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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL

CÍVEL DA COMARCA DE XXXXXXXXXXXXXXXX/XX

XXXXXXXXXXX, brasileiro, viúvo, Brigadiano Aposentado,


portador do RG sob o n° XXXXXXXXXXXX e do CPF n° XXXXXXXXXXXXX,
residente e domiciliado na XXXXXXXXXXXXXXXXXX, bairro XXXXXXXXXX, CEP:
XXXXXXXXXXXXXX, XXXXXXXXX, vem, por seus advogados, perante Vossa
Excelência, devidamente constituídos pelo instrumento procuratório anexo,
com fulcro no artigo 319 e seguintes do Novo Código de Processo Civil, vem  a
este juízo, propor a presente

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL COM


PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA DE
URGÊNCIA

SOB O PROCEDIMENTO DA LEI N° 9.099/95, em face de BANCO


XXXXXXXXXXX, localizada na XXXXXXXXXXXXXX, Bairro XXXXXXXXXXXXX, CEP
XXXXXXXXXXXXX, na Cidade de XXXXXXXXXXXXXX, inscrita no CNPJ sob nº
XXXXXXXXXXXXXXXXXXX, pelo fatos e fundamentos que passa a expor.
DA AUTOCOMPOSIÇÃO

O patrono que esta subscreve, consigna desde já, que sempre


visou a celeridade processual, na solução do conflito, a qual poderá se
estender durante a demanda.

Assim, entendendo que poderá através da presente, buscar


tentativas de acordos, fazendo com que sejam reduzidos os números de
processos no judiciário, resolvendo de início o litígio, temos que a conciliação
é medida que se impõe.

Por tal motivo, deixa o registro de que vem imprimindo uma


intensa política de contenção de litígios, caminhando simultaneamente para o
lado da conveniência da conciliação, como melhor instrumento para a
pacificação dos conflitos.

Sendo assim, a parte Autora requer a realização da audiência de


conciliação. (§ 3º do Art. 3º, c/c art. 319, VII do Código de Processo Civil).

PRELIMINARMENTE

DA TRAMITAÇÃO PRIORITÁRIA

O Autor é pessoa idosa, 64 (sessenta e três) anos, razão pela


qual requesta a prioridade da tramitação da presente demanda, nos termos
do Estatuto do Idoso – Lei nº 10.741/2013 e nos termos do art. 1.048, inciso I,
do CPC/2015.

DA JUSTIÇA GRATUITA
A Carta Magna assegura às pessoas o acesso ao Judiciário, se não
vejamos:

CF/88 – Art. 5º - LXXIV - O Estado prestará assistência jurídica


integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de
recursos.

Nessa esteira, a Lei nº 1.060/50 garante a assistência judiciária a


parte processual. Vejamos:

Art. 4º. A parte gozará dos benefícios da assistência judiciária,


mediante simples afirmação, na própria petição inicial, de que
não está em condições de pagar as custas do processo e os
honorários de advogado, sem prejuízo próprio ou de sua
família.”

Desta forma, requer a demandante o deferimento dos benefícios


da assistência judiciária gratuita, pois como atesta, não tem condições de
arcar com as custas e despesas processuais sem o comprometimento do
sustento próprio e de toda sua família.

DOS FATOS

O REQUERENTE possui o cartão de crédito com a REQUERIDA


BANCO XXXXXXXXXXXXXXX, e sempre efetuou regularmente seus débitos. O
REQUERENTE parcelou uma compra em 10 vezes de R$ 266,47 (duzentos e
sessenta e seis reais e quarenta e sete centavos) no cartão da REQUERIDA.

Ocorre que infelizmente, no final do mês de janeiro, o


REQUERENTE perdeu sua esposa, que lhe deixou momentaneamente abalado e
entristecido, atrasando assim suas parcelas, mas quitando-as.

