2 Gestao COMPLETO-baixa PDF

Gestão Sustentável na Agricultura - 2014
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Assessoria de Gestão Estratégica
Coordenação Geral de Sustentabilidade Ambiental
Gestão Sustentável
na Agricultura
Brasil
2014
1
© 2014 Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Todos os direitos reservados. Permitida a reprodução des-
de que citada a fonte. A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra é do autor.
2ª edição. Ano 2014
Tiragem: 5.000 exemplares
Elaboração, distribuição, informações:

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO
Gabinete do Ministro
Assessoria de Gestão Estratégica
Coordenação-Geral de Sustentabilidade Ambiental
Esplanada dos Ministérios, Bloco D, 7° andar, sala 752
CEP: 70043-900 Brasília / DF
Tel.: (61) 3218 2644 / 3218 2978
Fax.: (61) 3321 2792
www.agricultura.gov.br
e-mail: age@agricultura.gov.br
Central de Relacionamento: 0800 704 1995
Equipe Técnica: Assessoria de Gestão Estratégica / Gabinete do Ministro
João Cruz Reis Filho - Chefe da Assessoria de Gestão Estratégica

Renato de Oliveira Brito - Coordenador Geral de Sustentabilidade Ambiental
Marco Tubino - Editorial
Bernardo Costa - Revisor
Cataloga• ‹ o na Fonte
Comissão de Avaliação:
Biblioteca Nacional de Agricultura Ð BINAGRI
Bruno Meireles Leite

Brasil. MinistŽ rio da Agricultura, Pecu‡ ria e Abastecimento.
Katia Marzall
Gest‹ o sustent‡ vel na agricultura = sustainable
Oscar Afonso da Silva Jr. management in agriculture / MinistŽ rio da Agricultura,
Paulo Alexandre Mendes Pecu‡ ria e Abastecimento. Assessoria de Gest‹ o EstratŽ gica. Ð
Ricardo Kobal Raski 2. ed. Ð Bras’ lia : MAPA/ACS, 2014.
100 p.
Novos casos de estudos
ISBN 978-85-7991-083-8
1. Agroneg— cio. 2. Desenvolvimento econ™ mico.

3.ComŽ rcio. I. Assessoria de Gest‹ o EstratŽ gica. II. T’ tulo.
AGRIS E71
CDU 339.56
2
Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply

Strategic Management Office
General Coordination for Environmental Sustainability
Sustainable Management
in Agriculture
Brazil
2014
3
© 2014 Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply. All rights reserved. The total or partial reproduction of this
publication is allowed provided its source is stated.
2nd edition. Year 2014
Circulation: 5.000 copies
Preparation, Distribution, Information:

MINISTRY OF AGRICULTURE, LIVESTOCK AND FOOD SUPPLY
Minister’s Office
Strategic Management Office
General Coordination for Environmental Sustainability
Esplanada dos Ministérios, Bloco D, 7° andar, sala 752
ZIP Code: 70043-900 Brasília / DF
Phone: (61) 3218 2644 / 3218 2978
Fax.: (61) 3321 2792
email: age@agricultura.gov.br
Service desk: 0800 704 1995
Technical Staff: Strategic Management Office / Minister’s office
João Cruz Reis Filho - Head of the Strategic Management Office

Renato de Oliveira Brito - Head of Environmental Sustainability
Marco Tubino - Editorial
Bernardo Costa - Reviser
Evaluation Committee:
Bruno Meireles Leite

Katia Marzall
Oscar Afonso da Silva Jr.
Paulo Alexandre Mendes
Ricardo Kobal Raski
4
5
Palavra do Ministro O Brasil foi o primeiro país a assinar a

Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre
A agropecuária no Brasil e seus contínuos Mudanças Climáticas. Confirmou seus com-
resultados produtivos e favoráveis demons- promissos ao não se limitar às ações práticas
tram, ao nosso país e ao mundo, a capacida- que já estavam em curso, através da elabora-
de dos agricultores brasileiros de bem produ- ção e da execução dos planos de ação para
zir, fazendo frente ao desafio permanente da a prevenção e controle do desmatamento nos
produção de alimentos, fibras e bioenergias biomas brasileiros e dos planos setoriais de
renováveis, o que resulta na geração de em- mitigação e adaptação às mudanças climáti-
pregos, renda e divisas para nosso país. cas. Entre os planos setoriais, destaca-se o
Este desafio inclui a convivência contínua Plano para a Consolidação de uma Economia
entre gerações de produtores rurais e o meio de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura
ambiente, local de trabalho onde suas lavou- – Plano ABC, elaborado e coordenado pelo
ras e criações são desenvolvidas diariamente Ministério da Agricultura, Pecuária e Abaste-
com influência das condições ambientais so- cimento (Mapa).
bre os resultados de sua produção. Outro belo exemplo da liderança do Minis-
No atual cenário global de dúvidas e incer- tério da Agricultura incentivando a produção
tezas, trilhar o caminho da produção agrícola agropecuária sustentável e a conservação
sustentável, com a conservação apropriada ambiental é o projeto piloto de cooperação
de água e solo, a adoção de tecnologias agrí- técnica Agricultura Sustentável para o De-
colas de baixa emissão de gases do efeito senvolvimento Rural, que promove a adoção
estufa, o uso de técnicas da pesquisa agro- pelos produtores rurais de tecnologias agríco-
pecuária para integração lavoura-pecuária- las de baixa emissão de carbono. O acesso
-floresta, o acesso a recursos do crédito rural, dos produtores a estas tecnologias, através
o manejo adequado da produção e da colheita, de crédito, permitirá recuperar e reinserir no
a armazenagem adequada e suficiente para a processo produtivo milhares de hectares de
produção colhida, produzem generosos e po- pastagens degradadas por uso anterior, além
sitivos frutos da agricultura para a mitigação de restaurar áreas de reserva legal e de pre-
dos efeitos negativos da mudança climática servação permanente que devem ser legal-
global. E para que de fato a produção seja mente mantidas.
mantida em harmonia com a conservação do A adoção contínua de tecnologias e exe-
meio ambiente onde se produz, é necessária cução de ações cada vez menos prejudiciais
a gestão bem pensada, integrada e aplicada. ao meio ambiente, resulta em sustentabilida-
de crescente para o meio em que a atividade
6
agropecuária está inserida, transformando-se Minister’s word

em energia propulsora para o desenvolvimen-
to rural mais consciente e duradouro. Agriculture in Brazil and its continuous pro-
Cabe então ao Mapa elaborar e gerir po- ductive and favorable results demonstrate, to
líticas públicas voltadas ao estímulo crescen- our country and to the world, the ability of Bra-
te dos agricultores brasileiros no caminho da zilian farmers to produce properly, facing the
produção sustentável e competitiva. ongoing challenge of food, fiber, and renewa-
Os casos apresentados nesta 2ª edição ble bioenergy production, which results in the
da publicação Gestão Sustentável na Agri- jobs, income and foreign exchange genera-
cultura são exemplos reais do cotidiano em tion for our country.
relação ao que foi dito aqui. Cabe a todos nós This challenge includes the continuous
aperfeiçoar o que já foi conquistado e primar coexistence of farmers’ generations and en-
pela busca da excelência, que nos motiva a vironment, workplace where their crops and
continuar trilhando um caminho de sucesso. livestock are developed each day with influen-
ce of environmental conditions on the results
O Ministro of its production.
In the current global scenario of doubt
and uncertainty, to tread the path of sustai-
nable agricultural production with appropriate
conservation of soil and water, the adoption
of agricultural technology of low emission of
greenhouse gases, the use of techniques of
agricultural research for crop-livestock-forest
integration, the access to rural credit resour-
ces, the appropriate production and harvest
management, as well as the proper and su-
fficient storage for the harvested production,
all produce generous and positive agriculture
outcomes to mitigate the negative effects of
global climate change. And so that production
is actually kept in harmony with the conserva-
tion of the environment where it is produced,
it is necessary a wise, integrated and applied
management.
7
Brazil was the first country to sign the UN rural development.

Framework Convention on Climate Change. It It is then up to this Ministry to develop and
also confirmed its commitments not to limit the manage public policies to encourage Brazilian
practical actions that were already underway farmers on the path of sustainable and com-
through the preparation and implementation petitive production policies.
of action plans for prevention and control of The cases presented in this 2nd edition of
deforestation in Brazilian biomes and through Sustainable Management in Agriculture are
sectoral plans for mitigation and adaptation to real examples of everyday life in relation to
climate change. Among the sectoral plans, it what was just said. It behooves us all to im-
is highlighted the Plan for the Consolidation prove what has been achieved and strive for
of an Economy of Low Carbon in Agriculture the pursuit of excellence that motivates us to
- ABC Plan, prepared and coordinated by the continue treading the path to success.
Ministry of Agriculture, Livestock and Food
Supply (MAPA). The Minister
Another fine example of the leadership of
the Ministry of Agriculture encouraging sus-
tainable agricultural production and environ-
mental conservation is the pilot project of Te-
chnical Cooperation Sustainable Agriculture
for Rural Development, which promotes the
adoption of agricultural technologies with low
carbon emissions by farmers.
The producers’ access to these technolo-
gies through credit will recover and reenter
the productive process of thousands of hec-
tares of degraded pastures by prior use, and
restore areas of legal reserve and permanent
preservation that should be legally held.
The continuous adoption of technologies,
and the execution of less harmful actions to
the environment, result in increased sustaina-
bility for the environment in which agricultu-
ral activity is inserted, turning into propulsive
energy to the more conscious and sustainable
8
Sumário
1. Associação Nacional de Defesa Vegetal - ANDEF 11
2. Fundação Espaço ECO 21
3. Banco do Brasil 34
4. COCARI 46
5. EMBRAPA Trigo 56
6. FIBRIA Celulose 68
7. KORIN Agropecuária 77
8. Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias - inpEV 89
9
10
11
Resumo Por outro lado, este tema é decisivo para que

o Brasil possa se consolidar como produtor
O Programa Agro+: por uma agricultura de alimentos para o mundo globalizado. E
mais sustentável é um projeto da ANDEFedu isto, de forma segura, preservando os recur-
(Área de Educação da Associação Nacional sos naturais e com justiça social.
de Defesa Vegetal) em parceria com a UFES O Programa Agro+: por uma agricultura
(Universidade Federal do Espírito Santo), mais sustentável é uma tentativa de aproxi-
Campus de São Mateus. O objetivo é profis- mação do agricultor com o objetivo de conhe-
sionalizar os produtores rurais nos aspectos cê-lo melhor e poder detectar aspectos de seu
sociais, ambientais e de boas práticas agríco- sistema produtivo que possam ser melhora-
las para que tenham fazendas sustentáveis. dos de forma progressiva. Em função disso, o
A ideia surgiu durante uma palestra sobre programa criou um instrumento de avaliação
métodos que medem a sustentabilidade agrí- da realidade do produtor rural.
cola. Era um tema complexo que precisava Com base nos dados foi possível identifi-
ser destrinchado e, principalmente, levado car pontos fracos e elaborar ações educativas
aos produtores. Juntamos os alunos da em- para estabelecer um diálogo com o produtor,
presa Júnior da UFES e fomos até as proprie- abordando aspectos técnicos e deixando
dades com um questionário. Analisamos os questões ideológicas de lado. Isso facilitou o
dados e traçamos parâmetros para cinco pi- processo educativo. O mesmo instrumento de
lares que devem compor a sustentabilidade, diagnóstico inicial foi utilizado para avaliar a
são eles: economia, meio ambiente, desen- incorporação de melhorias.
volvimento social, fitossanidade e os procedi-
mentos fitotécnicos. Quem se beneficia deste progra-
Em dois anos, chegamos a 365 proprie- ma e de que forma?
dades e conseguimos levar os conceitos de
sustentabilidade para 1.354 pessoas. De forma direta é o agricultor. A partir do
momento que ele cresce em sustentabilidade,
Por quê o programa de sustenta- sua atividade fica mais consolidada, não só em
bilidade foi criado? aspectos técnicos, mas também sociais, econô-
micos e ambientais. A região produtiva também
O produtor rural, de maneira geral, está à ganha, pois a imagem dos produtos regionais é
margem das discussões sobre sustentabilida- valorizada. Toda a cadeia é beneficiada, pois o
de e alguns modelos que lhes são apresenta- produtor e sua produção são quem sustentam
dos não se enquadram à sua realidade atual. todos os demais elos da cadeia.
12
Como funciona o programa?
Ele é basicamente um programa de edu-

cação do produtor rural e de sua família. Den-
tro dele, consideramos as seguintes etapas:
• Coleta de dados: analisamos e traça-
mos parâmetros para cinco pilares que de-
vem compor a sustentabilidade: economia,
meio ambiente, desenvolvimento social, fitos-
sanidade e os procedimentos fitotécnicos que
são fundamentais para garantir a sustentabili-
dade de uma propriedade. Se não cuidarmos
das doenças e pragas, nunca teremos uma
propriedade sustentável. Nestes dois últimos
pilares, destacamos os cuidados básicos com
a sanidade do solo, das plantas e qualidade
das águas. Cada cultura tem seus pontos fra-
cos e, antes de iniciar uma lavoura, devemos
verificar se o material propagativo está sadio,
se ele não estiver, vai ser instrumento de con-
taminação do solo. Isso se faz com análises
em laboratório.
• Revendas e técnicos: por serem profis-
sionais que trabalham no campo lado a lado
do produtor (com fornecimento de produtos e
serviços), também são convidados a partici-
par, pois precisam estar alinhados com o que
está sendo passado aos produtores. O gran-
de diferencial é que a construção das deman-
das é feita com a participação do principal in-
teressado, que é o produtor.
• Educação: outro diferencial é que inte-
gramos e incentivamos as ações educativas
procurando envolver instituições de ensino,
13
pesquisa e extensão, empresas e pessoas sustentabilidade de sua produção (Figura 1).

físicas. Vários treinamentos são feitos nas Isto demonstra que, à medida que o produtor
próprias fazendas. As demandas e os treina- investe em sua atividade produtiva, ele come-
mentos são registrados de forma a ter uma ça a adotar medidas que garantam o suces-
consistência em tudo o que é feito. so do investimento, como a contratação de
• Tecnologia: explicamos a importância um consultor, avaliação de custos etc. Além
de investir em tecnologias. E quanto maior disso, com o ganho a mais em decorrência
esse investimento, maior o nível de sustenta- da produtividade, o agricultor tem mais con-
bilidade, sempre obedecendo às leis ambien- dição financeira para investir em medidas de
tais e trabalhistas. melhoria em sua propriedade, gerando assim
Das 51 questões das avaliações, temas um ciclo virtuoso: mais investimento, maior
como: uso de EPI (equipamento de proteção produtividade, maior sustentabilidade, o que
individual) na aplicação de defensivos agríco- gera mais investimento. Daí a importância
las; se a propriedade possui técnico treinado; de criar políticas que garantam a participa-
se são preconizados métodos alternativos de ção do produtor no mercado, aumentando a
controle; técnicas de preservação do solo; ir- sua competitividade. Isto é válido tanto para a
rigação com critério técnico; se os funcioná- agricultura de exportação quanto para aquela
rios possuem carteira assinada e recebem que abastece o mercado interno.
treinamento regularmente; se a fazenda tem Uma informação preocupante é o baixo ín-
reserva de água na lavoura e faz tratamento dice de sustentabilidade dos produtores (mé
de resíduos líquidos; se é feita a contabilida- dia ponderada de 58,3%), o que indica a ne-
de financeira do negócio e há capital de giro, cessidade de investimento em programas vol-
entre outros, foram abordados. tados para o incremento da sustentabilidade
Após essas etapas, avaliamos se a pro- das propriedades.
priedade é sustentável ou não. Se é manti-
da sua capacidade de produzir durante duas
gerações, ela é sustentável. Algumas mais,
outras menos. Cabe aos pesquisadores me-
dir o nível de sustentabilidade das fazendas e
oferecer meios de aumentar esse índice para
que elas sejam mais sustentáveis.
Em uma análise geral dos dados, foi pos-
sível constatar que com o aumento do nível
tecnológico do produtor há um aumento na
14
70 63,8
58,3
56,3
Indice de Sustentabilidade (%)
52,5
46
35
17,5
0 MŽ dia
MŽ dio Alto
Baixo
Figura 1. Índice de sustentabilidade dos produtores avaliados, de
acordo com seu nível tecnológico variando de baixo, médio e alto.
Quais os desafios para a implan-

tação do programa, para mantê-lo
em funcionamento, e quais as pers-
pectivas futuras para o mesmo?
O programa é ambicioso, pois deseja mu-

dar uma realidade concreta apostando na
educação e no envolvimento de várias pesso-
as e instituições. O grande desafio é mantê-
-lo sempre relevante, focado na realidade e
sendo efetivo naquilo que se propõe. A pers-
pectiva futura é muito boa, pois há muito o
quê fazer. A agricultura brasileira tem muito
para crescer. O Brasil tem no seu agronegó-
cio um instrumento de política de segurança
alimentar interna e negociação internacional.
Cuidar do agronegócio é cuidar da soberania
de nosso país. Tudo isto precisa ser tratado
com tecnologia e responsabilidade.
15
Como outras empresas ligadas à

agricultura e aos produtores rurais
podem iniciar um programa de sus-
tentabilidade e inseri-lo em sua roti-
na de trabalho?
O setor produtivo brasileiro é multiface-

tado. Tem grandes, médias e pequenas pro-
priedades. Existe agricultura de subsistência
e comercial. Dentro da comercial há a produ-
ção de grãos, fontes de energia, frutas, hor-
taliças etc. Ou seja, não existe uma fórmula
única, daí a importância de trabalhar na bus-
ca do conhecimento dos diferentes sistemas
produtivos e seus pontos de sustentabilidade.
Sem dúvida, um dos fatores mais limitantes
é a relação que o produtor tem com sua pro-
priedade, pois é mais difícil falar em susten-
tabilidade em uma região onde predominam
grandes propriedades extrativistas, em con-
traposição às propriedades produtivas, onde
os produtores dependem da atividade para
obter seus rendimentos. É importante traba-
lhar em equipe e estar aberto às parcerias. O
foco das ações tem que ser o produtor como
um todo. A propriedade rural está inserida em
um contexto familiar, social, ambiental e eco-
nômico e tem que ser trabalhada em todos
estes aspectos simultaneamente.
16
Summary day-to-day reality. On the other hand, this is-

