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Mínimo do mínimo para anunciar

uma boa-nova à juventude


Hilário Dick
Crédito: Shutterstock
Ciência e Fé
caderno

Volume 1 • Número 3 • 2013

ISSN 2317-7926
© 2013, Hilário Dick Conselho Científico
2013, Editora Universitária Champagnat Adalgisa Aparecida de Oliveira Gonçalves
Daniel Omar Perez
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não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Waldemiro Gremski
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Sumário

Prefácio – o fundo do tacho 9

Apresentação 11

Introdução – Um convite ao mais 15

Mínimo do mínimo para anunciar


uma boa-nova à juventude 19

Na opção pela juventude, construindo história 19

A pertença a uma instituição 22

Opção preferencial pelos jovens 23

Escola de autonomia: o protagonismo juvenil 25

A ação se faz organizada 26


Setor Juventude 28

Pastoral e movimento 29

Resistências à Pastoral da Juventude 31

Fonte de conflitos 32

Relacionamento da Pastoral da Juventude com outros


movimentos de jovens, não eclesiais 33

Grupo de jovens 34

Escola de serviços 35

Animando a vida 35

Comer do mesmo pão 36

Assessoria – Função 37

Assessoria – Equipe – Serviços 38

O papel dos leigos na assessoria 40

O que nos identifica 41

Opções que norteiam o fazer pastoral 41

Juventudes e consequências 43

Formação integral 44

O método 47
Espiritualidade juvenil 48

Pastoral Vocacional? 50

Raízes do mínimo do mínimo — Documentos 51

Leituras 53

Uma história a caminho, com horizonte 54

Referências 55

Sobre o autor 59
Prefácio

O fundo do tacho

“Ela vem de dentro, de dentro ela vem,


Toda a energia que a PJ tem.”

“O mínimo do mínimo” sobre qualquer coisa exige ir ao


fundo do tacho. Essa é uma das frases que Hilário Dick utiliza
para explicar seu exercício de cozinhar este doce de livreto...
Fiquei pensando nas aventuras de um cozinheiro fazendo seu
melhor doce, aquele do qual só ele sabe o segredo: o ponto cer-
to para servir àqueles convidados para experimentar e saborear
o oculto que vem do fundo, do íntimo, da essência...
Penso que esse é um dos doces, pois temos outros amigos
e amigas cozinheiros, assim como o Hilário, que também fizeram
e farão seus doces para celebrar a vida da Pastoral da Juventude.
A Pastoral vive seus 40 anos no Brasil, país da diversidade, dos sa-
bores e das culturas diferentes. Nesse doce, constam ingredientes
Hilário Dick

especiais: memória, caminho, opções, pedagogia, estrutura,


pessoas e vida, e as muitas doações que não se enxerga...
Interessante como resgatar a memória é ingrediente
essencial para pensar o horizonte, para estabelecer os cami-
nhos e as metodologias. Vamos aprendendo que, do cami-
nho feito, temos muito a saborear: anos de descobertas das
geografias do continente latino-americano, desse nosso país
e dessas nossas culturas que especificavam e especificam o
trabalho da evangelização juvenil. São sabores diversos que
fazem o mesmo doce...
Aqui, neste doce, encontraremos o gosto do tacho, do
lugar de onde viemos, das sensações daqueles que foram colo-
cando seus ingredientes; o gosto da espessura da organização,
do ferver das opções e dos princípios da Pastoral da Juventude;
o gosto do rito em preparar juntos; o gosto da experimentação
e das descobertas dos jovens, do compromisso e da espiritua-
lidade de todos nós... Sentiremos o gosto saboroso de ter dito
sim ao seguimento da pessoa e da proposta de Jesus Cristo.
Obrigada, Hilário, por nos presentear com esse doce
da evangelização juvenil no Brasil, a partir da organização da
Pastoral da Juventude. Um cozinheiro como você deve ser
aplaudido de pé. E fica o gostinho de quero mais... Sugiro que
possamos experimentar esse doce com as colheres de nossa
realidade, vislumbrando os sentimentos e as sensações que
ele nos provocará... Essa, afinal, parece sua intenção.

Raquel Pulita Andrade Silva


Amiga, irmã de sonho,
assessora da Pastoral da Juventude

10 Caderno Ciência e Fé
Apresentação

É com satisfação que apresentamos mais um caderno do


Instituto Ciência e Fé da PUCPR, desta vez dando abertura ao
Observatório das Juventudes.
Esta produção decorre do compromisso do Pe. Hilário
Dick com a juventude. É resultado de seu esforço em compre-
ender a história da Pastoral da Juventude (PJ) no Brasil, os frutos
colhidos e o momento atual por que passa a PJ. Nesse sentido,
o número “Mínimo do mínimo” representa um importante ma-
terial de apoio e aprofundamento para os jovens de grupos e
lideranças, dos mais variados níveis, além de todos aqueles que
assumem essa causa e engajam-se com ela.
Os jovens fazem caminho, porém são inteiros no momen-
to em que se encontram. Eles não só representam o futuro, mas
também o presente e, por essa razão, é necessário escutá-los,
partilhar de seus sonhos, tê-los como irmãos e irmãs; compa-
nheiros de itinerário. Acreditar nos jovens é colocar-se como
Hilário Dick

parceiro de seu desenvolvimento, incentivar seu protagonis-


mo e com eles construir comunidade.
Por ser lugar teológico, os jovens representam a espe-
rança missionária da Igreja, para que se anuncie com cora-
gem e criatividade a Boa-Nova de Jesus Cristo. Eles são fonte
de vitalidade para a Igreja, com compromisso profético e
alegre na construção do Reino de Deus.
Por outro lado, a Igreja representa um espaço comu-
nitário privilegiado, no qual eles podem construir e com-
partilhar sua identidade e, na diversidade dos sujeitos, con-
frontar-se com o “outro”. Em comunidade, desenvolvem a
dimensão solidária e têm a oportunidade de colaborar para
um mundo mais justo. Em suma, jovens e Igreja são comple-
mentares um ao outro, num processo de crescimento sem-
pre dinâmico.
A vivência eclesial desemboca em dom para a socie-
dade. É no cotidiano; no trabalho, nos estudos, na vida fa-
miliar, no encontro com os amigos, que os jovens dão teste-
munho de sua fé e de sua experiência grupal, reinventando
o cristianismo e possibilitando novas e diversificadas formas
de existência.
Não podemos deixar de agradecer, de forma especial,
ao Padre Hilário Dick, pela paixão e dedicação de uma vida
à Pastoral da Juventude. Mas, também, por suas palavras
que representam lucidez e são fonte de discernimento para
a caminhada eclesial. Simbolizam a tocha que vai alumiando
o interior da caverna, para que seja desvendada e conheci-
da, ao mesmo tempo em que apontam que a caminhada é
cheia de riquezas e de paisagens magníficas. Assim, somos

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Mínimo do mínimo para anunciar uma boa-nova à juventude

brindados com um documento recheado de consciência crí-


tica e esperança a respeito da caminhada da juventude na
Igreja e na sociedade.
Gostaríamos de destacar, igualmente, a importância do
Observatório das Juventudes, enquanto organismo do Instituto
Ciência e Fé, dedicado ao serviço do jovem e da Igreja.
Acreditamos que muitas pessoas irão se identificar
com este caderno, revivendo suas histórias, suas convicções e
sua fé. E, por meio de sua leitura, poderão vislumbrar um jeito
sempre novo de construir história na Pastoral da Juventude,
lembrando sempre que o importante é estar a caminho, passo
a passo, pouco a pouco, mas com olhar no horizonte.

Ir. Rogério Renato Mateucci


Diretor de Pastoral e Identidade Institucional da PUCPR

Fabiano Incerti
Diretor do Instituto Ciência e Fé da PUCPR

Caderno Ciência e Fé 13
Introdução

Um convite ao mais

Uma síntese não pode ser um convite à preguiça; deveria


ser uma forma de despertar fome para saber mais. É verdade
que, por vezes, é interessante ler algo mais curto, porque o tem-
po é escasso; mas outras vezes, nosso interior, nossa curiosida-
de exigem mais. Já existem bastantes escritos sobre evangeli-
zação da juventude e Pastoral da Juventude; o que desejamos,
contudo, é dizer algo ligeiro. No entanto, escrever o mínimo do
mínimo sobre qualquer coisa exige ir ao fundo do tacho, raspar
o resto do arroz queimado. Uns vão dizer que é “o de menos”;
outros, arriscado.
Verdade. Falar de evangelização da juventude ou querer
anunciar uma boa-nova à juventude torna-se, por vezes, algo
Hilário Dick

