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Info 817 STF PDF
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Processo excluído deste informativo esquematizado por não ter sido concluído: ADI 3628/AP.
Julgados excluídos por terem menor relevância para concursos públicos ou por terem sido decididos com base em
peculiaridades do caso concreto: MS 32581/DF; Ext 1401.
ÍNDICE
DIREITO CONSTITUCIONAL
LICENÇA-MATERNIDADE
Proibição de tratamento diferenciado entre a licença-maternidade e a licença-adotante.
COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS
Inconstitucionalidade de lei estadual que trate sobre revalidação de títulos obtidos em instituições de ensino dos
países do MERCOSUL.
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
Leis orçamentárias podem ser objeto de ADI.
MINISTÉRIO PÚBLICO
Impossibilidade de o membro do MP exercer cargos fora da Instituição.
Designação de Promotor Eleitoral.
DIREITO ADMINISTRATIVO
DESAPROPRIAÇÃO
Desconsideração das conclusões do laudo pericial com base em outras provas.
DIREITO ELEITORAL
MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL
Designação de Promotor Eleitoral
DIREITO FINANCEIRO
LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL
Inconstitucionalidade de lei estadual que amplia os limites máximos de gastos com pessoal fixados pela LRF.
LICENÇA-MATERNIDADE
Proibição de tratamento diferenciado entre a licença-maternidade e a licença-adotante
Importante!!!
O art. 210 da Lei nº 8.112/90, assim como outras leis estaduais e municipais, prevê que o
prazo para a servidora que adotar uma criança é inferior à licença que ela teria caso tivesse
tido um filho biológico. De igual forma, este dispositivo estabelece que, se a criança adotada
for maior que 1 ano de idade, o prazo será menor do que seria se ela tivesse até 1 ano. Segundo
o STF, tal previsão é inconstitucional. Foi fixada, portanto, a seguinte tese:
Os prazos da licença-adotante não podem ser inferiores ao prazo da licença-gestante, o mesmo
valendo para as respectivas prorrogações. Em relação à licença-adotante, não é possível fixar
prazos diversos em função da idade da criança adotada.
STF. Plenário. RE 778889/PE, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 10/3/2016 (repercussão geral)
(Info 817).
Licença-maternidade
A CF/88 garante às mulheres que tiverem filho uma licença remunerada para que possam durante um
tempo se dedicar exclusivamente à criança. Isso é chamado de licença-maternidade (ou licença à gestante)
e está previsto no art. 7º, XVIII, da CF/88:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social:
(...)
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias;
Essa previsão do art. 210 da Lei nº 8.112/90 é constitucional? A lei pode fixar um prazo para a licença-
adotante inferior ao da licença-gestante?
NÃO.
Os prazos da licença-adotante não podem ser inferiores ao prazo da licença-gestante, o mesmo valendo
para as respectivas prorrogações. Em relação à licença adotante, não é possível fixar prazos diversos em
função da idade da criança adotada.
STF. Plenário. RE 778889/PE, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 10/3/2016 (repercussão geral) (Info 817).
Em suma:
Não existe fundamento constitucional para tratar de forma desigual a mãe gestante e da mãe adotante,
assim como não há razão para diferenciar o adotado mais velho do mais novo.
Desse modo, se a Lei prevê o prazo de 120 dias de licença-gestante, com prorrogação de mais 60 dias, tal
prazo (inclusive com a prorrogação) deverá ser garantida à mulher que adota uma criança (não
importando a idade).
Além da Lei nº 8.112/90, outras leis que prevejam prazos diferenciados também serão consideradas
inconstitucionais
Vale ressaltar que no recurso extraordinário acima explicado (RE 778889/PE), o STF estava analisando a Lei
nº 8.112/90. No entanto, o Supremo fixou a tese de forma genérica. Isso significa que outras leis federais,
leis estaduais, distritais ou municipais que prevejam tratamento diferenciado entre licença-maternidade e
licença-adotante também são inconstitucionais. Ex: o art. 3º da Lei nº 13.109/2015, que trata sobre a
licença-adotante no âmbito das Forças Armadas, e que repete o art. 210 da Lei nº 8.112/90, também é
inconstitucional.
COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS
Inconstitucionalidade de lei estadual que trate sobre revalidação
de títulos obtidos em instituições de ensino dos países do MERCOSUL
É inconstitucional lei estadual que veda ao Poder Público estadual exigir a revalidação de
títulos obtidos em instituições de ensino superior dos países membros do Mercado Comum do
Sul – MERCOSUL.
A lei estadual que trata sobre revalidação de títulos obtidos em instituições de ensino superior
dos países membros do MERCOSUL afronta o pacto federativo (art. 60, §4º, I, da CF/88) na
medida em que usurpa a competência da União para dispor sobre diretrizes e bases da
educação nacional (art. 22, XXIV).
STF. Plenário. ADI 5341 MC- Referendo/AC, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 10/3/2016 (Info 817).
É inconstitucional lei estadual que veda ao Poder Público estadual exigir a revalidação de títulos obtidos
em instituições de ensino superior dos países membros do Mercado Comum do Sul – MERCOSUL.
A lei estadual que trata sobre revalidação de títulos obtidos em instituições de ensino superior dos
países membros do MERCOSUL afronta o pacto federativo (art. 60, §4º, I, da CF/88) na medida em que
usurpa a competência da União para dispor sobre diretrizes e bases da educação nacional (art. 22, XXIV).
STF. Plenário. ADI 5341 MC- Referendo/AC, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 10/3/2016 (Info 817).
A Lei nº 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB), ao tratar sobre diplomas expedidos por
universidades estrangeiras, assim preconiza:
Art. 48. Os diplomas de cursos superiores reconhecidos, quando registrados, terão validade nacional como
prova da formação recebida por seu titular.
(...)
§2º Os diplomas de graduação expedidos por universidades estrangeiras serão revalidados por
universidades públicas que tenham curso do mesmo nível e área ou equivalente, respeitando-se os
acordos internacionais de reciprocidade ou equiparação.
O Decreto 5.518/2005, que promulga o Acordo de Admissão de Títulos e Graus Universitários para o
Exercício de Atividades Acadêmicas nos Estados Partes do MERCOSUL reconhece a admissão de diplomas
obtidos em países membros do MERCOSUL apenas para o exercício de atividades de docência e pesquisa,
e não para outras finalidades. Veja:
Art. 1º Os Estados Partes, por meio de seus organismos competentes, admitirão, unicamente para o
exercício de atividades de docência e pesquisa nas instituições de ensino superior no Brasil, nas
universidades e institutos superiores no Paraguai, nas instituições universitárias na Argentina e no
Uruguai, os títulos de graduação e de pós-graduação reconhecidos e credenciados nos Estados Partes,
segundo procedimentos e critérios a serem estabelecidos para a implementação deste Acordo.
Desse modo, a referida lei estadual, além de violar a competência da União para legislar sobre o tema (art.
22, XXIV, da CF/88), ainda tratou do assunto de forma diferente daquilo que foi fixado pelo ente federal na
Lei nº 9.394/96 e no Decreto 5.518/2005.
Durante alguns anos o STF entendeu que a lei orçamentária e a lei de diretrizes orçamentárias (LDO) não
poderiam ser objeto de ação direta de inconstitucionalidade. O argumento para isso era o de que tais
leis possuíam efeitos concretos de forma que mais se pareceriam com um ato administrativo do que com
uma lei. Este entendimento ainda vigora atualmente?
NÃO.
Vale ressaltar, no entanto, que se terminar o exercício financeiro a que se refere a lei sem que a ADI tenha
sido julgada, haverá perda superveniente do objeto. Ex: foi proposta ADI contra a LDO relativa a 2014, mas
terminou o ano sem que ela tenha sido julgada. Haverá, portanto, perda do objeto. Nesse sentido: STF.
Plenário. ADI 4663 MC-Ref, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 15/10/2014.
MINISTÉRIO PÚBLICO
Impossibilidade de o membro do MP exercer cargos fora da Instituição
Importante!!!
Membros do Ministério Público não podem ocupar cargos públicos fora do âmbito da
instituição, salvo cargo de professor e funções de magistério.
A Resolução 72/2011 do CNMP, ao permitir que membro do Parquet exerça cargos fora do MP,
é flagrantemente contrária ao art. 128, § 5º, II, "d", da CF/88.
Consequentemente, a nomeação de membro do MP para o cargo de Ministro da Justiça viola o
texto constitucional.
