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Rodrigo Soares Peixoto (1); Francisco Vicente de Souza (2); Victor Edson Martha
Ferreira (3); Luis Augusto Conte Mendes Veloso (4); André Azevedo Andrade (5)
Resumo
Neste trabalho foi realizada uma avaliação das propriedades mecânicas do concreto de três pontes da
Estrada de Ferro Carajás por meio de Ensaios Não-Destrutivos (END), empregando-se testes com
esclerômetro e ultra-som. Os testes tiveram como objetivo estimar a resistência e o módulo de elasticidade
do concreto dessas pontes. Os ensaios não-destrutivos foram realizados in-loco, bem como em
testemunhos retirados da ponte. Os valores obtidos foram comparados com os obtidos em ensaios de
compressão. Os resultados de resistência obtidos a partir de testes in-loco mostraram que os testes com
esclerômetro forneceram melhores estimativas de resistência do que os testes realizados com ultra-som. No
caso do módulo de elasticidade, os valores obtidos em testes nos testemunhos ficaram muito próximos aos
valores de referência, indicando que o ultra-som fornece melhores resultados quando o elemento estrutural
analisado apresenta menores dimensões.
Palavra-Chave: Ensaios não-destrutivos, propriedades mecânicas, resistência, módulo de elasticidade
Abstract
In this paper were performed an appraisal of concrete mechanical properties of three Railroad Carajas
bridges using non-destructive testing (END), based on tests with hammer tests and ultrasonic ones. The
tests should estimate the concrete mechanical resistance and Young’s Modulus of these bridges. The non-
destructive tests were performed in-situ and in testimony taken from the bridge. The obtained values were
compared with the results of compression tests. The resistance results gained from in-situ tests shown that
the hammer test provide best estimates of resistance than the ultrasonic ones. In the case of Young’s
Modulus, the obtained values in tests on testimonies were very close to the baseline, what means that
ultrasonic tests provides better results when the structural element analyzed is smaller.
Keywords: Non destructive tests, mechanical properties, resistance, Young's Modulus
(c)
Figura 1 – Fotografias das pontes. (a) Ponte sobre o Rio Vermelho. (b) ponte sobre o Rio Cajuapara. (c) Ponte sobre
o Rio Mearim
No que segue, é feito um breve comentário sobre os métodos usados neste trabalho:
Segundo MINOR et al (1988), este método somente devem ser usados em estruturas
relativamente novas. No entanto, para MALHOTRA e CARINO (1991), para que sua
aplicabilidade em estruturas antigas seja possível, faz-se necessário a retirada de corpos
de prova e a análise da correlação entre a resistência à compressão e os resultados do
exame esclerométrico.
Ed =
ρ (1 + ν ) ⋅ (1 − 2 ⋅ν )
⋅V 2 ⋅
(1 − ν )
(Equação 1)
g
E = (0,0139470106 ⋅ V ) − 31,5048023 (Equação 2)
Onde:
Nessas extrações deve-se ter cuidado para que o testemunho retirado não contenha
materiais estranhos ao concreto, tais como armaduras e pedaços de madeira. Por isso,
utilizou-se um pacômetro para a localização das armaduras, evitando que essas fossem
cortadas e alojadas ao testemunho.
3 Investigação experimental
3.1 Ensaios Não-Destrutivos
Os ensaios com esclerômetro realizados nas pontes estudadas obedeceram aos critérios
da norma brasileira NBR-7584 (1995), que estabelece um numero mínimo de nove pontos
de amostragem, com espaçamento entre si de 3 cm, conforme é mostrado na figura 3.
Na escolha desses pontos, evitaram-se locais com presença de agregados expostos ou
armaduras muito próximas a haste do equipamento, pois esses elementos podem alterar
sobremaneira os resultados obtidos.
Além disso, foram realizados ensaios com esclerômetro nos testemunhos extraídos da
ponte.
Encontro N8 15,00 -
Encontro N17 30,10 -
P1 Carajás N15 34,30 43,00
P1 São Luis 23,40 44,00
Tabuleiro N10 29,30 -
Encontro N9 25,10 -
P14 -N14 29,30 51,40
P15 -N11 18,40 -
P15 -N13 20,90 -
Tabuleiro N2 12,50 45,10
Tabuleiro N18 14,20 -
Encontro A4 26,80 -
P7 Carajás N6 14,20 43,52
Rio Mearim
Para os ensaios com ultra-som, procurou-se realizar nas pontes, sempre que possível os
ensaios nos mesmos locais dos testes com esclerômetro, figura 4.
