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Escola Nacional em Ciências Estatísticas

Mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais - 2010

Disciplina: Sistema de Informação Geográfica e Estatística

Profª: Suzana Cavenaghi

Aluno: André Felipe Azevedo Neves

Avaliação Trimestral Data: 15/09/10

Segregação de Gênero e Concentração de Renda no Mercado de Trabalho

Uma análise com base nos dados da RAIS


Índice

1- Introdução ...................................................................................... 3

2- Objetivos ........................................................................................ 4

3- Quadro teórico e metodológico ...................................................... 5

4- Banco de Dados, Variáveis e Recortes Utilizados ......................... 6

A RAIS ....................................................................... 6

Âmbito Geográfico ..................................................... 6

Período de Referência .............................................. 7

Total de Trabalhadores/Vínculos .............................. 7

Grau de Instrução ...................................................... 8

Ocupação .................................................................. 8

Raça/Cor ................................................................... 8

Empregados em 31/12 .............................................. 9

5- Análise Descritiva ........................................................................... 9

6- Conclusão ...................................................................................... 12

7- Apêndice I – Tabelas de Apoio à Análise Descritiva ...................... 13

8- Apêndice II – Índices Duncan & Duncan e T e L de Theil .............. 15

9- Bibliografia ...................................................................................... 16

Sites da Internet ........................................................ 17

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Escola Nacional em Ciências Estatísticas

Mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais - 2010

Disciplina: Sistema de Informação Geográfica e Estatística

Profª: Suzana Cavenaghi

Aluno: André Felipe Azevedo Neves

Segregação de Gênero e Concentração de Renda no Mercado de Trabalho

Uma análise com base nos dados da RAIS

1- Introdução

Uma das mais importantes transformações sociais ocorridas no país


nas últimas décadas foi o expressivo aumento da participação feminina no
mercado de trabalho. No entanto, essa crescente participação das mulheres
tem sido marcada pela desigualdade de oportunidades em relação aos
homens. (ARAÚJO e RIBEIRO, 2001). A discriminação e a desigualdade de
gênero causam preocupação ao resultar em segregação ocupacional, em uma
média salarial menor e em maior desemprego entre as mulheres
(CAVENAGHI, 2008, p.9). Esta situação é inaceitável, considerando os valores
de liberdade e igualdade de condições que se espera de uma sociedade que
se quer justa e democrática.

A segregação por gênero, assim como a segregação racial, terminam


por intensificar a concentração de renda, levando a um processo que tende a
se perpetuar. Em verdade, ambos os fenômenos se reforçam mutuamente.
Romper este ciclo exige a correta compreensão do tema em questão, suas
nuances e peculiaridades em cada momento no tempo e em cada localidade.

A segregação de gênero ocorre em diversos países, de diversas


culturas e graus de desenvolvimento. Há um consenso entre as nações de que
esta situação deve ser combatida. O Brasil, por sua vez, tem se comprometido
diante de organismos nacionais e internacionais a realizar medidas que
promovam a igualdade entre mulheres e homens, seja no mercado de trabalho
ou em qualquer outra situação. O objetivo é promover o desenvolvimento
“centrado em gente” (Social Watch).

Fig. 1 -
Desigualdades

Segregação Concentração
Ocupacional de Renda

l
3
Nesse aspecto, mostra-se oportuna a analisar a segregação por
gênero e a discriminação salarial no mercado de trabalho como resultantes de
um mesmo processo. Embora, em princípio, possa parecer que haja a relação
de um nexo causal em uma única direção – a segregação levando a
concentração – de fato o fluxo de influência se dá em ambos os sentidos
(Fig.1). A segregação, em qualquer de suas formas, recrudesce a
concentração de renda – e a concentração de renda, por sua vez, intensifica a
opressão social causada pela segregação social.

Neste presente trabalho, em sua versão preliminar, será dada ênfase a


uma análise respaldada por indicadores sócio-econômicos e métodos
quantitativos. Entende-se que o debate puramente acadêmico sobre o assunto
é de extrema relevância ao proporcionar o debate e a formação de idéias. No
entanto, verificamos a necessidade de fundamentar nosso inquérito em
estatísticas oficiais que permitam orientar políticas públicas adequadas.

2 - Objetivos

Em primeiro lugar, pretende-se fundamentar teoricamente o conceito


de segregação por gênero, seu processo de formação enquanto construção
social e como afeta a inserção e o posicionamento de mulheres e homens no
mercado de trabalho. As relações de gênero afetam condições antecedentes
como a escolha da profissão - que pode ser vista como adequada ou não a
determinado sexo – ou o grau de responsabilidade com o cônjuge e com os
filhos.

Os tipos de tarefas a serem desempenhadas numa empresa bem como


a escolha do cargo dependem de outros condicionantes que vão além do grau
de escolaridade, da competência e do comprometimento com o trabalho.
Ainda persiste uma estrutura engessada em muitas corporações, mesmo
dentre muitas que buscam passar a imagem de modernidade ante ao público.
Assim, torna-se necessário identificar e caracterizar estas distorções.

Embora, como mencionado anteriormente, a segregação e a


concentração de renda sejam fenômenos que exerçam mútua influência, por
facilidade de exposição, optamos nesta versão por identificar as causas das
diferenças de concentração de renda entre sexos como mais uma resultante da
discriminação por gênero. A expectativa é de que haja alguma diferença
marcante na concentração de renda quando classificamos os trabalhadores por
sexo e, assim, seria conveniente investigar os motivos dessas prováveis
diferenças.
4
Ademais, a decomposição das diversos fatores que influenciam o
mercado de trabalho adquire grande relevância, uma vez que eventualmente
pode-se estar sobrestimando algum fenômeno social em detrimento de outro
que deveria estar recebendo maior atenção. Para tanto, também será objeto
de investigação a real medida da influência de outros determinantes da
concentração de renda, como o acesso à educação, a faixa de idade ou o perfil
dos estabelecimentos cobertos pela RAIS.

3 - Quadro teórico e metodológico

Entender os motivos originais de preconceitos e desigualdades nem


sempre é tarefa simples, mas entende-se que estes reforçam a opressão social
e que se deve combatê-los. A busca de uma sociedade mais igualitária passa
pela adoção de políticas públicas que tenham por foco o combate ao sexismo,
bem como à discriminação de raça e de origem geográfica.

No entanto, é importante que estas políticas estejam bem monitoradas


por indicadores sociais e econômicos, referendados pela análise rigorosa de
cientistas sociais, pesquisadores e policy-makers. O propósito de se utilizar
dados estatísticos e indicadores não é o de fiscalização de políticos ou
gestores públicos. O objetivo é conduzir a ação pública de forma eficaz, efetiva
e eficiente (CAVENAGHI, 2008).

Assim, o enfoque deste documento teve por base principalmente


trabalhos de reconhecidos pesquisadores cujas produções de artigos e livros
primaram pela qualidade e precisão técnica. O levantamento não teve a
pretensão de ser exaustivo, mas encontrar obras relevantes de pesquisadores
de instituições reconhecidas, tais como, o IBGE/ENCE, IPEA, UNICAMP,
UFMG/CEDEPLAR e outros centros de excelência.

Há vasta produção acadêmica a respeito das causas das disparidades


de renda e segregação por gênero. Vários fatores podem explicar as
desigualdades, tais como, gênero, raça, região de residência e diferenciais de
escolaridade. Diversos especialistas indicam este último fator como o principal
a ser examinado, uma vez que o nível de educação é um dos determinantes da
produtividade do trabalhador.

Não há dúvida de que o fator educação é de grande relevância. No


entanto, mais complexo é determinar como o nível educacional atinge os
diversos grupos sociais. Se for certo que a educação permite melhor inserção
no mercado de trabalho, é verdade também que outros fatores interferem. Sob
a perspectiva de gênero, análises constatam que a melhora do nível
educacional das mulheres não atingiu ainda um ponto que permitisse
igualdades de condições e níveis salariais semelhantes. Segundo Beltrão e

5
Alves (2004), “a escolaridade média cresceu para ambos os sexos, mas as
mulheres conseguiram avançar numa velocidade maior. De modo geral, em
cada censo, os homens das coortes mais velhas tinham maior escolaridade do
que as mulheres, porém a situação se inverteu para as coortes mais jovens”
(citado em ALVES e CAVENAGHI, 2008, p.1).