No final de fevereiro, com os trâmites burocráticos devido ao


falecimento da esposa, tendo que viajar para o interior do estado do Rio
Grande do Sul, lamentavelmente o REQUERENTE veio a esquecer que a fatura
da última parcela venceria em 01/03/2018. Mesmo tendo portado consigo o
dinheiro para quitar a dívida, o mesmo veio a esquecer de sua obrigação.
Inclusive causou-lhe estranheza quanto ao valor da fatura, que normalmente
era em torno de R$ 350,00 (trezentos e cinquenta reais), devido aos seus
atrasos. A fatura veio com a valor de R$ 635,91 (seiscentos e trinta e cinco
reais e noventa e um centavos). Verificou posteriormente que esse acréscimo
ocorreu com o atraso da fatura de fevereiro que deveria ser paga em
01/02/2018, tendo sido liquidada em 21/02/2018.

Quando retornou a XXXXXXXXXXXX/RS, o REQUERENTE entrou em


contato com a REQUERIDA Banco XXXXXXXXXX para informar o ocorrido, e a
empresa disponibilizou uma nova fatura, com os valores corrigidos (juros),
bem como com a nova data aprazada.

A nova data para a quitação do débito da parcela (esta sendo a


última de 10) ficou para o dia 01/04/2018, no valor de R$ 412,63
(quatrocentos e doze reais e sessenta e três centavos).

Por infelicidade, já que quem sempre lhe auxiliava na


organização de sua rotina e obrigações era sua esposa que veio a falecer, o
REQUERENTE esqueceu e pagou a fatura atrasada novamente.

Contudo, no dia 16/04/2018, o REQUERENTE pagou a fatura do


dia 01/04/2018, e esperou que em maio os juros devidos ao seu atraso
viessem em uma fatura, contendo apenas os juros e correção, para total
quitação desta última parcela.

Entretanto, o REQUERENTE surpreendeu-se quando precisou


parcelar uma nova compra, e foi informado que não foi liberado o
parcelamento, pois seu nome constava no rol de maus pagadores.

Posteriormente, compareceu ao Serviço Central de Proteção ao


Crédito de Alvorada, para certificar-se o que estaria ocorrendo. Foi informado
que o Banco XXXXXXXXXX havia posto seu nome no SERASA/SCPC. Verificou no
documento impresso em anexo a este processo, que a inclusão de seu nome se
deu após a quitação da dívida. O REQUERENTE pagou a fatura em 16/04/2018
e a inclusão sobreveio em 22/04/2018.

O REQUERENTE teve conhecimento da inclusão no dia


10/05/2018 (conforme comprovante em anexo), após o constrangimento
sofrido na loja que informou que o mesmo estava negativado. Inclusive o
REQUERENTE estranhou o valor de R$ 406,43 (quatrocentos e seis reais e
quarenta e três centavos), já que este valor é completamente diferente das
parcelas que lhe foram cobradas, mas conforme extrato do SERASA/SCPC
pertence ao mesmo contrato n° XXXXXXXXXXXX.

Lembrando, que o REQUERENTE é uma pessoa idosa, passando


por um momento difícil, o que torna esta humilhação ainda mais intensa e
deixando-o mais abalado.

DO DIREITO

DO PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA A SER CONCEDIDA LIMINARMENTE


(inaudita altera pars)

Em caráter antecipatório, pugna-se para que o nome do


REQUERENTE seja retirado dos cadastros de inadimplência e invoca para tanto
a ANTECIPAÇÃO DE TUTELA como medida de prevenção contra irreparáveis
danos que venham a ocorrer à autora até o término da demanda.

O artigo 298 do NCPC disciplinou a antecipação de tutela


inominada e geral, o artigo 300 do elemento que evidenciem a concessão,
enquanto o artigo 497, parágrafo único do NOVO diploma processual legal, a
antecipação de tutela específica de obrigações de fazer ou não fazer:

"Art. 298. Na decisão que conceder, negar, modificar, ou revogar


a tutela provisória, o juiz motivará o seu convencimento de
modo claro e preciso:
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver
elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo
de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

Art. 497. Na ação que tenha por objeto a prestação de obrigação


de fazer ou de não fazer, o juiz concederá a tutela específica da
obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências
que assegurem a obtenção da tutela pelo resultado prático
equivalente.

