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CENTRO UNIVERSITÁRIO

ANHANGUERA DE SANTO ANDRÉ

CURSO PSICOLOGIA
1º SEMESTRE - NOTURNO

LUCIANA LOPES DE ARAUJO RODRIGUES - RA 353960113594

SISTEMA DE SAÚDE DA ALEMANHA

SANTO ANDRÉ-SP
2019
LUCIANA LOPES DE ARAUJO RODRIGUES - RA 353960113594

SISTEMA DE SAÚDE DA ALEMANHA

Trabalho de Formação Integral em Saúde, para


avaliação na segunda unidade letiva, sob orientação
da Professora Elaine Bacillieri.

SANTO ANDRÉ – SP
2019

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RESUMO

Esse trabalho visa apresentar o Sistema de Saúde instituído na Alemanha, sua


história, princípios e diretrizes. E ainda traçamos um comparativo com o Sistema
Único de Saúde do Brasil.

Palavras-chave: Sistema de Saúde Alemanha, Saúde na Alemanha, Princípio da


solidariedade, Sistema Bismachiano.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................. 05
2. A HISTÓRIA DO SISTEMA DE SAÚDE DA ALEMANHA.................................. 05
3. POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA – BISMARCHIANA.................................... 06
4. A INEXISTÊNCIA DE SAÚDE GRATUITA DA ALEMANHA – TER UM PLANO
É OBRIGATÓRIO.................................................................................................. 07
5. O MODELO DO SISTEMA DE SÁUDE ALEMA............................................... 07
6. O PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE............................................................... 08
7. DIFERENÇAS ENTRE O SEGURO PRIVADO E ESTATUTÁRIO.................. 10
8. SERVIÇOS DE SAÚDE PARA NÃO RESIDENTES, ESTRANGEIROS
OU TURISTAS...................................................................................................... 10
9. E QUEM NÃO PAGA O SEGURO SAÚDE?.................................................... 11
10. FORMATO DO ATENDIMENTO..................................................................... 11
10.1. HAUSARZT/MÉDICO DA FAMÍLIA, GENERALISTA COORDENADOR... 11
10.2. PROGRAMAS DE GESTÃO CLÍNICA (DISEASE MANAGEMENT
PROGRAM - DMP)................................................................................................ 13
11. PROBLEMAS ENFRENTADOS PELA SAÚDE PÚBLICA ALEMÃ.................. 15
12. COMPARATIVO DO SISTEMA DE SAÚDE DA ALEMANHA COM O
SISTEMA DE SÁUDE DO BRASIL........................................................................ 16
13. CONCLUSÃO.................................................................................................. 17
14. REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICAS................................................................. 17

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1. INTRODUÇÃO

Como todo sistema de saúde, o sistema de saúde da Alemanha tem seu prós
e contras.
Para quem exercer atividade remunerada e a empresa contribui com grande
parcela no pagamento do plano de saúde do funcionário, que é denominado estatal,
(princípio da solidariedade) recebe atendimento médico.
Os trabalhadores autônomos, funcionários públicos e quem recebe acima do
teto de 54.900 euros podem aderir voluntariamente ao seguro de saúde estatutário
(Gesetzliche Krankenversicherung - GKV) ou obter um seguro saúde privado (Private
Krankenversicherung – PKV), sendo esse último com um atendimento muito superior
ao estatutário e o valor da mensalidade é de acordo com os serviços desejados, a
idade, o estado de saúde e o risco de saúde do segurado.
Já os desempregados recebem um auxilio do governo por tempo determinado
e as pessoas de baixa renda e sem emprego na maioria das vezes tem que recorrer
a não ser em projetos de caridade para receber atendimento médico.

2. A HISTÓRIA DO SISTEMA DE SAÚDE DA ALEMANHA

O sistema de saúde alemão é apontado como o mais antigo do mundo com


caráter universal. Desde o começo do século XIX, alguns estados que hoje compõem
a Alemanha começaram a adotar sistemas públicos. No entanto, o grande salto foi
dado a partir de 1883 por Otto Von Bismarck, chanceler da Prússia e depois da
Alemanha, de 1862 a 1890.
Entre 1883 e 1889, Bismarck fez passar no parlamento alemão um conjunto de
legislações trabalhistas que incluíam, além do sistema público de saúde (então para
trabalhadores de baixa renda), a aposentadoria para idosos, seguro para acidentes
de trabalho e seguro-desemprego.
Isso significa que a sociedade trabalha em conjunto para manter o bem-estar
de todos os indivíduos: o trabalhador saudável contribui para o sistema de saúde,
garantindo, assim, a recuperação do trabalhador que adoece.
Nos anos que seguem, surgem ainda o seguro de acidente de trabalho e, em
1889, o seguro de velhice.