STF. Plenário. ADPF 388/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 9/3/2016 (Info 817).
ADPF 388
Diante desse cenário, o Partido Popular Socialista (PPS) ajuizou arguição de descumprimento de preceito
fundamental (ADPF) alegando que o ato de nomeação violou a Constituição Federal, já que esta proíbe
que o membro do MP exerça cargos fora do âmbito da instituição. Na ação, o Partido pediu também a
declaração de inconstitucionalidade da Resolução 72/2011.
Vejamos o que o STF decidiu sobre o tema.
Inicialmente, a discussão foi de cunho PROCESSUAL: era cabível ADPF no presente caso?
SIM. O Min. Gilmar Mendes, relator do processo, afirmou que, para ser admitida a ADPF, deveriam ser
analisados três aspectos que, no caso concreto, estavam preenchidos:
a) parâmetro de controle;
b) subsidiariedade;
c) relevância de interesse público.
a) Parâmetro de controle.
Na ação proposta, o requerente alegou que a nomeação violou a regra constitucional prevista no art. 128,
§ 5º, II, "d", da CF/88 e que esta norma tem como fundamento os preceitos fundamentais da
"independência dos Poderes" (art. 2º, art. 60, §4º, III) e da "independência funcional do Ministério
Público" (art. 127, §1º).
Além disso, segundo o autor, a convocação de membro do MP estadual para ocupar cargo diretamente
subordinado à Presidência da República ofenderia também a "forma federativa de Estado" (art. 60, §4º, I).
Dessa forma, o requisito do parâmetro de controle da ADPF estava preenchido, considerando que na ação
alegava-se a violação de três preceitos fundamentais.
b) Subsidiariedade.
A Lei nº 9.882/99 afirma que a ADPF somente será admitida se não houver outro meio eficaz de sanar a
lesividade (art. 4º, § 1º). Não se pode, contudo, fazer uma interpretação literal deste dispositivo no
sentido de que essa vedação é absoluta. Deve-se analisar se existe ou não outro meio eficaz de sanar a
lesão de forma ampla, geral e imediata.
Assim, mesmo sendo possível ajuizar ações ordinárias em 1ª instância contra este ato de nomeação, tais
demandas não teriam a mesma eficácia que a ADPF, eis que esta possui efeitos erga omnes e vinculante.
Desse modo, mesmo sendo, em tese, possível a propositura de ações ordinárias, estas não possuem a
capacidade de resolver a controvérsia constitucional de forma geral, definitiva e imediata como a ADPF.
Alguém poderia dizer que, no presente caso, caberia ADI porque o autor impugnava a Resolução 72/2011.
No entanto, além deste ato normativo, a ação atacava o ato de nomeação de um membro do MPE/BA
para o cargo de Ministro da Justiça. Logo, questionou-se um ato normativo e também um ato concreto.
Diante desta situação, percebe-se que a ADI não seria suficiente, já que ela não serve para impugnar ato
de efeitos concretos (nomeação).
Informativo 817-STF (18/03/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 7
A utilização da ADPF para, simultaneamente, controlar atos normativos e concretos, foi recentemente
admitida pelo STF no julgamento da ADPF sobre o impeachment. O Tribunal, numa única ação (ADPF),
avaliou a recepção ou não da Lei nº 1.079/50 e, simultaneamente, apreciou atos concretos adotados com
base naquela lei (ADPF 378).
E quanto ao MÉRITO, o STF concordou com o pedido do autor da ação? Existe realmente vedação para
que membro do MP exerça cargos fora do âmbito da instituição? A nomeação do Procurador de Justiça
para o cargo de Ministro da Justiça violou a CF/88?
SIM.
Membros do Ministério Público não podem ocupar cargos públicos fora do âmbito da Instituição, salvo
cargo de professor e funções de magistério.
A Resolução 72/2011 do CNMP, ao permitir que membro do Parquet exerça cargos fora do MP, é
flagrantemente contrária ao art. 128, § 5º, II, "d", da CF/88.
Consequentemente, a nomeação de membro do MP para o cargo de Ministro da Justiça viola o texto
constitucional.
STF. Plenário. ADPF 388, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 09/03/2016.
Esta vedação acima imposta comporta uma única exceção: o exercício da função de magistério.
