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ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS PARA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO

CONCRETO NAS PRIMEIRAS IDADES


NON DESTRUCTIVE TESTINGS FOR EVALUATION OF QUALITY OF CONCRETE AT
EARLY AGES

Sandro Eduardo da Silveira Mendes (1); Celso Turra (2)

(1) Professor Mestre, Departamento de Construção Civil – DACOC/UTFPR


(2) Tecnólogo do Concreto, Universidade Tecnológica Federal do Paraná/UTFPR

Rua Vieira Fazenda, 1625 – Portão, Curitiba/Pr. CEP: 80330-200 - celso_turra@yahoo.com.br

Resumo
Os ensaios não destrutivos - END - são ensaios realizados em materiais acabados ou semi-acabados para verificar
a existência ou não de descontinuidade ou defeitos, através de princípios físicos definidos, sem alterar suas
características físicas, químicas, mecânicas ou dimensionais e sem interferir em seu uso posterior. Conhecer a
fundo o funcionamento das estruturas e o comportamento dos materiais que as compõem, é premissa básica na
otimização do projeto de estruturas. Em estruturas de concreto as peças são dimensionadas a partir da capacidade
de absorção dos esforços, dentro de um limite aceitável de deformações. Especifica-se uma resistência de projeto
como sendo a resistência característica adquirida aos 28 dias. Entretanto, é comum que se deseje estimar a
resistência real do elemento estrutural em outra idade. Para tanto, é necessário que se tenha métodos eficientes
para avaliação da resistência à compressão do concreto do elemento estrutural, sem que seja necessário danificá-
lo, podendo-se, então utilizar métodos não-destrutivos, caso haja a necessidade de confirmação dos valores de
projeto ou verificar a aceitação de novas cargas. Este artigo trata de um estudo de caracterização do concreto
utilizado, em relação às técnicas não destrutivas de esclerometria e ultra-som e verificação da correlação com sua
resistência à compressão. Através desta pesquisa foi possível estabelecer correlações entre a resistência à
compressão do concreto de cimento Portland e os ensaios não destrutivos - esclerometria e ultra-som -
considerando a influência dos fatores: tipo de cura, relação a/c e idade nos concretos. A partir dos resultados
obtidos, foi obtida a correlação entre resistência à compressão e ultra-som para concretos com sílica, com
coeficiente de determinação r² = 0,84. Já para as correlações entre resistência à compressão e índice
esclerométrico, a curva apresentou melhor ajuste, com o coeficiente de determinação r² = 0,91 respectivamente.
Palavra chave: Concreto, resistência, ensaios não destrutivos.

Abstract
The non destructive testings - NDT - are tests carried through in finished or half-finished materials to detect
discontinuities or flaws, through defined physical principles, without modifying its physical, chemical, mechanical
or dimensional characteristics and without intervening with its subsequent use. To know the functioning of the
structures and the behavior of the materials that compose them is a basic premise in the optimization of the
project of structures. In concrete structures, parts are dimensioned from the capacity of absorption of the efforts,
within an acceptable deformation limits. A project resistance specifies itself as being the acquired characteristic
resistance to the 28 days. However, it is common to inquire about the real resistance of the structural element in
another age. In such a way, it is necessary to have efficient methods for evaluation of the compressive strength of
the concrete of the structural element without damaging it. In this case, it is helpful using non-destructive methods
for confirmation of the values of project or to verify the new load acceptance. This article deals with a
characterization study of the concrete, using non destructive techniques of Schmidt hammer test and ultrasound
test and with establishment of correlations with its compressive strength. The results of this research shown that
was possible to establish correlations between the compressive strength of concrete and non destructive testings
- Schmidt hammer test and ultrasound - taking into consideration the influence of the factors: type of cure, w/c
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relation and age of concrete. From the results, the correlation between compressive strength and ultrasound for
concrete with silica achieved a coefficient of determination of r ² = 0,84. On the other side, for the correlation
between compressive strength and surface hardness, the curve presented a better adjustment, with the
coefficient of determination of r ² = 0.91.
Keywords: Concrete, resistance, non destructive testings

