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Cavalaria

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Cavalaria é a arma das forças terrestres que,


antigamente se destinava ao combate de cavaleiros a
cavalo, em ações de choque ou de reconhecimento.
Historicamente, a cavalaria é a arma mais móvel dos
exércitos e a segunda mais antiga — a seguir à
infantaria.

Hoje em dia, são raros os exércitos que mantém forças


de combate a cavalo. No entanto, em muitos deles, por
tradição, continua a chamar-se "cavalaria" às forças e
unidades que desempenham missões semelhantes às da
antiga cavalaria, mas fazendo uso de veículos
motorizados, de veículos blindados ou de helicópteros.
Importante para os Exércitos, pois apresenta o poder
ofensivo e defensivo, através de sua ação de choque, Carga dos hussardos da cavalaria napoleónica
potência de fogo e proteção blindada.

Normalmente, a designação "cavalaria" não se estendia às forças que combatiam montadas em outros
animais que não o cavalo, como o camelo ou o elefante. Igualmente, as tropas que se deslocavam a cavalo,
mas que desmontavam para combater, eram conhecidas como "dragões", não sendo consideradas parte da
cavalaria, senão a partir da segunda metade do século XVIII. No tempo de D. Afonso Henriques a cavalaria
ligeira era chamada de "corredores". No Brasil, a cavalaria foi muito importante pela necessidade de
conquistar território durante a Guerra do Paraguai, entre 1865 e 1870, sob o comando do Duque de Caxias.
Nesse conflito, destacou-se a liderança do General Manuel Luís Osório, que hoje é o patrono da arma no
Exército Brasileiro.

Desde os tempos mais remotos que a elevada mobilidade da cavalaria lhe deu uma vantagem como um
instrumento multiplicador de forças. Mesmo uma pequena força de cavalaria poderia manobrar de forma a
flanquear, evitar, surpreender, retirar e escapar, de acordo com as necessidades do momento. Um homem
combatendo montado num cavalo tinha também a vantagem de uma maior altura, velocidade e massa
inercial sobre um oponente a pé. Outro elemento da guerra a cavalo era o impacto psicológico que um
soldado montado poderia infligir sobre um oponente.

O valor da mobilidade e do choque da cavalaria foi muito apreciado e explorado pelos exércitos da
Antiguidade e da Idade Média, muitos dos quais eram constituídos, praticamente, apenas por tropas a
cavalo. Isso acontecia especialmente nas sociedades nómadas da Ásia que originaram os exércitos mongóis.
Na Europa, a cavalaria transformou-se, essencialmente, numa cavalaria pesada constituída por cavaleiros de
armadura. Durante o século XVII a cavalaria europeia perdeu a maior parte das suas armaduras e, no final
do século já só algumas unidades usavam armadura e esta, limitando-se à couraça do peito. A cavalaria
tradicional sobreviveu até ao início da guerra de trincheiras na Primeira Guerra Mundial. A maioria das
unidades de cavalaria foram então desmontadas e empregues como infantaria na Frente Ocidental. No
período entre guerras, muitas unidades de cavalaria, foram motorizadas ou mecanizadas. No entanto,
algumas tropas a cavalo ainda combateram durante a Segunda Guerra Mundial sobretudo na União
Soviética, onde foram usadas tanto pelos Soviéticos como pelos Alemães e seus aliados. Hoje em dia, a
maioria das unidades militares a cavalo ainda existentes, são usadas apenas para funções cerimoniais.
Existem no entanto, algumas forças de combate a cavalo que atuam como infantaria montada para operar em
terrenos de acesso difícil, como florestas densas e montanhas.

Índice
A missão da cavalaria
História
Origens
Grécia antiga e Macedónia
Império Romano
Árabes
Ásia Central e Meridional
Extremo Oriente
Europa medieval
Europa renascentista
Europa dos séculos XVIII e XIX
Impérios coloniais do século XIX
A decadência da cavalaria
Período entreguerras
Segunda Guerra Mundial
Depois da Segunda Guerra Mundial
A cavalaria ligeira e a pesada
Estatuto social
Forças de cavalaria
Cavalaria no Brasil
Cavalaria em Portugal
Ver também
Referências
Bibliografia
Ligações externas

A missão da cavalaria
Em muitos dos exércitos modernos, o termo "cavalaria" ainda é usado para se referir à arma que
desempenha funções semelhantes às que a antiga cavalaria ligeira desempenhava, montada a cavalo. Essas
funções incluem a exploração, a caça aos elementos de reconhecimento inimigos, a segurança avançada, o
reconhecimento ofensivo pelo combate, cobertura das forças amigas durante movimentos retrógrados, a
retirada, a recuperação do comando e controlo, a decepção, a ligação, a penetração e a incursão. Para
desempenhar estas funções, a cavalaria moderna trocou o cavalo por um conjunto de equipamentos que
inclui veículos ligeiros todo-o-terreno, motociclos, veículos blindados, helicópteros, radares de superfície e
drones.
Já a função de choque, antigamente desempenhada pela cavalaria pesada, é, em muitos exércitos hoje
desempenhada por uma arma própria (normalmente designada "arma blindada" ou " de blindados") ou,
nalguns casos, pela infantaria. No entanto, em outros exércitos, esta função também ainda se mantém como
atribuição da arma de cavalaria. Para desempenho da função de choque, os cavalos de grande porte e as
armaduras foram substituídos pelos carros de combate.

História

Origens

Antes da Idade do Bronze, o papel da cavalaria no campo de batalha


era, essencialmente, desempenhado pelos carros ligeiros puxados a
cavalo. O carro de combate puxado a cavalo teve origem na cultura
de Andronovo da Ásia Central e espalhou-se pelos povos nómadas
ou seminómadas indo-iranianos. O carro foi prontamente adotado
por povos sedentários, tanto como meio de combate como objeto
cerimonial símbolo de estatuto, especialmente pelos egípcios,
assírios e babilónios.
Carro de guerra egípcio
O poder da mobilidade, dado pelas unidades montadas, cedo foi
reconhecido, mas prejudicado pela dificuldade em levantar grandes
forças e pela incapacidade dos cavalos - então, a maioria de pequeno
porte - em carregar armaduras pesadas. As técnicas de cavalaria
foram uma inovação desenvolvida pelos povos nómadas equestres
da Ásia Central e pelas povos pastorícios do atual Irão, como os
Pártias e os sármatas.