Parágrafo único. Para a concessão da tutela específica destinada


a inibir a prática, a reiteração ou continuação de um ilícito, ou a
sua remoção, é irrelevante a demonstração da ocorrência de
dano ou da existência de culpa ou dolo...”

A verossimilhança dos fatos é flagrante, por todo o alegado, e


notadamente pelos documentos apresentados, pelo REQUERENTE, acostados a
esta peça.

A matéria de direito, como causa principal, determina a


irregularidade do registro, e a matéria de fato, declarada na presente, é
evidenciada pelos documentos. Nestes casos, o legislador deixa claro que, na
obtenção da tutela especifica da obrigação de fazer ou não fazer, o que
importa, mais do que a conduta do devedor, é o resultado prático protegido
pelo direito. E para a obtenção dele, o Juiz deverá determinar todas as
providências e medidas legais e adequadas ao seu alcance, inclusive, se
necessário, a modificação do mundo fático, por ato próprio e de seus
auxiliares, para conformá-lo ao comando emergente da sentença. (Watanabe,
nota 2, p. 528)

Impõe-se assim, a efetividade do processo, não se havendo de


fazer o REQUERENTE esperar o fim de todo um demorado procedimento para
ver realizado o direito de ver cancelado o registro junto ao SERASA/SCPC, que
levou seu nome a compor a lista de maus pagadores, constante de órgãos
oficiais de proteção ao crédito que as impedem de exercer quaisquer atos de
concorrência e comércio.

Então, o Fumus boni juris decorre dos fatos acima, onde a


REQUERIDA Banco XXXXXXXXXX levou a registro nos órgãos de maus pagadores
o REQUERENTE em virtude de um atraso devidamente quitado, com a inclusão
de seu nome 5 (cinco) dias após o pagamento, e não retirando posteriormente
a negativação, pois o autor retirou a impressão no SERASA/SCPC onde
constava seu nome em 10/05/2018, sendo que em 24 dias a REQUERIDA já
deveria ter localizado no sistema o devido pagamento desta fatura, e apenas
deveria ter encaminhado a sua residência uma fatura com os juros e correção,
e ter retirado o nome do REQUERENTE do SERASA/SCPC.

O Periculum in mora advém da manutenção dos registros e a


efetivação de todas as nefastas consequências que o registro indevido impõe
sobre o REQUERENTE, que sempre primou pelo pagamento dos seus
compromissos.

É o caso dos autos. Com efeito, a REQUERIDA Banco


XXXXXXXXXXX imprudentemente inseriu o nome do REQUERENTE no rol dos
inadimplentes, em face de débito pago em atraso, mas a inclusão da
negativação foi posterior ao pagamento.

Indubitavelmente, inexistiu a imprescindível cautela da parte da


REQUERIDA Banco XXXXXXXXXXXX, uma vez que a inscrição já foi
lamentavelmente indevida, e imprudentemente não retirou o mais rápido
possível, e assim causou todo o transtorno e o vexame enfrentado pelo
REQUERENTE. Ademais, os riscos da atividade comercial são de
responsabilidade exclusiva das REQUERIDA.

Os vários documentos colacionados aos autos, bem como as


alegações do REQUERENTE comprovam que a dívida imputada, por
conseguinte a inscrição no SERASA/SCPC é indevida, pois mesmo atrasada, a
dívida foi paga antes da inscrição.
O REQUERENTE encontra-se com seu crédito abalado, sem
condições de efetuar qualquer transação comercial e com instituições
financeiras, suportando danos difíceis de serem prontamente reparados, em
razão de situação proporcionada exclusivamente por negligência e descontrole
da REQUERIDA.

A gravidade do fato se mostra devidamente configurada, sendo


que se o nome do REQUERENTE permanecer indevidamente no cadastro de
devedores, o dano será irreparável e lhe trará enormes prejuízos, tanto de
ordem moral, quanto de ordem patrimonial, visto que não pode o
REQUERENTE aguardar o fim da demanda para ver retirado seu nome inscrito
indevidamente nos cadastros de restrição de crédito.

