Médica de Família e Comunidade IESC I SISTEMAS DE SAÚDE NO MUNDO • Em todo o mundo, há diversos modelos e tipos de sistemas de saúde que são adotados pelos países;
• Variam de acordo com a sua política, cultura e
realidade;
• Costumam ter em comum a adoção de medidas para
uniformizar os custos com a verba disponível, atendendo à população de forma justa, garantindo o bem-estar e reduzindo o risco de vida. SISTEMA DE SAÚDE NA ALEMANHA • É organizado segundo o modelo de seguro social.
• O Seguro Social de Doença alemão é de afiliação
compulsória, financiado solidária e paritariamente por trabalhadores e empregadores mediante taxas de contribuições sociais proporcionais aos salários.
• Diferente dos seguros privados, o valor das
contribuições não é escalonado segundo o risco e independe do estado de saúde, da idade, do sexo ou do número de dependentes do segurado. • O Seguro Social de Doença é parte de amplo sistema de proteção social, que inclui outros quatro ramos: ▫ Seguro social para aposentadorias e pensões; ▫ Seguro desemprego; ▫ Seguro de acidentes de trabalho e; ▫ Seguro social para cuidados de longa duração.
• No setor saúde, o processo de tomada de decisão é
compartilhado entre governo federal, estados e organizações não diretamente estatais autorreguladas com funções públicas. • Uma característica marcante é sua divisão institucional em setores assistenciais bem separados e entre o financiamento e a prestação de serviços de saúde.
• Os serviços de saúde pública coletiva (vigilâncias sanitária e
epidemiológica) estão a cargo de órgãos governamentais federais e estaduais e são financiados com recursos fiscais.
• A atenção individual é financiada pelas Caixas do Seguro
Social de Doença e prestada por prestadores contratados: ▫ Consultórios privados para atenção ambulatorial primária e especializada; ▫ Hospitais públicos e privados para atenção hospitalar. • O segurado pode escolher, a cada atendimento, qualquer médico credenciado, não sendo obrigatório o encaminhamento pelo generalista para consulta com especialistas.
• Ou seja, a atenção de primeiro contato pode ser
prestada tanto pelo médico generalista como pelo médico especialista, não sendo definidos um primeiro nível de atenção e uma porta de entrada preferencial. • Outra característica do sistema de saúde alemão é a estrita separação entre os setores ambulatorial e hospitalar.
• Os hospitais, em geral, não prestam atenção ambulatorial
especializada, tratando pacientes somente em regime de internação.
• A maioria dos médicos exerce atividade apenas em um dos
setores: ou trabalha como assalariado em um hospital ou tem consultório próprio.
• Observa-se uma tendência à especialização, com a redução da
proporção de médicos que trabalham como generalistas. SISTEMAS DE SAÚDE NA FRANÇA
• Possui um Sistema Universal de Saúde, onde o
seguro de saúde é obrigatório para toda a população.
• É financiado, em grande parte, pelo Estado, através
de um sistema de seguro nacional.
• Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a
França é o país líder na melhoria de cuidados em saúde em geral, e está em primeiro lugar entre os dez melhores sistemas de saúde do mundo. • Os cuidados dos habitantes são prestados por hospitais públicos, hospitais privados sem fins lucrativos, hospitais comerciais, além de um grande setor de atendimento ambulatorial composto por profissionais independentes.
• O país possui um sistema de coparticipação nos
gastos em saúde, ou seja, após o paciente pagar o profissional de saúde ou os medicamentos, ele é reembolsado pelo Estado.
• Os clínicos gerais são responsáveis por encaminhar
o paciente para um especialista ou hospital, quando necessário. SISTEMA DE SAÚDE NO CANADÁ • É definido como um seguro nacional de saúde financiado a partir de fontes fiscais e de modo compartilhado entre o governo federal e as províncias.
• Cada província tem autonomia para estabelecer
prioridades, organizar e gerir os serviços, desde que respeitados os grandes princípios da Lei federal: ▫ Universalização; ▫ Gestão pública; ▫ Integralidade ou caráter completo da assistência e; ▫ Portabilidade (os direitos são válidos em todo o território canadense). • Em âmbito federal, há um Ministério da Saúde que define grandes diretrizes, acompanha o desempenho e exerce uma regulação sob províncias.
• A prestação de serviços fica a cargo de prestadores
privados com diversas formas de credenciamentos e contratos.
