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CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC

OPERAÇÕES DE DERIVATIVOS E MERCADO INTERNACIONAL


Aluno: Gustavo Grauzely da Silva Alves

Produção Individual – Hedge (Proteção)

Uma empresa tem uma dívida em moeda estrangeira com vencimento


em dois anos. O valor da dívida é de US$ 10.000.000,00. A operação da
empresa gera receitas em moeda local (R$). Sendo assim essa empresa está
exposta a riscos, mais especificamente está sujeita ao risco cambial, que
basicamente consiste na incerteza frente ao valor da sua moeda local neste
caso o real (R$) contra a moeda estrangeira como o dólar (US$) devido às
oscilações da taxa de câmbio no decorrer do tempo até o vencimento da dívida
que podem tanto elevar o valor da dívida, como diminuir dependendo do
cenário em que se encontra a taxa de câmbio.
Desta forma é necessário considerar possibilidades de proteção (hedge)
para esse tipo de situação usando contratos derivativos. Como estamos
lidando com câmbio mais especificamente o dólar, temos algumas formas de
proteção que são negociados na nossa bolsa de valores no Brasil a B3, como
por exemplo:

- Contrato a termo de dólar que tem como objetivo fixar em uma data futura a
cotação da moeda estrangeira, para que assim seja possível reduzir o risco de
oscilações futura da taxa de cambio. Dessa forma é possível antecipadamente
fixar o valor da dívida em reais correspondente ao montante da moeda
estrangeira que será pago futuramente. O tamanho do contrato e o vencimento
são livremente pactuados entre as partes e definido pela moeda-base da
operação negociada. O contrato a termo é parecido com um contrato futuro,
mas com algumas diferenças. No contrato a termo, há um acordo bilateral, que
não pode ser transferidos a terceiros. Um contrato futuro é totalmente
padronizado, podendo ser negociado livremente no mercado, encerrando a
posição. No mercado a termo, se qualquer uma das partes quiser encerrar o
contrato antecipadamente, a outra parte deverá aceitar. Além disso, não há
ajustes diários de posição para o contrato a termo, sendo o resultado financeiro
apurado na data de liquidação do contrato. Para efetuar operações a termo, é
necessário fazer um depósito de garantia, com o objetivo minimizar o risco do
comprador não ter dinheiro para honrar com seus pagamentos no vencimento
do contrato a termo. A margem de garantia é estipulada pela B3, de acordo
com critérios de apuração de margem para os contratos a termo. Os custos
operacionais de um contrato a termo são as corretagens paga a corretora que
realiza a operação, os emolumentos, taxa de liquidação e taxa de registro que
são pagos a B3 referente aos serviços de negociação. Os contratos a termo
exigem garantias mais altas do que são exigidas para os futuros por isso na
maioria das vezes os participantes do mercado preferem os contratos futuros.

- Contrato de dólar futuro é usado por empresas com dividas em dólares


como hedges de compra, para proteção contra oscilação do dólar, onde a
empresa assume uma posição mercado futuro de moedas para evitar que os
riscos da flutuação indesejada da taxa afetem seus resultados financeiros, ou
seja, funciona como fosse um seguro e, portanto há um custo vinculado à
posição assumida. Ao comprar ou vender contratos futuros de dólar, o
participante abdica da possibilidade da oscilação ser favorável em trocar de
fixar determinada taxa de câmbio adequada a seu planejamento financeiro. Os
custos operacionais da posição de comprada serão a corretagem que é pago a
corretora para realizar a operação, os emolumentos que é pago à bolsa de
valores em que o negocio foi feito e a taxa de registro que é pago à bolsa para
o registro do contrato. Além de tudo isso a empresa deverá depositar uma
margem de garantia para os contratos comprados. Essa margem tem valor
fixado pela bolsa, e o objetivo é garantir a adimplência do contrato.

- Contrato de opções de dólar pode ser utilizado como instrumento de


proteção aos riscos de variação de preços. Nas operações de hedge com
opções, o participante pode comprar a opção de compra ou de venda e fixar, a
partir do preço de exercício, o valor futuro do ativo objeto. Os custos financeiros
dos contratos de opções, usados com instrumento de hedge, são menores em
relação a outros tipos de derivativos como os contratos a termo e futuros, por
não ser necessário o deposito de garantias, a administração de ajustes diários
e etc. Caso a empresa não queria correr o risco de um aumento do preço da
cotação no futuro, ela compra uma opção de compra, fixando o preço futuro a
partir do preço de exercício da opção. Se a cotação apresentar um valor
superior ao preço de exercício, o participante exerce o direito de compra e
garante o preço, se não, ele terá que apenas pagar o prêmio pago para ser
titular da opção. Assim como as outras opções de hedge citados anteriormente,
os contratos de opções têm seus custos operacionais como à taxa de
corretagem cobrada pela corretora de valores, a taxa de custódia pelo serviço
de guarda da aplicação e emolumentos, que são as taxas cobradas pela Bolsa
de valores para cada operação de compra e venda de ativos.