Ressalta-se que o REQUERENTE, parte hipossuficiente, não pode


fazer prova negativa. O REQUERENTE sabe que deve os juros e correção da
última parcela da sua fatura, que pagou em atraso. O que significa que neste
caso, quem deve provar a existência da dívida é REQUERIDA, todavia, o
REQUERENTE não pode aguardar o deslinde do feito para então ver seu nome
retirado do cadastro de devedores.

Desta forma, pugna-se a Vossa Excelência para que antecipe


parcialmente a tutela pretendida para que o nome do REQUERENTE seja
retirado dos cadastros de devedores, referente contrato n° XXXXXXXXXXXXXX
(conforme documento de declaração do SERASA/SCPC em anexo), no valor de
R$ 406,43 (quatrocentos e seis reais e quarenta e três centavos), apontado
pela REQUERIDA no cadastro de devedores, sob pena de aplicação de multa
diária de R$ 500,00 (quinhentos reais), em caso de descumprimento, forte no
art. 461, §§ 4º a 6º, do Código de Processo Civil.

APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR


Tendo em vista que a presente demanda trata de indenização
por dano moral com pedido de antecipação de tutela de urgência, em razão
da inscrição indevida de seu nome perante o órgão restritivo de crédito
(SERASA/SCPC) efetivada pela REQUERIDA, em virtude de fatura paga em
atraso, mas com inscrição indevida após o pagamento, é patente a
aplicabilidade do código de defesa do consumidor no caso.

Imprescindível destacar o fato da relação jurídica entre as partes


ser tipicamente de consumo, subsumindo-se o REQUERENTE e a REQUERIDA
Banco XXXXXXXXXXX aos conceitos de consumidor e fornecedor prescritos nos
artigos 2º e 3º, ambos do Código de Defesa do Consumidor, verbis:

"Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire


ou utiliza produto ou serviço ou como destinatário final [...]

Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou


privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes
despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção,
montagem, criação, construção, transformação, importação,
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços."

Frente a esses argumentos, e por serem de ordem pública as


normas protetivas do consumidor, admite-se a aplicabilidade do Código de
Defesa do Consumidor à presente demanda, especialmente no que se refere à
responsabilidade objetiva da REQUERIDA por falha na prestação dos seus
serviços.

DO FORO COMPETENTE

A presente ação discute questões de relação de consumo,


portanto, inicialmente, para justificar a escolha desse foro para apreciar e
dirimir a questão apresentada, o REQUERENTE invoca o dispositivo constante
do Código específico dos Direitos do Consumidor (Lei 8.078/90), onde se
estampa a possibilidade de propositura de ação judicial no domicílio do
REQUERENTE (art. 101, I da referida lei).

DO PRINCÍPIO DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

O REQUERENTE postula pela inversão do ônus da prova, conforme


possibilita o artigo 6º do Código de Defesa do Consumidor. Tal regra é
resultado do reconhecimento do consumidor como parte mais fraca,
hipossuficiente perante o fornecedor, atendendo assim os princípios
constitucionais da isonomia, contraditório, da ampla defesa e do livre acesso
do judiciário, conforme ensina o insigne professor NELSON NERY.

Segundo o autor, o qual cita ainda WATANABE, CDC coment.


498; TJSP-RT 706/67, em sua obra CPC, comentado, p. 1354:

A inversão do ônus da prova dá-se “ope judicis” , isto é, por obra


do Juiz, e não “ope legis” como ocorre na distribuição do ônus
da prova pelo CPC 333. Cabe ao magistrado verificar se estão
presentes os requisitos legais para que proceda a inversão. Como
se trata de regra de juízo, quer dizer, de julgamento, apenas
quando o juiz verificar a “non liquet” é que deverá proceder a
inversão do ônus da prova fazendo-o na sentença, quando for
proferir”.

A inversão resta amparada visto que a REQUERIDA é


esmagadoramente mais forte que o REQUERENTE, não precisando de
quaisquer provas para demonstrar que é a parte mais fraca, hipossuficiente e
vulnerável nesta suposta relação de consumo, sendo a obrigação da
REQUERIDA em indenizar por conduta imprudente, ao inscrever REQUERENTE
no rol de maus pagadores após o cumprimento da obrigação.

