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858.355.

345-90

COMUNICAÇÃO E MEMÓRIA

JUVENTUDE E EDUCOMUNICAÇÃO DA COMUNICAÇÃO DIOCESANA NO


RECÔNCAVO DA BAHIA

MURITIBA-BA

2023
Juventude e educomunicação da comunicação Diocesana no Recôncavo da Bahia

1 INTRODUÇÃO

A Comunicação e Educação são duas áreas de conhecimentos que estão interligadas por
meio da Educomunicação. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) 1, publicou
no ano de 2014, o documento 99, intitulado Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil. Esse
documento são diretrizes que norteiam a comunicação eclesial como também a relação da igreja
com a sociedade contemporânea.
O diretório após 10 anos passou pelo processo de atualizações e no ano de 2023 foi
lançado com as alterações, pois houve a necessidade de se adaptar com a transformação
comunicacionais que ocorrem na sociedade atual e as contribuições do Papa Francisco 2. No
capítulo IX, intitulado “Educar para a Comunicação” empregou o conceito Educomunicação:

A educomunicação, que é a educação para uma comunicação dialógica, necessita de


fundamentos para uma comunicação dialógica, necessita de fundamentos teológicos,
pastorais, educacionais e psicossociais que garantam sustentação às experiências de
vida comunitária compartilhada. (CNBB, 2023, p.160).

Nesta perspectiva a Educomunicação pode ser associada a comunicação popular


alternativa. Mário Kaplún em sua obra intitulada “El Comunicador Popular”, ao referir-se
sobre a comunicação popular, afirma, “Uma comunicación, liberadora, transformadora, que
tiene al Pueblo como generador y protagonista.” (KAPLÚN, 1985, P.7).
Ana Valim no livro “A Comunicação Popular na construção e preservação da memória
das lutas populares no Brasil (décadas de 1970 e 1980)”, discorre sobre a contribuição da Igreja
Católica na Comunicação Popular, “no âmbito das práticas sociais, a Igreja Católica foi a

1
“A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) é a instituição permanente que congrega os Bispos da
Igreja Católica no País…; nela, conjuntamente, eles exercem funções pastorais e dinamizam a missão
evangelizadora…. Respeitadas a competência e responsabilidade de cada membro, quanto à Igreja universal e à
própria Igreja particular, cabe à CNBB, como expressão peculiar do afeto colegial, fomentar a comunhão entre os
membros…, ajudar os Bispos no seu ministério para o benefício de todo o povo de Deus, concretizar o afeto
colegial e facilitar o relacionamento de seus membros, sendo espaço de diálogo, ajuda fraterna e de encorajamento
recíproco…., estudar assuntos de interesse comum, promover a ação evangelizadora, exercer o magistério
doutrinal e a atividade legislativa, segundo as normas do direito…, representar o Episcopado brasileiro junto a
outras instâncias, inclusive a civil” (Estatutos art. 1º e 2º).”
Disponível em< https://www.cnbb.org.br/a-cnbb-esclarecimentos/>. Acesso em 21 de outubro de 2023

2
Em 13 de março de 2013, o Cardeal Jorge Mário Bergoglio foi eleito à Cátedra de Pedro: primeiro Papa jesuíta
e americano e o primeiro com o nome de Francisco.
Disponível em< https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2021-03/papa-francisco-aniversario-
pontificado.html> Acesso em 21 de outubro de 2023
Juventude e educomunicação da comunicação Diocesana no Recôncavo da Bahia

principal condutora das várias experiências do que se constituiu na comunicação popular e


participativa desenvolvidas, sobretudo nas décadas de 1960 a 1980, não só no Brasil, mas em
toda a América Latina.” (VALIM, 2020, p.110). Há muito tempo se sabe que a participação
ativa do cidadão em todas as fases da comunicação como protagonista, propicia a constituição
de processos educomunicativos favoráveis ao desenvolvimento mais ágil do exercício da
cidadania.” (PERUZZO, 2009, p. 56).
Neste tempo de profundas mudanças em que vivemos, as quais
afetam o modo de ver a si mesmo, o mundo e o outro, o jovem é chamado
a desenvolver uma consciência crítica e construir espaços alternativos
de vivência. Para que, assim, se geste o que pode vir a ser um horizonte
possível para a sociedade e um caminho alternativo, viável para o advento
de uma estruturação social mais justa e condizente com a dignidade das
pessoas. (DIAS, 2012, p.32).

A Educomunicação no que tange a comunicação diocesana tem foco no povo, é o


comunicar do povo para o povo, levando a informação de maneira simples, clara, objetiva,
possibilitando a compreensão de todos independente do grau de instrução. “O engajamento em
questões sociais e a realização de ações de comunicação com foco no povo, retratando temas
que são de interesse das comunidades, fortalecem as lutas e os projetos de transformação
social.” (CNBB, 2023, p.162).

Somente uma abertura e acolhida efetiva dos jovens, que brote de uma
sincera e autêntica conversão pastoral e social, pode reconhecer a força
do jovem como construtora de um mundo mais justo, fraterno e inspirado por uma
espiritualidade fiel aos valores éticos e fundamentais do
ser humano. (DIAS, 2012, p.34).