Os relevos encontrados, datados de cerca de 860 a.C., representando


a cavalaria assíria, mostram-nos que, por esta altura, os cavaleiros
não usavam esporas, selas ou estribos. O combate em cima do
Cavaleiros da antiga grécia
cavalo seria muito mais difícil do que uma simples cavalgada. Os
cavaleiros atuavam aos pares, sendo um deles um arqueiro e o outro,
um parceiro que lhe controlava as rédeas do cavalo, enquanto aquele
disparava o seu arco. Já nesta época, a cavalaria fazia uso de espadas,
escudos e arcos. Evidências posteriores, mostram já o uso de selas
primitivas pela cavalaria assíria, permitindo, aos arqueiros, o controlo
dos seus próprios cavalos.

Heródoto refere que, já em 490 a.C., os medos criaram uma raça de


grandes cavalos, capaz de carregar homens protegidos com armaduras
cada vez mais pesadas. Mas os cavalos de grande porte eram ainda uma
raridade, por esta altura.

O uso de carros de combate puxados a cavalo estava já obsoleto na


altura que os Persas foram derrotados por Alexandre o Grande. Os Cavaleiro ibero
carros continuaram, no entanto ainda a ser usados por povos menos
evoluídos tecnicamente. Por exemplo, os povos do sul da Grã-Bretanha ainda enfrentaram a invasão
romana, comandada por Júlio César, com carros de combate puxados a cavalo, em 55 e 54 a.C. No entanto,
por essa altura, os carros já quase só eram usados em cerimónias, desfiles militares ou em corridas.
Grécia antiga e Macedónia

A cavalaria desempenhou um papel, relativamente subalterno, na


Grécia antiga, sendo os conflitos decididos por massas de infantaria
couraçada. Contudo, a Tessália era, amplamente, conhecida por
produzir exímios cavaleiros e experiências posteriores em guerras,
tanto com como contra o Império Aquemênida ensinaram aos
Gregos o elevado valor da cavalaria em ações de perseguição e em
escaramuças. Xenofonte - autor e soldado ateniense - advogou a
criação de uma pequena, mas bem treinada força de cavalaria,
escrevendo, para isso, vários manuais sobre cavalos e cavalaria.

Em contrapartida, a Macedónia, ao norte, desenvolveu uma forte


cavalaria pesada que culminou nos hetairos (cavalaria dos
Companheiros) de Filipe II e de Alexandre o Grande. Além desta
cavalaria pesada, o exército de armas combinadas macedónio
também empregou soldados de cavalaria ligeira, chamados
"pródromos, em missões de exploração e de cobertura. Foram
também empregues os ippiko, soldados de cavalaria média, armados Cavaleiro auxiliar romano
com lança e espada, protegidos com uma couraça de pele, cota de
malha e chapéu, usados como exploradores e caçadores a cavalo.
Esta cavalaria era usada em conjunto com a infantaria ligeira e a
famosa falange macedónica. A eficiência do sistema de armas
combinadas foi demonstrado nas conquistas asiáticas de Alexandre o
Grande.

Império Romano

O serviço na cavalaria, no início da República Romana, manteve-se


como uma prerrogativa reservada aos membros da classe abastada
dos equites, os únicos com capacidade para manter um cavalo, além
das armas e da armadura. À medida que a classe cresceu, tornando-
se mais numa elite social do que, propriamente, num grupo de
militares, os Romanos começaram a empregar aliados Italianos (não
Romanos) da classe dos sócios (socii) para preencherem os postos da
sua cavalaria. Ao mesmo tempo, os Romanos começaram a recrutar
Cavaleiro mameluco
auxiliares de cavalaria estrangeiros, de entre os Iberos, Gauleses e
Númidas. O próprio Júlio César era conhecido pela admiração que
tinha da sua escolta de cavalaria mista germânica, que deu origem à Coorte de Cavalaria (Cohorte
Equitates). Os primeiros imperadores mantiveram uma ala de cavalaria, composta por Batavos, para sua
guarda pessoal, mais tarde extinta por Galba.

Durante a maior parte da república, a cavalaria romana funcionou, apenas como uma auxiliar da infantaria
das legiões, formando apenas um quinto da força armada. Isto não significa que a sua utilidade possa ser
subestimada, uma vez que o seu papel estratégico no reconhecimento e nas operações avançadas foi crucial
para a capacidade dos Romanos em conduzir operações a longa distância em território hostil ou
desconhecido. Em algumas ocasiões, a cavalaria romana também provou a sua capacidade para conduzir
ataques decisivos contra uma inimigo fraco ou pouco preparado, sendo um exemplo disso a carga final
durante a Batalha de Aquilônia.
Depois de derrotas, como a da batalha de Carras, os Romanos
aprenderam, com os Partos e com os Sassânidas, a importância da
ação de uma grande formação de cavalaria. Ambos, mas sobretudo
os últimos, eram conhecidos pelos seus catafractários e clibanários
(clibanarii) - soldados de cavalaria, armados com lanças e
protegidos com uma armadura completa. A mobilidade da cavalaria
parta confundiu os Romanos, cujas formações em ordem unida não
foram capazes de contrabalançar a velocidade dos Partos. A partir
daí, os Romanos irão aumentar substancialmente, tanto a quantidade
como os padrões de instrução da sua cavalaria. Irão criar as suas
próprias unidades de catafractários e de clibanários. No entanto o
exército romano continuaria a se basear primariamente na sua
infantaria pesada.

No exército do Império Romano tardio, a cavalaria desempenhou um


papel com uma importância crescente. A espata - espada clássica
usada durante a maioria do primeiro milénio depois de Cristo - foi
adotada como modelo padrão das forças de cavalaria do Império. Archeiro a cavalo otomano

O declínio progressivo do Império Romano e da sua infraestrutura,


tornou cada vez mais difícil a mobilização de uma grande força de
infantaria. Assim, durante os séculos IV e V, a cavalaria começou a
assumir um papel mais dominante nos campos de batalha da Europa,
o que também se tornou possível com a criação de novas raças de
cavalos de grande porte. A substituição da sela romana por variantes
baseadas no modelo cita e a adopção de estribos, permitiram, aos
cavaleiros, uma maior estabilidade no combate a cavalo. Os Cavaleiros árabes
catafractários couraçados começaram a empregues no leste da
Europa e no Próximo Oriente como a principal força de combate
romana, em contraste com os papéis iniciais da cavalaria que se
limitavam à exploração, incursão e flanqueamento.

As tradições da cavalaria do final do Império Romano e dos


invasores germânicos contribuíram para o desenvolvimento da
instituição da cavalaria medieval.