1 Introdução

A necessidade de se avaliar a resistência do material in situ em idades inferiores a 28 dias


ou em idades muito superiores a da execução da obra, para avaliar a necessidade de se
efetuar reparos e/ou reforços, aliada à falta de uma correlação mais realista entre o
material ensaiado (em corpos-de-prova padrão) e o material da estrutura, têm incentivado
o desenvolvimento e o aperfeiçoamento de ensaios destrutivos e não destrutivos, como a
esclerometria, velocidade de propagação de ondas ultra-sônicas, etc, para avaliação da
resistência à compressão do concreto.
A utilização de ensaios não destrutivos surge como uma opção alternativa, uma vez que a
peça estrutural a ser avaliada não sofre dano algum ou pequenos danos facilmente
reparáveis, que não comprometam o seu desempenho, o que permite uma maior
quantidade de ensaios. A utilização dos ensaios in situ, depende da experiência e
conhecimento do profissional que os realiza e também das curvas adotadas para
correlacionar as medições dos ensaios com a resistência do concreto, conforme relata
EVANGELISTA (2002). Para tanto, este trabalho tem como objetivo estabelecer
correlações entre a resistência à compressão do concreto de cimento Portland e os
ensaios não destrutivos - ultra-som e esclerometria - considerando a influência dos
fatores: tipo de cura, relação a/aglom e idade nos concretos produzidos com materiais
locais.

2 Métodos de ensaios não destrutivos

Ensaios Não Destrutivos (ENDs) são ensaios realizados em materiais acabados ou semi-
acabados para verificar a existência ou não de descontinuidades ou defeitos no concreto,
que têm como característica principal o fato de não alterar as propriedades destes
materiais e nem provocar a perda da capacidade resistente.
De uma forma geral estes ensaios representam o diagnóstico necessário para garantir o
funcionamento adequado dos elementos de uma instalação. Eles podem ser empregados
para monitoramento da evolução da resistência ou para esclarecer dúvidas sobre a
qualidade do concreto.

2.1 Curvas de correlação para avaliação da resistência do concreto

Para avaliar a resistência do concreto pelo método de ensaios in situ, são necessárias
curvas de correlação. Os fabricantes dos equipamentos para este ensaio fornecem,
geralmente, estas curvas, mas são desenvolvidas em seu próprio país, utilizando seus
próprios materiais. Ao serem utilizadas em regiões onde há outros tipos de materiais, as
curvas de correlação poderão gerar valores com erros significativos para a estimativa da
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resistência, de acordo com EVANGELISTA (2002). Quando houver mudanças dos
materiais envolvidos na confecção do concreto, uma nova curva de correlação deverá ser
estabelecida.
Cabe ressaltar que os ensaios não destrutivos não substituem os ensaios de resistência à
compressão padronizados, segundo MALHOTRA (1984).

2.2 Método da velocidade de propagação de ondas ultra-sônicas (método


do ultra – som)

O método baseia-se em vibrações próximas as do som. Pois detecta descontinuidades


internas em materiais, baseando-se no fenômeno de reflexão de ondas acústicas quando
encontram obstáculos à sua propagação, dentro do material.

2.3 Método do esclerômetro

Este método mede a dureza superficial do concreto, segundo BUNGEY (1989) apud
EVANGELISTA (2002). É muito bom para avaliação da uniformidade do concreto,
monitoramento do desenvolvimento da sua resistência ao longo do tempo e também
estimar a resistência do concreto, conforme NBR 7584 (1995).
Coeficiente de determinação (r²) – varia de 0 a 1, seu valor indica quanto a curva de
regressão fica ajustada em determinada função da correlação dos pontos
experimentados.

2.4 Critério para avaliação qualitativa do concreto

A tabela 2.1, apresenta um critério empírico para avaliação qualitativa dos coeficientes de
determinação para diferentes composições de concretos, proposta por PAPADAKIS e
VANAUT (1969) apud ALMEIDA (1993).
Tabela 2.1 – Classificação dos valores de r²
Valores r² Classificação
1,00 a 0,81 Bom
0,80 a 0,50 Razoável
0,49 a 0,25 Baixo
0,24 a 0,00 Muito Baixo

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3 Programa experimental

3.1 Introdução

Com o objetivo de propor curvas de correlação entre a resistência à compressão e a


grandeza obtida de ensaios não destrutivos do concreto, o programa experimental
englobou diferentes composições de concreto, conforme tabela 3.1:

Tabela 3.1 – Método IPT/EPUSP (HELENE, TERZIAN, 1992).