DA INSCRIÇÃO INDEVIDA E O DANO MORAL


Em decorrência do incidente narrado nesta peça, o REQUERENTE
experimentou situação constrangedora, angustiante, tendo sua moral abalada,
face à indevida inscrição de seu nome no cadastro de inadimplentes com
seus reflexos prejudiciais, sendo suficiente a ensejar danos morais,
notadamente porque ele já efetuou o pagamento da dívida.

O certo é que até o presente momento e mesmo tendo


enveredado esforços para que o dano não ocorresse, o REQUERENTE
permanece com seu nome registrado no cadastro do SERASA/SCPC por conta
de um débito já quitado e precisa que seja retirado para continuar sua vida
com a dignidade que sempre teve.

A empresa REQUERIDA está agindo com manifesta negligência e


evidente descaso com o ora suplicante, pois jamais poderia ter inscrito o
nome do autor no cadastro dos serviços de proteção ao crédito quando a
dívida já havia sido paga, mesmo que em atraso, mas anterior a inscrição
indevida. O REQUERENTE sabe que ainda deve o juros e correção desta fatura
que atrasou, mas como era a última do seu parcelamento, esperou que
enviassem a fatura contendo apenas a multa pelo atraso. Nunca imaginou que
enfrentaria tal constrangimento, gerado pela REQUERIDA Banco
XXXXXXXXXXXXX.

Sua conduta, sem dúvida, causou danos à imagem, à honra e ao


bom nome do promovente que permanece nos cadastros dos serviços de
proteção ao crédito, de modo que se encontra com uma imagem de mau
pagador, de forma absolutamente indevida, eis que deve apenas os juros e
correção monetária por seu atraso.

Vários são os textos legais que socorrem o REQUERENTE, o que se


passará a demonstrar. A Constituição Brasileira em vigor assegura à Autora o
direito a indenização por dano moral. Vejamos:
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e a propriedade, nos
seguintes termos:

VIII - Órgãos limitativos de créditos como SERASA existem para


resguardar exclusivamente o interesse de seus associados, ainda
que mediante o constrangimento a restrição de crédito ao
consumidor, no entanto, mais constrangedor, abusivo e ilegal se
constitui o fato de inobstante o devedor não dever nada perante
o credor, este, por inércia, incúria e má administração, ou até
de má-fé, continua considerando a pessoa como devedor
eternizando restrições em seu credito e comprometendo o seu
nome e imagem.

Diz o Código Civil em seu Título III, ao tratar dos Atos Ilícitos:

"art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência, violar direito e causas dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”;

“Art. 927. Aquele que por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”. (grifo nosso).

Todo ato ilícito gera para seu autor a obrigação de ressarcir o


prejuízo causado. É de preceito que ninguém deve causar prejuízo a outrem.
A menor falta, a mínima desatenção, desde que danosa, obriga o agente a
indenizar os prejuízos consequentes ao seu ato.

O que aponta a jurisprudência pátria sobre o assunto:

APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO


INDENIZATÓRIA. INSCRIÇÃO EM ROL DE INADIMPLENTES APÓS O
PAGAMENTO DE DÉBITO EM ATRASO. DANOS MORAIS
CONFIGURADOS. QUANTUM. 1. EVIDENTE SE MOSTRA A
OCORRÊNCIA DOS DANOS MORAIS PELA INSCRIÇÃO INDEVIDA DO
NOME DE CONSUMIDOR NOS CADASTROS DE INADIMPLENTES, APÓS
15 (QUINZE) DIAS DA QUITAÇÃO DO DÉBITO. TRATA-SE DE DANO
MORAL IN RE IPSA, QUE DISPENSA A COMPROVAÇÃO DA SUA
EXTENSÃO, SENDO ESTES EVIDENCIADOS PELAS CIRCUNSTÂNCIAS
DO FATO. 2. INDEPENDE PARA O DESLINDE DO FEITO SER A
AUTORA DEVEDORA CONSTUMAZ, COMO ALEGA A PARTE
RECORRENTE. O ATO ILÍCITO ESTÁ CONSUBSTANCIADO NA
INSCRIÇÃO DO NOME DA AUTORA NO ROL DE INADIMPLENTES POR
DÍVIDA QUITADA. 3. O quantum da indenização por danos morais
é fixado pelo juiz, mediante a soma das circunstâncias que possa
extrair dos autos. Valor da indenização mantido conforme fixado
em sentença. 4. Honorários advocatícios fixados em sentença de
acordo com os vetores do art. 20, § 3°, do CPC. APELO
DESPROVIDO. UNÂNIME. (APELAÇÃO CÍVEL - TJ/RS - Nº
70050612126)

APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO


INDENIZATÓRIA. INSCRIÇÃO EM ROL DE INADIMPLENTES APÓS O
PAGAMENTO DE DÉBITO EM ATRASO. DANOS MORAIS
CONFIGURADOS. QUANTUM. 1. EVIDENTE SE MOSTRA A
OCORRÊNCIA DOS DANOS MORAIS PELA INSCRIÇÃO INDEVIDA DO
NOME DE CONSUMIDOR NOS CADASTROS DE INADIMPLENTES, APÓS
20 (VINTE) DIAS DA QUITAÇÃO DO DÉBITO. TRATA-SE DE DANO
MORAL IN RE IPSA, QUE DISPENSA A COMPROVAÇÃO DA SUA
EXTENSÃO, SENDO ESTES EVIDENCIADOS PELAS CIRCUNSTÂNCIAS
DO FATO. 2. O quantum da indenização por danos morais é
fixado pelo juiz, mediante a soma das circunstâncias que possa
extrair dos autos. Valor da indenização mantido conforme fixado
em sentença. 3. Honorários advocatícios fixados em sentença de
acordo com os vetores do art. 20, § 3°, do CPC. APELO
DESPROVIDO. UNÂNIME. (APELAÇÃO CÍVEL - TJ/RS - Nº
70043161744)

DO QUANTUM INDENIZATÓRIO:

Uma vez reconhecida a existência do dano moral e, por


conseguinte o dever de indenizar, necessário se faz analisar o aspecto do
quantum pecuniário a ser considerado e fixado, não só para efeitos de
reparação do prejuízo, mas também sob o cunho de caráter punitivo,
preventivo, repressor.

E essa indenização que se pretende em decorrência dos danos


morais há de ser arbitrada, mediante estimativa prudente, que possa em
parte, compensar o dano moral do REQUERENTE, no caso, a surpresa que lhe
gerou constrangimentos, de ter seu nome incluído arbitrariamente e
indevidamente no serviço de proteção ao crédito por dívida quitada em
atraso, e a permanência do seu nome no rol dos maus pagadores muito
tempo após esta quitação.

Sabe-se que o valor da indenização deve guardar proporção entre


a ofensa perpetrada, a repercussão social e/ou familiar e a capacidade
patrimonial do ofensor. No caso em apreço, a ofensa perpetrada restou
devidamente comprovada, a repercussão social foi ampla (informada a
restrição pelo gerente da agencia bancária), posto que o REQUERENTE é
pessoa idônea, de moral intocável, sempre pautando seus negócios com
seriedade e idoneidade, SENDO SEU NOME MACULADO PELA
IRRESPONSABILIDADE DA REQUERIDA.

Assim, levando-se em consideração a extensão do dano, o grau


de culpa da REQUERIDA, mostrando-se absolutamente negligente na
prestação dos seus serviços, o descaso com a situação a que submeteu o
REQUERENTE, bem como a capacidade patrimonial da ré, pugna-se para que
o valor a ser fixado a título de danos morais, R$ 9.370,00 (nove mil e
trezentos e setenta reais), valor este não sendo considerado elevado, pois o
Egrégio Tribunal de Justiça tem decidido com valores superiores em casos
semelhantes.