sue is a decisive factor so that Brazil can con-
The Agro+ Program: for a more sustaina- solidate as a global food grower for the world,
ble agriculture, is an ANDEFedu (Education in a secure manner, while at the same time
Department, Brazilian Crop Protection Asso- preserving its natural resources and social
ciation) project in partnership with UFES (Es- justice.
pírito Santo Federal University) São Mateus
Campus. The objective is to professionalize The Agro+ Program: for a more sustaina-
the rural growers in social aspects, environ- ble agriculture it’s an attempt to approach the
mental, and good agricultural practices in or- farmers in order to get to know them better
der to have sustainable farms. and be able to detect aspects of their produc-
tion system so that it can be improved in a
The idea arose during a seminar on me- progressive manner. Therefore, the program
thods that measure agricultural sustainabili- created a way for evaluating the day-to-day
ty. It was a complex issue that needed to be reality of the rural grower. Based on the data,
analyzed, and discussed with the growers. it was possible to identify weaknesses and
We brought together the students from the develop educational initiatives to establish a
“Junior Enterprise” - part of the UFES (Espíri- dialogue with the grower, addressing techni-
to Santo Federal University), and went to pro- cal aspects, and leaving ideological issues
perties with a questionnaire. We analyze data aside.
and draw parameters for five pillars which
must have sustainability composition, being: Who benefits from this program
Economy, Environment, Social development, and how?
Plant health, and Phytotechnical procedures.
In two years, we went to 365 properties Directly it’s the farmer. From the moment
and managed to get sustainability concepts he improves sustainability, his business beco-
from 1,354 people. mes more consolidated, not only in technical
aspects, but also socially, economically and
Why was the sustainability pro- environmentally. The productive region also
gram created? gains, because the image of regional products
have more value. The entire chain is benefi-
The rural grower, in general, is on the dis- ted, because the grower and his production
cussion sideline about sustainability. Some are who sustains all other links in the chain.
models presented to them don’t embrace their
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How does the program work? Various training is made on their own farms.
The needs and training are recorded in order
It’s primarily an educational program for to have a consistency with that is done.
the rural farmer and his family. Within the pro- • Technology: explain the importance of in-
gram, we consider the following steps: vesting in technology. The bigger the invest-
ment, the greater the level of sustainability,
• Data take: analyze and draw parameters and always complying with the environmental
for five pillars which must compose of sustai- and labor laws.
nability: Economy, Environment, Social de-
velopment, Plant health and Phytotechnical Of the 51 questions in the questionnaires,
procedures which are essential to ensure the topics such as: Use of PPE (personal protec-
sustainability of a property. If we are not ca- tive equipment) in the application of pestici-
reful in the elimination of diseases and pests, des; If the property has a trained technician; If
we’re never going to have a sustainable pro- there are alternative control methods already
perty. In these last two pillars, we highlight the used; Soil preservation techniques; Irrigation
basic care for the health of the soil, plants, and with technical criterion; If employees govern-
water quality. Every culture has its weaknes- ment workbooks are officially registered, and
ses and, before planting a crop, we must che- receive training on a regular basis; If the farm
ck whether the propagation material is right. If has water reserves on the land and proces-
it’s not, it will be a cause of soil contamination. sing of liquid waste residues; If business fi-
This is checked by means of laboratory analy- nancial accounting is done, working capital,
sis. among others, were discussed.
• Resellers and Technicians: Professionals After these steps, we evaluate whether the
working in the field alongside the grower (with property is sustainable or not. If it’s maintai-
supply of products and services), are also in- ned its ability to grow for two generations, it’s
vited to participate, because they need to be sustainable. Some are more, and others are
aligned with what is being given to growers. less. It’s up to the researchers to measure the
The big difference is that the creation of de- level of sustainability of farms and offer ways
mand is made in conjunction with the partici- to increase this index so that they can be more
pation of the main stake holding grower. sustainable.
• Education: another differential is that we In a general analysis of the data, it was
integrate and encourage educational initiati- found that with the increase in the grower’s
ves involving educational institutions, rese- technological level, there is an increase in
arch and scope, companies and individuals. the sustainability of their production (Figure
18
1). This demonstrates that as the grower in- do. Brazilian agriculture has much to grow as
vests in their productive operation, he begins well. Brazil’s agribusiness has an internal food
to adopt measures to ensure the success of safety policy and international negotiations.
the investment, such as: hiring a consultant; Taking care of the agribusiness is taking care
cost assessment, etc. Besides this, with the of the country’s sovereignty. All this needs to
gain as a result of productivity, the farmer has be handled and treated with technology and
better financial conditions to invest in other responsibility.
ways to improve their property, thus creating
a virtuous cycle: more investment, higher pro-
ductivity, greater sustainability, which leads to
more investment. Therefore, it’s important to
create policies that ensure the participation of
the grower in the market and increasing their
competitiveness. This is valid for both agricul-
tural exports as well as for those supplying the
domestic market.
There is worrying data that shows a low
level obtained by the weighted average, of
grower sustainability (58.3%), which indicates
the need for investing in programs focused on
improving the sustainability of properties.
What are the challenges to im-

plant and to keep the program run-
ning, and what is the outlook for the
future?
The program is ambitious, because of

the desire to change the mind set based on
education and the involvement of many indi-
viduals and institutions. The big challenge is
to keep it always relevant, focused on reali-
ty and being effective on its intentions. The
future looks bright, because there is a lot to
19
How can other companies related

to agriculture and farmers initiate a
sustainability program and insert it
into their work routine?
The Brazilian production sector is multi-

faceted. There are large, medium and small
properties. Subsistence and commercial far-
ming exists. Within the commercial production
there is, grain, energy resources, fruit, vege-
tables etc. In other words, there is no single
formula. Hence the importance is to work
with the objective of gaining knowledge of the
many different production systems and their
sustainability aspects. Without doubt, one of
the limiting factors is the relationship that the
grower has with his land. Because it’s more
difficult to talk about sustainability in a region
where large extractive properties predomina-
te, as opposed to productive properties, whe-
re growers depend on operations and culti-
vation to obtain their income. It’s important to
work as a team and be open to partnerships.
The focus of the business has to be on the
growers as a whole. Rural property is set in
a family context i.e. socially, environmentally,
economically, and all has to be dealt with si-
multaneously.
20
21
Resumo
AgBalance™ é uma ferramenta exclusiva

que avalia a sustentabilidade de produtos e
processos na agricultura, desenvolvida pela
BASF – empresa química líder mundial –, e
implementada pela Fundação Espaço ECO®.
É baseada na norma NBR ISO14040 (Avalia-
ção de Ciclo de Vida), sendo uma evolução
das análises de ecoeficiência, com ênfase
na avaliação da sustentabilidade agrícola de
forma ampla, em toda a cadeia produtiva, Os indicadores foram selecionados com
permitindo melhorar o desempenho socioam- base nos critérios: relevância, abrangência,
biental das empresas e da cadeia de valor de praticidade de quantificação e disponibilidade
um produto ou serviço, como a extração da de fontes de dados.
matéria-prima, o processamento, o acondicio- É validada por três agências certificadoras
namento, o armazenamento, o transporte e o internacionais: TÜV Süd, da Alemanha, a no-
uso. rueguesa Det Norske Veritas (DNV) e a Na-
Desenvolvida exclusivamente para ava- tional Sanitation Foundation (NSF) nos EUA.
liar a sustentabilidade no agronegócio, a
ferramenta AgBalance™ mede e avalia fato- Por quê o programa de sustenta-
res específicos do segmento dentro de uma
abordagem do seu ciclo de vida, levando em
bilidade foi criado?
consideração os aspectos ambientais, sociais
Em meados de 2009/10, a BASF desen-
e econômicos, que são avaliados com a mes-
volveu, na Alemanha, a ferramenta de medi-
ma importância. Desenvolve uma análise ob-
ção AgBalance™, lançada no Brasil em 2012,
jetiva e completa, a fim de avaliar e gerenciar
para ser implementada pela Fundação Espa-
o desenvolvimento sustentável na agricultura
ço ECO®, uma organização da sociedade ci-
em diferentes níveis:
vil de interesse público (Oscip), com gestão
autônoma e que atende, em sistema de par-
ceria, governos e empresas.
O AgBalance™ contribui para o entendi-
mento de que a sustentabilidade deve fazer
parte da estratégia de negócios para gerar e
22
proteger valor no setor do agronegócio. Be-

neficia produtores rurais interessados em
medir e avaliar os índices de sustentabilida-
de de sua propriedade, a fim de possuírem
dados mais precisos sobre seu processo de
produção, possibilitando a redução de impac-
tos ambientais gerados e o aumento de sua
produtividade e competitividade.
A metodologia tem como foco a gestão
da sustentabilidade no campo e pode ser
aplicada, por exemplo, para a comparação
de sistemas de produção agrícola e rural em
diferentes anos de produção de uma mesma
propriedade, considerando sempre e com o
mesmo peso os aspectos sociais, ambientais
e econômicos do sistema. Também identifica
oportunidades de otimização de materiais e
processos, além de pontos de melhoria, que
permearão as decisões estratégicas, consi-
derando todas as partes interessadas.
AgBalance™ fornece ainda informações
para que a propriedade implemente ações
que estejam focadas na cultura da seguran-
ça, por meio da promoção de treinamentos,
da criação de procedimentos e da transforma-
ção da proteção individual e coletiva.
Quem se beneficia desse progra-

ma e de que forma?
Todos os envolvidos na cadeia produtiva

do agronegócio, com orientação para a apli-
cação da sustentabilidade na prática, podem
se beneficiar dos resultados gerados para a
23
melhoria contínua de seus processos. Como funciona o programa?

Um exemplo de aplicabilidade da ferra-
menta no Brasil foi a empresa de grande por- O primeiro passo para a realização de
te SLC Agrícola, produtora de algodão, soja um estudo com a ferramenta AgBalance™ é
e milho. O objetivo foi comparar a produção a definição, por uma equipe multidisciplinar,
dessas commodities da safra de 2009/10, dos objetivos específicos do projeto. A par-
bem como a cadeia de suprimentos e a logís- tir dessa definição, é possível selecionar o
tica de escoamento em duas unidades: Pla- público-alvo, as alternativas para o estudo e
nalto, em MS, e Panorama, na BA. os limites do sistema que será avaliado. Utili-
O resultado demonstrou que a empresa já zando dados de fontes científicas e/ou gover-
adota práticas avançadas de gerenciamento namentais, juntamente com dados de campo,
da sustentabilidade em seu processo pro- as informações coletadas são colocadas em
dutivo. Uma das oportunidades de melhoria vários algoritmos para quantificar os resulta-
refere-se à otimização do uso de fertilizantes dos de 16 categorias de indicadores, que são
– insumos responsáveis tanto pelo consumo consolidados em perfis ambientais, sociais e
de energia quanto pela emissão de dióxido econômicos.
de carbono (CO2), desde a produção até o Então, 69 grupos de indicadores, cada um
transporte para a fazenda. Caso a SLC atin- ligado a um dos três pilares da sustentabilida-
ja sua meta de redução de 10% no volume de, são calculados por meio da ponderação
de fertilizantes/ano nas duas unidades, serão de aproximadamente 200 fatores de avalia-
economizados 14.881.595 kWh, e 7.990 to- ção. O estudo realizado com a ferramenta
neladas de CO2 eq. deixarão de ser emitidas, AgBalance™ produz uma gama de resulta-
o equivalente a um caminhão de 14 t dan- dos que comparam a sustentabilidade relati-
do 150 voltas completas na Terra. Segundo va dos métodos de produção, dos processos
Arlindo Moura, presidente da SLC Agrícola, e do sistema que está sendo analisado. Para
“com o AgBalance™, ficou evidente que te- garantir a transparência e a precisão da ava-
mos pontos de melhoria e potencialidades liação, quatro diferentes níveis de resultados
em nossas unidades. Nosso objetivo agora são gerados:
é elevar nossa excelência operacional, além • números absolutos (por exemplo, me-
de implementar ações que reforçarão nossa gajoule de energia, litros de água, toneladas
posição de empresa referência em gestão da de carbono emitidas) para cada um dos 69
sustentabilidade na agricultura”. indicadores de sustentabilidade;
• resultados específicos para as 16 cate-
gorias ambientais, sociais e econômicas;
24
• a contribuição econômica, ecológica e

social de cada alternativa para a sustentabili-
dade total;
• destaque das melhores práticas de
sustentabilidade para cada alternativa.
Para o desenvolvimento do estudo, as se-
guintes etapas são cumpridas:
1. Planejamento: reuniões para definição
de escopo e Unidade Funcional (UF), elabo-
ração da proposta e contrato.
No estudo do caso da SLC Agrícola, foi
comparada a produção de três produtos com-
modities (algodão, soja e milho) nas duas fa-
zendas, na safra 2009/10, em relação a um
determinado nível de produção, o benefício
ao consumidor.
Foram feitas quatro análises: (1) cultivo
de um hectare médio nas duas unidades; (2)
produção de uma tonelada de soja; (3) milho;
e (4) algodão.
Quanto ao limite que indica onde o ciclo
de vida começa e termina, nesse estudo foi
definido como “cradle to farm gate”, ou seja,
do berço à porteira da fazenda (extração e
beneficiamento de recursos naturais; produ-
tos intermediários; e fabricação dos produtos
principais).
A avaliação incluiu a produção de soja e
de milho, estendendo-se até a secagem dos
grãos. No caso do algodão, até o processa-
mento do mesmo, cujas fibras são separadas
das sementes.
25
2. Treinamento e sensibilização do Grupo

de Trabalho delegado para fornecimento de
informações.
3. Coleta de dados: coleta dos dados com
o focal point da SLC Agrícola e outros envolvi-
dos, tratamento e validação dos dados.
Os dados de entrada primários referem-se
aos anos de 2009/10 e foram fornecidos pelo
Grupo SLC: consumo de insumos agrícolas
(defensivos agrícolas, fertilizantes, sementes,
diesel, água, cal, energia, madeira), carac-
terísticas das fazendas (solo, área de incli-
nação, chuva, produtividade), dados sociais
(número de funcionários, salários, acidentes,
seguridade social, funcionárias mulheres,
empregados com deficiência, estagiários) e
dados financeiros (custos variáveis e fixos,
faturamento). Além disso, os dados agronô-
micos e de características do solo refletem as
condições encontradas no Cerrado brasileiro.
Os dados secundários são baseados em da-
dos estatísticos e de inventários e são base
para a avaliação dos impactos da pré-cadeia
agrícola, ou seja, fases de produção de insu-
mos, extração de matérias-primas, logística
de transporte etc.
Para todos os indicadores, a área consi-
derada basea-se em terra própria e também
arrendada.
4. Desenvolvimento: inserção dos dados
na ferramenta de análise AgBalance™, aná-
lise crítica dos resultados e geração dos re-
sultados finais.
26
5. Apresentação: produção da apresenta- de propriedades rurais, a perspectiva é de

ção final, relatório e realização de reuniões que a mesma não auxilie somente na iden-
com cliente para detalhamentos finais. tificação de soluções para desafios locais,
6. Ajustes finais e questionário de satisfa- regionais e globais por levar em conta uma
ção, e entrega do relatório final. perspectiva múltipla da agricultura, da cadeia
de valor alimentar e da sustentabilidade, mas
Quais os desafios para a implan- também que promova a adoção de um novo
tação do programa, para mantê-lo padrão produtivo, que concilie conhecimento
científico e tecnológico, práticas convencio-
nais e alternativas de produção.
pectivas futuras para o mesmo? O desafio é comprovar que a sustentabili-
dade é um processo de melhoria contínua e
Para que a sustentabilidade, de fato, seja que o produtor rural que aliar a sustentabilida-
incorporada à gestão de uma empresa, a li- de ao seu modelo de gestão estará à frente,
derança deve estar comprometida, investir na inovando e compartilhando valor.
educação e desenvolver, de forma transver-
sal, a competência da sustentabilidade nas
suas equipes. No Brasil, ainda são poucas as
organizações que podemos considerar inova- agricultura e aos produtores rurais
doras por trazerem o conceito da sustentabi- podem iniciar um programa de sus-
lidade integrado em sua gestão ou com papel tentabilidade e inseri-lo em sua roti-
transformador. A maioria delas está na fase na de trabalho?
de engajamento. São transparentes em seus
processos, possuem a intenção de elaborar O caso de sucesso da aplicação da ferra-
estratégias de sustentabilidade, melhorar re- menta AgBalance™ na SLC Agrícola é uma
lacionamento com stakeholders e lideranças, das iniciativas de empresas do setor agríco-
com algumas iniciativas transformadoras em la que já realizou o estudo no Brasil. A meto-
suas ações. dologia pode ser utilizada como um primeiro
Os produtores devem, além de medir suas passo para empresas agrícolas e produtores
“pegadas” e reduzir riscos, tratar a sustenta- rurais que queiram inserir a sustentabilidade
bilidade como algo indispensável para a me- em seus negócios.
lhoria contínua da gestão, visando aumentar A partir da geração dos dados analíticos
a lucratividade da empresa. apontados pelo estudo, é possível estimular
Como a ferramenta AgBalance™ tem po- a mudança, a inovação e a melhoria contínua
tencial para ser replicada em todos os tipos
27
de processos, produtos e serviços, incenti-

vando a redução dos impactos ambientais e
promovendo o uso de recursos de forma mais
ecoeficiente, a fim de gerar mais produtivida-
de e competitividade.
É essencial que empresas e produtores
rurais compreendam que a sustentabilidade
é capaz de aumentar a lucratividade, a partir
de uma visão sistêmica da cadeia de valor.
Para tanto, é necessário que atue como um
agente transformador de seus colaboradores,
parceiros, fornecedores, clientes e consumi-
dores de forma geral, pois a sustentabilidade
depende do engajamento dos diversos ato-
res para seu sucesso e para a perenidade de
seus negócios.
28
Summary Farm Assess current practices and pro-

cesses, besides identify improvement oppor-
AgBalance™ is an exclusive tool which tunities.
assesses agricultural products and processes Agricultural Value Chain Assess the contri-
sustainability, developed by BASF – The Che- bution of the agricultural processes throughout
mical Company – and implemented by Espa- the complete circle of life of the products, as
ço ECO® Foundation. Based on norm NBR well as identify improvement options.
ISO14040, Life Circle Assessment, emphasi- Policies and Regulations Assess the
zes the agricultural sustainability assessment impact of agricultural products and practices
broadly throughout the supply chain, thereby regulations.
improving the socio-environmental perfor- Audience Demonstrate the impact of the
mance of the companies and value chain of agricultural practices in different levels, inclu-
a product and service, such as raw material ding its relations with biodiversity and resour-
extraction, processing, packaging, storage, ces consumption.
transport and usage. Indicators were selected based on rele-
Developed exclusively to evaluate sus- vance, quantification and availability of data
tainability to agribusiness, it measures and sources.
assesses specific factors of the segment, as- It is validated by three international cer-
signing equal importance to environmental, tifying agencies: TÜV Süd, from Germany,
social and economic aspects. Generates a Norwegian Det Norske Veritas (DNV) and Na-
complete analysis, aiming to assess and ma- tional Sanitation Foundation (NSF) from US.
nage a sustainable development at different
levels: Why was the sustainability pro-
gram created?
Mid 2009/10, BASF developed, in Ger-

many, AgBalance™ measuring tool, released
in Brazil in 2012 to be implemented by Espa-
ço ECO® Foundation, an OSCIP (acronym in
Portuguese for Civil Society Organization for
Public Interest), in which with autonomous ad-
ministration, attends government and organi-
zations on a partnership system.
Indicators were selected based on relevance, quantiﬁcation and availability of data sources.
It is validated by three international certifying agencies: TÜV Süd, from Germany, Norwegian Det Norske Veritas (DNV) and National Sanitation Foundation (NSF) from US.
The AgBalance™ contributes to the un-
29
derstanding that sustainability shall be part of continuous improvement of its processes.

business strategy to generate and protect va- An example of application of the tool in
lue on the agribusiness sector. Benefits rural Brazil was a big company called SLC Agríco-
producers interested in measure and assess la, cotton, soybean and corn producer. The
their property sustainability indexes, aiming purpose was to compare the production of
to get more accurate data on their production those commodities for the 2009/10 crop, as
process, allowing reduction on the generated well as the supply chain and distribution in two
environmental impacts and improving their sites: Planalto in MS and Panorama in BA.
productivity and competitive edge. The resultant role showed that the com-
This methodology aims the sustainabili- pany already adopts advanced management
ty management on the countryside, and can practices of sustainability in its production pro-
be applied, for instance, for comparisons of cess. One of the improvement opportunities
agricultural and rural production systems in refers to the optimization on the use of fertili-
different production years on the same pro- zers - ingredients responsible for the amount
perty, considering always and with the same of energy consumption as well as for the high
importance, social, environmental and eco- rates of carbon dioxide (CO2) resulted from
nomic aspects of the system. Also identifies their production to the farm transportation. In
opportunities for material and process optimi- case SLC reaches its reduction goal of 10%
zation besides improvement points, which will on the consumption of fertilizers/year on the
permeate strategic decisions, considering all two sites, 14,881,595 kwh shall be saved;
the interested parts. meaning 7,990 tons of eq. CO2 will no long
AgBalance™ also provides information so be issued, equivalent to a 14 ton truck tur-
the property can implement actions which are ning 150 laps around Earth. According to Ar-
focused on security culture, by promoting trai- lindo Moura, president of SLC Agrícola, “the
ning, procedure creation and transformation AgBalance™ study showed us that we have
of individual and collective protection. improvement points and potentiality in our si-
tes. From now, our purpose is to increase our
Who benefits from this program operational excellence, besides implement
and how? actions which will reinforce our position as a
reference company in sustainability manage-
All people involved on the agribusiness ment in agriculture”.
productive chain and are oriented to introdu-
ce a practical sustainable application, may
get benefits from the results generated for the
30
How does the program work? bility;

