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CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2020

O que é Fraternidade:

Fraternidade é um termo oriundo do latim frater, que significa "irmão". Por esse motivo, fraternidade
significa parentesco entre irmãos. A fraternidade universal designa a boa relação entre os homens, em que
se desenvolvem sentimentos de afeto próprios dos irmãos de sangue.
Fraternidade é o laço de união entre os homens, fundado no respeito pela dignidade da pessoa humana e
na igualdade de direitos entre todos os seres humanos.
A fraternidade escolar é fortemente desenvolvida entre estudantes de universidades americanas. É
semelhante a uma associação na qual os membros se reúnem para organizarem festas e outros eventos
que possibilitem a socialização dos estudantes. A amizade, companheirismo, camaradagem e outros
princípios são praticados entre os membros.

Quaresma:

A Quaresma é tempo para descoberta da ternura que revela o rosto materno do Deus apaixonado pelo ser
humano. Estimula a amar, cuidar e a aceitar os outros. A quaresma deve estimular a Igreja em saída,
aquela que vai as periferias sem medo de sujar as sandálias. Servir! Ver! Sentir compaixão e cuidar da vida
é o autêntico Programa Quaresmal.

TEMA : FRATERNIDADE E VIDA, DOM E COMPROMISSO:

LEMA : VIU, SENTIU COMPAIXÃO E CUIDOU DELE. (10,33-34)

Campanha da Fraternidade (CF). Uma forma que a Igreja Católica no Brasil encontrou de vivenciar a
Quaresma. Há cinco décadas a Campanha (CF), coordenada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB) propõe temas que apontam para a necessidade de compromisso do cristão. Também propõe
discussões e enfrentamento dos problemas que afetam os pobres: precariedade da saúde, do trabalho,
educação, moradia, políticas públicas, entre outros já foram foco da CF.

O tema proposto em 2020 é Fraternidade e vida: dom e compromisso! Quatro palavras de profundo
significado. Fraternidade: parentesco, solidariedade entre irmãos, harmonia entre humanos. Vida: tem
conceito bem amplo, mas aqui interessa vida como existência. Dom: significa dádiva, presente.
Compromisso: é responsabilidade. Assim a Campanha convida os cristãos para cuidar da vida! Vida nas
suas diversas dimensões: pessoal, comunitária, social, ecológica, política. 

Esse olhar atento precisa antes responder a indagações angustiantes: o que aconteceu conosco? Por que
vemos e deixamos crescer tantas formas de violência, agressividade e destruição? Perdemos, de fato, o
valor da fraternidade? “Olhai para a terra, veja quanta maldade” (samba enredo da Mangueira).

A CF 2020 toma como referência a parábola do bom samaritano (Lucas 10, 25-37). O sacerdote e o levita,
desviam-se do homem ferido, pois não tinham tempo para ele. Mas o Samaritano aproxima-se da vítima
dos salteadores e, movido pela compaixão, gasta seu tempo e dinheiro, ficando com ele na hospedaria.
Paga todas as despesas e promete retribuir ao dono da hospedaria tudo o que gastasse para cuidar do
homem ferido.

A postura do samaritano contém o centro do ensinamento de Jesus: o próximo não é apenas alguém com
quem possuímos vínculos, mas todo aquele de quem nos aproximamos. Sentir compaixão é a chave para
fazer a vontade de Deus, que ama toda a criação. Tempo de abertura ao mistério da dor e morte de Jesus.
Sua entrega na cruz é o culminar do estilo que marcou sua vida. Somente contemplando o mundo com os
olhos de Jesus, olhar samaritano, é possível acolher o grito que emerge das várias faces da pobreza e da
agonia da criação.

O olhar do sacerdote e do levita são o da indiferença. Um olhar que gera ameaças a vida. E quais são? O
aborto, a migração forçada e as guerras que geram milhares de crianças órfãs. O desemprego que atinge
milhões de trabalhadores. O trabalho precário que chega a 41%. A desolação! 27 milhões não conseguem
trabalho algum. A miséria que castiga mais de 15 milhões excluídos. O suicídio, quarta causa de morte
entre jovens. Violência no trânsito: 19.398 mortes, só no primeiro semestre de 2018. Brasil é o quarto país
no mundo em mortes por violência no trânsito. Fé em Deus e pé na tábua?