“perigoso”; mais ainda, quando se misturam evangeliza-


ção da juventude e Pastoral da Juventude. Contudo, nunca
é demais. Além disso, vivemos, ainda, em tempos pós-Jor-
nada Mundial da Juventude; em tempos de juventude pós-
-Campanha da Fraternidade de 2013 (com texto-base ques-
tionável); de documentos “secos” e normativos como o de
um grupo de bispos da Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (Estudos da CNBB n. 103); de criminalização eclesial de
certo tipo de evangelização da juventude, especialmente do
serviço apostólico no qual a autonomia, o protagonismo e
o empoderamento têm lugar, no qual se fala de Estatuto da
Juventude, de redução da maioridade penal, de extermínio
de jovens etc. Enfim, ainda vivemos um tempo de muita ju-
ventude no Brasil.
Não é sem consequências, por outro lado, falar de
Pastoral Juvenil ou de Pastoral da Juventude. É diferente se
o termo juventude é tomado como um adjetivo ou um subs-
tantivo... Embora a expressão pastoral juvenil nos faça mais
latino-americanos, o nome pode ser uma postura ideológica
em que o protagonismo juvenil, de forma sutil, é posto de
lado; em pastoral juvenil, o jovem é adjetivo. Na Pastoral da
Juventude, queremos o jovem como substantivo. Importa
muito e machuca quando se usa um termo novo para desfa-
zer o significado de um utilizado há muito tempo. Há os que
usam o termo para se esconder em elucubrações ou conje-
turas e, até, em manipulações que pouco têm a ver com o
que aqui vai escrito.
No 10º Encontro Nacional da Pastoral da Juventude
do Brasil, realizado em Maringá (PR), em 2012, lançou-se

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Mínimo do mínimo para anunciar uma boa-nova à juventude

uma publicação intitulada Somos Igreja Jovem: Pastoral da


Juventude — um jeito de ser e fazer (SILVA; VIEIRA; SILVA,
2012). Tão bonita que provocou encantamentos na juven-
tude que se viu, ali, representada e contemplada. Além
disso, em 2007, os bispos do Brasil aprovaram um docu-
mento fundamental para quem trabalha com esse público:
Evangelização da juventude: desafios e perspectivas pasto-
rais (CNBB, 2007). Como seria bom que todos os bispos sou-
bessem o que aprovaram nesse belo documento! De certa
forma, pode-se dizer que o mínimo do mínimo do anúncio
de uma boa-nova para a juventude está ali. No entanto,
sobre o mínimo do mínimo da Pastoral da Juventude, num
contexto um pouco adverso, é preciso dizer e repetir certas
coisas que podem ser esquecidas, enterradas, combatidas
ou — intencionalmente — deixadas de lado. Fica claro que
Somos Igreja Jovem trata “do que somos”, da memória, da
missão e dos princípios da Pastoral da Juventude, da espi-
ritualidade, das dimensões da formação integral, dos eixos
norteadores do fazer da Pastoral da Juventude, dos proje-
tos e da organização. Podemos dizer que não falta nada, e
que o mínimo do mínimo, como um subsídio de estudo em
construção, está sobrando. De vez em quando, no entanto,
faltam sínteses, coisas pequenas, livretos que podemos car-
regar, facilmente, no bolso e na vida. Imaginamos muitas li-
deranças com vontade de dizer o essencial daquilo que são,
pensam e querem fazer. O texto que segue é uma tentativa
de ajudar nessa direção.

Caderno Ciência e Fé 17
Mínimo do mínimo
para anunciar uma
boa-nova à juventude

Hilário Dick

Na opção pela juventude, construindo história

A
história da Pastoral da Juventude é longa (mais de
40 anos), mas poderia ser mais extensa. Quem es-
tuda juventude não pode deixar de estranhar que
esse serviço de evangelização, no qual os jovens são protago-
nistas, tenha surgido há tão pouco tempo. É estranho, também,
que esse “serviço”, essa “organização”, essa “pastoral” nasça da
própria juventude, que foi vivendo em grupo e, aos poucos, foi
descobrindo a importância de se organizar e se articular. Ela, a
Pastoral da Juventude, nasceu de dentro da juventude procu-
rando ser Igreja. Não tem fundador. Essa pastoral é herdeira da
Ação Católica Especializada e, para se articular, contou com o
apoio da CNBB e, no âmbito da América Latina, da Conferência
Episcopal Latino-Americana (CELAM).
Hilário Dick

A história da Pastoral da Juventude é marcada, por-


tanto, por milhares de jovens, assessores, religiosos, padres,
bispos e leigos desejando construir uma Igreja jovem. Essa
construção tem o selo de inúmeras assembleias, reuniões
ampliadas, reuniões de diferentes tipos, relatórios, encon-
tros, atas e celebrações. Em alguns lugares do Brasil, tal
construção leva 40 anos; em outros, 30. Pode-se dizer que o
encontro das diversas articulações “regionais” viveu um pro-
cesso de descoberta, de troca de experiências e, por fim, de
decisão por uma caminhada em conjunto, nacional, no fim
do ano de 1983, em Brasília, sempre procurando não excluir
ninguém. A Conferência dos Bispos da América Latina, em
Puebla, falara de uma “Pastoral da Juventude Orgânica”.
A memória histórica é e deveria ser uma opção peda-
gógica de quem trabalha com evangelização da juventude,
não importando qual seja a “experiência”. Um povo, uma
pessoa, uma organização sem memória são e se tornam frá-
geis. Falta-lhes resistência e resiliência. O cultivo dessa me-
mória se dá em atas, relatórios, e-mails, arquivos digitais, ál-
buns, memórias escritas, cadernos de anotações, em âmbito
pessoal, grupal e organizacional A construção da memória é
uma das melhores ações que o jovem pode fazer.
Na Pastoral da Juventude, existem variadas histórias,
de diversas “regionais” do Brasil. Quer-se, no entanto, mais
do que datas; quer-se saber o que preocupava os jovens
naquelas datas... Para contar essa história, há vários escri-
tos; no entanto, uma das apresentações mais completas
dessa caminhada da Pastoral da Juventude no Brasil é do
Pe. Hilário Dick, que escreveu, em 1999, O caminho se faz:

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Mínimo do mínimo para anunciar uma boa-nova à juventude

história da Pastoral da Juventude no Brasil. É claro que há


outras histórias mais sintéticas ou mais localizadas, não
abrangendo o Brasil inteiro. Destacaríamos o que vai es-
crito no Marco Histórico do Marco referencial da Pastoral
da Juventude do Brasil (CNBB, 1998, p. 82-122); na “Visão
histórica da Pastoral da Juventude da América Latina”, em
Civilização do amor: tarefa e esperança (CELAM, 1997,
p. 69-92); e, especialmente, em Civilización del amor:
proyecto y misión (CELAM, 2012, p. 113-180). Nos últimos
tempos, começou-se a falar de “O trem da Boa-Nova para
a Juventude”, retomando toda a caminhada da evangeliza-
ção da juventude do Brasil, desde o tempo da Ação Católica
até os preparativos da Jornada Mundial da Juventude, no
Rio de Janeiro, em 2013.
Podemos dizer que a importância da memória histó-
rica está em diferentes aspectos: a) em preservar sua iden-
tidade, mantendo vivas as opções, os valores, os princípios,
as atitudes, as utopias, as metodologias e as pedagogias
essenciais, construídas ao longo da história; b) resgatar a
riqueza acumulada das experiências pedagógicas significati-
vas desenvolvidas pela Igreja no campo juvenil; c) motivar
as gerações atuais e futuras de jovens para um compromis-
so com a vida, aprendendo, com as gerações do passado,
a necessidade da participação e da organização; d) renovar
a aliança que Deus faz com a juventude, assumindo efetiva
e afetivamente a opção pelos pobres e pelos jovens, bus-
cando novas estratégias e instrumentos teóricos diferentes,
adaptados às novas gerações; e f) alimentar a esperança, a
resistência e a resiliência.

Caderno Ciência e Fé 21
Hilário Dick

A pertença a uma instituição

O conceito de Pastoral da Juventude não é só uma ex-


periência a mais; é a ação dos jovens vivendo, de forma or-
ganizada, sua missão de ser Igreja. É Igreja e, por isso, como
organização, insere-se numa das frentes de evangelização da
CNBB e numa das sessões pastorais da CELAM. Como insti-
tuição, a Pastoral da Juventude tem identidade definida, tem
seu Marco Referencial, que a orienta nos diversos espaços.
É muito mais do que um regimento ou um manual. Seu
Marco Referencial compreende o Marco Situacional e His-
tórico, o Doutrinal, o Operativo, o Celebrativo, e tudo o que
os bispos apontam em Evangelização da juventude: desa-
fios e perspectivas pastorais. Destaca-se, de modo especial,
Civilización del amor: proyecto y misión (CELAM, 2012).
Trata-se de uma pastoral (ação organizada) da Igreja
Católica, tendo os jovens como protagonistas, isto é, não co-
mandados, mas acompanhados, assessorados por adultos
(leigos, religiosos, sacerdotes), vivendo sua missão em espí-
rito eclesial, de forma orgânica e comunitária. Caracteriza-a
o cuidar, e não o controlar.
Alguém se torna “pejoteiro” (esse é o jargão que se
usa no Brasil), fazendo referência à sigla PJ (Pastoral da Ju-
ventude), quando participa de um grupo de jovens; quando
um grupo se articula com outros grupos de jovens, formando
parte de uma organização deles; quando toma consciência
de que pertence a uma Igreja, vivendo sua missão de modo
encarnado nas diferentes realidades, também nas realida-
des juvenis. Alguém é “pejoteiro” quando toma consciência,

22 Caderno Ciência e Fé
Mínimo do mínimo para anunciar uma boa-nova à juventude

conhece e aceita que a Igreja tem uma proposta de realiza-


ção na fé do jovem. Ele é incentivado a ser evangelizador do
jovem como missionário e como protagonista. A consciên-
cia de pertença a uma caminhada juvenil, coletiva, organiza-
da, é fundamental.