• Distinction of the best practices of sus-
The first step for the achievement of a stu- tainability for each alternative.
dy using AgBalance™ tool is the definition, by
a multidisciplinary team, of the project specific For the study development, the following
purposes. From that definition, it is possible to stages are executed:
select the target audience, the alternatives for 1. Planning: meetings in order to define the
the study and the limits for the system which scope and Operational Site (UF in Portugue-
will be assessed. Using data from scientific se), proposal preparation and agreement;
and/or governmental sources, together with In the SLC Agrícola case study, production
field data, the information collected is placed of three commodities products were compa-
in several algorithms in order to quantify the red (cotton, soybean and corn), in two farms
results of 16 indicators categories, which shall for the 2009/2010 crop, relating to a determi-
be consolidated in environmental, social and ned production level, the customer benefit.
economic profiles. Four analyses were performed: (1) cultiva-
With that, 69 groups of indicators, each tion of one average hectare on the two sites,
one linked to one of the three pillars of sustai- (2) one ton of soybean production, (3) corn
nability shall be calculated by weighing appro- and (4) cotton.
ximately 200 assessment factors. The study Relating to the limit which indicates where
carried out using AgBalance™ tool produces the circle of life starts and ends, in this study
a certain amount of results which compare the it was defined as “cradle to farm gate” (extrac-
relative sustainability of the production metho- tion and natural resources processing; inter-
ds, processes and the system which is under mediate products and main products fabrica-
assessment. In order to guarantee the asses- tion).
sment transparence and accuracy, four diffe- The assessment included soybean and
rent levels of results are generated: corn production expanding to grain drying.
• Absolute numbers (for instance, mega For cotton, to its processing, whose fibers are
joule of energy, liters of water, tons of emitted separated from the seeds.
carbon) for each of the 69 sustainability indi-
cators;
• Specific results for the 16 environmen-
tal, social and economic categories;
• Economic, ecological and social contri-
bution from each alternative for total sustaina-
31
2. Training and Awareness: Training for What are the challenges to im-
the Work Group selected for information su- plant and to keep the program run-
pplying;
3. Data Collection: Data collection using
SLC Agrícola focal point and other involved future?
people, treatment and data validation;
Entry primary data relate to years In order to incorporate, indeed, sustainabi-
2009/2010 and were provided by SLC Group: lity to an organization administration, the lea-
consumption of agricultural ingredients (pes- ders shall be compromised and shall invest on
ticides, fertilizers, seeds, diesel, water, lime, education and develop, on a cross-cut man-
energy, wood), farms characteristics (soil, tilt ner, the sustainability competences on their
area, rain, productivity), social data (number of teams. In Brazil, there are few companies that
employees, salaries, accidents, social securi- can be considered innovative for bringing the
ty, female employees, employees with disabi- concept of sustainability integrated to its ad-
lities, interns) and financial data (variable and ministration or having a transformer role. Most
fixed costs, invoicing). In addition, agronomic of them are on the engagement stage. They
data and soil characteristics reflect the condi- are transparent on their processes, have the
tions found in the Brazilian woodsy pasture. intention to elaborate sustainability strategies,
Secondary data are based on statistics and improve their relationship with stakeholders
inventory data, and are base for agricultural and leadership, with some initiatives that will
pre chain impact assessment, in other words, transform their actions.
ingredients production stages, raw material Producers shall, in addition to measu-
extraction, transport logistics, etc. re their “fingerprints” and reduce risks, treat
To all indicators, the considered area is ba- sustainability as something imperative to con-
sed on both own and leased land. tinuous administration improvement, aiming
4. Development: Data insertion in the Ag- the company’s profitability increase.
Balance™ analysis tool, results critical analy- As AgBalance™ tool has potential to be re-
sis and final results generation; plicated to all kinds of rural property, the pers-
5. Presentation: Final presentation deve- pective is that it does not only help at the iden-
lopment, report and meetings with the client to tification of solutions for local, regional and
discuss final details; global challenges, for considering a multiple
6. Final adjustments and Satisfaction agricultural, food value chain and sustaina-
questioning: Final report presentation. bility perspective, but that also promotes the
adoption of a new productive standard, which
mediates scientific and technological know-
32
ledge, orthodox practices and production al- their employees, partners, clients and custo-
ternatives. mers in general, once sustainability depends
The challenge is to prove that sustainabi- on the engagement of various actors to its
lity is a process of continuous improvement success and the continuity of their business.
and the rural producer, who allies sustainabi-
lity to his administration model, shall get ahe-
ad, innovating and sharing value.
How can other companies related

to agriculture and farmers initiate a
sustainability program and insert it
into their work routine?
The success case of applying AgBalan-

ce™ tool at SLC Agrícola is one of the initiati-
ves from companies on the agriculture sector
who have already carried out the study in Bra-
zil. The methodology can be used as a first
step to agricultural companies and rural pro-
ducers who wish to insert sustainability in their
business.
As from the analytical data pointed by the
study, it is possible to stimulate the change,
the innovation and the processes, products
and services continuous improvement, en-
couraging environmental impacts reduction
and promoting the usage of resources in a
more eco-efficient manner, aiming to generate
larger productivity and competitive edge.
It is fundamental that companies and rural
producers understand that sustainability can
increase their profitability, from a systemic
view of the value chain. For that, it is neces-
sary that they act as a transforming agent of
33
34
Resumo ção de biomassa, a produção de alimentos

e a preservação e conservação do meio am-
O setor financeiro é um importante elo in- biente.
dutor para a construção da sustentabilidade. O Banco do Brasil priorizou o Programa,
Com essa visão, o Banco do Brasil define sua investiu em capacitação e hoje se destaca
Missão de modo a fortalecer a importância do como o principal agente financeiro da Agricul-
alinhamento de seus negócios às políticas de tura de Baixo Carbono com 90% das aplica-
sustentabilidade e desenvolvimento do País: ções dos recursos disponibilizados ao setor
“Ser um banco competitivo e rentável, promo- financeiro para essa finalidade.
ver o desenvolvimento sustentável do Brasil
e cumprir sua função pública com eficiência”. Por quê o programa de sustenta-
A Gestão da Sustentabilidade do BB é bilidade foi criado?
pautada por Políticas, Diretrizes, Carta de
Princípios e pela Agenda 21 Empresarial, es- Instituído pelo Governo Federal na safra
truturada em três eixos: 2010/2011, o Programa ABC tem como obje-
• negócios com foco no desenvolvimen- tivos reduzir as emissões de gases de efeito
to sustentável; estufa (GEE) oriundas das atividades agrope-
• práticas administrativas e negociais cuárias; reduzir o desmatamento; aumentar
com responsabilidade socioambiental; a produção agropecuária em bases susten-
• investimento social privado. táveis; adequar as propriedades rurais à le-
Alinhado a esse entendimento, o BB ofere- gislação ambiental; ampliar a área de flores-
ce aos produtores rurais crédito para financiar tas cultivadas; e estimular a recuperação de
a implantação e o aprimoramento de modelos áreas degradadas; e, neste sentido, apoiar
de produção que garantam a provisão de ser- crediticiamente os produtores rurais que ne-
viços ambientais e ganhos em produtividade, cessitem deste tipo de financiamento.
viabilizando o avanço da produção agropecu- O Programa financia a recuperação de
ária sustentável. áreas e pastagens degradadas, a implanta-
Grande destaque entre as linhas de finan- ção de sistemas de integração lavoura-pe-
ciamento oferecidas pelo BB, o Programa cuária, lavoura-floresta, pecuária-floresta ou
para a Redução da Emissão de Gases de lavoura-pecuária-floresta, a implantação e
Efeito Estufa na Agricultura - Programa ABC manutenção de florestas comerciais ou des-
financia sistemas de produção agropecuária, tinadas à recomposição de reserva legal ou
com reconhecida capacidade de reduzir as de áreas de preservação permanente, e a im-
emissões desses gases e promover a produ- plantação e o melhoramento do sistema de
35
plantio direto, entre outras finalidades.

Todos os bancos que operam em crédito
rural podem oferecer esta linha de financia-
mento. Apesar disso, o que se verifica é que o
Banco do Brasil é o grande agente financeiro
deste Programa.
A capilaridade do Banco e a sua credibili-
dade junto aos produtores rurais são algumas
das qualidades capazes de catalisar esse
processo de transformação no setor agrope-
cuário, oferecendo uma alternativa de crédito
que viabiliza empreendimentos que buscam o
equilíbrio entre produção e conservação am-
biental.
Quem se beneficia deste progra-

ma e de que forma?
O País se beneficia. Os empreendimen-

tos apoiados pelo Programa ABC colaboram
no cumprimento das metas de redução de
emissão de GEE assumidas pelo Governo
Brasileiro por ocasião da 15ª Conferência das
Partes realizada pela Convenção-Quadro das
Nações Unidas sobre Mudança do Clima, em
Copenhague (COP15). Esse compromisso foi
uma iniciativa voluntária do Governo Brasilei-
ro, com o objetivo de colaborar com o esforço
mundial de redução das emissões de gases
de efeito estufa.
Produtores rurais e suas cooperativas po-
dem ser beneficiados diretamente, diante da
possibilidade de acesso a uma linha de crédi-
to com encargos e prazos adequados à dinâ-
36
mica e exigência do setor primário e capaz de É de primordial importância que os pro-

proporcionar, por meio dos projetos enqua- jetos propostos pelos clientes interessados
dráveis, melhorias na propriedade e intensifi- atendam aos objetivos do programa, confor-
cação de uso da terra com a adoção de boas me regras definidas pelo Governo Federal, e
práticas agronômicas. devem ser acompanhados de documentação
Indiretamente, toda a sociedade é benefi- e projeto técnico específicos.
ciada, considerando os aspectos de sustenta- O Banco do Brasil possui quadro com mais
bilidade associados ao Programa. A expecta- de 250 Assessores de Agronegócios que são
tiva é que as práticas apoiadas no meio rural técnicos habilitados com formação em enge-
possam repercutir na melhoria da qualidade nharia agronômica, medicina veterinária, zoo-
de vida da população. tecnia e engenharia florestal. Esses profissio-
nais estão distribuídos em todos os estados
Como funciona o programa? brasileiros e são responsáveis por analisar os
projetos no que se refere ao enquadramento
Todo o Sistema Financeiro Nacional está nas finalidades do Programa e à viabilidade
apto a operacionalizar o Programa ABC com técnico-agronômica.
recursos do Banco Nacional de Desenvolvi- Verifica-se que, entre as finalidades fi-
mento Econômico e Social (BNDES). O Banco nanciadas pelas linhas do ABC no Banco
do Brasil, além dessa fonte, também disponi- do Brasil, a maior parte é de financiamentos
biliza recursos da Poupança Rural e do Fundo destinados à recuperação de pastagens de-
Constitucional de Financiamento do Centro- gradadas, o que, inclusive, está alinhado ao
-Oeste (FCO). previsto pelo Governo Federal quando do lan-
As condições de financiamento no ABC çamento do Programa.
para a safra 2013/2014 são: valor financiável Além do empenho da Rede de Assessora-
por produtor/safra de até R$ 3 milhões no ABC mento de Agronegócios nas ações de divul-
Florestas e de até R$ 1 milhão para as demais gação e capacitação, o Banco também conta
finalidades permitidas pelo Programa; taxa de com a força e a capilaridade de sua rede de
juros de 5% ao ano; e prazos para pagamen- agências.
to de até 15 anos. Na região Centro-Oeste, o Essa força tarefa tem tornado o BB uma
Programa ABC pode ser financiado com recur- referência no Programa, haja vista a supera-
sos do Fundo Constitucional de Financiamen- ção das metas de aplicação no ABC. Na safra
to do Centro-Oeste (FCO) até o limite de R$ 20 2011/2012, foram mais de 3.500 financiamen-
milhões por beneficiário e taxas de juros variá- tos no valor total de R$ 1,2 bilhão. Nesse pe-
veis em função do porte do produtor. ríodo, o Banco foi responsável por mais de
37
70% do total contratado por todos os bancos

que operam em crédito rural.
Na safra 2012/2013 o desempenho foi ain-
da melhor, encerrando o período com desem-
bolso de aproximadamente R$ 2,6 bilhões,
em mais de 6.500 contratos, respondendo
por quase 90% do financiamento em ABC no
País. Para esta safra (2013/2014), o compro-
misso é de aplicar R$ 4 bilhões no Programa.
Não obstante a evolução demonstrada pe-
los números apresentados, ainda há espaço
para o crescimento do Programa. As safras
anteriores representaram um importante pe-
ríodo de adaptação e aprendizado para ado-
ção dessa nova visão de crédito rural. Uma
visão mais ampla da propriedade e não ape-
nas da atividade a ser financiada. Com isso, é
possível identificar os investimentos e ajustes
necessários ao sucesso do empreendimento,
envolvendo desde o aumento de produtivida-
de até adequação ambiental do imóvel.
A continuidade de ações de divulgação e
de capacitação no Programa ABC é importan-
te para a ampliação das práticas de agricul-
tura de baixo carbono, e o Banco do Brasil,
através de sua rede de agências e de Asses-
sores de Agronegócios, tem colaborado roti-
neiramente com esse trabalho, seja na ação
articulada com órgãos e entidades públicas e
privadas, ou através de inciativas próprias.
Como o maior parceiro do agronegócio
brasileiro, o Banco do Brasil, alinhado às me-
didas públicas do Governo Federal, mantém,
constantemente, esforços para a consolida-
38
ção de uma agricultura produtiva e mais sus- página específica na intranet sobre o Progra-
tentável, além de contribuir com o setor para ma ABC contendo legislação, informações
o desenvolvimento social e econômico e a técnicas, perguntas e respostas, modelo de
geração de emprego e renda. Projeto Técnico, e outras informações rele-
vantes sobre o Programa;
Quais os desafios para a implan- • mapeamento por Estado das oportuni-
tação do programa, para mantê-lo dades de financiamento, com a disponibiliza-
ção da informação na intranet;
• treinamento à distância em Programa
pectivas futuras para o mesmo? ABC, na Universidade Corporativa;
• reuniões semanais, através de áudio
No primeiro ano de existência do Progra- conferências (ponto de controle), com todas
ma praticamente não houve contratação de as Superintendências estaduais.
financiamentos. Uma realidade verificada em Concomitantemente às iniciativas citadas,
todos os bancos. E qual a principal razão para foram empreendidas ações externas com-
esse resultado? O desconhecimento: produ- preendendo o treinamento das empresas de
tores e técnicos ou não sabiam da existência Assistência Técnica que prestam serviço ao
do Programa ou tinham dificuldade de enten- Banco, ações de divulgação do Programa
der o que podia ser financiado. O primeiro nas feiras e eventos agropecuários patrocina-
passo para mudar esse cenário no Banco do dos pelo Banco, nos materiais de publicidade
Brasil foi a priorização do Programa ABC na e nas palestras de sensibilização proferidas
carteira de agronegócios, saindo de quase em encontros regionais de produtores rurais.
zero para uma aplicação de R$ 1,2 bilhão ao
final da safra seguinte.
Atualmente, o Banco do Brasil apresenta
um market share de aproximadamente 90% agricultura e aos produtores rurais
no ABC, mas para alcançar esse resultado podem iniciar um programa de sus-
houve uma série de ações com as seguintes tentabilidade e inseri-lo em sua roti-
iniciativas no âmbito interno: na de trabalho?
• reuniões de divulgação e sensibiliza-
ção sobre o Programa e sua importância para A agricultura brasileira tem o grande desa-
o Banco e seus clientes, envolvendo tanto o fio de atender à crescente demanda por ali-
pessoal de agência como os Assessores de mentos, fibras e biocombustíveis, concilian-
Agronegócios; do-a à conservação dos recursos naturais.
• apoio às agências com a criação de
39
As constantes pressões da sociedade

quanto ao posicionamento das empresas nas
questões ambientais tornam premente a ne-
cessidade de oferecer ao setor agropecuário
oportunidades de desempenhar suas ativida-
des adotando práticas mais sustentáveis e
rentáveis.
Por sua vez, cabe às instituições finan-
ceiras operadoras do crédito rural divulgar e
disponibilizar as linhas de crédito passíveis
de serem aplicadas em modelos de produção
mais diversificados e compatíveis com práti-
cas de conservação de solo e de água.
No apoio a modelos de produção conven-
cionais, é possível, na concessão de crédito,
contribuir para a sustentabilidade da ativida-
de agropecuária mediante a observância das
exigências legais na implantação dos empre-
endimentos, como o licenciamento ambiental,
a outorga de água e as restrições dos Zone-
amentos Agroecológicos e Ecológico-Econô-
micos.
Para a Safra 2013/2014, o Governo Fe-
deral divulgou novos incentivos à produção,
com mais recursos para financiamentos e
programas de investimentos voltados à es-
truturação da propriedade rural e do setor. As
novas condições para a safra representam a
oportunidade para que os demais integrantes
do sistema financeiro também priorizem es-
ses programas e impulsionem a continuidade
do crescimento do agronegócio sustentável.
40
Summary conservation of the environment.

Banco do Brasil prioritized the program,
The financial sector is an important induc- invested in training and today stands as the
tor link for building sustainability. From that main financial institution of Low-Carbon Agri-
point of view, the alignment of business with culture with 90% of the applications the re-
the policies of sustainability and development sources available to the financial sector for
of the country is present in Banco do Brasil’s this purpose.
mission: “Being a competitive and profitable
bank, promoting sustainable development of Why was the sustainabilty pro-
Brazil and fulfilling its public function efficien- gram created?
tly”.
The Sustainability Management of Banco Established by the Federal Government
do Brasil is guided by their Policies, Guide- in the 2010/2011 harvest, the ABC Program
lines, Chart of Principles and the Corporate aims to reduce greenhouse gases (GHG)
Agenda 21, shared into three areas: emissions originated from agricultural activi-
• Business focused on sustainable deve- ties, reduce deforestation, increase agricultu-
lopment; ral production on a sustainable basis; adapt
• Management and business practices farms to environmental legislation; enlarge
with environmental responsibility; cultivated forests area, and stimulate the re-
• Social and private investment. covery of degraded areas, and in this regard
Aligned to that understanding, Banco do support the farmers who require this kind of
Brasil offers to the farmers credit to finance credit.
the implementation and improvement of pro- The program finances the recovery of de-
duction models to ensure the provision of en- graded areas and pastures, the implementa-
vironmental services and productivity gains, tion of integrated crop-livestock, crop-forest,
enabling the advancement of sustainable livestock-forest or crop-livestock-forest sys-
agricultural production. tems, the deployment and maintenance of
As a great prominence among the lines commercial forests or intended for recovery of
of credit offered by Banco do Brasil, the ABC legal reserve or areas of permanent preser-
Programa is aimed for Reducing Greenhou- vation, and the implementation and improve-
se Gases in Agriculture (AGGP) that finances ment of tillage system, among other purposes.
agricultural production systems, with proven Every bank that operates in rural credit can
ability in it and also promotes the production offer this line of funding. Nevertheless, what
of biomass, food and the preservation and we see is that Banco do Brasil is the financial
41
agent of this great program. ciated with the program. The expectation is
The network capillarity of the Bank and that practices supported in rural areas can im-
its credibility with the farmers are some of pact on improving the quality of life.
the qualities capable for catalyzing this trans-
formation process in the agricultural sector, How does the program work?
offering an alternative credit that enables en-
terprises which look for the balance between All the national financial system is able to
production and environmental conservation. operate the ABC Program with funds from Na-
tional Bank for Economic and Social Develop-
Who benefits from this program ment (BNDES). Banco do Brasil, besides this
and how? funding, also offers resources from the Rural
Savings and the Midwest Financing Constitu-
The country benefits itself. The projects tional Fund (FCO).
supported by ABC Program collaborate in The financing conditions on ABC Program
achieving the goals of reducing GHG emis- for the 2013/2014 harvest are: finance out by
sions assumed by the Brazilian government producer/crop to R$ 3 million on ABC Forests
on the occasion of the 15th Conference of the line and up to R$ 1 million for other purposes
Parties held in the United Nations Framework allowed by the Program; 5% per annum inte-
Convention on Climate Change in Copenha- rest rate, and payment terms up to 15 years. In
gen (COP15). This commitment was a volun- the Midwest, the ABC Program can be funded
tary initiative of the Brazilian government, with by the FCO to the limit of R$ 20 million per be-
the goal of supporting the global effort to redu- neficiary and interest rates varying according
ce GHG emissions. to the business capacity of the producer.
Farmers and their cooperatives can be It is extremely important that the proposed
benefited directly, before the possibility of ac- projects by interested customers meet the
cess to a credit line with charges and terms goals of the Program, according to the rules
appropriate to the dynamics and demands of defined by the Federal Government, and they
the primary sector and able to provide, throu- must have attached the documentation and
gh framed projects, improvements on the pro- the specific technical project.
perty and intensification of the use of the land, Banco do Brasil has a staff with over 250
with the adoption of good agronomic practi- Agribusiness Assistants who are skilled te-
ces. chnicians graduated in agronomy, veterinary
Indirectly, the whole society benefits itself medicine, zoo technician and forestry engi-
from considering sustainability aspects asso- neer. Those professionals are distributed in
42
every Brazilian state and they are in charge to a wider view of the property and not just the
review the projects with regard to the framing activity to be funded. Herewith, it is possible to
of the program purposes and the technical identify the investments needed and the suc-
and agronomic viability. cess of the enterprise, involving from increa-
It is found that among the purposes finan- sed productivity to environmental suitability of
ced by the ABC Program lines by Banco do the property.
Brasil, the largest part of funding is for the res- Keeping the actions for dissemination and
toration of degraded pastures that in fact is training on the ABC program it is important for
aligned to that provided by the Federal Gover- the expansion of the practice of the low-car-
nment when launching the Program. bon agriculture, and Banco do Brasil, through
In addition to the Assistance Network of the its branch network and Agribusiness Assis-
Agribusiness in the actions to dissemination tants, has collaborated with the work routinely,
and training, the Bank also has the strength in coordinated actions with public and private
and the capillarity of its branch network. entities, or through own initiatives .
That task force has become a reference to As the largest partner of the Brazilian Agri-
the Banco do Brasil program, considering the business, Banco do Brasil is aligned to public
overcoming in the implementation milestones measures of the Federal Government and
on ABC. In the 2011/2012 harvest, more than always keeps efforts to consolidate a produc-
3,500 loans totaling R$ 1.2 billion. During that tive and sustainable agriculture, contributes
period, the Bank was responsible for over 70 for social and economic development of the
% of the total loans financed by all banks ope- sector and the generation of employment and
rating in rural credit. income.
In the 2012/2013 harvest, the performan-
ce was even better, ending the period with What are the challenges to im-
financing of approximately R$ 2.6 billion in plant and to keep the program run-
over 6,500 credit agreements, accounting for
nearly 90% of funding for the ABC Program in
the country. For this harvest (2013/2014), the future?
commitment is to finance R$ 4 billion.
Despite the progress shown by the figures, In the first year of the program there were
there is still opportunity to growth the program. hardly credit agreements. Actually, it was veri-
The previous harvests were an important pe- fied in all banks. And what is the main reason
riod of learning and adjustment to adoption for that result? The lack of information: produ-
of that new point of view to the rural credit: cers and technicians were not aware about the
program or found out difficulties in understan-
43
ding the financing conditions. The first step to taken with regional farmers.
change that scenario in Banco do Brasil was to How can other agriculture compa-
prioritize the ABC Program in the agribusiness nies and farmers initiate a sustaina-
portfolio, raising from almost zero of financing
bility program and insert it into their
to R$ 1.2 billion at the end of the following har-
vest. routine work?
Currently, Banco do Brasil has a market
share of about 90% on the ABC Program, but The Brazilian agriculture has the major
to achieve that result there were a range of ac- challenge to meet the growing demand for
tions with the following initiatives in the corpo- food, fiber and biofuels, arranging it to the
rative sphere: conservation of natural resources.
• meetings for dissemination and awa- The constant pressures of the society re-
reness about the program and its importance garding to the positioning of the companies in
to the Bank and its customers, involving both environmental issues make an urgent need
branch staff and Agribusiness Assistants; for providing opportunities to the agricultural
• support to the branch network by the sector to perform its activities by adopting
creation of a specific intranet page about the more sustainable and profitable practices.
ABC Program containing legislation, technical In turn, the financial institutions in rural
information, questions and answers, Technical credit operators are in charge to promote and
Project Model and other relevant information provide credit lines that can be applied in pro-
about the program; duction models and more diversified practices
• mapping state funding opportunities, compatible with conservation of soil and wa-
with the information available on the intranet; ter.
• e-learning training program on ABC, by In support to conventional models of pro-
the Corporate University; duction it is possible, in the granting of credit,
• weekly meetings by conference calls (to to contribute to the sustainability of agricultural
check points), with all state superintendents . activities subject to compliance with legal re-
Besides to those initiatives mentioned, ex- quirements in the implementation of projects
ternal actions including training for technical such as environmental licensing, granting of
assistance companies that provide services to water and restrictions on the Agro-Ecological
the Bank and actions to publicize the program Zoning and Ecological -Economic.
in agricultural fairs and events sponsored by For the 2013/2014 harvest, the Federal
the Bank, with advertising materials and the Government announced new incentives for
lectures given in awareness meetings under- production, with more resources for financing
and investment programs aimed at structuring
44
the farm and industry. The new conditions for

the harvest represent the opportunity for other
members of the financial system also priori-
tize these programs and will boost the conti-
nued growth of sustainable agribusiness.
45
46
Resumo fácil execução. É como identificar na nascente

a artéria responsável por jorrar a água, fazen-
O Projeto Olho D’Água é uma aposta da do aumentar o volume. Depois de restaurada,
Cocari na qualidade de vida dos cooperados a mina é coberta para que a água não receba
e das futuras gerações, com a parceria da interferências externas na sua qualidade.
empresa Nortox S.A. O resultado beneficia o É a transformação nascendo de ações
meio ambiente e a comunidade. Água pura, simples.
minas protegidas do risco de contaminação,
diversificação da fauna e da flora, preserva- Por quê o programa de sustenta-
ção dos recursos naturais e consumo cons- bilidade foi criado?
ciente são alguns dos ganhos.
Com o projeto, os produtores aprendem a O Projeto Olho D’Água é uma atitude de
preservar os recursos naturais de suas pro- amor à natureza. Ao conscientizar os produ-
priedades. A Cocari mantém um sistema infor- tores da necessidade de preservar os recur-
matizado de cadastramento das nascentes, sos naturais de suas propriedades, permite
de forma que o cooperado pode cadastrar as também que o volume de água das minas au-
minas d’água existentes em sua propriedade mente, tornando viável a sua utilização nas
em qualquer ponto em que a cooperativa te- atividades rurais e também para o consumo
nha unidade. humano.
A demanda pelo trabalho de recuperação A data do lançamento do Olho D’Água,
cresce a cada dia, o que demonstra a mudan- 24 de novembro de 2009, foi escolhida justa-
ça de comportamento do produtor, bem como mente para homenagear o Dia do Rio, já que,
sua conscientização e a confiança no proje- com o projeto, rios e mananciais existentes na
to. Até o dia 9 de setembro de 2013, foram área de atuação da Cocari (mais de 20 muni-
recuperadas 365 minas e 202 constavam no cípios do Paraná) serão beneficiados com o
cadastro de espera. Só na área de ação da deságue mais purificado das minas existen-
Cocari, 18 municípios foram beneficiados, o tes nas propriedades rurais dos cooperados.
que representa uma população de 326.821 É um projeto ambientalmente correto, pois
habitantes. Sem falar na população de Marin- não agride o meio ambiente para sua execu-
gá, que é de 357.077 habitantes, onde a Pre- ção, ao contrário, extrai da própria natureza
feitura, com apoio da Cocari, implantou este sua capacidade máxima de produção. E é vi-
ano o projeto de identificação e recuperação ável economicamente, uma vez que o custo
de nascentes. de implantação é muito baixo.
O Olho D’Água é um projeto simples e de Para o futuro, o Projeto Olho D’Água deve
47
ampliar a região de alcance, ultrapassando Quem se beneficia deste progra-

a área de ação da cooperativa, por meio de ma e de que forma?
parceria na implantação do projeto. Isso trará
benefícios para a população de áreas diver- O projeto beneficia a comunidade, o meio
sas e pelas próximas gerações, diminuindo ambiente e promove a viabilidade econômica,
o risco eminente de problemas com recursos permitindo a utilização da água nas ativida-
hídricos, e com a diversificação da fauna e des dos cooperados, com custo baixo para
flora de regiões diferentes daquela onde teve execução. E na área de ação da Cocari já
início o projeto, além de contribuir com as foram restauradas minas em 18 municípios,
Áreas de Preservação Permanente (APP) e totalizando uma população de 326.821 habi-
matas ciliares. tantes das áreas beneficiadas.
48
E partindo do princípio de que boas ideias

às unidades da Cocari de sua região e fazer
merecem ser copiadas, a Prefeitura de Ma- o cadastro. A restauração obedece a ordem
ringá lançou no ano de 2013, por meio da de cadastramento. Até o dia 9 de setembro
Secretaria de Meio Ambiente, em parceria de 2013, foram recuperadas 365 minas e 202
com a Cocari, o Programa de Identificação e constavam no cadastro de espera. A Cocari
Recuperação de Nascentes. A primeira mina disponibiliza um técnico, contratado especial-
recuperada pelo programa está localizada mente para o trabalho de recuperação das
no Parque do Ingá, onde foram identificadas minas. O projeto prevê a participação do pro-
nove nascentes, e o objetivo é de que seja dutor, ou de alguém designado por ele, para
estendido a toda a área urbana do município, trabalhar no apoio durante a restauração das
contribuindo para a garantia de água limpa nascentes, que obedece a um passo a passo
e potável, preservação ambiental e deságue bastante simples.
com mais qualidade nos rios e mananciais do O passo a passo da preservação de uma
município, que conta com 357.077 habitantes mina:
(dados IBGE 2010). O programa trará bene- • Primeiramente, o cooperado deve ca-
fícios, principalmente para as próximas gera-dastrar sua propriedade para receber esse
ções, em virtude da eminência de problemas benefício.
com recursos hídricos. • O técnico, que foi treinado, vai visitar a
Além disso, o trabalho na mata irá auxiliar
propriedade e ver as características da mina,
na manutenção do nível da água do lago do pois cada uma tem suas especificidades.
Parque do Ingá, com aumento do volume e • Com base nisso, ele conversa com o
da qualidade, e com diversificação da fauna produtor e estabelece aquilo que é necessá-
e flora do local. O programa será importan- rio para fazer a restauração. O produtor colo-
te também para a preservação da Bacia do ca uma pessoa, ou ele próprio, para fazer o
Rio Ivaí e do Pirapó, e sua implantação per- trabalho na mina.
mite ainda que a população contribua cuidan- • O trabalho inicial consiste em fazer
do das Áreas de Preservação Permanente uma limpeza em volta da mina.
(APP) e atividades para a proteção de matas • É criado um reservatório, onde é fei-
ciliares. ta uma barragem. Essa mina é acuada com
a terra da própria propriedade. A barragem é
Como funciona o programa? feita para segurar essa água.
• Na parte de baixo desta barragem, fica
A Cocari mantém um cadastro informatiza- um cano mais grosso, utilizado para fazer a
do de nascentes. O cooperado pode se dirigir limpeza dessa mina no futuro.
49
• Continua-se levantando essa barra- em 2003 para intensificar o patrulhamento do

gem para segurar a água. Um pouco mais Meio Ambiente e Unidades de Conservação
em cima é posto outro cano que vai coletar do Estado, determinava que em Área de Pre-
água potável, sendo utilizada para consumo servação Permanente não se toca, não se
do produtor. entra, não se mexe. As principais dúvidas dos
• A barragem continua sendo levantada. cooperados em aderir ao projeto se davam
E, por final, é posto mais um cano, que será porque, na visão deles, a proposta do Olho
utilizado como ladrão, desviando o restante D’Água contrariava essas determinações.
da água desta mina para o leito normal do rio. Outro temor era de que a restauração diminu-
• O espaço formado com a barragem é ísse ou mesmo secasse a água da mina, ou
preenchido com pedras, e sobre estas é co- que esta deixasse de ser potável. Foi neces-
locada cobertura com solo cimento (terra da sário um trabalho no sentido de mostrar aos
propriedade misturada com cimento). cooperados que as nascentes não tinham as
• Em cima, ainda é colocado um suspi- condições de higiene necessárias, estavam
ro para que a água receba semestralmente o abertas, possibilitando a queda de todo tipo
tratamento com produtos indicados pelo téc- de sujeira e contaminação que vinham pela
nico. enxurrada. À medida que os produtores foram
• Na limpeza, o produtor abre aquele tomando consciência disso, o convencimento
cano de baixo (o maior), esgota a sujeira exis- se tornou mais fácil.
tente nesta parte, fazendo com que a água Hoje, a procura é muito grande, prova dis-
fique limpa por pelo menos mais seis meses. so são os cadastros, cuja fila de espera não
para de crescer, o que garante trabalho de
Quais os desafios para a implan- recuperação por muito tempo ainda, pois a
tação do programa, para mantê-lo maioria das propriedades tem várias minas.
O maior desafio para implantação do pro- podem iniciar um programa de sus-
jeto, em 2009, foi convencer o produtor de tentabilidade e inseri-lo em sua roti-
que a restauração não representaria trans- na de trabalho?
gressão à lei. Isso porque a Força Verde, que
faz parte do Programa Mata Ciliar e integra O trabalho de recuperação de nascentes
o Instituto Ambiental do Paraná - IAP e o Ba- da Cocari hoje é modelo, tendo chamado a
talhão da Polícia Florestal do Paraná, criado
50
atenção de diversas prefeituras:

• Maringá-PR (357.077 habitantes): lan-
çou em parceria com a Cocari, o Programa de
Identificação e Recuperação de Nascentes;
• São Pedro do Ivaí-PR (10.164 habitan-
tes): teve uma equipe treinada pelo técnico
da Cocari, habilitando-a para a implantação
do programa naquele município;
• Jandaia do Sul-PR (20.283 habitan-
tes): teve uma mina restaurada pelo técnico
da Cocari, atendendo a solicitação da Prefei-
tura;
• Lunardelli-PR (5.156 habitantes): a
Cocari recebeu solicitação e se disponibilizou
a treinar uma equipe, que chegou a ir ao local
da restauração, mas não deram sequência
aos trabalhos;
• Mandaguari-PR (32.669 habitantes) e
Lorena-SP (82.553 habitantes): a Cocari re-
cebeu solicitação e se disponibilizou a treinar
suas equipes, ação que depende agora da in-
dicação de pessoas pelos municípios.
Da mesma forma, outras prefeituras e em-
presas visitam as minas restauradas para co-
nhecer o projeto e implantar em suas regiões.
A Cocari se dispõe a acompanhar os interes-
sados e demonstrar o passo a passo, visando
a difusão dessa iniciativa.
O Projeto Olho D’Água já foi tema de di-
versas reportagens televisivas, o que torna
o projeto acessível, com vídeos disponíveis
na internet para visualização do processo de
restauração.
51
Summary the responsible artery for flowing out water,

making it grows the volume. After restored,
Olho D´Água Project is a Cocari proposal the mine water is covered so that the water
to the quality of life of the cooperative mem- does not have any external interference in its
bers and to future generations, with the par- quality.
tnership of company Nortox S.A. The result
brings benefits to both community and envi- Why was the sustainability pro-
ronment. Clean water, mine water are program created?
tected from the risk of contamination, variety
of flora and fauna, preservation of natural re- Olho D´Água project is an attitude of love
sources and conscientious consumption are toward nature. By making the producers awa-
one of the benefits. re of the necessity of preserving the natural
From the project, the producers learn how resources of their own properties, possibiliting
to preserve the natural resources from their that the volume of water from the mines incre-
properties. Cocari keeps a computerized sys- ases, being viable not only for human intake,
tem of springs mapping, so that the coope- but for the use of rural activities.
rative member can register the mine water The launch of Olho D´Água project, No-
existing in their properties anywhere that the vember, 24, 2009, was chosen to celebrate
cooperative has a unit. the River Day, once rivers and wellsprings
The demands for recovery work grows existing in Cocari areas of action (over 20 mu-
each day, demonstrating the producer beha- nicipalities in Paraná State) will be benefited
vior change, as well as their awareness and with the cleanest water open existing in the
trustworthy in the project. Up to September 9, cooperative members´ rural properties.
2013, 365 mine waters were recovered and It is an environmentally friendly project, be-
202 were in the waiting mapping. Just in the cause besides not harming the environment
Cocari area of action 18 municipalities were for its execution, it extracts the very nature its
benefited, which represents a population of highest production capacity. Being economi-
326.821 inhabitants. Not mentioning the po- cally feasible since the cost of implantation is
pulation of Maringá, which has 357.077 inha- very low.
bitants, where the city hall, with the support Olho D´Água project will certainly extend
of Cocari, implanted this year the project of the region of reach, beyond the cooperative
identification and recovery of springs. area of action, through partnership in imple-
Olho D´Água is a simple and easy execu- menting the project. It will bring benefits not
tion project. It is about to identify in the spring only for the population from several areas, but
52
also for next generations as well, decreasing ce of problems related to hydric resources.
the eminent risk of problems related to hydric Furthermore, the work in the forest will help
resources and flora and fauna diversification, on the maintenance of the level of Ingá Park
differently from those regions where the pro- lake, increasing its volume and quality, and
ject was not developed. Moreover, it will con- the diversification of the local flora and fau-
tribute with Permanent Preservation Areas na. The program will be also important to Ivaí
(PPA) and riparian forest. and Pirapó River Basin, and its implantation
allows the population to preserve the Perma-
Who benefits from this program nent Preservation Areas (PPA) and activities
and how? to protect the riparian forest.
The project benefits the community, en- How does the program work?
vironment and promotes economic viability,
making possible the use of water in the co- Cocari keeps a computerized system of
operative members´activities, with low cost. springs mapping. The cooperative member
And in Cocari areas of action mine waters can go to the Cocari unit of their region and
have already been restored in 18 municipali- register. The restoration follows the mapping
ties, totalizing a population of 326.821 inhabi- rules. Up to September, 9, 2013, 365 mine
tants of the benefited areas. waters were recovered and 202 were in the
Assuming that good ideas deserve to be waiting mapping. Cocari provides a techni-
copied, the city hall of Maringá launched in cian, hired especially for mine waters reco-
the year 2013, through the Department of very. The project foresees the participation of
Heath with Cocari´s partnership, the identifi- the producer or someone designated by him,
cation and recovery of springs. The first mine to work in support during the springs recovery,
water recovered by the program is located at that follows a fairly easy scheme.
Ingá Park, where nine springs were identified, Step by step of a mine water preservation:
and the goal is to be extended to the total ur- • Firstly, the cooperative member must
ban area of the city, ensuring clean and fresh register his property to receive this benefit;
water, environment preservation and more • The technician, who has been trained,
quality in river opens and wellsprings of the visits the property and check the mine charac-
city, which has 357.077 inhabitants, (data teristics, since each has its own particularities;
from IBGE- Brazilian Institute of Geography • Based on that, the technician talks to
and Statistics, 2010). The program will benefit the producer and establishes what is neces-
mainly future generations, due to the eminen- sary to restore the mine water. The producer
53
has someone or himself to do the work; What are the challenges to im-
• The initial work consists of cleaning plant and to keep the program run-
around the mine;
• It is built a reservoir with a dam. The
mine is receding with land from the own pro- future?
perty. The weir is made to support the water;
• There is a thick water main at the bot- The biggest implantation challenge, in
tom part of the dam, used to do the cleaning 2009, was to convince the producer that the
of this mine in the future; restoration would not represent transgression
• Keeping building up the weir to support of the law. The Green Force, that makes part
the water. A bit upper another water main is of Riparian Forest Program and integrates IAP
placed, which will collect fresh water, to be (Environmental Institute of Paraná) and Envi-
used by the producer intake; ronmental Police Battalion of Paraná, created
• The dam keeps being building up. Fi- in 2003 to intensify the Environment and Con-
nally, a third water main is placed, that will be servation Unit patrol of the State, determined
used as a robber, deviating the rest of water which Permanent Preservation Area is untou-
from this mine to the natural riverbed; chable and prohibited to have any access. The
• The space formed by the dam is filled major producers concern on adhering to the
with stones and these are covered with ce- project was that on their view, Olho D´Água
ment and soil (land from the property mixed proposal contradicted the mentioned determi-
with cement); nations. Another apprehension was that the
• On the top, it is placed a heave so the restoration would reduce or even dry up the
water receives treatment semiannually with mine water or it would not become drinking wa-
the products indicated by the technician; ter anymore. It was necessary to demonstrate
• During cleaning, the producer opens to the cooperative members that the springs
the lowest water main (the biggest), removes did not have the required hygiene conditions,
the existent dirt, so the water is clean for more since they were open they were subject to con-
six months. tamination either coming from the air or from
the flood. And as the producers became awa-
re, they got convinced about the necessity.
Nowadays, there is a high demand, and the
awaiting registers are growing, which ensures
that the restoration work has a long time ahe-
ad because the most of properties has several
mine waters.
54
How can other agriculture compa- Olho D´Água project has been subject of
nies and farmers initiate a sustaina- television news, which makes it accessible
bility program and insert it into their with videos on the internet for visualization of
the restoration process.
routine work?
Today Cocari´s springs restoration work is