Neste sentido é a jurisprudência das Turmas Recursais do Rio


Grande do Sul:

RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. TELEFONIA. AÇÃO


DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C AÇÃO DE
OBRIGAÇÃO DE FAZER E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
ALEGAÇÃO DA PARTE AUTORA DE QUE NUNCA FOI CLIENTE DA
EMPRESA RÉ NA MODALIDADE OI MÓVEL PÓS PAGO. COBRANÇA
INDEVIDA DE VALORES REFERENTES A SERVIÇOS NÃO
CONTRATADOS. DANO MORAL IN RE IPSA. INSCRIÇÃO INDEVIDA EM
ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. SENTENÇA MANTIDA POR
SEUS FUNDAMENTOS. RECURSO IMPROVIDO. 1. Narra a parte
autora que não possui qualquer relação jurídica com a ré, sendo
que ao tentar realizar compras no comércio da cidade teve o seu
crédito negado por estar inscrita em órgãos de restrição ao
crédito, de origem desconhecida. Postula o cancelamento de
qualquer cobrança indevida, exclusão do seu nome do cadastro
de inadimplentes e indenização por danos morais. 2. Sentença
que julgou procedente o pedido autoral, com fundamento no
artigo 487, I, do Código de Processo Civil para: - Tornar
definitiva a tutela de evidência concedida em medida liminar; -
Condenar a OI MÓVEL S.A ao pagamento de R$ 9.370,00 (nove
mil, trezentos e setenta reais) a título de danos morais com
caráter punitivo e pedagógico, atualizado monetariamente pelo
IGP-M a partir do arbitramento (Súmula 362 do STJ), acrescido
de juros de mora de 1% ao mês a contar da citação (art. 405, do
CC). 3. Irresignada, recorre a parte ré, postulando pela
improcedência da ação, ou, alternativamente, a redução do
quantum indenizatório fixado. 4. Recorrente que alega ter a
autora contratado os serviços; porém, não comprova suas
alegações, limitando-se a coligir ao feito tão somente
documentos de seu sistema de informações interno, produzidos
de forma unilateral. Ademais, a ré informa que o titular do
terminal fixo é LUIZ CARLOS GERHARDT, CPF 610.609.920-00,
terceiro estranho ao feito. 5. Desta forma, verifica-se que a
recorrente não comprovou a regularidade da cobrança e,
consequentemente, da inscrição do autor nos órgãos de restrição
ao crédito, que se tem, pois, por indevida, o que caracteriza a
ocorrência de danos morais na modalidade in re ipsa, os quais
independem de comprovação, justamente pelos efeitos
prejudiciais que o apontamento causa na relação creditícia. 6.
Quantum indenitário fixado em R$ 9.370,00 que não
comporta minoração, visto que atendidos os princípios da
proporcionalidade e da razoabilidade.7. Destarte, a sentença
atacada merece ser mantida por seus próprios fundamentos, nos
termos do art. 46, da Lei nº 9.099/95. RECURSO IMPROVIDO.
(Recurso Cível Nº 71007059025, Terceira Turma Recursal Cível,
Turmas Recursais, Relator: Fabio Vieira Heerdt, Julgado em
28/06/2018). Grifei.

Neste sentido:

RESPONSABILIDADE CIVIL – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS


MORAIS – TÍTULO PROTESTADO – INSCRIÇÃO DO NOME DO
DEVEDOR NO SERASA APÓS QUITAÇÃO INTEGRAL DA DÍVIDA –
RETIRADA DO NOME DO CLIENTE DO CADASTRO – DEVER DO
CREDOR QUE PROVIDENCIOU O PROTESTO DO TÍTULO ENSEJADOR
DA INSCRIÇÃO – NEXO DE CAUSALIDADE DEMONSTRADO – DANOS
MORAIS PRESUMIDOS – DEVER DE INDENIZAR – RECURSO
PROVIDO. “A manutenção indevida do nome do devedor junto
aos cadastros SPC e SERASA, após a liquidação do débito, é fato
que, por si só, acarreta dano moral e autoriza a condenação do
credor que a determinou a indenizar os prejuízos causados em
razão de sua conduta negligente” (AC nº 99.009562-2, Carlos
Prudêncio) (Ap.Cív. n. 2001.007845-7, de São Francisco do Sul,
rel. Des. Marcus Tulio Sartorato. J. 30-5-2003).