Opção preferencial pelos jovens

Onze anos depois do corajoso posicionamento diante


da juventude, na 3ª Conferência Geral do Episcopado, em
Medellín (1968), a Igreja da América Latina fez, em Puebla
(1979), uma opção pastoral que atravessou e atravessa os
anos: a opção preferencial pelos pobres e pelos jovens.
Essa decisão foi reafirmada de várias formas, especialmen-
te na Conferência de Santo Domingo (1992) e, em 2007, na
Conferência de Aparecida (Brasil). Verdade que houve quem
dissesse que a opção pelos jovens (1979) era para enfra-
quecer a opção profética pelos pobres. Mesmo que digam
tratar-se de uma opção mais afetiva do que efetiva (vejam-
-se as Conclusões das Conferências de Santo Domingo e de
Aparecida), não é possível negar que se trata de um assun-
to importante para a Igreja e para os jovens. A Pastoral da
Juventude cresceu muito, embalada por essa opção. O ca-
pítulo da opção pelos jovens aborda a situação da juventu-
de, dos critérios pastorais no trabalho com os jovens e das
opções pastorais que vieram solidificar muitas coisas que se
fariam e confirmar o que já se fazia no campo do anúncio da
Boa-Nova à juventude.

Caderno Ciência e Fé 23
Hilário Dick

A opção preferencial pelos jovens se tornou, e ainda


é, mais do que uma estratégia pastoral voltada aos jovens,
posta em prática pelos que se dedicam à evangelização da ju-
ventude. É uma opção pela juventude, querendo ser Igreja,
ou não. Uma ajuda na busca pela felicidade. Sabemos que
os jovens nunca deixaram de exigir da Igreja coerência nes-
sa questão. Ampliou-se, por isso, na sociedade e na Igreja,
como um todo, a consciência de um trabalho mais sério com
a juventude. Em muitos lugares, as iniciativas e as articula-
ções institucionais e juvenis começaram e continuam a flo-
rir. Em 1980, funda-se o Instituto de Pastoral de Juventude,
em Porto Alegre. Em 1981, a CNBB busca novamente um
assessor para o Setor Juventude. Em 1983, os bispos do
Brasil, na Assembleia Geral, escolhem, para suas Diretrizes
Gerais, os jovens como destaque. Em 1986, sai o n. 44 da
coleção Estudos da CNBB. Em 1992, o tema da Campanha
da Fraternidade da Igreja do Brasil são os jovens. Em 1998,
é lançado o Estudo n. 76 da CNBB. Crescem enormemente
os momentos de formação para assessores. Em 1999, por
iniciativa da Pastoral da Juventude, começou um curso de
Pós-Graduação em Juventude. Em 2006, sai o documento de
consulta e de estudo da CNBB n. 93, sobre a evangelização
da juventude. Anualmente, a Campanha da Fraternidade
lança um subsídio especial para os jovens. As Igrejas parti-
culares que consideravam desnecessário o jovem precisar
de atendimento especial abrem-se para o trabalho com a
juventude. Em 2007, a Conferência de Aparecida renovou a
opção pela juventude no Brasil e a CNBB lançou o documen-
to mais completo sobre o tema, Evangelização da juventude:

24 Caderno Ciência e Fé
Mínimo do mínimo para anunciar uma boa-nova à juventude

desafios e perspectivas pastorais. Em 2012, havia mais de


15 Centros e Institutos de Pastoral de Juventude espalhados
pelo Brasil. Além de tudo isso, em 2013, há o lançamento do
Estudos da CNBB n. 103, da Comissão Episcopal de Pastoral
para a Juventude, e o tema da Campanha da Fraternidade é,
novamente, a juventude.

Escola de autonomia: o protagonismo juvenil

Quando fala de protagonismo juvenil, a Pastoral da


Juventude refere-se a uma vivência pedagógica do exercício
de ajudar o jovem a assumir sua identidade e fazer-se sujeito
de sua história. Protagonista é o ator principal. A afirmação
desse protagonismo é muito importante. Assumido como
princípio norteador, ajuda o jovem a tornar-se responsável
por seus atos, afirmando a atitude de independência e de-
cisão pessoal, aprendendo a lidar com o poder. Com esse
princípio, defende-se o jovem como aquele que decide e co-
ordena. A Pastoral de Juventude transforma-se em Pastoral
da Juventude. O protagonismo juvenil não tem o sentido de
ser uma atitude “contra” o adulto ou qualquer instituição.
É, simplesmente, um princípio pedagógico com a finalidade
de ser um espaço de formação para a autonomia dos sujei-
tos, em nosso caso, dos jovens.
O mesmo pode ser dito, em outra geografia, de qual-
quer pessoa: os leigos na Igreja; os religiosos na vivência
de seu carisma; os pais no cumprimento de sua missão.
Sonha-se com pessoas “empoderadas”, autônomas, com

Caderno Ciência e Fé 25
Hilário Dick

“personalidade”. Com a juventude, essa “realidade”, essa


“atitude pedagógica”, essa forma de acompanhar e de ani-
mar tem um aspecto estratégico e pedagógico, consideran-
do o tempo em que o jovem vive.
Podemos dizer que viver o protagonismo juvenil é ati-
var uma energia, uma reserva, um “capital” presente em todo
jovem, que o leva (ou deve levar) a ser uma personalidade,
alguém que vai aprendendo a ser sujeito da história e de sua
história. Essa “energia”, os antropólogos chamam de morató-
ria vital, algo que vem de dentro, que faz desabrochar capaci-
dades; bem diferente da moratória social, vinda de fora, mui-
tas vezes encarada como uma forma de controlar a “energia”
que brota do jovem e que quer e precisa brotar.

A ação se faz organizada

Não há pastoral (ação organizada da Igreja) sem uma


organização. Além disso, a Pastoral da Juventude encara a
organização como uma de suas opções pedagógicas, isto é,
algo em que se acredita, tomado como opção no caminho
da construção e da realização da personalidade. Acredita,
por isso, na dimensão libertadora e educativa da organi-
zação. É nela, na organização, que se aprende e se vive o
exercício do poder, que se aprende a distribuir funções, a
planejar etc. É nela que se aprende a viver o poder, isto é,
sua socialização, ou o empoderamento. A boa organização
é uma escola privilegiada de amadurecimento na fé e de
aprendizagem. A Pastoral da Juventude só pode ser uma

26 Caderno Ciência e Fé
Mínimo do mínimo para anunciar uma boa-nova à juventude

verdadeira pastoral na medida em que estiver articulada,


em suas diferentes instâncias, e estas articuladas com a pas-
toral de conjunto das Igrejas, internacionais, nacionais e lo-
cais. Uma das grandes vantagens da boa organização é fazer
muitos jovens assumirem, desde cedo, responsabilidades
exigentes e desafiantes. Ela possibilita espaços diversifica-
dos de participação, levando o jovem a se descobrir e a se
revelar como cidadão.
A única forma de construir protagonismo, empodera-
mento e autonomia é por meio da organização. Cuidar para
se ter boa organização, por isso, é muito importante quando
se fala de pastoral, especialmente da Pastoral da Juventude,
pois possibilita o protagonismo do jovem. Em contrapartida,
desfazer uma organização de jovens pode, por isso, ser um
pecado contra o Espírito. Falamos de uma organização de e
não para jovens.
A forma concreta como se viveu e se vive essa organiza-
ção nas diferentes instâncias (paróquia, diocese, regional, ins-
tância nacional e latino-americana) é muito variada. Embora
se suponha que o protagonismo juvenil seja um princípio nor-
teador, nem sempre isso acontece. A tentação de “controlar”
e de ter atitudes “autoritárias” sempre está presente. Não é
só questão pedagógica ou política; é também uma questão te-
ológica e de cenário de Igreja. O ideal defendido pela Pastoral
da Juventude é o da participação e da comunhão; ela acredita
numa igreja comunitária, e não piramidal ou centralizadora.
Isso repercute na organização criada e aceita.
Sempre será um grande desafio saber articular, de
forma eficaz e integradora, as diferentes experiências de

Caderno Ciência e Fé 27
Hilário Dick

evangelização da juventude, ficando claro que a Igreja tem


diretrizes que devem ser a alma do anúncio da Boa-Nova
para a juventude.

Setor Juventude

O Setor Juventude, também da CNBB, coloca-se no es-


paço da organização. Esse Setor já tem longa história de ani-
mação de todas as experiências com jovens, mas a fidelidade
às diretrizes da Igreja sempre enfrentará embates. Verifica-
se isso na “recepção” que teve, ante o episcopado brasileiro,
o documento, aprovado por ele, intitulado Evangelização da
juventude: desafios e perspectivas pastorais (CNBB, 2007).
Por que, de 311 números, praticamente só parecem valer
os de 193 a 202, nos quais se fala de Setor? A aprovação
de uma Comissão Episcopal de Pastoral da Juventude (2011)
situa-se, igualmente, nesse espaço. A pergunta relaciona-se
ao lugar ocupado pela juventude da Igreja na própria orga-
nização, em suas diferentes experiências; nele, entram em
jogo bispos, assessores e a juventude, como um todo, sendo
que o jovem é substantivo ou adjetivo. Importa estar vigilan-
te para que a vivência da fidelidade eclesial, respeitando o
protagonismo juvenil, colabore na construção — no mundo
juvenil — daquilo que se entende por autonomia, personali-
dade e cidadania social e eclesial. Temos de reconhecer que,
em toda a história da Igreja — e também no apostolado com
a juventude —, uma das tentações ou uma das atitudes a
serem superadas é a do clericalismo.