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Na implantação deste sistema, o trabalhador participava com dois terços das
contribuições para o setor, sendo o outro terço, incumbência do empregador. Nos dias
de hoje, porém, essa obrigação foi repartida ao meio.
Vale ainda dizer que Bismarck queria impedir a emigração de trabalhadores
alemães, sobretudo para os Estados Unidos, onde os salários eram mais altos. O
diferencial para manter a população na Alemanha seria garantir alguns direitos que os
americanos, por sua vez, não garantiam (e continuam não garantindo). É até
interessante aproveitar o tema de emigração de trabalhadores e constatar que na
atualidade são os próprios médicos da rede pública os mais descontentes com sua
remuneração. O que vem acontecendo nos últimos anos na Alemanha é justamente
um cisma de médicos alemães para a Escandinávia e, apesar da falta de seguridade
social, para os Estados Unidos.

3. POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA – BISMARCHIANA

A política de saúde pública da Alemanha é orientada na concepção de von


Bismarck, denominada bismarckiana, onde existe uma contribuição individual e os
que não podem contribuir acabam sem o benefício (e a estes resta o apoio da família,
da igreja e outros tipos de caridade) ou recorrem a alguns programas governamentais
paliativos.
Recentemente, um artigo analisou 34 países do ponto de vista de seu
desempenho no ranking de consumo de saúde (dados de 2010) e observou que os
países que apresentam o sistema "bismarckiano" se saem muito melhor do que os
outros, já que esse sistema permite concorrência entre os fornecedores de
seguros. Consequentemente, os países que adotam esse modelo tendem a ter um
desempenho ainda melhor quando o fornecimento de saúde está organizado de forma
independente do fornecimento do seguro para o seu financiamento — ou seja, quando
serviços médicos e serviços de planos de saúde não estão arranjados sob a mesma
regulamentação.
A livre escolha do serviço de saúde permite um funcionamento mais próximo
do nosso modelo ideal de livre mercado, arranjo no qual a competitividade é
fundamental para garantir a qualidade da prestação do serviço e a redução dos custos.

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4. A INEXISTÊNCIA DE SAÚDE GRATUITA DA ALEMANHA – TER UM PLANO É
OBRIGATÓRIO

Não existe saúde gratuita na Alemanha. Não há nada parecido com o Sistema
Único de Saúde (SUS) brasileiro. Não há assistência gratuita – a não ser em projetos
de caridade – para quem não esteja no sistema. Isso vale também para turistas: quem
não tem um seguro pode ser barrado na fronteira., na Alemanha se paga muito caro
por saúde e ter plano é obrigatório.
Existe uma série de planos de saúde públicos, ou seja, mesmo com os mais de
30% de impostos descontados em média dos salários, o Estado obriga o indivíduo a
pagar, todos os meses, por um plano de saúde. É possível optar por um plano privado,
mas afeita essa opção, são raras as situações que permitem um usuário retornar do
seguro privado para o público.

5. O MODELO DO SISTEMA DE SÁUDE ALEMÃ

O sistema de saúde alemão tem duas versões: a pública e a privada.


A pública é utilizada por quase 90% da população e exige de todo trabalhador
uma contribuição mensal (descontada diretamente na fonte) de 15,5% do salário
bruto.
Já o seguro-saúde privado é bem mais caro e é aconselhável para pessoas cuja
remuneração ultrapassa os 50 mil euros anuais.
O modelo adotado pelos alemães é denominado de seguro obrigatório. A
legislação obriga os cidadãos a adquirirem um seguro-saúde; porém, em alguns
pouquíssimos casos, é o próprio governo quem fornece esse seguro — por meio da
redistribuição de renda, obviamente.
De qualquer maneira, 87,5% das pessoas são cobertas por um seguro-saúde
público, enquanto 12,5% recorrem ao setor privado. Os assalariados devem ter, no
mínimo, o seguro público. Para adquirem direito ao privado, os alemães assalariados
devem ser funcionários públicos (!), autônomos ou ganhar acima de 50 mil euros por
ano.
Depois de passarem para o sistema privado, não é mais possível retornar ao
sistema público. Nesse modelo, os assalariados contribuem mensalmente com uma

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porcentagem do seu salário. É dito que uma parte é paga pelo empregador e outra
pelo empregado, mas isso é um mero eufemismo para descrever essa situação.
É um sistema estatutário, e é financiado por contribuição dividida entre
funcionários e empregadores.