O Diretório ao discorrer sobre a Educomunicação tem uma atenção para a educação


para comunicação em diferentes âmbitos, sendo eles: familiar, escolar, comunitário, político,
profissional, pastoral, da recepção midiática e o do letramento digital.
Na introdução do diretório da CNBB expressa que “o Diretório aponta para a
importância de se adotarem procedimentos educomunicativos que favoreçam às atuais e novas
gerações uma aproximação aos meios de comunicação e aos recursos da informação a partir de
uma perspectiva crítica, construtiva, autoral e cristã. (CNBB, 2023, p.22).
Nesse sentido, a igreja católica se preocupa com as transformações tecnológicas como
forma de uma comunicação popular e participativa, tendo em vista o empoderamento dos
sujeitos envolvidos no processo. “A comunicação que emerge das comunidades em que leigas
Juventude e educomunicação da comunicação Diocesana no Recôncavo da Bahia

e leigos3 são protagonistas necessita ganhar reconhecimento por parte dos pastores, para que
não se ocultem as luzes que devem ser colocadas nos lugares mais altos para iluminar todo
ambiente eclesial. (CNBB, 2023, p.22).
Com base no Diretório de Comunicação e dos caminhos percorridos pela a Igreja
Católica com campo da comunicação, o objeto de estudo para este projeto é a sobre a Juventude
protagonistas na Educomunicação Diocesana do Recôncavo da Bahia. A Educomunicação se
adequa com a Comunicação popular, pois tem como protagonismo o povo, neste contexto a
juventude. Sendo eles construtores de um diálogo que contribui para o crescimento humano,
uma vivência comunitária, sendo sujeitos transformadores da sociedade. Ressaltando que a
educomunicação não existe somente nos espaços escolares, mas em outras esferas da sociedade
contemporânea, no espaço de educação não formal.

1.1 Objeto de Estudo

Antes de falar sobre objeto de estudo, é necessário contextualizar o território no qual a


juventude está inserida.
A Diocese de Cruz das Almas foi criada pela Santa Sé em 22 de novembro de 2017 e
teve sua instalação no dia 28 de janeiro de 2018. Fica localizada no Recôncavo da Bahia,
distante a 146 quilômetros da capital Salvador foi desmembrada da Arquidiocese de São
Salvador da Bahia. A instalação da nova Diocese foi realizada no dia 28 de janeiro de 2018
durante Celebração Eucarística presidida pelo Núncio Apostólico no Brasil, Dom Giovanni
D’Anielo, quando também aconteceu a posse do primeiro bispo diocesano, Dom Antonio
Tourinho Neto (DIOCESE DE CRUZ DAS ALMAS, ONLINE)4.
A Diocese tem como Padroeira, Nossa Senhora do Bom Sucesso, segundo o site da
Diocese de Cruz das Almas, é composta por 17 paróquias, 185 comunidades e 10 municípios:

3
A palavra “leigo” (em grego laïkós, e em latim laicus) deriva da palavra grega laós, que quer dizer “povo”. No
entanto, o termo teve sempre uma conotação negativa: “leigo” é aquele que não sabe, que não domina determinado
conhecimento, que não tem o conhecimento ou a habilidade necessária para determinada arte ou ciência, que não
possui conhecimento aprofundado sobre determinada área do saber. Pode ser tomado como sinônimo de ignorante.
Foi usado assim, sobretudo na Idade Média, para diferenciar o povo, muitas vezes iletrado, sem acesso à cultura,
de uma elite cultural e muitas vezes clerical. Na modernidade, o termo se estendeu ao nível geral, sendo usado em
praticamente todas as áreas humanas com este sentido pejorativo.
<https://www.vidapastoral.com.br/edicao/leigo-um-conceito-em-evolucao/>

4
Disponível em <https://www.diocesedecruzdasalmas.com.br/dados-hist%C3%B3ricos.>
Acesso em 16 de outubro de 2023.
Juventude e educomunicação da comunicação Diocesana no Recôncavo da Bahia

Cabaceiras do Paraguaçu, Cachoeira, Cruz das Almas, Governador Mangabeira, Maragogipe,


Muritiba, Santo Amaro, São Félix, Sapeaçu e Saubara (DIOCESE DE CRUZ DAS ALMAS,
ONLINE).
O Diretório de Comunicação é um guia que elucida as ações pastorais, com uma atenção
para os jovens como protagonista de uma comunicação evangelizadora e intitula os jovens
como a esperança da comunicação. “Algumas peculiaridades fazem dos jovens os protagonistas
dos processos comunicacionais contemporâneos: vivem imersos nos ambientes digitais,
dominam as suas línguas e o seu estilo interativo e rápido de se comunicar (CNBB, 2023, p
103).
A juventude na educomunicação trabalha com o diálogo, participação e são construtores
de conhecimentos, sujeitos que contribuem para a transformação de uma sociedade justa,
igualitária e com um olhar atento aos necessitados. Desperta nos jovens suas potencialidades e
autonomia.

A busca de uma comunicação em que as pessoas sejam protagonistas e possam


interagir na reelaboração das mensagens, faz com que se tenha um novo olhar. O
caminho interpretativo da comunicação em suas teorias busca também explicar
práticas comunicacionais e educativas coerentes com os novos modos de ver a
comunicação a partir da cultura e não mais a partir dos meios. Essas e outras
características constituem a matriz da comunicação comprometida com a
transformação social e a cidadania. (CORAZZA, 2015, p. 37).

A juventude é protagonista em todo o processo, pois tem voz e vez, expressam suas
ideias, compartilham saberes, olham as necessidades e anseios de suas paróquias e contribui
para as ações pastorais e sociais. São envolvidos diretamente nos movimentos da sua própria
comunidade, sendo inseridos na Pastoral da Comunicação (PASCOM 5), eles gerenciam as redes
sociais e sites, produzem matérias, vídeos, produções radiofônicas, revistas e promovem
campanhas sociais.

5
A Pastoral da Comunicação (PASCOM) é a presença e a ação da Igreja nos ambientes comunicacionais.
Sua atuação se estabelece a partir das ações próprias do campo da comunicação com sentido pastoral e
evangelizador. É a pastoral do ser e do estra em comunhão com toda a comunidade eclesial, garantindo a acolhida
e a participação, a organização solidária e a gestão democrática dos processos comunicacionais. A expressão
“Pastoral da Comunicação” nasce da junção de duas realidades que interagem reciprocamente: Comunicação e
Pastoral. (CNBB, 2023, p. 181).
Juventude e educomunicação da comunicação Diocesana no Recôncavo da Bahia

A Educação nos processos comunicacionais entende-se pelas formações e também na


educação para produção de produtos que evangelizam, filtra o que é passado nas grandes
mídias.
É necessário levantar o seguinte questionamento: como as práticas da educomunicação
contribuem no protagonismo da juventude na comunicação diocesana?

