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Finanças Públicas

Provisionamento Público:
SAÚDE
1. INTRODUÇÃO

Saúde não é um bem público puro

No contexto de economia do bem estar, governo pode


intervir em determinador setor por duas razões:
- Garantir alocações eficientes (há falha de mercado)
- Garantir distribuição dos recursos baseado em algum
critério de justiça (equidade)

Razões para investimento público em saúde:


Externalidade (benefícios públicos)
2. Motivos de eficiência para intervenção

Uma falha de mercado associada ao mercado de seguro


de saúde é a assimetria de informação

Assimetria de informação ocorre quando uma parte


envolvida na transação possui melhor informação sobre
a mercadoria ou serviço oferecido que a outra parte

Denomina-se seleção adversa, quando o lado menos


informado da negociação seleciona involuntariamente
os indivíduos com as características menos desejadas
(nesse caso menos saudáveis)
2. Motivos de eficiência para intervenção

No caso de seguro saúde, se a seguradora oferecer um


prêmio baseado no risco médio da população, as pessoas
com baixo risco não compram o seguro

Os indivíduos que aceitam pagar o prêmio são os menos


saudáveis, que aumentam o custo médio do plano

Impacto em eficiência: provisão ineficiente


Prêmio justo para os indivíduos com risco mais elevado
pode levar a sub-oferta de cobertura para indivíduos com
baixo risco ou provocar preços excessivos
2. Motivos de eficiência para intervenção

Risco Moral
Quando os indivíduos compram seguro, eles não mais
absorvem os custos totais dos serviços de saúde
Dois possíveis efeitos:
• Indivíduo pode mudar o comportamento porque
possui o seguro
Ex: cuidar menos as sua saúde pois está segurado
• Queda do custo marginal do serviço
Com seguro, indivíduo pode pagar só uma parte ou
nenhuma parte do custo do serviço
2. Motivos de eficiência para intervenção

A demanda por serviços de saúde é negativamente


inclinada

A redução do custo marginal pelo serviço, estimula a


utilização do serviço sem necessidade

Problema social é que além do aumento dos gastos de


saúde, as despesas adicionais apresentam BMgS < CMgS
2. Motivos de eficiência para intervenção
2. Motivos de eficiência para intervenção

Assimetria de informação também pode levar a excesso


de oferta (oferta aumenta e preços não caem)
Oferta de médicos cria a sua própria demanda
Ex: exigindo mais procedimentos e mais visitas

Argumento para intervenção do Governo:


• Seleção adversa: governo por meio de regulação
promove subsídio cruzado
• Moral hazard: não existe consenso que o governo pode
lidar melhor que o setor privado nesse caso
2. Motivos de eficiência para intervenção

Sistemas com co-participação reduzem o uso


Eficiência no provisionamento de saúde é compatível
com qualquer forma de financiamento
Decisões de usar novas tecnologias só são eficientes se
considerarem preços de mercado

Seguro/ cobertura eficiente deveriam balancear os ganhos


de redução do risco com as perdas associadas ao risco
moral (ex: diminuir cobertura em serviços mais simples
e ser mais generoso nas mais complexas)
2. Motivos de eficiência para intervenção

Sistemas de saúde querem evitar excesso de demanda


Restrição: mecanismo filas (“queuing”)
3. Motivos de equidade para intervenção

Indivíduos podem não comprar nível adequado de


cobertura por questões socioeconômicas

Governo está tipicamente preocupado com o acesso dos


pobres e dos idosos

Abordagens para equidade:


1 – Acesso faz parte de uma “rede” de proteção social
Governo deve garantir acesso básico ao serviço de
saúde
3. Motivos de equidade para intervenção

2 - Acesso a serviços de saúde é um direito do cidadão e


não deve ser influenciado pela renda
Serviços de saúde devem ser oferecidos baseados na
necessidade do indivíduo e na sua capacidade de pagar

Medidas de equidade:
• Igualdade de acesso
• Alocação de acordo com a necessidade
• Igualdade do estado de saúde

O que o Governo deveria priorizar?


3. Motivos de equidade para intervenção

Acesso pode ser diferente de recebimento do tratamento


oportunidade existe e indivíduo faz uso dela
(Olson e Rodgers, 1991)

Acesso é o máximo nível de consumo disponível de


serviços médicos, dada a renda do indivíduo e o seu
custo de oportunidade associado com o uso do serviço

Necessidade: quantidade de recursos necessários para


exaurir capacidade de se beneficiar
3. Motivos de equidade para intervenção

Qualquer que seja a definição, alocar recursos de acordo


com a necessidade não implica em equalizar estado de
saúde (resulta em diferentes estados)

Importante não é garantir que todo mundo obtenha o


mesmo nível de saúde, mas sobretudo garantir que todo
mundo tenha a oportunidade de garantir o mesmo nível
(respeito as preferências dos indivíduos)

Argumento a favor de equalizar acesso:


Acesso -> Utilização -> Estado de saúde
4. Provisão e financiamento de saúde

Besley e Gouvea (1991) identificam 3 tipos de sistemas:

I – financiamento e provisionamento privado


II – financiamento público e provisionamento privado
III - financiamento e provisionamento público

Problema com caso I:


Provável que exista grande parcela de não segurados

Sistemas do tipo II aumentando participação


4. Provisão e financiamento de saúde

Exemplos de países com esses sistemas:

I – financiamento e provisionamento privado


EUA (vem tentando mudar)

II – financiamento público e provisionamento privado


Alemanha, Bélgica e Holanda

III - financiamento e provisionamento público


Reino Unido, países Escandinavos
4. Provisão e financiamento de saúde

Financiamento de serviços de saúde costuma vir de


diferentes fontes:
• Tributos
• Seguro social – compulsório, baseado em ganhos
• Seguro Privado – considera risco
• Pagamentos não cobertos (“extras”, imprevisíveis)

Planos de saúde fornecidos pelo empregador


- Seguro em grupo pode reduzir seleção adversa
- Subsídio (deduções fiscais) podem incentivar
cobertura excessiva
4. Provisão e financiamento de saúde

Na maioria dos países é maior parte das despesas é


pública

Pode existir co-participação (cost-sharing)

Gastos privados costumam ser em coberturas privadas e


Gastos imprevistos (out-of-pocket)

Gastos catastróficos (WHO): quando gastos com saúde


representam mais de 40% da renda disponível
5. Critérios de mensuração de saúde

Saúde é um conceito multidimensional

Tipos de medidas:
Subjetivas: auto avaliação de saúde
Funcionais (observadas): dificuldade ou limitação física
Médicas (observadas): nº de dias doente

As três medidas podem ser também auto-percebidas

Indicadores: expectativa de vida; medidas antropométricas;


taxa de mortalidade

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