6. O PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE

O Princípio da solidariedade é o princípio que rege o Sistema de saúde alemão.


Todos os cidadãos ou pessoas com autorização de residência na Alemanha
precisam ter obrigatoriamente um seguro de saúde.
No complexo sistema de saúde alemão, vale o princípio da solidariedade
(Solidaritätsprinzip), ou seja, o sistema é financiado por um fundo que acumula as
contribuições feitas por empregadores e funcionários. Os segurados recebem os
benefícios do seguro de saúde obrigatório e, na maioria das vezes, os medicamentos
necessários, independentemente do rendimento, de contribuição prévia ou de doença
pré-existente.
O sistema é dividido em dois tipos de cobertura: o seguro de saúde estatutário,
que cobre 90% da população, e o seguro de saúde privado.
Trabalhadores que ganham até 54.900 euros por ano e a maioria dos
estudantes e aposentados entram no Gesetzliche Krankenversicherung (GKV), o
sistema de saúde estatutário.
Esse sistema é administrado por mais de cem seguradoras (Krankenkassen)
independentes que funcionam como associações sem fins lucrativos.
A taxa de contribuição, calculada sobre o salário bruto e descontada quase
sempre diretamente na folha de pagamento, está fixada em 14,6% desde janeiro de
2015. O valor é dividido entre o empregador e o funcionário. Quanto maior o salário,
mais o segurado terá que contribuir.
O GKV cobre atendimento médico e hospitalar (não inclui quarto particular) e
tratamento dental básico. O critério usado pelas seguradoras é oferecer opções
economicamente viáveis que garantam o sucesso do tratamento médico, gerando o
menor custo possível.
As contribuições são pagas por contribuintes que recebem acima de 850 euros
por mês, o que é considerado um salário baixo. Dependentes que não trabalham e
vivem no mesmo endereço do segurado são cobertos sem custo extra.
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Trabalhadores autônomos, funcionários públicos e quem recebe acima do teto de
54.900 euros podem aderir voluntariamente ao seguro de saúde estatutário ou obter
um seguro-saúde privado (Private Krankenversicherung – PKV).
O valor do seguro privado não é calculado com base na renda, mas de acordo
com os serviços desejados, a idade, o estado de saúde e o risco de saúde do
segurado.
A adesão a um seguro de saúde privado (Private Krankenversicherung - PKV)
não é possível para todas as pessoas. Os assalariados podem ser segurados no PKV
se tiverem um rendimento bruto acima do limite do seguro obrigatório. As respectivas
pessoas devem prescindir do seguro obrigatório, mediante a apresentação de um
requerimento. Frequentemente, as companhias privadas de seguros de saúde exigem
um período mínimo de residência permanente na Alemanha. Os segurados
estrangeiros devem comprovar a existência de um período de seguro de longo prazo.
Muitas companhias de seguros privadas oferecem tarifas especiais para este grupo,
adaptadas às respectivas necessidades e à duração da estadia.
Se for solicitado um seguro de saúde privado, serão feitas perguntas
detalhadas sobre o estado de saúde (exame de saúde). A cobertura do seguro alemão
expira logo que o segurado retorne ao seu país de origem.
Pessoas mais jovens e saudáveis pagam tarifas mais baixas.
O paciente recebe uma fatura do médico e depois solicita o reembolso da
seguradora. Pacientes com doenças pré-existentes não podem ser rejeitados pela
seguradora, que deve no mínimo oferecer um plano de cobertura básico.
A oferta de serviços do seguro de saúde privado dificilmente está sujeita a
regulamentos estatais e é, de muitas maneiras, mais abrangente do que a do seguro
estatal. Além disso, os benefícios podem ser ajustados exatamente às necessidades
do segurado. Para todos os custos de tratamento, primeiro o segurado tem de efetuar
o pagamento e depois, o seguro reembolsa estes custos mediante a apresentação de
uma fatura (princípio do reembolso).