2 JUSTIFICATIVA

Nas graduações referentes a área da comunicação (Jornalismo, Relações Públicas,


Publicidade e Propaganda), não tem disciplinas relacionadas ao comunicador- educador e nem
licenciatura em Comunicação. Porém, nos cursos de pós-graduação, possibilita tratar de
assuntos relacionados à educação e comunicação. Para Soares (2000, p.23), “(...) a reflexão
acadêmica, metodologicamente conduzida, vem garantindo unicidade às práticas
Educomunicação, permitindo que o campo seja reconhecido, evolua e se legitime (...).
Este trabalho tem relevância no âmbito acadêmico, pois contribuirá como aporte teórico
na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia para pesquisas futuras relacionadas aos
conceitos de educomunicação e juventude e juventude engajadas na comunicação católica, tanto
nos cursos de graduação, de mestrado e doutorado.
No âmbito social este trabalho busca contribuir para a valorização e o empoderamento
da juventude, como pessoas que possam ser vistas como construtoras de conhecimentos, através
de uma comunicação popular e também como consulta para toda sociedade que buscam
compreender sobre o objeto de estudo.

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Analisar como a juventude e educomunicação contribuem com a comunicação Diocesana no


Recôncavo da Bahia.

3.2 Objetivos Específicos

● Descrever a comunicação católica com base no diretório de comunicação;


● Compreender as práticas educomunicativas nas produções da comunicação diocesana;
Juventude e educomunicação da comunicação Diocesana no Recôncavo da Bahia

● Investigar o grau de protagonismo da juventude na educomunicação na comunicação


diocesana.

4 FUNDAMENTAÇÃO

4.1 Caminhos da Comunicação Católica

As mudanças sociais, culturais, políticas e religiosas ocorridas nos séculos XIX e XX,
fizeram com que a Igreja católica convocasse para o Concílio Vaticano II, que teve sua primeira
sessão no dia 11 de outubro de 1962, o principal motivo era a necessidade de uma renovação e
adaptação da Igreja Católica às questões relacionadas a contemporaneidade. O catolicismo
universal neste período passava por uma crise e acreditava que a utilização da mídia de massa,
pudesse mudar esse cenário.
“As políticas internacionais voltadas à formação para a comunicação encontram eco
também na Igreja Católica, que recomendou aplicar as propostas de mudanças e decisões
do Concílio Ecumênico Vaticano II6 (1962-1965), em relação à comunicação, por meio de
Conferências nos Continentes.” (CORAZZA, 2014. P.31-32)
Durante o Concílio Ecumênico Vaticano II, o marco para a comunicação da Igreja
Católica é o Decreto Inter Mirifica7, sobre os meios de comunicação social. “O concílio
Ecumênico Vaticano II reforça o importante papel de leigos e leigas no diálogo entre fé e cultura
e sua atuação no campo da comunicação.” (CNBB, 2023, p.192).

A partir do Concílio Vaticano II com o decreto sobre os meios de comunicação social,


Inter Mirifica (1963), a Igreja recomenda a formação dos receptores de diversas
culturas e idades. O decreto também explicita a necessidade da formação para que as
lideranças atuem no campo da produção, uma vez que a comunicação requer pessoal
especializado. (CORAZZA, 2015, p.53).

6
O Concílio Ecumênico Vaticano II é considerado um dos maiores acontecimentos da Igreja no Século XX.
Constitui também um dos maiores feitos do pontificado de Angelo Giuseppe Roncalli, o Papa João XXIII, e trouxe
grandes renovações para a Igreja Católica. O Concílio é a assembleia de todos os bispos do mundo ou de uma
representação dos bispos do mundo inteiro que, em comunhão com o Papa, procura esclarecer questões de fé, de
moral ou da vida prática da Igreja.
Disponível em https://noticias.cancaonova.com/especiais/canonizacao-joao-paulo-ii-e-joaoxxiii/entenda-o-
concilio-vaticano-ii-convocado-por-joao-xxiii/. Acesso em 21 de outubro de 2023.

7
O Inter Mirifica é composto por 24 artigos, sendo 2 artigos de introdução; 10 artigos
destinados à doutrina, referentes ao capítulo 1, intitulado Normas para o correto uso dos
meios de comunicação social; 10 artigos sobre a ação pastoral, correspondendo ao capítulo 2
Os meios de comunicação social e o apostolado, e 2 artigos finais de conclusão. (ALVARENGA, 2016, p.37)
Juventude e educomunicação da comunicação Diocesana no Recôncavo da Bahia

De acordo com Alvarenga (2016, p. 37) “no decreto Inter Mirifica, o que muda é o foco
da preocupação da Igreja, que agora não está simplesmente interessada em combater essas
tecnologias de comunicação, mas sem de se apropriar dessas mesmas tecnologias”, percebe- se
que a mídia e religião não eram muito exploradas, porém com a evolução do mundo moderno
e com base no Concílio Vaticano II, houve uma pressa para que a Igreja explorasse os meios de
comunicação de massa. A Igreja Católica tem todo um cuidado em relação ao uso dos meios
de comunicação para a divulgação, tendo um compromisso com a ética para não utilizarem os
veículos de comunicação de maneira negativa.
Através do Inter Mirifca percebe-se que a Igreja Católica norteia sempre a necessidade
de educar para o bom uso da Comunicação.
Promovam-se por todos os meios eficazes e assegurem-se a todo o custo a produção
e a exibição de filmes destinados ao descanso honesto do espírito, proveitosos para a
cultura e arte humana, sobretudo aqueles que se destinam à juventude; isto consegue-
se, sobretudo, apoiando e coordenando as realizações e as iniciativas honestas, tanto
da produção como da distribuição, recomendando as películas que merecem elogio
por juízo concorde e pelos prémios dos críticos, fomentando e associando entre si as
salas pertencentes a bons empresários católicos. (INTER MIRIFICA, 1996,
ONLINE).

