel de fiscalizar as ações do executivo e propor tres. Nesta busca de espaços mais sustentáveis, independente se já
medidas protetivas ao meio ambiente. No entanto, cabe destacar consolidado ou em expansão, existe um forte movimento voltado
que as AUs estão relacionadas com diversas esferas administrati- para a requalificação urbana, com a desocupação de áreas de risco
vas e instâncias de participação social que se encontram desarti- e a revitalização de corpos hídricos e seu entorno, proporcionando
culadas e pouco integradas. É dever das instâncias de participação usos mais sustentáveis e a restauração de ambientes naturais. Por
social, assim como ao legislativo dos municípios, criar ou comple- outro lado, tentativas de redução das APP´s urbanas vêm tomando
mentar as regulamentações necessárias para a proteção das AUs. corpo no campo legislativo, no sentido contrário a todo movimento
As vinte e uma recomendações apresentadas servem como um pró sustentabilidade.
guia para que os municípios avancem na necessária integração das Pandemias, perda da biodiversidade e a emergência climática
AUs ao planejamento territorial. global demonstram que as respostas dos governos não vêm sendo
Cinco recomendações versam sobre os “arranjos institucio- suficientes para enfrentar os novos desafios impostos pelo Antro-
nais: criação, cumprimento e orientação de normas”, os quais bus- poceno, esta nova era geológica, caracterizada pelos efeitos globais
cam a promoção de regras e metodologias para o cumprimento das da atividade humana e seus múltiplos impactos no solo, na água e
normas de proteção às AUs. O relatório apresenta três recomen- na atmosfera. Este relatório busca colocar as AUs no centro de um
dações sobre o tema “educação”, visando aumentar a consciência novo modelo de desenvolvimento, onde se torna imprescindível a
da sociedade sobre os valores das AUs. O conjunto das cinco reco- existência de instituições adaptativas e efetivas para regular as
mendações sobre “pesquisa”, busca que os resultados das investi- complexas e incertas relações entre natureza e sociedade e evitar
gações e as evidências científicas subsidiem uma maior proteção a tragédia dos comuns.
e gestão de AUs na região da APABF. As duas recomendações so-
bre “recuperação de áreas degradadas” tratam dos temas de pla-
nejamento urbano sensível à água e manejo das espécies exóticas.
Foram elaboradas duas recomendações sobre “infraestrutura”
que enfocam a conservação das AUs por meio do manejo de águas
pluviais. Por fim, as quatro recomendações sobre “incentivos eco-
nômicos” buscam a promoção do planejamento e a implementação Gaivota Atobá Tainha
(Larus dominicanus) (Sula leucogaster) (Mugil liza)
de instrumentos econômicos que subsidiem a tomada de decisão e
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