Analisar a concentração de renda apenas como uma conseqüência da


desigualdade de acesso a educação pode ser de pouca valia quando se quer
que políticas públicas atinjam minorias. Recortes por gênero, bem como por
raça e terrritorialidade, permitem maior precisão, tornando possível uma melhor
orientação de políticas públicas.

4- Banco de Dados, Variáveis e Recortes utilizados

A RAIS

A RAIS é um banco de dados adequado para gerar indicadores a


respeito de mudanças estruturais no mercado de trabalho formal. É um
Registro Administrativo censitário – não considerando, obviamente, as
omissões e recusas em prestar informações de alguns estabelecimentos.
Dado que mudanças na distribuição de rendimentos e o grau de segregação
não variam rapidamente no curto prazo, a opção por um inquérito estrutural
anual mostra-se mais adequado.

Pretende-se que a análise dinâmica da trajetória de mudança do


mercado de trabalho tenha por base a RAISMIGRA, inquérito do MTE que
procura fazer o levantamento do histórico dos trabalhadores no tempo. O MTE
disponibiliza este sistema, reconhecidamente rico em informações, somente
para pesquisas mais complexas, limitando o acesso do grande público aos
arquivos convencionais da RAIS e do CAGED.

Âmbito geográfico

Sendo o Brasil um país grande e profundamente desigual, análises


espacialmente agregadas implicam o risco de ocultar desigualdades locais, o
que pode comprometer o correto direcionamento de políticas públicas. A
análise setorialmente localizada permite um melhor foco, ao tornar mais claro
onde e quem mais precisa da assistência do poder público.

A análise de indicadores de concentração de renda e segregação por


gênero para o país como um todo é desejável pelo alcance e por funcionar
como parâmetro de análise de outras escalas territoriais, como Unidades da
Federação e Municípios. Assim, além da análise de alcance nacional, faremos
breves considerações de caráter regional.
6
Período de Referência

A opção nesta oportunidade foi fazer uma comparação estrutural da


concentração e segregação entre dois momentos históricos:

a) o ano de 2001, primeiro ano da década, e ano em que se firmou a


nova CBO do MTE.

b) e 2008, o período mais recente, em que se consolidam discussões


sobre o combate às desigualdades sociais.

Total de Trabalhadores/Vínculos

Na verdade, muito embora estejamos realizando uma análise que


considera o total de trabalhadores em cada ano, estamos utilizando uma proxy
dessa variável: o vínculo empregatício. A diferença é importante, pois um
trabalhador pode manter mais de um vínculo, trabalhando em mais de uma
instituição. Além disso, pode manter vínculos com instituições de municípios
diferentes. De todo modo, a aproximação é perfeitamente aceitável.

Remunerações

As remunerações incluem os valores de competência do ano-base,


pagas ou não. A RAIS investiga as remunerações mensais, muito embora, em
sua Análise de Resultados divulgada ano a ano haja apenas dados da
remuneração acumulada no ano. Possivelmente isto se deve ao fato de uma
informação sobre remuneração mensal com defasagem de um ano não seja do
interesse do grande público.

A variável disponível no SGT/X-OLAP+W é o total mensal pago a cada


grupo (por grau de instrução, faixa etária, ocupação ou sexo). Multiplicando
por 13 resulta numa aproximação do acumulado do ano – procedimento
sugerido após contato telefônico com o MTE-RJ, DATAMEC, divisão
responsável por dar apoio ao usuário de dados de emprego do MTE.

Grau de Instrução

Classificar os trabalhadores por grau de instrução é muito importante


posto que a escolaridade, como mencionado anteriormente, exerce influência
direta sobre a produtividade. Os níveis salariais de homens e mulheres
deveriam estar mais estreitamente correlacionados com esta variável. No
entanto, como observamos em Alves (2010), as mulheres ainda recebem
menos do que os homens, a despeito de ter, proporcionalmente, mais anos de
estudos. A segregação ocupacional por gênero termina por se refletir de
alguma forma em diferentes níveis de concentração das remunerações pagas –
o que poderá ser avaliado após a análise dos indicadores de dissimilaridade de
Duncan & Duncan e de concentração de Theil.
7
Ocupação

O recorte por ocupação tem por propósito observar como se manifesta


a segregação por gênero de acordo com o posto e a atividade econômica.
Atividades de maior complexidade e de maior responsabilidade devem, em
princípio, ser mais bem remuneradas. Da mesma forma, o trabalho que
envolve algum tipo de risco ao trabalhador tem uma remuneração diferenciada.
Estes fatos devem ser levados em conta em nossa investigação.

Uma questão pendente diz respeito à comparabilidade das


classificações. A atual classificação dada pelo CBO – Código Brasileiro de
Ocupações, Portaria no 397/2000 – não é imediatamente comparável com a
classificação de anos anteriores, como a de 2001. Assim, no momento de
calcular os índices de segregação e concentração e compará-los no tempo,
deve ser observada esta diferença.

Faixa Etária

Estudar qualquer tema social sob a perspectiva de faixas etárias é


bastante revelador do histórico desse tema. A expectativa do presente trabalho
é que os diferenciais de salários, ocupações e número de postos de trabalho
revelem um grau de segregação maior para as faixas avançadas, ao passo que
para as faixas mais jovens haja sinais de declínio de desigualdades.

Raça/Cor

O recorte racial é de extremo interesse, sobretudo porque é importante


decompor os diferenciais de salários proveniente da segregação por gênero
daqueles que resultam da segregação racial e outros tipos de discriminação.
Ocorre que, sendo a RAIS um Registro Administrativo, nem sempre o inquérito
referente à cor/raça é feito da maneira mais apropriada.

O formulário eletrônico da RAIS é preenchido por profissionais como o


contador ou o administrador da empresa/estabelecimento. Por vezes, estes
não têm o preparo adequado nem o acesso a documentos do trabalhador, de
forma que essa informação pode não ser a mais precisa em termos
estatísticos. O próprio MTE não disponibiliza essa informação com facilidade,
não estando acessível no sistema SGT/X-OLAP+W.

Empregados em 31/12

Fez-se a opção, nesta oportunidade, de relacionar os vínculos de


trabalhadores que estavam empregados em 31/12. Assim, os trabalhadores
que permaneceram empregados apenas alguns meses, mas não estavam ao
8
fim de dezembro não foram relacionados. Da mesma forma, aqueles que não
trabalharam o ano todo, mas estavam empregados no último mês do ano de
referência foram incluídos na análise. Este procedimento trata o emprego
formal como uma variável estoque, o que não chega a ser um problema. A
questão é o seu reflexo sobre a estimativa feita sobre os rendimentos anuais.

A variável disponível no sistema SGT/X-OLAP+W referente à


remuneração dos trabalhadores é a Remuneração Média mensal em reais.
Dispondo desse valor e multiplicando-o por 13 (fazendo a inclusão do décimo
terceiro salário), teríamos uma boa estimativa da massa salarial total ao fim do
ano de referência. Mas, como dissemos anteriormente, nem todos os vínculos
são de pessoas que trabalharam o ano todo e algumas pessoas que
trabalharam não foram incluídas.

O procedimento de utilizar um filtro por período de ocupação tem as


limitações acima citadas, mas tem a virtude da simplicidade de análise e de
execução. Cumpre ressaltar que pesquisas econômicas estruturais do IBGE
como a PAC e a PAS também fornecem o pessoal ocupado como uma variável
estoque, criando um ponto de referência no tempo.

5 - Análise descritiva

A análise descritiva é de suma importância. Permite introduzir o leitor


ao assunto com alguma leveza, mesmo quando este não tem formação
específica na área. Permite também o aprofundamento da pesquisa, ao indicar
caminhos e permitir a formulação de hipóteses. Nesta oportunidade será dado
destaque a alguns indicadores e relações, principalmente sob a perspectiva da
ocupação.

Em 2001, em todas as categorias profissionais havia o predomínio de


homens (Gráf.1). O rendimento médio anual dos homens (11,1 mil reais)
superava o das mulheres (9,0 mil reais). Com relação ao nível de instrução, o
grau de escolarização das mulheres já era superior ao dos homens. Até então,
33,9% dos homens tinham ao menos o nível médio completo, já as mulheres,
56,8% já haviam cursado o nível médio ou mais. Assim, já no início da década,
a segregação do mercado de trabalho se fazia notar (Ap.I, Tab. 5 a 8). O
cálculo dos índices de dissimilaridade de Duncan & Duncan para o grau de
instrução totalizam 0,23. Para os grupos de ocupação, 0,32 (*).

Para o ano de 2008, segundo a RAIS, o rendimento médio anual dos


vínculos masculinos (19,0 mil reais) supera o das mulheres (15,7 mil). Esta
disparidade se verifica em todos os grupos ocupacionais. Há mais homens que
mulheres em quase todas as categorias descritas, à exceção de profissionais
9
das ciências e das artes, de serviços e artes e técnicos de nível médio (Gráf.2).
Considerando que 70,4% das trabalhadoras têm ao menos o nível médio
(contra 50,5% dos homens) fica clara uma situação de desigualdade de
tratamento (Ap.I, Tab. 1 a 4). O índice de dissimilaridade de Duncan &
Duncan, segundo o grau de instrução, resultou igual a 0,20. Com relação à
ocupação, o índice obtido foi de 0,33.

Ainda que tais números demonstrem claramente uma situação de


diversidade, a comparação com os números de 2001 revelam uma discreta
melhora em alguns aspectos. No início da década em todas as categorias
profissionais havia o predomínio de homens, ao passo que em 2008 já ocorria
situação inversa. Com relação ao nível de instrução, o grau de escolarização
de homens e mulheres melhorou – embora o das mulheres tenha melhorado
mais rapidamente.

Fonte: Relação Anual de Informações Sociais 2001, PDET/SGT/X-OLAP+W


* Somente para vínculos ativos em 31/12.

10
(*)Hoffmann11 apresenta alguns métodos de estimação, mas seria necessário conhecer os limites superior e inferior de
rendimentos de cada estrato (HOFFMANN, 1998, p.111-113 e 126-130).

1- Rendimento anual dos trabalhadores do mercado formal, por sexo e grau de instrução - 2008
Masc Rem Fem Rem. Total
Grau de instrução Total
Vínculos (R$) Vínculos (R$) Rem.(R$)
Analfabeto 192.030 1.538.036.927 46.138 305.795.699 238.168 1.843.832.626
Até 5a INC 1.198.798 12.591.122.902 342.249 2.694.318.948 1.541.047 15.285.441.850
5a com Fund 1.576.119 18.307.465.373 559.408 4.385.613.242 2.135.527 22.693.078.615
6 a 9 Fundamental 2.523.973 29.423.848.198 957.444 7.597.808.447 3.481.417 37.021.656.644
Fundamental completo 3.854.573 48.949.315.259 1.762.207 15.527.506.829 5.616.780 64.476.822.088
Medio incompleto 2.148.306 25.716.741.575 1.128.988 9.894.018.168 3.277.294 35.610.759.743
Medio completo 8.359.464 138.318.265.794 6.852.555 78.500.406.655 15.212.019 216.818.672.448
Superior incompleto 807.928 21.376.024.267 869.274 15.007.946.854 1.677.202 36.383.971.121
Superior completo 2.501.153 140.744.124.163 3.609.275 116.137.333.142 6.110.428 256.881.457.305
Mestrado 50.855 3.095.588.869 62.593 2.666.312.919 113.448 5.761.901.788
Doutorado 21.782 1.953.758.031 16.454 1.226.772.925 38.236 3.180.530.956
Total 23.234.981 442.014.291.357 16.206.585 253.943.833.828 39.441.566 695.958.125.185
Fonte: Relação Anual de Informações Sociais 2008, PDET/SGT/X-OLAP+W
* Somente para vínculos ativos em 31/12
2- Rendimento anual dos trabalhadores do mercado formal, por sexo e faixa etária - 2008
Faixa Masc Rem. Fem. Rem Total
Total
Etária em anos Vínculos (R$) Vínculos (R$) Rem. (R$)
Até 17 236.507 1.379.603.780 146.854 833.629.116 383.361 2.213.232.897
18 a 24 4.148.214 41.877.244.336 2.742.788 24.494.778.102 6.891.002 66.372.022.438
25 a 29 4.111.721 60.385.117.678 2.838.595 36.844.105.868 6.950.316 97.229.223.546
30 a 39 6.656.216 127.583.579.759 4.633.436 73.808.680.278 11.289.652 201.392.260.037
40 a 49 4.926.132 122.384.533.391 3.726.603 72.286.884.032 8.652.735 194.671.417.423
50 a 64 2.952.264 83.000.171.326 2.024.096 43.657.095.640 4.976.360 126.657.266.965
65 ou mais 203.812 5.402.791.919 94.097 2.017.557.757 297.909 7.420.349.676
Total 23.234.866 442.013.042.189 16.206.469 253.942.730.793 39.441.335 695.955.772.981
Fonte: Relação Anual de Informações Sociais 2008, PDET/SGT/X-OLAP+W
* Somente para vínculos ativos em 31/12

3- Rendimento anual dos trabalhadores do mercado formal, por sexo e grupo de ocupação - 2008

Masc* Rem. Fem.* Rem. Total Rem.


Grupo de Ocupação Total
Vínculos (R$) Vínculos (R$) (R$)
Membros sup.poder públ. dirig. Organizações 908.552 47.053.714.163 715.663 22.915.417.784 1.624.215 69.969.131.946
Profissionais das ciências e das artes 1.561.148 77.089.855.414 2.500.594 71.922.014.044 4.061.742 149.011.869.458
Técnicos de nivel médio 1.861.206 49.591.680.808 2.385.126 43.060.211.466 4.246.332 92.651.892.274
Serviços administrativos 3.238.617 60.478.839.273 4.476.232 63.624.543.880 7.714.849 124.103.383.152
Serviços, vendedores com. lojas e mercados 5.004.607 55.801.999.407 4.205.824 34.962.610.793 9.210.431 90.764.610.200
Trabalhadores agropecuários, florestais e da pesca 1.379.470 12.195.127.101 196.278 1.376.174.016 1.575.748 13.571.301.118
Trab. Prod. bens e serviços industriais 6.694.212 89.014.736.002 1.286.540 10.908.374.032 7.980.752 99.923.110.034
Trab. Prod. bens e serviços industriais 1.149.876 18.041.412.953 300.720 2.873.514.340 1.450.596 20.914.927.293
Trab. em serviços de reparação e manutenção 894.688 14.844.788.856 96.029 756.930.292 990.717 15.601.719.147
Total 22.692.376 424.112.153.976 16.163.006 252.399.790.647 38.855.382 676.511.944.623
Fonte: Relação Anual de Informações Sociais 2008, PDET/SGT/X-OLAP+W
* Somente para vínculos ativos em 31/12

4- Rendimento anual dos trabalhadores do mercado formal, por sexo e região - 2008

Masc. Fem.
Região Rem. (R$) Rem.(R$) Total Total Rem.(R$)
Vínculos Vínculos
Norte 1.865.623 29.024.903.630 1.122.433 16.366.313.091 2.988.056 45.391.216.721
Nordeste 5.859.366 11
76.921.015.574 3.736.158 45.713.923.488 9.595.524 122.634.939.061
Sudeste 19.243.219 359.015.338.384 12.275.499 185.494.860.092 31.518.718 544.510.198.476
Sul 6.202.551 97.254.399.657 4.422.679 55.798.975.950 10.625.230 153.053.375.607
Centro-Oeste 3.200.044 60.036.369.997 1.778.847 31.744.424.476 4.978.891 91.780.794.473
Total 36.370.803 622.252.027.242 23.335.616 335.118.497.096 59.706.419 957.370.524.338
Fonte: Relação Anual de Informações Sociais 2008, PDET/SGT/X-OLAP+W
* Somente para vínculos ativos em 31/12
7- Apêndice I – Tabelas de Apoio à Análise Descritiva

5- Rendimento anual dos trabalhadores do mercado formal, por sexo e grau de instrução - 2001
Rem. Total Rem.
Grau de instrução Masculino Rem. (R$) Feminino Total
Med (R$) (R$)
Analfabeto 340.489 1.941.079.663 131.146 714.651.289 471.635 2.655.730.952
4ª série incompleta 1.417.626 8.459.144.431 422.600 1.755.183.812 1.840.226 10.214.328.243
4ª série completa 1.996.629 13.288.724.513 737.085 3.306.399.961 2.733.714 16.595.124.473
8ª série incompleta 2.511.906 16.857.665.343 998.399 4.554.160.514 3.510.305 21.411.825.856
8ª série completa 3.106.759 23.647.824.814 1.485.259 8.159.057.215 4.592.018 31.806.882.029
2º grau incompleto 1.481.158 11.493.235.065 871.326 4.701.154.652 2.352.484 16.194.389.717
2º grau completo 3.540.823 41.805.669.727 3.668.132 27.872.919.972 7.208.955 69.678.589.700
Superior incompleto 526.909 10.570.185.103 556.810 6.719.057.276 1.083.719 17.289.242.380
Superior completo 1.508.385 55.186.843.404 1.877.431 38.935.601.968 3.385.816 94.122.445.371
Mestrado - - - - - -
Doutorado - - - - - -
16.430.68 183.250.372.06 10.748.18 96.718.186.65 27.178.87 279.968.558.72
Total
4 2 8 9 2 1
Fonte: Relação Anual de Informações Sociais 2001, PDET/SGT/X-OLAP+W
* Somente para vínculos ativos em 31/12
6- Rendimento anual dos trabalhadores do mercado formal, por sexo e faixa etária - 2001

Faixa etária Masculino Rem. (R$) Feminino Rem. (R$) Total Total Rem. (R$)
10 a 14 anos 1.549 5.791.492 699 2.961.548 2.248 8.753.040
15 a 17 anos 195.849 604.256.852 99.647 319.204.316 295.496 923.461.168
18 a 24 anos 3.226.470 17.941.714.046 1.956.993 10.001.310.324 5.183.463 27.943.024.370
25 a 29 anos 2.805.855 23.610.455.937 1.697.309 12.768.056.118 4.503.164 36.378.512.055
30 a 39 anos 5.007.075 59.665.653.852 3.324.301 31.970.268.940 8.331.376 91.635.922.792
40 a 49 anos 3.374.333 53.607.050.247 2.511.989 29.070.790.627 5.886.322 82.677.840.874
50 a 64 anos 1.676.663 25.854.273.736 1.105.666 12.012.047.260 2.782.329 37.866.320.996
65 anos ou mais 142.890 1.961.175.900 51.584 573.547.527 194.474 2.534.723.427
Total 16.430.684 183.250.372.062 10.748.188 96.718.186.659 27.178.872 279.968.558.721
Fonte: Relação Anual de Informações Sociais 2001, PDET/SGT/X-OLAP+W
* Somente para vínculos ativos em 31/12
7- Rendimento anual dos trabalhadores do mercado formal, por sexo e grupo de ocupação - 2001
Total
Ocupação (prim.dig. CBO) Masculino Rem. (R$) Feminino Rem. (R$) Total
Rem.(R$)
Profiss cientif, tecnicas, artisticas e trab assem 895.795 23.773.182.271 594.494 10.360.318.832 1.490.289 34.133.501.103
Profiss cientif, tecnicas, artisticas e trab assem 553.475 9.863.367.758 1.842.466 20.666.646.514 2.395.941 30.530.014.272
Memb pod legisl, exec, judic, func pub sup, diret empr e trab 516.701 22.677.077.419 316.212 8.998.902.456 832.913 31.675.979.875
Serv administrativos e trab assemelha 2.877.578 37.048.186.506 3.420.156 33.366.642.015 6.297.734 70.414.828.520
Comercio e trabalhadores assemelhados 1.398.282 11.057.884.881 1.051.144 5.918.096.226 2.449.426 16.975.981.106
Serv turis, hosped, servent, hig e embelez, seg., aux saúde 2.391.035 14.932.000.490 2.043.854 9.785.138.026 4.434.889 24.717.138.517
Trab agropecuarios, florestais, da pesca e trab 981.853 4.046.704.808 109.778 358.892.467 1.091.631 4.405.597.276
Prod indust, oper maq, condut veic e trab assemelh I 1.112.744 9.756.145.209 578.010 2.652.880.441 1.690.754 12.409.025.650
Prod indust, oper maq, condut veic e trab assemelh II 1.646.320 15.273.235.017 231.292 1.181.010.108 1.877.612 16.454.245.124
Prod indust, oper maq, condut veic e trab assemelh III 3.494.041 24.904.207.124 535.729 2.956.816.178 4.029.770 27.861.023.302
Total 15.867.824 173.331.991.482 10.723.135 96.245.343.263 26.590.959 269.577.334.745
Fonte: Relação Anual de Informações Sociais 2001, PDET/SGT/X-OLAP+W
* Somente para vínculos ativos em 31/12
8- Rendimento anual dos trabalhadores do mercado formal, por sexo e região - 2001
Total
Região Masculino Rem.(R$) Feminino Rem. Med. (R$) Total
Rem.(R$)
Norte 645.011 5.961.444.113 485.166 4.234.175.280 1.130.177 10.195.619.393

Nordeste 2.533.397 19.650.892.494 1.943.382 12.544.469.042 4.476.779 32.195.361.536


Sudeste 8.639.010 105.961.515.734 5.552.961 55.754.817.426 14.191.971 161.716.333.159
Sul 2.862.102 28.702.843.687 1.958.606 15.518.294.883 4.820.708 44.221.138.570
Centro-Oeste 1.188.304 13.055.295.454 783.020 8.193.586.632 1.971.324 21.248.882.086
Total 15.867.824 173.331.991.482 10.723.135 96.245.343.263 26.590.959 269.577.334.745
Fonte: RAIS 2001, PDET/SGT/X-OLAP+W
* Somente para vínculos ativos em 31/12
12
Decomposição da segregação ocupacional
O índice de Duncan & Duncan é uma medida utilizada para medir
segregação entre grupos e sua fórmula é dada por:

n
Fi M i
D = 0,5 ⋅ ∑ −
i =1 F M

Onde Mi e Fi são o número de homens e mulheres na ocupação,


respectivamente, e F e M, são os totais de mulheres e homens (ARAÚJO e
RIBEIRO, p.6). No caso de segregação ocupacional por gênero, o índice de
dissimilaridade nos diz a proporção de mulheres (ou de homens) que teria de
mudar de ocupação ou atividade de modo que a segregação deixasse de
13
existir (HOFFMANN 1998, p. 257). Esse índice varia entre zero e cem, sendo
que, quanto mais alto, maior o nível de segregação residencial.

Considerando o período entre 2001 e 2008, houve aumento discreto do


índice D&D. Em 2001, este resultou igual a 0,324 ao passo que em 2008 foi de
0,330. A comparação direta tem inconvenientes, primeiramente devido à
diferença de classificação de ocupação da RAIS para os dois anos em questão
– em 2001, por exemplo, havia 10 grupos de ocupação ao passo que em 2008
só havia 9 grupos.
A despeito das diferenças de classificação entre os dois anos,
podemos fazer algumas comparações. Em geral, considerando todos os
trabalhadores, há um percentual maior de homens na indústria e atividades
afins. Por seu turno, o maior percentual dentre as mulheres está em serviços
administrativos e assemelhados. Esta composição verificava-se em 2001 e se
manteve em 2008, como podemos ver nas tabelas abaixo. Daremos
destaques sombreando os respectivos dados acima citados.
Trabalhadores do mercado formal, por sexo e grupo ocupacional - 2001
Vínc. Vínc. Perc. Perc.
Grupo Ocupacional
Masc. Fem. Masc. Fem.
Profiss cientif, tecnicas, artisticas e trab assem 896240 594.661,00 5,6 5,5
Profiss cientif, tecnicas, artisticas e trab assem II 553893 1.843.020,00 3,5 17,2
Memb pod legisl, exec, judic, func pub sup, diret empr e trab 517054 316.466,00 3,3 3,0
Serv administrativos e trab assemelha 2879095 3.421.636,00 18,1 31,9
Comercio e trabalhadores assemelhados 1398493 1.051.257,00 8,8 9,8
Serv turis, hosped, servent, hig e embelez, seg., aux saúde 2392053 2.044.536,00 15,1 19,1
Trab agropecuarios, florestais, da pesca e trab 982238 109.789,00 6,2 1,0
Prod indust, oper maq, condut veic e trab assemelh I 1112876 578.061,00 7,0 5,4
Prod indust, oper maq, condut veic e trab assemelh II 1646521 231.305,00 10,4 2,2
Prod indust, oper maq, condut veic e trab assemelh III 3494832 536.048,00 22,0 5,0
Total 15.873.295 10.726.779 100,0 100,0
Fonte: Relação Anual de Informações Sociais 2001, PDET/SGT/X-OLAP+W
* Somente para vínculos ativos em 31/12

Trabalhadores do mercado formal, por sexo e grupo ocupacional - 2008


Vínc. Vínc. Perc. Perc.
Grupo Ocupacional
Masc. Fem. Masc. Fem.
Membros sup. poder público, dirig. Organizações 908.552 715.663 4,0 4,4
Profissionais das ciências e das artes 1.561.148 2.500.594 6,9 15,5
Técnicos de nivel médio 1.861.206 2.385.126 8,2 14,8
Trabalhadores de serviços administrativos 3.238.617 4.476.232 14,3 27,7
Serviços, vendedores do comércio em lojas e mercados 5.004.607 4.205.824 22,1 26,0
Trabalhadores agropecuários, florestais e da pesca 1.379.470 196.278 6,1 1,2
Trabalhadores da produção de bens e serviços industriais I 6.694.212 1.286.540 29,5 8,0
Trabalhadores da produção de bens e serviços industriais II 1.149.876 300.720 5,1 1,9
Trabalhadores em serviços de reparação e manutenção 894.688 96.029 3,9 0,6
TOTAL 22.692.376 16.163.006 100,0 100,0

Fonte: Relação Anual de Informações Sociais 2008, PDET/SGT/X-OLAP+W

* Somente para vínculos ativos em 31/12

Mas, mais importante que a diferença acima citada é o fato de que ao


longo do tempo mudam outras variáveis como a estrutura etária da população
e o grau de instrução. Para verificar a real medida da segregação ocupacional
e sua evolução no tempo temos de tentar decompor estes efeitos – este será o
objetivo das seções seguintes.

Segregação ocupacional por faixa etária


14
A idade pode servir de proxy de experiência e este fato, além de
influenciar nos níveis salariais, afeta a composição dos grupos de ocupação
por sexo. Agrupar os dados dos trabalhadores por grupos etários é uma forma
de isolar esse efeito. Assim, calculamos os índices de Duncan & Duncan
agrupando primeiramente os trabalhadores por faixa de idade para, em
seguida, classificá-los segundo grupo de ocupação. Este procedimento foi feito
para os anos de 2001 e 2008.
Assim procedendo, a análise por grupos etários nos traz importantes
informações. Os índices de segregação ocupacional considerando estratos por
faixa etária apontam que as diferenças referentes a mulheres e homens
tendem a aumentar com a progressão das faixas de idade, para então cair
apenas na última faixa. Na primeira faixa e na última os índices D&D são um
pouco menores. Os trabalhadores muito jovens em início de carreira são
aparentemente alocados nos diversos grupos ocupacionais sem haver grande
distinção por sexo. Por seu turno, na última faixa há muitos trabalhadores em
fim de idade produtiva e os dados mostram uma menor segregação
ocupacional, tanto em 2001 como em 2008.
As médias salariais dos homens, em faixas maiores de 17 anos, são
sempre superiores as médias salariais das mulheres, em todos os grupos de
ocupação. As diferenças variam de apenas 4,2% (em Serviços turísticos, de
hospedagem e outros na faixa 18 a 24 anos) até 169,7% (Produção industrial,
operação de máquinas e outros, na faixa 40 a 49 anos). Portanto, mesmo em
grupos com experiência profissional em níveis semelhantes, verificamos
segregação ocupacional e discriminação salarial.

Índice de D&D, referentes à segregação ocupacional, considerando grupos de faixas etárias, para o ano de 2001

Faixa etária 10 a 14 15 a 17 18 a 24 25 a 29 30 a 39 40 a 49 50 a 64 65 ou mais

0,246 0,193 0,323 0,328 0,331 0,372 0,378 0,278

Fonte: Relação Anual de Informações Sociais 2008, PDET/SGT/X-OLAP+W - faixas de 2001 e 2008 têm diferentes números de categorias.

*Somente para vínculos ativos em 31/12.

Procedimento recomendando em HOFFMANN, 1998.

Índice de D & D, referentes à segregação ocupacional, considerando grupos de faixas etárias, para o ano de 2008

Faixa etária Até 17 18 a 24 25 a 29 30 a 39 40 a 49 50 a 64 65 ou mais

0,217 0,318 0,316 0,332 0,349 0,350 0,269

Fonte: Relação Anual de Informações Sociais 2008, PDET/SGT/X-OLAP+W - faixas de 2001 e 2008 têm diferentes números de categorias.

* Somente para vínculos ativos em 31/12

Procedimento recomendando em HOFFMANN, 1998.

Grau de instrução
O grau de instrução interfere na estrutura dos grupos de ocupação.
Pessoas com mais qualificação e maior grau de escolaridade são alocadas em
cargos e funções mais complexas e de maior responsabilidade. Seria
importante observar como homens e mulheres com a mesma qualificação
estão distribuídas quanto á ocupação. Nesse aspecto, tendo em consideração
15
os dados da RAIS 2001 e 2008, conforme aumenta a escolaridade, a
segregação ocupacional tende a apresentar índices menores. Seguindo essa
tendência, quando analisamos a segregação ocupacional para as pessoas com
mestrado e doutorado verificamos índices D&D baixos. Os trabalhadores com
esta formação atuam sobretudo na categoria profissionais das ciências e das
artes. Mas, mesmo entre os trabalhadores com doutorado, a média salarial
mostra desníveis e segregação. Para o ano de referência de 2008 a média dos
homens (6,9 mil Reais) com doutorado superou a das mulheres com mesma
formação (5,7 mil Reais).

Índice de D & D, referentes à segregação ocupacional, considerando grau de instrução


Grau Até 5ª 6ª ao 9ª Fund. Méd. Méd. Sup. Sup.
Analfabeto 5ª compl. Mestr. Dout.
instrução incomp inc. Comp. Inc. Completo incomp. comp.

2001 0,402 0,449 0,398 0,333 0,321 0,272 0,286 0,245 0,222 - -

2008 0,447 0,454 0,402 0,359 0,345 0,300 0,277 0,163 0,089 0,059 0,036
Fonte: RAIS/01/08, PDET/SGT/X-OLAP+W. Em 2001 não houve registro para mestrado ou doutorado.
Procedimento recomendando em HOFFMANN, 1998.

* Somente para vínculos ativos em 31/12.

Rendimento médio anual dos trabalhadores do mercado formal, por sexo e grau de instrução -2001
Vínc. Rem. Masc. Vínc. Rem. Fem. Total Rem.
Grau de instrução Total
Masc. média(R$) Fem. média(R$) média(R$)
Analfabeto 341001 149.486.576 131584 55.108.016 472585 204.594.593
Até o 5ª a incomp 1418346 650.984.113 422893 135.081.189 1841239 786.065.302
5ª compl. 1997294 1.022.590.023 737320 254.433.706 2734614 1.277.023.730
6ª ao 9ª incomp. 2512446 1.297.016.123 998746 350.414.305 3511192 1.647.430.428
Ens. Fund. Completo 3107871 1.819.730.337 1485632 627.773.669 4593503 2.447.504.006
Ens. Méd. Incompleto 1481674 884.368.763 871505 361.754.958 2353179 1.246.123.721
Ens. Méd. Completo 3542596 3.217.057.157 3669108 2.144.614.804 7211704 5.361.671.962
Superior incomp. 527026 813.230.976 556897 516.934.915 1083923 1.330.165.891
Superior completo 1509528 4.247.789.926 1878147 2.995.862.049 3387675 7.243.651.975
Mestrado Completo 0 0 0 0 0 0
Doutorado Completo 0 0 0 0 0 0
Total 338.589 147.570.109 131.077 54.917.861 469.666 202.487.971
Fonte: Relação Anual de Informações Sociais 2001, PDET/SGT/X-OLAP+W
* Somente para vínculos ativos em 31/12