A Igreja Católica do Brasil fundamentada no documento Inter Mirifica se preocupa em


se adaptar às transformações comunicacionais.
Alvarenga (2014), ressalta:

“São perceptíveis os esforços da Igreja no Brasil para manter sempre viva e ativa a
reflexão sobre o uso dos meios de comunicação na ação evangelizadora. Prova disso
são as experiências e vivência da comunicação nas comunidades, em suas ações, nos
organismos especializados e nos documentos produzidos ao longo do tempo.”
(ALVARENGA, 2014, p.55).

Segundo Puntel (2012, p. 48), “a comunicação não pode reduzir-se a simples


instrumentos técnicos de transmissão, mas deve ser considerada como processo de
relacionalidade entre as pessoas.”
Fundamentado no documento inter mirifica surge o Diretório de Comunicação da Igreja
Católica do Brasil: “O Diretório de Comunicação representa, em outras palavras, as Políticas
de Comunicação da Igreja Católica no Brasil.” (Alvarenga, 2014, p 41).
O Diretório de Comunicação não busca ser um manual para seguir um modelo passo a
passo e sim falar sobre a comunicação nas várias instâncias.

Sendo assim, o principal objetivo do diretório é ajudar a Igreja em suas diversas


instâncias a perceber a importância dos meios de comunicação. Promovendo uma
atualização e um aprofundamento dos conhecimentos específicos deste campo. De
forma a criar a naturalizar a comunicação, tornando-a como parte determinante e
Juventude e educomunicação da comunicação Diocesana no Recôncavo da Bahia

indispensável nos processos de evangelização e no diálogo com a sociedade.


(ALVARENGA, 2014, p. 61).

Durante os caminhos que percorrem a comunicação católica, a Igreja sempre valoriza e


reconhece os leigos como pessoas importantes no processo de evangelização através da
comunicação. Dialogando com o conceito de Educomunicação, uma comunicação que seja
participativa, onde haja diálogo e todos os sujeitos tenham o mesmo grau de importância. “O
Concílio Ecumênico Vaticano II, refletindo sobre a natureza e a missão da Igreja, enfatizou o
apostolado de leigos e leigas como parte de sua missão evangelizadora. (cf. AA, n.2),” (CNBB,
2023, p.99).
No que diz respeito a formação da juventude para a Comunicação Social o decreto Inter
Mirifica enfatiza:
Tendo-se na devida conta que o uso dos meios de comunicação social, que se dirigem
a pessoas diferentes na idade e na cultura, requer nestas pessoas uma formação e uma
experiência adequadas e apropriadas, devem favorecer-se, multiplicar-se e
encaminhar-se, segundo os princípios da moral cristã, as iniciativas que sejam aptas
para conseguir este fim – sobretudo se se destinam aos jovens – nas escolas católicas
de qualquer grau, nos Seminários e nas associações apostólicas dos leigos. Para que
se obtenha isto com maior rapidez, a exposição e explicação da doutrina e disciplina
católicas nesta matéria devem ter lugar no ensino do catecismo. (INTER MIRIFICA,
1996, ONLINE).

A Igreja acolhe e reconhece a participação dos leigos para a comunicação, e no âmbito


da comunicação tem destaque a Pastoral da Comunicação (PASCOM). “A Pastoral da
Comunicação é a presença e a ação da Igreja nos ambientes Comunicacionais. (CNBB, 2023,
p. 179).
A PASCOM estrutura-se a partir dos documentos da Igreja, dos estudos e das
pesquisas na área da comunicação e das práticas comunicativas vividas e
experienciadas por comunidades e grupos. Para que a comunicação encontre espaços
para anunciar a todos a Boa-Nova de Jesus Cristo, é necessário que a PASCOM ocupe
um lugar especifico de atuação na vida eclesial, que lhe permita irradiar as ações
próprias da comunicação com sentido teológico-pastoral. (CNBB, 2023, p. 181-182).

No diretório de Comunicação da Igreja do Brasil, explana sobre a dedicação de um


capitulo dedicado ao apostolado dos leigos e leigas na comunicação e enfatiza a importância
das formações.
(...) Aqui é válido reforçar a importância de que a Igreja lhes proporcione
oportunidades de formação continuada na área da comunicação. Os agentes pastorais
são os animadores das práticas comunicacionais e provocam na comunidade as
possibilidades de anuncia as Boa-Nova com os meios de comunicação, levando em
conta as diretrizes da Igreja e os avanços culturais e técnicos na sociedade. Devem ser
Juventude e educomunicação da comunicação Diocesana no Recôncavo da Bahia

também os promotores de processos comunicacionais que favoreçam as relações


interpessoais e em grupo, de forma sadia e geradora de redes de relacionamentos.
(CNBB, 2023, p. 193).

Os documentos da Igreja Católica que norteiam a comunicação, valorizam a formação,


a educação e o diálogo, sendo uma comunicação a serviço da comunidade. É possível perceber
que o diretório de comunicação no que se refere a educação e comunicação, sempre valoriza o
diálogo, as formações, as relações participativas, as práticas de comunicação a serviço para o
bem coletivo, características da Educomunicação. (...) É uma ação que valorize sempre mais a
ação comunitária sobre as ações individuais. (CNBB, 2023, p.195).
O diretório é considerado um dos documentos mais importantes da Igreja Católica no
que se refere a comunicação da Igreja do Brasil. Nele é possível perceber a valorizar do
protagonismo da juventude. Uma juventude que na maioria são voluntários, se comprometem
a contribuir na comunicação das comunidades e paróquias, são nestes lugares que eles se
reinventam, criam laços de amizades e constroem memórias afetivas. É através da PASCOM
que eles protagonizam essas ações andando em comunhão com o que rege os documentos da
Igreja, com o Bispo, o padre da sua paróquia e com a coordenação da Pastoral da Comunicação
Diocesana. A Pastoral articula os trabalhos através da articulação, formação, produção e
espiritualidade.