Árabes Cavaleiros tártaros

A cavalaria inicial árabe, durante a época dos califas bem guiados,


consistia numa cavalaria ligeira armada com lanças e espadas, protegida com uma armadura leve. A sua
função principal era a de atacar os flancos e a retaguarda do inimigo. A cavalaria ligeira, durante os anos
finais da conquista islâmica do Levante, tornou-se no mais poderoso ramo do exército muçulmano. O
melhor uso deste tipo de cavalaria rápida e ligeiramente armada, foi demonstrado na Batalha de Jarmuque,
em 636, na qual Calide ibne Ualide, sabendo da importância e da habilidade da sua cavalaria, usou-a para
virar o jogo em todos os momentos críticos da batalha, aproveitando-se da sua capacidade para o contacto, o
rompimento de contacto, a retirada e o contra-ataque a partir dos flancos ou da retaguarda. Calide ibne
Ualide formou a Mutaharrik tulai'a (guarda móvel), uma unidade de cavalaria de elite, composta por
veteranos das campanhas do Iraque e da Síria. A guarda móvel era usada como vanguarda do exército e
como força canalizadora das tropas oponentes, com a sua grande mobilidade a dar-lhe uma vantagem
decisiva na manobra contra qualquer exército bizantino.
Na Batalha de Talas, em 751 - integrada num conflito que opôs o
Califado Abássida e a dinastia Tangue da China pelo controlo da Ásia
Central -, a infantaria chinesa foi canalizada pela cavalaria árabe perto
do rio Talas.

Mais tarde, os Mamelucos foram treinados como soldados de cavalaria.


Os Mamelucos seguiam a Al-Furusiyya, um código de conduta que
incluía valores como a coragem e a generosidade, mas também
doutrinas sobre táticas de cavalaria, equitação, tiro com arco e
primeiros socorros.

Ásia Central e Meridional

A literatura indiana contém inúmeras referências às forças de cavalaria


dos nómadas da Ásia Central, como os Sacas, os Tocarianos, os
cambojas, os javanas, Paalavas e os Paradas. Numerosos textos Imperador Qianlong equipado
purânicos referem-se a uma antiga invasão da Índia, no como cavaleiro couraçado chinês
século XVI a.C., pelas forças de cavalaria de cinco nações,
chamadas as "Cinco Hordas" (Pañca Ganah) ou as "Hordas de
Xátria" (Kśatriya Ganah), que capturaram o trono de Ayodhya, ao
destronarem o rei védico Bahu.

O Maabárata, o Ramayana, numerosos puranas e algumas fontes


estrangeiras atestam que o serviço da cavalaria dos cambojas era
frequentemente solicitado nas guerras antigas. O Maabárata fala, em
950 a.C., de uma estimada cavalaria de cambojas, Sacas, javanas e
Tocarianos, dos quais, todos eles participaram na Guerra de
Kurukshetra, sob o comando supremo do governante Sudakshina
Camboja.

A importância do cavalo (ashya) como ponto fulcral na cultura dos Cavaleiros cristãos e muçulmanos
Kambojas, tornou-os, popularmente, conhecidos como "Ashvakas" da Reconquista da Península Ibérica
(cavaleiros) e a sua terra como "Terra dos Cavalos". Os Assakenoi
(que se pensam ser tribos dos Ashvakas) enfrentaram Alexandre o
Grande com 30 000 soldados de infantaria, 20 000 de cavalaria e 30
elefantes de combate. Estas tribos ofereceram uma tenaz resistência
contra Alexandre, nas suas campanhas nos vales de Cabul, de Kunar
e de Swat, ganhando a admiração dos próprios macedónios.

Os Kambojas organizaram-se em corporações militares (sanghas e


srenis) para administrarem os seus assuntos políticos e militares. As
referências indicam que os Kambojas formavam, pois, uma nação Cavaleiros medievais europeus
em armas, inclusive fornecendo serviços militares a nações
estrangeiras. Inclusive, existem numerosas referências ao
recrutamento da cavalaria dos Kambojas por outros povos.

Os Hunos, os Tártaros, os Tujue, os Ávaros, os quipchacos, os Mongóis, os Cossacos e os diversos povos


turcos também são exemplos de povos equestres que conseguiram obter bastantes sucessos em conflitos
militares com povos agrícolas sedentários e com sociedades urbanas, devido à sua mobilidade tática e
estratégica. Alguns destes povos foram recrutados, como cavalaria, por diversos estados europeus, sendo,
normalmente usados como exploradores e incursores. O exemplo
mais conhecido, de um emprego continuado dessa cavalaria, foram
os regimentos a cavalo de Cossacos usados, pela Rússia, até ao
século XX.

Extremo Oriente

A história militar da China relata uma longa troca de experiências


entre as forças de infantaria chinesas do Sul e os "bárbaros"
montados do Norte. Em 307 a.C., o rei Wuling de Zhao, ordenou aos
seus comandantes militares e às suas tropas, que adotassem calças
como os nómadas, bem como que praticassem o seu sistema de tiro
com arco a cavalo. Depressa, as táticas de cavalaria adotadas pelo
reino de Zhao forçaram os seus inimigos dos outros reinos
combatentes a adotar as mesmas técnicas.

A adoção da cavalaria de massas na China, também quebrou a Hussardos alados polacos


tradição do uso em combate, do carro puxado a cavalos pela
aristocracia chinesa, que existia desde cerca de 1 600 a.C., durante a
dinastia Xangue. Por esta altura os grandes exércitos chineses com
de 100 000 a 200 000 soldados de infantaria, passaram a ser
apoiados por várias centenas de soldados a cavalo.

Em muitas ocasiões, os Chineses estudaram as táticas de cavalaria


nómadas e aplicaram-nas na criação das suas próprias forças
poderosas de cavalaria. As táticas chinesas de cavalaria foram
reforçadas pela invenção dos estribos presos à sela, ocorrida já pelo
menos no século IV, como mostram as evidências.

A cavalaria foi introduzida na Coreia, pela primeira vez, durante o


período Gojoseon. Os antigos japoneses também adotaram a
cavalaria e a criação de cavalos, por volta do século V a.C.

Europa medieval

Apesar da cavalaria romana não usar estribos, as selas usadas Dragões bávaros
permitiam boas estabilidade e flexibilidade. No entanto a adoção dos
estribos e de selas mais aperfeiçoadas permitiram uma maior
eficiência no combate a cavalo, durante a Idade Média. Os estribos e as novas selas permitiam que mais
peso, tanto do homem como da sua sua armadura, pudessem ser suportados em cima do cavalo. Em
particular, uma carga com a lança presa nas axilas já não se iria transformar num "salto com vara",
permitindo um enorme aumento do impacto da carga a cavalo. Por último, mas não menos importante, a
introdução das esporas veio permitir um melhor controlo da montada durante a carga de cavalaria a todo o
galope. Na Europa Ocidental emergiu o que é considerado o expoente máximo da cavalaria pesada: o
cavaleiro ou homem-de-armas medieval. Os cavaleiros carregavam em formação cerrada, trocando a
flexibilidade por uma primeira carga massiva e irresistível.