Os ocupantes de cargos na Administração Pública federal, estadual, municipal e distrital, aí incluídos os
Ministros de Estado e os Secretários, exercem funções públicas. Toda pessoa que é titular de um cargo
público exerce uma função pública. Logo, se um membro do MP é nomeado para o cargo de Secretário ou
Ministro de Estado, ele estará exercendo outra função pública que não a de Promotor/Procurador, e isso é
vedado pelo art. 128, § 5º, II, "d".
Vedação do art. 128, § 5º, II, "d" existe ainda que o membro esteja afastado de suas funções como
Promotor/Procurador
Uma tese invocada pelo Governo era a de que a vedação do art. 128, § 5º, II, "d", da CF/88 somente
existiria em caso de exercício concomitante de funções de Promotor/Procurador com outras funções fora
da instituição. Em outras palavras, o Governo defendia que se o membro estivesse afastado de suas
funções no MP (licenciado), ele poderia exercer perfeitamente o cargo no Executivo.
Esse argumento também foi rechaçado.
O texto do art. 128, § 5º, II, "d" é muito claro: a vedação de que o membro do MP exerça outra função
pública vigora ainda que ele esteja em disponibilidade. Ou seja, enquanto não for rompido o vínculo com a
Instituição, a vedação persiste. Não basta ele tirar uma licença, por exemplo. Para assumir outro cargo fora
do MP, ele terá que pedir exoneração ou se aposentar.
(...) O afastamento de membro do Parquet para exercer outra função pública viabiliza-se apenas nas
hipóteses de ocupação de cargos na administração superior do próprio Ministério Público.
Inadmissibilidade da licença para o exercício dos cargos de Ministro, Secretário de Estado ou seu
substituto imediato. (...)
(STF. Plenário. ADI 2534 MC, Rel. Min. Maurício Corrêa, julgado em 15/08/2002)
(...) Os membros do Ministério Público somente podem exercer função comissionada no âmbito da
administração da própria instituição. (...)
STF. Plenário. ADI 3298, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 10/05/2007.
O julgamento da ADPF 388 abrange o caso de membros do MP que assumiram antes da CF/88? Eles
também estão proibidos de exercerem cargos no Poder Executivo?
NÃO. Na ADPF 388 não se analisou a situação dos Promotores e Procuradores que ingressaram antes da
CF/88, época em que não existia esta proibição.
Assim, mesmo sem haver um posicionamento definitivo do STF, prevalece o entendimento de que os membros
do MP que foram admitidos antes da promulgação da CF/88 podem exercer cargos no Poder Executivo, desde
que tenham feito opção pelo regime jurídico anterior, nos termos do art. 29, § 3º do ADCT:
§ 3º - Poderá optar pelo regime anterior, no que respeita às garantias e vantagens, o membro do
Ministério Público admitido antes da promulgação da Constituição, observando-se, quanto às vedações, a
situação jurídica na data desta.
Na data da promulgação da CF/88 não havia vedação para que os membros do MP exercessem cargos no
Poder Executivo. Logo, para eles, isso é possível. Veja ementa do STF que deixa essa possibilidade
subentendida:
MANDADO DE SEGURANÇA. RESOLUÇÃO N. 5/2006 DO CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO:
EXERCÍCIO DE CARGO DE DIRETOR DE PLANEJAMENTO, ADMINISTRAÇÃO E LOGÍSTICA DO IBAMA POR
PROMOTOR DE JUSTIÇA. IMPOSSIBILIDADE DE MEMBRO DO MINISTÉRIO PÚBLICO QUE INGRESSOU NA
INSTITUIÇÃO APÓS A PROMULGAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO DE 1988 EXERCER CARGO OU FUNÇÃO PÚBLICA
EM ÓRGÃO DIVERSO DA ORGANIZAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. VEDAÇÃO DO ART. 128, § 5º, INC. II,
ALÍNEA D, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. PRECEDENTES. SEGURANÇA DENEGADA.
STF. Plenário. MS 26595, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 07/04/2010.
O julgamento da ADPF 388 tratou sobre a possibilidade dos membros do MP concorrerem a cargos eletivos?
NÃO. Isso também não foi discutido na ADPF 388. A vedação de que Promotores e Procuradores exerçam
cargos eletivos está prevista no art. 128, §5º, II, “e” – não no art. 128, §5º, II, "d" (que foi analisado pelo
STF na ADPF 388).