Concretos convencionais com sílica ativa
Teor Traço 1 : 3,5 Traço 1 : 5,0 Traço 1 : 6,5
de Traço unitário individual Traço unitário individual Traço unitário individual
argamassa RICO NORMAL POBRE
(%) cr : sar : ar : pr : a/glom* Cn : san : an : pn : a/glom* cp : sap : ap : pp : a/glom*

51 0,90 : 0,10 : 1,30 : 2,20 : 0,33 0,90 : 0,10 : 2,06 : 2,94 : 0,41 0,90 : 0,10 : 2,83 : 3,67 : 0,49

* a/aglom = água/aglomerante – sílica ativa como substituição a 10% da massa de cimento.

Foram realizados os seguintes ensaios:

• Ensaio de velocidade de propagação de ondas ultra-sônicas.


• Ensaio de índice esclerométrico.
• Ensaio de resistência à compressão axial.

3.2 Materiais utilizados

Nas composições dos concretos ensaiados utilizou-se cimento Portland de Alta


Resistência Inicial (CP V-ARI-RS), agregados graúdos britados (19 mm), agregado miúdo
(2,40 mm), adição de sílica ativa em pó e aditivo superplastificante compatível com o
cimento utilizado na pesquisa.

3.3 Moldagem e cura dos corpos-de-prova

Para cada tipo de concreto foi executada uma betonada. Foram moldados 12 corpos-de-
prova cilíndricos de 150mmx300mm para serem feitos ensaios de resistência à
compressão (fc), velocidade de propagação de ondas ultra-sônicas (V) e esclerometria
(IE). Os corpos-de-prova foram preparados segundo a NBR 5738 (2003).
Para todas as composições de concretos foram adotados dois procedimentos de cura:
cura úmida (câmara úmida), até dois dias antes da idade do ensaio (cura 1) e outro cura
seca (cura 2).Na cura 1, a retirada dos corpos-de-prova dois dias antes da idade do
ensaio deve-se à exigência da NM 78 (1996) para o ensaio de esclerometria. Foram
selecionados 6 corpos-de-prova para cada tipo de cura.
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3.4 Ensaios realizados

Para avaliar o comportamento do concreto ao longo do tempo, os ensaios foram feitos


nas idades de 3, 7 e 28 dias, no laboratório da Bianco Tecnologia do Concreto.

3.4.1 Ensaio de resistência à compressão

Os ensaios de resistência à compressão nos corpos-de-prova cilíndricos de 150x300mm


foram realizados de acordo com a NBR 5739 (1994). Para cada idade e tipo de cura,
foram ensaiados 2 corpos-de-prova e adotado o maior valor.

3.4.2 Ensaio de velocidade de propagação de ondas ultra-sônicas

Para este ensaio, utilizou-se o equipamento da Proceq SA marca TICO, com transdutores
de 54kHz, diâmetro de 50mm, figura 3.1. O procedimento adotado foi o da NM 58 (1996)
e foi empregada a transmissão direta entre os transdutores. Foram realizadas duas
determinações por corpo-de-prova.

Figura 3.1 - Ultra-som Proceq SA - marca TICO Figura 3.2 - Medições, por transmissão direta

3.4.3 Ensaio do índice esclerométrico

Utilizou-se o esclerômetro SCHMIDT-HAMMER / Proceq modelo N e seguiu-se a NM78


(1996) para execução deste ensaio, figura 3.3. A calibração do equipamento foi realizada
de acordo com o procedimento indicado pelo fabricante.
Em cada idade foram realizadas 9 medições em cada corpo-de-prova, totalizando 36
medições por idade. Conforme norma NM78 (1996), os impactos devem ser aplicados em
três geratrizes que façam cerca de 120º entre si, em três posições ao longo da altura de
cada uma, figura 3.4.
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Face 2

Face 1

a
b
c

Figura 3.3 - Esclerômetro SCHMIDT-HAMMER Figura 3.4 – Indicações das posições no


Modelo N - Proceq corpo-de-prova para aplicar
o teste de Esclerometria.

