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Conhecimentos Específicos

Redação
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A prova de Redação do vestibular UECE 2017.2 traz ao candidato uma temática invariavelmente
presente no cotidiano de todo estudante, sobretudo aquele que aproveita adequadamente as oportuni-
dades que uma boa formação escolar lhe oferece: a leitura e a escrita. Para tanto, são apresentadas
duas propostas de produção textual.
Na Proposta I, o candidato é orientado a escrever um ARTIGO DE OPINIÃO, em que devem
ser tecidas considerações a respeito da interação entre a leitura, a escrita e o computador. No
gênero textual artigo, o autor deve manifestar posicionamentos pessoais sobre determinada questão
de importância social, configurando-se um texto de natureza argumentativa. É imprescindível, portanto,
que o assunto não seja desenvolvido de maneira expositiva, que o texto não tenha como objetivo único
detalhar informações e explicar conceitos. Mais que isso, é necessário um juízo de valor, desenvolvido de
forma a tentar convencer o interlocutor a acreditar no que é defendido e, eventualmente, mudar suas
opiniões. Quanto à linguagem, tende a ser enfática e demonstrar considerável grau de formalidade. Em
sua feitura, é possível a adoção de 3ª pessoa combinada à voz passiva (linguagem impessoal) ou de 1ª
pessoa do singular (linguagem pessoal).
Para atender adequadamente à Proposta I, é preciso que o candidato reflita sobre as implicações
trazidas pela inserção das tecnologias digitais nos processos de leitura e escrita. Vive-se uma época em
que predominam as leituras realizadas on-line, em que recursos como hipertextos e animações modificam
sutilmente a relação entre o texto e o leitor, em que equipamentos como tablets e smartphones amea-
çam o tão longevo reinado da mídia impressa, seja no campo jornalístico, seja mesmo no que respeita à
publicação de textos literários. Por tudo isso, é um fato insuperável a necessidade de o cidadão do século
XXI saber lidar com as potencialidades ilimitadas do meio virtual e saber usufruir ao máximo o que se
denomina a Era da Informação. Se, por um lado, é um desafio concentrar a atenção de jovens na leitura,
diante de aparelhos multifuncionais com jogos de forte apelo imagético, por outro, as possibilidades de
conteúdo acessado são infinitas, e a miscelânea de linguagens tem forte potencial de desenvolvimento
cognitivo. Sobre tal panorama, o candidato deve, de acordo com aquilo que considera mais relevante,
analisar em que aspectos as mudanças são positivas e/ou negativas. É muito importante, para a produção
de uma boa redação, que a tecnologia não seja tratada como mera vilã, que torna os jovens arredios à
leitura e esvazia a qualidade de tudo o que é postado na rede. Não se deve elaborar uma análise de-
masiadamente simplista. Ainda que se decida priorizar os pontos negativos dos novos meios digitais, é
necessário que se supere o senso comum, que diviniza tudo que é clássico e condena aquilo que é novo.
Na Proposta II, é solicitada a produção de uma NARRAÇÃO, em que uma criança tenha se sacri-
ficado e lutado para frequentar uma escola. É determinado ainda que essa personagem tenha sido bem-
-sucedida em suas aspirações. Como se percebe, não é prescrito um gênero específico em que se deve
enquadrar a narração, não precisando o candidato ter maiores preocupações quanto a características
marcantes de qualquer gênero em especial. É preciso apenas que as solicitações feitas quanto ao enredo
sejam plenamente atendidas. As solicitações são a especificação do sacrifício pelo qual passou a criança
protagonista, a descrição do(s) obstáculo(s) por ela superado(s), e um final em que a personagem seja
vencedora. A dificuldade em questão pode ser a distância física entre a moradia da criança e a escola que
ela planejava frequentar, pode ser a falta de condições materiais de sua família para a manutenção de sua
assiduidade nas aulas, pode ser a precariedade que se sabe bem comum em grande parte das escolas
brasileiras, etc. Citam-se aqui algumas situações típicas, no entanto são inumeráveis as possibilidades
de narrativas que atendam ao tema da proposta II, o limite é a criatividade do autor. É importante frisar,
por fim, que, devido aos verbos na Proposta estarem flexionados no pretérito perfeito (sacrificou, lotou,
transpôs), o tempo da narrativa deve ser o passado, sendo a construção da narração no tempo presente
apenada como grave erro de inadequação às instruções, configurando-se como erro de natureza textual.

Digitador: Pat
Revisor: VM

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