7. DIFERENÇAS ENTRE O SEGURO PRIVADO E ESTATUTÁRIO

Os segurados pelo esquema privado têm o direito de escolher livremente


qualquer médico e conseguem marcar uma consulta num curto período de tempo. Já
para a maioria que tem um seguro estatutário, dependendo da cidade, a espera por
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um especialista, como dermatologista, ortopedista e oftalmologista, pode demorar
alguns meses. Já o clínico geral (Hausarzt) tem uma agenda mais flexível.
O sistema de saúde da Alemanha é admirado pela reputação dos hospitais e clínicas,
mas as diferenças entre os seguros privado e estatutário geram críticas na Alemanha.
O Parlamento alemão tem discutido várias reformas.
As seguradoras privadas introduzem uma tarifa básica unificada, que não
ultrapassa cerca de 640 euros. Ela deve servir para pessoas que vivem na Alemanha,
mas não tem nenhum tipo de seguro ou não se enquadram nas condições para
receber o seguro saúde estatutário. Para os desempregados, a agência federal do
trabalho paga as contribuições para um seguro de saúde privado.
Para atendimento médico, é necessário levar o cartão eletrônico de saúde, esse
cartão, contém dados pessoais e do seguro, é digitalizado sempre que você usa um
serviço médico.
Em geral, os cartões possuem um selo indicando que podem ser usados em
outros países da União Europeia. Israel e Turquia também estão na lista. Nesse caso
é preciso obter uma nota pelo serviço médico e pedir o reembolso à seguradora.

8. SERVIÇOS DE SAÚDE PARA NÃO RESIDENTES, ESTRANGEIROS OU


TURISTAS

Na Alemanha é proibida a entrada de qualquer pessoa sem a comprovação da


aquisição de Seguro Saúde, sendo autorizada a entrada no país, somente após
comprovada a contratação de um seguro saúde, ou seja, mesmo com uma estadia a
curto prazo, a turismo ou trabalho, é necessário aderir a um seguro saúde alemão,
sob pena de extradição.

9. E QUEM NÃO PAGA O SEGURO SAÚDE?

No país ainda existem por volta de 137 mil pessoas sem seguro de saúde,
apesar de ser uma obrigação. Isso pode se tornar muito caro. Quando estas pessoas
quiserem ingressar em um plano de saúde, terão que pagar retroativo por cada mês
que ficaram sem (até o máximo de 14 meses).

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10. FORMATO DO ATENDIMENTO

Os médicos atendem todos que possuem o seguro saúde e isso é válido para
os hospitais também. O sistema utilizado é o de triagem, ou seja primeiro, o paciente
se consulta com o clínico e após esse atendimento, se o clínico entender necessário
vai realizar o encaminhar para um especialista, mas já lhe indicará um médico e
imprimirá uma nota de transferência (Überweisung), que deve ser levada na primeira
consulta com este, sendo que esse documento é válido pelo trimestre.
A atenção ambulatorial alemã é tradicionalmente prestada por profissionais
médicos credenciados às Caixas de Doença que atuam em seus consultórios
individuais de forma isolada, ou através de redes de consultórios em geral , que são
resultantes de iniciativas de grupos de médicos que buscaram modos mais
cooperativos de atuação na forma de círculos de qualidade, constituíram comunidades
para compra e uso conjunto de equipamentos, em geral agregam de trinta a cinquenta
profissionais médicos do setor ambulatorial de variadas especialidades (clínicos
gerais e especialistas) de determinada região, sem constituir hierarquia interna. São
de acesso livre aos segurados e oferecem aos seus pacientes uma atenção mais
articulada entre os consultórios integrantes. Na área de pronto atendimento,
instalaram-se serviços organizados pelos médicos das redes em dependências de
hospitais.