Os homens-de-armas a cavalo, depressa, se tornaram numa importante força nas táticas da Europa
Ocidental, devendo, no entanto, observar-se que a doutrina militar medieval definia que os mesmos
deveriam ser empregues como parte de uma força de armas combinadas, juntamente com os vários tipos de
tropas a pé. No entanto, os cronistas medievais tendiam a dar uma indevida atenção aos nobres cavaleiros,
em detrimento da infantaria (forças apeadas), compostas por
membros das classes mais baixas. Isto poder dar a impressão que a
cavalaria era a única força a ter em conta nas batalhas medievais
europeias, o que está longe da realidade.

Formações massivas de arqueiros ingleses venceram a cavalaria


francesa nas batalhas de Crécy, Poitiers e de Agincourt. Nas batalhas
de Bannockburn, de Lupen e de Aljubarrota, os soldados a pé
escoceses, suíços e portugueses, respetivamente, provaram ser quase
invulneráveis às cargas de cavalaria, desde que mantivessem a
formação. No entanto, a ascensão da infantaria como a principal
arma teria que esperar até aos Suíços transformarem seus quadrados
de piques, numa formação ofensiva, em vez de, apenas, defensiva.
Esta nova doutrina agressiva deu, à Suíça, vitórias sobre uma série
de adversários, levando os seus inimigos a descobrir que a única
maneira de os derrotar seria através do uso de uma doutrina de armas
combinadas ainda mais abrangente, como veio a acontecer na Caçador a cavalo francês
Batalha de Marignano, onde os Franceses e Venezianos conseguiram
derrotar os Suíços. O desenvolvimento de armas de projeção, mais
potentes, como o arco longo, a besta e os canhões de mão, também
ajudaram a mudar a focalização nas elites de cavalaria para as
massas de infantaria económica, equipada com armas operáveis com
uma fácil aprendizagem. Estas armas tiveram bastante sucesso nas
Guerras Hussitas, em conjunto com a utilização dos fortes de
carroças.

A ascensão gradual do domínio da infantaria levou à adopção de


táticas de combate desmontado. Desde os tempos mais remotos, que
os homens-de-armas a cavalo, tinham, frequentemente, que
desmontar para lidar com inimigos com os quais não podiam lidar
em cima do cavalo. A partir da segunda metade do século XVI essa
tática tornou-se bastante mais importante, com os homens-de-armas
a desmontarem e a combaterem como uma infantaria superpesada, Spahi senegalês
usando montantes e achas-de-armas, seguras com as duas mãos. De
qualquer modo, a guerra, na Idade Média, tendia a ser dominada
mais por incursões e cercos do que por batalhas campais, não aos
homens-de-armas outra escolha que não a desmontar para assaltar
fortificações.

Europa renascentista

Ironicamente, a ascensão da infantaria, no início do século XVI,


coincidiu que a "idade de ouro" da cavalaria pesada. No início
daquele século, os exércitos espanhol e francês, por exemplo, Lanceiros indianos na Primeira
poderiam ter até 50% dos seus efetivos preenchidos com vários tipos Guerra Mundial
de cavalaria ligeira e pesada, enquanto que, no século seguinte, esse
número nunca ultrapassaria os 25%. A Cavalaria como instituição
perdeu a maioria das suas funções militares e transformou-se mais numa classe social e econômica,
dedicando-se, cada vez mais às atividades capitalistas, em crescendo no ocidente europeu. com o
crescimento de uma infantaria devidamente treinada e exercitada, os homens-de-armas a cavalo, agora, eles
próprios, parte do exército permanente, assumiram o mesmo papel
das antigas cavalarias grega e romana - o de darem um golpe
decisivo quando a batalha já estava a ser travada, quer carregando
sobre os flancos inimigos, quer atacando o seu posto de comando.

A partir da segunda metade do século XVI, o uso de armas de fogo,


solidificou o domínio do campo de batalha pela infantaria e permitiu
o desenvolvimento de verdadeiros exércitos de massas. Os Dragões austro-húngaros na
cavaleiros pesadamente couraçados eram bastante dispendiosos de Primeira Guerra Mundial
formar, manter e de substituir. Eram necessários anos para criar um
cavaleiro hábil e um cavalo treinado, enquanto que os arcabuzeiros
e, mais tarde, os mosqueteiros poderiam ser muito mais rapidamente
treinados e mantidos a um custo significativamente menor, além de
poderem ser mais facilmente substituídos. Os terços espanhois e as
formações de infantaria neles inspiradas, relegaram a cavalaria para
um mero papel de auxiliar. A pistola e a manobra do caracol foram,
especificamente, desenvolvidas para tentar voltar a aumentar
importância da cavalaria no combate. Contudo, a manobra do
caracol não foi particularmente bem sucedida e a carga - usando,
espada, lança ou pistola - continuou como o principal modo de Cavalaria polaca, no período entre
emprego para a maioria dos tipos de cavalaria europeia, sendo, guerras
contudo, por esta altura, já realizada através de formações com
muito mais profundidade e disciplina do que no passado. Os
semilanceiros ingleses - armados de lança e protegidos com meia
armadura - e os retres alemães - armados de espada e pistola e
protegidos com couraça - estavam entre os tipos de cavalaria que
atingiram o apogeu nos séculos XVI e XVII. Estes séculos também
testemunharam os dias de glória dos hussardos alados polacos - uma
força de cavalaria pesada, couraçada e fazendo uso de lança, cujos
militares se caraterizavam por terem umas grandes asas de madeira e
de penas, presas às costas - que obtiveram um grande sucesso em
combate contra os Suecos, Russos e Otomanos. Unidade de reconhecimento de
cavalaria alemã, com blindados
SdKfz 231 e SdKfz 232, no período
Europa dos séculos XVIII e XIX entre-guerras

A cavalaria manteve um papel importante, durante esta época, que


viu a regularização e a uniformização dos exércitos de toda a
Europa. Em primeiro lugar, continuou a ser a escolha primária para
confrontar a cavalaria inimiga. Por outro lado os ataques da
cavalaria contra a vanguarda contínua de uma força de infantaria
resultavam, normalmente, em fracasso, mas o ataque aos flancos e à
retaguarda das extensas linhas da infantaria resultava,
frequentemente, em sucesso. A cavalaria foi importante nas batalhas
de Blenheim, de Rossbch e de Friedlândia, mantendo-se como um
factor significativo durante as guerras napoleónicas. A infantaria em
massa era mortal para a cavalaria, mas tornava-se num excelente
alvo para a artilharia. A partir do momento em que um
bombardeamento criava uma desordem na formação de infantaria, a
Cavalaria britânica, equipada com
cavalaria era capaz de pôr em debandada e de perseguir os soldados
carros de combate Crusader na
de infantaria dispersos. Só quando as armas de fogo individuais Segunda Guerra Mundial
atingiram precisão e cadência de tiro elevadas é que a importância
da cavalaria diminuiu até nesta função. Mesmo assim, a cavalaria
ligeira continuou como um instrumento indispensável para a
exploração e observação até ser suplantada nesta função, pela
aviação, durante a Primeira Guerra Mundial.