3.5 Resultados Obtidos

3.5.1 Ensaio de resistência à compressão (fc)

Na tabela 3.2 encontram-se os resultados de fc, para todas as idades (3, 7 e 28


dias) de todos os traços desenvolvidos, correspondendo ao maior valor entre dois corpos-
de-prova ensaiados para cada idade e cada tipo de cura (úmida e seca) e na figura 3.5
apresenta a evolução da resistência com a idade de todos os traços.
Tabela 3.2 – Resultados da Resistência a Compressão úmido e seco
RESISTÊNCIA (fc)
Cura a/aglom Traço 3 dias 7 dias 28 dias
0,49 Pobre SA 27 28 37
úmida 0,41 Normal SA 31 35 43
0,33 Rico SA 42 47 57
0,49 Pobre SA 24 31 36
seca 0,41 Normal SA 32 35 45
0,33 Rico SA 46 47 56

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Resultados de resistência à compressão

3 dias 7 dias 28 dias


60 57

50 47
43 42
40 37 35
fcj (M P a)

31
30 27 28

20

10

0
Pobre SA Normal SA Rico SA

0,49 0,41 0,33

relação a/aglom

Figura 3.5 – Variação de fc com a idade para todos os tipos de traços

3.5.2 Ensaio da velocidade de propagação de ondas ultra-sônicas (V)

Na tabela 3.3 encontram-se os resultados das velocidades de propagação de ondas ultra-


sônicas (V) obtidas nas idades de 3, 7 e 28 dias, correspondendo ao valor do corpo-de-
prova ensaiado para cada idade e cada tipo de cura (úmida e seca), conforme
procedimento adotado na resistência à compressão. A figura 3.6 apresenta a evolução
das velocidades com a idade de todos os traços.
Tabela 3.3 – Resultados da velocidade de propagação de ondas ultra-sônicas
ULTRA-SOM (V)
Cura a/aglom Traço 3 dias 7 dias 28 dias
0,49 Pobre SA 4,73 4,90 5,18
úmida 0,41 Normal SA 4,80 4,97 5,14
0,33 Rico SA 5,08 5,26 5,33
0,49 Pobre SA 4,74 4,83 5,05
seca 0,41 Normal SA 4,86 5,08 5,32
0,33 Rico SA 5,15 5,25 5,37

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Resultado de propagação do Ultra-som

3 dias 7 dias 28 dias

5,40 5,33
5,30 5,26
5,18
5,20 5,14
5,08
5,10
4,97
V (Km/s)

5,00
4,90
4,90
4,80
4,80 4,73
4,70
4,60
4,50
4,40
Pobre SA Normal SA Rico SA
0,49 0,41 0,33

relação a/aglom

Figura 3.6 – Variação da velocidade de propagação de ondas ultra-sônicas (V),


com a idade para todos os tipos de traços

3.5.3 Ensaio do índice esclerométrico (IE)

Na tabela 3.4 encontram-se os resultados dos índices esclerométricos (IE) e foram


obtidas nas idades de 3, 7 e 28 dias, correspondendo ao maior valor entre dois corpos-de-
prova ensaiados para cada idade e cada tipo de cura (úmida e seca), conforme
procedimento adotado na resistência à compressão. A figura 3.7 apresenta a evolução
dos índices com a idade de todos os traços.
Tabela 3.4 – Resultados dos índices esclerométricos
INDICE ESCLEROMETRICO (IE)
Cura a/aglom Traço 3 dias 7 dias 28 dias
0,49 Pobre SA 25 27 27
úmida 0,41 Normal SA 30 30 33
0,33 Rico SA 31 35 40
0,49 Pobre SA 25 28 27
Seca 0,41 Normal SA 28 29 33
0,33 Rico SA 32 36 39

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Resultados de Índice Esclerométrico

3 dias 7 dias 28 dias

45 40
40 35
33
35 30 30 31
30 27 27
25
IE (MPa)