a model, drawing attention from several city
halls:
• Maringá/PR (357.077 inhabitants):
launched with the partnership of Cocari, the
Springs Identification and Restoration Pro-
gram;
• São Pedro do Ivaí/PR (10.164 inhabi-
tants): A team was trained by a technician of
Cocari, becoming able to implant the program
in the municipality;
• Jandaia do Sul/PR (20.283 inhabi-
tants): A mine water was restored by a tech-
nician of Cocari according to the city hall re-
quest;
• Lunardelli/PR (5.156 inhabitants): Co-
cari received a request and was available to
train a team, that visited the restoration area,
but did not continue the work;
• Mandaguari/PR (32.669 inhabitants)
and Lorena/SP (82.553 inhabitants): Cocari
received a request and was available to train
their teams, action that now depends on the
indication of people throughout the cities.
The same way, other city halls and com-
panies visit the restored mine waters to know
the project and implant in their regions. Cocari
is ready to accompany the interested ones and
show the process, aiming the initiative diffusion.
55
56
Resumo vas, impactando fortemente a sustentabilida-

de ambiental.
A missão da Embrapa Trigo é viabilizar so-
luções de pesquisa, desenvolvimento e ino- Por quê o programa de sustenta-
vação na cadeia produtiva do trigo e outros bilidade foi criado?
cereais de inverno para a competitividade e
sustentabilidade da agricultura em benefício Nas propriedades de agricultura familiar
da sociedade brasileira. Nesse contexto, a do Sul do Brasil, o trigo ficava limitado a ape-
demanda pela produção de biomassa para nas 25% da área cultivada, perdendo espaço
cobertura de solo e alimentação animal nas para a aveia preta e o azevém. Contudo, o
propriedades de agricultura familiar no Sul uso continuado da aveia preta e a resseme-
do Brasil orientou uma linha de pesquisa na adura espontânea do azevém acabaram re-
Embrapa Trigo voltada à geração de plantas sultando em doenças que comprometiam as
com ciclo de desenvolvimento tardio, com po- pastagens. O potencial de produção destas
tencial para produção de forragem e grãos na forrageiras também foi sendo reduzido ao
mesma área. Assim, surge o trigo de duplo longo dos anos em função da baixa variabili-
propósito, tecnologia que se encaixa perfei- dade genética.
tamente na produção agropecuária, permitin- Ademais, na Região Sul mais de 70% da
do a semeadura antecipada e diminuindo a área cultivada com culturas de verão não é
escassez de alimento para os ruminantes no utilizado com cultivos de inverno e, após a
chamado vazio outonal. As cultivares dispo- colheita das culturas de verão e antes da se-
nibilizadas foram adaptadas ao sistema pro- meadura das culturas de inverno, a grande
dutivo, apresentando tolerância ao pisoteio, maioria das áreas permanece com o solo des-
excelente rebrote após o pastejo, potencial coberto por meses, aumentando significativa-
superior de produção de forragem e grãos. mente o risco de erosão e comprometendo o
No relatório de avaliação dos impactos eco- adequado balanço de carbono. Outro grande
nômicos de agregação de renda gerada pela problema enfrentado pelos produtores nessa
adoção de cultivares de trigo de duplo pro- região é a limitação na produção de forragei-
pósito (Embrapa Trigo, 2011) foi registrado o ras para os animais durante o outono (vazio
ganho líquido do produtor em R$ 147,85 por outonal), quando as pastagens de verão es-
hectare. Além disso, o trigo de duplo propó- tão em final de ciclo e as forrageiras de inver-
sito promove a diversificação dos sistemas no estão iniciando o crescimento.
produtivos e a cobertura do solo, em período
que ficaria exposto à ação de chuvas erosi-
57
Desta forma, a tecnologia trigo de duplo

propósito veio atender a necessidade de oti-
mizar as áreas, especialmente nas pequenas
propriedades, diversificando o sistema pro-
dutivo. Assim, o uso da tecnologia permite a
geração de renda adicional e contribui para
maior produtividade dos rebanhos, com redu-
ção de custos de produção e de perdas, bem
como contribui para a racionalização do uso
do solo.
Quem se beneficia deste programa

e de que forma?
Os beneficiários da tecnologia são, prin-

cipalmente, os agricultores familiares do Sul
do Brasil, incluindo as cadeias produtivas de
leite, trigo e carne.
Com o trigo de duplo propósito, após o
pastejo, ainda é possível produzir grãos de
alta qualidade para alimentação humana e
animal, ou guardar sementes para a próxima
safra. Adicionalmente, os ganhos obtidos com
a semeadura antecipada no outono incluem
redução de riscos de erosão, maior ciclagem
de nutrientes, manutenção da matéria orgâni-
ca do solo e melhor capacidade de infiltração
e retenção de água no solo, condições que
certamente irão refletir na cultura subsequen-
te, seja de grãos ou pastagens de verão.
Os usuários da tecnologia têm relatado
ganhos de 150 a 300 kg de peso vivo por hec-
tare com gado de corte, 1200 a 2500 litros de
leite por hectare com gado de leite, e produ-
58
tividades de até 4500 kg por hectare de trigo seja, um trigo tardio-precoce que possibilita
da classe comercial pão. até dois ciclos de pastejo no outono/inverno e
No relatório de avaliação dos impactos posterior colheita de grãos.
econômicos de agregação de renda gerada Na prática, o trigo para duplo propósito é
pela adoção de cultivares de trigo de duplo semeado de 20 a 40 dias antes da época re-
propósito (Embrapa Trigo, 2011) foi registrado comendada no calendário agrícola regional.
o ganho líquido do produtor em R$ 147,85 por Os animais, bovinos ou ovinos, são distribuí-
hectare, muito acima do tradicional cultivo de dos em piquetes, com lotação alta. O primeiro
trigo em grãos ou da pecuária como ativida- pastejo ocorre após seis semanas da semea-
des independentes, geralmente vulneráveis dura, quando a planta atinge cerca de 30 cen-
às oscilações do mercado. tímetros de altura. O plantel é retirado antes
Através de relatos dos usuários, verifica- do alongamento do caule, evitando que o pri-
-se que a tecnologia está promovendo siste- mórdio floral seja removido e ocorra a morte
mas de produção sustentáveis e o desenvol- da planta.
vimento regional. Os ganhos que a tecnologia Após a retirada dos animais, é aplicada
traz para as famílias na renda dos produtores adubação de cobertura com 30 quilos de ni-
têm impactado significativamente tanto na trogênio por hectare, o que vai favorecer o re-
vida dos agricultores como na dinamização brote da planta permitindo um segundo pas-
do comércio e serviços dos pequenos muni- tejo antes do alongamento do trigo.
cípios de base agrícola. No Rio Grande do Sul, a produção do tri-
A formação de redes nas comunidades go de duplo propósito prevê a semeadura nos
envolvidas com o uso da tecnologia tem es- meses de abril e maio, os pastejos aconte-
timulado, inclusive, grupos de produtores a cem entre os meses de junho e julho, com a
vender em conjunto a produção de trigo acu- colheita dos grãos para novembro e dezem-
mulada e utilizar o dinheiro para compra de bro.
maquinário para conservar o excedente de A primeira cultivar gerada foi BRS Figueira,
forragem através de silagem e feno. em 2002, à qual seguiram-se os lançamentos
das cultivares BRS Umbu, BRS Tarumã, BRS
Como funciona o programa? Guatambu e BRS 277, compondo o portfólio
de trigo duplo propósito que a Embrapa Trigo
O trigo de duplo propósito é resultado de disponibiliza ao produtor.
uma linha de melhoramento com a seleção O desenvolvimento de cultivares adequa-
de genótipos mais tardios, com período vege- das à produção pecuária foi o primeiro passo
tativo mais longo e reprodutivo mais curto, ou para alavancar a tecnologia, mas a base que
59
permitiu a adoção do trigo de duplo propósito

consistiu nos métodos e abordagens utiliza-
das na transferência da tecnologia, especial-
mente relacionadas ao correto manejo para a
eficiência do sistema.
Além de ferramentas tradicionais de trans-
ferência, como palestras, dias de campo, fei-
ras, material de divulgação, mídia e unidades
demonstrativas, o envolvimento de parcei-
ros no processo foi fundamental. A difusão
do trigo de duplo propósito contou, além de
profissionais da pesquisa, com técnicos da
extensão rural e assistência técnica privada,
envolvendo atores da Emater, Sebrae, Secre-
tarias Municipais de Agricultura, cooperativas
e, principalmente, produtores de referência.
Neste contexto, o sucesso da tecnologia está
na apropriação integral dos aspectos de ma-
nejo pelas famílias e a intensa troca de expe-
riências entre os envolvidos.
Neste sistema o produtor rural não é ape-
nas um coadjuvante, mas ator principal do
processo como multiplicador da tecnologia. A
capacitação dos técnicos é o canal que leva
o conhecimento rapidamente até os produto-
res, corresponsáveis pela condução das uni-
dades demonstrativas instaladas dentro das
propriedades rurais. Os produtores do entor-
no acompanham o desenvolvimento do trigo
de duplo propósito regularmente, associan-
do suas percepções às explicações técnicas
através dos dias de campo, onde estações
temáticas comparam diversas espécies fo-
cando o planejamento forrageiro para o ano
60
todo. Um espaço para o produtor apresentar amenizado através da consolidação de par-

seus resultados in loco com o uso da tecno- cerias, principalmente com as prefeituras e
logia garante a aproximação com o público e revendas, que apoiaram com insumos e ma-
valida a tecnologia. quinário.
Ainda, no mercado de sementes, o produ-
Quais os desafios para a implan- tor demanda novas cultivares e lançamentos
tação do programa, para mantê-lo a cada ano agrícola, um paradigma que foi
quebrado com a tecnologia de duplo propó-
sito, já que a cultivar BRS Tarumã continua
pectivas futuras para o mesmo? crescendo no mercado desde que foi lançada
em 2004. A estimativa oficial de uso de va-
A primeira dificuldade no desenvolvimen- riedades de duplo propósito no mercado de
to do trigo de duplo propósito foram os va- cultivares de trigo não quantifica a real área
lores culturais e até religiosos relacionados cultivada com essa tecnologia. Isso porque
ao cereal como fonte de alimento humano. a maioria dos agricultores faz uso de semen-
Conceder o trigo como base da alimenta- tes próprias, guardadas nas propriedades
ção animal através do pastejo foi uma ideia ou acessadas por vizinhos ou comunidades,
que encontrou resistência tanto nos centros além do mercado informal. Estima-se que
de pesquisa quanto junto ao produtor rural, o trigo de duplo propósito representa cerca
enquanto que pecuária e produção de grãos de 10% do total do mercado de trigo no Rio
tradicionalmente configuravam atividades Grande do Sul, o que corresponde a aproxi-
dissociadas na propriedade. O receio de que madamente 100 mil hectares.
o pisoteio dos animais pode comprometer a Considerando o aumento na produção de
produção de grãos ainda persiste entre os tri- leite no sul do Brasil, pode-se esperar uma
ticultores, porém, para os pecuaristas bastou ampliação na adoção do trigo de duplo pro-
ajustar o manejo da adubação de cobertura pósito nos próximos anos. Para essa previ-
e o momento de entrada e saída dos animais são virar realidade, a pesquisa, a produção
do pasto para garantir os ganhos com maior de sementes e a transferência de tecnologia
rendimento de carne e leite. devem continuar caminhando juntas.
Outro obstáculo inicial foi a implantação
do trigo em propriedades rurais com solos
fracos e com pouca estrutura para aquisição
de insumos, o que gerava resultados pouco
consistentes quando comparados às pasta-
gens de aveia e azevém. Esse problema foi
61
Como outras empresas ligadas à citados) assumiram o papel de agentes da

agricultura e aos produtores rurais transferência.
Para o futuro, novas cultivares de duplo
propósito deverão ser lançadas pela Embra-
tentabilidade e inseri-lo em sua roti- pa Trigo, explorando diferentes usos para os
na de trabalho? cereais de inverno e abrindo inúmeras possi-
bilidades de aumentar a produção agropecu-
Um dos pontos fundamentais evidencia- ária mantendo a mesma área agrícola e me-
do por essa experiência é que o processo de lhorando processos produtivos.
transferência de tecnologia, ou seja, o pro-
cesso de aquisição, assimilação e uso tecno-
lógico, necessariamente esteve conectado ao
processo de geração de cultivares superiores,
com estratégias de transferência organizadas
e alinhadas à oferta de sementes. Dessa for-
ma, proporcionando ao produtor rural com in-
teresse na tecnologia o fácil acesso e o corre-
to posicionamento na propriedade.
A capilaridade nas ações de transferência,
com estratégias planejadas em longo pra-
zo, também foi determinante para promover
a adoção da tecnologia. Desde 2005, mais
de 180 áreas demonstrativas foram instala-
das em parceria com agricultores familiares,
Emater, Sebrae, cooperativas, instituições de
ensino e outros, visando treinar, demonstrar
e validar a tecnologia regionalmente. Ainda,
89 dias de campo e 121 encontros técnicos
foram conduzidos para um público superior a
1500 pessoas por ano.
Atualmente, a transferência da tecnologia
do trigo de duplo propósito demanda cada
vez menos ações da pesquisa, enquanto os
multiplicadores (técnicos e produtores capa-
62
Summary it would be exposed to the action of erosive

rain, causing great impact on the environmen-
The mission of Embrapa Wheat (National tal sustainability.
Wheat Research Center) is to produce solu-
tions of research, development and innova- Why was the sustainability pro-
tion for the wheat productive chain and other gram created?
winter cereals feasible for the competitiveness
and sustainability of agriculture and the bene- In small farm householders from southern
fit of the Brazilian society. In his context, the Brazil, wheat used to be limited to no more
demand for biomass production for soil cover than 25% of the area cultivated, then, black
and animal feeding in family agriculture pro- oats and ryegrass represented the largest
perties, in the southern Brazil, was important area planted. However, the continuing use of
for Embrapa Wheat to develop a research black oats and the spontaneous ryegrass re-
line, associating knowledge of genetic impro- seeding ended up resulting in diseases that
vement, zootechnics and production system damaged the available pasture. Also, the pro-
management for late developing wheat plants duction potential of these forages had been
with potential for forage and grains produc- reduced throughout the years because of low
tion in the same area. Thus, the dual-purpose genetic variability.
wheat is a technology that fits perfectly in the Besides, in the southern region, more than
productive system adopted in the southern 70% of the area cultivated with summer crops
country. It allows the use of no-till systems, is not cultivated in winter time. Furthermore,
which results in the first winter crop to offer fo- after the summer crops harvesting and before
rage, reducing food shortage to the ruminants winter crops sowing, the soil of the great majo-
in the autumn forage fall shortage. The dual- rity of the areas remain uncovered for months,
-purpose wheat shows resistance to treading, increasing the risk of erosion and compromi-
regrowth after grazing, superior potential of sing the adequate balance of carbon. Another
forage and grains adapted to production sys- great problem faced by farmers in this region
tems. In the report of economic impact evalu- is the limited forage production available for
ation of income generated by the adoption of animal feeding during the fall (Autumn forage
dual-purpose wheat cultivars (Embrapa Trigo, fall shortage). During this period, the summer
2011) the producer’s net gain was recorded in pasture is in the end of its cycle, while the
R$ 147,85 per hectare. Besides, the dual-pur- winter forage is in the beginning of its growth,
pose wheat provides diversification to produc- presenting low growth rates in this stage.
tion systems, and soil cover in a period when This way, the dual-purpose wheat tech-
63
nology meets the need for optimizing areas, Analyzing, wheat users’ reports, it is veri-
mainly in small properties, diversifying the fied that this technology has promoted sustai-
adopted productive system. Thus, the use of nable production systems and regional deve-
technology allows additional income genera- lopment. The higher income brought to family
tion and contributes for greater herd producti- farmers who adopted this technology has sig-
vity, reducing the production costs and losses, nificantly influenced family farmers’ lives as
as well as contributing for the soil use rationa- well as the dynamization of business and ser-
lization. vices of small rural-based towns.
The formation of nets in communities,
Who benefits from this program where this technology has been used, has en-
and how? couraged those farmers to get together also
to sell their wheat production accumulated
The beneficiaries of this technology are and to use the money to purchase machinery
mainly family farmers, from the South of Bra- to keep the forage surplus through silage and
zil, including the productive chains of milk, hay.
wheat and meat.
With the dual-purpose wheat, after gra- How does the program work?
zing, it is still possible to produce high quality
grains for human and animal feeding, as well Dual-purpose wheat is a result of a bre-
as keeping seeds for the next crop. Additio- eding strategy involving the selection of late
nally, the gains obtained from adopting the genotypes, with longer vegetative period and
no-till system in the autumn include the reduc- shorter reproductive cycle, that is, a late-early
tion of erosion risks, higher nutrient cycling, wheat that allows up to two grazing cycles
soil organic matter maintenance and better in Autumn/winter and subsequent harvest of
water infiltration and retention in the soil. The- grains.
se are conditions that will certainly reflect in In practice, the dual-purpose wheat is plan-
the subsequent crop for grain production as ted from 20 to 40 days before the recommen-
well as for summer pasture. ded sowing time. Cattle or sheep are distri-
The users of this technology have reported buted in crowded paddocks. The first grazing
gains from 150 to 300 kg weight per hectare occurs after six sowing weeks when plants
with beef, from 1200 to 2500 liters of milk per reach around 30 centimeters height. Animals
hectare with dairy cattle, and productivity of are removed before the stem elongation, avoi-
up to 4500 kg per hectare of wheat in com- ding that the floral primordium is removed and
mercial class ‘bread’. the plant dies.
64
After moving the animal, covering fertili- Wheat provides to farmers in the southern re-
zation is applied with 30 kilos of nitrogen per gion.
hectare, which will favor the plant regrowth, The development of cultivars that are ade-
allowing a second grazing before the wheat quate to livestock production was the first
elongation. step towards the technology advance, but the
In Rio Grande do Sul, the dual-purpose base, that allowed the adoption of the dual-
wheat production predicts sowing in April and -purpose wheat, was consisted of methods
May. Grazing happens between June and and approaches used in the transference of
July and the grains harvesting is in November technology, which were related to the correct
and December. handling for the efficiency of the system.
Some care is necessary for dual-purpose Besides traditional tools of transferen-
wheat handling, to wit: ce, like lectures, field days, fairs, publishing
- Wheat sowing must occur from 20 to material, media and demonstrative units, the
40 days before the recommended sowing partners’s involvement in the process was
time; very important. Thus, the spread of the dual-
- Density must be 300 seeds/m², with -purpose wheat counted on technicians of ru-
spacing of 20 cm between lines; ral extension and private technical assistance
- Half nitrogen covering must be placed besides research professionals, involving pe-
in the wheat tillering and the other half after ople of Emater, Sebrae, Municipal Secretries
grazing. of Agriculture, cooperatives and mainly produ-
- The ideal moment for grazing is the cers of reference. The success of this techno-
stem tillering/elongation stage, when the gre- logy is because of the full domain of produc-
en mass plants are 30 cm or 700g per square tion system management aspects by families
meters; and the intense exchange of experiences be-
- Maximum period for the animal remo- tween the people involved.
val is 40 days before summer sowing, which In this system, the farmers do not have a
will allow the haystack accumulation for no- supporting role only, but they have the main
-tillage system. role in the process of improving this techno-
logy. The technicians’ training is the bridge to
The first cultivar created was BRS Figuei- take knowledge to farmers who are the co-
ra, in 2002, which was followed by the launch -responsible to drive the demonstrative units
of cultivars BRS Umbu, BRS Tarumã, BRS installed inside rural properties. The farmers
Guatambu and BRS 277, comprising the por- of the surroundings follow the development of
tfolio of the dual-purpose wheat that Embrapa the dual-purpose wheat regularly, and asso-
65
ciate their perceptions to technical explana- which generated little consistent results when
tions through field days, where theme stations compared with oat and ryegrass pasture. In
compare several species, focusing the forage practice, this problem was amended through
planning to the whole year. A space for the far- partnerships mainly with City Halls, and dea-
mers to present their results in loco with the lerships that provided support inputs and ma-
use of this technology guarantees the appro- chinery.
ach towards the public. Yet, it validates this Yet, as for seeds market, the producer de-
technology. mands new cultivars and launch at each agri-
cultural year, a paradigm that was broken with
the dual-purpose technology, since cultivar
What are the challenges to im-
BRS Tarumã continues to grow in the market
plant and to keep the program run- since it was launched in 2004. The official es-
ning, and what is the outlook for the timate of the use of dual-purpose varieties in
future? the Market of wheat cultivars does not quan-
tify the real area planted with this technology.
The first difficulties towards the develo- That is why the majority of the farmers make
pment of the dual-purpose wheat were the use of their own seeds kept in the properties
cultural and even religious values that are or accessed by neighbors or communities,
related to cereal as source of food. Granting besides the informal market. It is estimated
wheat as the base for animal feeding through that this type of wheat represents around 10%
grazing was an idea that found resistance in from the total of wheat market in Rio Grande
the research centers as well as together with do Sul, which corresponds to nearly 100 thou-
farmers, while livestock and grains production sand hectares.
traditionally constituted activities dissociated Considering the circumstances of the in-
on the property. The fear that the animal tre- crease in the milk production in the Southern
ading may damage the grain production still Brazil, we can expect an increase in the adop-
persists among farmers. Thus, to livestock tion of the dual-purpose wheat in the years to
farmers, adjusting the covering fertilizing han- come. So that this prediction becomes real,
dling and the moment of the entrance and exit the research, the seeds production and the
of the animals was enough to guarantee the technology transference must continue their
yield of meat and milk. way together.
Another obstacle was the implantation of
wheat in rural properties with poor soil and
little structure for the acquisition of inputs,
66
How can other agriculture compa- opening several possibilities to increase the
nies and farmers initiate a sustaina- livestock production, maintaining the same ru-
bility program and insert it into their ral area and improving productive processes.
routine work?
One of the main points shown by this ex-

