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Resumo
Os ensaios não destrutivos - END - são ensaios realizados em materiais acabados ou semi-acabados para verificar
a existência ou não de descontinuidade ou defeitos, através de princípios físicos definidos, sem alterar suas
características físicas, químicas, mecânicas ou dimensionais e sem interferir em seu uso posterior. Conhecer a
fundo o funcionamento das estruturas e o comportamento dos materiais que as compõem, é premissa básica na
otimização do projeto de estruturas. Em estruturas de concreto as peças são dimensionadas a partir da capacidade
de absorção dos esforços, dentro de um limite aceitável de deformações. Especifica-se uma resistência de projeto
como sendo a resistência característica adquirida aos 28 dias. Entretanto, é comum que se deseje estimar a
resistência real do elemento estrutural em outra idade. Para tanto, é necessário que se tenha métodos eficientes
para avaliação da resistência à compressão do concreto do elemento estrutural, sem que seja necessário danificá-
lo, podendo-se, então utilizar métodos não-destrutivos, caso haja a necessidade de confirmação dos valores de
projeto ou verificar a aceitação de novas cargas. Este artigo trata de um estudo de caracterização do concreto
utilizado, em relação às técnicas não destrutivas de esclerometria e ultra-som e verificação da correlação com sua
resistência à compressão. Através desta pesquisa foi possível estabelecer correlações entre a resistência à
compressão do concreto de cimento Portland e os ensaios não destrutivos - esclerometria e ultra-som -
considerando a influência dos fatores: tipo de cura, relação a/c e idade nos concretos. A partir dos resultados
obtidos, foi obtida a correlação entre resistência à compressão e ultra-som para concretos com sílica, com
coeficiente de determinação r² = 0,84. Já para as correlações entre resistência à compressão e índice
esclerométrico, a curva apresentou melhor ajuste, com o coeficiente de determinação r² = 0,91 respectivamente.
Palavra chave: Concreto, resistência, ensaios não destrutivos.
Abstract
The non destructive testings - NDT - are tests carried through in finished or half-finished materials to detect
discontinuities or flaws, through defined physical principles, without modifying its physical, chemical, mechanical
or dimensional characteristics and without intervening with its subsequent use. To know the functioning of the
structures and the behavior of the materials that compose them is a basic premise in the optimization of the
project of structures. In concrete structures, parts are dimensioned from the capacity of absorption of the efforts,
within an acceptable deformation limits. A project resistance specifies itself as being the acquired characteristic
resistance to the 28 days. However, it is common to inquire about the real resistance of the structural element in
another age. In such a way, it is necessary to have efficient methods for evaluation of the compressive strength of
the concrete of the structural element without damaging it. In this case, it is helpful using non-destructive methods
for confirmation of the values of project or to verify the new load acceptance. This article deals with a
characterization study of the concrete, using non destructive techniques of Schmidt hammer test and ultrasound
test and with establishment of correlations with its compressive strength. The results of this research shown that
was possible to establish correlations between the compressive strength of concrete and non destructive testings
- Schmidt hammer test and ultrasound - taking into consideration the influence of the factors: type of cure, w/c
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relation and age of concrete. From the results, the correlation between compressive strength and ultrasound for
concrete with silica achieved a coefficient of determination of r ² = 0,84. On the other side, for the correlation
between compressive strength and surface hardness, the curve presented a better adjustment, with the
coefficient of determination of r ² = 0.91.
Keywords: Concrete, resistance, non destructive testings
1 Introdução
Ensaios Não Destrutivos (ENDs) são ensaios realizados em materiais acabados ou semi-
acabados para verificar a existência ou não de descontinuidades ou defeitos no concreto,
que têm como característica principal o fato de não alterar as propriedades destes
materiais e nem provocar a perda da capacidade resistente.
De uma forma geral estes ensaios representam o diagnóstico necessário para garantir o
funcionamento adequado dos elementos de uma instalação. Eles podem ser empregados
para monitoramento da evolução da resistência ou para esclarecer dúvidas sobre a
qualidade do concreto.
Para avaliar a resistência do concreto pelo método de ensaios in situ, são necessárias
curvas de correlação. Os fabricantes dos equipamentos para este ensaio fornecem,
geralmente, estas curvas, mas são desenvolvidas em seu próprio país, utilizando seus
próprios materiais. Ao serem utilizadas em regiões onde há outros tipos de materiais, as
curvas de correlação poderão gerar valores com erros significativos para a estimativa da
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resistência, de acordo com EVANGELISTA (2002). Quando houver mudanças dos
materiais envolvidos na confecção do concreto, uma nova curva de correlação deverá ser
estabelecida.
Cabe ressaltar que os ensaios não destrutivos não substituem os ensaios de resistência à
compressão padronizados, segundo MALHOTRA (1984).