28 Caderno Ciência e Fé
Mínimo do mínimo para anunciar uma boa-nova à juventude

A organização da Pastoral da Juventude é um convite


para o amadurecimento político e teológico da vivência do
poder, um campo no qual a Igreja, ao longo de sua história,
sempre teve dificuldades. Se isso vale para todos, de modo
especial para a juventude, é uma questão que precisa ser
encarada com a máxima sabedoria, porque ela — a organiza-
ção — é uma importante escola de amadurecimento na fé1.

Pastoral e movimento

No seguimento de Jesus, estamos diante de duas for-


mas diferentes de trabalho de evangelização, de anunciar
a Boa-Nova e de viver essa missão de forma organizada: a
forma de pastoral e a de movimento. Falar de movimento
(na Igreja) é referir-se a uma articulação evangelizadora
baseada num fundador com carisma definido. Assim como
Inácio de Loyola “fundou” os jesuítas, Chiara Lubich fundou
o Movimento do Movimento Focolares (do italiano focolare:
lareira, lar, casa). Todos os movimentos têm alguns fundado-
res: pessoas que sistematizaram e difundiram determinado
modo de ser cristão.
Por outro lado, nenhuma pastoral tem um fundador.
A pastoral faz parte da dinamicidade da própria comunidade

1
Para se ter noção de como ocorreu, na história, a organização do Setor Juventude da
CNBB e da Pastoral da Juventude, no Brasil, nas diversas instâncias, é preciso estudar
a história da evangelização da juventude. Uma boa publicação, mas que não vai até
os tempos atuais (vai até 1998), é DICK, 1999. No âmbito da América-Latina, ajuda a
levar em conta o resgate histórico que se encontra em CELAM, 1997, p. 113-180.

Caderno Ciência e Fé 29
Hilário Dick

eclesial, assumindo, de forma organizada, as diferentes reali-


dades, desde a Pastoral da Terra até a Pastoral da Juventude:
trabalhos em espaços e trabalhos com pessoas. Tudo isso a
partir de Jesus, porque a missão da Igreja, como comunidade
dos que seguem Jesus, é, por excelência, pastoral. Por isso,
os espaços e as pessoas podem ser cultivados na perspecti-
va de movimento, com sua espiritualidade, seu carisma etc.,
ou na perspectiva de pastoral, de ação organizada a partir
das diversas realidades vividas pelas comunidades eclesiais.
Trata-se da riqueza da pluralidade e da diversidade na forma
de ser Igreja e de seguir Jesus Cristo. Como dizem os bispos
do Brasil, são diferentes experiências que precisam se en-
contrar, para se complementar, sendo uma autêntica expres-
são eclesial. Porém, nem sempre isso é fácil; nem sempre se
compreende ou se aceita essa riqueza. A diferença é mais
bonita se vai além de uma postura unicamente ideológica.
Nesse caso, os verdadeiros cenários de Igreja têm mais faci-
lidade de dialogar e se complementarem.
A Pastoral da Juventude liga-se (articula-se), essencial-
mente, à pastoral orgânica da paróquia, da diocese, do regio-
nal e da CNBB, como organização nacional da Igreja no Brasil
e na América Latina. A Pastoral da Juventude inscreve-se, por
isso, na estrutura pastoral das diversas circunscrições eclesi-
ásticas. Os movimentos inscrevem-se, mesmo que funcionem
numa paróquia, numa diocese ou num regional, em outro
espaço, na maioria das vezes, com orientações vindas “de
fora”, do exterior, do fundador ou fundadora. Dependem (os
movimentos) de outra estrutura e/ou organização autônoma,
em geral, liderada por leigos ou Congregações que procuram

30 Caderno Ciência e Fé
Mínimo do mínimo para anunciar uma boa-nova à juventude

incentivar a vivência de um carisma definido. O ideal é que os


movimentos se insiram nas atividades e orientações pastorais
da Paróquia, da diocese ou do regional sem perderem sua au-
tonomia. Os movimentos sempre foram e constituem grande
riqueza para a Igreja, mas podem ser, igualmente, fonte de
conflitos, principalmente quando são diversos os cenários de
Igreja onde a pastoral, a paróquia, a diocese ou o regional —
com seus respectivos responsáveis — navegam.

Resistências à Pastoral da Juventude

Um grande desafio na Igreja e, também, no trabalho


com as juventudes é o diálogo. Por ter e proclamar sua iden-
tidade, a Pastoral da Juventude (assim como outras pastorais
e outros movimentos) é admirada e questionada. As resis-
tências, como as aceitações, são normais. Mesmo dentro da
Igreja, todas as pastorais que tomam atitudes proféticas, es-
pecialmente de denúncia, têm dificuldades. As resistências
até podem virar perseguição, criminalização, menosprezo...
É importante detectar quais os motivos dessas resistências.
Tais motivos podem ter sua raiz na falta de informação, nal-
gum erro que se tenha cometido (crítica, postura política
ou moral, desrespeito a alguma norma...), na postura ideo-
lógica (modelo de sociedade, cenário de Igreja, discordân-
cia com alguma diretriz, pertença partidária...) ou nalgum
problema mais psicológico (ciúme, medo de perder a hege-
monia...). Detectado, contudo, o motivo da rejeição ou di-
ficuldade, é mais fácil tomar um posicionamento interno e

Caderno Ciência e Fé 31
Hilário Dick

externo. Mais importantes do que ações externas, e talvez,


mais decisivas e significativas, são as atitudes pessoais coe-
rentes, de abertura ao diálogo e, ao mesmo tempo, atitudes
coerentes com a causa na qual estamos envolvidos. Há si-
tuações em que a resistência exige mais estudo; em outros
casos, exige humildade. Pode acontecer, também, que a si-
tuação exija atitudes proféticas de denúncia. Bem maior do
que tudo, entretanto, é a missão. Mais importante — muito
mais importante — do que o gosto do enfrentamento, o que
vale é a juventude sair ganhando.

Fonte de conflitos

Se há um aspecto da Pastoral da Juventude que inco-


moda e marca as diferenças e, ao mesmo tempo, a identida-
de, é a maneira como se olha o relacionamento entre fé e
vida, fé e política, fé e realidade social. Há espaços de Igreja
onde essas realidades são encaradas de forma dupla, masca-
rada, fugindo da realidade. Fala-se de Igreja, mas não se sabe
qual o cenário de Igreja escolhido, ou se diz que esse cenário
é “absoluto”, sem espaço para o diálogo. Fala-se de Igreja,
mas não se fala do Reino de Deus pregado por Jesus Cristo.
A Igreja se identifica com o Reino e não se aceita que a Igreja
seja um sacramento do Reino. É o conflito entre instituição
e carisma; entre os modos de ser de “Pedro” e de “Paulo”.
Entra em jogo uma dimensão verdadeiramente libertadora,
transformadora, ou não. Entra em jogo uma leitura funda-
mentalista da Bíblia. E ainda, está em jogo uma religião que é

32 Caderno Ciência e Fé
Mínimo do mínimo para anunciar uma boa-nova à juventude

ópio do povo ou libertação do povo, a partir dos pobres. Está


em jogo o lugar que tem, no anúncio do Evangelho, a opção
pelos excluídos. Perdeu-se a grandeza da vocação batismal
pela qual somos chamados a ser profetas, a ser celebrantes
e construtores de comunidade (dimensão política).
Evidentemente, essas diferenças repercutem em toda
a concepção de evangelização da juventude: desde a aná-
lise da realidade até seus Marcos Doutrinal, Pedagógico e
Celebrativo. Em geral, também não se valoriza a memória his-
tórica. Consideram-se os eventos e não as questões vividas na
época dos eventos, porque isso implicaria o aprofundamento
do “processo” vivido. Que valor têm, na nossa fé, os grandes
eventos? Por que se valorizam alguns eventos e setores e não
outros (Copa, política, Conselhos de Direitos, rebanhões, po-
líticas públicas etc.)? Sabe-se ler a história de nossa “experi-
ência” além da enumeração de datas? Quais as grandes ques-
tões que a história, como pastoral ou movimento, mostra?

Relacionamento da Pastoral da Juventude com outros


movimentos de jovens, não eclesiais

Para quem acredita que fé e política, fé e realidade


social caminham juntas, e que a Igreja não é o Reino, mas
sacramento do Reino, o relacionamento com “outros mo-
vimentos” e outras organizações sociais (especialmente de
jovens) é consequência lógica. Numa dimensão eclesial, o
mais importante é cultivar um relacionamento “inteligente”
e “cordial” com os grupos que vivem a mesma utopia, isto

Caderno Ciência e Fé 33
Hilário Dick

é, com outras “experiências”, como os movimentos cristãos


de jovens. Contudo, o relacionamento com organizações
juvenis, que não se situam no espaço eclesial, também se
enfileiram na boa-nova que a Pastoral da Juventude quer
viver. Por isso, ela tem e deveria ter relacionamentos com
as juventudes e organizações que lutam pelos direitos hu-
manos e sociais de todas as pessoas. Relaciona-se e deve-
ria relacionar-se sempre mais, por exemplo, com os movi-
mentos estudantis, com a juventude dos partidos políticos,
com os jovens dos diferentes sindicatos, com os Conselhos
de Juventude e com tudo o que significa organização de jo-
vens presente na sociedade. Não se concebe uma Pastoral
da Juventude encerrada na sacristia, haja vista que um dos
desafios da Pastoral da Juventude é inserir-se, sempre mais,
nas políticas públicas para a juventude.