O que fazer diante de tantos males? Os discípulos e amigos de Jesus estão a serviço da vida. Rompem com
a indiferença e derrotam a Justiça. É preciso sentir a dor do outro e comprometer-se com o sofredor.
Quem ama não acusa. Sua atitude é misericordiosa. Motiva a igualdade e a justiça. Superar a fome, o
desalento social e econômico, a degradação do ecossistema e cultura do desperdício é responsabilidade de
todos! A finalidade da vida cristã é promover a solidariedade na construção do Reino de Deus.

O Bom Samaritano como modelo de Ação Evangelizadora comprometida com o cuidado


A Campanha da Fraternidade 2020, que tem como tema “Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso”, foi
buscar na Parábola do Bom Samaritano (Lc 10), o modelo de relação e encontro que deve nortear a Missão
da Igreja. Os três verbos que aparecem no versículo que serve de lema – Ver, sentir compaixão e cuidar –
remetem ao consagrado método adotado na caminhada eclesial de modo muito frequente a partir do Pós-
Concílio Vaticano II. No exemplo pedagógico que apresenta, Jesus deixa bem claro qual é o ponto de
partida da proposta de discipulado que Ele vem apresentar: de que maneira o Amor a Deus e ao próximo
transforma concretamente as pessoas, as relações e o mundo.

VIU (1)

Mais do que um ato fisiológico de percepção da luz, das imagens e das cores, olhar é uma postura que se
assume diante dos apelos e estímulos que nascem da realidade. O olhar, assim como as outras habilidades
humanas, também pode ser treinado, dirigido e orientado de acordo com uma série de interesses,
prioridades e valores. Na parábola do Bom Samaritano, podem ser identificados três tipos de olhar:

1) O olhar dos assaltantes – Viram naquele homem que passava uma oportunidade de obter benefício
imediato sem grande empenho. Bastava usar um pouco da força física e da vantagem numérica para
subtrair da vítima tudo o que ela possuía e que atendesse a seus interesses. Não tinham a menor
preocupação em saber quem era aquele que passava nem estavam preocupados com sua vida de maneira
que o deixaram ferido, espoliado e quase morto à beira do caminho. Trata-se do olhar do egoísmo, da
exploração, do ódio, totalmente alheio aos princípios da ética, da empatia e da compaixão. É um olhar que
mata, fere e que rouba a dignidade das pessoas. Este tipo de olhar está no germe da corrupção, da
violência, do autoritarismo, da devastação da natureza, das grandes guerras, das gritantes desigualdades
sociais e demais mazelas que assolam o Brasil e o mundo.

2) O olhar do levita e do sacerdote – É o olhar da indiferença, da inversão dos valores da incompreensão do


que é prioritário. É a postura de quem “dá de ombros” diante de situações urgentes, em que a vida
encontra-se frontalmente ameaçada. É a postura cantada pelo Padre Zezinho na célebre canção: “Seu
nome é Jesus Cristo e passa fome e grita pela boca dos famintos. E a gente quando vê passa adiante, às
vezes pra chegar depressa à igreja”. Nasce do individualismo, da sede crescente pelo consumo, da cultura
do descartável, opções de vida que vêm sendo profundamente criticadas pelo Papa Francisco em seus
discursos, entrevistas e nos documentos papais.

3) O olhar do samaritano – É o olhar solidário, do serviço e do comprometimento. Na cena em que os


assaltantes enxergaram uma oportunidade de lucro fácil, o levita e o sacerdote viram um possível
“estorvo” a seus programas préestabelecidos, o samaritano viu um irmão que necessitava de um cuidado
urgente e imediato. Assim como os personagens anteriores, o samaritano não esteve interessado, num
primeiro momento, em saber quem era aquele que jazia quase morto. Não era importante naquele
momento. O prioritário era socorrê-lo e garantir-lhe a sobrevivência. Ali encontrou uma oportunidade
única e inédita de amar. É o olhar da disponibilidade, da doação gratuita e da identificação com o outro,
especialmente com suas lutas e dores. É o modo de olhar adotado por Jesus (cf. p.ex. Mt 9,36) e que Ele
convida seus discípulos a também assumir.

SENTIU COMPAIXÃO).

Sentir compaixão é aproximar-se de Cristo e, num mesmo movimento, inclinar-se para o próximo e
construir uma relação de reverência e fraternidade com os bens da criação.