Rendimento médio anual dos trabalhadores do mercado formal, por sexo e grau de instrução - analfabeto - 2008
Vínc. Rem. Masc. Vínc. Rem. Fem. Total Rem.
Grau de instrução Total
Masc. média(R$) Fem. média(R$) média(R$)
Analfabeto 191.765 117.907.208 46.136 23.518.440 237.901 141.425.648
Até o 5ª a incomp 1.190.194 949.998.296 341.696 205.891.561 1.531.890 1.155.889.857
5ª compl. 1.560.076 1.368.902.734 558.668 335.620.890 2.118.744 1.704.523.625
6ª ao 9ª incomp. 2.514.364 2.240.511.965 956.991 583.802.627 3.471.355 2.824.314.593
Ens. Fund. Completo 3.746.005 3.563.922.381 1.760.771 1.191.689.432 5.506.776 4.755.611.812
Ens. Méd. Incompleto 2.107.880 1.888.261.584 1.126.525 756.374.133 3.234.405 2.644.635.717
Ens. Méd. Completo 8.080.755 9.997.249.513 6.829.561 5.988.930.540 14.910.316 15.986.180.053
Superior incomp. 787.796 1.601.104.530 865.956 1.147.640.149 1.653.752 2.748.744.680
Superior completo 2.441.087 10.509.144.853 3.597.576 8.882.511.497 6.038.663 19.391.656.350
Mestrado Completo 50.606 236.909.471 62.561 204.959.008 113.167 441.868.479
Doutorado Completo 21.733 150.003.218 16.449 94.345.384 38.182 244.348.603
Total 22.692.261 32.623.915.754 16.162.890 19.415.283.662 38.855.151 52.039.199.417
Fonte: Relação Anual de Informações Sociais 2008, PDET/SGT/X-OLAP+W
* Somente para vínculos ativos em 31/12

Rendimento médio anual dos trabalhadores do mercado formal, por sexo e Gr.ocupação e Gr. instrução - Doutorado - 2008
Vínc. Rem. Masc. Vínc. Rem. Fem. Total Rem.
Grupo Ocupacional Masc. média(R$) Fem. média(R$) Total média(R$)
Membros sup. poder público, dirig. organizações de ... 1.229 15.841.941 671 5.063.975 1.900 20.905.916
Profissionais das ciências e das artes 18.341 125.004.740 14.102 83.404.178 32.443 208.408.919
16
Técnicos de nivel médio 843 5.056.249 761 3.394.630 1.604 8.450.879
Trabalhadores de serviços administrativos 533 2.637.174 634 2.167.903 1.167 4.805.077
Serviços, vendedores do comércio em lojas e
mercados 236 288.637 190 209.618 426 498.255
Trabalhadores agropecuários, florestais e da pesca 43 56.803 16 18.460 59 75.263
Trabalhadores da produção de bens e serviços
industriais 337 593.562 47 40.417 384 633.979
Trabalhadores da produção de bens e serviços
industriais 100 335.938 26 41.690 126 377.628
Trabalhadores em serviços de reparação e
manutenção 71 188.175 2 4.513 73 192.688
Total 21.733 150.003.218 16.449 94.345.384 38.182 244.348.603
Fonte: Relação Anual de Informações Sociais 2008, PDET/SGT/X-OLAP+W
* Somente para vínculos ativos em 31/12

A RAISMIGRA é um sistema derivado da RAIS e visa o


acompanhamento da trajetória dos trabalhadores ao longo do tempo. Há a
modalidade "PAINEL" (posição do trabalhador ao longo do tempo) e a
modalidade “VÍNCULO" (relação de emprego formal estabelecida entre um
estabelecimento e um trabalhador). Além disso, permite fazer alguns
cruzamentos que não são possíveis no X-OLAP+W. Não é um sistema aberto
ao público, dada sua complexidade. O seu acesso é restrito e depende de
pedidos especiais ao PDET - Programa de Disseminação de Estatísticas do
Trabalho. Depois de um tempo de espera, a habilitação foi enviada, sendo
possível acessá-lo e fazer algumas tabulações. Neste trabalho, será
demonstrado o cruzamento de dados do estabelecimento com o trabalhador.
No Brasil, a estrutura produtiva dos estabelecimentos é bastante
diversificada. Há pequenos estabelecimentos de estrutura simples, bem como
grandes corporações, com patrimônios, por vezes, comparáveis ao PIB de
muitos países. Nesse aspecto, uma hipótese a ser examinada é se diferenças
na composição dos grupos ocupacionais por gênero podem ser identificadas
com o porte da empresa. Observando os índices de segregação ocupacional
por porte vemos que a maior diferença está nos extremos – os
estabelecimentos com até 4 empregados (D&D=0,418) apresentam um índice
maior do que o dos grandes, com mais de 1.000 empregados (D&D=0,302).
No entanto, as disparidades de salários entre homens e mulheres são maiores
nas empresas grandes, embora paguem, em média, salários maiores do que
os pequenos estabelecimentos. Por exemplo, na categoria de serviços de
manutenção e reparação as empresas com mais de 1.000 empregados pagam
em média 1,7 mil Reais para homens e 458 Reais para as mulheres.

Índice de D&D, referentes à segregação ocupacional, considerando porte do estabelecimento, para o ano de 2008

Porte por pessoal Até 4 5a9 10 a 19 20 a 49 50 a 99 100 a 249 250 a 499 500 a 999 1000 +

0,418 0,347 0,346 0,339 0,327 0,325 0,327 0,322 0,302

Fonte: Relação Anual de Informações Sociais 2008, PDET/SGT/X-OLAP+W - faixas de 2001 e 2008 têm diferentes números de categorias
* Somente para vínculos ativos em
31/12
Procedimento recomendando em HOFFMANN,
1998.

Rendimento médio anual dos trabalhadores do mercado formal, por sexo, grupo de ocupação e porte do estabelecimento, até 4 emp. - 2008
Vínc. Rem. Masc. Vínc. Rem. Fem. Total Rem.
Grupo Ocupacional Total
Masc. média(R$) Fem. média(R$) média(R$)
Membros sup. poder público, dirig. organizações de ... 121.088 140.053.416,23 94.318 82.909.643,30 215.406 222.963.059,53
Profissionais das ciências e das artes 48.453 68.623.921,66 90.843 83.239.491,55 139.296 151.863.413,21
Técnicos de nivel médio 126.021 102.002.020,50 127.586 79.811.574,59 253.607 181.813.595,09
Trabalhadores de serviços administrativos 305.740 199.731.016,08 598.359 353.647.066,93 904.099 553.378.083,01
Serviços, vendedores do comércio em lojas e mercados 799.519 463.046.144,18 970.243 470.054.495,44 1.769.762 933.100.639,62

17
Trabalhadores agropecuários, florestais e da pesca 483.849 260.489.357,24 58.356 26.132.536,25 542.205 286.621.893,49
Trabalhadores 770.627
da produção de bens e serviços industriais II 512.330.451,26 112.730 56.239.439,95 883.357 568.569.891,21
Trabalhadores 102.770
da produção de bens e serviços industriais II 63.637.157,72 24.015 12.048.557,30 126.785 75.685.715,02
Trabalhadores em serviços de reparação e manutenção 144.960 89.442.149,41 12.169 4.624.033,73 157.129 94.066.183,14
Total 2.903.027 1.899.355.634,28 2.088.619 1.168.706.839,04 4.991.646 3.068.062.473,32
Fonte: Relação Anual de Informações Sociais 2008, PDET/SGT/X-OLAP+W/RAISMIGRA
* Somente para vínculos ativos em 31/12

Rendimento médio anual dos trabalhadores do mercado formal, por sexo, grupo de ocupação e porte do estabelecimento, c/ mais de 1000 emp. - 2008
Vínc. Rem. Masc. Vínc. Rem. Fem. Total Rem.
Grupo Ocupacional Total
Masc. média(R$) Fem. média(R$) média(R$)
Membros sup. poder público, dirig. organizações de ... 247.476 1.174.397.980,44 284.616 803.939.108,91 532.092 1.978.337.089,35
Profissionais das ciências e das artes 598.371 2.659.886.287,88 1.199.143 2.791.058.899,10 1.797.514 5.450.945.186,98
Técnicos de nivel médio 596.427 1.512.219.359,84 1.148.690 1.775.980.599,03 1.745.117 3.288.199.958,87
Trabalhadores de serviços administrativos 1.011.809 1.685.741.575,94 1.512.586 1.824.021.110,52 2.524.395 3.509.762.686,46
Serviços, vendedores do comércio em lojas e mercados 1.049.095 1.013.741.467,53 960.333 636.369.001,22 2.009.428 1.650.110.468,75
Trabalhadores agropecuários, florestais e da pesca 474.035 338.276.602,59 68.409 37.958.674,92 542.444 376.235.277,51
Trabalhadores da produção de bens e serviços industriais
II 1.182.076 1.600.265.581,03 252.348 183.623.687,57 1.434.424 1.783.889.268,60
Trabalhadores da produção de bens e serviços industriais
II 231.739 364.540.185,06 110.646 79.566.412,25 342.385 444.106.597,31
Trabalhadores em serviços de reparação e manutenção 182.542 304.385.281,40 46.228 21.179.670,61 228.770 325.564.952,01
Total 5.573.570 10.653.454.321,71 5.582.999 8.153.697.164,13 11.156.569 18.807.151.485,84
Fonte: Relação Anual de Informações Sociais 2008, PDET/SGT/X-OLAP+W/RAISMIGRA
* Somente para vínculos ativos em 31/12

