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Documentos

Técnicos Ambientais
MATERIAL TEÓRICO
UNIDADE 8

Dimensionamento
dos Custos de Estudos
Ambientais
Autoria:
Profa. Ms. Ana Claudia Aoki Santarosa

Revisão Textual:
Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja uma maior aplicabilidade
na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas:

Seja original! Conserve seu


Procure manter contato Nunca plagie material e local
com seus colegas e tutores trabalhos. de estudos sempre
para trocar ideias! Isso organizados.
amplia a aprendizagem.

Não se esqueça
de se alimentar
Aproveite as e se manter
indicações hidratado.
de Material
Complementar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com Determine
as redes sociais. um horário fixo
para estudar.

Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer
parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um
dia e horário fixos como o seu “momento do estudo”.

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que


uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.

No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca
de ideias e aprendizagem.
Unidade 8
Dimensionamento dos Custos de Estudos Ambientais

Licenciamento
Ambiental
Uma necessidade comum dos proponentes ou
executores de projetos e empreendimentos é esti-
mar previamente as despesas e os gastos envolvi-
dos na elaboração de Estudo de Impacto Ambiental
(EIA) e nas demais etapas existentes no processo de
Avaliação de Impacto Ambiental (AIA). São poucos
os trabalhos ou publicações que expõe o assunto fi-
nanceiro, principalmente devido ao caráter sigiloso
mantido pelas empresas (Sanchez, 2008).

Basicamente, as despesas do processo de licen-


ciamento recaem sobre o empreendedor, sendo con-
siderados os seguintes itens:

• Contratação do serviço de elaboração dos estu-


dos técnicos ambientais (EIA, Rima, EAS, entre
outros);
Objetivos
• Contratação de empresa de consultoria (caso
necessário), para interagir com o(s) órgão(s)
• O aluno receberá instruções
sobre quais despesas estão ambiental(is) e acompanhar o andamento do
envolvidas na elaboração processo de licenciamento) – pode ser uma
e execução de um estudo empresa diferente daquela que elaborou o es-
ambiental, incluindo os custos
do processo de licenciamento.
tudo ambiental;
Serão abordados itens como: • Realização de reuniões e audiências públicas,
taxas a serem pagas ao governo,
materiais e equipamentos,
quando necessárias;
transporte de pessoas e • Publicações em diversos meios de comunicação
equipamentos, diárias
dos profissionais, análises
dos atos e ações relacionadas ao processo de li-
laboratoriais, entre outros. cenciamento;

• Execução de programas e ações de compensação


ambiental;

• Implementação de programas e ações de miti-


gação ambiental;

• Pagamento das taxas cobradas pelo órgão licen-


ciador (solicitação de análise dos projetos e es-
tudos, e emissão das licenças ambientais).

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Os valores a serem gastos com a elaboração dos estudos ambientais e com a
contratação de uma consultoria especializada para interagir com o órgão am-
biental podem depender de diversos fatores como o tamanho, as características
e a localização do empreendimento, assim como a magnitude dos seus impactos.

Os pagamentos de compensação ambiental são destinados para financiar a


criação e a manutenção de Unidades de Conservação de Proteção Integral, e se-
gundo o artigo 36 da Lei nº 9.985 de 18 de julho de 2000, o valor deve ser igual
ou maior do que 0,5% do custo total estimado para a implementação do empre-
endimento. Assim, a base de cálculo dos valores para a compensação ambiental
considera custos para:

• Aquisição de terreno;

• Construções e execução de obras civis em geral;

• Tecnologias adotadas na atividade ou no empreendimento;

• Aquisição de equipamentos;

• Infraestrutura geral e materiais de consumo, entre outros.

O pagamento das taxas de emissão de uma licença ambiental considera dois


elementos: Custo de Análise e Valor da Licença. O primeiro é o valor cobrado pelo
órgão ambiental para analisar o projeto e os estudos ambientais necessários, os
quais balizarão a decisão do órgão ambiental sobre a emissão da licença pleiteada.
O segundo é o valor cobrado para a emissão da licença propriamente dita. Cabe
aqui destacar que existe taxa de pagamento para cada uma das licenças ambientais
(Prévia, Instalação e Operação) e também para as respectivas renovações.