O art. 128, §5º, II, “e”, da CF/88 proíbe expressamente que os membros do MP exerçam atividade político-
partidária. Ocorre que esta vedação foi imposta pela EC 45/2004. Compare:
MINISTÉRIO PÚBLICO
Designação de Promotor Eleitoral
DIREITO ADMINISTRATIVO
DESAPROPRIAÇÃO
Desconsideração das conclusões do laudo pericial com base em outras provas
A decisão do magistrado foi mantida? O juiz poderia ter julgado desta forma mesmo desconsiderando as
conclusões do laudo pericial?
SIM.
A preferência do julgador por determinada prova insere-se no livre convencimento motivado e não cabe
compelir o magistrado a colher com primazia determinada prova em detrimento de outras pretendidas
pelas partes se, pela base do conjunto probatório tiver se convencido da verdade dos fatos.
STF. Plenário. RE 567708/SP, rel. orig. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o acórdão Min. Cármen Lúcia, julgado
em 8/3/2016 (Info 817).
O magistrado, com base no livre convencimento motivado, tem a liberdade de deixar de considerar as
conclusões do laudo pericial desde que faça isso de forma fundamentada. Isso está previsto no art. 479 do
CPC 2015:
Art. 479. O juiz apreciará a prova pericial de acordo com o disposto no art. 371, indicando na sentença os
motivos que o levaram a considerar ou a deixar de considerar as conclusões do laudo, levando em conta o
método utilizado pelo perito.
Art. 371. O juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do sujeito que a tiver
promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu convencimento.
Ao tecer comentários sobre este art. 479, Daniel Amorim Assumpção Neves explica que:
"O sistema de valoração das provas, adotado pelo sistema processual brasileiro, é o da persuasão
raciona, também chamado de livre convencimento motivado. Significa dizer que não existem
cargas de convencimento pré-estabelecidas dos meios de prova, sendo incorreto afirmar
abstratamente que determinado meio de prova é mais eficaz no convencimento do juiz do que
outro. Com inspiração nesse sistema de valoração das provas, o art. 479 do Novo CPC prevê que o
juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo se convencer com outros elementos ou fatos
provados no processo." (NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo CPC comentado. Salvador:
Juspodivm, 2016, p. 784).
DIREITO ELEITORAL
Desse modo, o Ministério Público é dividido em dois ramos distintos (MPE e MPU), não havendo qualquer
relação de hierarquia ou subordinação entre eles.
Divisão do MPU
O Ministério Público da União subdivide-se nos seguintes ramos:
a) Ministério Público Federal (MPF);
b) Ministério Público do Trabalho (MPT);
c) Ministério Público Militar (MPM);
d) Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).
Art. 72. Compete ao Ministério Público Federal exercer, no que couber, junto à Justiça Eleitoral, as funções
do Ministério Público, atuando em todas as fases e instâncias do processo eleitoral.
Parágrafo único. O Ministério Público Federal tem legitimação para propor, perante o juízo competente, as
ações para declarar ou decretar a nulidade de negócios jurídicos ou atos da administração pública,
infringentes de vedações legais destinadas a proteger a normalidade e a legitimidade das eleições, contra
a influência do poder econômico ou o abuso do poder político ou administrativo.
Obs: se o membro do MP tiver sido filiado a partido político antes de ingressar na Instituição ele deverá
ficar 2 anos sem poder atuar na funções eleitorais. Este prazo de 2 anos é contado da data de desfiliação
da agremiação partidária. Veja o que diz a LC 75/93:
Art. 80. A filiação a partido político impede o exercício de funções eleitorais por membro do Ministério
Público até dois anos do seu cancelamento.
E se não houver Promotor de Justiça atuando naquele juízo, como ficará a questão? Ex: na comarca "X"
não existe Promotor de Justiça (por falta de membros). Neste caso, quem será o Promotor Eleitoral nesta
localidade?
A resposta para esta questão está no parágrafo único do art. 79 da LC 75/93:
Art. 79 (...) Parágrafo único. Na inexistência de Promotor que oficie perante a Zona Eleitoral, ou havendo
impedimento ou recusa justificada, o Chefe do Ministério Público local indicará ao Procurador Regional
Eleitoral o substituto a ser designado.
Se não houver Promotor de Justiça oficiando naquele juízo, ou, se existir, mas ele for recusado (por algum
motivo justo) ou estiver impedido, neste caso acontecerá o seguinte:
- o PGJ (chefe do Ministério Público estadual) indicará o nome de outro Promotor de Justiça e
- o PRE, se concordar, o designará para ser o Promotor Eleitoral.
Esta tese da CONAMP foi aceita pelo STF? O art. 79 da LC 75/93 é inconstitucional?
NÃO.
Apesar de haver a participação do Ministério Público dos Estados na composição do Ministério Público
Eleitoral, cumulando o membro da instituição as duas funções, elas não se confundem, haja vista
possuírem conjuntos diversos de atribuições, inclusive, de remuneração.
O Promotor de Justiça, ao exercer as funções de Promotor Eleitoral, não atua como membro do Ministério
Público estadual, mas sim como se fosse membro do Ministério Público Federal. Desse modo, o Promotor de
Justiça, ao ser designado Promotor Eleitoral, passa a desempenhar duas funções completamente distintas:
Função de Promotor de Justiça Função de Promotor Eleitoral
Atua normalmente nas atribuições do Ministério Atua perante a Justiça Eleitoral de 1ª instância,
Público estadual previstas na Constituição e nas com as atribuições do Ministério Público Eleitoral
leis (ex: ação penal nos crimes estaduais, atuação previstas na lei.
nas causas de direito de família etc.).
Desse modo, o Promotor Eleitoral, no exercício desta função, possui uma subordinação hierárquico-
administrativa não funcional estabelecida em relação ao Procurador Regional Eleitoral. Diante de tal fato,
nada mais lógico que o ato formal de designação do promotor eleitoral para a função eleitoral seja feito
pelo Ministério Público Federal, e não pelo Ministério Público local.
Dessa maneira, o art. 79, “caput” e parágrafo único, da LC 75/93, não tem o condão de ofender a
autonomia do Ministério Público Estadual, porque não trata sobre as funções do Promotor de Justiça, mas
sim do Promotor Eleitoral, integrante do Ministério Público Eleitoral.
Logo, não houve vício de iniciativa quando o PGR enviou o projeto de lei que se transformou na LC 75/93
já que no art. 79 não se tratou sobre Ministério Público estadual, mas sim sobre Ministério Público
Eleitoral. Dessa forma, foi respeitado o art. 128, § 5º, da CF/88.
PROVAS
Desconsideração das conclusões do laudo pericial com base em outras provas
DIREITO FINANCEIRO
Importante!!!
A Lei de Responsabilidade Fiscal, cumprindo o que determina o art. 169 da CF/88, estabelece,
em seus arts. 19 e 20, valores máximos que a União, os Estados/DF e os Municípios poderão ter
gastar com despesas de pessoal.
“A expressão ‘não poderá exceder’, presente no artigo 169 da Constituição Federal, conjugada com o
caráter nacional da lei complementar ali mencionada, assentam a noção de marco negativo, imposto a
todos os membros da Federação, no sentido de que os parâmetros de controle de gastos ali estabelecidos
não podem ser ultrapassados, sob pena de se atentar contra o intuito de preservação do equilíbrio
orçamentário (receita/despesa) consagrado na norma.
Com vistas ao atendimento dessa finalidade, eventual acréscimo normativo promovido pelo Estado-
membro, voltado ao enrijecimento do controle de despesas, não se mostra, a princípio, incompatível com
a Constituição Federal." (STF. Plenário. ADI 4426, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 09/02/2011).
Desse modo, perceba que a lei estadual reduziu o percentual que o Executivo pode gastar com pessoal,
mas em compensação aumentou o limite do Legislativo (a LRF prevê um máximo de 3% e a lei estadual
fixou 4,5%).
É inconstitucional lei estadual que amplia os limites máximos de gastos com pessoal fixados pelos arts.
19 e 20 da Lei de Responsabilidade (LC 101/2000).
O art. 169 da CF/88 determina que a despesa com pessoal da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar. Esta lei
complementar de que trata a Constituição é uma lei complementar nacional que, no caso, é a LC
101/2000.