25
20
15
10
5
0
Pobre SA Normal SA Rico SA

0,49 0,41 0,33

relação a/aglom

Figura 3.7 – Variação de IE com a idade para todos os tipos de traços

4 Análise dos resultados

4.1 Ensaio de resistência à compressão


4.1.1 Influência do tipo de cura

Figura 4.1 – Gráfico da influência da cura na resistência, concretos com sílica

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Ao analisar a influência das condições de cura (câmara úmida ate dois dias antes dos
ensaios e seca ao ar no laboratório), constatou-se que não foi significativa nos valores de
resistência à compressão dos concretos. Um fator pode ter sido relevante para este
resultado: o procedimento de retirada dos corpos-de-prova da câmara úmida dois dias
antes dos ensaios, que altera o estado de umidade do concreto sob cura úmida, secando
ao ar antes da ruptura.

4.1.2 Influência da relação a/aglom.

Figura 4.2 – Gráfico da influência da relação a/aglom na resistência – concretos com sílica

Ao analisar a influência da relação a/aglom, pode-se observar que, com a redução da


relação a/aglom houve um aumento significativo na resistência dos concretos em todos os
traços produzidos. Este comportamento está de acordo com a Lei de Abrams para
concretos de cimento Portland.

4.2 Ensaio de velocidade de propagação de ondas ultra-sônicas

4.2.1 Influência do tipo de cura

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Figura 4.3 – Gráfico da Influência da cura na velocidade de propagação de ondas, concretos com sílica

Ao analisar a influência do tipo de cura no ensaio de ultra-som, percebe-se que no geral


não há uma influência significativa nos traços produzidos, os valores do ultra-som se
alternam sem mostrar uma tendência de comportamento nos traços e idades estudados.
Uma hipótese para explicação deste resultado pode ser o estado de umidade no qual se
encontra o cp no momento do ensaio, uma vez que o procedimento adotado preconiza a
retirada do cp da câmara úmida dois dias antes dos ensaios serem realizados.

4.2.2 Influência da relação a/aglom

Figura 4.4 – Gráfico da Influência da relação a/aglom na velocidade de propagação de ondas

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Ao analisar a influência da relação a/aglom na velocidade de propagação das ondas ultra-
sônicas, pode-se observar que houve um aumento significativo nos resultados de ultra-
som com a redução da relação a/aglom. Isto se deve a qualidade da estrutura interna dos
concretos, que se torna mais densa à medida que se reduz a quantidade de água
utilizada na mistura.

4.3 Ensaio de índice esclerométrico


4.3.1 Influência do tipo de cura

Figura 4.5 – Gráfico da Influência da cura no índice esclerométrico – IE, concretos com sílica

Ao analisar a influência do tipo de cura nos resultados do índice esclerométrico, verifica-


se que não houve alteração significativa em relação à cura úmida ou seca. A condição do
estado de umidade, principalmente da superfície dos corpos-de-prova, no momento do
ensaio parece ter sido relevante para este resultado, uma vez que os concretos são
retirados da cura úmida dois dias antes dos ensaios.

4.3.2 Influência da relação a/aglom

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Figura 4.6 – Gráfico da Influência da relação a/aglom no índice esclerométrico – IE, concretos com sílica

Ao analisar a influência da relação a/aglom nos resultados de índice esclerométrico,


observar-se o aumento significativo da dureza superficial dos concretos com a redução da
relação a/aglom dos traços. De acordo com a Lei de Abrams, uma redução na relação
a/aglom resulta em aumento da resistência à compressão do concreto e,
conseqüentemente, a sua dureza superficial também é melhorada.

4.4 Relação entre grandezas medidas nos ensaios destrutivos e a


resistência à compressão

Nos gráficos de correlação, foram utilizados 18 pontos, correspondentes aos maiores


valores entre os resultados obtidos para cada par de corpos-de-prova, para poder traçar a
curva de correlação, pois a influência do tipo de cura não se mostrou significativa na
resistência nem nos ensaios não destrutivos. As curvas que relacionam fc x V e fc x IE
foram obtidas por meio de regressão linear simples, a escolha da curva que melhor
representou a correlação desejada foi feita levando-se em conta o maior valor do
coeficiente de determinação (r²) encontrado, dentre todos os modelos de curva testados.

4.4.1 Correlações entre resistência à compressão (fc) e velocidade de propagação de


ondas ultra-sônicas (V).