O valor de cada licença depende da categoria na qual o empreendimento se


encaixa no órgão ambiental, do porte do empreendimento e de seu respectivo
potencial poluidor. Na maioria dos casos, esses valores não ultrapassam 1% do
valor do investimento total, e frequentemente ficam abaixo de 0,5%.

O custo da análise dos documentos necessários para a obtenção da licença


ambiental, já previsto pelo artigo 13 da Resolução Conama nº 237 de 1997, considera
despesas com logística de viagens como transporte, alimentação e hospedagem
para a realização de vistoria do projeto ou empreendimento, e com custos da
avaliação propriamente dita, que inclui salários e os respectivos encargos da
equipe de profissionais do órgão ambiental responsável, proporcionalmente ao
período de análise dos documentos e dos estudos ambientais.

Vamos considerar o exemplo de cálculo do custo de análise para diferentes


estudos ambientais, realizados pela SEMACE – Secretaria de Meio Ambiente do
Ceará (tabela 1).

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Unidade 8
Dimensionamento dos Custos de Estudos Ambientais

Tabela 1 – Número de técnicos e tempo considerados para cálculo do custo de análise


de diversos estudos ambientais pela Secretaria de Meio Ambiente do Ceará

Tipo de Estudo Nº de técnicos Horas trabalhadas


• Estudo Ambiental (EA)
• Plano de Emergência 1 4
• Relatório Ambiental Simplificado
• Plano de Controle Ambiental (PCA)
• Relatório de Controle Ambiental (RCA)
• Análise de Risco 2 10
• Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD)
• Estudo de Viabilidade Ambiental (EVA)
• Plano de Manejo Florestal
3 10
• Plano de Desmatamento Racional
• Relatório Ambiental Simplificado (RAS) – de
3 13
acordo com a Resolução CONAMA 279/01
• Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de A definir para A definir para
Impacto Ambiental (EIA/RIMA) cada caso cada caso*
* No caso de EIA/RIMA, o total mínimo de horas técnicas a considerar não poderá ser inferior a 100 (cem)
Fonte: Site SEMACE

Assim, segundo a SEMACE, o valor a ser pago por essas análises considera:

• a distância do empreendimento ou da atividade até a sede da SEMACE;

• o número de técnicos necessários para a análise;

• as horas totais trabalhadas.

Ele pode ser calculado pela seguinte fórmula:

V = [(D × FCQ × P1) + (NT × THT × FCHT)] × P2

Onde:

• V = Valor em UFIRCE (Unidade Fiscal de Referência) da remuneração


dos serviços;
• D = Distância em km do empreendimento à sede da SEMACE;
• FCQ = Fator custo unitário de quilometragem = 0,8710 UFIRCE/km;
• P1 = Peso atribuído ao fator distância = 2;
• NT = Número total de técnicos utilizados na análise;
• THT = Total de horas técnicas necessárias para análise do processo até
sua conclusão;
• FCHT = Fator custo unitário de hora técnica = 21,7756 UFIRCE /hora;
• P2 = Peso atribuído ao fator análise técnica = 1,50

Valor da UFIRCE para 2017: R$ 3,94424. (Fonte: http://www.tjce.jus.br/)

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Já a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), agência do go-
verno do estado de São Paulo, responsável entre outras atividades pelo licencia-
mento das atividades geradoras de poluição no estado, possui valores já pré-es-
tabelecidos de cobranças de análises dos diversos estudos ambientais, dados em
UFESP (Unidades Fiscais do Estado de São Paulo). Os valores variam de acordo
com a complexidade do tipo de estudo e atividade (tabela 2).

