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Contratos Administrativos

1. Definição
Contrato administrativo é um acordo de vontades celebrado entre a
Administração Pública e o particular ou outra entidade administrativa para a realização
de objetivos de interesse público, nas condições estabelecidas pela própria
Administração Pública, sendo disciplinado preferencialmente pela Lei de Licitações.
Os contratos administrativos caracterizam-se pela posição do Poder Público
como parte predominante na relação contratual e pela finalidade de atendimento ao
interesse público.

2. Características Gerais
Conforme disposto no art. 54 da Lei de Licitações, os contratos administrativos
são disciplinados por suas cláusulas e por preceitos de Direito Público, aplicando-se-
lhes, supletivamente, os princípios da teoria geral dos contratos e as disposições de
Direito Privado.
Nesse sentido, os contratos administrativos devem estabelecer com clareza e
precisão as condições para sua execução, expressas em cláusulas que definam os
direitos, obrigações e responsabilidades das partes, em conformidade com os termos da
licitação e da proposta a que se vinculam.
Assim, conforme disposto no § 2° do mesmo art. 54, os contratos decorrentes de
dispensa ou de inexigibilidade de licitação devem atender aos termos do ato que os
autorizou e da respectiva proposta.
Nos termos do disposto no art. 55, são consideradas cláusulas necessárias em
todo contrato administrativo:
a) o objeto e seus elementos característicos;
b) o regime de execução ou a forma de fornecimento;
c) o preço e as condições de pagamento, os critérios, data-base e periodicidade do
reajustamento de preços, os critérios de atualização monetária entre a data do
adimplemento das obrigações e a do efetivo pagamento;
d) os prazos de início de etapas de execução, de conclusão, de entrega, de observação e
de recebimento definitivo, conforme o caso;
e) o crédito pelo qual correrá a despesa, com a indicação da classificação funcional
programática e da categoria econômica;
f) as garantias oferecidas para assegurar sua plena execução, quando exigidas;
g) os direitos e as responsabilidades das partes, as penalidades cabíveis e os valores das
multas;
h) as hipóteses de rescisão contratual;
i) o reconhecimento dos direitos da Administração Pública, em caso de rescisão
unilateral por ela mesma, nas hipóteses de inexecução total ou parcial do contrato;
j) as condições de importação, a data e a taxa de câmbio para conversão, quando for o
caso;
k) a vinculação ao edital de licitação ou ao termo que a dispensou ou a inexigiu, ao
convite e à proposta do licitante vencedor;
1) a legislação aplicável à execução do contrato e especialmente aos casos omissos;
m) a obrigação de o contratado manter, durante toda a execução do contrato, em
compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as condições de habilitação
e qualificação exigidas na licitação.

Nos contratos celebrados pela Administração Pública com pessoas físicas ou


jurídicas, como regra e ressalvados os casos excepcionais, deve constar sempre como
competente o foro da sede da Administração Pública para dirimir qualquer questão
contratual.
Nos termos do disposto no art. 56 da Lei de Licitações, a critério da autoridade
competente, em cada caso, e desde que prevista no instrumento convocatório, poderá ser
exigida prestação de garantia nas contratações de obras, serviços e compras, podendo o
contratado optar por uma das seguintes modalidades de garantia, que, entretanto e em
princípio, não excederá a 5% do valor do contrato e terá seu valor atualizado nas
mesmas condições daquele:
a) caução em dinheiro ou títulos da dívida pública;
b) seguro-garantia;
c) fiança bancária.