4.2 Educomunicação

A palavra Educomunicação foi utilizada pela primeira vez pelo educomunicador,


radialista e escritor Mário Kaplún. Segundo Soares (2000) embasa essa teoria com as
contribuições de educadores e comunicadores.

No entanto, no mundo latino, certa aproximação foi constatada, graças à contribuição


teórico-prática de filósofos da educação como Célestin Freinet ou Paulo Freire ou da
comunicação, como Jesús Martín-Barbero e Mário Kaplún. Colaboraram também
para esta aproximação o avanço das conquistas tecnológicas e o barateamento dos
custos dos equipamentos, o que levou grupos ativos e organizados de especialistas a
iniciarem um irreversível processo de aproximação entre estes dois campos.
(SOARES, 2000, p.13).

Jacks e Schmitz (2017, online) ao discorrer sobre as contribuições de Martín-Barbero


para a comunicação e educação, enfatiza:

Ao refletir sobre comunicação e educação (Martín-Barbero, 2014), o autor reconhece


a pluralidade de inteligências que estão em jogo quando se fala de conhecimento, e
que o jovem transita com muita habilidade na construção cotidiana dos “saberes-
Juventude e educomunicação da comunicação Diocesana no Recôncavo da Bahia

mosaico”, dispersos e fragmentados de nosso tempo (...). (JACKS E SCHMITZ,


2017, ONLINE).

A Educomunicação surge na perspectiva de empoderar as pessoas e a sociedade, como


forma de dialogar com os sujeitos envolvidos para poderem criar práticas comunicacionais.
Desta forma, as pessoas poderão aflorar o senso crítico perante a mídia, sabendo filtrar as coisas
negativas e positivas, “(...) a educação tem de ensinar as pessoas a ler o mundo de maneira
cidadã. (MARTÍN-BARBERO, 2000, p. 133).

A formação para a comunicação traz aqui o conceito de capacitação para pensar e


atuar em ambientes comunicativos, mediante o compromisso com valores humanos e
de cidadania, de modo que os sujeitos possam ser atores sociais na área da pastoral e
da educação educomunicativa. O conceito de Educomunicação, empregado por Mário
Kaplún na década de 1980, foi ressemantizado pelo Núcleo de Comunicação e
Educação (NCE) da ECA/USP, como um campo de ação emergente na interface entre
as áreas de comunicação e educação. A Educomunicação é um meio de
reconhecimento da centralidade da comunicação. (CORAZZA, 2015, p. 16).

Segundo Corazza (2015, p. 16), falar de Educomunicação é pensar no sujeito


interlocutor, sua autonomia e relação com a sociedade e possibilidades de interferir no processo
(...). “A educação tem de ajudar a criar jovens uma mentalidade crítica, questionadora,
desajustada, da inércia na qual as pessoas vivem, desajustadora da acomodação da riqueza e da
ressignificação na pobreza”. (MARTÍN-BARBERO, 2000, p. 134).
Na educomunicação todos os sujeitos têm voz e vez sem ter divisão entre receptores e
emissores. Com sentido da educomunicação, o educador e filósofo Paulo Freire (2021, p.67)
“comunicar é comunicar-se em torno do significado e do significante.” Desta forma a
comunicação é um trabalho em conjunto que todos têm a mesma importância.

Existem distintas vertentes na área da educação para a comunicação, o que


compreende desde posturas defensivas, de cunho moralista, até projetos que
caracterizam por implementar procedimentos voltados para apropriação dos meios e
das linguagens por parte das crianças e jovens. (SOARES, 2000, p. 22).

No que se refere a Educomunicação, todos os esforços são reconhecidos e valorizados


é uma troca de saberes, experiências, sendo que cada sujeito tem a sua importância e todos
unidos para a construção de um saber que beneficia o meio em que vive. Para a
Educomunicação existir necessita de um meio, um veículo de comunicação, dispositivo, site,
blogs, redes sociais, cartilhas ou seja, uma maneira de se comunicar e expressar.

O que importa é que o meio exerça a função de comunicação. Comunicação entre


educomunicando e educomunicador, comunicação entre a curiosidade e a descoberta,
comunicação entre a busca do conhecimento e a construção do saber, comunicação
Juventude e educomunicação da comunicação Diocesana no Recôncavo da Bahia

entre a participação e a democracia, comunicação entre liberdade de expressão e o


respeito às diferenças, comunicação entre o (re)conhecimento de si e o
(re)conhecimento como sendo parte do mundo ao seu redor.
O que a Educomunicação faz é não ignorar a mídia, as tecnologias, os meios de
comunicação, mas sim saber utilizá-los a favor, principalmente, da comunidade que
carece de informação e conhecimento. (RESENDE, 2019, p.48).

Corazza (2000, p.29-30) entende que o conceito Educomunicação “quer indicar um


conjunto de elementos, para além dos meios de comunicação, reconhecidos nas práticas dos
agentes culturais, como constitutivo de um novo modo de se trabalhar a interface comunicação
e educação.
Mário Kaplún e Paulo Freire defendem uma comunicação e educação que gerem
diálogo, com o sujeito seja interagindo com a sociedade, sendo está uma interação democrática,
participativa. Para Paulo Freire (2021, p.69): “a educação é comunicação, é diálogo, na medida
em que não é a transferência de saber, mas um encontro de sujeitos interlocutores que buscam
a significação dos significados.”
Na Educomunicação o diálogo é imprescindível, sendo que todas as opiniões são
válidas, é uma troca de saberes. Não sendo permitido a opressão, pois os sujeitos são voz ativa
na construção do conhecimento. A Educomunicação surge não só com o intuito de utilizar a
mídia no processo de ensino-aprendizagem, mas também discute, dialoga, analisa, questiona,
tem senso crítico, ou seja, no ecossistema da educomunicação.
Jesús Martín-Barbero (2002), discorre sobre a Educomunicação através dos
ecossistemas comunicativos. Contribuindo para o campo comunicação e educação através das
mudanças na sociedade contemporânea. Segundo Soares (2000, p. 22-23): “o conceito de
ecossistema comunicacional designa a organização do ambiente, a disponibilização dos
recursos, a modus faciendi dos sujeitos envolvidos e o conjunto de ações que caracterizam
determinado tipo de ação comunicacional. O ecossistema comunicativo é o espaço que ocorre
a comunicação, neste caso do fenômeno estudado é a Diocese de Cruz das Almas, é neste espaço
que ocorre o protagonismo da juventude com as práticas educomunicativas.
Na Educomunicação todos os esforços são reconhecidos e valorizados. É uma troca de
saberes, experiências, cada sujeito tem a sua importância. “Na Educomunicação, cada
contribuição de um agente é única, subjetiva e não deve ser menosprezada.” (RESENDE, 2019,
p.40).
A busca de uma comunicação em que as pessoas sejam protagonistas e possam
interagir na reelaboração das mensagens, faz com que se tenha um novo olhar. O
Juventude e educomunicação da comunicação Diocesana no Recôncavo da Bahia