Grupo de jovens
O grupo de jovens é, para a Pastoral da Juventude,
uma opção pedagógica fundamental. Mais que isso, contudo,
é uma opção teológica, porque o grupo é, por excelência, na
vida dos jovens, um espaço fundamental de felicidade. Trata-
se de grupo pequeno, no qual se pode conversar, escutar, vi-
ver, celebrar... A vida em grupo tem muito sabores, saberes e
crescimento. A Pastoral da Juventude acredita que a educação
na fé e a adesão ao projeto de Jesus passam pelo comunitário,
pelo grupo ou pelos grupos de jovens nas comunidades. Além
disso, a vida em grupo está na essência da juventude.

34 Caderno Ciência e Fé
Mínimo do mínimo para anunciar uma boa-nova à juventude

Escola de serviços

Quando existem grupos não só articulados, mas or-


ganizados, destacam-se algumas figuras (personagens).
A mais importante é o participante do grupo, como tal; sem
ele não existe nem grupo nem Pastoral da Juventude. Mas
uma boa organização exige outras figuras. Uma delas é o co-
ordenador, isto é, alguém que organiza, anima e articula o
grupo, um evento, uma assembleia. Tem suas funções defi-
nidas por quem o escolhe para ocupar um cargo. Exerce essa
função por tempo determinado pelo grupo. Nas Pastorais
da Juventude, os coordenadores são, por opção pedagógica,
os jovens. O coordenador, por missão, é aquele que articula
decisões. Como diz Civilização do amor: tarefa e esperança —
Orientações para a Pastoral da Juventude (CELAM, 1997),
o coordenador “é um/a jovem chamado por Deus na Igreja
para assumir o serviço de motivar, integrar e ajudar os/as jo-
vens a crescer no processo comunitário”. O serviço da coor-
denação é uma verdadeira escola para aprender a lidar com
as pessoas, com os próprios colegas, e a servir.

Animando a vida
Outra figura que aparece, ou pode aparecer, é a do
animador. Alguém que ajuda, sugere, visita, anima... Sua
identidade situa-se no caminho do acompanhamento ou da
assessoria, não no caminho da coordenação. O animador já
teve uma bonita experiência de vida e de grupo, mas ainda

Caderno Ciência e Fé 35
Hilário Dick

não teve tempo de ter mais experiência de vida e, por isso,


não teve tempo de “formar-se”, porque nem sempre o es-
pontaneísmo é a melhor solução.
Trata-se de alguém que cresceu no grupo, exerceu aí —
talvez — diversas funções, mas sente que passou o tempo de
“ser jovem” e o tempo que lhe competia “coordenar”, mas
deseja continuar sendo útil, ajudando o grupo e/ou os grupos
de jovens da região a caminharem com mais assistência na
trilha da fé. Pode-se dizer que é um tempo de preparação para
assumirem, progressivamente, o ministério da assessoria.

Comer do mesmo pão

Uma terceira figura que aparece é a do assessor. O as-


sessor é um agente de pastoral mais maduro (alguém que já
teve tempo...) que procura acompanhar uma pessoa, um gru-
po ou uma entidade, a caminhar e a compreender o contexto
em que se encontram e no qual desejam intervir. O assessor,
quando é somente uma presença esporádica, é chamado de
perito. Na Pastoral da Juventude, entende-se como assessor
uma pessoa que “caminha junto”, que “procura sentar-se com
o grupo” e faz, junto, a caminhada planejada. Além de tudo, é
um companheiro. Um dos critérios para exercer esse ministé-
rio é o preparo intelectual, psicológico, teológico e a prática;
outro critério é o reconhecimento por parte da Pastoral como
instituição, sendo indicado pelos jovens e reconhecido pela
instituição eclesial. Pode ser do clero (padre ou religioso) ou
do laicato. Pode acontecer que o assessor exerça sua função de

36 Caderno Ciência e Fé
Mínimo do mínimo para anunciar uma boa-nova à juventude

assessoria somente em vista do cargo eclesiástico que ocupa,


mas essa não é considerada a situação ideal. Por viver a dimen-
são educativa, espera-se dele um preparo específico e que seja
pessoa estudiosa de juventude, bem como um apaixonado pela
juventude. Um verdadeiro neotéfilo, isto é, verdadeiro aman-
te da juventude. Mais do que isso, é alguém que carrega uma
experiência de vida de fé. O assessor da Pastoral da Juventude
é um cristão adulto chamado por Deus para exercer o minis-
tério do acompanhamento, em nome da Igreja, dos proces-
sos de educação empregados na fé dos jovens. Na Pastoral da
Juventude, a assessoria e o acompanhamento são encarados
como uma “opção pedagógica”, isto é, uma realidade que faz
parte de sua crença pedagógica e teológica. Acreditamos que
os jovens não só precisam, mas querem essa presença adulta.
Acreditamos que a assessoria e o acompanhamento são uma
necessidade, além de serem, sempre, uma urgência.

Assessoria – Função

Por trás da vida de um grupo de jovens está, portanto,


uma figura (personagem) que se chama assessor, acompa-
nhante. Alguém mais maduro, amigo da juventude, convida-
do por outro; alguém que está aí porque viu necessidades.
Diz-se, com razão, que onde há um bom assessor ou uma
boa assessora, a Pastoral da Juventude vai bem. Disso se
conclui que o jovem não quer caminhar sozinho. Ele quer
um companheiro de caminhada. Alguém que coma o mesmo
pão com ele.

Caderno Ciência e Fé 37
Hilário Dick

Poder-se-ia falar de vários aspectos da assessoria: fun-


ção, espiritualidade, psicologia, pedagogia, formação espe-
cífica etc., mas, basicamente, ser assessor é acompanhar os
jovens no âmbito do grupo, da paróquia, da diocese, do regio-
nal e, até, em âmbito nacional. Podem ser funções do asses-
sor: 1) acompanhar o grupo ou os grupos, especialmente os
que assessoram a coordenação. Ser presença em diferentes
momentos (bons e ruins) e diferentes instâncias; 2) garantir
o apoio efetivo e, de modo especial, a formação para a cami-
nhada do grupo na paróquia e na região, evitando o “ativis-
mo”, isto é, a crença de que pertencer a um grupo é só fazer
coisas; 3) fomentar a articulação dos grupos e de suas equipes
de responsáveis; 4) contribuir para a dinamização da vida dos
grupos na paróquia, na diocese, nas instâncias da Igreja e na
relação com outras entidades; 5) ser ligação com a Pastoral de
Conjunto nos diferentes níveis de organização e de instâncias
de apoio. A palavra que, talvez, seja mais expressiva é presen-
ça; a atitude que fala mais alto é encanto. Para trabalhar com
e sobre a juventude, é preciso estar encantado por ela.

Assessoria – Equipe – Serviços


Algo muito importante na vivência da assessoria é
não se isolar. Trata-se de encontrar “colegas de missão” e
aprender junto, apoiar e apoiar-se. A vida vai ensinando que,
nos “cursos” para assessores, o mais importante não são os
conteúdos apresentados. O grande conteúdo é a convivên-
cia. Os encontros de formação e de troca de experiências dos

38 Caderno Ciência e Fé
Mínimo do mínimo para anunciar uma boa-nova à juventude

assessores são fundamentais porque a Pastoral da Juventude


acredita na formação em ação. Em muitos lugares, a Pastoral
da Juventude promove a efetivação de equipes regionais e
diocesanas de assessores. Obviamente, a presença junto aos
jovens é prioridade, mas essa prioridade será mais bem vivi-
da se, como assessor, não se esteja isolado.
Existem diferentes assessorias: uma é essa da qual fa-
lamos; outras são as assessorias que as instituições, as pes-
soas com responsabilidades de governo, de administração,
de orientação etc. desejam e pedem: cursos, encontros, pa-
lestras etc. Sem entrar em muitos pormenores, a CNBB tam-
bém convida assessores que a ajudem nos diversos campos
da evangelização, também no campo da juventude. Durante
toda a existência dessa Conferência, ela teve, quase sempre,
um encarregado nacional do Setor Juventude. Desde 1983 —
quando começou a articulação nacional da Pastoral da
Juventude atual —, este Setor é ocupado por alguém indica-
do pelos jovens e assumido pela Conferência. Foram asses-
sores nacionais da Pastoral da Juventude, depois de 1981,
o Pe. Hilário Dick SJ, o Pe. Jorge Boran, o Pe. Florisvaldo
Orlando, o Pe. Wilson Basso, Carmem Lúcia Teixeira, Ir.
Ângela Falchetto e o Pe. Gisley Azevedo. Nos últimos tem-
pos, houve mudanças na forma de se levar em frente o Setor.
Os bispos optaram em não ter somente um bispo referen-
cial e um assessor, como foi até 2008, mas uma Comissão
Episcopal de Juventude, com a presença de dois assessores
(padres) e três bispos: um é o presidente da Comissão e o
outro acompanha os movimentos e as comunidades; e o ter-
ceiro, na medida do possível, cuida das pastorais.