10.1. HAUSARZT/MÉDICO DA FAMÍLIA, GENERALISTA COORDENADOR

Experiências recentes buscam implementar nova concepção de redes de


clínicos gerais para fortalecer a coordenação e condução dos cuidados pelo
generalista em estreita cooperação com especialistas. A Associação Federal de
Caixas Locais (Bundesverband - AOK), com base nos resultados da avaliação das
experiências de redes de consultórios desenvolvidas na década de noventa, elaborou
a partir de 1999 um projeto sobre novos modelos assistenciais que denominou de
segunda geração de redes e iniciou sua implantação em 2003.
Na nova concepção, a rede é desenhada com base na definição do generalista
(Hausarzt ou médico da família) como coordenador com função de gatekeeper para
procura primária obrigatória, e livre inscrição de segurados, incentivada com bônus
financeiro, gerência sistemática de qualidade e responsabilização da rede por
orçamento para a assistência completa dos segurados inscritos com pagamentos per
capita, ajustados por risco, aspecto ainda não implementado. O modelo assistencial
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concebido prevê quatro dimensões para desenvolvimento progressivo de inovações e
melhoria de qualidade da atenção: fortalecimento da prevenção, maior cooperação
com outros prestadores e serviços sociais na assistência geriátrica (prioridade para
tratamento ambulatorial frente ao hospitalar e para reabilitação frente ao cuidado de
enfermagem contínuo, estímulo à adesão aos tratamentos e melhoria da reabilitação
e cuidados pós hospitalares. Para o fortalecimento da prevenção, os clínicos gerais
se comprometem a estabelecer um plano com cada paciente inscrito para prevenção
primária, acordando iniciativas de cuidados gerais de saúde (dieta, exercício físico) e,
se necessário, de prevenção secundária, com o intuito de melhorar a adesão ao
tratamento e evitar complicações de doenças crônicas.
Outra característica do modelo é a criação de corredores de atenção
específicos por tipo de agravo, que incluem a formulação de protocolo com definição
de fluxos e critérios para encaminhamento ao especialista e ao hospital. O clínico geral
exerce a função de coordenador por meio do controle sobre os encaminhamentos e
da estreita comunicação com os especialistas preferenciais, mas os especialistas não
integram a rede diretamente. Há incentivos financeiros para aumentar a adesão dos
segurados e, como estímulo para a participação dos médicos, é garantida
remuneração extra.
Ao interior da rede, para melhor exercerem a função de gatekeeper, os médicos
da família dividem incumbências de conhecimento da malha assistencial da região,
responsabilizando-se por cultivar contato regular e parceria com prestadores de
determinadas especialidades. Pretende-se, deste modo, que os profissionais
membros da rede conheçam melhor os serviços disponíveis, estabeleçam parcerias,
realizem encaminhamentos mais adequados e instituam melhor comunicação e se
efetive a contrarreferência.
Os segurados que optarem pelo sistema devem se inscrever junto a
um Hausarzt e comprometem-se a estabelecer este generalista como seu serviço de
primeiro contato e gatekeeper dos encaminhamentos para especialistas. Como
exceção, permite-se a procura direta de ginecologista e oftalmologista.
A participação de segurados é voluntária e a adesão é incentivada por meio de
bônus financeiro (redução de copagamento).

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10.2. PROGRAMAS DE GESTÃO CLÍNICA (DISEASE MANAGEMENT PROGRAM -
DMP)

Os Disease Management Programs, termo traduzido para o alemão por


programa estruturado de tratamento, aqui denominados de "programas de gestão
clínica", o seu foco situa-se no processo de cuidado médico a partir da definição e
aplicação de protocolo clínico e no gerenciamento adequado dos fluxos ao interior da
rede de atenção clínico-especialista-hospital-reabilitação, considerado requisito para
o cuidado otimizado de pacientes crônicos. Subentende, portanto, a
complementaridade entre uma abordagem do cuidado clínico individual e o
gerenciamento de processos de atenção complexos para o coletivo de portadores de
determinada doença crônica.
Desenvolvidos inicialmente nos Estados Unidos, atualmente os DMP são
utilizados na Austrália, Nova Zelândia e em alguns países europeus, especialmente
nos escandinavos. A associação americana de Disease Management (DMAA) define
como componentes dos DMP: 1. Processo de identificação de agravos na população,
2. Diretrizes clinicas em base a evidências, 3. Modelos colaborativos que articulam
médicos e prestadores de serviços de apoio, 4. Esquemas de educação em saúde
para auto-gestão de paciente, 5. Avaliação de processos e resultados, 6. Relatórios
rotineiros de feedback.
Os programas de gestão clínica desenvolvidos na Alemanha envolvem estes
componentes e constituem-se em instrumento para condução do tratamento e
orientação dos pacientes para além de fronteiras profissionais, institucionais e
setoriais. Com estes programas, pretende-se garantir continuidade do cuidado,
assistindo o processo crônico ao longo do tempo, e integrar cuidados curativos,
prevenção e reabilitação. A gestão clínica do agravo incluído no programa é orientada
por diretriz clínica que define tratamentos e objetivos de saúde (metas de controle da
doença: níveis plasmáticos de glicose e de pressão arterial), distribui competências
entre os diversos prestadores e organiza fluxos entre atenção primária, especializada,
hospitalar e de reabilitação. Nos DMP, em geral o médico de família assume o papel
de gatekeeper e do manager: inscreve pacientes, coordena a assistência, informa o
paciente e negocia objetivos de atenção, apoiado por sistema de
informação, reminder e educação continuada. A partir de critérios, fluxos definidos e
conforme a necessidade, encaminha para o especialista ou hospital.
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Na Alemanha, argumenta-se que a gestão clínica do paciente crônico deve ser
realizada pelo generalista (Hausarzt), consideradas não apenas as características
técnicas do trabalho deste profissional como também sua ampla distribuição
geográfica e facilidade de acesso para os pacientes. A grande maioria dos segurados
informa ter um médico da família e, entre os pacientes maiores de cinquenta anos,
este é o profissional mais procurado, mesmo comparando-se com utilização de
urologista, entre homens, e ginecologista, entre mulheres. Além disso, a maioria dos
pacientes (80%) tem muita confiança em seu generalista, do mesmo modo que nos
especialistas, por ser o profissional procurado, para a maioria dos episódios de
afecções agudas nas faixas etárias mais elevadas, o generalista dispõe de condições
mais adequadas para realizar diagnóstico precoce e alto potencial para realizar
prevenção. Seria também mais apto para selecionar pacientes para a realização de
exames mais complexos, aumentando a proporção de acertos e reduzindo o número
de falsos positivos.
Implementado a partir de 2003, o processo de formulação dos programas de
gestão clínica iniciou pela identificação de agravos prioritários diabetes mellitus II e I,
câncer de mama, doença cardíaca coronariana, asma brônquica, doença pulmonar
obstrutiva crônica e seguiu-se pela elaboração de protocolos. Os primeiros programas
difundidos em todos os estados foram para portadores de diabetes mellitus II, para
cujo tratamento não existia ainda protocolo consensuado, O objetivo principal do
programa é garantir assistência adequada ao diabético, instituindo-se o generalista
como coordenador de sua atenção, com ênfase na prevenção secundária, isto é, evitar
possíveis complicações do agravo por meio de tratamento e monitoramento
adequados.

11. PROBLEMAS ENFRENTADOS PELA SAÚDE PÚBLICA ALEMÃ

Há muitas reclamações dispersas sobre a prática do atendimento de saúde na


Alemanha, especialmente por políticas de redução de custos num momento em que
a taxa de mortalidade infantil é cada vez menor (4,7 x 1.000 habitantes) e a
longevidade cada vez maior (segundo estatísticas oficiais de 2010, 77,4 anos para
homens e 82,6 para mulheres).
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Porém, a maior parte da insatisfação se concentra na falta de médicos e
enfermeiros, sobretudo em momentos críticos, como no inverno, em que se
multiplicam as doenças respiratórias (como em outras partes do mundo) e o cresce o
atendimento ortopédico, devido a fraturas e torções provocadas por quedas no gelo e
na neve.
São comuns as salas de espera superlotadas, o que exaspera médicos,
enfermeiros e atendentes, além dos pacientes. Essa carência provoca outras, que
entram na lista das reclamações. Diminui o tempo dedicado a cada paciente, ou seja
os médicos atuantes, na vontade de querer dar conta de muitos pacientes em menor
tempo, acabam por deixar de lado tratamentos mais pessoais, ou seja o atendimento
a um paciente pode durar apenas 5 minutos, por conta da impessoalidade.; aumenta
o número de exames pedidos, seja por automatismo, seja porque médicos, conforme
os planos de saúde, recebem também por cada procedimento laboratorial que
recomendam. Também aumenta uma postura defensiva por parte de atendentes e
médicos, que às vezes, nos casos mais prementes de superlotação, tentam dissuadir
pacientes da necessidade do atendimento em casos não urgentes ou mesmo mais
leves, sugerindo a procura do médico particular.
Mesmo com esses problemas, a Alemanha continua tendo um dos melhores e
mais altos padrões de vida do mundo e da Europa,porém existem desafios diários,
como, por exemplo, o fato da Alemanha ter um o maior número absoluto de casos de
obesidade do continente. Algumas fontes listam a Alemanha como o 43º país do
mundo em percentual de obesos (seja a obesidade patológica ou simplesmente
produzida por hábitos deficientes de alimentação): 60,1%.
Isso tende a sobrecarregar ainda mais um sistema que enfrenta também as
políticas de cortes lineares em gastos públicos. O que ajuda a conter essa tendência
é a participação pró-ativa nas políticas públicas do setor, que conta com conselhos
renovados periodicamente, compostos por representantes de empregadores,
trabalhadores, médico, hospitais, agências públicas e privadas, além da indústria
farmacêutica.

