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Diferenças e semelhanças entre Sistemas de Saúde

Os sistemas de saúde no mundo apresentam diferenças quanto ao acesso da


população aos serviços, à organização e ao seu desempenho, reflexos de uma complexa
interação dentre todo o contexto de cada sociedade, indicando valores e posições políticas
do governo e da população. Fundamentalmente, estão baseados em quatro componentes,
sendo eles: recursos, organização, financiamento e gestão. Atualmente, os sistemas de
saúde são classificados em três tipos abrangentes: o sistema do tipo
empresarial-permissivo ou de mercado; os seguros sociais públicos; e os sistemas ou
serviços nacionais.
O sistema de mercado presente nos EUA, por exemplo, baseia-se na consideração
de que a atenção à saúde seria uma preocupação individual, sendo apenas os pobres e
incapazes assistidos por entidades caritativas e pelo Estado. Até hoje, o governo restringe
suas ações às atividades preventivas, repassando para o setor privado as
responsabilidades curativas, apesar de financiá-las no caso dos programas para pessoas
pobres e idosos (Medicaid e Medicare).
O programa Medicare destina-se à cobertura médico-hospitalar de aposentados, e
possui regulamentação nacional com dois sistemas de cobertura, um obrigatório e outro
complementar. O primeiro é financiado mediante contribuição compulsória sobre a folha de
salários e cobre parcialmente os gastos de hospitalização, requerendo co-participação dos
usuários, enquanto o complementar cobre por exemplo honorários médicos. Já o Medicaid
é assistencial e responsabilidade do governo estadual, sendo financiado com fontes fiscais
do estado e subsídios federais. A maior parte da população, no entanto, possui seguros de
saúde privados, sofrendo muitas vezes com a não cobertura de muitos tratamentos e
principalmente a não cobertura de doenças pré-existentes. Além disso, os preços são
extremamente altos, podendo levar as pessoas à falência. O acesso é, portanto, limitado,
sendo que uma boa parcela da população não tem acesso à cobertura da saúde.
Com outro viés, um sistema de seguro público visa diminuir as desigualdades,
baseado no princípio de financiamento compartilhado, sendo este proveniente de impostos
e regulamentado pelo Estado. A prestação de serviços ocorre em hospitais públicos e
privados e consultórios privados, sendo pago pelo paciente que é parcial ou totalmente
reembolsado de acordo com a relação de serviços cobertos, aprovados com base em sua
efetividade. Além disso, o serviço deve ter sido prescrito por um profissional ou instituição
autorizada.
Por fim, nos sistemas de serviços nacionais de saúde, o Estado é responsável pela
prestação da grande maioria dos serviços de saúde, que são financiados por fontes fiscais.
Tem sido profundamente marcado pelos objetivos de expansão do acesso, uma vez que é,
teoricamente, universal; pela integralidade da ação, com cobertura de diversos serviços; e
incentivo à participação social, uma vez que esta é extremamente importante para a
construção de serviços de qualidade. Além disso, incluem programas de promoção e
prevenção à saúde, e confiam à atenção primária a resolução da maioria das questões de
saúde para viabilizar o balanço econômico, tendo em vista que o investimento nesse setor
apresenta muito maior custo-benefício. Nesse sentido, tem grande importância também a
continuidade e a integralidade da prestação de serviços de saúde.
Essas análises mostram que cada modelo de sistema de saúde reflete valores,
posições políticas e contextos sociais específicos. Sistemas como o dos EUA, com uma
abordagem de mercado, muitas vezes enfrentam desafios relacionados ao acesso, custos e
equidade. Por outro lado, sistemas de seguro público e serviços nacionais de saúde tendem
a buscar a universalidade e diminuição das desigualdades, com maior participação do
financiamento público para garantir o acesso a serviços essenciais para toda a população.

Referência: Sistemas comparados de saúde de Eleonor Conill

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