Caderno Ciência e Fé 39
Hilário Dick

O papel dos leigos na assessoria

Historicamente, o assessor era alguém do clero. Esse


modo de pensar ainda existe, resultado de um clericalismo
que não deixa de marcar presença na Igreja... No tempo
da Ação Católica, era nomeado, pelos bispos, com o nome
de assistente; mais tarde, numa visão mais participativa,
essa figura começou a ser chamada de assessor. Mais ain-
da: tornou-se hábito os jovens formarem uma lista tríplice,
da qual os bispos escolhiam como assessor quem julgavam
mais adequado. Deixando de ser tão clerical, aos poucos, foi
surgindo, nesse ministério, a figura do leigo, também assu-
mida pela maioria dos bispos. Em âmbito nacional, houve,
no Setor Juventude, a assessoria de duas mulheres: uma
leiga, de Goiás, e uma Irmã Salesiana, inserida na Pastoral
da Juventude da Rondônia (naquele momento). Atualmente,
nas equipes de assessores das Pastorais de Juventude há
muitas pessoas do laicato. O ideal sonhado pela Pastoral da
Juventude é que haja certo equilíbrio entre assessores lei-
gos, religiosos e sacerdotes. O ministério da assessoria não
é exclusividade de ninguém, nem do clero nem dos leigos.
Hoje, contudo, quem mais assume esse serviço são os leigos,
nas diferentes instâncias.
Para o jovem, não é muito simpático que a figura (do
assessor) seja considerada como “tio” ou “tia”; o jovem pro-
cura sair da dependência, e a figura do “tio” e da “tia” pode
não contribuir para essa “libertação”. É questão de respeito
a um desejo que o jovem sonha realizar e a um direito de
desenvolver sua autonomia.

40 Caderno Ciência e Fé
Mínimo do mínimo para anunciar uma boa-nova à juventude

O que nos identifica

É o objetivo que confere identidade a algo. E o obje-


tivo da Pastoral da Juventude é a evangelização da juven-
tude em suas diversificadas realidades. Levar, aos diver-
sos tipos de jovens, a Boa-Nova da felicidade trazida por
Jesus Cristo. Essa é sua identidade. É este o seu objetivo:
despertar os jovens para a pessoa e a proposta de Jesus,
desenvolvendo, com eles, um processo global de forma-
ção baseado na fé, para formar líderes capacitados a agir
na comunidade, atuar na própria Pastoral da Juventude,
em outros ministérios da Igreja e em seu meio específico,
comprometidos com a libertação integral do homem e da
sociedade, por meio da vida de comunhão e participação,
de modo que contribuam, efetivamente, com a construção
da Civilização do Amor. Em vista desse objetivo, a Pastoral
da Juventude defende uma Teologia, uma Pedagogia, uma
leitura da realidade e, de modo especial, faz algumas op-
ções pedagógicas.

Opções que norteiam o fazer pastoral


As opções pedagógicas da Pastoral da Juventude
referem-se à construção pedagógica, da felicidade juvenil,
apontando para alguns “instrumentos” nos quais e por meio
dos quais o jovem (e todas as pessoas) vive feliz. A Pastoral
da Juventude afirma, em seu credo pedagógico, de modo
muito especial, algumas opções, alguns “caminhos”. Essas

Caderno Ciência e Fé 41
Hilário Dick

opções são: 1) o grupo jovem ou a comunidade juvenil, em


suas etapas e fases; 2) a valorização do cultivo da memória
histórica; 3) o trabalho com as diferentes realidades juvenis,
traduzido nas pastorais específicas de juventude, respei-
tando diferentes carismas na vivência das espiritualidades;
4) a valorização da organização em seus diferentes níveis;
5) o acompanhamento e a assessoria, dando especial valor
às estruturas de apoio. Há, ainda, uma opção fundamental,
que a Pastoral da Juventude, em sua ação, chama de princí-
pio norteador: a formação integral.
Estas opções são “instrumentos” dos quais se deve
ter consciência quando se deseja trabalhar com juventude.
Em si, não precisam de grandes explicações. Todas são im-
portantes; o que é necessário é aprender a torná-las reais
no dia a dia.
Pode-se chamar a atenção para a necessidade, por
exemplo, do que se entende como estruturas de apoio: são
locais, espaços, iniciativas, pessoas, investimento, possibi-
lidade de estudo e formação, produção de subsídios etc.
Capítulo mais complexo é o trabalho diferenciado com as
juventudes, diferença reconhecida pela Igreja do Brasil
(CNBB, 2007, n. 193). Na evangelização da juventude, fa-
lamos da Pastoral da Juventude dos grupos das paróquias
e comunidades eclesiais (habitual e simplesmente chama-
do de Pastoral da Juventude), as Pastorais da Juventude
Estudantil, Rural e do Meio Popular, cada qual com sua ca-
minhada, tendo presentes a identidade e as opções peda-
gógicas expressas.

42 Caderno Ciência e Fé
Mínimo do mínimo para anunciar uma boa-nova à juventude

Juventudes e consequências

Assim como fica cada vez mais evidente que há juven-


tudes e não somente juventude, dever-se-ia também, discutir
mais, , a necessidade de um trabalho diferenciado com essas
“juventudes”. Parece algo evidente, mas não é. Um dos mo-
tivos é que somos especialistas em fugir de nós mesmos. Por
isso, há dificuldades em aceitar que haja diferentes Pastorais
de Juventude. É que, na hora em que encaramos com se-
riedade nossa própria identidade, nossa especificidade, vai
nascendo a autonomia e deixamos de ser um “Maria vai com
as outras”. Nem todos ao derredor, gostam disso, porque é
mais difícil manipular quem tem convicções. Aprendemos
de Jesus de Nazaré que precisamos encarnar-nos e assumir
nossas origens e nossa identidade. Esse respeito às diversas
realidades vale, também, para as diversas “experiências” e
aos diferentes movimentos, com seus carismas.
Por isso, existem a Pastoral da Juventude Estudantil,
a Pastoral da Juventude das Comunidades, a Pastoral da
Juventude Rural, a Pastoral da Juventude Trabalhadora,
Indígena, Afrodescendente etc. É resultado da descoberta
de que existem juventudes (não só uma juventude em ge-
ral) que precisam de um atendimento diferenciado no pro-
cesso de educação na fé. Quando um “tipo” de jovens, com
as mesmas preocupações, o mesmo ambiente e os mesmos
desafios se encontra e se organiza, tomando em conta sua
identidade, para se articular e crescer na fé em seu meio es-
pecífico, existem condições para um trabalho diferenciado.

Caderno Ciência e Fé 43
Hilário Dick

Algumas dessas Pastorais têm sua identidade muito clara e


objetiva, não dependendo de grandes distinções, como é o
caso dos estudantes, dos jovens operários e dos jovens do
campo. Outras especificidades já são mais complexas, como o
jovem urbano ou do meio popular, cuja identidade ainda fica
muito esparsa. Dependendo dos critérios usados para desta-
car os grandes “tipos” de jovens, poderíamos falar dos jovens
negros, dos jovens índios, dos jovens ribeirinhos e dos jovens
em situações críticas de risco, vulnerabilidade e violência.
Pode-se dizer que há uma “cultura de organização
pastoral”, nos espaços das Igrejas, onde isso não é compre-
endido ou não é aceito. Temos pouca tradição em respeitar
diferentes espaços ou meios. Dir-se-ia que “é mais fácil” tra-
tar todos da mesma forma... Além de outras consequências,
exigir-se-iam assessores especializados e com criatividade.
Talvez uma resposta mais profunda a essa questão (a esse
trabalho diferenciado) é que não se chegou, ainda, a pôr em
prática, realmente, uma “decisão política” de fazê-lo.

Formação integral

Se há algo de qual a evangelização da juventude


deve cuidar é da formação integral. Trata-se de uma edu-
cação, na fé, do jovem, que o atinja em todas as suas re-
alidades, em todos os seus aspectos: no aspecto pessoal,
a personalização (cultivo de si); no aspecto social, a so-
cialização (êxodo de si mesmo); no aspecto sociopolítico,
a conscientização (tornar-se crítico, consciente, cuidante,

44 Caderno Ciência e Fé
Mínimo do mínimo para anunciar uma boa-nova à juventude

criativo e comprometido); no aspecto teológico, a forma-


ção dentro do ensino teológico (ir além do “catecismo”);
no aspecto teologal, a educação para a prática e a vivência
dos sacramentos e de outras manifestações religiosas; no
aspecto político, a educação para a cidadania; no aspecto
prático, a capacitação técnica para enfrentar a vida pessoal,
grupal e institucional no que se refere à organização e ao
planejamento; e no aspecto da missão do jovem, a voca-
cionalidade (tomar a história nas mãos e construir projetos
pessoais e comunitários de vida). Além disso, a Pastoral da
Juventude defende que essa formação se dá de maneira
processual, não só por eventos, respeitando as etapas de
crescimento do grupo e da pessoa. Sendo um assunto tão
importante, fala-se das dimensões da formação integral.
São seis:

a) Dimensão psicoafetiva: é a dimensão da relação do


jovem consigo mesmo, respondendo às necessidades
de amadurecimento afetivo, e da formação da per-
sonalidade, respondendo ao processo da personali-
zação. Embora seja muito importante essa formação
no início da vivência grupal, é uma dimensão que nos
deve acompanhar durante toda a vida.
b) Dimensão psicossocial: trata-se da dimensão so-
cial, da descoberta do(a) outro(a) como ser diferen-
te, e do grupo como lugar de encontro. Visa-se com
essa dimensão, embora todas as dimensões sejam
“fundamentais”, o processo da integração social e
comunitária.