Mas qual tipo de operação com os derivativos citados deverá ser realizado
pela empresa? Todas as operações citadas poderiam ser usadas, mas
utilizaremos no nossa empresa de exemplo um contrato de opção de dólar,
basicamente por ter menos custos financeiros com relação a outros tipos de
derivativos como os contratos a termo e futuros.
No caso da empresa que tem a dívida no valor de US$ 10.000.000,00 em
moeda estrangeira com vencimento em dois anos. Poderia ser utilizada uma
estratégia de proteção com contrato de opção de dólar futuro para mitigar os
riscos comprando contratos para vencimento em 24 meses. Atualmente
cada contrato de dólar negociado na B3 estabelece um acordo de compra e
venda de US$ 50.000,00 sendo assim a empresa deverá comprar 200
contratos de dólar para poder cobrir o empréstimo de US$ 10.000.000,00,
considerando uma cotação no momento que foi contrato o empréstimo de
US$/R$4,15 o valor da divida em reais estaria no valor de R$ 41.500.000,00.
Para fixar o valor da divida nessa condição a empresas deve buscar no
mercado uma opção de compra (call) com preço exercício de R$4,00/US$1,00
e um prêmio de R$0,15/US$1,00. Os contratos de opção de dólar da B3 são
cotados em reais por US$ 1.000,00, logo as cotações devem ser lidas da
seguinte forma R$4.000,00/US$1.000,00 e R$150,00/US$1.000,00. A despesa
da operação, ou seja, valor de liquidação do prêmio (VLP) será a multiplicação
do valor do prêmio com numero de contratos e o valor do contrato na B3.
VLP = 0,15 x 200 x 50.000 = R$1.500.000,00.
O prêmio a ser pago pelo hedge de opções de dólar é de R$1.500.000,00.
Podemos ver os possíveis resultados de exemplo no quadro a seguir:
Cotação Preço de
Valor Opção Resultado da
Exemplo Compra (R$/ Despesa (R$)
(R$/US$1.000,00) Opção (R$)
(R$/US$1.000,00) US$1.000,00)
3.850,00 4.000,00 0,00 -1.500.000,00 -1.500.000,00
4.000,00 4.000,00 0,00 -1.500.000,00 -1.500.000,00
4.150,00 4.000,00 1.500.000,00 -1.500.000,00 0,00
4.300,00 4.000,00 3.000.00,00 -1.500.000,00 1.500.000,00
4.450,00 4.000,00 4.500.00,00 -1.500.000,00 3.000.000,00

- Cenário de alta: Em um cenário onde a taxa de câmbio esteja superior a


US$/R$4,15 a empresa irá exercer o direito de compra da opção assim
conseguindo o valor do empréstimo mais um desconto de acordo com o
resultado da opção.

- Cenário de queda: Em um cenário onde a taxa de cambio esteja inferior a


US$/R$4,15 a empresa não irá exercer o direito de compra da opção, perdendo
apenas o prêmio que foi desembolsado pela opção. Porém adquirindo dólares
no mercado de câmbio por uma taxa menor do que foi planejado pela empresa.

- Cenário de estabilidade: Nesse cenário onde a taxa de cambio estiver igual


a US$/R$4,15 a empresa terá o resultado da opção nulo, tento apenas a
despesa do prêmio que foi planejada na contabilização para a operação de
hedge.

Referências:
Termo de Moedas, disponível em: <http://www.bmfbovespa.com.br/pt_br/produtos/mercado-de-
balcao/derivativos/termo-de-moedas.htm#panel1a> Acesso em: 28/09/2019.
Mercado de Opções, disponível em:
<https://www.investidor.gov.br/menu/Menu_Investidor/derivativos/mercado_opcoes.html>
Acesso em: 28/09/2019.
Margem de garantia, disponível em: <https://br.advfn.com/investimentos/futuros/margem-de-
garantia> Acesso em: 28/09/2019.
Hedge Cambial, disponível em: https://www.sunoresearch.com.br/artigos/hedge-cambial/
Acesso em: 28/09/2019.
Heidorne C. Dantas, David. Operações de derivativos e mercado internacional. São Paulo:
SENAC, 2018.

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