Importante observar que, para obras, serviços e fornecimentos de grande vulto


envolvendo alta complexidade técnica e riscos financeiros consideráveis, demonstrados
através de parecer tecnicamente aprovado pela autoridade competente, o limite de
garantia de 5% referido no art. 56 da Lei de Licitações, poderá ser elevado para até 10%
do valor do contrato.
A garantia prestada pelo contratado será liberada ou restituída após a execução
do contrato, e, quando em dinheiro, atualizada monetariamente.
A duração dos contratos administrativos ficará adstrita à vigência dos
respectivos créditos orçamentários, conforme previsto no art. 57 da Lei de Licitações,
exceto quando relativos:
a) aos projetos cujos produtos estejam contemplados nas metas estabelecidas no Plano
Plurianual, os quais poderão ser prorrogados se houver interesse da Administração e
desde que isso tenha sido previsto no ato convocatório;
b) à prestação de serviços a serem executados de forma contínua que deverão ter a sua
duração prorrogada por iguais e sucessivos períodos com vistas à obtenção de preços e
condições mais vantajosas para a Administração obtenção de preços e condições mais
vantajosas para a Administração Pública, limitada a sua duração a sessenta meses
(podendo, em caráter excepcional, ser prorrogado em mais até doze meses);
c) ao aluguel de equipamentos e à utilização de programas de informática, podendo a
duração estender-se pelo prazo de até 48 meses após o início da vigência do contrato.

Deve-se ainda observar que os prazos de início de etapas de execução, de


conclusão e de entrega admitem prorrogação, mantidas as demais cláusulas do contrato
e assegurada a manutenção de seu equilíbrio econômico-financeiro, desde que ocorra
algum dos seguintes motivos, devidamente estabelecidos em processo:
a) alteração do projeto ou especificações pela Administração Pública;
b) superveniência de fato excepcional ou imprevisível, estranho à vontade das partes,
que altere fundamentalmente as condições de execução do contrato;
c) interrupção da execução do contrato ou diminuição do ritmo de trabalho por ordem e
no interesse da Administração Pública;
d) aumento das quantidades inicialmente previstas no contrato, nos limites permitidos
pela Lei de Licitações;
e) impedimento de execução do contrato, por fato ou ato de terceiro, reconhecido pela
Administração em documento contemporâneo à sua ocorrência;
f) omissão ou atraso de providências a cargo da Administração Pública, inclusive
quanto aos pagamentos previstos de que resulte, diretamente, impedimento ou
retardamento na execução do contrato, sem prejuízo das sanções legais aplicáveis aos
responsáveis.
Toda prorrogação de prazo deverá ser justificada por escrito e previa-mente
autorizada pela autoridade competente para celebrar o contrato, sendo vedada a
celebração de contrato administrativo com prazo de vigência in-determinado.

3. Principais Características dos Contratos Administrativos


Os contratos administrativos possuem determinadas características especiais que
os diferenciam sobremaneira dos demais contratos.

3.1. Formalidade
A formalidade caracteriza, como regra, os contratos administrativos. Assim,
conforme previsto no art. 60, parágrafo único, da Lei de Licitações, é nulo e de nenhum
efeito o contrato verbal com a Administração Pública, exceto o contrato que tenha por
objeto pequenas compras de pronto pagamento, assim entendidas aquelas de valor não
superior a R$ 4.000,00, feitas em regime de adiantamento.
Além disso, conforme previsto no art. 61, todo contrato administrativo deve
trazer os nomes das partes e os de seus representantes, a finalidade, o ato que autorizou
sua lavratura, o número do processo da licitação, da dispensa ou da inexigibilidade, a
sujeição dos contratantes às normas previstas na Lei de Licitações e às cláusulas
contratuais.

3.2. Licitação Prévia


Ressalvadas as hipóteses legais de dispensa e inexigibilidade de licitação, a
celebração dos contratos administrativos deve ser precedida de licitação, sob pena de
sua nulidade, devendo ainda a minuta do futuro contrato administrativo constar do edital
ou ato convocatório da licitação, conforme disposto no art. 62, § 10, da Lei de
Licitações.