• A maior parte dos médicos exerce sua prática em
consultórios, clínicas ou hospitais, sendo remunerados por serviços prestados. • Dos hospitais, 95% são instituições sem fins lucrativos administradas por organizações comunitárias, religiosas ou autoridades provinciais.
• Há no Canadá uma forte tradição de formar comissões para
enfrentar situações que se tornam problemáticas nos serviços de saúde. Essas comissões encomendam pesquisas, consultam grupos de interesses e entregam um relatório que embasa as decisões da política de saúde a ser adotada.
• Algumas províncias e territórios com populações rurais e em
áreas distantes e isoladas têm dificuldades em fixar profissionais.
• O número de generalistas é levemente inferir ao de
especialistas. SISTEMA DE SAÚDE NOS EUA • Os EUA são o único país rico que não dispõe de um sistema universal de proteção e cuidados à saúde.
• Seu sistema de saúde é misto com financiamento
público e privado e prestadores dominantemente privados de caráter lucrativo e filantrópico.
• A maior parte das prestações é intermediada por
terceiras partes pagadoras privadas: os planos e seguros de saúde.
• As ações de Saúde Pública são da responsabilidade
dos três níveis de governo. • O Medicaid é um programa conjunto do governo federal e dos estados destinados aos segmentos de baixa renda administrado pelos estados segundo um conjunto de normas federais.
• O governo federal participa do financiamento, cobrindo entre
50-70% dos recursos, com participação menor nos estados mais ricos e maior nos estados mais pobres.
• Em virtude de sua estrutura descentralizada, os estados têm
razoável discrição para decidir: ▫ Quem é coberto, qual o pacote de benefícios ofertados e quanto é pago aos prestadores de serviços.
• Além do critério financeiro, para ser coberto pelo Medicaid o
indivíduo deve pertencer a um grupo elegível: crianças, gestantes, adultos com menores dependentes, pessoas com incapacidades graves ou idosos. • O Medicare é um seguro social administrado pelo Governo Federal e operado por seguradoras privadas contratadas, destinado ao atendimento de cidadãos americanos com mais de 65 anos de idade que tenham ou cujos cônjuges tenham contribuído por mais de 10 anos.
• Pessoas com menos de 65 anos podem ter
direito ao programa, caso tenham recebido pagamentos do Seguro Social por Incapacidades ou sejam portadoras de doença renal em fase terminal ou esclerose lateral amiotrófica. • A maior parte dos americanos tem sua atenção à saúde coberta por planos e seguros privados de saúde contratados por seus empregadores.
• Esses planos e seguros ofertados constituem um
salário indireto e não estão sujeitos a impostos ou taxas.
• Podem cobrir apenas o empregado ou incluir seus
dependentes.
• Apenas um quarto das grandes empresas estende a
cobertura para depois da aposentadoria. • Cerca de 10% da população compra diretamente seu seguro de saúde.
• Os imigrantes ilegais que ali residem e
trabalham continuam sem cobertura de saúde no país mais rico do mundo.
• Os EUA caminham de maneira muito particular,
com forte ênfase no mercado de planos de saúde, para alcançar a universalidade de cobertura de seus cidadãos. SISTEMA DE SAÚDE EM CUBA
• A rede assistencial de Cuba apresenta áreas de saúde cobertas
pelo programa Médico da Família — que inspirou a criação da Estratégia Saúde da Família no Brasil.
• Dados oficiais apontam que mais do 99,1% da população
cubana estão cobertos com médico e enfermeira da família. A meta é atingir 100% da população.
• A partir dos anos 1960, tomou força a ideia de que o
atendimento médico deveria ser gratuito, o que levou à criação do Sistema Nacional de Saúde. ▫ A mudança priorizou o atendimento primário, baseado no médico e na enfermeira da família, implementado a partir de 1984. • O modelo compreende procedimentos e serviços de promoção, prevenção, cura e reabilitação, além da proteção de grupos populacionais específicos.
• É o programa de ―medicina familiar‖ que orienta
as demais ações.
• Além da revitalização do atendimento
hospitalar, a estratégia diminuiu a demanda de internações, consultas de urgências e intervenções cirúrgicas. • Em Cuba, os maiores índices de mortalidade estão associados às doenças crônicas não transmissíveis.
• A atenção médica primária é ―a porta de entrada da
saúde‖, cada equipe do Programa Saúde da Família atende no máximo 250 famílias.
• Seus integrantes residem na área de atuação, em
edificação construída pelo governo, onde também funciona um consultório.
• Além do médico de família, há um clínico geral de bairro,
os hospitais de zona e os institutos especializados.
• Todo atendimento é gratuito, com exceção dos
medicamentos, que são subsidiados pelo Estado. SISTEMA DE SAÚDE NO BRASIL • Antes de 1988, o Brasil não possuía uma política de saúde.
• A saúde era excludente e contributiva, ou seja,
tinham acesso apenas aqueles que podiam pagar a medicina privada e quem contribuía com a previdência social.
• À outra parte da população, cabia o atendimento
nas santas casas de misericórdia. • O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado pela Constituição de 1988, que definiu três grandes referenciais para o sistema de saúde brasileiro: ▫ O conceito ampliado de saúde; ▫ A saúde como direito do cidadão e dever do Estado e; ▫ A instituição do SUS.
• ―A saúde é um direito de todos e dever do Estado,
garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem reduzir o risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para sua promoção, proteção e recuperação‖.
• É considerado um dos maiores sistemas de saúde pública
do mundo. • Esse sistema foi resultado de um intenso movimento social, que teve como objetivo construir um sistema universal de saúde para o país. Princípios Doutrinários com vogais • Universalidade - Todos os cidadãos devem ter acesso aos serviços de saúde públicos e privados conveniados, em todos os níveis do sistema de saúde, assegurado por uma rede hierarquizada de serviços e com tecnologia apropriada para cada nível.
• Equidade - Em princípio, o acesso aos serviços de saúde deve
ser garantido a toda a população em condições de igualdade, podendo haver uma discriminação positiva em casos especiais, em que a prioridade deve ser dada a quem tem mais necessidades.
• Integralidade – Atender o usuário em todas as demandas,
desde ações preventivas até curativas. Princípios Organizativos com consoantes • Hierarquização e Regionalização - Os serviços de saúde precisam estar organizados em níveis de complexidade crescente, com tecnologia adequada para cada nível, potencializando a resolutividade. A base territorial do serviço no SUS está definida com adscrição da clientela para um pleno exercício da responsabilidade do serviço com aquela população.
• Descentralização - No SUS, há uma redistribuição do poder,
repassando competências e instâncias decisórias para esferas mais próximas à população. Com isso, houve uma redefinição das atribuições, desconcentrando o poder da União e dos Estados para os municípios.
• Participação social - Essa diretriz é a garantia dada pelo Estado de
que a sociedade civil organizada tem possibilidade concreta de influir sobre as políticas públicas de saúde. • O SUS é financiado com recursos das três esferas de governo (Municípios, Estados, União).
• É constituído por uma complexa rede de serviços
dividida em dois subsistemas: ▫ Subsistema público - assegurado com impostos e contribuições de livre acesso. ▫ Subsistema privado - assegurado por pagamento de seguros e planos de saúde ou pelo desembolso direto.
• O setor público não pode arcar sozinho com todos os
serviços necessários para compor um sistema de saúde completo. Contratando muitos serviços do setor privado para trabalhar complementarmente, dando-se preferência aos de caráter não lucrativo. Será que existe no país quem nunca tenha utilizado o SUS? Pense no que você fez, em seu dia a dia, nos últimos 12 meses:
Se foi à farmácia adquirir um medicamento,
vacinou-se, fez uma compra no supermercado ou foi à padaria, precisou de um procedimento médico de alta complexidade para você ou algum familiar, não há dúvida: você usou o SUS. Competências do SUS I. Controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos; II. Executar ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador; III. Ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde; IV. Participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico; V. Incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação; VI. Fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano; VII. Participar do controle e da fiscalização da produção, do transporte, da guarda e da utilização de substâncias e de produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; VIII. Colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho. Referências Bibliográficas NORONHA, José Carvalho; GIOVANELLA, Lígia; CONNI, Eleonor Minho. Sistemas de Saúde da Alemanha, do Canadá e dos EUA: uma visão comparada. In: PAIM, Jairnilson Silva; ALMEIDA-FILHO, Naomar de. Saúde Coletiva: Teoria e Prática. Rio de Janeiro: Medbook, 2014. Cap. 11, p. 151-172. LAVOR et al. O SUS que não se vê. Radis, comunicação em saúde. n 104, 2011. Obrigada!