Tabela 2 – Custos de análise de Estudos Ambientais pela CETESB, em UFESP

Tipo de Serviço Valor em UFESP *


Estudo Ambiental Simplificado (EAS) 350
Análise RAP Classe I
• Extração mineral
• Linha de transmissão e subestações 750
• Sistema de abastecimento de água sistema de esgoto
• Loteamento misto (residencial e industrial)
Análise RAP Classe II
• Aterro sanitário
• Usina de reciclagem de compostagem de resíduos 1000
sólidos domésticos
• Usina de açúcar e destilaria de álcool
Análise RAP Classe III
• Porto, aeroporto
• Rodovia, ferrovia e metropolitano 1500
• Oleoduto e gasoduto central
• Termoelétrica e hidroelétrica
Análise EIA/RIMA Classe II 3000
Análise EIA/RIMA Classe III 4500
*Para o exercício de 2017, o valor da UFESP é de R$ 25,07. Fonte: http://www.tjsp.jus.br
Fonte: Site Cetesb

No site do INEA – Instituto Estadual do Ambiente (RJ) é possível obter as


informações sobre documentação necessária para a autuação (abertura) do
processo de licenciamento e obter o preço do custo de análise do estudo, após o
preenchimento de uma série de informações a respeito do tipo de empreendimento
(tipo de atividade, local, extensão do empreendimento, entre outros).

Para normas gerais de valores, custos de análises de estudos ambientais e


outros serviços relacionados a licenças, certificados e autorizações fornecidos
pelo INEA, é possível consultar a Norma Operacional (NOP) 02 – INEA. Nas
tabelas 3 e 4 são mostrados alguns exemplos de custos de análises de dois tipos
de estudos ambientais: o EIA e seu respectivo RIMA e o RAS (Relatório Ambiental
Simplificado). Vemos novamente que os valores variam conforme o porte
do empreendimento ou atividade e no caso do EIA/RIMA, de acordo também
com o potencial poluidor. Os valores são dados em UFIR-RJ (Unidade Fiscal de
Referência do Estado do Rio de Janeiro).

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Unidade 8
Dimensionamento dos Custos de Estudos Ambientais

Tabela 3 – Custos de análise de Estudos de Impacto Ambiental e respectivos


Relatórios de Impacto Ambiental – EIA/RIMA (em UFIR-RJ)

Potencial Poluidor
Porte
Médio Alto
Mínimo 4.285 5.473
Pequeno 5.077 6.265
Médio 13.236 16.403
Grande 28.662 33.413
Excepcional 54.187 60.522
Fonte: NOP (Norma Operacional) – INEA – 02

Tabela 4 – Custos de análises de Relatórios Ambientais Simplificados – RAS (em UFIR-RJ)

Porte Valor
Mínimo 3.691
Pequeno 4.087
Médio 10.068
Grande 23.911
Excepcional 47.852
Fonte: NOP (Norma Operacional) – INEA – 02

Execução de Estudos Ambientais


A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) salientou a necessidade de har-
monizar o desenvolvimento socioeconômico com a preservação e a melhoria da
qualidade ambiental por meio de Estudos Técnicos Ambientais. Essa conciliação
entre o desenvolvimento e o meio ambiente tem como objetivo não apenas a
preservação e a melhoria, mas também a recuperação das condições ambientais
adequadas à uma boa qualidade de vida.

A elaboração de um estudo ambiental adequado necessita de um planejamento


detalhado. Antes de iniciarmos um levantamento de dados e informações,
devemos definir claramente quais são as finalidades dos estudos, e quais são as
informações necessárias para que a sua execução cumpra os objetivos propostos.

Dentre as finalidades dos estudos ambientais podemos citar:

1. Identificar e caracterizar todos os processos ambientais existentes na área de


investigação referentes aos meios físico, biótico e socioeconômico;

2. Prever os potenciais impactos ambientais sobre os meios físico, biótico e so-


cioeconômico decorrentes da implantação e operação de empreendimentos
e atividades;

3. Propor e definir ações e programas de mitigação socioambiental com o propó-


sito de diminuir a amplitude dos potenciais impactos ambientais;

4. Propor e definir ações e programas de monitoramento ambiental com o


propósito de acompanhar as medidas de mitigação e avaliar a eficiência
das mesmas.

