CONCEITO: Coisa julgada é o instituto jurídico que integra o conteúdo do
direito fundamental à segurança jurídica, assegurado em todo Estado Democrático de Direito encontrado consagração expressa, em nosso ordenamento, no art. 5º , XXXVI. Garante ao jurisdicionado que a decisão final dada à sua demanda será definitiva, não podendo ser rediscutida, alterada ou desrespeitada, seja pelas partes, seja pelo próprio poder judiciário. A coisa julgada é a imutabilidade da norma jurídica individualizada contida na parte dispositiva de uma decisão judicial.
COISA JULGADA FORMAL E COISA JULGADA MATERIAL
A) FORMAL: é a imutabilidade da decisão judicial dentro do processo em
que foi proferida, porquanto não possa mais ser impugnada por recurso – seja pelo esgotamento das vias recursais, seja pelo decurso do prazo do recurso cabível. Trata-se de um fenômeno endoprocessual, decorrente da irrecorribilidade da decisão judicial. B) MATERIAL: é a indiscutibilidade da decisão judicial no processo em que foi produzida e em qualquer outro. Imutabilidade que se opera dentro e fora do processo. A decisão judicial (em seu dispositivo) cristaliza-se, tornando-se inalterável. Trata-se de fenômeno com eficácia endo/extraprocessual. Perceba-se, contudo que a coisa julgada formal é um degrau necessário, para que se forme a coisa julgada material, ou seja, a coisa julgada formal é pressuposto da coisa julgada material.
LER ARTIGO 502 CPC/2015
PRESSUPOSTOS DA COISA JULGADA:
Para que determinada decisão judicial fique imune pela coisa julgada material, deverão estar presentes quatro pressupostos: A) ser uma decisão judicial (a coisa julgada é característica exclusiva dessa espécie estatal); b) o provimento tem que versar sobre o mérito da causa (objeto da lide); c) o mérito deve ter sido analisado em cognição exauriente; d) tenha havido a preclusão máxima (coisa julgada formal).
LIMITES DA COISA JULGADA
PROF. ANTONIO JORGE SANTOS OLIVEIRA
a) Limite subjetivo: o limite subjetivo existe quando se examina quem se
submete aos efeitos da decisão judicial. Esta pode ser inter partes; ultra partes ou erga omnes. b) INTER PARTES é aquela a que somente se vinculam as partes. Subsiste nos casos em que a autoridade da decisão passada em julgado só se impõe para aqueles que figuraram no processo. É a regra geral do nosso sistema. (LER ART. 506, CPC/2015).
ULTRA PARTES é aquela que atinge não so as partes do processo, como
também determinados terceiros. Os efeitos da coisa julgada estendem-se a terceiros, pessoas que não participaram do processo, vinculando-os. Pode ocorrer em inúmeras hipóteses. (art. 109, CPC/2015).
ERGA OMNES é aquela cujos efeitos atingem a todos os jurisdicionados
– tenham ou não participado do processo. É o que ocorre com a ação de usucapião de imóveis ou na ação direta de constitucionalidade.
EFEITOS DA COISA JULGADA: efeito negativo, efeito positivo e efeito
preclusivo. A) NEGATIVO: o efeito negativo da coisa julgada impede que a questão principal já definitivamente decidida seja novamente julgada como questão principal em outro processo. B) POSITIVO: o efeito positivo da coisa julgada determina que a questão principal decidida e transitada em julgado, uma vez retornando ao Judiciário como questão incidental, não possa ser decidida de forma distinta daquela como já foi decidido em processo anterior. C) Segundo o art. 474 do CPC, transitada em julgado a decisão definitiva da causa, todas as alegações de defesa que poderiam ter sido formuladas para o acolhimento ou rejeição do pedido reputam-se argüidas e repelidas; tornam-se irrelevantes todos os argumentos e provas que as partes tinham a alegar ou produzir em favor da sua tese.
EFETITOS DA COISA JULGADA PENAL NA ESFERA CÍVEL
A) A sentença penal condenatória transitada em julgado produz efeitos
na esfera cível. Torna certa a obrigação de indenizar, embora sem estabelecer o valor da indenização, não se podendo mais discutir a existência da obrigação. PROF. ANTONIO JORGE SANTOS OLIVEIRA
B) A sentença penal absolutória por negativa de autoria, pelo
reconhecimento de que o ato ilícito não foi praticado ou pelo reconhecimento de que o ato foi praticado, mas não era ilícito – estado de necessidade, legitima defesa, exercício regular do direito – produz efeito no cível, excluindo a responsabilidade civil do agente.
COISA JULGADA E RELAÇÕES JURÍDICAS CONTINUATIVAS (ART.
505, I, CPC/2015): normalmente não são admitidas as chamadas sentenças futuras, aquelas que regram situações não consumadas, faltaria interesse processual da parte para desencadear a prestação. Porém, existem sentenças que recaem sobre situações futuras que estejam vinculadas a situações presentes. É o caso das sentenças que disciplinam relações jurídicas continuativas que tem por objeto obrigações homogêneas de trato sucessivo. Ex: Ação de alimentos.
INSTRUMENTO DE REVISÃO DA COISA JULGADA
A) AÇÃO RESCISÓRIA: é uma ação autônoma de impugnação da
decisão de mérito transitada em julgado, quando inquinada por vícios rescisórios (LER ART. 966, CPC/2015). Visa desconstituir a coisa julgada material. Para ser manejada deve estar presente uma das hipóteses do de cabimento, respeitando-se o prazo decadencial de 02 (dois) anos, cujo termo inicial é a data do transito em julgado.