A legislação estadual, ao fixar limites de gastos mais generosos, viola os parâmetros normativos
contidos na LRF e, com isso, usurpa a competência da União para dispor tema.
STF. Plenário. ADI 5449 MC-Referendo/RR, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 10/3/2016 (Info 817).
Ressalte-se que, no caso, não há um mero conflito de legalidade (lei estadual x LRF). A lei estadual, ao
afrontar os limites de gastos com pessoal previstos na LRF, ofendeu diretamente o texto constitucional,
qual seja, o art. 169 da CF/88.
OUTRAS INFORMAÇÕES
CLIPPING DO D JE
7 a 11 de março de 2016
TRANSCRIÇÕES
Com a finalidade de proporcionar aos leitores do INFORMATIVO STF uma compreensão mais
aprofundada do pensamento do Tribunal, divulgamos neste espaço trechos de decisões que tenham
despertado ou possam despertar de modo especial o interesse da comunidade jurídica.
Convenção Internacional - Direitos da Pessoa com Deficiência - Dignidade Humana - Ensino Inclusivo (Transcrições)
ADI 5.357 MC/DF*
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. MEDIDA CAUTELAR. LEI 13.146/2015. ESTATUTO DA PESSOA
COM DEFICIÊNCIA. ENSINO INCLUSIVO. CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE OS DIREITOS DA PESSOA COM
DEFICIÊNCIA. INDEFERIMENTO.
1. A Convenção Internacional sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência concretiza o princípio da igualdade como fundamento de uma
sociedade democrática que respeita a dignidade humana.
2. À luz da Convenção e, por consequência, da própria Constituição da República, o ensino inclusivo em todos os níveis de educação não é
realidade estranha ao ordenamento jurídico pátrio, mas sim imperativo que se põe mediante regra explícita.
Ou seja, à luz da Convenção Internacional sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência, e, por consequência, da própria Constituição da
República, o ensino inclusivo em todos os níveis de educação não é realidade estranha ao ordenamento jurídico pátrio. Ao contrário, é imperativo que
se põe mediante regra explícita.
Mais do que isso, dispositivos de status constitucional estabelecem a meta de inclusão plena, ao mesmo tempo em que se veda a exclusão das
pessoas com deficiência do sistema educacional geral sob o pretexto de sua deficiência.
Se é certo que se prevê como dever do Estado facilitar às pessoas com deficiência sua plena e igual participação no sistema de ensino e na
vida em comunidade, bem como, de outro lado, a necessária disponibilização do ensino primário gratuito e compulsório, é igualmente certo inexistir
qualquer limitação da educação das pessoas com deficiência a estabelecimentos públicos ou privados que prestem o serviço público educacional.
A Lei nº 13.146/2015 estabelece a obrigatoriedade de as escolas privadas promoverem a inserção das pessoas com deficiência no ensino
regular e prover as medidas de adaptação necessárias sem que o ônus financeiro seja repassado às mensalidades, anuidades e matrículas.
Analisada a moldura normativa, ao menos neste momento processual, infere-se que, por meio da lei impugnada, o Brasil atendeu ao
compromisso constitucional e internacional de proteção e ampliação progressiva dos direitos fundamentais e humanos das pessoas com deficiência.
Ressalte-se que, não obstante o serviço público de educação ser livre à iniciativa privada, ou seja, independentemente de concessão ou
permissão, isso não significa que os agentes econômicos que o prestam o possam fazê-lo ilimitadamente ou sem responsabilidade.
É necessária, a um só tempo, a sua autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público, bem como o cumprimento das normas gerais de
educação nacional - as que se incluem não somente na Lei nº 9.394/1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB), como pretende a Requerente, mas
também aquelas previstas pela própria Constituição em sua inteireza e aquelas previstas pela lei impugnada em seu Capítulo IV -, ambas condicionantes
previstas no art. 209 da Constituição.
Não se pode, assim, pretender entravar a normatividade constitucional sobre o tema com base em leitura dos direitos fundamentais que os
convolem em sua negação.
Nessa linha, não se acolhe o invocar da função social da propriedade para se negar a cumprir obrigações de funcionalização previstas
constitucionalmente, limitando-a à geração de empregos e ao atendimento à legislação trabalhista e tributária, ou, ainda, o invocar da dignidade da
pessoa humana na perspectiva de eventual sofrimento psíquico dos educadores e “usuários que não possuem qualquer necessidade especial”. Em
suma: à escola não é dado escolher, segregar, separar, mas é seu dever ensinar, incluir, conviver.