Caderno Ciência e Fé 45
Hilário Dick

c) Dimensão sociopolítica: corresponde à inserção do(a)


jovem na sociedade, formando-se como cidadão(ã),
e exercitando o processo de conscientização. Fica
patente como essa dimensão, além de importante,
é questionadora, numa sociedade e, talvez, numa
Igreja, que não gostam muito de pessoas autônomas
e críticas.
d) Dimensão mística, teológica e teologal: trata da vi-
vência e da fundamentação da fé do jovem, sen-
do central o aprofundamento do seguimento de
Jesus Cristo, no trabalho com o processo de evan-
gelização. Há duas tentações que se apresentam:
o politicismo e o espiritualismo; uns exagerando na
“oração” e outros na “política”, quando — em verdade —
fé e realidade social devem caminhar juntas.
e) Dimensão da capacitação técnica e pedagógica:
entram, nesta dimensão, muitos aspectos práticos
como o planejamento, o exercício da liderança e a
capacidade de coordenar em diferentes situações e
espaços. A missão precisa ser realizada com eficá-
cia, por isso a importância de capacitação em ação,
fazendo.
f) Vocacionalidade: uma Pastoral da Juventude que não
leva o jovem a amadurecer seu projeto pessoal de
vida, isto é, sua “missão no mundo”, não é pastoral.
Trata-se de ajudar o jovem a descobrir o mundo no
qual pensa realizar-se.

46 Caderno Ciência e Fé
Mínimo do mínimo para anunciar uma boa-nova à juventude

O método

Consciente ou inconscientemente, todos temos um


método. Podemos até dizer que todos somos método, no
modo de ser e agir. Por isso, é imprescindível, saber expli-
citar o método que se vive. Mais essencial, ainda, é ser co-
erente com ele e amadurecê-lo sempre mais. Assumir um
método é assumir uma pedagogia, um modo de lidar com
as pessoas e os fatos. Na vivência do método, está em jogo a
visão de mundo, de Igreja, de pessoa humana, de sociedade,
de política etc.
A Pastoral da Juventude assume o método que leva
em conta a verdadeira vida do jovem, a personalização e a
socialização, a iluminação com a Palavra de Deus, o com-
promisso a ser assumido, a revisão e a celebração. Por isso,
de forma muito decidida, a Pastoral da Juventude diz que
seu método é composto de cinco etapas interligadas: o ver,
o julgar, o agir, o rever e o celebrar. Quando falamos dis-
so, não podemos ser superficiais, mas dar-nos conta, por
exemplo, de como olhamos a realidade. Deixar de ser in-
gênuo fazendo uma análise que parta, realmente, da reali-
dade, é um desafio. O mesmo vale para o julgar. Algumas
perguntas se impõem: qual é a leitura teológica que move
nossa ação? O que significa libertação nesse julgamento?
O que significa a opção pelos empobrecidos? O mesmo
vale para o agir. Qual ação realizar para transformar a re-
alidade? Que passos dar tendo em vista a construção da
Civilização do Amor? No rever, damo-nos conta do cami-
nho percorrido e indagamos se o processo feito, até agora,

Caderno Ciência e Fé 47
Hilário Dick

tem transformado profundamente a realidade. É tempo de


avançar mais e mais. Já no celebrar, detemo-nos em fes-
tejar o caminho percorrido, o processo realizado, além de
nos animarmos a seguir com a ação. Aplicado e vivido em
sua dinamicidade, esse método se torna um estilo de vida
e uma espiritualidade.

Espiritualidade juvenil

Existem diferentes espiritualidades: a salesiana, a


franciscana, a dominicana, a jesuítica, a leiga, a religiosa,
a libertadora, a conservadora etc. Então, pode-se falar de
“espiritualidade juvenil”? Por vezes, tem-se a impressão
de que a espiritualidade é, sempre, uma “espiritualidade
adulta”... No entanto, assim como há um “modo de ser”
jovem, também há um modo jovem de rezar, de viver a vida
e os valores, assim como há modos e valores que só valem
para o que se chama de “juventude”. Há um modo jovem
de seguir Jesus e de assumir seu projeto. Como seria essa
“espiritualidade juvenil”? O que se vai dizer, certamente,
será pouco, mas são algumas características que fornecem
uma pista.

1) Encontrar Deus na vida. É a espiritualidade do coti-


diano da vida de um jovem em suas diferentes espe-
cificidades e em suas diversas situações. Nem sempre
pensamos nisso, e são poucos os que nos ajudam a vi-
ver isso, de forma “espiritual”, isto é, como um estilo.

48 Caderno Ciência e Fé
Mínimo do mínimo para anunciar uma boa-nova à juventude

2) Viver como Jesus viveu. É a espiritualidade do segui-


mento de Jesus, contemplado nos Evangelhos, mas
vivo e presente na história e no modo de ser do jo-
vem. Encontram-se aí infindos gestos que ensinam,
desafiam, provocam e inspiram.
3) Cultivar a comunhão e o serviço. Trata-se, no fundo,
de viver o espírito comunitário, de pertença a uma
comunidade — desejo profundo do jovem. Claro que
se coloca, em primeiro plano, a comunidade eclesial,
mas se estende a outras vivências comunitárias, sem-
pre na dimensão de ser para os outros, tendo em vista
o bem-viver.
4) Testemunhar a alegria e a esperança. O ser simples-
mente jovem, que vive uma enormidade de novida-
des, é uma espiritualidade quando feito com cons-
ciência. Sem deixar de falar da vivência litúrgica,
deve-se pensar na “liturgia” que o jovem é. Ele é fes-
ta, é celebração.
5) Assumir o anúncio e o compromisso de ser missionário
onde quer que esteja e em tudo que estiver fazendo,
como jovem. Ser jovem é viver o êxodo de si mesmo;
por isso, é a espiritualidade do êxodo.
6) Ter um lugar especial para os pequenos, os pobres e
os excluídos. É a espiritualidade da opção pelos po-
bres. Quando se consegue vislumbrar jovens vivendo
isso, compreende-se a grandeza da pessoa humana.
7) Nem sempre o jovem tem consciência disso, mas as
descobertas e os lutos que vive fazem a juventude viver,
de modo muito bonito, a espiritualidade pascal.

Caderno Ciência e Fé 49
Hilário Dick

8) Ninguém nega que a figura de Maria e a figura dos


mártires estão muito dentro do coração da juventude.
Por isso se fala, na Pastoral da Juventude, da espiritu-
alidade mariana e martirial.

Percebe-se que, na juventude, encontramos um


modo de ser espiritual muito especial. Isso pode ser apro-
fundado se refletirmos o que os bispos do Brasil dizem quan-
do falam da juventude como realidade teológica. Encontra-
se essa afirmação em Evangelização da Juventude: desafios
e perspectivas pastorais (CNBB, 2007, n. 80-81). Dentro da
proposta brasileira e latino-americana de evangelização da
juventude, sempre é bom dar-nos conta de que, ao lado dos
“Marcos” (Marco da Realidade, Resgate da História, Marco
Doutrinal e Marco Operativo), também existe a formulação
do Marco Celebrativo. Mas, além de tudo isso, um espetá-
culo lindo de ver é contemplar, vivenciar e perceber a for-
ma como as juventudes da Pastoral da Juventude sabem
cultivar o Ofício Divino da Juventude, criado e assumido por
elas. Quando se encontram pessoas dizendo que os jovens
da Pastoral da Juventude não rezam, na maioria das vezes,
estamos diante de uma cegueira movida por certo precon-
ceito com o jovem.

Pastoral Vocacional?

Vocacional vem de vocação, no sentido de chamado.


