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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ

COMARCA DE FOZ DO IGUAÇU


1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA DE FOZ DO IGUAÇU - PROJUDI
Avenida Pedro Basso, 1001 - Jardim Polo Centro - Foz do Iguaçu/PR - CEP: 85.863-915

Autos nº. 0019509-88.2009.8.16.0030

1. Vistos.

2. Conheço dos embargos de declaração porque tempestivos.

No mérito, os aclaratórios merecem provimento, inclusive com efeitos infringentes.

A rejeição integral da exceção de pré-executividade, assim como o reconhecimento, de ofício,


da decadência, decorreu de premissa equivocada.

A análise da CDA que lastreia a inicial revela que, em verdade, o crédito tributário foi
constituído dentro do quinquídio legal, em absoluto respeito, portanto, ao que dispõe o art.
173, inciso I, do Código Tributário Nacional.

Nada obstante, o crédito tributário exigido no feito – e que se refere exclusivamente ao


período anterior a 26/Fev/2004 – restou fulminado pela prescrição, tal como alegado pela
embargante por ocasião da exceção de pré-executividade.

Sobre o tema, é importante lembrar que a exigibilidade do débito em questão tem início na
data da constituição definitiva do crédito, a qual, no caso dos autos (ISSQN), realiza-se no dia
seguinte ao vencimento, daí fluindo o prazo prescricional de cinco anos, previsto no art. 174
do Código Tributário Nacional, para a cobrança do crédito tributário. A propósito:

APELAÇÃO CÍVEL. EXECUÇÃO FISCAL AJUIZADA EM VIRTUDE DO


NÃO PAGAMENTO DE ISSQN. DECLARAÇÃO DA PRESCRIÇÃO DO
CRÉDITO TRIBUTÁRIO. INÍCIO DA CONTAGEM DO PRAZO
PRESCRICIONAL COM A CONSTITUIÇÃO DEFINITIVA DO TRIBUTO
QUE NO CASO DO ISS OCORRE NO DIA DO VENCIMENTO (28.12.2001).
INÍCIO DO PRAZO PRESCRICIONAL NO DIA SEGUINTE AO
VENCIMENTO. EXECUÇÃO PROPOSTA FORA DO PRAZO
PRESCRICIONAL (PROPOSITURA EM 2007). NÃO APLICAÇÃO DO PRAZO
DE CARÊNCIA DE 180 DIAS DA LEF. HONORÁRIOS ARBITRADOS NOS
TERMOS DO ART. 20, § 4º, DO CPC. RECURSO QUE ESBARRA EM
JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DESSA CORTE E DO STJ. 2º APELO QUE
NÃO MERECE PROSPERAR PORQUE HONORÁRIOS FIXADOS NOS TERMOS
DO ART. 20, § 4º, DO CPC. RECURSOS A QUE SE NEGA PROVIMENTO.
(TJPR – 1.ª C. Cível – AC n. 741.973-8 – Rel. Fábio André Santos Muniz – J.
17/Mai/2011).

Com relação a prescrição, e tal como já consignado, esta ocorre em cinco anos após a
constituição definitiva do crédito tributário, sendo interrompida com o despacho do juiz que
ordena a citação, nos termos do art. 174, parágrafo único, inciso I, do Código Tributário
Nacional, com a redação dada pela Lei Complementar n. 118/2005.

Neste caso, verifica-se que a execução fiscal foi proposta em 26/Fev/2009, enquanto que o
despacho ordenando a citação da parte executada foi proferido em 28/Jul/2009.

Desta conjuntura é possível perceber, indene de dúvidas, a ocorrência da prescrição parcial do


crédito tributário, isto é, referentes ao período anterior a 26/Fev/2004, pois em relação a este
interregno o lapso temporal da constituição definitiva até o ajuizamento da ação executiva
superou o prazo quinquenal atinente a prescrição. E como se vê, a ocorrência da prescrição
reflete justamente o que foi defendido pela embargante em sua objeção de pré-executividade,
circunstância que implica no acolhimento parcial do incidente.

Sendo assim, face ao vício constatado na decisão hostilizada, não resta alternativa ao Juízo
senão acolher os embargos de declaração, atribuindo-lhes efeitos infringentes, de modo a
tornar sem efeito a decisão embargada no que diz respeito a rejeição da tese alusiva a
prescrição, bem como quanto a pronúncia, de ofício, da decadência.

Por outro lado, é de ser reconhecida e declarada a ocorrência da prescrição, a qual fulminou o
crédito tributário referente ao período anterior a 26/Fev/2004, devendo o feito, no ponto, ser
extinto, em conformidade com o disposto no art. 156, inciso V, do Código Tributário
Nacional.

De resto, observa-se que o acolhimento da tese apresentada pelo embargante/excipiente


culmina, por consequência lógica, na análise do pedido concernente a redução da multa
administrativa, tendo em vista que na decisão embargada restou decidido que os valores não
estariam prescritos, de modo a prejudicar a aludida tese.

Mas ainda assim, boa sorte não ampara os interesses da parte executada. Basta anotar, para
tanto, que por ocasião da lavratura do auto de infração (03/Dez/2007) o crédito tributário
ainda não havia sido alvejado pela prescrição, donde se constata que a base de cálculo.
Registre-se, demais disso, que a multa foi regularmente constituída e sobre esta penalidade
não há que se falar em prescrição.

3. Por estas razões, atento ao que foi esposado, conheço dos embargos de declaração e, no
mérito, lhes dou provimento, para o fim afastar o vício denunciado pelo embargante e, por
consequência, julgo parcialmente extinta a execução no que se refere aos créditos referentes
ao período anterior a 26/Fev/2004, face ao advento da prescrição, nos termos do art. 156,
inciso V, do Código Tributário Nacional.

Deverá a exequente promover a readequação da dívida, com a exclusão do crédito fulminado


pela prescrição.

4. Considerando que a presente decisão se refere a tese levantada em exceção de


pré-executividade, na qual foi instaurado o contraditório e aliado ao princípio da causalidade,
condeno a Fazenda Pública ao pagamento de honorários advocatícios em favor do
excipiente/embargante, os quais, atendendo ao grau de complexidade da causa, fixo no
percentual equivalente a 10% sobre o proveito econômico obtido, observando o disposto no
art. 85, § 3.º, inciso I, do Código de Processo Civil.

5. Na medida em que os embargos foram acolhidos e alteraram a conclusão do julgamento


interior, intime-se a Fazenda Pública para que, querendo, complemente ou altere as razões
esposadas na apelação interposta no mov. 99.1, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da
intimação da presente decisão, na forma dos artigos 183 e 1.024, § 4.º, ambos do Código de
Processo Civil.

6. P. R. I. Cumpram-se as disposições especiais contidas no Código de Normas.

Foz do Iguaçu, 11 de julho de 2019.

Rodrigo Luis Giacomin


Juiz de Direito

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