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DISCUSSÃO DO ARTIGO: SISTEMA UNIVERSAL DE

SAÚDE E COBERTURA UNIVERSAL: DESVENDANDO


PRESSUPOSTOS E ESTRATÉGIAS

Evaristo Salvador da Cruz Neto


Eduardo Pinto Conceição
José Freire Neto
INTRODUÇÃO
Debate Internacional sobre Universalidade em Saúde

Polarização entre Sistema Universal de Saúde (UHS) e


Cobertura Universal em Saúde (UHC)

Brasil adotou modelo de Sistema Único de Saúde (SUS) em 1988;

único país capitalista na AL com esse tipo de modelo.


Reconhecimento da saúde como direito de cidadania.
COBERTURA UNIVERSAL NO
CONTEXTO INTERNACIONAL
O termo "Cobertura Universal de Saúde" (UHC) é ambíguo, levando a

diferentes interpretações e abordagens.


No contexto internacional, sua concepção foi moldada entre 2004-2010,
envolvendo a OMS, a Fundação Rockefeller e o Banco Mundial (BM).
As implicações dessa ambiguidade e a relação com o direito à saúde são

objeto de análise.
EVOLUÇÃO INTERNACIONAL
DA UHC
2005: Aprovação pela Assembleia da OMS da resolução "Financiamento sustentável
da saúde: cobertura universal e seguro social de saúde."

2010: Publicação do relatório sobre Financiamento, ganhando visibilidade mundial.

2011: Aprovação de resolução pela OMS sobre financiamento sustentável e UHC,


incentivando a prevenção de "gastos catastróficos."
UHC - PRINCÍPIOS
O objetivo principal da proposta de UHC é a proteção financeira em saúde, isto é, que
todas as pessoas possam acessar serviços de saúde sem dificuldades financeiras, ao
reduzir os pagamentos diretos no ato da utilização e evitar gastos catastróficos.
Três componentes centrais: foco no financiamento por combinação de fundos
(pooling), afiliação por modalidade de asseguramento, e definição de cesta limitada de
serviços
Visa à redução do papel do Estado, restringindo-o à regulação do sistema de saúde.
UHC NAS AMÉRICAS E
INCLUSÃO NOS ODS
A Organização Pan-americana de Saúde ampliando a concepção de UHC para
incluir garantia de acesso e mencionar o direito à saúde.
Inclusão da cobertura universal na Agenda 2030 como meta do ODS 3
(Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ), enfatizando a proteção
financeira, acesso a serviços essenciais e medicamentos.
COMPARAÇÃO DE MODELOS (UHC
VS SISTEMAS UNIVERSAIS)
Caracterização de dois tipos polares: UHC focada em proteção

financeira e UHS centrada em financiamento público, solidariedade e


acesso universal.

Diferenças nos componentes centrais, financiamento, efeitos de


solidariedade e concepção de cidadania.
MODELOS EM PAÍSES DE
INDUSTRIALIZAÇÃO AVANÇADA
Os modelos de saúde
Welfire state (Estado do Bem-estar)

padrões mínimos de educação, saúde, habitação, renda e seguridade


social a todos os cidadãos.
Bismarckiano

financiado com base em contribuições sociais obrigatórias dos


empregados e empregadores e afiliação a depender da participação no

mercado de trabalho
Beveridgiano
de acesso universal fundado na cidadania e financiado com recursos

fiscais com predomínio de prestadores públicos


MODELOS EM PAÍSES DA
AMÉRICA LATINA
Reformas na saúde, como se deram?

Impasses e problemas

O Seguro Popular de Saúde (SPS) - 2003


assegurar a população pobre, visando sua proteção financeira por meio da oferta de

um pacote restrito de ações


A adesão ao SPS é voluntária e seu financiamento tripartite entre governo federal,

estados e famílias, com isenção de cota para grupos de menor renda.

As reformas não resultaram em melhoria da saúde da população, redução significativa

das desigualdades, maior eficiência ou qualidade. Efeito oposto.


A UNIVERSALIDADE NO SISTEMA ÚNICO
DE SAÚDE BRASILEIRO – AVANÇOS E AMEAÇAS

Direito universal à saúde foi estabelecido constitucionalmente em 1988


SUS ampliou o acesso para toda a população, favoreceu a melhoria das

condições de saúde e mesmo a economia do país

Baseado em uma concepção abrangente de universalidade


Prevê cobertura e atenção integral à saúde para toda a população.
A UNIVERSALIDADE NO SISTEMA ÚNICO
DE SAÚDE BRASILEIRO – AVANÇOS E AMEAÇAS

Uma eventual implantação da proposta de UHC geraria muitos efeitos


deletérios

A UHC romperia com o direito universal à saúde


Certas características do setor saúde brasileiro tornam o SUS mais
vulnerável aos interesses privados

Mercado prestador privado forte, do qual o SUS é o principal


comprador
A UNIVERSALIDADE NO SISTEMA ÚNICO
DE SAÚDE BRASILEIRO – AVANÇOS E AMEAÇAS

O Estado tem favorecido o setor privado por meio de incentivos e


subsídios

Progressiva perda da capacidade gerencial do Estado


Contratos com organizações privadas para realizar gestão e prestação
de serviços em unidades públicas de saúde

O SUS é financiado inadequadamente (< 4% PIB)


ORGANIZAÇÃO DO SUS

Sistema universal de saúde com desenho territorializado e previsão de

rede hierarquizada em níveis de atenção integrados


Compartilhamento da gestão do sistema de saúde entre os distintos
entes governamentais a sociedade civil

Integração entre ações de saúde pública e cuidados individuais


Garantia de atenção em todos os níveis de complexidade, conforme a

necessidade, sem definir uma cesta restrita de serviços


DESAFIOS DO SISTEMA

Politicas públicas incertas no que se refere ao financiamento

Projetos legislativos em desacordo com a realidade do país


Crise econômica, desemprego (2 milhões de novos usuários desde
2014)

O fortalecimento adicional do setor privado representa a maior ameaça


ao SUS e ao direito universal à saúde.
DESAFIOS DO SISTEMA

No Brasil, o SUS se estabeleceu como resposta a uma concepção de


cidadania plena, proporcionando o acesso à atenção à saúde da
grande maioria dos brasileiros
É crucial resistir à conjuntura atual de ataques e riscos de
desmantelamento do SUS pelas políticas de ajuste fiscal. O desafio é
manter o objetivo: Saúde não é mercadoria.
Saúde é direito de todos e dever do Estado.

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