Tabela 4.1 – Equações de correlação entre fc e V.


Tipo Equações* r²
Concretos com sílica fc = 42,47.V - 176,28 0,84
* fc em MPa e V em Km/s

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A curva proposta neste trabalho, nos concretos com sílica, é representada pelo seu
coeficiente “r²”, considerada com “bom ajuste”, estando o “r²” na faixa de 1,00 a 0,81%,
conforme proposta por PAPADAKIS e VANAUT (1969) apud ALMEIDA (1993), conforme
a figura 4.7.

Figura 4.7 – Gráfico de Correlações fc x V, concretos com sílica

4.4.2 Correlações entre resistência à compressão (fc) e índice esclerométrico (IE)

Tabela 4.2 – Equações de correlação entre fc e IE.


Tipo Equações r²
Concretos com sílica y = 2,0238.IE - 23,457 0,91
* fc em MPa e V em Km/s

A curva proposta neste trabalho, nos concretos com sílica, é representada pelo seu
coeficiente “r²”, considerada com “bom ajuste”, estando o “r²” na faixa de 1,00 a 0,81%,
conforme proposta por PAPADAKIS e VANAUT (1969) apud ALMEIDA (1993), conforme
a figura 4.8.

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Figura 4.8 – Gráfico de Correlações fc x IE, concretos com sílica

5 Considerações finais

5.1 Conclusões

De acordo com os ensaios realizados e os resultados obtidos pode-se concluir que:

No geral, não há uma influência significativa do tipo de cura nos ensaios de Ultra-som e
Índice Esclerométrico nos concretos produzidos. Uma hipótese para explicação deste
resultado não significativo pode ser o estado de umidade no qual se encontra o cp no
momento do ensaio, uma vez que o procedimento adotado preconiza a retirada do cp da
câmara úmida dois dias antes dos ensaios serem realizados.
Ao analisar a influência da relação a/aglom nos ensaios de Ultra-som e Índice
Esclerométrico nos concretos produzidos, pode-se observar que houve um aumento
significativo nos resultados com a redução da relação a/aglom. Isto se deve a qualidade
da estrutura interna e dos concretos, que se torna mais densa à medida que se reduz a
quantidade de água utilizada na mistura.
As curvas propostas neste trabalho, para IE x fc e US x fc, nos concretos com sílica,
representada pelo seu coeficiente “r²”, foram consideradas com “bom ajuste”, estando o
“r²” na faixa de 1,00 a 0,81%. As equações são as seguintes:

fc = 42,47.V - 176,28 (r² = 0,84) ; fc = 2,0238.IE - 23,457 (r² = 0,91)

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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, I. R. Emprego do esclerômetro e do ultra-som para efeito da avaliação


qualitativa dos concretos de alto desempenho. Tese para concurso de professor
titular, Universidade Federal Fluminense, Niterói, Rio de Janeiro, 1993.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, NBR 5738: “Moldagem e Cura de


Corpos de prova de Concreto Cilíndricos ou Prismáticos”, Rio de Janeiro, 2003.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, NBR 5739: “Ensaio de


Compressão de corpos de Prova Cilíndricos de Concreto”, Rio de Janeiro, 1994.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, NBR 7584: “Concreto endurecido


– avaliação da dureza superficial pelo esclerômetro de reflexão”, Rio de Janeiro, 1995.

NORMA MERCOSUL, NM 58: “Concreto endurecido – determinação da velocidade de


propagação de onda ultra-sônica”, 1996.

NORMA MERCOSUL, NM 78: “Concreto endurecido – avaliação da dureza superficial


pelo esclerômetro de reflexão”, 1996.

EVANGELISTA, A.C. J. Avaliação da resistência do concreto usando diferentes


ensaios não destrutivos, Tese de Pós-Graduação da Universidade Federal do Rio de
Janeiro, 2002.

HELENE, P., TERZIAN, P. Manual de dosagem e controle do concreto. São Paulo;


PINI,1992.

MALHOTRA, V. M., 1984, “in Situ/Nondestructive Testing of concrete – A Global Review“,


In Situ/Nondestructive Testing of Concrete, ACI Special Publication SP-82, American
Concrete Institute, Detroit, 1994.

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