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Assim, os estudos ambientais podem subsidiar uma série de Instrumentos
de Gerenciamento Ambiental (por exemplo Avaliação de Impacto Ambiental,
Recuperação de Áreas Degradadas, Monitoramento Ambiental), que visam
assegurar a melhoria e o aprimoramento contínuo do desempenho ambiental de
um empreendimento ou de uma área a ser protegida. A tabela 5 traz um resumo
dos aspectos dos instrumentos de gerenciamento ambiental de empreendimentos
ou atividades, levando em consideração se estes já se encontram em atividade ou
se serão instalados futuramente.

Tabela 5 – Aspectos gerais de Instrumentos de Gerenciamento Ambiental

Aspectos Gerais dos Situação do Empreendimento / Atividade


Instrumentos A instalar Instalado
Quanto ao caráter Preventivo Corretivo; manutenção
Minimizar alterações
Prever e prevenir alterações ambientais; melhorar imagem
Quanto aos objetivos
ambientais e relacionamento com a
comunidade
Objetivo (baseia-se em normas,
Quanto à interpretação das Subjetivo (depende de
exigências ou padrões legais
alterações ambientais julgamento de valor)
estabelecidos)
• Recuperação de Áreas
• Avaliação de Impacto
Degradadas
Ambiental (AIA)
• Monitoramento Ambiental
Quanto aos tipos adequados • Plano de Recuperação de
• Auditoria Ambiental
Áreas Degradadas (PRAD)
• Análise de Riscos Ambientais
Sistema de Gerenciamento Ambiental
Fonte: Adaptado de Bitar & Ortega (1998)

Após definida a finalidade do estudo ambiental, os primeiros passos para seu


planejamento são:

1. Identificação das informações úteis e necessárias para se obter a solução para


o problema;

2. Verificação na literatura bibliográfica de quais são as informações já existentes


e quais são as lacunas do conhecimento;

3. Definição do local e de quais são os dados primários a serem obtidos;

4. Definição da periodicidade de coleta de dados;

5. Definição da forma de coleta ou obtenção dos dados e das informações.

Desta forma, para se dimensionar as despesas e os custos de um estudo am-


biental, é preciso realizar uma análise precisa de todas as etapas do projeto e de
todos os documentos técnicos disponíveis, como por exemplo termos de refe-
rência, especificações técnicas, memoriais descritivos, editais, contratos, entre
outros, para se minimizar falhas e lacunas na planilha orçamentária e na estima-
tiva das quantidades de cada item envolvido no estudo.

O projeto do estudo ambiental consiste, portanto, em elemento fundamental


na organização do orçamento detalhado. É dele que são extraídas as informações
básicas sobre os profissionais técnicos, os serviços, os métodos e suas respecti-
vas quantidades.

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Unidade 8
Dimensionamento dos Custos de Estudos Ambientais

Assim, os custos envolvidos em um estudo ambiental estão relacionados fun-


damentalmente com recursos humanos, materiais, equipamentos e suprimen-
tos, como por exemplo:

• Salários e honorários da equipe de profissionais, e respectivos impostos e


encargos sociais;

• Transporte de pessoal e equipamentos para os locais de investigação;

• Alimentação e hospedagem dos profissionais;

• Compra e/ou aluguel de equipamentos;

• Despesas para realização de apresentações e participações em reuniões,


audiências públicas e palestras;

• Coletas de amostras e análises laboratoriais.

Segundo a Norma Técnica IE–Nº 01/2011 emitida pelo Instituto de Engenharia,


o procedimento básico desenvolvido no processo orçamentário consiste nas
seguintes etapas:

1. Enumeração e organização das atividades e dos serviços que constituem


o projeto;

2. Verificação e cálculo das quantidades de atividades e serviços;

3. Estimativa dos custos unitários das atividades e dos serviços;

4. Estimativa dos custos unitários dos equipamentos;

5. Cálculo dos salários com os respectivos encargos sociais e trabalhistas;

6. Estimativa dos custos indiretos.

Recursos Humanos
Os recursos humanos (profissionais técnicos) são necessários em todas as
etapas de um estudo ambiental. Em um primeiro momento, são necessários
especialistas para se realizar uma busca de dados, informações, trabalhos e estudos
já existentes e acessíveis na internet, em bibliotecas, em órgãos ambientais, entre
outros (levantamento de dados secundários). Assim, é possível diagnosticar o
nível de conhecimento sobre cada tema envolvido no estudo para cada local. Para
se estimar o custo desta atividade, deve-se levar em consideração, por exemplo:

1. Quais especialidades serão necessárias?

2. Quantos profissionais serão necessários?

3. Quanto tempo será necessário para levantar os dados e as informações?

4. Quanto tempo será necessário para analisar os dados e informações encontradas?

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Desta forma, sabendo-se os salários determinados para cada uma das espe-
cialidades, é possível estimar os custos totais com recursos humanos nesta fase
inicial de execução do projeto.

Para o levantamento de dados primários, segue-se a mesma lógica: determina-


-se quais e quantos são os profissionais necessários para se realizar as coletas de
amostras ou as medições em campo, e estima-se quanto tempo será necessário
para que estes profissionais executem todas as atividades de campo. Muitas
vezes, esses cálculos são realizados a partir da quantidade de horas trabalhadas
por cada profissional. Em outros casos, é mais adequado considerar o número
de dias trabalhados. Assim, a partir destas quantidades definidas, calcula-se o
montante total a ser despendido com recursos humanos.

Por exemplo, em determinado trabalho, um coordenador está previsto para


trabalhar duas horas por dia em um determinado estudo/projeto, e dois técnicos
ficarão mais dedicados, despendendo oito horas por dia. Se for determinado que
o coordenador ganhará R$ 100,00 por hora e os técnicos ganharão R$ 50,00 por
hora cada um, para um trabalho de duas semana de coleta e mais duas semanas de
trabalhos em escritório, podemos calcular o custo de acordo com as quantidades
trabalhadas e com despesas extras, conforme a tabela 6:

Tabela 6 – Exemplo de cálculo simplificado de custo em recursos


humanos para a fase de levantamento de dados primários

Salários 4 semanas Extras


Valor / Horas 4 Valor 4 Diárias Valor Subtotal
Horas Dia
hora Semanas semanas campo diária diárias
Coordenador 100,00 2h 40 h 4.000,00 0 500,00 0
Técnico 1 50,00 8h 160 h 8.000,00 10 dias 300,00 3.000,00
Técnico 2 50,00 8h 160 h 8.000,00 10 dias 300,00 3.000,00
Total Salários 20.000,00 Total Extras 6.000,00

Há também as análises laboratoriais, cujo serviço pode ser subcontratado ou


internalizado. Neste último caso, deve-se considerar também os custos envol-
vidos para se contratar especialistas técnicos capazes de realizar estas análises.

Logística
Outras despesas fundamentais para serem consideradas nos estudos am-
bientais são aquelas relacionadas a itens básicos como transporte, alimentação
e hospedagem. Estes custos podem chegar a valores altos, e não devem ficar de
fora do planejamento do estudo.

Por exemplo, em atividades de campo, os profissionais devem se locomover


para o local de investigação e, dependendo da localização da área de estudo,
podem ser necessários transporte aéreo, transporte terrestre ou até aquático.
Assim, deve ser considerado também o aluguel de veículos e embarcações quando
necessários (figura 1).

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Dimensionamento dos Custos de Estudos Ambientais

Juntamente com o transporte dos profissionais, não podemos esquecer que


existe também o transporte dos equipamentos e materiais necessários para as
atividades de coletas e medições. Dependendo do tamanho (volume e peso) dos
equipamentos, pode ser preciso o envio desta carga também por via aérea ou
terrestre, o que envolve custos altos e também devem ser relevados.

Figura 1 – Pequenas embarcações utilizadas para coleta de amostras de água e medições de


diversos parâmetros físico-químicos in situ, em uma ETE – Estação de Tratamento de Água
Fonte: SALT – Sea & Limno Technology

Os custos com alimentação e hospedagem também são totalmente dependen-


tes do número de pessoas envolvidas no trabalho. Uma vez que os profissionais
ficarão deslocados fora de sua residência, devem ser garantidas todas as suas
despesas com refeições e um local adequado para se hospedar todos os técnicos.
Além do bem-estar a ser proporcionado a estas pessoas, a qualidade e os resul-
tados do trabalho podem ser bastante influenciados por estas condições básicas.