Em meados do século XIX, genericamente, a cavalaria dos exércitos


europeus podia dividir-se em:

1. Cavalaria pesada: couraceiros;


2. Cavalaria média: dragões;
Cavalaria do Ar dos Estados Unidos
3. Cavalaria ligeira: hussardos e lanceiros. na Guerra do Vietname

Existiam algumas variantes nacionais e regionais. Por exemplos,


como cavalaria ligeira também existiam os caçadores a cavalo
franceses, alemães e portugueses, os chevaulegers bávaros, os
cossacos russos, os dragões ligeiros britânicos e os ulanos polacos,
prussianos e austríacos. Como cavalaria pesada também existiam os
guardas dragões e dragões pesados britânicos e os carabineiros e
granadeiros a cavalo franceses.

Reconstituição da cavalaria suíça de


Impérios coloniais do século XIX 1972

A cavalaria obteve novos sucessos nas operações irregulares nas


campanhas ultramarinas, levadas a cabo pelas potências coloniais
europeias. Estas campanhas decorriam em teatros de operações
vastos e desertos, contra nativos sem táticas nem armas modernas,
mas que se deslocavam facilmente no terreno. Nestas situações as
lentas forças de infantaria, apoiadas por artilharia eram,
normalmente, ineficazes. Pelo contrário a mobilidade e a capacidade
de cobertura rápida de grandes distâncias da cavalaria, tornou-a
especialmente eficaz nas operações coloniais. Exemplos disto foi a
atuação das unidades de dragões portugueses no Brasil e, mais tarde,
em África e das unidades de cavalaria dos Estados Unidos, no Velho Forças especiais dos Estados
Oeste. Diversas potências europeias criaram unidades de cavalaria Unidos a cavalo no Afeganistão
nativa, como os sowares da Índia Britânica, os spahis da África do
Norte francesa e os savaris da Líbia italiana.

A decadência da cavalaria

No início do século XX, todos os exércitos mantinham, ainda, forças


substanciais de cavalaria, discutindo-se se a sua função deveria ou
não passar a ser, meramente, a de infantaria montada, a função
histórica dos dragões. Depois da sua experiência na Guerra dos Um carro de combate M1A1 Abrams
Bôeres - na qual os comandos a cavalo bôeres, desmontando para da cavalaria norte-americana, no
combater, provaram ser superiores à cavalaria regular - o Exército Iraque (2004)
Britânico abandonou o uso operacional da lança - retomando-o em
1908 - e deu uma nova ênfase ao treino para ações desmontadas.
Também os Russos, entre 1881 e 1910 converteram todos os seus regimentos de hussardos, lanceiros e
couraceiros em dragões, treinados para atuar como infantaria montada - estes regimentos retomaram as suas
designações, uniformes e funções históricas em 1910.
Em agosto de 1914, todos os exércitos combatentes ainda
mantinham números substanciais de cavalaria e a natureza móvel
das batalhas iniciais da Primeira Guerra Mundial, tanto na Frente
Ocidental como na Oriental permitiram um número de ações
tradicionais de cavalaria, ainda que menores e mais escassas do que
nas guerras anteriores. A cavalaria do Exército Alemão - ainda que
mantendo uniformes coloridos e tradicionais em tempo de paz -
adotou a prática de atuar, apenas como apoio à infantaria, caso a
mesma encontrasse uma resistência substancial. Estas táticas
cautelosas foram alvo de escárnio por parte dos seus oponentes mais
conservadores, mas provaram-se apropriadas à nova natureza da
guerra. A partir do momento em que as frentes de batalha se
estabilizaram, uma combinação de arame farpado, metralhadoras e
espingardas de repetição, provou ser mortífera para as tropas a Oficial da Real Polícia Montada do
cavalo. Durante o resto da guerra, na Frente Ocidental, a cavalaria Canadá (Calgary, 2008).
deixou, praticamente, de ter qualquer papel a desempenhar. Os
exércitos combatentes, desmontaram as suas cavalarias e
usaram-nas noutras funções, como infantaria, metralhadoras e
ciclistas

Algumas unidades de cavalaria, contudo, foram mantidas a


cavalo, na retaguarda das linhas, como uma reserva para
contrariar um seu eventual rompimento, que tardou a acontecer.
Só os carros de combate, introduzidos na Frente Ocidental a
partir de setembro de 1916, conseguiram obter o rompimento
das linhas, mas não tinham a autonomia para o explorarem.
Como as tropas a cavalo eram demasiado lentas e vulneráveis
para acompanhar eficazmente o carro de combate, as mesmas
nunca conseguiram obter um papel significativo na guerra Ulanos (lanceiros poloneses) da Legião
mecanizada, levando a que, no planeamento de forças do pós- do Vístula em patrulha na Espanha
guerra, ela fosse substituída por forças baseadas meios durante a Guerra Peninsular, por Juliusz
mecânicos, sobretudo blindados. Muitas das unidades de Kossak, 1875.
cavalaria irão ser convertidas para este tipo de forças,
mantendo, algumas das quais, as suas designações tradicionais
ligadas à cavalaria.

Nos espaços mais amplos da Frente Oriental, continuou a ser travada uma forma mais fluída de guerra,
mantendo-se a necessidade do uso das tropas a cavalo. Sobretudo nos meses iniciais da guerra foram
travadas várias ações a cavalo, de grande envergadura. No entanto, mesmo aí, a necessidade de manter
grandes unidades a cavalo, impôs um elevado custo sobre as linhas logísticas, que não era compensado por
grandes ganhos estratégicos.

No Médio Oriente, as forças a cavalo, tanto aliadas como turcas, continuaram a ter um papel importante -
ainda que, sobretudo como infantaria montada - sobretudo nas grandes áreas desertas.

Período entreguerras

Uma combinação de conservadorismo militar e de restrições económicas evitou que as lições da Primeira
Guerra Mundial fossem, imediatamente, postas em prática. Apesar da acentuada redução de unidades a
cavalo na maioria dos exércitos ocidentais, ainda se pensava que as tropas montadas iriam desempenhar um
papel determinante na guerra futura.
A cavalaria foi extensivamente usada na Guerra Civil Russa e na Guerra Polaco-Soviética. As guerras
coloniais em Marrocos, Síria e Índia deram oportunidade ao uso da cavalaria contra inimigos sem
armamento moderno.

