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Tora no maki

Com o objectivo de estabelecer o karate no Japão, á semelhança do Judo e do Kendo, Gichin


Funakoshi começou-se a relacionar com certos círculos da sociedade japonesa onde
estabeleceu um conjunto de amizades, onde se contavam membros influentes da politica, do
exercito, do ensino, etc…de entre os quais um pequeno grupo de intelectuais interessou-se
pela prática do karate, tendo começado a treinar num clube social, o “Tabata Popular Club”.
A aplicação e a disciplina não era muita pelo que a classe rapidamente acabou, contudo
ficaram os primeiros passos para a expansão do karate na ilha principal.
Entre os alunos estava Hoan Kosugi, um dos pintores mais famosos da época, aluno e amigo
pessoal de Funakoshi, bem como o Presidente do clube, que acabam por convencer o Mestre
a ensinar karate no Japão e a escrever um livro definitivo e melhorado, denominado “Ryu
ryu Karate Kenpo”, uma vez que as provas do 1º livro de Gichin Funakoshi sobre karate,
escritas em 1922 tinham sido destruídas em 1923 num terramoto, tendo sido refeito pouco
depois com o nome de “Rentan Goshin Jutsu”.
Kosugi prometeu a Funakoshi que se fizesse o novo livro, ele o ilustraria e faria um desenho
para a capa.
O livro acabou por ver a luz do dia em 1935 e chamou-se “Karate-Do Kyhoan”, e Hoan
Kasugi cumprindo a promessa pintou um símbolo de karate que no futuro se tornaria no
mais famoso do mundo – Um tigre dourado, sobre fundo azul.
Kasugi, pensa que o novo livro de Funakoshi seria o texto do Mestre, o que em qualquer arte
no Japão é designado de “Tora no maki” – o documento oficial de uma arte – utilizado como
fonte de referência, o qual seria neste caso representado pelo tigre envolvido dentro do
circulo, pois “Tora” também significa tigre, o que representaria um grande poder dentro de
um corpo pequeno.
O circulo que circunda o tigre apresenta-se algo irregular, pois foi desenhado a pincel
durante uma reunião informal, e Mestre Funakoshi insistiu em mantê-lo assim, tendo na
zona superior direita a assinatura de Kosugi.

O tigre shotokan, originalmente um desenho tradicional chinês, que tem implícito que o tigre
nunca dorme, simbolizando assim a intensidade e o estado de alerta do felino, tem ainda um
outro significado relacionado com o hábito de Funakoshi após o trabalho e os treinos, quando
queria estar só e relaxar, passeava no Monte Torao perto de Shuri cujo nome significa
“cauda de tigre” devido a semelhança que o referido monte tem com a forma desta parte do
felino. Era lá que Funakoshi escutava a brisa fria passar sobre os pinheiros, o que acabaria
por influenciar a escolha do seu pseudónimo literário “Shoto”.
Quando em 1936 Funakoshi abre o seu dojo no bairro de Zoshigaya em Tóquio , este e
baptizado de “Shotokan” – a casa de Shoto.
Independentemente de posteriormente o berço do shotokan moderno, a JKA, ter passado a
utilizar como símbolo o “inyo” – um circulo vermelho simbolizando o sol dentro de um circulo
branco, que originalmente era prateado, representando o Ying e o Yang – equilíbrio entre
forças opostas - este não pode ser considerado o verdadeiro símbolo do karate shotokan.
Como curiosidade na versão inglesa do Karate-Do Kyhoan o tigre é substituído pela estátua
de Zoco-tem o guarda do sul do templo Budista de Todaiji em Nara, na posição de
Musokamae, muito utilizada na kata Sochin, sendo uma figura identificada como uma
manifestação do Buda da sabedoria suprema (Dainishi) que combate a maldade, sendo uma
divindade destruidora da ignorância.
Curiosamente na versão inglesa, o tigre de Hoan Kosugi aparece na capa do livro “Dynamic
Karate“ de Masatoshi Nakayama.
O Tigre de Kosugi foi inspirado no escudo chinês da Dinastia Chou-Zhou (1122-209 AC), que
em relação ao tigre do Shotokan só difere num pormenor – tem a cauda enrrolada ao
contrário, para dentro, numa forma que não é muito comum nos felinos.

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