Diante do ocorrido, assiste o REQUERENTE buscar buscar resolver


a presente situação pelos danos sofridos frente à restrição injusta do seu
crédito graças à irresponsabilidade asministrativa da REQUERIDA, cabendo-lhe
o direito de indenização pelos transtornos que o ato ilegalda REQUERIDA
acabou por ensejar-lhe, molestada que foi em sua honra e imagem.

Assim, em consonância com a jurisprudência de E. Tribunal de


Justiça, pugna-se para que seja fixada indenização por danos morais em R$
9.370,00 (nove mil e trezentos e setenta reais).

DOS PEDIDOS:

Diante de todo o exposto requer:

A) A concessão da justiça gratuita, haja vista a REQUERENTE não


possuir condição de arcar com as despesas processuais, sem prejuízo de
seu sustento. Para tanto, fulcra-se no art. 5º, LXXIV, da
Constituição Federal.

B) A concessão da antecipação dos efeitos da tutela,


liminarmente e inaudita altera pars, para o fim de excluir a REQUERENTE dos
registros negativos referente ao Contrato nº XXXXXXXXXXXXX, no valor de R$
406,43 (quatrocentos e seis reais e quarenta e três centavos), determinando-
se, urgentemente:

C) A intimação da REQUERIDA da concessão da tutela antecipada,


para que proceda a exclusão do nome da REQUERENTE do serviço de proteção
ao crédito, sob pena de lhe ser aplicada multa diária no importe de R$
1.000,00 (mil reais) pelo descumprimento;

D) Alternativamente, seja oficiado por este Juízo o Serviço de


Proteção ao Crédito (SCPC e SERASA) para que procedam a exclusão do nome
da REQUERENTE de seus cadastros, referente ao Contrato nº
XXXXXXXXXXXXXXXXX, de qualquer parcela que esteja sendo cobrada pela
REQUERIDA BANCO XXXXXXXXXXXXXXX S.A.

E) Seja determinada a citação da REQUERIDA, para que,


querendo, no prazo de lei, conteste o presente, sob pena de revelia;

F) Seja decretada a inversão do ônus da prova em favor da


autora, forte no art. 6º, VIII, do CDC, por ser flagrante a hipossuficiência do
mesmo e a verossimilhança das alegações e ainda pelo fato do réu possuir
responsabilidade objetiva, inteligência do CDC;

G) Finalmente, seja julgada totalmente procedente a presente


ação, para declarar a inexistência do débito neste incluindo valor principal
multas e juros junto a REQUERIDA em face ao Contrato nº XXXXXXXXXXXXXXX,
no valor de R$ 406,43 (quatrocentos e seis reais e quarenta e três centavos),
cancelar definitivamente os registros promovidos, e qualquer outra parcela
que esteja sendo protestada referente a este contrato;

H) A condenação da REQUERIDA ao pagamento de indenização


pelos danos morais, que seja compatível com o fim didático almejado e que
compense, pelo menos em parte o constrangimento e o abalo moral sofrido
pela REQUERENTE, tomando-se como base o valor atribuído R$ 9.370,00 (nove
mil e trezentos e setenta reais).
I) Declarar quitada a dívida do REQUERENTE, referente ao
Contrato nº XXXXXXXXXXXXXXX relativo ao parcelamento firmado com a
REQUERIDA BANCO XXXXXXXXXXX S.A. (comprovação na Prova 01),
alternativamente, descontar da indenização do Dano Moral deferido ao
REQUERENTE, juros e correções pela parcela paga em atraso.

J) A condenação da RÉ as custas processuais e honorários


advocatícios;

Protesta por todos os meios de prova admitidos em direito,


testemunhais, periciais e documentais.

Dá-se à causa o valor de R$ 9.370,00 (nove mil e trezentos e


setenta reais).

Nestes termos,

Pede deferimento.

Porto Alegre, 25 de março de 2018.

ADVOGADO
OAB/XX XXXXXXXX

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