Equipamentos
Conforme mencionado anteriormente, nos estudos ambientais são necessários
diversos tipos de dados e informações sobre os variados temas dos meios físico,
biótico e socioeconômico. Para a obtenção dos dados secundários, não são
necessários equipamentos ou materiais específicos, uma vez que os dados e
as informações são buscados em banco de dados, relatórios técnicos, estudos,
trabalhos, artigos, revistas, livros e jornais científicos. Assim, atualmente um
computador com acesso à Internet é bastante útil para se encontrar grande parte
das informações ou pelo menos para saber onde é possível obtê-las (bibliotecas,
livrarias, órgãos ambientais, entre outros).

Já para se obter os dados primários, podem ser necessários diversos tipos


de equipamentos, tanto em trabalhos de campo quanto em atividades de
laboratório (figura 2). Cada tipo de informação requer procedimentos, materiais
e equipamentos específicos. Assim, para cada um dos equipamentos utilizados
em um estudo, existe a opção de a empresa/instituição executante adquiri-lo

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(quando não possuir o equipamento) ou a de alugar especificamente para o projeto
ou estudo em questão. Caso o equipamento seja alugado, as despesas decorrentes
do aluguel devem ser consideradas e entrar como custos do projeto ou trabalho.
Caso seja de propriedade da própria empresa, devem ser incluídos custos de
depreciação do equipamento, e o desgaste do mesmo deve ser considerado de
acordo com as condições do local, de uso e dos riscos envolvidos.

Para as atividades de trabalho de campo por exemplo, os principais materiais


e equipamentos são aqueles utilizados para coleta de amostras ou medição de
dados in situ (no próprio local). Alguns exemplos destes materiais/equipamentos
e estimativa de intervalo de preços são apresentados na tabela 7.

Tabela 7 – Exemplos de materiais e equipamentos para coleta de amostras ou medição in situ

Material / Equipamento Meio / Matriz Valor aproximado*


Enxada Terrestre / Solo R$ 20,00 a R$ 60,00
Cavadeira Articulada Terrestre / Solo R$ 20,00 a R$ 90,00
Facão Terrestre / Solo R$ 20,00 a R$ 80,00
Trado Holandês Terrestre / Solo R$ 500 a R$ 1.400,00
Terrestre ou Aquático /
Régua, Balde, Recipientes R$ 50,00
Solo ou Água
Medidor de pH, umidade e Terrestre ou Aquático /
R$ 30,00 a R$ 200,00
luminosidade Solo ou Água
Garrafa Van Dorn Aquático / Água R$ 1.000,00 a R$ 3.500,00
Balde, Recipientes Aquático / Água R$ 50,00
Sonda Multiparâmetros Simples Aquático / Água R$ 1.500,00 a R$ 5.000,00
Sonda Multiparâmetros Perfiladora Aquático / Água R$ 10.000,00 a R$ 30.000,00
Medidor de Correntes/Velocidade Aquático / Água R$ 10.000,00 a R$ 20.000,00
Perfilador de Correntes/Velocidade Aquático / Água R$ 50.000,00 a R$ 150.000,00
Van Veen Aquático / Sedimento R$ 2.500,00 a R$ 8.000,00
Rede de Zooplâncton Aquático / R$ 1.000,00 a R$ 2.000,00
Rede de Fitoplâncton Água R$ 1.000,00 a R$ 2.000,00
GPS Portátil Água/ R$ 500,00 a R$ 2.500,00
Analisador de Qualidade do Ar Atmosfera R$ 1.000,00 a R$ 3.000,00
Estação meteorológica Atmosfera R$ 1.000,00 a R$ 20.000,00
* Estimativas efetuadas em 2017

Figura 2 – Exemplos de equipamentos utilizados em estudos ambientais:


sonda multiparâmetros (à esquerda) e cavadeira articulada (à direita)
Fonte: Adaptado de EXO e Tramontina