1) Compaixão e justiça – Na prática de Jesus, o senso de justiça ultrapassa o limite da retribuição baseado
na máxima de premiar quem acerta e punir quem erra. Nesta direção aponta o trecho do Sermão da
Montanha no qual o Filho descreve o modo de proceder do Pai: “Amai vossos inimigos, fazei bem aos que
vos odeiam, orai pelos que vos maltratam e perseguem. Deste modo sereis os filhos de vosso Pai do céu,
pois ele faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os
injustos.” Não se trata de assumir o caminho do comodismo, da ingenuidade nem da omissão, mas adotar
uma postura restaurativa em relação à vida em suas diversas manifestações. Restauração, restituição,
reconstrução e conversão são práticas intimamente relacionadas ao tempo Quaresmal e à Espiritualidade
Franciscana, atitudes que exigem empenho individual e comunitário, além de organização,
corresponsabilidade e empenho.

2) Compaixão e misericórdia (3) – Misericórdia é o movimento do coração que se dispõe ao encontro. É


iniciativa que parte de Deus e se manifesta em Jesus Cristo, quando a Onipotência Divina toca a fragilidade
humana a partir de dentro da História e do interior de cada coração humano chamado a tornar-se manso e
humilde tal qual o Coração de Jesus. Explica o Papa Francisco, na Bula Misericordiae Vultus:

A missão, que Jesus recebeu do Pai, foi a de revelar o mistério do amor divino na sua plenitude. « Deus é
amor » (1 Jo 4, 8.16): afirma-o, pela primeira e única vez em toda a Escritura, o evangelista João. Agora
este amor tornou-se visível e palpável em toda a vida de Jesus. A sua pessoa não é senão amor, um amor
que se dá gratuitamente. O seu relacionamento com as pessoas, que se abeiram d’Ele, manifesta algo de
único e irrepetível. Os sinais que realiza, sobretudo para com os pecadores, as pessoas pobres,
marginalizadas, doentes e atribuladas, decorrem sob o signo da misericórdia. Tudo n’Ele fala de
misericórdia. N’Ele, nada há que seja desprovido de compaixão.

No mesmo Documento, o Santo Padre descreve como a Misericórdia se concretiza na prática de Jesus e
quais são os destinatários preferenciais dela: a multidão cansada e abatida (Mt 9,36), os doentes que se lhe
apresentavam (Mt 15,37), a multidão faminta no milagre da multiplicação dos pães (Mt 15,37), o
endemoniado de Gerasa (Mc 5,19), a viúva de Naim, quando sepultava seu único filho (Lc 7,15), entre
tantos outros.

3) Compaixão e caridade – Baseando-se na Doutrina Social da Igreja, o Texto-Base da CF 2020 chama


atenção para a dimensão social e comunitária da caridade, como elemento de transformação da
sociedade. Além de ser compromisso individual do cristão, também se espera que seja uma “força capaz
de suscitar novas vias de enfrentamento dos problemas do mundo de hoje renovando estruturas,
organizações pessoais e ordenamentos jurídicos” (Texto-Base CF 2020, n. 117).:

CUIDOU DELE

A dimensão do cuidado remete à prática transformadora da compaixão que é despertada por um olhar que
se deixa tocar pelos apelos da realidade.

O trecho, extraído da Parábola do Bom Samaritano, nos encoraja, a partir de Jesus Cristo, a servir com
espírito de humanidade, cuidado e amor para com o próximo, sementes de fraternidade.
Cartaz da Campanha da Fraternidade 2020 é inspirado em Irmã Dulce

Estender a mão ao próximo é missão dos discípulos e discípulas de Cristo. Foi essa marca que várias
testemunhas da fé nos deixaram como legado. É o caso de Santa Dulce dos Pobres, o Anjo Bom da Bahia.
Ela é uma das representações do “bom samaritano dos nossos tempos”. Por isso, sua imagem é
presenteada em perspectiva de destaque no cartaz.

Na ilustração, as pessoas que a cercam simbolizam uma população vulnerável, que clama por vida em
plenitude. É possível perceber também a pluralidade que engloba diferentes faixas etárias, etnias e outras
particularidades típicas de uma população multicultural, em um país com dimensões continentais como o
Brasil.

O cenário escolhido para a composição do desenho foi o bairro do Pelourinho, localizado na capital do


estado da Bahia, Salvador, berço de nascimento de Santa Dulce, representação de um Brasil de tantos
lugares e culturas. As pessoas estão na rua, área comum de encontro e convívio, mas também onde se
vivenciam dores e angústias. Assim, contemplamos uma Igreja em saída, que está nas ruas e vai ao
encontro das pessoas.

Na arte, foi aplicada a técnica de mosaico. Nela, cada peça desempenha um importante papel para a
formação completa do desenho. De modo mais evidente, a composição expressa a viva unidade na
diversidade de dons e serviços que nos animam a construir uma sociedade mais sensível e comprometida
com as necessidades de nossos irmãos e irmãs e de todo o planeta.

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