Todos somos chamados, convidados a assumir uma missão

50 Caderno Ciência e Fé
Mínimo do mínimo para anunciar uma boa-nova à juventude

que nos faça felizes e espalhe felicidade em nosso der-


redor. Por vezes, tem-se a impressão de que Pastoral
Vocacional só vale para quem quer entrar na Vida Religiosa
ou no Ministério Presbiteral. Se vocação é para todos, a
Pastoral Vocacional também é para todos. Podemos dizer
que uma Pastoral da Juventude que não é vocacional, no
sentido amplo, é incompleta; a Pastoral Vocacional, mes-
mo no sentido estrito, que não se preocupa com o jovem
como tal, é uma pastoral destinada ao fracasso. As duas
pastorais deveriam caminhar juntas. Assim como toda
Pastoral da Juventude deveria ter uma dimensão vocacio-
nal, toda Pastoral Vocacional deveria ter a dimensão juve-
nil. A Pastoral Vocacional está “dentro”, não “junto”, muito
menos “fora” da Pastoral da Juventude.
Pensar em vocação, como tal, é mais profundo que
pensar em profissão, porque na vocação se fala mais do
modo de vida que se deseja abraçar, que é mais do que vou
fazer. As duas são importantes, mas em vocação se expressa
mais o chamado. Até se pode dizer que vocação é mais in-
tegral, incluindo o místico ou a espiritualidade, o que não se
percebe quando se fala de profissão, que se aproxima muito
da forma de sobreviver

Raízes do mínimo do mínimo – Documentos


O mínimo do mínimo tem suas raízes. Embora tenha
demorado, este mínimo — como todo o trabalho da Igreja,

Caderno Ciência e Fé 51
Hilário Dick

respeitando o protagonismo juvenil — foi brotando, aos


poucos, na América Latina e no Brasil.
Sempre é um pouco arriscado selecionar, mas o que
vamos citar é “oficial”, reconhecido pela Igreja. Na América
Latina, os documentos eclesiais mais importantes são: 1) o ca-
pítulo 4 das Conclusões da 2ª Conferência Geral do Episcopado
Latino-Americano (1968), em Medellín; 2) o capítulo da opção
preferencial pelos jovens, das Conclusões da 3ª Conferência
Geral do Episcopado Latino-Americano (1979), em Puebla, no
qual o episcopado afirma a opção preferencial pelos jovens;
3) as linhas de ação da Conferência de Aparecida (2007); 4) o
livro Pastoral da Juventude: sim à civilização do amor, da Seção
Juventude do CELAM (1987); 5) o livro Civilização do amor:
tarefa e esperança, da Seção Juventude do CELAM (1997);
6) o livro Civilização do amor: projeto e missão do CELAM
(2012); 7) as Conclusões dos Encontros Latino-Americanos
de Responsáveis Nacionais da Pastoral da Juventude; 8) as
Conclusões do 1º, do 2º e do 3º Congressos Latino-Americanos
de Jovens, em Cochabamba, na Bolívia (1992); em Punta de
Tralca, no Chile (1998); e em Los Teques, na Venezuela (2010).
No Brasil, os principais documentos da Pastoral da
Juventude, reconhecidos pela Conferência Episcopal, são:
1) Pastoral da Juventude no Brasil (Estudos da CNBB n. 44);
2) Marco Referencial da Pastoral da Juventude do Brasil
(Estudos da CNBB n. 76); 3) o texto base da Campanha
da Fraternidade de 1992 – Juventude caminho aberto;
4) Evangelização da juventude: desafios e perspectivas pas-
torais (Documentos da CNBB n. 85), de 2007.

52 Caderno Ciência e Fé
Mínimo do mínimo para anunciar uma boa-nova à juventude

Leituras

Ao lado dessas leituras “normativas” ou “diretrizes”,


existem muitos bons escritos sobre evangelização da ju-
ventude. Além dos documentos citados, mencionamos pu-
blicações como Assessoria e acompanhamento na Pastoral
da Juventude (CELAM, 1994a) e Assessoria em cinco enfo-
ques (CELAM, 1994b); Juventude, o grande desafio, do Pe.
Jorge Boran (1982) e O futuro tem nome: sugestões práti-
cas para trabalhar com jovens, também do Pe. Jorge Boran
(1994); O caminho se faz: história da Pastoral da Juventude
do Brasil, do Pe. Hilário Dick (1999); Juventude, acompa-
nhamento e construção de autonomia, organização de
Carmem Lúcia Teixeira (2011); Cartas a neotéfilo: conversas
sobre assessorias para grupo de jovens, de Pe. Hilário Dick
(2005); Gritos silenciados, mas evidentes: jovens construindo
juventude na História, também do Pe. Hilário Dick (2003);
Acompanhamento: mística do/a acólito/a da juventude, or-
ganização de Hilário Dick, Carmem Lúcia Teixeira e Salvador
Segura Levy (2008); Resiliência, espiritualidade e juventude,
de Susana M. Rocca (2013) e O divino no jovem: elementos
teologais para a evangelização da cultura juvenil, de Pe.
Hilário Dick (2009), dentre outros. Nos últimos tempos, saiu
uma coleção de subsídios intitulada Na trilha do grupo de jo-
vens, fruto de um trabalho em mutirão enorme, em âmbito
nacional. É preciso saber procurar e querer aprender. Muitos
sites, blogs... Contudo, apesar de toda a importância da lei-
tura, mais do que na leitura, é na participação de processos

Caderno Ciência e Fé 53
Hilário Dick

significativos da Pastoral da Juventude que se aprende o que


é Pastoral da Juventude.

Uma história a caminho, com horizonte

O mínimo do mínimo para anunciar uma boa-nova


à juventude, dando destaque para a Pastoral da Juventude,
desejou ser, somente, breves palavras sobre essa institui-
ção quanto à sua proposta e sua história. Algumas palavras
que provocassem outras, para serem lançadas ao mundo.
É importante, contudo, caminhar para o horizonte, sabendo,
sempre, quem somos, de onde viemos, o que nos identifica, o
que nos marca, aquilo que assumimos... Não queremos que
seja uma “conclusão”, apenas um fim de conversa, dizendo
o mínimo do mínimo sobre evangelização da juventude e
Pastoral da Juventude. Para o cristão e para quem trabalha
com juventude, o mínimo não acaba. É como o horizonte
que não serve para nada; simplesmente serve para nos fa-
zer caminhar. Uma das palavras que animam Civilização do
amor: projeto e missão (CELAM, 2012) é horizonte. Quando
se deixa de viver na esperança, abandonou-se a utopia;
quem abandona a utopia fica sem horizonte e não pode di-
zer que é da Pastoral da Juventude.

54 Caderno Ciência e Fé
Referências

BORAN, J. Juventude, o grande desafio. São Paulo: Paulinas, 1982.

BORAN, J. O futuro tem nome: sugestões práticas para trabalhar


com jovens. São Paulo: Paulinas, 1994.

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Brasília: CNBB, 2013.

CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO — CELAM. Conclusões


da Conferência de Puebla. São Paulo: Paulinas, 1979.

CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO — CELAM. Pastoral da


juventude: sim à civilização do amor. São Paulo: Paulinas, 1987.

CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO — CELAM. Assessoria


e acompanhamento na Pastoral da Juventude. São Paulo: CCJ,
1994a.

CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO — CELAM. Assessoria


em cinco enfoques. São Paulo: CCJ, 1994b.
Hilário Dick

CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO — CELAM. Civili-


zação do amor: tarefa e esperança — Orientações para a
Pastoral da Juventude latino-americana. São Paulo: Paulinas,
1997.

CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO — CELAM. Proyecto


de vida: camino vocacional de la Pastoral Juvenil — Aportes y
reflexiones de la Pastoral Juvenil Latinoamericana. Documento
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CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO — CELAM.


Civilización del amor: proyecto y misión — Orientaciones para
una Pastoral Juvenil Latinoamericana. Documento CELAM
n. 173. Bogotá: CELAM, 2012.

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Pastoral da juventude no Brasil. Estudos da CNBB n. 44. Brasília:
Paulinas, 1986.

CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL — CNBB.


Marco referencial da pastoral da juventude do Brasil. Estudos
da CNBB n. 76. Brasília: Paulus, 1998.

CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL — CNBB.


Evangelização da juventude: desafios e perspectivas pastorais.
Documentos da CNBB n. 85. São Paulo: Paulinas, 2007.

CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL — CNBB.


Pastoral juvenil no Brasil: identidade e horizontes. Estudos da
CNBB n. 103. Brasília: CNBB, 2013.

56 Caderno Ciência e Fé
Mínimo do mínimo para anunciar uma boa-nova à juventude

DICK, H. O caminho se faz: história da pastoral da juventude do


Brasil. Porto Alegre: Evangraf, 1999.

DICK, H. Gritos silenciados, mas evidentes: jovens construindo


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grupo de jovens. São Paulo: Loyola, 2005.

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do/a acólito/a da juventude. São Paulo: CCJ, 2008.

ROCCA, S. M. Resiliência, espiritualidade e juventude. São


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SILVA, J. A. A.; VIEIRA, L. D.; SILVA, R. A. (Org.). Somos igreja


jovem: pastoral da juventude — um jeito de ser e fazer. Brasília:
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TEIXEIRA, C. L. (Org.). Juventude, acompanhamento e constru-


ção de autonomia. Goiânia: CAJU; PUC Goiás, 2011.

Caderno Ciência e Fé 57
Sobre o autor

Hilário Dick
Padre Jesuíta. Doutor em Letras pela Universidade Federal
do Rio de Janeiro (UFRJ) e graduado em Filosofia e Teologia
pela Faculdade Cristo Rei, em São Leopoldo (RS). Professor
de História da Juventude e coordenador da Pós-Graduação
em Juventude da Pontifícia Universidade Católica de Goiás
(PUC Goiás). Ex-assessor do Setor Juventude da Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Autor de: Gritos silencia-
dos, mas evidentes – jovens construindo juventude na história
(Loyola); Cartas a neotéfilo: conversas sobre assessoria para
Grupos de Jovens (Loyola); O Divino no jovem (CCJ). Coautor
de: Juventude, acompanhamento e construção de autonomia
(PUC Goiás).
Impresso na Gráfica Everest
Rua Waldemar L. de Campos, 3.946
Xaxim – Curitiba (PR)
Tel: (41) 3276-0040

A presente edição foi composta pela Editora Universitária Champagnat


e impressa pela Gráfica Everest, papel pólen 80 g/m² (miolo) e papel
supremo 250 g/m² (capa).

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