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Unidade 8
Dimensionamento dos Custos de Estudos Ambientais

Análises Laboratoriais e de Campo


Quando necessário o levantamento de dados primários para um estudo am-
biental, as análises laboratoriais das amostras coletadas e as medições em cam-
po podem significar em termos de valores, uma importante parcela da planilha
orçamentária, dependendo do número de amostras e tipo de análises (tabelas
8 e 9). Em muitos casos, inclusive, podem chegar a constituir a maior parte do
orçamento. Isso se deve ao elevado preço de determinados reagentes utilizados
nos processos analíticos (por exemplo soluções-padrão para calibração de equi-
pamentos), e dos equipamentos que realizam as análises (por exemplo, espec-
trômetro de massa e cromatógrafo, figura 3).

Nos custos das análises, certamente estão incluídos os salários dos técnicos,
com diferentes níveis de especialização que trabalham em um laboratório: desde
aqueles que preparam as amostras para serem analisadas, aos que realizam alguns
procedimentos analíticos até os técnicos com maior nível de especialização, que
operam equipamentos extremamente específicos e caros (figura 3).

Figura 3 – Exemplo de cromatógrafo (à esquerda) e espectrômetro


de massa (à direita), utilizados em análises de poluentes ambientais
Fonte: Wikimedia

Portanto, além do acondicionamento e transporte das amostras, há os custos


com as análises laboratoriais propriamente ditas. Estas podem ser feitas pela
própria empresa que realizou as amostragens ou que é responsável pela execução
do projeto, quando possui infraestrutura, ou as análises podem ser terceirizadas
a um laboratório especializado.

As análises ou ensaios laboratoriais, assim como as medições em campo,


podem ser realizados em diversas matrizes, como:

• Água: para consumo humano, águas superficiais (doce e marinha) e subter-


râneas, águas recreacionais e águas residuárias.

• Sedimentos e Solos.

• Resíduos sólidos: resíduos perigosos, lodo de esgoto e industrial, aterros


sanitários.

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• Organismos aquáticos: peixes, bivalves e invertebrados bentônicos.

• Outras matrizes biológicas: sangue e vegetais

As principais análises laboratoriais e medições em campo realizadas com


frequência em estudos ambientais podem ser classificadas em físico-químicas,
ecotoxicológicas, microbiológicas ou hidrobiológicas (Quadro 1).

Quadro 1

Principais análises laboratoriais e de campo realizadas


em estudos ambientais

Físico e Químicos
• Cor, turbidez, condutividade, odor, OD, pH, granulometria;
• Agregados orgânicos: DBO, DQO, COT;
• Compostos inorgânicos: metais, nutrientes, sulfato, sulfeto.

Ecotoxicológicos
• Ensaios de toxicidade aguda e crônica com organismos marinhos
e de água doce;
• Estudos de bioacumulação em organismos aquáticos.

Microbiológicos
• Indicadores microbiológicos de contaminação: coliformes totais
e termotolerantes, E.coli, Enterococos, bactérias heterotróficas;
• Patógenos: Salmonella sp, Vibrio cholerae;
• Toxinas de cianobactérias: microcistina.

Hidrobiológicos
• Comunidades aquáticas: macroinvertebrados bentônicos,
fitoplâncton e zooplâncton, peixes;
• Algas tóxicas: cianobactéria.

Fonte: Adaptado de Cetesb. Disponível em: https://goo.gl/BUigfi

ATENÇÃO!
Atualmente a maioria dos órgãos ambientais aceitam somente relatórios e do-
cumentos cujos ensaios e amostragens tenham sido realizados por laboratórios e
empresas devidamente credenciados.

Nas tabelas 8 e 9 são apresentados alguns exemplos de valores de análises


físico-químicas e biológicas para o estudo da qualidade do ar, água e solo. Vemos
que os custos variam de algumas dezenas de reais até milhares, como é o caso da

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Unidade 8
Dimensionamento dos Custos de Estudos Ambientais

análise realizada pela CETESB de parâmetros físicos e químicos inorgânicos de


água bruta, para atendimento ao padrão de potabilidade para consumo humano,
segundo a Portaria MS nº 2914 de 12/12/2011 (Federal).