3.3. Cláusulas Exorbitantes


São cláusulas existentes apenas nos contratos administrativos e que conferem
determinadas prerrogativas à Administração Pública, colocando-a em uma posição de
superioridade em relação aos particulares contratados. As cláusulas exorbitantes estão
previstas no art. 58 da Lei de Licitações e são detalhadamente tratadas no item 4 a
seguir.
3.4. Prazo Determinado
Como regra, os contratos administrativos devem ter início e término predeterminados,
sendo que a Lei de Licitações, em seu art. 57, § 30, estabelece que é vedado o contrato
administrativo com prazo de vigência indeterminado.

3.5. Prestação de Contas


Conforme o art. 56 da Lei de Licitações, a critério da autoridade competente, e desde
que prevista no instrumento convocatório, poderá ser exigida prestação de garantia nas
contratações de obras, serviços e compras. O contratado poderá optar por uma das
seguintes garantias (em princípio limitadas a 5% do valor do contrato):
a) caução em dinheiro ou títulos da divida pública;
b) seguro-garantia;
c) fiança bancária.

3.6. Publicidade
Depois de celebrado o contrato, esse deve ser publicado no Diário Oficial como
condição de sua eficácia.
Nesse sentido, estabelece o art. 61, parágrafo único, da Lei de Licitações que a
publicação resumida do instrumento de contrato ou de seus aditamentos na imprensa
oficial, que é condição indispensável para sua eficácia, será providenciada pela
Administração Pública até o quinto dia útil do mês seguinte ao de sua assinatura para
ocorrer no prazo de vinte dias daquela data, qualquer que seja o seu valor, ainda que
sem ônus, ressalvadas as exceções expressamente previstas na Lei de Licitações.

4. Cláusulas Exorbitantes
São prerrogativas conferidas pela Lei de Licitações à Administração Pública,
que a colocam em uma posição de superioridade em relação aos contratados.
Nos termos do disposto no art. 58 da Lei de Licitações, são consideradas
cláusulas exorbitantes nos contratos administrativos, aquelas que atribuem à
Administração Pública os seguintes direitos:
a) modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às finalidades de interesse
público, respeitados os direitos do contratado. Na hipótese de alteração o objeto deve
ser mantido, mas as especificações podem ser alteradas;
b) rescindi-los, unilateralmente, nas hipóteses previstas no art. 79, I, da Lei de
Licitações (a esse respeito, ver item 8.3 a seguir);
c) fiscalizar a execução dos contratos administrativos;
d) aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial do ajuste, sendo
assegurados ao contratado a ampla defesa e o contraditório;
e) nos casos de serviços essenciais, ocupar provisoriamente bens móveis, imóveis,
pessoal e serviços vinculados ao objeto do contrato, na hipótese da necessidade de
acautelar apuração administrativa de faltas contratuais pelo contratado, bem como na
hipótese de rescisão do contrato administrativo;
f) inaplicabilidade da exceção de contrato não cumprido exceptio non adimplecti
contractus. Ou seja, mesmo que a Administração Pública não cumpra a sua parte no
contrato, não efetuando os pagamentos devidos ao contratado, esse deverá cumprir as
suas obrigações estatuídas no contrato, desde que o referido atraso da Administração
Pública não ultrapasse noventa dias, conforme previsto no art. 78, XV, da Lei de
Licitações.

Não obstante todas as prerrogativas conferidas pela lei à Administração Pública,


deve-se observar que as cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos contratos
administrativos não poderão ser alteradas sem prévia concordância do contratado.
O instrumento de contrato, nos termos do disposto no art. 62 da Lei de
Licitações, é obrigatório nos casos de concorrência e de tomada de preços, bem como
nas dispensas e inexigibilidades cujos preços estejam compreendidos nos limites dessas
duas modalidades de licitação, sendo facultativo nos demais casos em que a
Administração Pública puder substituí-lo por outros instrumentos hábeis, tais como
carta-contrato, nota de empenho de despesa, autorização de compra ou ordem de
execução de serviço, sendo ainda que a minuta do futuro contrato integrará sempre o
edital ou ato convocatório da licitação.

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