Durante a década de 1930, o Exército Francês experimentou a integração de unidades de cavalaria montadas
e mecanizadas, em grandes unidades mistas. Os regimentos de dragões foram convertidos em dragons
portées - infantaria transportada em camiões e motorizadas - e os couraceiros em unidades blindadas. As
unidades de cavalaria ligeira (caçadores a cavalo, hussardos e spahis) mantiveram-se a cavalo. A teoria era a
de que, grandes unidades mistas, poderiam usar as vantagens do cavalo e do blindado, conforme as
circunstâncias. Na prática, verificou-se que as tropas a cavalo não dispunham da velocidade suficiente para
acompanhar as velozes tropas mecanizadas.

Os exércitos britânico e dos Estados Unidos decidiram pela mecanização total das suas unidades a cavalo,
tendo esse processo praticamente concluído no início da Segunda Guerra Mundial. No caso do Exército
Britânico, os antigos regimentos de cavalaria - agora mecanizados, mas mantendo as suas designações
tradicionais - juntaram-se ao Corpo Real de Tanques da infantaria, constituindo uma nova arma blindada
designada "Royal Armoured Corps" (Real Corpo Blindado).

Segunda Guerra Mundial

No início da Segunda Guerra Mundial, praticamente só os exércitos


britânico e norte-americano estavam, quase totalmente, motorizados.
Os restantes exércitos (inclusive, e ao contrário do mito, o Exército
Alemão) ainda utilizavam o cavalo, em grande escala, para as mais
variadas funções, desde as de transporte logístico às de combate. No
entanto, apesar da maioria dos exércitos manter ainda unidades de
cavalaria, as grandes ações a cavalo restringiram-se, essencialmente,
às campanhas da Polónia e da União Soviética.

Durante a II Guerra, ambos os lados Um mito que se tornou popular é o de que os lanceiros polacos
se valeram tanto das unidades de carregaram, a cavalo com as suas lanças, sobre os carros de combate
cavalaria com tração animal, quanto alemães durante as operações de setembro de 1939. Este mito nasceu
das mecanizadas da má interpretação de um único combate, ocorrido a 1 de setembro
perto de Krojanty, quando dois esquadrões do 18º Regimento polaco
de Lanceiros tentava atacar a infantaria alemã, quando foi apanhada
em campo aberto, pelos carros de combate inimigos. As duas razões principais para o desenvolvimento
deste mito, foram a falta de veículos motorizados no Exército Polaco, que o obrigava a usar cavalos nas
mais diversas funções - inclusive no reboque de armas anticarro - e o fato da cavalaria polaca, por diversas
vezes, ter ficado encurralada pelos carros de combate alemães, não lhe restando outra alternativa senão
tentar lutar com eles, para escapar - essa luta seria, portanto, não uma ação intencional, mas uma ação de
desespero.

Será mais correta a referência a "infantaria montada" do que a "cavalaria", já que os cavalos eram usados,
primariamente, como um meio de transporte, para os quais eram especialmente adequados, dado o mau
estado das estradas polacas. Outro mito, refere-se à cavalaria polaca como armada com sabres e lanças. Na
verdade, em 1939, as lanças já só eram usadas como arma cerimonial, sendo a carabina a principal arma do
soldado de cavalaria polaco. Realmente, o equipamento individual de campanha incluía um sabre - talvez
por tradição - mas, em caso de combate, o soldado de cavalaria polaco, certamente daria preferência ao uso
da sua carabina e baioneta. Além disso, a ordem de batalha, de uma brigada de cavalaria polaca, incluía -
além dos soldados a cavalo - metralhadoras ligeiras e pesadas, armas anticarro e antiaéreas, artilharia,
veículos blindados de reconhecimento e carros de combate ligeiros
Nos estágios mais avançados da guerra, já só a União Soviética mantinha, ainda, números substanciais de
unidades a cavalo, algumas combinadas com unidades mecanizadas. A vantagem desta abordagem era que,
na exploração, a infantaria montada podia acompanhar o avanço dos carros de combate. Outros fatores a
favorecer a manutenção de unidades a cavalo incluíam a elevada qualidade dos cossacos russos e de outras
forças a cavalo e a falta de estradas adequadas a veículos motorizados. Outro fator importante era o de que a
capacidade logística necessária para apoiar grandes forças mecanizadas excedia a necessária para apoiar
tropas a cavalo.

Além da Alemanha, também a Roménia, a Hungria e a Itália participaram, com forças de cavalaria, na
invasão da União Soviética. Apesar da maioria das unidades de cavalaria terem sido extintas ou
reconvertidas, depois da retirada da União Soviética, a Alemanha manteve até ao final da guerra, algumas
unidades a cavalo das SS e de aliados cossacos.

No Extremo Oriente, unidades a cavalo do Exército dos Estados Unidos ainda combateram os Japoneses,
nas Filipinas. O 26º Regimento de Cavalaria dos EUA (Philippine Scouts) combateu a cavalo durante a
retirada para a península de Bataan, até ser destruído em janeiro de 1942. A última grande unidade a cavalo
do Exército dos EUA, a 2ª Divisão de Cavalaria, foi apeada em março de 1944.

A última carga tradicional de cavalaria, confirmada, da história, ocorreu em agosto de 1942, levada a cabo
por uma unidade do Corpo di Spedizione Italiano in Russia (Corpo Expedicionário Italiano da Rússia). O 3º
Regimento italiano de Dragões Savoia carregou, com sucesso, sobre as forças soviéticas.

Depois da Segunda Guerra Mundial

No início da década de 1950, quase todos os exércitos europeus tinham motorizado ou mecanizado o que
restava das suas unidades a cavalo. O Exército Soviético, no entanto, manteve divisões a cavalo até 1955 e,
ainda em 1991, mantinha um esquadrão independente a cavalo no Quirguistão.

O Exército Suíço foi o último exército moderno ocidental com unidades operacionais a cavalo, mantendo-as
até 1972.

As unidades a cavalo mantiveram-se, no entanto, até mais tarde nos países da América Latina. O Exército
Mexicano manteve vários regimentos a cavalo até final da década de 1990. O Exército do Chile manteve
cinco desses regimentos até 1983, que eram usados como tropas de montanha a cavalo.

Várias unidades blindadas e mecanizadas de muitos exércitos mantém a designação histórica de "cavalaria".
O Exército dos EUA também criou a "cavalaria do Ar" - constituída por unidades equipadas com
helicópteros. O termo "cavalaria do Ar" foi adotado por outros exércitos mas agora foi substituído, na maior
parte dos casos, pelo termo "assalto aéreo".