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12. COMPARATIVO DO SISTEMA DE SAÚDE DA ALEMANHA COM O SISTEMA
DE SÁUDE DO BRASIL

A principal diferença entre o modelo de saúde da Alemanha para o sistema de


saúde do Brasil, é que neste, a assistência á saúde é totalmente gratuita, através do
SUS – Sistema Único de Saúde, o qual é financiado em conjunto pelos Governos
Municipais, Estaduais e Federais, já na Alemanha não existe atendimento médico
gratuito, todo atendimento é pago, sendo que existem dois tipos de planos de saúde,
um denominado estatal (custeado pelo indivíduo e complementado por sua
empregadora) e outro privado (pago diretamente pelo cidadão, mas tem um alto valor
e exigências para sua adesão).
No Brasil o Serviço de Saúde é gratuito parar todas as pessoas, sem exceção,
já na Alemanha a única exceção de não pagamento de plano de assistência é para o
desempregado, porém é custeados somente por um prazo determinado.
Na Alemanha, os não residentes, estrangeiros e turistas, ao entrar no pais tem
que comprovar a contratação de um seguro, sob pena de extradição, já no Brasil,
qualquer pessoa, seja estrangeiro ou turista tem direito a utilizar o serviço de saúde
pública.
Igualmente no Brasil, na Alemanha também possui médico da família, porém é
um clínico, escolhido pelo próprio cliente que fará sempre o primeiro atendimento e,
se necessário, o encaminhamento a um especialista. Esse médico da família também
poderá atuar na prevenção de doenças, porém neste caso, o cliente deverá inscrever-
se no sistema denominado Hausarzt e comprometem-se a estabelecer este
generalista como seu serviço de primeiro contato e gatekeeper dos encaminhamentos
para especialistas. Como exceção, permite-se a procura direta de ginecologista e
oftalmologista e para incentivar essa inscrição, oferece-se benefícios para quem o
fizer.
Também como no Brasil, onde temos o Programa de Estratégia da Família, na
Alemanha tem-se o Programa de Gestão Clínica, o qual trata de pacientes com
doenças crônicas com a finalidade de garantir a continuidade do cuidado, assistindo
o processo crônico ao longo do tempo, e integrar cuidados curativos, prevenção,
reabilitação e qualidade de vida.
Como no Brasil, a Alemanha também enfrenta problemas de falta de médicos
e demora no atendimento, especialmente em determinados período do ano, mas,
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mesmo com esses problemas, a Alemanha continua tendo um dos melhores e mais
altos padrões de vida do mundo e da Europa.

13. CONCLUSÃO

O Sistema de Saúde da Alemanha não tem atendimento gratuito em nenhuma


hipótese, com exceção para os desempregados, porém essa gratuidade é por período
determinado e as regras do sistema de saúde são bem rígida, pois caso algum
cidadão que não pague pelo serviço de saúde venha a necessitar, para a utilização
será necessário efetuar o pagamento de parcelas retroativas, bem como essa rigidez
também é vista em relação aos não residente, estrangeiros e turista, que somente
ingressam no país, após comprovado a contratação de seguro saúde, sob pena de
extradição.
Essas regras comprovam que o governo Alemão não fornece nenhuma
acessibilidade à saúde, e o serviço somente é garantido a quem o custeia.

14. REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICAS

https://www.cartamaior.com.br/?/Coluna/Eficiente-e-deficiente-o-sistema-de-saude-
na-Alemanha/20685

http://destinoberlim.com.br/2016/02/14/sistema-de-saude-alemao/

https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2016

https://www.dw.com/pt-br/princ%C3%ADpio-da-solidariedade-rege-sistema-de-
sa%C3%BAde-na-alemanha/a-46333425

https://www.scielosp.org/article/csc/2011.v16suppl1/1081-1096/

https://www.espondilitebrasil.com.br/sistema-de-saude-alemao/

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