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GESTÃO DA SAÚDE PRIVADA

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de


empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais,
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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Sumário
GESTÃO DA SAÚDE PRIVADA .............................................................. 1

NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2

1 – INTRODUÇÃO................................................................................... 4

2 – HISTÓRICO DA SAÚDE PRIVADA ................................................... 5

3 – LEI 9.656/98 (LEI DOS PLANOS DE SAÚDE) .................................. 7

4 – OS PLANOS DE SAÚDE NO BRASIL............................................. 10

5 - A ADMINISTRAÇÃO NA GESTÃO DA SAÚDE NO SETOR PRIVADO


......................................................................................................................... 13

6 – DESAFIOS PARA OS ADMINISTRADORES NA GESTÃO DA SAÚDE


PRIVADA.......................................................................................................... 15

7 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DA SAÚDE PRIVADA ............. 20

8 – AS CONQUISTAS DA SÁÚDE PRIVADA ....................................... 26

9 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................. 28

10 – REFERÊNCIAS ............................................................................. 29

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1 – INTRODUÇÃO
A questão da saúde no Brasil certamente é uma das mais complexas num
país já tão marcado por todo o tipo de demandas social, política e econômica.
Nossa Constituição define que a saúde é direito de todos e dever do Estado,
mas essa também, como tantas outras obrigações do Estado brasileiro diante
dos seus cidadãos, tem sido historicamente difícil de ser atendida. No caso da
saúde, há um grande caminho a percorrer, seja sob o aspecto do
equacionamento da capacidade do Estado de financiar sua obrigação
constitucional, seja pela busca de soluções alternativas mediante aquilo que se
convencionou chamar de saúde suplementar.

Foi com a Constituição de 88 que se institui o Sistema Único de Saúde


(SUS), no qual a universalidade, a eqüidade e a integralidade da assistência à
saúde de todos os cidadãos são preceitos básicos. Configurou-se aí o lema
"Saúde, direito de todos e dever do Estado". Embora o conceito do SUS tenha
sido uma enorme evolução em relação à situação anterior, já que abriu a
perspectiva de atendimento a parcelas da população inteiramente desassistidas,
a realidade tem sido muito mais desafiadora do que a pretensão dos legisladores
e a capacidade dos executores públicos.

Enquanto o sistema público de saúde no Brasil consome 3,5% do Produto


Interno Bruto (PIB), países como a Argentina chegam a 6% e os Estados Unidos
a 12%. A realidade é que o SUS ainda tem se revelado incapaz de oferecer
assistência a todos, levando crescentes camadas da população à demanda da
saúde suplementar, por meio dos serviços oferecidos pela iniciativa privada.
Entre 1987 e 1992, o número de usuários da medicina suplementar cresceu a
uma taxa média anual de 7,4%.

O que se pretende aqui não é uma discussão sobre o papel do Estado


como garantidor da saúde pública, ou mesmo sobre suas dificuldades e falhas
para cumprir tal obrigação. Essa é sem dúvida uma das discussões
fundamentais do país, sobretudo diante das dramáticas demandas sociais que
enfrentamos. Mas partindo do princípio de ser inalienável esse papel do Estado,
o que se quer é focar a discussão em um desdobramento natural da situação,
as formas privadas de assistência à saúde e a legislação brasileira sobre esse

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segmento. Nesse contexto, a atenção concentrar-se-á sobre os seguros de
saúde.

2 – HISTÓRICO DA SAÚDE PRIVADA

O cidadão brasileiro – assim como os dos mais diferentes países – há


décadas usa os serviços privados de assistência médica, hospitalar e laboratorial
como alternativa ao atendimento público que não satisfaz às suas necessidades.
Desde seu início, a saúde suplementar exibe uma enorme diversidade estrutural.
As chamadas empresas de medicina de grupo foram mundialmente as pioneiras
nesse mercado e começaram nos Estados Unidos, por volta de 1920.

No Brasil, as primeiras empresas de medicina de grupo surgiram na


década de 60 para atender, em princípio, aos trabalhadores do ABC paulista. As
indústrias multinacionais que ali se instalavam, diante das deficiências da saúde
pública, preocuparam-se em buscar outros meios para propiciar atendimento
médico de qualidade a seus empregados. Estimularam médicos a formar
empresas de medicina de grupo, com diferentes planos de saúde. O conceito
evoluiu e prosperou em todo o país e, em 1997, planos de saúde feitos pelas
empresas de medicina de grupo assistiam a cerca de 17 milhões de brasileiros

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Outra modalidade que se apresenta é a das cooperativas médicas,
regidas e organizadas sob as leis do cooperativismo. Prestam assistência aos
beneficiários por meio de contratos coletivos, familiares e individuais. As
cooperativas prescindem da figura do sócio majoritário ou controlador, de modo
que os lucros de suas operações são divididos entre os cooperativados (médicos
e outros profissionais da área de saúde), segundo suas contribuições ao esforço
comum. Em 1997, cerca dez milhões de brasileiros estavam filiados a esse
sistema.

Há também a modalidade da autogestão. Como o próprio nome dá a


entender tem origem entre os grandes empregadores, que gerenciam planos
próprios de saúde para seus funcionários mediante contratação ou
credenciamento de médicos e serviços, e de convênios com hospitais. A
empresa que implanta a autogestão estabelece o formato do plano, define o
credenciamento dos médicos e dos hospitais, estabelece as carências e
coberturas. Em 1997, o sistema de autogestão atendia no Brasil cerca de nove
milhões de pessoas.

Finalmente, tem-se o modelo do seguro de saúde, inteiramente diverso


do conceito dos planos de saúde. Nesse caso, são empresas seguradoras que
atuam na área da saúde suplementar, da mesma forma que em seus outros
segmentos. O seguro de saúde surgiu como planos de custeios, garantindo aos
segurados a livre escolha de médicos e hospitais por meio do reembolso de
despesas. Os seguros de saúde evoluíram e atualmente, além do sistema de
reembolso, trabalham com hospitais, médicos e laboratórios referenciados, sem
prejuízo da livre escolha. O segurado é assistido sem a necessidade de
desembolso prévio. Em 1997, as seguradoras assistiam a cerca de 5,3 milhões
de brasileiros.

As estimativas atuais são de que o setor da saúde suplementar, seja por


planos de saúde ou de seguro, cobrem mais de 41 milhões de brasileiros, o que
corresponde a 25,6% da população do país. A precariedade dos serviços
públicos de saúde tem levado ao rápido crescimento dos sistemas de saúde
privados: entre 1987 e 1995 o número de pessoas que se filiaram à medicina
suplementar aumentou 38%.

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3 – LEI 9.656/98 (LEI DOS PLANOS DE SAÚDE)

Se o seguro de saúde é um contrato tão claramente estabelecido e fisca-


lizado, o mesmo não ocorria com as demais modalidades do setor de saúde
suplementar. Daí a longa discussão que culminou no final do ano passado com
a Lei 9.656 que, pela primeira vez no Brasil, regulamentou os serviços oferecidos
pela saúde suplementar. As próprias empresas de seguro reivindicavam e ansi-
avam por uma legislação que deixasse claramente definidas as regras do setor.

O público em geral nunca diferenciou as empresas que operam seguros


de saúde das que oferecem planos sem o devido cálculo atuarial. Assim, a ima-
gem do setor de saúde suplementar ficou abalada quando determinadas empre-
sas apresentaram problemas financeiros. Sempre foi reivindicação das segura-
doras uma regulamentação única para todas as empresas de saúde suplemen-
tar, de modo a assegurar a saúde financeira do setor e o interesse dos usuários.

A regulamentação feita tem a qualidade evidente de garantir os direitos


do consumidor considerando a situação anterior quando, à exceção das empre-
sas de seguro, a desproteção era imensa. Quem adquiria um plano de saúde de
operadora, sem capacidade de atendimento nem reservas financeiras para hon-
rar os termos do contrato, não tinha uma legislação específica para se proteger.
O único caminho eram os Procons, que ficaram notabilizados pelas dezenas de

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milhares de ações contra empresas de planos de saúde. Mas, junto com tais
ações para atingir o objetivo de proteger os optantes por planos de saúde, pro-
duziram-se definições e obrigações equivocadas às empresas do setor, que po-
dem inviabilizar muitas delas ou encarecer de tal modo seus serviços que a sa-
úde suplementar ficará totalmente elitizada.

Ocorre que a Lei 9.656/98, longamente discutida no seu foro mais ade-
quado, que é o Congresso Nacional, acabou sendo alterada por uma Medida
Provisória elaborada em pouco tempo pelo Poder Executivo. O projeto aprovado
pelos congressistas, fruto de uma discussão de vários anos que envolveu todos
os setores – consumidores, empresas de todas as modalidades, associações de
médicos, hospitais etc. – e sancionado pelo presidente da República, acabou
sofrendo drásticas mudanças.

Houve, assim, importante alteração na lógica subjacente à elaboração da


lei, que se baseava em algumas diretrizes básicas, a saber: garantia de direitos
ao consumidor, inclusive o de ser amplamente informado sobre as condições do
contrato; oferecimento obrigatório de um contrato de referência, com coberturas
de todas as doenças, sem prejuízo da escolha pelo consumidor de contratos
diferenciados, compatíveis com suas necessidades e condições pessoais; cria-
ção de obrigações para as operadoras no tocante aos produtos oferecidos e
quanto à fiscalização de sua situação econômico-financeira, com vistas a asse-
gurar o cumprimento futuro dos compromissos assumidos.

Esses princípios, que nortearam a redação o texto da Lei 9.656, harmoni-


zam-se perfeitamente com o regime instituído pela Constituição, que dispõe: "a
saúde é direito de todos e dever do Estado" (art. 196); "a assistência à saúde é
livre à iniciativa privada" (art. 199).

Ora, se a assistência à saúde é livre à iniciativa privada, parece incontor-


nável a conclusão de que a intervenção do Poder Público, no particular, deverá
ter finalidades outras, quais sejam: preservar a liquidez e a solvência das opera-
doras; fiscalizar o cumprimento das obrigações por elas assumidas contratual-

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mente; assegurar a transparência e clareza das informações ao consumidor, es-
coimando dos contrato as cláusulas abusivas; e promover a concorrência, evi-
tando o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados.

A Medida Provisória que altera profundamente a Lei 9.656/98, porém,


teve o efeito de colocar a regulamentação do segmento sob outra ótica, mais
afeita a ações e serviços públicos de saúde.

A esse respeito vale ressaltar que mesmo as ações e serviços públicos


de saúde podem ser executados por pessoa física ou jurídica de direito privado,
sem perder a sua natureza de serviço público. Trata-se aqui da execução do
serviço público por particular (art. 197 da Constituição), que não se confunde
com o exercício de atividade tipicamente privada na área de saúde (art. 199). Ao
cuidar dessas ações e serviços, deve o Poder Público regulamentá-los sob a
lógica própria das funções conferidas ao Estado, segundo a qual todos têm di-
reito à saúde, garantindo o acesso universal e igualitário às ações para a promo-
ção da saúde, sua proteção e recuperação.

Nada tem cabimento na saúde suplementar. A atividade é livre à iniciativa


privada, não se aplicando às operadoras de planos e seguros de saúde as exi-
gências de acesso universal e amplitude de assistência, próprias da função es-
tatal na saúde.

Há uma série de exemplos de disposições inexistentes na lei e posterior-


mente nela inseridas pela Medida Provisória, que demonstram essa incompati-
bilidade de se aplicar a ótica regulatória do serviço público de saúde à atividade
privada: a obrigatoriedade de aceitar todos os proponentes no seguro saúde; a
substituição do conceito inicial do plano de referência com cobertura de todas as
lesões ou doenças, que deixou de ser de oferecimento obrigatório para ser uma
das quatro únicas modalidades admitidas; a interferência na elaboração dos pro-
dutos, com fixação de faixas etárias pré determinadas, devendo a maior não ex-
ceder um determinado múltiplo da menor faixa; a tentativa de obrigar os consu-
midores a substituir os contratos anteriormente firmados, de menor custo e que
atendem às suas necessidades, por novos contratos de cobertura amplificada,
obviamente mais caros etc.

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É possível estabelecer uma regulamentação das atividades da saúde su-
plementar que garanta os direitos dos seus usuários sem elitizar os serviços ou
expor as empresas à insustentabilidade financeira. A convivência entre o serviço
público de saúde e o segmento da saúde suplementar é uma realidade em todo
o mundo, não apenas nos países mais desenvolvidos, mas também nas econo-
mias emergentes.

4 – OS PLANOS DE SAÚDE NO BRASIL

É interessante observar que a existência dos planos de saúde, entretanto,


remonta a décadas antes da criação da ANS. Segundo o portal do órgão, o plano
de saúde mais antigo do Brasil foi criado em 1944 e atende os funcionários do
Banco do Brasil: o Cassi. Ainda na década de 1950, diversas outras empresas
começaram a criar seguradoras de saúde para seus colaboradores, assim como
outras passaram a oferecer planos de saúde para clientes em geral. Mesmo
assim, apenas na virada do milênio a saúde suplementar começou a ser assunto
das políticas públicas de saúde e também passou a ser pauta tanto da mídia
quanto de conversas entre as pessoas.

Também é interessante observar que as discussões sobre esse assunto


aumentaram à medida que um número cada vez maior de pessoas se tornaram
beneficiárias de planos de saúde. Em março de 2020, segundo dados da ANS,

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o Brasil tem em torno de 47 milhões de usuários desses serviços,
correspondendo a 24,2% da população. Atualmente, existem 727 operadoras
em todo o país. São 318 empresas a menos do que há 10 anos, em 2010, além
de fusões ou compras de algumas empresas por outras, refletindo também uma
diminuição no número de beneficiários.

É possível observar esse movimento desde 2014, quando a cobertura dos


planos de saúde chegou a um pico de 50 milhões de pessoas, mas voltou a
patamares inferiores nos anos seguintes. Estima-se que 80% desses planos
sejam coletivos — empresariais ou por adesão — e apenas o restante
compreenda contratos individuais ou familiares.

A questão dos planos coletivos por adesão é um tanto polêmica, uma vez
que cada vez menos operadoras oferecem contratos individuais, orientando o
consumidor para essa outra modalidade. Nela, são criados contratos coletivos
para pequenos grupos de pessoas, como se fosse um plano individual, mas sem
as mesmas regras (sendo a mais importante delas a limitação de reajuste de
preço). Isso faz com que diversos consumidores recorram à justiça para ter os
mesmos direitos dos usuários de planos individuais.

Por outro lado, a ANS afirma que os contratos coletivos por adesão são
uma modalidade legítima e que mesmo aqueles que não quiserem adotar podem
encontrar planos individuais em mais de 400 operadoras. Também é
interessante observar que a cobertura de saúde suplementar difere bastante de
acordo com as regiões do Brasil. Os dados da ANS mostram que mais de 30%
das pessoas possuem planos de saúde em São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito
Santo. A abrangência dos serviços também é alta no Mato Grosso do Sul, em
Minas Gerais e nos três estados do sul do país, onde de 20% a 30% da
população tem acesso à saúde suplementar. Contudo, em todos os estados da
região norte, a cobertura está entre 5% e 10%, com exceção do Amazonas, que
se encontra na faixa entre 10% e 20% — junto aos estados do Nordeste e do
Centro-Oeste.

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Suplementar ou complementar?
Como analisa um artigo escrito por pesquisadores da Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC), os planos são definidos como saúde
suplementar porque entende-se que pagar por um seguro privado é uma opção,
uma vez que todos os brasileiros já contribuem para o sistema público de saúde
por meio dos impostos e têm direito a utilizá-lo. Entretanto, eles também acabam
sendo complementares, já que muitas pessoas recorrem aos planos por conta
de limitações na saúde pública. Mesmo assim, por definição, os planos são
descritos como suplementares. Os serviços de saúde complementares, no rigor
desse termo, são aqueles estabelecimentos com gestão privada, mas que têm
convênios com o SUS, ou seja, também prestam atendimentos gratuitos a todos.
Por fim, o artigo também mostra que existem serviços de saúde privados de
natureza liberal-clássica, em que os profissionais da Saúde negociam
diretamente com sua clientela, sem a presença dos planos de saúde.

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5 - A ADMINISTRAÇÃO NA GESTÃO DA SAÚDE NO
SETOR PRIVADO

A evolução da administração hospitalar está diretamente relacionada a


história dos hospitais e da medicina. Os hospitais no Brasil, como em qualquer
outro país, foram administrados por religiosos, médicos, enfermeiros ou pessoas
da comunidade, devido ao fato de não serem vistos como uma empresa e sim
como uma “instituição de caridade”. Nem sempre o gestor conhecia a prática
hospitalar, nem as técnicas de gerenciamento, pois a escolha ocorria de forma
empírica. Na verdade, não existia a figura do gestor, mas, sim, a função de
manter a estrutura física e de cuidar das despesas com os poucos recursos
existentes. Não se pretende afirmar que o hospital só deva compor seu quadro
de gerentes com administradores hospitalares, porém o profissional que for
exercer função administrativa, deverá estar consciente da complexidade que é
requerida a prestação do serviço na área de saúde.

O presente momento da Gestão Hospitalar no Brasil, principalmente se


levarmos em consideração os hospitais, clínicas e demais segmentos privados,
cumpre com o papel de transformar o cargo, dentro das instituições de saúde
privada, em uma exímia administração com visão sustentável e expansão para
grandes redes, com abrangência regional, nacional e até mesmo internacional.

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Não se adapta mais no segmento de saúde uma gestão que não disponha de
conhecimentos técnico e científico para a atuação.

Para que se obtenha bons resultados, muitas vezes é necessário que


sejam adotadas medidas que nem sempre estarão de acordo com a maioria dos
envolvidos. Esse cenário de mudança vem sendo corroborado pelos processos
de Certificação de Aferição da Qualidade por Institutos Nacionais e
Internacionais que capacitam um serviço diferenciado, com maior qualidade e
segurança para seus usuários, e a redução de despesas decorrentes de práticas
erradas. Ser acreditado é seguir uma padronização sempre se preocupando com
a qualidade em tudo o que faz para evitar a ocorrência de danos à saúde.
Administradores que visam por estas certificações em sua gestão, levam a
empresa para um processo de excelência na prestação de serviços e resultados.

A atuação do Administrador na gestão privada vem passando por grandes


transformações. A principal mudança ocorre em razão de uma competitividade
cada vez mais acirrada, sendo necessário que o profissional esteja atento aos
movimentos e tendências do segmento. A expansão de serviços de saúde
seguidos da gestão privada tem exigido que os administradores busquem
sempre atualizações na área, para que possam enfrentar as transformações que
ocorrem no setor de saúde privado. As grandes expectativas estão sobre os
futuros gestores, que buscam uma especialização minuciosa e, por vezes
específica, para atender uma forte demanda voltada para cada segmento da
área.

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6 – DESAFIOS PARA OS ADMINISTRADORES NA
GESTÃO DA SAÚDE PRIVADA
Não é só a alteração do perfil mercadológico, o nível de especialização
do administrador nesta área vem se modificando ao longo do tempo, com
dedicação exclusiva à atividade administrativa. Nosso país apresenta dimensões
continentais e isto causa distorções em todos os segmentos, com a formação de
profissionais dos mais distintos graus de competência. É imprescindível para o
administrador que atue em hospitais, clínicas ou demais áreas da saúde
possuam uma formação sólida, seguindo os princípios da ética administrativa,
da ética médica e da justiça social.

A partir daí é desenvolvido os preceitos da sustentabilidade e da gestão


em busca da perenidade institucional. Devido ao envelhecimento da população
e o avanço tecnológico os custos são progressivos e crescentes no âmbito da
atenção à saúde. Futuramente, será necessário adequar novos custos e novas
necessidades sem alterar o equilíbrio e a sustentabilidade do sistema.

Instituições que possuem visão de futuro e um bom gerenciamento,


conseguem manter suas taxas de sucesso sempre crescentes. Saber controlar
gastos e suprimentos, evitando desperdícios de materiais e a reposição do
estoque, além de observar o controle de custos diariamente, checando o
faturamento para que todo processo realizado seja cobrado de maneira assertiva
evitando a glosa, fazem parte da rotina de um bom administrador.

Para facilitar este processo e garantir que tudo ocorra como o planejado,
é importante dispor de todas as informações em um sistema muito bem
estruturado. Este sistema irá gerar indicadores que pautam a percepção dos
administradores (gestores) sobre eventuais ajustes em sua gestão, como
melhorias no sistema de ocupação de leitos e tempo médio de permanência do
paciente, acompanhar também o atendimento da recepção ao cliente e permite
incluir controles por setores, regras e fluxos do trabalho, reduzindo assim a taxa
de erros e diminuindo a taxa de glosa em 8%, proporcionando melhor
conhecimento dos rendimentos da instituição para diminuir os custos e aumentar
a produtividade e a qualidade do atendimento.

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Estas mudanças indicam a necessidade de se pensar formas alternativas
de gerenciamento em saúde. Para responder às demandas da problemática
advinda do processo assistencial e, paralelamente, às demandas do processo
gerencial, há que se rever e recompor os modelos de gestão, bem como as
competências inerentes à formação de profissionais administradores.

Torna-se assim imperativo que todo um processo de tomada de decisão


seja implantado e que, através do planejamento, da execução e do controle,
possam os administradores qualificar seus serviços a custos previsíveis,
atenuando todo elenco de conflitos que são inerentes à instituição. É a criação
de uma nova arquitetura organizacional para buscar vantagem competitiva num
mundo incerto.

A resposta está nos desenhos flexíveis, usados como vantagem


competitiva. Executivos gerentes e funcionários mudam a forma da organização
sempre que precisam adequar-se ao ambiente externo. O sucesso para este
impasse acaba se apresentando na capacidade que as pessoas da organização
têm em “aprender a aprender” o novo e a desaprender o passado, o obsoleto,
ou seja, passa fundamentalmente por uma reconceitualização dos modelos
mentais de cada indivíduo, refletindo, por conseguinte, na própria mudança de
atitude da organização enquanto instituição constituída.

Ser administrador hospitalar é uma função complexa, além de todas as


atribuições, este passa parte significativa do seu tempo negociando. A
negociação interna abrange os funcionários e os profissionais. Exteriormente,
negocia com as entidades tomadoras dos serviços do hospital (seguradores,
convênios ou o Estado), com os órgãos reguladores e com os grupos de
planejamento, entre outros. A verdadeira negociação significa chegar a um
acordo mútuo entre as partes envolvidas, o que exige do administrador empenho
em soluções criativas para os conflitos que enfrenta, ou seja, ele deve mover-se
de uma situação "ganha-perde" para um resultado final "ganha-ganha".

Como para todo o gestor, a eficiência é indispensável ao administrador


hospitalar, pois somente por meio dela, ou seja, de iniciação, integração,
facilitação e apoio, o dirigente será capaz de implementar mudanças

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institucionais e sociais que levem a melhoria no acesso e na qualidade da
atenção à saúde e à contenção de custos. Segundo dar, propiciar melhor acesso
aos serviços de saúde é uma das grandes contribuições do administrador
hospitalar:

Ser eficiente na organização e prestação dos serviços é a maior


contribuição que os administradores hospitalares podem fazer; o resultado será
mais acesso e viabilidade da atenção à saúde para todos os segmentos da
sociedade. Não há nenhuma contradição entre eficiência e qualidade (DARR,
apud. ZOBOLI, 2002, p. 41).

Análise interessante é feita por Lima; Barbosa (2001, p. 40) que considera
a organização hospitalar como "[...] uma empresa de multiprodutos, com vários
processos de produção altamente interdependentes, cujos produtos se articulam
para a produção de seu principal produto, qual seja, o diagnóstico e tratamento
do paciente".

A necessidade de transformação nas organizações de saúde está


gerando o aparecimento de um novo tipo de gestor: o gerente profissional,
voltado para a melhoria da qualidade, focada nos desejos e anseios dos clientes
com vistas a aumentar a procura dos mesmos por serviços prestados pelo seu
hospital, com benefícios para a eficiência e a qualidade da assistência médica
(NEIRA (2000, p.25) .

É preciso estar consciente de que os hospitais e clínicas são instituições


com estrutura pública ou particular com finalidade também de ensino e pesquisa;
é um lugar de contraste emocional, de nascimento, alívio ou morte; os serviços
são pessoais, porque não existe a enfermidade, existe o enfermo; a autoridade
médica é maior que a administrativa; o pessoal que trabalha é heterogêneo e de
nível universitário; nunca se encerra o serviço, deve-se contar com pessoal para
trabalhar 24 horas; é de difícil medição e interpretação, pois não dá para medir
quanta saúde se tem obtido, mede-se quantas cirurgias e quantas consultas; e
muitas unidades trabalham provocando déficit econômico, mas não podem ser
desativadas.

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Outro desafio encontrado pelo administrador no setor de saúde privado é
a crise econômica, com o fim da hiperinflação, por exemplo, as empresas de
saúde, como muitas outras, pararam de ter ganhos no mercado financeiro, e
foram obrigadas a investir mais na profissionalização do setor, apesar de
continuarem a ter suas perspectivas de expansão favorecidas pelo
sucateamento e pelo atraso tecnológico da rede pública. Mas a estagnação
econômica posterior, com a consequente perda de poder aquisitivo da classe
média, fez muitos clientes trocarem seus planos pelo sistema único de
saúde.Com isso, mais de sete milhões de pessoas deixaram o sistema de saúde
privado, e aquelas que permaneceram passaram a representar, no mínimo, uma
seleção de risco.

Neste momento em que vivenciamos a retração do setor, nenhum dos


atores da cadeia quer ter sua liberdade de escolha ou de trabalho limitada.
Administradores, pacientes, médicos, laboratórios e hospitais estão insatisfeitos
tanto com o que é cobrado quanto com o que é pago. Além disso, os controles
exagerados e a baixa rentabilidade desestimulam os investimentos no setor.

Além desses problemas, o administrador ainda tem que lidar com muitas
distorções ocasionadas pelo sistema privado de saúde e vícios antigos, por
exemplo, o modelo de atenção à saúde vigente no país facilita e financia o
tratamento dos pacientes que não se cuidam como deveriam e passam a usar o
sistema de forma imoderada. Também existem problemas na rede de
atendimento, que encontra meios de produzir cada vez mais prestações de
serviços, numa atitude difundida entre clientes e prestadores segundo a qual as
relações com um plano de saúde só serão vantajosas desde que seja possível
“aproveitar-se” do sistema.

Com a queda nos salários da população e o aumento dos preços dos


planos de saúde, os custos médicos se avolumam, mas o reajuste das
mensalidades dos planos individuais está sob regulamentação da ANS e tem
ficado muito atrás dos custos da saúde e dos principais índices de inflação.

Isso tudo implica em: elevação contínua dos custos, tentativas inócuas de
controle, reajustes de custos acima dos reajustes de salários, glosas de difícil

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justificativa, liminares na justiça, queixas nos órgãos de defesa do consumidor,
desgaste nas relações entre todos os envolvidos e tendência dos legisladores a
multiplicar regras e controles.O Brasil é um dos maiores sistemas de saúde
privada do mundo e um dos R$ 500 bilhões gastos com saúde em 2013, R$ 260
bilhões vieram de despesas particulares, tanto não reembolsáveis como dos
planos de saúde. Para ter uma ideia mais clara, estes valores representaram um
gasto médio em saúde de 13% em 2013 o que representou cerca de 10% do PIB
no ano de 2015. Em 2016, as consultas emergenciais aumentaram de 65% para
78%, sendo que 3% das internações que ocorreram nesta época partiram destes
atendimento.

O constante aumento do custo direto dos planos de saúde, ocasionado


por inúmeros fatores, o aumento sistemático dos índices de sinistralidade, na
limitação de oferta de profissionais para a atenção básica e de algumas
especialidades, bem como o modelo de contratação e prestação dos serviços, o
aumento da demanda decorrentes da codificação de enfermidades antes letais ,
da longevidade e da oferta decorrente da sofisticação tecnológica nas áreas de
diagnóstico e terapêutica, vem exigindo o uso de estratégias e tecnologias que
o controlem, e a não menos importante redução dos custos indiretos, para a
manutenção dos preços relativos.

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7 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DA SAÚDE
PRIVADA

A saúde privada no Brasil mostra-se ser a opção mais segura para quem
deseja tranquilidade e um tratamento eficiente para eventuais problemas.
Porém, existem as vantagens e desvantagens da sáude privada, como mostra a
seguir:

Vantagens:
 Segurança para você e para família:
Imprevistos acontecem e, por isso, tomar todos os cuidados com a saúde
nunca é uma ação inapropriada. É preciso contar com a segurança de
que você e a sua família terão um atendimento qualificado em casos de
urgência, como doença de familiares no meio da madrugada ou
acidentes.
Para as mulheres grávidas, um plano que abarque todas as necessidades
antes, durante depois dessa fase é essencial para a saúde da futura mãe
e do bebê. Apesar de contar com setores dedicados à maternidade, a
rede de saúde pública peca pela precariedade de itens necessários para
a gravidez. Por isso, é mais adequado contar com a segurança da saúde
privada.

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 Qualidade no atendimento:
A alta demanda e a pouca capacidade estrutural são fatores que impedem
que os profissionais de saúde da rede pública façam um atendimento
eficiente. E é por isso que a saúde privada no Brasil é uma opção muito
mais valiosa.
O bom atendimento da rede privada é destaque desde a consultoria
domiciliar, realizada por profissionais dispostos a trazer o que há de mais
vantajoso dentro da sua realidade, até os momentos em que você mais
precisa do plano de saúde.
A rapidez para ser atendido e a humanização dos funcionários do hospital
são fatores que fazem a diferença no bem-estar e na recuperação dos
pacientes. Optando pela saúde privada, você pode contar com todos
esses benefícios.

 Investimento efetivo em saúde:


A precariedade de equipamentos e ferramentas básicas é uma realidade
no sistema público, como já abordamos. Ao optar pela saúde privada,
você tem a chance de contar com tratamento à base de investimentos em
novas ferramentas e técnicas que facilitam a vida dos funcionários e,
principalmente, dos pacientes.
Segundo dados da Confederação Nacional de Saúde (CNS), em 2016,
quase 99% de todos os beneficiários em planos médico-hospitalares não
demostraram insatisfação com o seu plano. Isso significa que a satisfação
em relação à saúde privada no Brasil é uma regra entre a população, já
que os serviços oferecidos são de qualidade.

 Planos alinhados às suas necessidades:


Um dos principais diferenciais da saúde privada é a diversidade de
especialistas disponíveis para os pacientes, o que é ótimo para se manter
em dia com a sua saúde em todos os aspectos. Entre boas empresas do
ramo da assistência médica, você tem a total liberdade para escolher o
plano que mais atende às suas necessidades.

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Na maioria das operadoras, é possível incluir o plano odontológico
escolhido por você. Isso gera uma drástica redução de custos, já que não
é preciso contratar essa funcionalidade por fora.
Além dos planos de saúde individual, familiar e coletivo por adesão,
gestores podem contratar um plano de saúde empresarial, otimizando os
seus gastos e contando com uma parceria que ofereça serviço
personalizado aos colaboradores da empresa.

 Preços vantajosos:
Planos de saúde não exigem muito do seu bolso. Na verdade, o preço de
optar pela saúde privada no Brasil varia muito de acordo com a idade e a
possibilidade de pagamento do contratante.
Com um investimento mensal razoável, você pode garantir o conforto de
contar com um atendimento médico quando mais precisar. Todas as
formas de investir na saúde são sempre úteis, principalmente quando não
prejudicam a sua saúde financeira.
Nas datas de pagamento, caso você não tenha utilizado muito os
benefícios do seu plano, saiba que, a qualquer momento, você pode
passar por uma urgência e estar seguro quanto ao tratamento.

 Portabilidade de carências:
Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) — órgão
governamental que regula os planos de saúde no Brasil —, a portabilidade
de carência é “a possibilidade que o beneficiário tem de trocar de plano
de saúde, dentro da mesma operadora ou para uma operadora diferente,
sem ter que cumprir novos períodos de carência“.
Isso significa que é possível mudar para outro plano de saúde sem
enfrentar períodos em que não irá receber os benefícios do seu atual
plano (exames, emergências, consultas etc.). Essa possibilidade é uma
ótima solução no caso de você precisar morar em outra região, por
exemplo, e não deseja ficar sem uma garantia de tratamento.

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A própria ANS determina algumas regras para que você tenha o direito à
portabilidade, como: não atrasar as mensalidades, estar no outro plano
por, no mínimo, dois anos e escolher outro plano com preço equivalente
ao plano anterior.

 Facilidade para marcar consultas:


Realizar exames e ter um acompanhamento médico periodicamente são
práticas necessárias para cuidar da saúde. No entanto, é comum
enfrentar algumas barreiras para marcar uma consulta por meio do SUS
(Sistema Único de Saúde).
A principal delas refere-se ao tempo de espera entre finalmente conseguir
marcar a consulta e o dia da consulta. Geralmente, espera-se meses para
realizar exames simples e conseguir diagnóstico de um médico.
Por outro lado, no setor privado, é normal marcar uma consulta com uma
simples ligação, além de contar com a certeza de que não precisará
esperar um longo período para ser atendido.

Desvantagens
Houve um tempo em que manter um plano de saúde privado era uma
garantia de atendimento rápido e de melhor qualidade que o do Sistema Único
de Saúde (SUS) e um privilégio de quem tinha uma renda acima da média. O
crescimento da demanda gerou uma oferta maior de operadoras e a criação,
pela Lei 9.961, de 2000, da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS),
vinculada ao Ministério da Saúde, para regular o setor. Mas hoje os médicos
reclamam dos baixos honorários, os laboratórios denunciam o monopólio do
mercado, os hospitais carecem de vagas. No meio disso tudo está o paciente
que só quer resolver seu problema de saúde e se sente frustrado quando paga
muito por um serviço em que se sente mal-atendido.

Nos últimos dez anos, houve um crescimento de cerca de 57% no número


de beneficiários de planos de assistência médica registrados no Sistema de
Informações da ANS. Se em junho de 2000 havia 33.103.675 usuários, no
mesmo período de 2010 chegou a 57.662.487 (considerando os planos

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odontológicos). As causas do aumento da demanda estão ligadas ao
crescimento da economia com um maior poder aquisitivo de parte da população,
e à impossibilidade de o Sistema Único de Saúde (SUS) incorporar todos os
trabalhadores. “Obrigatoriamente, o número de médicos credenciados deveria
ter acompanhado o aumento de usuários, mas as filas e a dificuldade de
agendamentos de consultas indicam o contrário”, analisa Marcio Bichara, diretor
de Saúde Suplementar da Federação Nacional de Médicos (Fenam). Segundo
Bichara, nem a ANS, nem a Fenam sabem ao certo qual é a quantidade de
especialistas credenciados – já que o contrato é direto com as operadoras, são
elas quem têm essa informação. A Fenam estima que atualmente haja 180 mil
médicos credenciados nos planos de saúde.

O fato é que, em 2009, pelo 10º ano consecutivo, os planos de saúde


lideraram o ranking de reclamações feitas ao Instituto Brasileiro de Defesa do
Consumidor (Idec). Uma enquete realizada durante três semanas de julho pelo
Idec mostrou que 88% dos 616 usuários consultados sofreram com a demora de
atendimento dos médicos vinculados a seu plano de saúde. Relataram que
algumas consultas e exames foram marcados só para um mês a seis meses
depois e reclamaram da burocracia para liberação de exames e cirurgias.
Queixam-se os pacientes, e mais ainda os médicos. “A situação está caótica”,
avalia Marcio Bichara, diretor de Saúde Suplementar da Federação Nacional dos
Médicos (Fenam). “Nos últimos dez anos, tivemos um reajuste de 136% dos
planos para os usuários, mas não foram repassados nem 50% para os
profissionais”, explica.

Pediatras de Brasília se descredenciaram e conseguiram negociar um


aumento. No mesmo caminho estão os ginecologistas de São Paulo, que
paralizaram os atendimentos como forma de protesto no último dia 30 de
novembro. E há mais protestos previstos em todo o país. Bichara participa de
um grupo que discute junto à ANS a possibilidade de rever os contratos com os
planos de saúde para todas as especialidades, com reajustes anuais. A Fenam
pediu a mediação do Ministério Público Federal.

O presidente da Sociedade Brasileira de Análises Clínicas, Irineu


Grinberg, diretor do Laboratório de Análises Clínicas Lafont, denuncia ainda que

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há um direcionamento de clientes dos planos de saúde privados para
laboratórios próprios ou que concordam em pagar honorários mais baixos, e que
as operadoras estão comprando laboratórios e hospitais. Segundo Grinberg,
dois grupos monopolizam o setor: o Laboratório Fleury (que comprou os
Laboratórios Weinmann e Faillace) e o Diagnóstico das Américas SA (Dasa),
que também adquiriu laboratórios em todo o país – este último, com capital norte-
americano. “A ANS deve aumentar a fiscalização para qualificar o serviço, com
sistemas de acreditação obrigatórios, um tipo de ISO da Saúde”, acredita.
“Assim, o público poderá buscar os mais qualificados”, diz.

Essa situação existe porque o Brasil tem um sistema contraditório de


saúde, analisa o economista e pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea) Carlos Octávio Ocke Reis. Como prega a Constituição, a saúde
é um direito de todos, mas ao mesmo tempo obedece a um sistema de mercado.
Neste contexto, o economista vê duas saídas: ampliar os recursos financeiros
para o SUS, melhorando a qualidade de gestão; e regulamentar os preços e
subsídios do setor de saúde privado, ampliando a discussão com a sociedade e
o próprio governo sobre seu funcionamento. Para Ocke Reis, é preciso regular
a força de trabalho médico, para que os profissionais não precisem ter cinco ou
seis empregos, o que só traz desvantagens. Outra sugestão é lançar um seguro
social semelhante ao que havia no passado, como INPS ou Inamps. Seria um
sistema fechado, diferente do SUS, financiado pelo Estado, com participação do
empregador e do empregado. “Um seguro social que dialogue com o setor
público, com melhores preços e opções para a população”, conclui.

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8 – AS CONQUISTAS DA SÁÚDE PRIVADA

Ao longo dos últimos anos, o setor privado de saúde tornou-se um dos


pilares da assistência médico-hospitalar no Brasil, responsável pela cobertura de
um quarto da população. É certo que o setor precisa de um choque de eficiência
em todos os elos de sua cadeia. É certo ainda que há constantes desafios para
melhorar a relação entre seus atores e com os clientes. No entanto, é preciso
também destacar as notáveis contribuições que o setor privado oferece à saúde
dos brasileiros.

O público reconhece isso quando coloca o acesso à saúde privada entre


as coisas que mais deseja. Se existem reclamações, a satisfação com os planos
é a regra e não a exceção. Em 2016, os 48,2 milhões de beneficiários em planos
médico-hospitalares fizeram 81,8 mil reclamações na ANS: um índice de 0,17%.
Ou seja, temos pelo menos 99% de clientes que não tiveram qualquer
reclamação de seu plano. E estamos falando de um setor em que 88% dos
consumidores efetivamente acionaram seus planos para um serviço ou outro,
segundo recente pesquisa Ibope.

Os que criticam a saúde privada procuram desconstruir esse quadro,


acusando as empresas de empurrarem para o atendimento público os clientes
que deveriam cobrir. Essa imagem contrasta com a realidade. Em 2016,
segundo dados da ANS, os hospitais privados realizaram 56,6 milhões de
consultas de pronto-socorro, 7,8 milhões de internações. Muitas delas de alta

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complexidade. Hospitais e laboratórios tem investido pesadamente em formação
profissional, processos de trabalho mais seguros, novas técnicas cirúrgicas e
equipamentos de precisão. Entre 2015 e 2016, os prestadores foram
responsáveis por investimentos que permitiram a criação de mais de 70 mil
novos empregos formais, em plena crise.

Apesar dos avanços, um processo de remodelação é fundamental para


fazer frente à nova realidade da saúde, determinada por fatores como
envelhecimento, mudança do padrão epidemiológico e incorporação de novas
tecnologias. Com ele assistiremos a um novo grande salto no padrão de
atendimento médico-hospitalar no Brasil, puxado pela iniciativa privada. O
primeiro grande salto foi propiciado pela expansão dos planos de saúde e das
redes de assistência privada, responsáveis por dotar o Brasil de uma
infraestrutura médico-hospitalar moderna e cada vez mais segura.

O desafio de continuar evoluindo, no entanto, exige foco na busca de


maior eficiência e maior entrega para o consumidor. A boa notícia é que a
discussão de eficiência já está na agenda das lideranças da saúde privada e
envolve, melhor integração do cuidado, qualificação, racionalização da
incorporação de tecnologias e melhores incentivos econômicos ao longo da
cadeia. Consumidores devem permanecer vigilantes e continuar cobrando dos
atores privados da saúde responsabilidade e entrega. Mas passou da hora de
adicionarmos ao senso de constante vigilância, o sentimento de orgulho de
termos um sistema privado de saúde que, apesar dos desafios, se encontra em
constante evolução e é desejado pelos consumidores.

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9 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
A competitividade do mercado de saúde acaba trazendo novos desafios
para os gerenciadores da saúde, um deles é manter uma gestão ética, fazendo
com que toda equipe permaneça engajada, com uma visão empreendedora,
ofertando aos pacientes um atendimento diferenciado, que consiste em
dedicação e qualidade elevada.
A saúde privada é capaz de oferecer conforto e qualidade para quem opta
por ela, as vantagens são inúmeras, como segurança para você e para família,
Investimento efetivo em saúde, Facilidade para marcar consultas e etc. E
também existem seus desafios que precisa adaptar-se à nova realidade
demográfica e epidemiológica, ampliar a oferta de atendimento e criar ações e
atividades de educação e promoção da saúde. E, ainda, manter-se
economicamente viável.
As clínicas e hospitais privados necessitam de um modelo de gestão
inovador e administradores capacitados que compreendam todas as variantes
que esta complexa atividade tem, além de fazer com que a organização preste
os serviços a que se propôs da forma mais eficiente e eficaz possível.
Dessa forma, é necessário que os gestores estejam sempre atentos para
proporcionar da melhor forma o suporte e atendimento de qualidade para os
pacientes, que são também seus clientes, já que eles que fazem a adesão dos
planos de saúde e contribuem com o setor de saúde privada.

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10 – REFERÊNCIAS
GLOCK, Clarinha. Saúde privada, problemas públicos. Extra Classe.
[2010] Disponível em: < https://www.extraclasse.org.br/saude/2010/12/saude-
privada-problemas-publicos/ > Acesso em: 17 Mar 2021

________. 7 razões para você optar pela saúde privada no Brasil. Amigão
Saúde. [2018] Disponível em: < https://amigaosaude.com.br/blog/7-razoes-para-
voce-optar-pela-saude-privada-no-brasil/ > Acesso em: 17 Mar 2021

MENEZES, Aline. A Administração na Gestão da Saúde no setor privado


e seus desafios. Administradores.com. [2020] Disponível em: <
https://administradores.com.br/artigos/a-administra%C3%A7%C3%A3o-na-
gest%C3%A3o-da-sa%C3%BAde-no-setor-privado-e-seus-desafios > Acesso
em: 17 Mar 2021

_________. Saúde suplementar no Brasil: discussões sobre o setor


privado. Estadão. [2020] Disponível em: <
https://summitsaude.estadao.com.br/tecnologia/saude-suplementar-no-brasil-
discussoes-sobre-o-setor-privado/ > Acesso em: 17 Mar 2021

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