perience is the fact that the process of tech-
nology transference, that is, the process of ac-
quisition, assimilation and technological use,
was necessarily connected with a process of
superior cultivars generation, with strategies
of transference organized and in line with se-
eds offers. This way, making feasible to rural
producers, who are interested in technology,
the easy access and correct positioning in the
property.
The capillarity in the actions of transferen-
ce, with long-term planned strategies, was also
important to promote the adoption of this tech-
nology. Since 2005, more than 180 demons-
trative areas were installed in partnership with
Family farmers, Emater, Sebrae, cooperatives,
teaching institutions and others, aiming at trai-
ning, demonstrating and validating technology
regionally. Yet, 89 field days and 121 technical
meetings were led to an audience that was su-
perior to 1500 people per year.
Nowadays, the dual-purpose wheat techno-
logy transference demands less research ac-
tions, while multipliers (trained technicians and
farmers) assumed the role of transference.
To the future, new dual-purpose cultivars
must be launched by Embrapa Wheat, ex-
ploring different uses for winter cereals and
67
68
Resumo gestão de suas atividades, o programa tam-

bém contribui para o aumento natural da poli-
Contribuir para o aperfeiçoamento da ativi- nização das plantas, uma vez que estimula o
dade apícola nas unidades florestais da Fibria, desenvolvimento populacional do principal in-
implantar novas tecnologias com apicultores, seto responsável pela polinização de 1/3 das
produtores rurais e da agricultura familiar e culturas agrícolas e de 70% das plantas do
organizar de forma sustentável a cadeia pro- mundo: a abelha.
dutiva do mel a partir do fortalecimento de as-
sociações e cooperativas de apicultores nos Por quê o programa de sustenta-
municípios de atuação da empresa são os bilidade foi criado?
principais objetivos dessa iniciativa, que visa
à melhoria na geração de renda e da qualida- A economia da região do sudoeste pau-
de de vida dessas comunidades. lista gira em torno da agricultura e das ati-
O Programa Colmeias é resultado de uma vidades florestais em extensas áreas com
parceria entre a empresa e as comunidades plantios de eucalipto e pinus. Nesse cenário,
nos Estados da BA, ES, MS, RS e SP. O pro- proporcionar meios de utilização múltipla da
grama busca auxiliar o processo de desen- floresta é conciliar o aumento do setor com o
volvimento e de sustentabilidade dos grupos desenvolvimento socioambiental, agregando
de agricultores familiares em iniciativas que valor ao negócio e gerando renda para as-
podem ser consorciadas com as áreas flores- comunindades. Inicialmente implantado em
tais. Nesse contexto a apicultura se mostra 2005 no município de Capão Bonito (SP), a
potencialmente interessante, pois os agricul- iniciativa surgiu da demanda crescente de in-
tores podem acessar áreas de plantios de teressados em utilizar as áreas florestais da
Eucaliptus spp. da empresa, sem lhe causar Fibria para a exploração apícola e também da
prejuízos, e com isso ampliam os usos e as necessidade da formalização e estruturação
funções para essas áreas, muitas vezes vizi- do setor no município.
nhas de suas propriedades. Em 2006, as atividades se expandiram
O Programa atende a uma demanda cres- para as demais áreas da empresa na Bacia
cente das comunidades ao uso das áreas do Alto Paranapanema, devido a solicitações
florestais para a exploração apícola de forma de apicultores nas demais cidades. O número
sustentável e como meio de promover o fo- de beneficiados do projeto ampliou e a pro-
mento ao desenvolvimento econômico local dução de mel aumentou. Esse crescimento
pelo uso racional e múltiplo da floresta. Além promoveu a necessidade de a empresa gerar
da conquista da autonomia dos grupos na metodologias para a replicação do projeto em
69
outras regiões e a definição da área territorial

de atuação, priorizando os municípios da re-
gião do sudoeste paulista. Dessa forma, três
associações com apicultores das comunida-
des locais foram estruturadas: Capão Bonito,
Itapetininga e Itapeva.
Em 2007 as metas tiveram como objetivo
consolidar as atividades apícolas em âmbito
regional, a partir do fortalecimento das asso-
ciações. Com os bons resultados obtidos, em
2011 surgiu um novo desafio: transformar o
projeto em programa de apicultura da Fibria e
replicar a metodologia em todas as unidades
da empresa no Brasil.

ma e de que forma?
Os apicultores são os maiores beneficia-

dos pelo programa, seja por meio de uma as-
sociação de apicultores seja por meio de uma
cooperativa. Aqueles que aderem têm acom-
panhamento gratuito de desenvolvimento e
profissionalização das atividades apícolas.
Diante disso, o programa surge como meio
facilitador para a incorporação de um projeto
socioambiental como ferramenta para o apri-
moramento dos grupos de apicultores locais,
propondo ações como a utilização do poten-
cial apícola das áreas florestais da empresa
(as colmeias são instaladas dentro da floresta
de eucalipto), a capacitação e assistência téc-
nica especializada quanto ao manejo e à pro-
dutividade das colmeias, a organização dos
70
apicultores em associações e/ou cooperati- apicultores, criando dessa forma um fundo

vas, a gestão do negócio, acesso às políticas de reserva que serve para subsidiar o cresci-
públicas como o Programa para Aquisição de mento da associação.
Alimentos - PAA, o Programa Nacional de Ali- Os principais resultados obtidos são pro-
mentação Escolar - PNAE, a comercialização venientes da organização dos apicultores em
para merenda escolar, entre outras. associações. Atualmente o programa atende
878 apicultores de 25 associações de pro-
Como funciona o programa? dutores, que somam juntos milhares de col-
meias dentro das áreas florestais da empre-
Incentivamos e fomentamos a apicultura sa. A produtividade também é alta: em 2012
por meio do apoio e fortalecimento dos grupos foram produzidas 972 toneladas de mel. O
e das associações de apicultores nos Estados destaque fica por conta da certificação orgâ-
de BA, ES, MS, SP e RS. Através da parceria, nica obtida pela associação de Capão Bonito
o Programa Colmeias oferece gratuitamente (SP), que garante a procedência e a qualida-
e a título de ação socioambiental sua base de orgânica de um mel 100% natural e livre
florestal (florestas de eucalipto para produção de resíduos, fruto do manejo realizado pelos
de celulose) com mais de um milhão de hec- apicultores e da certificação das florestas de
tares no Brasil para a instalação de colmeias eucalipto que agrega valor ao produto. A as-
de abelhas da espécie Apis mellifera para a sociação exportou pela primeira vez aos Es-
produção de mel e seus subprodutos. tados Unidos 87,5 toneladas de mel orgânico.
As áreas são demarcadas e os locais onde A partir de 2013, a estratégia da empresa
estão instalados os apiários são georreferen- foi concentrar seus investimentos no desen-
ciados. Após treinamentos de segurança e volvimento da apicultura profissional e sus-
cursos de apicultura, os beneficiados come- tentável, principalmente no apoio à apicultura
çam a etapa de manejo e produção de mel familiar e inclusiva. As atividades desenvol-
dentro das áreas preestabelecidas. vidas também proporcionam ações ligadas
Durante as floradas, é possível produ- diretamente às questões ambientais ao pro-
zir mel tanto da florada do eucalipto como mover práticas de baixo impacto ambiental,
também da florada das matas nativas, neste prioridade na utilização de insumos de origem
caso, o mel silvestre. e procedência garantidas por meio de certifi-
As associações são capacitadas em ges- cações, além do incentivo à meliponicultura,
tão e comercialização, e para cada colmeia que através do repovoamento de abelhas na-
instalada dentro da área da empresa dois qui- tivas e a preservação de espécies ameaça-
los de mel são destinados à associação de das, contribui-se de forma significativa para o
71
aumento da polinização natural das plantas e

conseqüentemente da produção de alimentos
que necessitam deste processo.
Quais os desafios para a implan-

Os principais desafios do programa são

fechar o ciclo da cadeia ao apoiar os benefi-
ciados na comercialização de seus produtos,
acessar as políticas públicas, como PAA e
PNAE, e promover a autonomia dos benefi-
ciados por meio de qualificação e profissiona-
lização, alcançando resultados satisfatórios.
Com a estruturação do programa de apicul-
tura, a meta é auxiliar os leques produtivos
(mel, geleia real, própolis, pólen, apitoxina,
néctar) da atividade apícola de cada região,
com desafio de viabilizar o enorme potencial
que existe dentro das florestas plantadas para
as comunidades vizinhas, tornando, dessa
forma, a cadeia do mel a atividade mais pro-
dutiva no Brasil, contribuindo com o desen-
volvimento local sustentável e a geração de
renda.
72
Como outras empresas ligadas à Summary

podem iniciar um programa de sus- Contributing towards the development of
beekeeping at Fibria’s Forest Units, introdu-
cing new ideas and technology, in partnership
na de trabalho? with the beekeepers and local farmers, and
ensuring that the honey production chain is
Pela experiência apresentada, organiza- sustainable, by strengthening the beekee-
ção, comprometimento e responsabilidade ping associations and cooperatives in muni-
são fundamentais para o desenvolvimento de cipalities where the company operates, are
qualquer ação que tenha por objetivo o desen- the main objectives of this initiative, aimed at
volvimento sustentável. Dessa forma, sugeri- improving the income generation and quality
mos iniciativas que contemplem, se necessá- of life of these communities. The Beehives
rio, a criação de uma organização legítima e Program is the result of a partnership betwe-
autônoma, capacitada no gerenciamento de en the company and local communities in the
suas atividades e comprometida com o de- states of Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso
senvolvimento local; com o social e ambien- do Sul and São Paulo. The program seeks to
tal; com a melhoria da qualidade de vida das assist the process of development and sus-
comunidades; com o aumento da produção e tainability of these groups of small-scale far-
da produtividade rural e urbana, bem como mers in initiatives that can be integrated with
da renda advinda; com o aperfeiçoamento da the company’s forests. In this context, beeke-
gestão técnica e comercial da atividade; com eping shows interesting potential, because
a implementação das atividades propostas de the producers, who often live on neighboring
maneira a compatibilizar interesses das em- properties, can access the company’s Eu-
presas e dos produtores; com a restauração e calyptus spp. plantations and enhance the
o enriquecimento da mata nativa; e com o uso utility of these areas without causing any ill
responsável dos recursos naturais. effects. The program is responding to growing
demand from local communities to be able to
use the forests for sustainable beekeeping, as
a a way of promoting local economic develo-
pment through the rational and multiple use
of the forests. Besides helping the groups to
achieve administrative, the program also sti-
mulates the natural pollination of plants by
73
encouraging population growth of the insect for the local communities in Capão Bonito,
that is responsible for pollinating one third of Itapetininga and Itapeva. In 2007, the goal
all agricultural crops and 70% of the world’s was to consolidate the beekeeping activities
plants: the bee. at the regional level, by strengthening the as-
sociations. Due to the good results that were
Why was the sustainability pro- obtained, a new challenge arose in 2011: to
gram created? transform the project into a Fibria beekeeping
program and replicate the methodology at all
The economy of the southwest of the sta- the company’s units in Brazil.
te of São Paulo is based on agriculture and
forestry activities in the region’s extensive Who benefits from this program
plantations of eucalyptus and pine. Within this and how?
scenario, providing the means for multiple use
of the forest combines the development of the The beekeepers are the greatest benefi-
sector with socio-environmental development, ciaries of the program. Whether it be through
adding value to the business and generating an association or a cooperative, those who
income for the local communities. This was have joined the program receive free monito-
first introduced in 2005, in the municipality ring of the professional development of their
of Capão Bonito, in response to the growing beekeeping activities. Consequently, the pro-
demand of people interested in using Fibria’s gram has become a facilitator for the incor-
forests for beekeeping, along with the need poration of a socio-environmental project as a
within the municipality for the sector to be or- tool aiding the development of groups of local
ganized on a formal basis. In 2006, the activi- beekeepers, proposing actions such as utili-
ties expanded to other company areas in the zing the apicultural potential of the company’s
Upper Paranapanema river basin, due to the forests (the hives are installed within the eu-
demand from beekeepers in other municipali- calyptus forest), specialized training and tech-
ties. The number of beneficiaries of the project nical assistance regarding the management
was growing and the honey production was and productivity of the hives, the organizing of
increasing. This brought about a need for the beekeepers in associations and/or coopera-
company to develop a methodology for repli- tives, management and marketing of the bu-
cation in other regions, as well as to designate siness, access to public policies such as the
the areas of operation, giving priority to muni- PAA (Food Purchasing Program) and PNAE
cipalities in the southwest of São Paulo state. (National School Food Program), selling to
Three beekeeping associations were set up schools, and others.
74
How does the program work? sands of hives within the company’s forests.
These are highly productive, turning out 972
We encourage and foster beekeeping tons of honey in 2012. One highlight is the or-
by supporting and strengthening beekee- ganic certification obtained by the Capão Bo-
ping groups and associations in the states of nito association, which guarantees the origin
Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, and quality of an organic honey that is 100%
São Paulo and Rio Grande do Sul. Through natural and pure. This is the fruit of the beeke-
partnerships, the Beehive Program offers free epers’ management and the certification of
of charge, as a socio-environmental action, its the eucalyptus forests and it adds value to the
forest base (eucalyptus forests for pulp pro- product. The association has, for the first time,
duction) within Brazil, covering more than one exported organic honey to the United States,
million hectares, for the installation of bee hi- with the shipment of 87.5 tons of the product.
ves housing the species Apis mellifera, for the From 2013, the company’s strategy has been
production of honey and its by-products . The to concentrate its investments on the develo-
areas are delineated and the locations where pment of sustainable professional apiculture,
the beehives are installed are geographically particularly in support of inclusive and fami-
plotted. Following a program of safety training ly beekeeping. The activities are also direc-
and beekeeping courses, the beneficiaries tly linked to action on environmental issues,
start handling the bees and managing the through the promotion of practices that have
honey production within the predetermined a low environmental impact, such as encoura-
areas. During the flowering season, one can ging the use of the melipona genus (stingless
obtain honey both from the eucalyptus flowers bees) and native bees and restocking the po-
and from those of the native forest flowers; pulation of bees responsible for the natural
the ‘mel silvestre’ (honey from mixed natural pollination of plants.
sources). The associations receive training
in management and marketing and they are What are the challenges to im-
given two kilos of honey for every hive that plant and to keep the program run-
is formally installed on company land, there- ning, and what is the outlook for the
by creating a reserve fund to subsidize the
association’s development. The main results
future?
that have been achieved are through the or-
The main challenge facing the program
ganizing of the beekeepers into associations.
is to complete the chain of support to the
The program currently serves 878 beekeepers
beneficiaries, through the marketing of their
in 25 associations, who have installed thou-
products and access to public policies such
75
as the PAA (Food Purchasing Program) and and commercial management of the activity,
PNAE (National School Food Program), while implementing the proposed activities in a way
at the same time promoting their autonomy. that reconciles the interests of the companies
But by means of professional training and and the producers, and the restoration and
qualifications, it is possible to achieve satis- enhancement of the natural vegetation, and
factory results. The goal of the structuring that recognizes the importance of forming a
of the beekeeping program is to support the trained group that knows how to make res-
apiculture product range (honey, royal jelly, ponsible use of the natural resources.
propolis, pollen, bee venom, nectar) in each
region, in order to realize the huge potential
to benefit neighboring communities that lies
within the planted forests. In this way, the ho-
ney production chain is becoming the most
productive activity in Brazil and contributes
towards sustainable local development and
income generation.
How can other agriculture compa-

nies and farmers initiate a sustaina-
routine work?
From the experiment acquired, it is clear
that organization, commitment and responsi-
bility are fundamental to the development of
any action aimed at sustainable development.
Hence, we suggest initiatives that involve the
setting up, should one not already exist, of a
legitimate autonomous organization that is
capable of managing its own activities and is
committed to local development, social and
environmental issues, improving the quality of
life in local communities, increasing rural and
urban productivity and production and the in-
come deriving from it, improving the technical
76
77
Resumo de maneira temática, em diferentes cadeias

produtivas, por isso, o programa de desenvol-
A Korin é uma empresa seguidora dos prin- vimento não foca produtos específicos, e sim
cípios da Agricultura Natural, sistema preco- os elos da produção priorizando a construção
nizado por Mokiti Okada (Japão, 1882-1955). de cadeias de valor.
Fundada em 1994 em São Paulo produz e
comercializa produtos naturais e orgânicos Por quê o programa de sustenta-
priorizando a: saúde de produtores e consu- bilidade foi criado?
midores, a preservação do meio ambiente e
a responsabilidade social. Sua missão é ofe- O programa de sustentabilidade foi cria-
recer alimentos seguros e de alta qualidade à do devido à aderência que a empresa possui
sociedade. É a primeira e única empresa no com os princípios da Agricultura Natural. O
país a estabelecer um processo produtivo em objetivo principal da empresa é fornecer à so-
escala industrial, de produção de frangos e ciedade alimentos mais seguros e produzidos
ovos, sem uso de antibióticos, promotores de de forma sustentável. Para isso, os princípios
crescimento, quimioterápicos e ingredientes e conceitos da Agricultura Natural são trans-
de origem animal na dieta das aves. Sendo feridos pragmaticamente para seus parceiros,
pioneira também na produção de frango orgâ- produtores e fornecedores de matéria prima,
nico. Realiza a gestão de seus projetos atra- contribuindo assim para o surgimento e for-
vés do Project Management Institute - PMI. talecimento de uma cadeia de suprimentos
É uma das maiores empresas brasileiras na diferenciada, embasada em princípios agro-
produção orgânica certificada. Desenvolve ecológicos.
tecnologias que priorizam a sustentabilidade Dentre as várias cadeias produtivas no
econômica, ambiental e social, transferindo- Brasil, percebemos que as do setor avícola
-as para seus produtores. Atua na integração possuem uma estrutura coesa, dominada por
e coordenação dos atores em suas cadeias grandes agroindústrias do setor. Há uma acir-
produtivas o que gera produtos com valor rada disputa de preço, reduzindo margens de
agregado. Conscientiza consumidores forta- lucro, o que inibe o ingresso do pequeno pro-
lecendo uma cadeia de valor inovadora, onde dutor, ou mesmo iniciativas de se produzir em
práticas agroecológicas no campo são enco- menor escala.
rajadas. A empresa trabalha na adequação Atualmente a empresa atua no segmen-
ambiental de sua unidade e oferece apoio to de produtos com qualidade diferenciada,
técnico aos seus parceiros para que adequem como exemplo os produtos orgânicos. Ela-
suas propriedades. Desta forma, a Korin atua bora protocolos ou adota processos embasa-
78
dos em mecanismos de certificações, como a

certificação em bem-estar animal. Com estes
atributos a empresa consegue posicionar-se
frente à grande concorrência imposta pelos
produtos comoditizados.
Seus produtos recebem um preço pre-
mium, o que demonstra o crescente interesse
dos consumidores, cada vez mais atentos às
práticas de produção. Neste momento, a Ko-
rin alcança seu segundo objetivo, que é divul-
gar novos modelos de produção, mostrando
que com diferenciais é possível a inserção no
mercado.

ma e de que forma?
Há uma melhora na qualidade de vida de

todos os agentes da cadeia produtiva, pois a
Korin trabalha com aspectos econômicos, so-
ciais, ambientais e de estímulo ao consumo
de alimentos saudáveis.
Os produtores são beneficiados por auxí-
lios financeiros, oferecidos sem adição de ta-
xas e juros, o que contribui para a permanên-
cia dos mesmos no meio rural, assim como,
possibilita a diversificação da renda familiar.
A não utilização de antibióticos, quimiote-
rápicos e melhoradores de desempenho con-
tribuem diretamente para a saúde dos produ-
tores e seus familiares que não se expõem
a essas substâncias. O desenvolvimento de
bactérias resistentes é um tópico dos mais
relevantes na agenda mundial sobre saúde
79
pública. com a legislação brasileira específica para a

Solo e água não são poluídos por essas produção de alimentos orgânicos. A certifica-
substâncias, contribuindo para sua preser- ção em bem estar animal, abrange desde o
vação da fauna e flora nativas. Além disso, inicio da criação ao abate.
a agricultura praticada pela empresa adota Para transmitir ao consumidor essas infor-
métodos conservacionistas embasados em mações, a Korin construiu um mecanismo de
princípios agroecológicos, contribuindo para certificação do frango AF baseada nas nor-
a qualidade ambiental das propriedades. mas da Associação de Avicultura Alternativa
Existem trabalhos de intercâmbio com univer- (AVAL) e, desde 2008 é inspecionada e certifi-
sidades nacionais e internacionais. Palestras cada pela WQS (World Quality Services), con-
são ministradas para funcionários e públicos firmando que os procedimentos na produção
diversos, nas quais é ressaltada a importân- de frango de corte garantem que: antibióticos
cia da sustentabilidade, da qualidade de vida não são utilizados, os elementos proteicos da
e da saúde. Em 2012 a empresa recebeu, em dieta são de origem vegetal, e a rastreabilida-
sua unidade produtiva em Ipeúna-SP, aproxi- de é mantida em toda a cadeia produtiva. Os
madamente 2000 visitantes entre pesquisa- animais são criados com espaço e condições
dores, graduandos e consumidores. Assim, a suficientes para manifestar comportamentos
Korin gera externalidades positivas para toda naturais e são abatidos humanitariamente.
a sociedade. Esse diferencial é certificado pela Ecocert
Brasil, acreditada pela HFAC (Humane Farm
Como funciona o programa? Animal Care), entidade norte americana que
estabelece normas para essa certificação. O
A Korin produz e comercializa frutas, le- frango orgânico Korin é inspecionado e certi-
gumes, verduras orgânicas e frangos e ovos ficado pelo IBD – Instituto Biodinâmico.
através do sistema da Agricultura Natural. A A cadeia produtiva é constituída pela Ko-
produção de frangos e ovos divide-se em três rin, produtores de grãos, produtores de fran-
categorias: i) AF (antibiotic free): sem uso de gos e ovos e produtores de insumos. Seus
antibióticos terapêuticos ou como melhora- produtores recebem orientação técnica e são
dores de desempenho e sem ingredientes de bonificados por resultados. Como parte da
origem animal na dieta; ii) Caipira: criados nos estratégia, há o incentivo aos produtores para
mesmos moldes que o AF, mas com acesso á que desenvolvam sua produção através da
áreas externas e com utilização de raças de adoção de práticas conservacionistas.
crescimento lento, sendo estes, abatidos com Faz a gestão de seus projetos com base
idade maior; e iii) Orgânico: criados de acordo na metodologia do PMI, o que permite melhor
80
gerenciamento das atividades e distribuição

dos recursos financeiros.
Embalagens de produtos utilizados pelos
produtores são recolhidas pela empresa que
faz a correta destinação.
Melhorias na indústria permitiram que
os resíduos de abate sejam processados e
transformados em coprodutos, comercializa-
dos como ingredientes de rações orgânicas e
tipo premium para animais pet. A água tratada
na estação de tratamento de efluentes é uti-
lizada para a fertirrigação de eucalipto, cujo
projeto de plantio prevê a obtenção de lenha
para a geração de calor, resultando em um
custo de energia significativamente menor.
Paralelamente a empresa realizou regula-
rização ambiental através do programa Agen-
da Verde da CETESB e disponibiliza auxílio
técnico aos produtores parceiros, para que
também adequem suas propriedades.
Por estas e outras iniciativas a empresa é
reconhecida como uma unidade de produção
sustentável. Pesquisadores da EMBRAPA
através do sistema de indicadores APOIA-
-Novo Rural, desenvolvido na Embrapa Meio
Ambiente, inferiram sobre a sustentabilidade
da unidade produtiva. Este método possui
uma escala entre 0 e 1 no índice de desempe-
nho ambiental. Índices acima de 0,7 indicam
aspectos de sustentabilidade. Na ocasião, a
empresa obteve como resultado final o índi-
ce de 0,87, um valor considerado excelente e
inédito pelos pesquisadores.
Motivada por isto, a Korin concorreu e foi
81
agraciada com o prêmio ECO nas edições viabilidade do processo. Em 1999, adotou o
2012 e 2013, conferido pela American Cham- modelo de integração, que permitiu a expan-
ber of Commerce for Brazil (AMCHAM) na são da produção.
modalidade “Práticas de Sustentabilidade”, Através de financiamento a pesquisas e
pela construção de cadeias produtivas sus- do incentivo à capacitação de seus colabo-
tentáveis. Em 2012 também foi contemplada radores houve melhorias no manejo, na nu-
com o Prêmio Greenbest, na categoria “ali- trição e finalmente nos índices zootécnicos,
mentação”, premiação realizada pelo GRE- concretizando o sucesso do negócio.
ENVANA. Atualmente, a empresa encontra-se no
Por ser pioneira na avicultura alternativa, seu momento de maior solidez e expansão
a empresa gera e valida novas tecnologias. de atividades. Possui contratos de parceria
Trabalhos científicos desenvolvidos em par- com 27 produtores de frango, alojando 4 mi-
cerias com instituições de ensino e pesquisas lhões de aves por ano, e com 3 produtores de
são publicados internacionalmente e consti- ovos, que alojam 72 mil galinhas em sistema
tui-se em uma forma de divulgação e incenti- livre de gaiolas. A qualidade e os diferenciais
vo a outras iniciativas. da ração produzida em fábrica própria são
parte central no processo de produção. São
Quais os desafios para a implan- consumidos 13 mil ton. de milho/ano, sendo
tação do programa, para mantê-lo que 52% são comprados diretamente de mais
de 200 produtores familiares, dinamizando a
economia local.
pectivas futuras para o mesmo? A ascensão da marca aumentou a deman-
da pelos seus produtos. Em 2010, a revista
As dificuldades iniciais foram muitas. Uti- Supermercado Moderno elegeu a Korin como
lizando-se de meios alternativos, a empresa a 5ª marca mais lembrada pelos varejistas na
deparou-se com o ceticismo dos produtores. Grande São Paulo e Rio de Janeiro. Surgiram
No mercado, sem uma marca conhecida, novas oportunidades de negócios e empre-
seus produtos competiam com aqueles de sas que produzem com conceitos afins foram
grandes e tradicionais empresas de avicultu- aprovadas para comercializar seus produtos
ra. Os processos alternativos e a baixa esca- com a marca Korin, a exemplo do mel, café,
la de produção implicavam em elevado custo arroz, etc. Com isso, traçou metas audacio-
produtivo. sas. Em 2013 dobrou a produção de ovos e
Para sua inserção no mercado, em 1995, continuará aumentando o número de aves
fez-se necessário o investimento na constru- alojadas. Para a produção de frango, carro
ção de granjas próprias para demonstrar a
82
chefe da empresa, a meta é produzir três ve-

consideram o meio ambiente e o equilíbrio
social como partes integrantes do processo
zes mais até 2015. No segmento de frutas,
de produção.
legumes e verduras a meta é quadruplicar a
produção até o final de 2014. Atualmente, o fortalecimento da marca Ko-
rin e o crescimento da linha de negócio cons-
Como outras empresas ligadas à tituem provas de que é possível a replicação
agricultura e aos produtores rurais de um sistema agroalimentar sustentado pela
construção de cadeia de valor, principalmente
devido ao crescimento do número de consu-
tentabilidade e inseri-lo em sua roti- midores que demandam produtos oriundos
na de trabalho? de sistemas de produção sustentáveis.
Eles podem iniciar à medida que busquem

assegurar seus processos para a construção
de uma cadeia de valor. A construção desta
cadeia gera oportunidades para pequenos e
médios produtores de matéria prima se esta-
belecerem no mercado.
No caso da Korin, a busca por seguir o
modelo da Agricultura Natural com todos os
seus embasamentos filosóficos e humanis-
tas, naturalmente direcionou-a para a busca
do equilíbrio entre suas demandas produti-
vas, o meio ambiente, seus colaboradores
internos e seu público externo.
É importante também que empresas e pro-
dutores busquem a aproximação com ideias
e pensamentos oriundos muitas vezes de
movimentos filosóficos, de forma que tenham
um guia a ser seguido. Este guia lhes confe-
rirá a força necessária para superar o padrão
econômico vigente, que por vezes conduz ao
estabelecimento de práticas com viés exces-
sivamente produtivista, e que nem sempre
83
Summary productive chains, therefore the development

program does not focus on specific products,
Korin is a company that follows the Natu- but in the production steps prioritizing the
re Farming principles, a system advocated by construction of a value chain.
Mokiti Okada (Japan, 1882-1955). Founded
in 1994 in São Paulo, Korin produces and tra- Why was the sustainability pro-
des natural and organic products prioritizing: gram created?
health of producers and consumers, environ-
ment preservation, and social responsibility. The sustainability program was created
Thus, offering safe and high quality food to due to the company’s commitment to the Na-
society is its main mission. Korin is the first ture Farming principles. The main aim of the
and only company in the country to establish company is to supply safer food produced in
a mass-production process of chicken broilers a sustainable way to the society. Therefore,
and eggs free of antibiotics, growth promo- the principles and concepts of Nature Farming
ters, chemotherapics and animal ingredients are pragmatically transferred to its partners,
in the poultry diet. It is also a pioneer in the producers, and raw material producers, thus
production of organic chicken broilers. It runs contributing to the emerging and strengthe-
projects’ management using the PMI - Pro- ning of a unique supply chain based on agro-
ject Management Institute, which is one of the -ecological principles.
largest Brazilian companies in the production Among various food production chains in
of certified organic products. Korin develops Brazil, it is noticed that the aviculture sector
technologies that prioritize economic, envi- has a coherent structure dominated by big
ronmental and social dimensions of sustai- agro industries. Small producers are hinde-
nability, transferring them to its collaborative red to enter in the market, or even initiatives of
producers. The company coordinates all the producing in small scales are prevented due
agents related to its supply chain, generating to the fierce price dispute, reducing to a mini-
value-added products. By promoting consu- mal profit margin.
mers’ awareness it strengthens an innovative Currently Korin is able to position itself
value chain, where agro-ecological practices front of this great competition imposed by
in the field are encouraged. The company commodity products as the company ope-
works in its unit’s environmental suitability rates in the segment of differentiated quality
and offers technical support to the farmers, products, such as organic ingredients and
enabling them to improve their properties. In products, elaborates protocols or adopts pro-
this way, Korin works thematically in different cess grounded in mechanisms of certifications
84
such as certified in animal welfare. ded in agro-ecological principles which con-

The premium price its products have sho- tribute to the environmental quality of the far-
ws the growing interest of more conscious ms. There are also collaborative research with
consumers about production practices. At this Brazilian and international universities. Lectu-
moment, Korin has reached its second aim, res highlighting the importance of sustainabili-
which is to promote new production models ty, life and health quality are given to employe-
showing that through the differentials it is pos- es and public in general. In 2012 the company
sible to find a niche in the market. received, in its production unit in Ipeúna-SP,
approximately two thousand guests including
Who benefits from this program researchers, college students and consumers,
and how? hence, Korin creates positive externalities to
the whole society.
There is an improvement in the quality of
life of all agents involved in the productive How does the program work?
chain since Korin values the economic, social
and environmental aspects, stimulating the Korin produces and markets fruits, vege-
consumption of healthy food. tables, chicken meat and eggs in accordance
The farmers are granted with financial with the Nature Farming System. The produc-
aid benefits offered as tax and interest free, tion of broilers and eggs are divided in three
and these incentives contributes to their per- categories: i) AF (antibiotic free chicken): free
manence in the rural areas as well as enable from therapeutic antibiotics or growth promo-
the diversification of the family income. ters and free from animal by-products in the
The non-use of antibiotics, chemothera- diet; ii) Free range: fed in the same way as
pics and growth promoters directly contribute the AF, however using slow growth breed whi-
to the producers’ health and their families who ch explore outdoor areas; iii) Organic: raised
are not exposed to these substances. The de- according to the organic Brazilian legislation.
velopment of resistant bacteria is an issue of The animal welfare certificate program com-
high relevance in the world agenda regarding prehends all production process of the very
public health. first stages until slaughtering.
Soil and water are not polluted by the use In order to convey these information to
of these substances, thus contributing to the the consumers, Korin has built a certification
preservation of native flora and fauna. In addi- program based on the standards of Alterna-
tion, the farming methods practiced by the tive Aviculture Association (AVAL). And since
company adopt conservation methods groun- 2008, the company has been inspected and
85
certified by WQS (World Quality Services) as- Effluent water is recycled at Korin´s own
suring that the production procedures in the treatment station and used to irrigate eucalyp-
chicken broilers production are: free from anti- tus trees, which are grown to be used as fi-
biotics, diets are supplemented with only pro- rewood to generate heating, resulting in a me-
tein elements of vegetable origin, and tracea- aningful decrease in energy costs.
bility is kept over the whole chain. The animals In addition, the company follows the en-
are raised with enough space and conditions vironmental regulations of CETESB Green
to perform natural behavior and are slaughte- Agenda program, and makes technical sup-
red humanely. This differential is certified by port available to partner producers in order to
Ecocert Brasil, endorsed by HFAC (Humane adequate their rural properties as well.
Farm Animal Care), a North American entity Due to these and other initiatives the com-
which has established animal welfare stan- pany is recognized as a drive sustainable
dards for its certification schedule. Besides, production. EMBRAPA researchers through
Korin organic chicken is inspected and certi- the application of the indicator system APOIA-
fied by IBD – Biodynamic Institute of Brazil. -Novo Rural, developed by the Embrapa En-
The production chain is composed by Ko- vironment unity, inferred on the sustainability
rin, grain’s farmers, chicken and eggs produ- of Korin production unit. This method applies
cers, and other input suppliers. The growers a 0 to 1 scale in the environment performance
receive technical support and they are rewar- index, meaning that values above 0.7 indicate
ded by achieved outcome. As part of the stra- high sustainability aspects. On the occasion,
tegy, there is an incentive to the farmers and the company achieved a final index of 0.87, a
growers to develop their production using soil/ result considered excellent and unpreceden-
water conservationist practices. ted by the researchers.
The company manages its projects based Encouraged by this achievement, Korin
on PMI methodology, which allows a better ran for a sustainability prize and received the
management of activities and a better finan- ECO award editions 2012 and 2013, given by
cial resources distribution. the American Chamber of Commerce for Bra-
Packagings of used inputs are collected by zil (AMCHAM), in the category “Sustainability
Korin and are given a proper destination. Practice”, for the construction of a sustaina-
Industry improvements enable to process ble production chain. Korin was also awarded
and transform the slaughter waste into co- with other important prizes as the Greenbest
-products commercialized as ingredients in Award in 2012, carried out by Greenvana Co.
the manufacturing of premium organic feed As a pioneer on innovative ways to produ-
for pet animals. ce chicken meat and eggs, the company crea-
86
tes and validates new technologies. Scientific cers, sheltering 72 thousand of hens in free
experiments, developed in partnership with range system. The quality and the differentials
teaching and research institutes, have been in feed produced by Korin in its own feed mill
published internationally. This is taken as a is a core part within the production process.
way of marketing and encouragement to other Thirteen thousand tons of corn/ year are con-
initiatives. sumed, of which 52% is directly purchased
from more than 200 family farmers, boosting
What are the challenges to im- the local rural economy.
plant and to keep the program run- The rise of the brand has increased the
products demand. In 2010, the magazine “Su-
permercado Moderno” elected Korin as the
future? 5th most recalled brand by retailers in metro-
politan areas of São Paulo and Rio de Janei-
At the beginning there were many difficul- ro. New business opportunities have come up
ties found. Using a different approach, the and companies that produce according to si-
company faced the producers’ skepticism. milar concepts have been approved to trade
Not having a well-known brand on the market, products under Korin brand, such as honey,
Korin products competed with great and tra- coffee, rice, etc. Therefore, the company has
ditional companies’ products. The alternative been able to set aggressive targets. In 2013,
processes and the low scale production im- the eggs production double and the number of
plied in high production costs. sheltered birds continue to increase. Regar-
In order to enter in the market in 1995, it ding the chicken production, the company’s
was necessary to invest in facilities to show flagship, the target is to produce three times
the process viability. In 1999, Korin adopted more up to 2015. Regarding fruits and vegeta-
an integrated model which allowed the expan- bles, the target is to produce four times more
sion of its production. in 2014.
Due to research investments and incenti-
ve to collaborators’ qualification, there were
How can other agriculture compa-
improvements in management, nutrition and,
finally, in performance indicators, leading to nies and farmers initiate a sustaina-
business viability. bility program and insert it into their
Currently, Korin goes through its most so- routine work?
lid and expanding moment. It has partnership
contracts with 27 broiler producers, sheltering Related companies and farmers can start
4 million birds/ year, and with 3 egg produ- by scrutinizing their processes in order to build
87
a value chain. The building up of this chain

generates opportunities for small and medium
raw material producers to be set in the market.
Korin’s case, the search to follow the Na-
ture Farming model with its whole philosophi-
cal and humanist foundations, has naturally
directed it to seek a balance among the pro-
duction demands, environment, collaborators
and public in general.
It is important that companies and produ-
cers seek ideas and thoughts of philosophi-
cal movements, in order to have a guideline
to be followed. This guideline will assure the
necessary strength to overcome the dominant
economic model, which leads to practices
with excessive productivity bias, regardless
environment conservation and social balance
as integrated parts of the production process.
Currently, the strengthen of Korin brand
and the business growth are effective eviden-
ces that it is possible to reproduce a sustai-
ned agriculture and food production system
by the construction of a value chain, mainly
due to the growth of the number of consumers
who demand products originated from sustai-
nable production systems.
88
89
Resumo tóxicos para a destinação das embalagens