(a) (b)
Encontro N8 - - - -
Encontro N17 - - - -
P1 L, dir 3583 34,04 27,7 18,5
P1 L, esq 4110 46,37 36,5 25,8
Tabuleiro N10 3290 27,19 23,4 14,4
Encontro A4 - - - -
P7 Carajás N6 3557 33,43 27,3 18,1
Rio Mearim
Infelizmente não foram realizados ensaios de ultra-som na ponte sobre o Rio Cajuapara e
em vários pontos nas outras duas pontes não foi possível a obtenção de estimativas
razoáveis para os valores de resistência e rigidez do concreto. Isso porque a velocidade
de propagação do pulso ultra-sônico determinada mostrou-se excessivamente baixa,
demonstrando alguma incoerência na realização do ensaio.
(a) (b)
Para isso, foi utilizada uma máquina de ensaio servo-controlada modelo PC-200CS, da
marca EMIC. Os ensaios foram realizados com velocidade de carga constante, com a
taxa de 0,25 MPa/s, seguindo-se o diagrama de carregamento mostrado na figura 6.
σb −σa
E ci = (Equação 4)
εb − εa
Onde:
No sistema EMIC as deformações foram medidas por dois extensômetros tipo “clip-gage”
fixados na lateral do corpo-de-prova, um diametralmente ao outro, figura 7. Por sua vez, a
carga foi medida pelo transdutor de pressão interno da máquina que converte ao valor da
pressão do óleo do cilindro hidráulico em carga.
50 50
40
Tensão (MPa)
40
Tensão (MPa)
30 30
20 20
10 10
0 0
0 0.0001 0.0002 0.0003 0.0004 0.0005 0.0006 0.0007 0.0008
0 200 400 600 800 1000
Tempo (s) Deformação (m/m)
Figura 8 – Resultados para a ponte sobre o rio Vermelho. (a) Diagrama de carregamento. (b) Diagrama tensão-
deformação
50 50
40 40
Tensão (MPa)
Tensão (MPa)
30 30
20
20
10
10
0
0
0 0.0002 0.0004 0.0006 0.0008 0.001 0.0012
0 200 400 600 800 1000
Tempo (s) Deformação (m/m)
Figura 9 – Resultados para a ponte sobre o rio Cajuapara. (a) Diagrama de carregamento. (b) Diagrama tensão-
deformação
60
60
50
50
Tensão (MPa)
40
Tensão (MPa)
40
30
30
20 20
10 10
0
0
0 200 400 600 800 1000
0 0.0002 0.0004 0.0006 0.0008 0.001
Tempo (s)
Deformação (m/m)
Figura 10 – Resultados para a ponte sobre o rio Mearim. (a) Diagrama de carregamento. (b) Diagrama tensão-
deformação
R=0,39
R=0,53 R=0,58
(a) (b)
Figura 12 – Comparação entre os testes não destrutivos e o de compressão realizados em testemunhos. (a)
Esclerômetro e compressão. (b) Ultra-som e compressão
Nas figuras 13-a e 13-b estão mostradas comparações entre os testes não-destrutivos
realizados in-loco, bem como nos respectivos testemunhos. Nessas figuras estão
mostrados os valores de referência, obtidos pelos ensaios de compressão.
ANAIS DO 50º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2008 – 50CBC0743 13
(a) (b)
Nas figuras 13-a e 13-b, verifica-se que os testes com esclerômetro nos testemunhos
subestimam a resistência do concreto, enquanto que os testes com ultra-som
superestimam os valores de resistência quando se emprega a expressão 3 para a
determinação da resistência a partir da velocidade de propagação do pulso ultra-sônico.
4 Conclusões
As análises realizadas mostraram que os testes realizados com esclerômetro in-loco são
capazes de fornecer resultados próximos dos valores de referência, enquanto que a
realização desses testes diretamente em testemunhos, subestima a resistência do
ANAIS DO 50º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2008 – 50CBC0743 14
concreto. Os testes realizados in-loco com esclerômetro forneceram melhores resultados
que os obtidos a partir do ultra-som, para a determinação da resistência do concreto.
Agradecimentos
Os autores agradecem à empresa Vale pelo apoio à realização da pesquisa.
Referências
MINOR, J., WHITE, K. R., BUSCH, R. S., Condition surveys of concrete bridge
components – user’s manual, NCHRP, Report 312, Washington DC, 1988.