Ademais, o enclausuramento em face do diferente furta o colorido da vivência cotidiana, privando-nos da estupefação diante do que se coloca
como novo, como diferente. Esse estranhamento “não pode nos imobilizar em face dos problemas que enfrentamos relativamente aos direitos
humanos, isto é, ao direito a ter direitos, ao contrário, o estranhamento deve ser o fio condutor de uma atitude que a partir da vulnerabilidade
assume a única posição ética possível, a do acolhimento.” (CHUEIRI, Vera Karam de; CÂMARA, Heloísa. Direitos Humanos em movimento:
migração, refúgio, saudade e hospitalidade, Revista Direito, Estado e Sociedade (PUC-RJ), Vol. 45, 2014. p. 174).
A Lei nº 13.146/2015 parece justamente assumir esse compromisso ético de acolhimento quando exige que não apenas as escolas públicas,
mas também as particulares deverão pautar sua atuação educacional a partir de todas as facetas e potencialidades que o direito fundamental à
educação possui e que são densificadas em seu Capítulo IV.
Como não é difícil intuir, a capacidade de surpreender-se com, na e pela alteridade, muito mais do que mera manifestação de empatia, constitui
elemento essencial para um desarmado - e verdadeiro – convívio e também debate democrático. Nesse sentido e ainda na toada da Professora Vera
Karam de Chueiri ao tratar da hospitalidade, parece evidenciar-se que somente “no desestabilizar das certezas – de exclusão – surge a necessidade do
encontro, do abraço, de ver os olhos de quem só se vê através da mediação de números” (CHUEIRI, Vera Karam de; CÂMARA, Heloísa. Direitos
Humanos em movimento: migração, refúgio, saudade e hospitalidade, Revista Direito, Estado e Sociedade (PUC-RJ), Vol. 45, 2014. p. 174).
Para além de vivificar importante compromisso da narrativa constitucional pátria - recorde-se uma vez mais a incorporação da Convenção
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência pelo procedimento previsto no art. 5º, §3º, CRFB - o ensino inclusivo milita em favor da dialógica
implementação dos objetivos esquadrinhados pela Constituição da República.
É somente com o convívio com a diferença e com o seu necessário acolhimento que pode haver a construção de uma sociedade livre, justa e
solidária, em que o bem de todos seja promovido sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (Art.
3º, I e IV, CRFB).
Esse foi inclusive um dos consideranda da celebração da Convenção:
“m) Reconhecendo as valiosas contribuições existentes e potenciais das pessoas com deficiência ao bem-estar comum e à diversidade
de suas comunidades, e que a promoção do pleno exercício, pelas pessoas com deficiência, de seus direitos humanos e liberdades
fundamentais e de sua plena participação na sociedade resultará no fortalecimento de seu senso de pertencimento à sociedade e no
significativo avanço do desenvolvimento humano, social e econômico da sociedade, bem como na erradicação da pobreza,”
Lei nº 13.257, de 8.3.2016 - Dispõe sobre as políticas públicas para a primeira infância e altera a Lei n o 8.069, de
13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), o Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código
de Processo Penal), a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de
1943, a Lei no 11.770, de 9 de setembro de 2008, e a Lei n o 12.662, de 5 de junho de 2012. Publicada no DOU, Seção 1,
Edição nº 46, p. 1, em 9.3.2016.
Lei nº 13.258, de 8.3.2016 - Altera o inciso XX do art. 19 da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 (Código de
Trânsito Brasileiro), para dispor sobre a expedição da permissão internacional para conduzir veículo. Publicada no
DOU, Seção 1, Edição nº 46, p. 4, em 9.3.2016.
Decreto nº 8.688, de 9.3.2016 - Dispõe sobre a cooperação para implementação e execução de programas e ações
de interesse público entre a Administração Pública federal e os serviços sociais autônomos que especifica. Publicada no
DOU, Seção 1, Edição nº 47, p. 6, em 10.3.2016.
Secretaria de Documentação – SDO
Coordenadoria de Jurisprudência Comparada e Divulgação de Julgados – CJCD
CJCD@stf.jus.br