vazias de seus produtos; a Organização das
Os agrotóxicos organoclorados, ampla- Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar)
mente utilizados nas décadas de 1960 e 70, e o Sistema FAEP – Federação da Agricultura
tiveram seu uso proibido no Brasil em 1985. do Estado do Paraná.
Esses compostos, classificados como Po- Dessa forma, articulados pelo inpEV e
luentes Orgânicos Persistentes (POPs), são com o investimento de R$ 4 milhões, os elos
altamente estáveis por longos períodos antes do Sistema Campo Limpo viabilizaram o re-
de serem degradados, capazes de “viajar” mi- colhimento e incineração controlada de mais
lhares de quilômetros a partir da fonte emis- de 1.200 toneladas de agrotóxicos obsoletos
sora e se acumular nos organismos, causan- declarados por cerca de 2 mil agricultores,
do uma série de efeitos tóxicos para os seres provenientes de diversas regiões do estado.
vivos.
No entanto, na época de sua proibição, a Por quê o programa de sustenta-
falta de um procedimento estruturado para bilidade foi criado?
destinar adequadamente eventuais estoques
remanescentes, fez com que alguns desses Em 2004 o Brasil tornou-se signatário da
produtos permanecessem nas propriedades Convenção de Estocolmo, tratado interna-
rurais, escondidos por agricultores que te- cional que restringe a fabricação e o uso dos
miam sansões legais por sua posse, durante chamados Poluentes Orgânicos Persistentes
mais de 30 anos. A permanência desses esto- (POPs). Para seguir essas premissas, as au-
ques no campo representava um risco cons- toridades sanitárias brasileiras identificaram
tante – e sua eliminação, um desafio. que, entre os POPs, um grande problema no
De forma pioneira, foi elaborado um pro- país eram os agrotóxicos obsoletos, em es-
grama específico para a destinação ambien- pecial os organoclorados como o BHC (hexa-
talmente correta desses agrotóxicos proibi- benzeno de cloro ou hexaclorociclohexano).
dos por lei e/ou obsoletos, fruto da soma de Apesar de sua utilização ser proibida no Bra-
esforços dos setores público e privado. Parti- sil desde 1985, agricultores de várias regiões
ciparam da iniciativa o Governo do Estado do ainda mantinham estoques do produto.
Paraná, por meio do Instituto das Águas do O Paraná, em especial, apresentava um
Paraná, Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e quadro crítico nesse sentido. Em meados dos
Instituto Paranaense de Assistência Técnica anos 1970 o estado era um dos principais pro-
e Extensão Rural (Emater); o inpEV - instituto dutores nacionais de café e o uso dos defensi-
que representa a indústria fabricante de agro- vos organoclorados era intensivo. Porém, em
90
1975 uma forte geada destruiu a maior parte que o estado se comprometeria com a desti-
das plantações e os insumos utilizados pelo nação dos produtos e arcaria com os custos
agricultor – incluindo os defensivos – acaba- da operação. Foram distribuídos formulários,
ram estocados nas propriedades. Quando que podiam ser encaminhados à Secretaria
veio a proibição, proprietários rurais ficaram de Agricultura e Abastecimento do Estado do
sem saber o que fazer com o produto e não Paraná (Seab) à Emater ou à Faep. Cerca
informaram sua posse temendo represálias de dois mil produtores e instituições declara-
legais ou a responsabilidade de promover in- ram a existência de mais de 600 toneladas de
dividualmente a disposição final adequada, agrotóxicos obsoletos, sendo 80% represen-
uma atividade dispendiosa e complexa. tado por BHC e o restante por outros 12 tipos
Embora a situação fosse conhecida, não de produtos.
existiam estatísticas ou informações oficiais Em 15 de dezembro de 2010 o então go-
sobre o tema. Profissionais ligados ao inpEV, vernador do Estado do Paraná e o secretá-
instituição responsável pela gestão do Siste- rio do Meio Ambiente e Recursos Hídricos
ma Campo Limpo, que promove a logística re- assinaram um termo de cooperação técnica
versa das embalagens vazias de defensivos com o inpEV. Em seguida, foi desenvolvida
agrícolas em todo o país, tomaram conheci- a estratégia a ser implementada para o reco-
mento do problema em 2004. A partir daí, foi lhimento e destinação dos produtos, com a
formado um grupo de trabalho para desenvol- atribuição das responsabilidades da iniciativa
ver um projeto que viabilizasse a destinação privada, representada pela Faep, pela Oce-
desses produtos, com a colaboração dos se- par e pelo inpEV, e do poder público, por meio
tores público e privado. da Emater e do Instituto das Águas.
O passo seguinte foi fornecer toda a orien-
Quem se beneficia deste progra- tação aos agricultores para que fosse possí-
ma e de que forma? vel a entrega do material. Para tanto, o grupo
de trabalho elaborou um manual que descre-
A iniciativa se viabilizou efetivamente em via a execução do projeto e fornecia orienta-
2009, quando foi aprovada a Lei Estadual n° ções aos produtores rurais, detalhando passo
16.082, que isentou os proprietários rurais de a passo os procedimentos corretos de arma-
quaisquer sanções cíveis, penais ou adminis- zenamento e transporte, bem como recomen-
trativas relacionadas à posse de agrotóxicos dações de segurança.
obsoletos. Respaldados pela lei, durante o
segundo semestre de 2009 os agricultores re-
alizaram a autodeclaração, com a garantia de
91
Estoques declarados que ultrapassavam quatro toneladas foram retirados das proprie-
dades respectivas por uma empresa especializada, que respondeu por todo o processo de
recolhimento, acondicionamento e transporte dos produtos. Essa atividade foi realizada sob a
coordenação operacional do Instituto das Águas do Paraná, que também se responsabilizou
pela contratação da empresa.
Os produtores que declararam a posse de menos quatro toneladas de produtos receberam
kits de segurança personalizados e foram treinados por técnicos da Emater dos municípios.
Os kits, produzidos e distribuídos pelo inpEV, continham sacos de acondicionamento, equi-
pamentos de proteção individual completos, folhetos explicativos sobre os procedimentos da
operação e indicação dos locais e datas para a devolução.
A etapa de devolução ocorreu entre 2012 e 2013. Foi estabelecida uma logística de re-
colhimento e destinação a partir da criação e licenciamento, por órgãos competentes, de 21
armazéns temporários para recebimento dos produtos declarados, localizados em regiões
estratégicas do estado, por meio de indicações da Ocepar.
92
No ato da devolução, cada agricultor rece-

beu uma certidão atestando que os produtos
foram devidamente entregues ao Governo do
Estado e que os envolvidos estavam isentos
de responsabilidades. Uma vez devolvidos
aos armazéns temporários, os produtos foram
acondicionados em barricas e tambores pró-
prios para destinação final, e encaminhados
para incineração controlada, atividade sob a
responsabilidade do inpEV.
O resultado superou as expectativas: ape-
sar de o montante declarado ter sido de apro-
ximadamente 600 toneladas, mais de 1.200
toneladas de agrotóxicos obsoletos foram re-
tiradas do campo. A diferença foi atribuída à
dificuldade que o agricultor teve em mensurar
seus estoques, uma vez que para a autode-
claração não foi exigida a pesagem dos pro-
dutos.
93
Como funciona o programa? Quais os desafios para a implan-

Para que atingissem esses resultados po- em funcionamento, e quais as pers-
sitivos, foi fundamental que o Paraná adotas-
se uma postura de corresponsabilidade e não
punitiva diante da constatação da existência
de produtos proibidos nas propriedades ru- Durante mais de 30 anos, agrotóxicos
rais do estado. Nesse sentido, a aprovação proibidos por lei permaneceram estocados
da Lei Estadual 16.082/2009, que isentou de em propriedades rurais do estado, nem sem-
penalidades o produtor que autodeclarou a pre em condições ideais, ameaçando seria-
posse das substâncias proibidas, represen- mente a saúde de pessoas e animais e com o
tou a superação do grande desafio que repre- risco potencial de contaminação do solo e de
sentava convencer os agricultores a realizar lençóis freáticos. A partir da iniciativa, desen-
a declaração. volvida com a premissa de compartilhar res-
Porém, não existem garantias de que, ponsabilidades entre todos os elos da cadeia
de fato, todos os estoques de BHC e outros agrícola, conseguiu-se fetivamente solucio-
agrotóxicos obsoletos foram destruídos nes- nar o problema específico, colaborando para
sa primeira etapa. Assim, o desafio atual é que o Brasil cumpra as determinações da
implementar uma nova fase do projeto, com o Convenção de Estocolmo. Além disso, o pró-
objetivo de checar se ainda restam no estado prio agricultor foi beneficiado, uma vez que a
estoques clandestinos desses produtos. Em presença desses produtos em suas proprie-
janeiro de 2013 o, o governador sancionou dades era, antes de tudo, uma ameaça à sua
uma nova Lei Estadual para o recolhimento saúde, de sua família e criações. Vários se
e destinação final do BHC e outros agrotóxi- declararam “aliviados” por não ter mais de li-
cos proibidos, estendendo o período em que dar com o problema.
o agricultor pode fazer a autodeclaração e Os bons resultados obtidos transformaram
normatizando todas as etapas do processo o projeto em referência no assunto. Além de
de recolhimento e destinação. cumprir as determinações legais, a retirada
Com essa iniciativa, a perspectiva é que de cerca de 1.200 toneladas de BHC e outros
os agricultores que, durante a primeira etapa, agrotóxicos proibidos por lei no estado do Pa-
ainda tenham ficado receosos de fazer a de- raná atestou como a união de forças públicas
claração, temendo sanções, agora se sintam e privadas pode resultar em benefícios efeti-
seguros para fazê-lo diante os resultados ob- vos ao meio ambiente e à sociedade.
tidos.
94

na de trabalho?
Como a presença de agrotóxicos obsole-

tos ainda pode ser um problema em alguns
estados brasileiros - e em muitos países -,
certamente o caso do Paraná tem muito a
ensinar. Outros estados, como São Paulo, já
se beneficiam dessa experiência pioneira. Em
2011 foi iniciado o levantamento dos agrotóxi-
cos obsoletos no território paulista, a partir de
uma campanha realizada em parceria públi-
co-privada, com a participação do inpEV.
No Paraná, foram nove anos de muito tra-
balho e persistência de todas as instituições
envolvidas. Certamente, a partir das lições
aprendidas, será possível que projetos simi-
lares sejam desenvolvidos muito mais rapida-
mente, em todo o país e no mundo.
95
Summary Paraná (Ocepar) and the Sistema Faep – Fe-

deração da Agricultura do Estado do Paraná.,
Organochlorine crop protection compoun- participated in this Initiative.
ds, widely used in the 1960’s and 70’s, beca- Thus, under the coordination of inpEV and
me prohibited in Brazil starting in 1985. These with a R$ 4 million investment, the activities of
compounds, classified as Persistent Organic the Campo Limpo System allowed the collec-
Pollutants (POPs), are highly stable during tion and controlled incineration of more than
long periods of time before being degraded, 1,200 tons of obsolete pesticides turned in by
capable of “traveling” thousands of kilometers around 2,000 farmers coming from various re-
from an emission source and can accumulate gions within the state.
in organisms, causing a series of toxic effects
to living beings. Why was the sustainability pro-
However, at the time they were banned, gram created?
the lack of a structured procedure on how to
adequately dispose of any remaining inventory, In 2004, Brazil signed the Stockholm Con-
allowed for some of these products to remain vention on Persistent Organic Pollutants, an
at rural properties, hidden by farmers who fe- international treaty that restricts the fabrica-
ared legal sanctions for simply having them, tion and use of so-called Persistent Organic
for more than 30 years. The presence of such Pollutants (POPs). In order to adhere to the-
inventories in the field represented a constant se premises, Brazilian health authorities iden-
risk - and their elimination, a challenge. tified that, concerning POPs, a great issue
A pioneering and specific program was in the country were obsolete crop protection
elaborated to correctly dispose of these pes- products, especially organochlorines such as
ticides banned by law from an environmental hexachlorocyclohexane. Despite their use ha-
standpoint, which was the result of joint efforts ving been banned in Brazil since 1985, far-
by the public and private sectors. The Paraná mers from various regions still kept invento-
State Government, by means of the Institu- ries of such products.
to das Águas do Paraná, Instituto Ambiental In particular, the state of Paraná presented
do Paraná (IAP) and Instituto Paranaense de a critical scenario concerning this matter. In
Assistência Técnica e Extensão Rural (Ema- the mid 1970s, this state was one of the main
ter); inpEV - the Institute representing the in- coffee producers in the country and the use
dustry producing crop protection products for of organochlorine chemicals was intense. Ho-
disposal of empty product packaging material; wever, in 1975 a devastating frost destroyed
Organização das Cooperativas do Estado do most of the plantations and products used by
96
farmers - including crop protection - ended and would bear the operational costs. Forms
up stored within the properties. Once the ban were distributed, which could be submitted to
came into effect, farm owners did not know the Secretaria de Agricultura e Abastecimen-
what to do with these products and did not re- to do Estado do Paraná (Seab), to Emater or
port having them for fear of legal reprisals orto Faep. Around two thousand producers and
being held responsible for properly disposing institutions declared the existence of more
of them on their own account, a complex and than 600 tons of obsolete pesticides, of which
costly activity. 80% were hexachlorocyclehexanes and the
Even though this situation was known, the- remainder 12 other types of products.
re were no official statistics or information on On December 15, 2010, the governor of
the topic. Professionals working for inpEV, theParaná State and secretary of the Environ-
institution responsible for managing the Cam- ment and Water Resources signed a techni-
po Limpo System, which promotes the rever- cal cooperation agreement with inpEV. After
se logistics of empty pesticide containers of this, the strategy to be implemented to collect
crop protection products throughout the coun- and dispose of the products was developed,
try, became aware of the problem in 2004. As in which the responsibilities of the private sec-
of that time, a work group was established to tor were attributed to Faep, Ocepar and inpEV
develop a project that would allow for the dis-and those of the public sector to Emater and
posal of these products, with the collaborationthe Water Institute.
of the public and private sectors. The next step was to supply complete gui-
delines to farmers as to how to turn in the ma-
Who benefits from this program terial. In order to create these, a work group
and how? elaborated a manual that described the pro-
ject execution and provided guidelines to rural
This initiative became feasible in 2009, producers, detailing step by step the correct
when State Law Nr. 16.082 was approved, storage and transportation procedures, as
proposed by state representative, exempting well as safety recommendations.
rural landowners of any civil, criminal or ad- A specialized company, responsible for
ministrative sanctions related to the posses- the entire product collection, conditioning and
sion of obsolete crop protection products. transportation process, removed any declared
Protected by law, farmers made self-decla- inventories exceeding four tons from the cor-
rations during the second semester of 2009, responding properties. This activity was done
with the guarantee that the State would be under the operational coordination of the Ins-
responsible for the disposal of such products tituto das Águas do Paraná, which was also
97
responsible for contracting this company. troyed during this first phase. Thus, the cur-
Farmers that declared possession of less rent challenge is to implement a new project
than four tons received customized safety kits phase with the purpose of checking if there still
and were trained by municipal Emater techni- are any illegal inventories of these products
cians. The kits assembled and distributed by in the state. For this, the governor passed a
inpEV contained conditioning bags, comple- new State Law in January, 2013 to collect and
te personal protection equipment, brochures dispose of hexachlorocyclehexanes and other
explaining the operational procedures and an banned crop protection products, extending
indication of the return dates and locations. the period during which farmers can make the
The return phase took place between 2012 self-declaration and normalizing all phases of
and 2013. Logistics for collection and disposal the collection and disposal process.
were established based on the building and With this initiative it is expected that far-
licensing, by competent organs, of 21 tempo- mers who during the first phase were still in-
rary warehouses to receive the declared pro- secure to make the statement for fear of any
ducts, located in strategic regions throughout sanctions now feel secure to do so, based on
the state, indicated by Ocepar. the results obtained.
How does the program work? What are the challenges to im-
plant and to keep the program run-
In order to achieve such positive results, ning, and what is the outlook for the
it was fundamental that the State of Paraná future?
take on a standpoint of co-responsibility and
not punish those declaring to be in posses- For more than 30 years, pesticides banned
sion of banned products on rural properties by law remained stored on rural properties
located throughout the state. For this purpo- across the state, not always under ideal condi-
se, approval of State Law 16.082/2009, which tions, thereby placing the health of people and
exempted producers that willingly declared to animals under serious threat and a potential
be in possession of prohibited substances of risk of contaminating the soil and water table.
any penalties, represented the overcoming Starting with the initiative developed based
of the great hurdle of convincing farmers to on responsibilities shared by all players along
make such declaration. the agricultural chain, it was possible to effec-
However, there are no guarantees that in tively solve this specific issue, which collabo-
fact all the hexachlorocyclehexanes and other rated towards Brazil fulfilling the terms of the
obsolete agro-chemical inventories were des- Stockholm Convention on Persistent Organic
98
Pollutants.. Besides this, farmers were grea- ned in at the temporary facilities, the products
tly benefited, since the presence of such pro- were conditioned in adequate barrels and dru-
ducts on their properties was, above all, a he- ms for final disposal under controlled incinera-
alth hazard to themselves, their families and tion, which was under inpEV’s responsibility.
livestock. Many said they “felt relieved” for no The result surpassed the expectations:
longer having to deal with this problem. even though the declared amount had been
The positive results achieved made this around 600 tons, more than 1,200 tons of ob-
project become a reference in this field. Be- solete pesticides were removed from the field.
sides fulfilling legal requirements, the removal The difference was attributed to the difficulty
of around 1,200 tons of hexachlorocyclehe- farmers had to measure their inventory, since
xanes and other agricultural products banned product weight was not required when submit-
by law in the state of Paraná attested to how ting the self-declaration.
joining public and private forces can result in
clear benefits to the environment and society. How can other agriculture compa-
Since the existence of obsolete crop pro- nies and farmers initiate a sustaina-
tection products can still be a problem in some
Brazilian states - and in many countries -, we
are certain that much can be learned from routine work?
the Paraná case. Other states, as São Paulo,
have already benefited from this pioneering Since the existence of obsolete crop pro-
experience. The São Paulo region started an tection products can still be a problem in some
obsolete crop protection survey in 2011, ba- Brazilian states - and in many countries -, we
sed on a campaign done under a public-priva- are certain that much can be learned from
te partnership, with the participation of inpEV. the Paraná case. Other states, as São Paulo,
In Paraná, it was the result of nine years have already benefited from this pioneering
of hard work and perseverance from all invol- experience. The São Paulo region started an
ved institutions. It will certainly be possible to obsolete crop protection survey in 2011, ba-
develop similar projects much more quickly, sed on a campaign done under a public-priva-
based on the lessons learned, throughout the te partnership, with the participation of inpEV.
country and the world. Upon delivery, each In Paraná, it was the result of nine years
farmer received a certificate stating that the of hard work and perseverance from all invol-
products were properly returned to the Sta- ved institutions. It will certainly be possible to
te Government and that those involved were develop similar projects much more quickly,
exempt from any responsibilities. Once tur- based on the lessons learned, throughout the
country and the world.
99
Mais Informações:
Central de Relacionamento:
0800 704 1995
100

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Gestão Sustentável na Agricultura - 2014

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Elaboração, distribuição, informações:

Equipe Técnica: Assessoria de Gestão Estratégica / Gabinete do Ministro

João Cruz Reis Filho - Chefe da Assessoria de Gestão Estratégica

Bruno Meireles Leite

1. Agroneg— cio. 2. Desenvolvimento econ™ mico.

Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply

Preparation, Distribution, Information:

Technical Staff: Strategic Management Office / Minister’s office

João Cruz Reis Filho - Head of the Strategic Management Office

Bruno Meireles Leite

Palavra do Ministro O Brasil foi o primeiro país a assinar a

agropecuária está inserida, transformando-se Minister’s word

Brazil was the first country to sign the UN rural development.

1. Associação Nacional de Defesa Vegetal - ANDEF 11

2. Fundação Espaço ECO 21

8. Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias - inpEV 89

Resumo Por outro lado, este tema é decisivo para que

Como funciona o programa?

Ele é basicamente um programa de edu-

pesquisa e extensão, empresas e pessoas sustentabilidade de sua produção (Figura 1).

Quais os desafios para a implan-

O programa é ambicioso, pois deseja mu-

Como outras empresas ligadas à

O setor produtivo brasileiro é multiface-

Summary day-to-day reality. On the other hand, this is-

What are the challenges to im-

The program is ambitious, because of

How can other companies related

The Brazilian production sector is multi-

AgBalance™ é uma ferramenta exclusiva

proteger valor no setor do agronegócio. Be-

Quem se beneficia desse progra-

Todos os envolvidos na cadeia produtiva

melhoria contínua de seus processos. Como funciona o programa?

• a contribuição econômica, ecológica e

2. Treinamento e sensibilização do Grupo

5. Apresentação: produção da apresenta- de propriedades rurais, a perspectiva é de

de processos, produtos e serviços, incenti-

Summary Farm Assess current practices and pro-

Mid 2009/10, BASF developed, in Ger-

derstanding that sustainability shall be part of continuous improvement of its processes.

How does the program work? bility;

How can other companies related

The success case of applying AgBalan-

Resumo ção de biomassa, a produção de alimentos

plantio direto, entre outras finalidades.

Quem se beneficia deste progra-

O País se beneficia. Os empreendimen-

mica e exigência do setor primário e capaz de É de primordial importância que os pro-

70% do total contratado por todos os bancos

As constantes pressões da sociedade

Summary conservation of the environment.

the farm and industry. The new conditions for

Resumo fácil execução. É como identificar na nascente

ampliar a região de alcance, ultrapassando Quem se beneficia deste progra-

E partindo do princípio de que boas ideias

• Continua-se levantando essa barra- em 2003 para intensificar o patrulhamento do

atenção de diversas prefeituras:

Summary the responsible artery for flowing out water,

Today Cocari´s springs restoration work is

Resumo vas, impactando fortemente a sustentabilida-