Este método mede a dureza superficial do concreto, segundo BUNGEY (1989) apud
EVANGELISTA (2002). É muito bom para avaliação da uniformidade do concreto,
monitoramento do desenvolvimento da sua resistência ao longo do tempo e também
estimar a resistência do concreto, conforme NBR 7584 (1995).
Coeficiente de determinação (r²) – varia de 0 a 1, seu valor indica quanto a curva de
regressão fica ajustada em determinada função da correlação dos pontos
experimentados.
A tabela 2.1, apresenta um critério empírico para avaliação qualitativa dos coeficientes de
determinação para diferentes composições de concretos, proposta por PAPADAKIS e
VANAUT (1969) apud ALMEIDA (1993).
Tabela 2.1 – Classificação dos valores de r²
Valores r² Classificação
1,00 a 0,81 Bom
0,80 a 0,50 Razoável
0,49 a 0,25 Baixo
0,24 a 0,00 Muito Baixo
3.1 Introdução
51 0,90 : 0,10 : 1,30 : 2,20 : 0,33 0,90 : 0,10 : 2,06 : 2,94 : 0,41 0,90 : 0,10 : 2,83 : 3,67 : 0,49
Para cada tipo de concreto foi executada uma betonada. Foram moldados 12 corpos-de-
prova cilíndricos de 150mmx300mm para serem feitos ensaios de resistência à
compressão (fc), velocidade de propagação de ondas ultra-sônicas (V) e esclerometria
(IE). Os corpos-de-prova foram preparados segundo a NBR 5738 (2003).
Para todas as composições de concretos foram adotados dois procedimentos de cura:
cura úmida (câmara úmida), até dois dias antes da idade do ensaio (cura 1) e outro cura
seca (cura 2).Na cura 1, a retirada dos corpos-de-prova dois dias antes da idade do
ensaio deve-se à exigência da NM 78 (1996) para o ensaio de esclerometria. Foram
selecionados 6 corpos-de-prova para cada tipo de cura.
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3.4 Ensaios realizados
Para este ensaio, utilizou-se o equipamento da Proceq SA marca TICO, com transdutores
de 54kHz, diâmetro de 50mm, figura 3.1. O procedimento adotado foi o da NM 58 (1996)
e foi empregada a transmissão direta entre os transdutores. Foram realizadas duas
determinações por corpo-de-prova.
Figura 3.1 - Ultra-som Proceq SA - marca TICO Figura 3.2 - Medições, por transmissão direta
Face 1
a
b
c
50 47
43 42
40 37 35
fcj (M P a)
31
30 27 28
20
10
0
Pobre SA Normal SA Rico SA
relação a/aglom
5,40 5,33
5,30 5,26
5,18
5,20 5,14
5,08
5,10
4,97
V (Km/s)
5,00
4,90
4,90
4,80
4,80 4,73
4,70
4,60
4,50
4,40
Pobre SA Normal SA Rico SA
0,49 0,41 0,33
relação a/aglom
45 40
40 35
33
35 30 30 31
30 27 27
25
IE (MPa)
25
20
15
10
5
0
Pobre SA Normal SA Rico SA
relação a/aglom
Figura 4.2 – Gráfico da influência da relação a/aglom na resistência – concretos com sílica
Figura 4.5 – Gráfico da Influência da cura no índice esclerométrico – IE, concretos com sílica
A curva proposta neste trabalho, nos concretos com sílica, é representada pelo seu
coeficiente “r²”, considerada com “bom ajuste”, estando o “r²” na faixa de 1,00 a 0,81%,
conforme proposta por PAPADAKIS e VANAUT (1969) apud ALMEIDA (1993), conforme
a figura 4.8.
5 Considerações finais
5.1 Conclusões
No geral, não há uma influência significativa do tipo de cura nos ensaios de Ultra-som e
Índice Esclerométrico nos concretos produzidos. Uma hipótese para explicação deste
resultado não significativo pode ser o estado de umidade no qual se encontra o cp no
momento do ensaio, uma vez que o procedimento adotado preconiza a retirada do cp da
câmara úmida dois dias antes dos ensaios serem realizados.
Ao analisar a influência da relação a/aglom nos ensaios de Ultra-som e Índice
Esclerométrico nos concretos produzidos, pode-se observar que houve um aumento
significativo nos resultados com a redução da relação a/aglom. Isto se deve a qualidade
da estrutura interna e dos concretos, que se torna mais densa à medida que se reduz a
quantidade de água utilizada na mistura.
As curvas propostas neste trabalho, para IE x fc e US x fc, nos concretos com sílica,
representada pelo seu coeficiente “r²”, foram consideradas com “bom ajuste”, estando o
“r²” na faixa de 1,00 a 0,81%. As equações são as seguintes: