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Doutoramento em Bioética
Universidade Católica Portuguesa
2020
Procura de cuidados
Financiamento de despesas em saúde
Miguel Gouveia
mig@ucp.pt
1
01/07/2020
TEMAS
2. A perspetiva do SNS
3. A perspetiva dos agregados familiares
4. Cruzamento da Prestação x Financiamento
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3
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RISCO MORAL 1
• O risco moral dá-se quando alguém seguro contra uma eventualidade
muda o seu comportamento tornado essa eventualidade mais provável e
com isso encarecendo o seguro.
• Risco moral ex ante: Probabilidade de ocorrência do problema aumenta.
• Ex1. Carros: Roubo, Segurança passiva.
• Ex2. Saúde: DST
Tabaco
Álcool, Toxicodependência
Alimentação
Adesão a tratamentos longos
Desportos radicais
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RISCO MORAL 2
Risco Moral ex post: Valor monetário da perda ocorrida aumenta.
RISCO MORAL 3
Instrumentos contra Risco Moral
• Há um “trade off” entre seguro e incentivos. Como reduzir o desperdício
associado ao risco moral?
• 1ª hipótese: Não dar seguro. - Corresponde a deitar fora o bebé com a
água do banho!
• 2ª hipótese: Não dar seguro completo. Utilizar
– Franquias: Intervalo inicial de despesas não reembolsáveis.
Bom para risco moral tipo 1.
– Co-pagamentos: Segurado tem de pagar do seu bolso uma
percentagem, maior ou menor das despesas. Bom para
risco moral tipo 2.
Ex: Taxas moderadoras no SNS
Financiamento de despesas em saúde Gouveia 10
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SELEÇÃO ADVERSA
• Em saúde a selecção adversa provém da incapacidade das entidades
pagadoras de distinguir riscos.
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INFORMAÇÃO IMPERFEITA
• Na saúde há uma assimetria de informação entre o lado da oferta (ex: o
médico) e a procura (o paciente). Ao contrário de outros bens, mesmo o
tempo e a experiência podem não revelar a qualidade dos serviços
recebidos.
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6
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8
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0
2
4
6
8
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1 000
1 200
1 400
1 600
1 800
2 000
0
200
400
600
800
1971
1972 1970
1973 1971
1974 1972
1975 1973
Total
1976 1974
1977 1975
1978 1976
1979 1977
1980 1978
1981 1979
1982 1980
1983 1981
Pública
1984 1982
1983
1985
1984
1986 1985
1987 1986
1988 1987
1989 1988
1990 1989
Privada
1991 1990
1992 1991
1993 1992
1994 1993
1995 1994
1996 1995
1997 1996
1998 1997
1999 1998
2001 2000
2002 2001
2002
2003
(preços de 2010, €)
2003
2004 2004
2005 2005
2006 2006
2007 2007
2008 2008
2009 2009
1 732
Gouveia
2011 2011
2012 2012
2013
2015
9,0
2016
OECD Health Data 2019
2016
2017 2017
17
18
2018
5,9
2019
3,7
9,6
2019
01/07/2020
9
01/07/2020
16
14
12
10
4
France Germany Italy
2
Portugal United Kingdom United States
0
1970
1971
1972
1973
1974
1975
1976
1977
1978
1979
1980
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
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19
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OECD Health Data 2019
16
14
Privado Publico
12
10
20
10
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21
22
11
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EUA
10000
Sui
8000
Nor
DTS pc
6000 Ale
Sue Din Irl
Aut
Hol
Bel
Fra Can Aus
Isl
Jap
RU Fin
4000 NZL
EspIta
Cor
PRT SlvThc
Isr
Mex Tur
OECD Health Data 2019
0
0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000 80000 90000
PIB pc PPP US $
Financiamento de despesas em saúde Gouveia 24
24
12
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EUA
16
14
y = 0,0174x0,582
12 Sui R² = 0,4419
Fra Ale
Sue
Jap Can
Bel Din
Aut
10 Hol Nor
RU
% PIB
4 Tur
0
0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000 80000 90000
PIB pc PPP US $
OECD Health Data 2019
25
10 1,0
8 0,8
6 0,6
10,4
9,6
10,6
9,2
8,8
8,6
8,2
4 0,4
7,4
7,8
7,5
7,2
6,6
6,2
6,0
5,7
5,6
5,6
5,3
5,1
5,1
5,1
5,0
4,8
4,3
4,3
4,1
2 0,2
3,5
3,3
3,2
2,9
2,7
2,7
3,7
3,4
1,3
2,3
2,8
1,8
0 0,0
26
13
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PRESTAÇÃO:
PARA ONDE VÃO OS RECURSOS?
OU
QUEM É PAGO?
28
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DESPESA EM SAÚDE
Despesas Correntes por Prestador
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https://www.oecd-ilibrary.org/social-issues-migration-health/health-at-a-glance-2019_4dd50c09-en
Financiamento de despesas em saúde Gouveia 30
30
15
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Hungary
Latvia
26,9
26,5
Despesas em Produtos
Greece
Slovak Republic
26,2
25,5
Farmacêuticos 2018 (%DTS)
Mexico
Lithuania
22,1 Mercado Ambulatório
22,1
Poland 20,8
Korea 20,0
Japan 18,3
Italy 17,9
Slovenia 17,9
Estonia 17,4
Canada 16,4
Czech Republic 16,0
Spain 15,3
Portugal 14,7
Belgium 14,6
Germany 14,2
Australia 13,8
France 13,0
Ireland 12,4
Finland 12,4
Switzerland 12,3
United Kingdom 12,3
Austria 12,0
United States 11,6
Luxembourg 11,3
Iceland 10,8
Sweden 9,8 OECD Health Data 2019
Netherlands 7,4
Norway 7,4
Denmark 6,4
31
DESPESA EM MEDICAMENTOS,
% do PIB em 2017
2,5
Gre
2 Jap US
Hun
Slk Can y = 2,1599e-1E-05x
R² = 0,3051
Lat Lit Spa Swi
Kor Ger
1,5 Slo Ita Fra Bel
Pol Aus
PRT Aur
Mex Cze
Est UK
Fin
Swe
1 Isr
Ice Ire
Net Nor
Den Lux
0,5
0
0 20000 40000 60000 80000 100000 120000
32
16
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Mex
Pol Kor
20
EstSlo SpaJap y = -13,53ln(x) + 160,8
CzeIta Can R² = 0,5729
15 PRT BelAus
Ger
Isr Fra Swi
Ire
Fin
UK Aur US
Ice Lux
10 Swe
Net Nor
Den
5
0
0 20000 40000 60000 80000 100000 120000
33
34
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DESPESA EM SAÚDE
Despesa corrente do SNS e SRS (%) por prestador (2015-2017)
Inclui PPPs
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FINANCIAMENTO
DE ONDE VEM O DINHEIRO?
QUEM PAGA OS CUIDADOS DE SAÚDE?
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Despesa em Saúde,
por tipo de financiamento, 2017
Government schemes Compulsory health insurance Voluntary health insurance Out-of-pocket Other
%
100
6 9 5 5 6 2 7 10 6 3 10 8 9 2 10
13 16
2221 22 19 2124 22
26 30 27 27
80 36
4343 3
57 2
62 65 58
69 6668 69 49 18
74 7369
60 82 7879 6864 68 59 61 58 48 39 3628
85 8484 78 75 4233
787579 69 1
5656 44
58 37 6
1 2 28
40 65
1 4 6 7 37
14 1 7 49
4 1 5 11
9 5 6 2 10
2 3 5 2 4 10 36 13
20 3 5 5 1314 424041
1 2 3 2 1 6 27 3228222935 3434 27
7 1516 1916 17 2022241923 21 24 23 18
11 15 11 14 18 161212 15 16 8
14 13131114 9
4 2 1 2 1 1 3 2 1 1 2 3 5 3 1 2 1 2 2 1 2 2 2 3 1 3 1 1 6 2 2 1 8
0
40
20
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Latvia
OUT-OF-POCKET
41,8
Mexico 41,3
Chile 35,1
Greece 34,8
Korea 32,9
Lithuania 32,3
Switzerland 28,9
Portugal
Pagamentos diretos
27,4
Hungary 26,0
Austria
Spain 23,6
25,3
dos agregados
Estonia 23,2 familiares, 2018
Italy 23,1
Israel 22,3
Poland 20,6
OECD AVERAGE 20,6 % da Despesa Total
Finland
Slovak Republic 18,7
20,2
em Saúde
Australia 18,3
Belgium 17,6
Turkey 17,4
Iceland 16,5
United Kingdom 16,0 OECD, 2019
Canada 15,1
Sweden 14,8
Czech Republic 14,8
Norway 14,2
Denmark 13,7
New Zealand 12,9
Japan 12,7
Dois lados da mesma moeda:
Germany 12,3
Ireland 12,3 Controlo do risco moral
Slovenia 12,0
Menos seguro, mais risco
United States 11,0
Luxembourg 10,8 Dificuldades de acesso
Netherlands 10,8
France 9,4
0 5 10 15 20 25 30 35
Financiamento40 45
de despesas em saúde Gouveia 41
41
40
35,5
41,4
28,3
27,7
30
24,2
32,2
23,3
22,8
22,8
20,2
19,9
19,6
17,9
17,0
16,9
20
15,3
23,2
15,2
22,7
12,3
10,6
17,6
14,6
14,3
13,7
10
13,1
12,6
12,5
12,5
11,4
11,1
10,6
6,8
0
Italy
Estonia
Australia
Netherlands
Latvia
Mexico
Greece
Finland
Czech Republic
Chile
Spain
Sweden
Denmark
United States
OECD35
Belgium
Switzerland
Slovak Republic
Poland
Turkey
Japan
Iceland
New Zealand
Israel
Ireland
Luxembourg
United Kingdom
Korea
Hungary
Portugal
Norway
Germany
Canada
Slovenia
France
Austria
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21
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DESPESA EM SAÚDE
Saúde e Despesas dos Agregados Familiares
Eurostat: Despesas dos % % % % %
Agregados Familiares 1995 2000 2005 2010 2015
Alimentação e Bebidas Não Alcoólicas 18,5 16,6 15,9 15,8 17
Bebidas Alcoólicas e Tabaco 3,6 3,5 3,5 3,2 3,3
Vestuário e Calçado 7 6,5 6,4 6,1 6,1
Habitação, Aquecimento e Iluminação 12,8 12,1 14,3 16,5 18,8
Móveis e Equipamento Doméstico 6,6 6,7 6,3 5,8 5,1
Serviços Médicos e de Saúde 4,5 4,4 4,6 5 4,8
Transportes 15 17,1 15,4 13,8 12,7
Comunicações 2,2 2,6 3,2 3 2,6
Lazer, Distracção e Cultura 8 8,3 7,7 6,9 6
Ensino 1,1 1 1,1 1,3 1,3
Hotéis, Restaurantes, Cafés e Similares 10,6 10,6 10,6 10,6 11,6
Outros bens e serviços 10,1 10,5 11 11,9 10,8
Financiamento de despesas em saúde Gouveia 43
43
DESPESA EM SAÚDE
Despesas Corrente das Famílias (%)
Fonte: INE – Contas Satélites da Saúde, 2019 .
44
22
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PROBLEMA
• Portugal apresenta um padrão excessivo de utilização de urgências face a outros países da
OCDE. Um instrumento possível para mitigar o problema é a utilização de taxas moderadoras
nas urgências. Apresente argumentos a favor e argumentos contra a utilização de taxas
moderadoras nas urgências.
In 2011, the number of ED visits across OECD countries was about 31 per 100 population. The number of ED visits has increased over time in almost all OECD countries over the past
decade. The number of ED visits for the 21 OECD countries for which data were available over the period increased by nearly 5.2%, from 29.3 visits per 100 population in 2001 to 30.8
visits per 100 population in 2011 (Figure 1). Source: Berchet, C. (2015), “Emergency Care Services: Trends, Drivers and Interventions to Manage the Demand”, OECD Health Working
Papers, No. 83, OECD Publishing, Paris. http://dx.doi.org/10.1787/5jrts344crns-en.
45
DESPESA EM SAÚDE
Despesa corrente do SNS e SRS (%) por prestador (2015-2017)
Inclui PPPs
46
23
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47
60%
y = -0.0035 t + 0.7214
R² = 0.7981
50% % Publico
% Privado
40%
30%
20%
Prestação
65%
60%
45%
40%
35%
% Publica
30%
% Privada
25%
20%
48
24
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49
Elasticidade Preço -
Data, Autores Variáveis Elasticidades
Rosett & Huang, 73 Despesa em Hospitais e Médicos -0.35 to –1.5
Manning et al 87 Todas as despesas de saúde -0.17 to –0.22
“ “ Hospitalizações -0.14 to –0.18
Newhouse, Phelps, 76 Consultas -0.08
Wedig, 1988
Good Health Consultas -0.35
Consultas
Weak/Bad Health -0.16
Lamberton, 86 Dias em cuidados continuados -0.69 to –0.76
McCarthy, 85 Consultas num medicos específico - 3.07 to -3.26
Feldman & Dowd, 86 Hospitalizações num hospital específico -1.1
Gaynor and Vogt, 02 Internamentos num hospital específico -4.9
Mukamel and Spector, 02 Dias de cuidados continuados ajustados -3.5 to -3.9
pelo case mix
Fonte: Folland et al.
Procuras são relativamente inelásticas. Quanto mais específica a área ou o prestador maior
o valor absoluto da elasticidade
Financiamento de despesas em saúde Gouveia 50
50
25
01/07/2020
Elasticidade Rendimento -
Date, Authors Variable Elasticity
Rosett and Huang, ‘73 Expenditure in hospitals and doctors 0.25 to 0.45
Newhouse,Phelps, ‘76 Hospitalizations 0.02 to 0.04
Newhouse,Phelps, ’76 Visits 0.01 to 0.04
Anderson,Benham, 70 Expenditure in dental care 0.61 to 0.83
Chiswick´, ‘76 Residents in nursing homes, per capita 0.6 to 0.9
51
52
26
01/07/2020
35,000 32411
30,000
25,000
20,000 16872
15,000
9513
10,000 7564
3552 4458
5,000
,0
Average 0-18 19-44 45-64 65-84 85+
Total Males Females
53
54
27
01/07/2020
55
56
28
01/07/2020
1% 21%
Next 1% 10%
Next 3% 17%
Next 5% 15%
Next 20% 26%
Next 20% 12%
Last 50% 3%
Health Care Economics, Paul J. Feldstein, p.157
Financiamento de despesas em saúde Gouveia 57
57
58
29
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59
INDICADORES DE SAÚDE
83
Esperança de Vida Saudável e PIB 2016
81
Swi
Mal
79 Ire
Cyp Net Swe
Spa Ita
77 Fin
Fra Nor
Aut Den
75 UK Ger
Bel
Gre
Sla
73
Eurostat
Cze
71 Rom
Prt
69 Bul Pol Est
Hun y = 5,7069ln(x) + 16,254
Slk R² = 0,6468
67
Cro
Lat
Lit
65
0 10 000 20 000 30 000 40 000 50 000 60 000 70 000 80 000
PIB pc PM
60
60
30
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QUE SUSTENTABILIDADE?
61
SUSTENTABILIDADE
Factores universais de crescimento das despesas em saúde
• Condicionantes estruturais
– Crescimento do rendimento
– Envelhecimento da população
62
31
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ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO 1
63
ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO 2
64
32
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ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO 3
65
64 e - 65 e + Rácio
População 8 070 202 2 215 031
66
33
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Desde 2019 até 2030 procura per capita de internamentos cresce 7,4% e de episódios de
ambulatório 8,6%. Crescimento substancial da proporção de idosos na casuística hospitalar
67
EFEITOS DO ENVELHECIMENTO DA
POPULAÇÃO
Em Portugal cada idoso (65+) gasta aproximadamente 3 vezes a
despesa de um não idoso (cálculos com base nos GDH)
68
34
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EFEITOS DO ENVELHECIMENTO DA
POPULAÇÃO
Impacto quantitativo é muito menor do que se supõe: nos últimos 40
anos a despesa real per capita subiu mais de 1000%!
Outras metodologias de avaliação – com base nos custos terminais -
estimam impacto ainda menor.
Contudo haverá alterações qualitativas importantes nos tipos de
despesa em particular com mais despesas “gerontológicas” e menos
despesas “pediátricas”.
Portugal estava mal equipado neste aspecto – continua-se a depender
da família alargada e do trabalho das mulheres da família. Faltam
hospitais de retaguarda, lares e estruturas de apoio domiciliário bem
como de cuidados paliativos.
A ênfase da política de saúde nos Cuidados Continuados durante
alguns anos pode ser vista a esta luz.
69
INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS
As inovações de produto
As inovações de processo
70
35