Tabela 8 – Tabela de preço de algumas das análises laboratoriais realizadas pela CETESB

Descrição Código Valor em R$*


Coliformes totais e E. coli – método da membrana filtrante 2777 229,00
Oxigênio Dissolvido (campo – sonda multiparâmetros) 3007 148,00
Oxigênio Dissolvido – Winkler modificado 2523 82,00
pH 0188 52,00
pH (campo - sonda multiparâmetros) 3005 182,00
pH – campo 2524 168,00
Sólidos em Suspensão Totais 0200 78,00
Potabilidade Portaria 2914 / bactérias – água tratada 2839 180,00
Potabilidade Portaria 2914 / bactérias – água bruta 2841 181,00
Potabilidade Portaria 2914 / físico – químico inorgânico 3000 3.158,00
Turbidez 0215 48,00

*Vigência: 01/10/2016 a 30/09/2017


Fonte: Adaptado de Cetesb

Tabela 9 – Tabela de preço de algumas das análises laboratoriais


realizadas pelo Instituto Ambiental do Paraná –IAP

Valor Valor Laboratório Prazo Máximo para o


Parâmetro
em UPF em R$ Executante resultado (em dias)
Alcalinidade de
0,15 14,49 Físico Química 15
Carbonatos
Anidrido Sulforoso 0,53 51,20 Qualidade do Ar 7
Chumbo 1,09 105,29 Absorção Atômica 35
Clorofila a 2,26 218,32 Limnologia 45
Coliforme Total 0,4 38,64 Microbiologia 7
DBO 5 dias 0,52 50,23 Físico Química 15
Granulometria 1 96,60 Sedimentometria 25
Pó em Suspensão
1,5 144,90 Qualidade do Ar 7
(HI-VOL)
Salinidade 0,15 14,49 Amostragem 7
Temperatura da
0,075 7,25 Amostragema 7
Água
Zooplâncton 2,26 218,32 Limnologia/CTBA 45

Fonte: Adaptado de IAP – Instituto Ambiental do Paraná: Serviços Laboratoriais. UPF/PR: Unidade Padrão Fiscal do
Paraná = R$ 96,60 (Julho/2017). Fonte: Secretaria da Fazenda (PR). Valores de análises consultados em Julho/2017

EXPLORE
Consulte na internet a portaria nº 2914, publicada pelo Ministério da Saúde em
2011, para saber sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da
água para consumo humano e seu padrão de potabilidade.
https://goo.gl/B48QGR

18
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Cartilha de Licenciamento Ambiental
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Cartilha de licenciamento ambiental. Brasília: TCU,
Secretaria de Fiscalização de Obras e Patrimônio da União, 2004. 57p.

Guia Nacional de Coleta e Preservação de Amostras:


Água, Sedimento, Comunidades Aquáticas e Efluentes Líquidos
CETESB – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Guia nacional de coleta e preser-
vação de amostras: água, sedimento, comunidades aquáticas e efluentes líquidos. São Paulo:
CETESB; Brasília: ANA, 2011.

Como Elaborar Propostas/Orçamentos de Projetos: Informações Básicas


FUSP - Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo. Como elaborar propostas/orçamen-
tos de projetos: Informações Básicas. Normas e Procedimentos NP01. São Paulo: FUSP. 11 p.

Gerenciamento de Projetos Ambientais


KAHN, M. Gerenciamento de Projetos Ambientais. Rio de Janeiro: E-Papers Serviços Edi-
toriais, 2003. 86 p.

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Unidade 8
Dimensionamento dos Custos de Estudos Ambientais

Referências
BITAR, O. Y. & ORTEGA, R.E. Gestão Ambiental. In: Oliveira, A. M.S. & Brito, S. N.
A. (Eds.) Geologia de Engenharia. São Paulo: Associação Brasileira de Geologia de
Engenharia, 1998. p. 499-508.

SANCHEZ, L. E. Avaliação de Impacto Ambiental: Conceitos e Métodos. São


Paulo: Oficina de Textos, 2008.

20
São Paulo
2017

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