Segregação entre os brasileiros naturalizados


A RAIS também investiga a nacionalidade dos empregados dos
estabelecimentos. Trabalhadores de diversos países desenvolvem atividades
no Brasil – mas nem todos permanecem. Dentre os que aqui firmam residência
alguns se naturalizam. Observando os dados da RAIS 2008 para os brasileiros
naturalizados, podemos verificar alguns fatos interessantes. Primeiramente, a
segregação ocupacional entre mulheres e homens é menor – o índice D&D
totalizou 0,160.
O grau de escolarização é maior do que a média do mercado de
trabalho brasileiro. Uma boa parcela tanto de homens (68,6%) como de
mulheres (67,4%) tem nível superior. Talvez pelo maior nível de instrução,
vemos que há maior concentração de brasileiros natos nos grupos de
profissionais de ciências e das artes, com 46,8% de participação para as
mulheres e 51,0% para os homens.
A média salarial é maior do que a dos brasileiros natos, contudo
verificamos que os salários dos homens são maiores do que os das mulheres
em todos os grupos ocupacionais. Tendo em conta todos os grupos, a média
salarial dos homens foi de 5,8 mil Reais, sendo o das mulheres igual a 4,2 mil
Reais – é possível obter para as demais faixas, bastando dividir os rendimentos
pelos respectivos vínculos, mas pode-se adiantar que em todos os grupos os
dos homens é superior aos das mulheres.
Portanto, observamos que as condições que antecedem a inclusão
desses brasileiros naturalizados no mercado de trabalho refletem as condições
de seus países de origem - o grau de escolaridade seria a principal
característica antecedente. O alto nível de instrução é razoavelmente
igualitário para ambos os sexos no caso dos naturalizados, de modo que a
segregação ocupacional foi menor. Mas no processo de inserção destes no
mercado de trabalho, predominam as condições de discriminação salarial entre
homens e mulheres vigentes em nosso país.
18
Rendimento médio anual dos trabalhadores naturalizados do mercado formal, por sexo e grupo de ocupação - 2008
Vínc. Rem. Masc. Vínc. Rem. Fem. Total Rem.
Grupo Ocupacional Total
Masc. média (R$) Fem. média (R$) média(R$)
Membros sup. poder público, dirig. organizações de ... 705 7.907.874 268 1.984.017 973 9.891.891
Profissionais das ciências e das artes 2.608 16.197.265 1.490 7.842.562 4.098 24.039.827
Técnicos de nivel médio 469 2.050.864 544 1.511.085 1.013 3.561.949
Trabalhadores de serviços administrativos 588 2.390.003 612 1.782.568 1.200 4.172.571
Serviços, vendedores do comércio em lojas e mercados 301 533.212 199 291.877 500 825.090
Trabalhadores agropecuários, florestais e da pesca 27 30.964 7 3.681 34 34.644
Trabalhadores da produção de bens e serviços industriais 280 446.715 48 53.151 328 499.866
Trabalhadores da produção de bens e serviços industriais 60 132.003 14 27.981 74 159.984
Trabalhadores em serviços de reparação e manutenção 74 222.362 5 3.306 79 225.668
Total 5.112 29.911.262 3.187 13.500.228 8.299 43.411.490
Fonte: Relação Anual de Informações Sociais 2008, PDET/SGT/X-OLAP+W/RAISMIGRA
* Somente para vínculos ativos em 31/12

Rendimento médio anual dos trabalhadores naturalizados do mercado formal, por sexo e instrução - 2008
Vínc. Rem. Masc. Vínc. Rem. Fem. Total Rem.
Grau de instrução Total
Masc. média(R$) Fem. média(R$) média(R$)
Analfabeto 6 3.790 0 0 6 3.790
Até o 5º incompleto 29 35.079 9 8.816 38 43.895
5ª ano completo 63 95.291 14 13.996 77 109.288
Do 6ª ao 9ª ano Incompleto 72 115.653 40 46.804 112 162.456
Fundamental Completo 184 307.658 82 88.652 266 396.310
Ensino Médio Incompleto 103 181.073 62 52.363 165 233.436
Ensino Médio Completo 785 2.202.504 597 1.265.161 1.382 3.467.666
Superior Incompleto 150 483.992 134 292.262 284 776.254
Superior Completo 3.510 24.783.955 2.148 10.998.955 5.658 35.782.910
Mestrado Completo 98 682.278 45 274.562 143 956.840
Doutorado Completo 116 1.029.971 57 463.029 173 1.493.000
Total 5.116 29.921.245 3.188 13.504.600 8.304 43.425.845
Fonte: Relação Anual de Informações Sociais 2008, PDET/SGT/X-OLAP+W/RAISMIGRA
* Somente para vínculos ativos em 31/12

Segregação ocupacional por Grande Região


Dado que no Brasil, as desigualdades sociais entre as grandes regiões
são marcantes, é razoável de se supor que a segregação ocupacional por
gênero acompanhasse essa tendência, sendo mais ou menos intensa de
acordo com o grau de desenvolvimento social e econômico de cada grande
região do Brasil. Entretanto, a segregação parece não diferir muito de Região
para Região – os índices de segregação calculados por grupos de Grandes
Regiões e por grupos de ocupação mantiveram-se razoavelmente estáveis,
próximos de 0,300 – tanto em 2001 como 2002.

Índice de D & D, referentes à segregação ocupacional, considerando as Grandes Regiões

Grande Região NO NE SE SU CO

2001 0,333 0,309 0,331 0,340 0,326

2008 0,316 0,334 0,332 0,335 0,344


Fonte: RAIS/08, PDET/SGT/X-OLAP+W - faixas de 2001 e 2008 têm diferentes números de
categorias

* Somente para vínculos ativos em 31/12

Procedimento recomendando em HOFFMANN, 1998.

Cálculo do índice de T-Theil


O cálculo dos índices de Theil por estratos (ver seção seguinte),
quando não se dispõe de microdados, deve se apoiar na hipótese de que a
distribuição de renda seja perfeita dentro de cada estrato. Obviamente, esta
19
hipótese em muito se distancia da realidade. Seria supor que cada indivíduo
recebe um valor igual a média do seu respectivo estrato. A ausência dos
índices intra-estratos termina por subestimar os níveis de desigualdade.
Entretanto, é possível estimar os índices dentro dos estratos quando se dispõe
dos limites por faixa de renda.

O X-OLAP+W oferece a possibilidade de agrupar os dados por grupos


de ocupação e, em seguida, estratificar cada grupo por faixa de renda. Ocorre
que o limite da primeira faixa não é definido (até meio-salário mínimo). Da
mesma forma o limite superior da última faixa é indeterminado (Mais de 20
salários mínimos). Há um procedimento descrito por Hoffmann para estimar os
índices T-Theil para a primeira e últimas faixas, bem como para as faixas
centrais. Como os limites das faixas estavam descritos em salários mínimos,
adotou-se o valor de R$ 180,00 para 2001 e R$ 415,00 para 2008.

Assim, o índice de desigualdade de T-Theil (ver seção seguinte) para o


ano de 2001 foi de 0,260 para as mulheres e 0,528 para os homens. Portanto,
a desigualdade naquele ano era menor para as mulheres. Para o ano de 2008
os índices totalizaram 0,173 para as mulheres e 0,319 para os homens – ou
seja, a desigualdade caiu para ambos os sexos, mas permanece maior entre
os homens. Considerando os trabalhadores em sua totalidade, o índice T de
Theil caiu de 0,419 em 2001 para 0,259 em 2008.