caminho interpretativo da comunicação em suas teorias busca também explicar


práticas comunicacionais e educativas coerentes com os novos modos de ver a
comunicação a partir da cultura e não mais a partir dos meios. Essas e outras
características constituem a matriz da comunicação comprometida com a
transformação social e a cidadania. (CORAZZA, 2015, p.37).

As práticas educomunicacionais com o protagonismo da juventude no processo da


comunicação diocesana no Recôncavo da Bahia é uma construção de conhecimento, tendo uma
troca social, sendo empenhados para manter viva a memória de sua comunidade e paróquia. O
conhecimento e o diálogo na Educominicação é fator imprescindível, pois permite o
protagonismo dos sujeitos, mostrando que a juventude é capaz de serem propagadores na
comunicação diocesana, não somente das técnicas, mas também de pessoas capazes de
transformar a sociedade.

4.3 Juventude

A juventude é uma categoria social que vem ganhando destaque nos trabalhos
acadêmicos. Dar visibilidade a juventude é reconhecer que eles contribuem positivamente para
a transformação social. Diversos são os estudos para conceituar a juventude. “A juventude é
uma categoria social que passa a se constituir e adquire o sentido atual a partir do advento da
modernidade.” As Nações Unidas definem a juventude pelo grupo etário composto por pessoas
entre 15 e 24 anos, a Política Nacional de Juventude (PNJ), considera todos da faixa etária entre
15 e 29 anos. (WEISHEIMER, 2014, p.09).

Do ponto de vista das práticas sociais o início da juventude é representado pelo


surgimento da puberdade. Esta é marcada pelo desenvolvimento de um novo porte
físico e por novas exigências de disciplinamento dos corpos. Estas mudanças
biológicas são acompanhadas pela incorporação de novos papeis sociais que
acentuam, entre outras coisas, as distinções entre os sexos. De modo geral, podemos
dizer que a entrada na fase juvenil da vida é marcada por múltiplos critérios que
expressam as transformações vividas pelos indivíduos no plano biológico,
psicológico, cognitivo, cultural e social. (WEISHEIMER, 2014 p. 11-12).

Estudar sobre juventude como protagonista da comunicação diocesana é reconhecer que


são pessoas interligadas com a tecnologia e usam esses meios para o bem comum, para serem
anunciadores de uma comunicação popular, transformadora e igualitária.

“No Brasil, e especificamente no campo de pesquisa ligado à comunicação, podemos


identificar esforços no sentido de consolidar uma trajetória de estudos relacionados à
Juventude e educomunicação da comunicação Diocesana no Recôncavo da Bahia

juventude, comunicação e práticas culturais3. Nesse contexto desenvolvem-se estudos


que articulam a juventude aos aspectos de seu consumo cultural e constituição de
grupos identitários; a apropriação das novas tecnologias e resignificação do uso dos
meios; [...]. (MATOS,2010, p. 132).

Falar da juventude e mostrar o empoderamento desses indivíduos como agentes


transformadores das novas práticas comunicativas. Os jovens envolvidos no fazer
educomunicação, desperta a liderança, atuando em suas paróquias e/ou comunidades, baseado
no diálogo, na união e no trabalho em equipe para o bem comum.
Por diversas angulações, Martín-Barbero observa os jovens há muito tempo, com o
intuito de saber que sujeitos estão começando a se reconfigurar diante da grande transformação
da sociedade contemporânea, onde se tornam protagonistas. (JACKS E SCHMITZ, 2017,
ONLINE).
Na sociedade contemporânea o protagonismo da juventude favorece o
desenvolvimento, forma um pensamento crítico, político e social. Através da Educomunicação
a juventude protagoniza ações que viabilizem melhorias para o meio que estão inseridos.

Estes jovens podem encontrar possibilidades de se tornarem protagonistas de seu


próprio destino, tornando-se líderes no processo de mudanças das realidades
sociais que os afligem. Podendo também romper com as estruturas opressivas que os
aprisiona, construindo junto com seus coletivos processos de emancipação para toda
a sociedade. (SILVA, 2022, p.05).

Ao se tratar do fenômeno de estudo deste projeto o protagonismo na educomunicação


na comunicação na Diocese de Cruz das Almas, possibilita a juventude a crescerem e a se
desenvolverem. Atuando na Comunicação das comunidades e paróquias, a juventude cultiva
valores, aflora os conhecimentos no âmbito social, cultural e político, pois eles participam
ativamente de tudo que se refere a comunicação. Também a juventude trabalha em comunhão
com todos os grupos e movimentos da Igreja, possibilitando uma comunicação participativa, de
escuta, diálogo, interação, troca de conhecimentos e experiência.