Apesar das modernas unidades de cavalaria terem relação com antigas unidades a cavalo, nem sempre esse é
o caso. A mística da cavalaria fez com que, por exemplo, a Força de Defesa Irlandesa - que nunca teve
unidades operacionais a cavalo, desde a sua formação em 1922 - inclua um "corpo de cavalaria" equipado
com veículos blindados.

Algumas guerras de guerrilha na segunda metade do século XX e no XXI levaram ao reaparecimento de


unidades de combate a cavalo, mesmo nos exércitos mais modernos. Esse reaparecimento deveu-se à
eficácia das tropas a cavalo no combate contra os guerrilheiros em terrenos difíceis e com poucas estradas.
Os principais exemplos de emprego desse tipo de tropas - sobretudo, como infantaria montada - ocorreram
no Afeganistão, na Rodésia e em Angola. O Exército Português criou, experimentalmente, um pelotão a
cavalo, para operar no Leste de Angola, em 1966, que obteve tanto sucesso que foi expandido para uma
força de quatro esquadrões, conhecida por os "Dragões de Angola". Os Dragões de Angola operavam como
infantaria montada em patrulhas e em perseguição de guerrilheiros, muitas vezes em cooperação com forças
transportadas por helicóptero que eram lançadas na retaguarda do inimigo, que ficava assim cercado entre os
dragões e aquelas. Cada dragão estava armado com um fuzil de assalto - para combate desmontado - e com
uma pistola - para combate a cavalo. Um sistema semelhante foi adotado pelos Rodesianos, com a criação
da sua unidade de elite a cavalo Grey's Scouts, em 1975. As tropas especiais dos Estados Unidos têm usado
unidades a cavalo no Afeganistão.

Unidades a cavalo, essencialmente cerimoniais, são, atualmente, mantidas pelos exércitos ou forças
militarizadas da Argentina, Brasil, Bulgária, Chile, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos da América,
França, Índia, Itália, Jordânica, Marrocos, Nigéria, Suécia, Países Baixos, Paquistão, Paraguai, Peru,
Polónia, Portugal, Reino Unido, Senegal e Venezuela. A Federação Russa reintroduziu, recentemente, um
esquadrão a cavalo cerimonial, fardado com uniformes históricos.

Hoje em dia, o 61º Regimento de Cavalaria do Exército Indiano, é a última unidade permanente a cavalo,
não cerimonial, do mundo.

A cavalaria ligeira e a pesada


Tradicionalmente, a cavalaria estava dividida em cavalaria ligeira e cavalaria pesada ou couraçada. A
diferença estava, sobretudo, no tamanho das montadas utilizadas, na quantidade de armadura levada pelo
cavalo e pelo cavaleiro, bem como a função desempenhada em combate. Um terceira categoria, a cavalaria
média era a constituída, inicialmente pelos arqueiros a cavalo e, mais tarde, sucessivamente por besteiros a
cavalo, arcabuzeiros a cavalo e dragões.

A cavalaria ligeira era, tipicamente, utilizada no reconhecimento, em escaramuças e no corte da retirada da


infantaria. A cavalaria pesada era usada como tropa de choque, sendo empregue em cargas sobre o corpo
principal das tropas inimigas.

Com o desenvolvimento das armas de fogo, a cavalaria pesada começou a aproximar-se da obsolescência.
No entanto, diversas unidades mantiveram o uso de couraças e capacetes como proteção contra golpes de
espada e de baionetas e como incentivo para o moral dos utilizadores.

Com a motorização e a mecanização da cavalaria, continuou a distinção entre a cavalaria ligeira e a pesada,
segundo as mesmas linhas. A primeira é constituída por veículos motorizados ou por blindados ligeiros e
usada para reconhecimento. A cavalaria pesada ou blindada é constituída por carros de combate pesados e
usada como tropa de choque.

Estatuto social
Desde o início da civilização até ao século XX, a posse de cavalos de combate foi vista como um sinal de
riqueza e de prestígio entre os diversos povos. Um cavalo de combate implica uma despesa considerável em
termos de criação, treino, alimentação e equipamento, sendo, no entanto, pouco produtivo excepto como
meio de transporte.

Por esta razão, e por causa do seu papel militar decisivo, a cavalaria foi sempre associada a um estatuto
social elevado. Isto tornou-se mais evidente no sistema feudal, no qual se esperava que um nobre entrasse
em combate com armadura e a cavalo, trazendo consigo um contingente de camponeses a pé. Num combate
entre um senhor feudal a cavalo e de armadura e camponeses a pé, estes sairiam, certamente derrotados, a
não ser que fossem em número muito superior.

Mais tarde, nos exércitos nacionais, ser um oficial de cavalaria continuou a ser sinal de uma elevado estatuto
social. As consideráveis despesas que os oficiais de cavalaria tinham que suportar a nível particular, pela
função que desempenhavam - despesas que não existiam na maioria das outras armas - faziam que a grande
maioria deles viesse de classes economicamente privilegiadas.

Igualmente, a maioria das monarquias europeias, mantinha guardas reais ou imperiais a cavalo, cujos
oficiais pela sua proximidade aos monarcas, eram recrutados na alta nobreza. O próprio recrutamento dos
soldados era bastante seletivo, em relação ao de outras unidades.

Forças de cavalaria
Carabineiros
Caçadores a cavalo;
Lanceiros;
Hussardos;
Couraceiros.
Ginetes;
Spahis
Guias;
Cossacos
Dragões;
Retres

Cavalaria no Brasil
No Exército Brasileiro a cavalaria é a arma que é empregada à frente dos demais integrantes da "força
terrestre", em busca de informações sobre o inimigo e sobre o teatro de operações. Na frente de combate,
participa de ações ofensivas e defensivas, usando de suas características básicas: alta mobilidade, elevada
potência de fogo, ação de choque e surpresa, proteção blindada e sistema de comunicações avançado.

