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PROF.

ANTONIO JORGE SANTOS OLIVEIRA

COISA JULGADA

CONCEITO: Coisa julgada é o instituto jurídico que integra o conteúdo do


direito fundamental à segurança jurídica, assegurado em todo Estado
Democrático de Direito encontrado consagração expressa, em nosso
ordenamento, no art. 5º , XXXVI. Garante ao jurisdicionado que a decisão final
dada à sua demanda será definitiva, não podendo ser rediscutida, alterada ou
desrespeitada, seja pelas partes, seja pelo próprio poder judiciário. A coisa
julgada é a imutabilidade da norma jurídica individualizada contida na parte
dispositiva de uma decisão judicial.

COISA JULGADA FORMAL E COISA JULGADA MATERIAL

A) FORMAL: é a imutabilidade da decisão judicial dentro do processo em


que foi proferida, porquanto não possa mais ser impugnada por recurso
– seja pelo esgotamento das vias recursais, seja pelo decurso do prazo do
recurso cabível. Trata-se de um fenômeno endoprocessual, decorrente da
irrecorribilidade da decisão judicial.
B) MATERIAL: é a indiscutibilidade da decisão judicial no processo em que
foi produzida e em qualquer outro. Imutabilidade que se opera dentro e
fora do processo. A decisão judicial (em seu dispositivo) cristaliza-se,
tornando-se inalterável. Trata-se de fenômeno com eficácia
endo/extraprocessual.
Perceba-se, contudo que a coisa julgada formal é um degrau necessário,
para que se forme a coisa julgada material, ou seja, a coisa julgada formal
é pressuposto da coisa julgada material.

LER ARTIGO 502 CPC/2015

PRESSUPOSTOS DA COISA JULGADA:


Para que determinada decisão judicial fique imune pela coisa julgada material,
deverão estar presentes quatro pressupostos: A) ser uma decisão judicial (a
coisa julgada é característica exclusiva dessa espécie estatal); b) o provimento
tem que versar sobre o mérito da causa (objeto da lide); c) o mérito deve ter sido
analisado em cognição exauriente; d) tenha havido a preclusão máxima (coisa
julgada formal).

LIMITES DA COISA JULGADA


PROF. ANTONIO JORGE SANTOS OLIVEIRA

a) Limite subjetivo: o limite subjetivo existe quando se examina quem se


submete aos efeitos da decisão judicial. Esta pode ser inter partes; ultra
partes ou erga omnes.
b)
INTER PARTES é aquela a que somente se vinculam as partes. Subsiste
nos casos em que a autoridade da decisão passada em julgado só se
impõe para aqueles que figuraram no processo. É a regra geral do nosso
sistema. (LER ART. 506, CPC/2015).

ULTRA PARTES é aquela que atinge não so as partes do processo, como


também determinados terceiros. Os efeitos da coisa julgada estendem-se
a terceiros, pessoas que não participaram do processo, vinculando-os.
Pode ocorrer em inúmeras hipóteses. (art. 109, CPC/2015).

ERGA OMNES é aquela cujos efeitos atingem a todos os jurisdicionados


– tenham ou não participado do processo. É o que ocorre com a ação de
usucapião de imóveis ou na ação direta de constitucionalidade.

EFEITOS DA COISA JULGADA: efeito negativo, efeito positivo e efeito


preclusivo.
A) NEGATIVO: o efeito negativo da coisa julgada impede que a questão
principal já definitivamente decidida seja novamente julgada como
questão principal em outro processo.
B) POSITIVO: o efeito positivo da coisa julgada determina que a questão
principal decidida e transitada em julgado, uma vez retornando ao
Judiciário como questão incidental, não possa ser decidida de forma
distinta daquela como já foi decidido em processo anterior.
C) Segundo o art. 474 do CPC, transitada em julgado a decisão definitiva
da causa, todas as alegações de defesa que poderiam ter sido
formuladas para o acolhimento ou rejeição do pedido reputam-se
argüidas e repelidas; tornam-se irrelevantes todos os argumentos e
provas que as partes tinham a alegar ou produzir em favor da sua
tese.

EFETITOS DA COISA JULGADA PENAL NA ESFERA CÍVEL

A) A sentença penal condenatória transitada em julgado produz efeitos


na esfera cível. Torna certa a obrigação de indenizar, embora sem
estabelecer o valor da indenização, não se podendo mais discutir a
existência da obrigação.
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B) A sentença penal absolutória por negativa de autoria, pelo


reconhecimento de que o ato ilícito não foi praticado ou pelo
reconhecimento de que o ato foi praticado, mas não era ilícito –
estado de necessidade, legitima defesa, exercício regular do direito –
produz efeito no cível, excluindo a responsabilidade civil do agente.

COISA JULGADA E RELAÇÕES JURÍDICAS CONTINUATIVAS (ART.


505, I, CPC/2015): normalmente não são admitidas as chamadas
sentenças futuras, aquelas que regram situações não consumadas,
faltaria interesse processual da parte para desencadear a prestação.
Porém, existem sentenças que recaem sobre situações futuras que
estejam vinculadas a situações presentes. É o caso das sentenças que
disciplinam relações jurídicas continuativas que tem por objeto
obrigações homogêneas de trato sucessivo. Ex: Ação de alimentos.

INSTRUMENTO DE REVISÃO DA COISA JULGADA

A) AÇÃO RESCISÓRIA: é uma ação autônoma de impugnação da


decisão de mérito transitada em julgado, quando inquinada por
vícios rescisórios (LER ART. 966, CPC/2015). Visa desconstituir a
coisa julgada material. Para ser manejada deve estar presente uma
das hipóteses do de cabimento, respeitando-se o prazo decadencial de
02 (dois) anos, cujo termo inicial é a data do transito em julgado.

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