A Paróquia e a comunidade são espaços privilegiados para o encontro das pessoas e


para a formação para a comunicação. Nela, reflete-se o cotidiano da vida dos cristãos,
com suas angústias e esperanças, em que se abrem inúmeras possibilidades de
participação e criatividade, especialmente para os jovens. (CNBB, 2023, p.188).
Juventude e educomunicação da comunicação Diocesana no Recôncavo da Bahia

A Igreja Católica tem uma atenção em especial para com a juventude, Papa Francisco
coloca a confiança na juventude para o futuro da Igreja, enfatiza sempre o protagonismo juvenil.
Na Campanha da Fraternidade 2013 cujo o tema foi: “Fraternidade e Juventude”, reafirma este
protagonismo da juventude como parte essencial da Igreja Católica.
Luiz Carlos Dias, em seu artigo intitulado: “CF 2013 “Fraternidade e Juventude” O
protagonismo dos jovens na Igreja e na Sociedade”, elucida o empenho da Igreja a inserir os
jovens nas atividades da Igreja.

A Igreja possui uma longa caminhada de experiências com a juventude. Basta recordar
os movimentos lidados à Ação Católica Especializada (JAC, JEC, JOC, JIC e JUC).
Como grande educadora e “mestra em humanidades”, sempre fomentou e apoiou as
iniciativas de formação juvenil e defendeu a dignidade e a importância do jovem. É
devido a este imenso arcabouço de experiências e conhecimentos, que a Igreja quer
falar ao coração de cada jovem e convidá-lo a se abrir ao encontro pessoal e profundo
com Jesus Cristo, que pode dar verdadeiro significado à nossa existência. (DIAS,
2012, p.15).

A Igreja busca a participação ativa dos jovens nas atividades, na liturgia, dos
movimentos e pastorais. No texto base da Campanha da Fraternidade 8 2013, a Igreja
valorização a formação educativa para que os jovens possam ser inclusos digitalmente nas
paroquias e comunidades, porém destaca que a educação é um meio eficaz na formação da
juventude.

Para isso, é necessária uma atitude educativo-interativa com os jovens que dialogue
com eles. Por outro lado, a ambiência em que eles vivem também precisa de uma ética
que considere a comunicação como espaço de relações e de cultivo de valores que
edificam a existência e a sociedade. Dentro do universo midiático, muitos jovens
fazem as escolhas de vida e de fé, sentem- -se atraídos pelos valores testemunhados,
fazem suas opções vocacionais, empenham-se pelo estudo. (CNBB, 2013, p. 26).

8
Campanha da Fraternidade nasceu por iniciativa de Dom Eugênio de Araújo Sales, em Nísia Floresta,
Arquidiocese de Natal, RN, como expressão da caridade e da solidariedade em favor da dignidade da pessoa
humana, dos filhos e filhas de Deus. Assumida pelas Igrejas Particulares da Igreja no Brasil, a Campanha da
Fraternidade tornou-se expressão de comunhão, conversão e partilha. Comunhão na busca de construir uma
verdadeira fraternidade; conversão na tentativa de deixar-se transformar pela vida fecundada pelo Evangelho;
partilha como visibilização do Reino de Deus que recorda a ação da fé, o esforço do amor, a constância na
esperança em Cristo Jesus (Cf. 1Ts 1,3). Disponível em: https://campanhas.cnbb.org.br/campanha-da-
fraternidade.> Acesso em 20 de outubro de 2023.
Juventude e educomunicação da comunicação Diocesana no Recôncavo da Bahia

A Juventude é o público que mais se adapta as tecnologias, protagonizando diversas


ações perante a esse meio, interagem com novas pessoas, criando redes de amizades, se
apropriam das redes sociais, são criadores de conteúdos e a Igreja Católica incentiva para que
a juventude contribua para o serviço nas diversas atividades. “É preciso incentivar a criação das
pastorais de comunicação e a formação permanente de seus agentes. Os grupos juvenis precisam
ser conscientizados de seu papel nessa nova dinâmica da sociedade.” (CNBB, 2013, p.26).

5 METODOLOGIA

O objeto de estudo é a juventude e a educomunicação na comunicação diocesana no


Recôncavo da Bahia. As práticas educomunicacionais é o fenômeno a ser analisado, e como a
educação para a comunicação proporciona o protagonismo da juventude. Esse estudo será
caracterizado como exploratório descritivo de abordagem qualitativa. Será configurada como
descritiva, por trazer com mais detalhes aspectos relacionados ao fenômeno de estudo e de
abordagem qualitativa pois, a partir do método de coleta de dados será possível estabelecer
diálogos com os participantes desse estudo para aprimorar o conhecimento e as impressões
relacionadas ao objeto. “A pesquisa qualitativa possibilita estabelecer aspectos de um
determinado fenômeno a partir de base analítica real baseado em uma população estudada.”
(CAMERA, 2013, p.180).

5.1 Levantamento Bibliográfico

O levantamento bibliográfico é imprescindível para ampliar a compreensão sobre


educomunicação e os estudos da educomunicação do âmbito da comunicação católica e por isso
será analisado os trabalhos realizados para compreender o fenômeno. “Fazer um levantamento
bibliográfico da área, entrando em contato com as pesquisas já realizadas, verificando quais os
problemas que não foram pesquisados, quais os que não o foram adequadamente e quais os que
vêm recebendo respostas contraditórias.” (GIL, 2008, p.35).

5.2 Lócus de pesquisa

O lócus de pesquisa será o Recôncavo da Bahia, de acordo com Bahia (2019):

A região do Recôncavo passou a ser assim conhecida a partir do Século XVI e engloba
uma faixa de terra formada por mangues, baixios e tabuleiros que contornam a Baía
de Todos os Santos. Pode ser descrita como um retângulo de aproximadamente 10 mil
quilômetros quadrados na direção nordeste-sudeste, entre os meridianos 37 e 39 a
Juventude e educomunicação da comunicação Diocesana no Recôncavo da Bahia

oeste de Greenwich e no limite entre os paralelos 12 e 13 ao sul do equador. É uma


área de topografia baixa até os limites de Cruz das Almas, com predominância dos
solos de massapê e clima tropical úmido. Entre suas principais formações naturais
estão a Baía de Todos os Santos e suas ilhas, a Serra da Jiboia e os ecossistemas
costeiros de Maragojipe, Nazaré, Jaguaripe e Valença. Merece destaque, ainda, o lago
artificial formado pela barragem de Pedra do Cavalo (...). (BAHIA, 2019, p.15).