As unidades de cavalaria podem ser:

blindadas
mecanizadas
de guardas
de Carros de Combate

Alguns quarteis de Cavalaria do Brasil usam a boina preta, tradicional da Cavalaria Mecanizada da Europa.
O Patrono da Arma de Cavalaria do Exército Brasileiro é o marechal Manuel Luís Osório. No dizer do Dr.
Marco Antonio Azkoul a cavalaria é imprescindível no policiamento das cidades, pois sem a função policial
nas suas mais diversas atribuições não seria possível a vida em sociedade. Assim é que representantes de
Israel tiveram que vir para São Paulo fazer os seus treinamentos e cursos em nosso Regimento de Cavalaria
9 de Julho da Polícia Militar de São Paulo e receber a formação técnico e tático para criar em seu pais de
origem o seu próprio regimento de cavalaria, pois na França originariamente onde havia esta elevada escola
e que formou os nossos milicianos paulistas e paulistanos, quando da reforma das policias paulistas em 1915
no Governo de Jorge Tibiriçá, ela já não existe mais na Gendarme Francesa. As finalidades são as mesmas
no dizer da própria Policia Militar, a saber: Regimento de Polícia Montada 9 de Julho é uma das mais
tradicionais Unidades da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Remonta as origens da Milícia Paulista,
pois, em 1831 quando da sua criação, 30 homens foram designados para a composição de uma
cavalaria.Como Instituição atuou nos momentos históricos tais como Movimento Anarquista de 1917,
Revoluções de 1924, 1926, 1930 e 1932, Intentona Comunista de 1935, Movimento Integralista de 1937 e
ainda na Revolução de 31 de março de 1964. O Regimento de Cavalaria constitui em órgão especial de
execução, subordinado ao Comando de Policiamento de Choque, atuando na preservação da ordem pública
em todo o território estadual, em operações especiais rurais e urbanas, controle de tumultos em atividades
comunitárias sociais e de representação por meio da Banda de Clarins, da Escola de Volteio, do
Carroussel, do Centro de Equoterapia, do Desporto Equestre. O Regimento tem como missão principal o
policiamento ostensivo preventivo montado. Dr. Azkoul acrescenta ainda, que as missões das Policias
Militares, além das atribuições definidas em lei , incubem as atribuições de defesa civil. Com funções
hibridas, são essencialmente em geral, forças auxiliares e também reservas do Exército brasileiro.
Subordinam-se juntamente com as Policias Civis aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos
Territórios.

Cavalaria em Portugal
Na Idade Média, a cavalaria portuguesa era constituída por três
classes de cavaleiros: os cavaleiros nobres, os monges cavaleiros das
ordens militares e os cavaleiros-vilãos da classe popular. As
caraterísticas da Península Ibérica fizeram com que a cavalaria
ligeira, composta, essencialmente por ginetes, sem armadura e
armados de lança e adarga, preponderasse sobre a cavalaria pesada.

Mais tarde, já durante a expansão ultramarina, os ginetes irão ser o


principal tipo de cavalaria empregue nas operações em Marrocos,
sendo usada, sobretudo em escaramuças e em reconhecimento.

Na Batalha de Alcácer-Quibir, a cavalaria portuguesa, já organizada


de acordo com um modelo renascentista, implementado, sobretudo,
no reinado de D. Sebastião I, era constituída pelos acobertados -
cavalaria pesada couraçada, empregue no choque - e pelos ginetes. O
sucesso da ação da cavalaria e de outras tropas portuguesas, contudo,
não foi suficiente para evitar a derrota que, dois anos depois, iria Dragão paraquedista do Exército
levar à perda da independência em 1580. Português, de sentinela ao
Regimento de Cavalaria Nº 3
Depois da Restauração da Independência, em 1640, o Exército
Português foi reconstituído, seguindo em parte, o modelo que já
havia sido definido no reinado de D. Sebastião I. Durante a Guerra
da Restauração, a cavalaria portuguesa incluía, essencialmente,
companhias de arcabuzeiros a cavalo (também designadas de
clavinas ou de carabinas). Foram criadas, também, algumas
companhias de cavalos couraça (ou couraceiros), mas em muito
menor número.

Em 1707, as companhias independentes de cavalaria foram


agrupadas em regimentos. Foram criados regimentos de cavalaria
ligeira e regimentos de dragões - estes, na altura, ainda não sendo
considerados, totalmente, parte da cavalaria.

Em 1762, deixou de existir distinção entre regimentos ligeiros e de


dragões, passando a haver regimentos homogéneos de cavalaria.
Continuaram, contudo, a existir unidades de dragões no Ultramar,
sobretudo no Brasil. Em 1796, foi criada a Legião de Tropas
Ligeiras, que incluía seis companhias de hussardos. Cavaleiros do Esquadrão de
Cavalaria 5 de Bobonaro, Timor
Já em meados do século XIX, durante a Guerra Civil, foram criados Português (1969)
regimentos de lanceiros.

No início do século XX, a cavalaria portuguesa era constituída por caçadores a cavalo, por lanceiros e por
dragões - estes, apenas no Ultramar. Durante a Primeira Guerra Mundial, a cavalaria portuguesa combateu
em Angola e Moçambique, a cavalo. No entanto, os esquadrões de cavalaria do Corpo Expedicionário
Português, enviado para a Frente Ocidental, foram transformados em companhias de ciclistas.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a cavalaria deixa de ser hipomóvel e passa a ser uma força
motoblindada. A seguir ao fim da guerra, responsabilidade pela operação de carros de combate, passa da
infantaria para a cavalaria. Na década de 1950, a cavalaria assume também a responsabilidade pela polícia
militar.

Na Guerra do Ultramar, além de operar com esquadrões de reconhecimento blindado, a cavalaria organiza
também companhias e batalhões que atuam como infantaria ligeira (caçadores). Em meados da década de
1960, voltam a ser organizadas unidades a cavalo, para combaterem as guerrilhas no Leste de Angola. São
organizados três esquadrões a cavalo, no Grupo de Cavalaria de Silva Porto - uma unidade de
reconhecimento blindado - que ficam conhecidos pelos "Dragões de Angola". Já na década de 1970 inicia-se
a organização de uma unidade semelhante em Moçambique.

Atualmente, a arma de Cavalaria do Exército Português inclui os seguintes tipos de força:

Reconhecimento
Carros de Combate
Lanceiros (Polícia do Exército)

Os militares de cavalaria usam uma boina preta (excepto os paraquedistas que a usam verde), com duas
fitas, uma amarela que representa a glória, e, outra, vermelha que representa o sangue.

Além do Exército, em Portugal, a Guarda Nacional Republicana também mantém esquadrões de cavalaria,
entre as quais estão as únicas unidades a cavalo, ainda existentes em Portugal. A GNR inclui os seguintes
tipos de esquadrões de Cavalaria:

motoblindados
a cavalo
presidencial (guarda a cavalo do Presidente da República)

Ver também
Ordens de Cavalaria
Real Polícia Montada do Canadá
Regimento de Polícia Montada 9 de Julho

Referências

Bibliografia
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Sousa, Luís Costa e (2008), A Arte na
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Physical Technology, Part 2, Mechanical
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Peers, C.J. (2006). Soldiers of the Dragon: Muir, William, Annals of the Early Caliphate:
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The French Army, 1610-1715, Cambridge
University Press, 1997

Ligações externas
A Organização da Cavalaria, arqnet (http://www.arqnet.pt/exercito/orgcaval.html)

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