8- Apêndice II - Índices Duncan &Duncan e T e L de Theil

Medidas de desigualdade de Theil (T e L)

Consideremos uma população composta por n pessoas, cada uma das quais
recebe uma fração não negativa da renda total (yi≥0, sendo i=1,...,n).
Consequentemente:
n

∑y
i =1
i =1

Considerando k grupos, nh (h=1,...,k) o número de elementos do h-ésimo


grupo, e seja xhi (h=1,...,k; i=1,...,nh) a renda do i-ésimo elemento do h-ésimo
grupo. Daí,
k
N = ∑ nh ,
h =1

nh
πh = ,
N
20
nh
xhi
yhi =

e Yh = ∑y
i =1
hi

T de Theil
0 ≤ T ≤ log n

k
T = Te + ∑YhTh onde
h =1

k
Yh
Te = ∑Yh log é o índice entre estratos e
h =1 πh
nh
yhi y
Th = ∑ log nh hi é o índice dentro dos estratos.
i =1 Yh Yh

De maneira semelhante, temos o L de Theil


k
L = Le + ∑π h Lh onde
h =1

k
πh
Le = ∑π h log é a índice entre estratos e
h =1 Yh

1 nh Y
Lh = ⋅ ∑ log h é o índice dentro dos estratos.
n i =1 nh yhi

Neste trabalho só utilizaremos o índice T-Theil, mas achamos por bem citar a
sua variante, o L-Theil como referência para o leitor.

A expressão abaixo representa a estimativa do índice T de Theil para


os estratos quando não se dispõe dos microdados – estratos centrais. Logo
em seguida, mais abaixo, há algumas definições de variáveis da expressão:

ε h2−1   2ε h −1   ε ε Θ  
Th = 1 −  + 3 ( 2λh − 1)  ln h + ln h −
1 
 ε h −1 + h  +
1
( 2λh − 1)  ε h2−1 + ε h −1Θh + Θ
2Θ h µ h   Θh   ε h −1 µh 2µh  2  Θh µh  12

εh =limite superior do estrato, em Reais

εh −1 =limite inferior do estrato, em Reais

Θh = εh −εh −1

21
µh − ε h −1
λh =
Θh

A expressão seguinte resulta uma estimativa de T1 quando o limite


inferior do primeiro estrato tende a zero – obviamente, nenhum trabalhador
receberia salário igual a zero, mas é difícil determinar um valor exato como
limite inferior, por isso optou-se por utilizar o procedimento descrito abaixo:

ε1 Θ1 Θ
lim T1 = ln − + 1 ( 2λ1 − 1)
ε →0 µ1 4 µ1 12 µ1

E esta expressão refere-se ao estrato superior, quando se desconhece


o seu limite superior:

µh µ
Tk = −1 − ln k
ε k −1 ε k −1

Para as expressões acima há uma restrição a ser obedecida. Nos


primeiros extratos a condição não foi atendida, mas como o impacto destes
resumiu-se a quarta casa decimal foram então mantidos (HOFFMANN, 1998, p.
128-129). A condição a que nos referimos é:

1 2
≤λ ≤
3 3

6- Conclusão

Reduzir a segregação de gênero, de qualquer tipo, antes de tudo é um


compromisso de cidadania. Todos os indivíduos têm direito a uma vida digna e
com iguais oportunidades. Por isso, toda forma de injustiça social, de qualquer
natureza, é inaceitável e deve ser combatida mediante políticas públicas
adequadas. Para tanto, os fenômenos sociais devem ser corretamente
compreendidos e, sempre que oportuno e possível, devem ser inferidos por
meio de indicadores.

Para além da questão moral e ética, desigualdades em qualquer


instância geram ineficiência e má alocação de recursos. No caso do mercado
de trabalho, quando as remunerações são proporcionais a outros atributos que
não a produtividade do trabalhador, está se incorrendo em redução do bem-
estar social, uma vez que os recursos humanos disponíveis são utilizados de
uma forma menos eficiente.

A RAIS é uma importante fonte de dados para inquéritos sociais,


inclusive os relacionados à estrutura do perfil dos postos de trabalho, sob
22
qualquer prisma de interesse, permitindo verificar que as relações trabalhistas
também constituem construções sociais que devem ser compreendidas
adequadamente. Há na RAIS algumas limitações pertinentes aos registros
administrativos tais como o fato de a coleta ser feita muitas vezes por
contadores e administradores de empresas. E há também o fato de o mercado
informal não ser contemplado. Contudo, a despeito de suas limitações, a RAIS
é um levantamento censitário que muito pode contribuir para as pesquisas
referentes ao tema em questão.

9- Bibliografia

1- ALVES, J.E.D.; CAVENAGHI, Suzana M. O paradoxo entre a maior inserção


social das mulheres e a baixa participação feminina nos espaços de poder:
Refazendo a política de cotas. Fazendo Gênero 8 - Corpo, Violência e
Poder, Florianópolis, de 25 a 28 de agosto de 2008. Acessado em 08/08/10,
às 8h:
http://www.fazendogenero8.ufsc.br/sts/ST29/Alves-Cavenaghi%20_29.pdf.

2- ALVES, J.E.D.; Corrêa, Sônia. Igualdade e Desigualdade de Gênero no


Brasil: um panorama preliminar, 15 anos depois do Cairo. Texto escrito para
o Seminário Brasil, 15 anos após a Conferência do Cairo, da Abep, realizado
em 11 e 12 de agosto de 2009, em Belo Horizonte. Acessado em 06/08/10,
às 14h:
http://www.abep.nepo.unicamp.br/docs/outraspub/cairo15/Cairo15_3alvescorrea.pdf.

3- ARAÚJO, Júlia R.; SALVATO, Marco A.; SOUZA, Paola, F.L.


Decomposição do Índice de Theil-T em Disparidades Regionais, entre
Gêneros, Raciais e Educacionais: Uma Análise da Desigualdade de Renda
na Região Sul. Acessado em 02/08/10, às 19h:
http://www.economiaetecnologia.ufpr.br/XI_ANPEC-Sul/artigos_pdf/a2/ANPEC-Sul-A2-04-
decomposicao_do_indice_d.pdf.

4- ARAÚJO, Verônica F.; RIBEIRO, Eduardo P. – Diferenciais de Salários por


Gênero no Brasil: Uma Análise Regional. Acessado em 02/08/10, às 19h:
http://www.ufrgs.br/ppge/pcientifica/2001_11.pdf.

5- BELTRÃO, K.I., ALVES, J.E.D. A reversão do hiato de gênero na educação


brasileira no século XX. Anais do XIV Encontro da Associação Brasileira de
Estudos Populacionais da ABEP, Caxambu, 2004.

6- CAVENAGHI, Suzana M. Gênero e Raça no Ciclo Orçamentário e Controle


Social das Políticas Públicas – Indicadores de Gênero e de Raça no PPA
2008-2011 – Introdução e Capítulo 1 – Monitoramento e Avaliação de
Políticas Públicas e a Redução de Desigualdades Sociais. CFEMEA,
UNIFEM, 2008.

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7- CAVENAGHI, Suzana M. Notas de Aulas da disciplina SIEG do Mestrado
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Ciências Estatísticas, 2º trimestre letivo de 2010.

8- HOFFMANN, R. Distribuição de Renda – Medidas de Desigualdade e


Pobreza. Cap. 10 – Medidas de concentração e segregação. 1ª edição,
Edusp. São Paulo, 1998.
9- HOFFMANN, R. Estatística Para Economistas. Cap.18 – Medidas de
Concentração. Ed. Thomson, 4ª edição. São Paulo, 2006.
10-Ministério do Trabalho e Emprego – Manual de Orientação da RAIS, Ano-
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2010. Acessado em 07/08/10, às 18h:
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http://anuariorais.caged.gov.br/.

2- PDET – Programa de Disseminação de Estatísticas do Trabalho. Acessado


em 06/08/10, às 22h: http://www.mte.gov.br/pdet/index.asp.
3- PDET/SGT/X-OPAP+W – Sistema Gerador de Tabelas da RAIS e do
CAGED. Acessado em 06/08/10, às 22h: http://sgt.caged.gov.br/index.asp.
4- GUIA TRABALHISTA. TABELA DOS VALORES NOMINAIS DO SALÁRIO
MÍNIMO. Acessado em 08/08/10, às 11h:
http://www.guiatrabalhista.com.br/guia/salario_minimo_1940a1999.htm.

5- Social Watch - About us. Acessado em 07/08/10, às 11h:


http://www.socialwatch.org/.

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