O Recôncavo da Bahia é uma região que tem uma grande importância para o Brasil,
devido a sua história marcada pelas lutas para conquistar a independência, é um berço rico em
manifestações culturais e com grandes riquezas naturais. Dentro da perspectiva do Recôncavo,
o lócus de pesquisa se desdobrará nos limites territoriais da diocese de Cruz das Almas.
As cidades do Recôncavo da Bahia que compõem o território Diocesano são delimitadas
de acordo com a figura 1 abaixo:

Figura 1: Mapa do território Diocesano

Fonte: Site da Diocese de Cruz das Almas

5.3 Participantes do estudo


Juventude e educomunicação da comunicação Diocesana no Recôncavo da Bahia

Os participantes do estudo serão os jovens que compõem a Pastoral da Comunicação


nas suas respectivas paróquias, atuando nas produções para os sites, Instagram, Facebook, na
elaboração de folhetos e jornais, ministrando formações e mantendo o diálogo com todas as
pastorais e movimentos da Igreja.

5.4 Coleta de dados

Será utilizado o método de entrevista semiestruturada. “A entrevista semiestruturada


está focalizada em um assunto sobre o qual confeccionamos um roteiro com perguntas
principais, complementadas por outras questões inerentes às circunstâncias momentâneas à
entrevista”. (MANZINI, 1990/1991, p. 154). Já na perspectiva de Gil (2008, p. 109) “a
entrevista é, portanto, uma forma de interação social. Mais especificamente, é uma forma de
diálogo assimétrico, em que uma das partes busca coletar dados e a outra se apresenta como
fonte de informação.”

5.5 Análise de conteúdo

Para o método de análise de conteúdo será adotada a linha teórica de Bardin. A análise
de conteúdo surge na perspectiva de perceber as produções da juventude através da Pastoral da
Comunicação, correlacionando com as práticas educomunicacionais. “A análise de conteúdo é
um conjunto de técnicas de análise das comunicações.” (BARDIN, 2016, p. 37). Ainda de
acordo com o autor supracitado a análise de conteúdo é dividida em três fases conforme Figura
2.

Figura 2- Fases da análise de conteúdo

2- EXPLORAÇÃO 2- TRATAMENTO
1- PRÉ -ANÁLISE DOS RESULTADOS
DO MATERIAL
• Primeira leitura • Leitura detalhada • Interpretação e
• Criação de • Categorização discusão dos
dados
indicadores • Organização do
material

Fonte: Adaptado de Bardin (2016)


Juventude e educomunicação da comunicação Diocesana no Recôncavo da Bahia

6 PERTINÊNCIA PARA A LINHA DE PESQUISA

A relevância de estudar sobre juventude e educomunicação da comunicação Diocesana


no Recôncavo da Bahia, no Programa de Pós-Graduação em Comunicação- Mídia e Formatos
Narrativos (PPGCOM), é pertinente, pois se trata de um fenômeno presente na
contemporaneidade. Pois possibilitará ampliar as pesquisas referentes à juventude no campo da
comunicação popular, utilizado as práticas educomunicacionais presente na
contemporaneidade.
A escolha da Linha de Pesquisa: Comunicação e Memória, é imprescindível para o
desenvolvimento da pesquisa. Pois falar de juventude e educomunicação é entender que além
de serem produtores de novos conhecimentos, a relação interpessoal com o meio em que vive
perpassa pela construção de memória coletiva, além disso, é um espaço de interesse, da troca
mútua de conhecimento, de ouvir e aprender com o outro.
Ao cumprir as obrigações do programa, a pesquisa contribuirá para os estudos
relacionados à educomunicação e juventude no âmbito do Recôncavo da Bahia e reconhecer a
juventude enquanto construtores de memória coletiva, através dos avanços tecnológicos
contemporâneos.

7 EXEQUIBILIDADE DO PROJETO

Este projeto busca atender as necessidades do programa de Pós-Graduação em


Comunicação, cumprindo o prazo exequível de 24 meses.

Figura 3 – Cronograma de atividades

Ano/Semestre Letivo Atividades

2024.1 Cumprimento das disciplinas obrigatórias


e optativas. Revisão de bibliografia;
reuniões com grupo de pesquisas,
orientações e participação de eventos.

2024.2 Cumprimento das disciplinas obrigatórias


e optativas. Revisão de bibliografia;
reuniões com grupo de pesquisas,
Juventude e educomunicação da comunicação Diocesana no Recôncavo da Bahia

entrevistas, coleta de dados. Participação


de eventos.

2025.1 Análise de dados, redação dos capítulos


teórico-metodológicos; orientações;
participação de grupo de pesquisa; e
participação de eventos.

2025.2 Análise de dados, redação dos capítulos de


análise, correções e depósito final.
Participação de grupo de pesquisa e
participação em eventos.

Fonte: Elaborado pela autora (2023)


Juventude e educomunicação da comunicação Diocesana no Recôncavo da Bahia

REFERÊNCIAS

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Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2016.

ALVARENGA, Ricardo Costa. Novos rumos da comunicação católica brasileira:


o processo de construção do Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil. -
São Luís, 2014.

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EdUFRB, 2019.

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Tradução Luís Antero Reto, Augusto Pinheiro.
São Paulo. 2016.

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sociais aplicadas às organizações. Gerais, Rev. Interinst. Psicol. [online]. 2013, vol.6, n.2,
pp. 179-191. ISSN 1983-8220.

CNBB. Documento Base da Campanha da Fraternidade 2013. Brasília.

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Igreja no Brasil. Brasília: Edições CNBB, 4ª edição (atualizada), 2023.

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pastoral. A experiência do Serviço à Pastoral da Comunicação (SEPAC). Tese
(Doutorado em Ciências da Comunicação) - Programa de Pós-Graduação em
Ciências da Comunicação (PPGCOM), USP, São Paulo, 2015.

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