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DIRETRIZES E BASES DA IMPLANTAÇÃO DO SUS

Diretrizes e Bases da Implantação do SUS

O Sistema Único de Saúde, mais conhecido pela sigla SUS, consiste em uma importante política
pública brasileira de atenção à saúde de nossa população. O SUS é um dos poucos sistemas de
saúde nacionalmente integrado (daí a caracterização denominada pela palavra único) e que oferece
serviços gratuitos de maneira universal. Qualquer pessoa que esteja em território brasileiro, inde-
pendentemente da nacionalidade, da condição socioeconômica ou de quaisquer outros fatores distin-
tivos, pode recorrer ao SUS para obter serviços de atenção à saúde.

A atenção à saúde é um problema enfrentado por chefes de Estado de todos os países. É necessá-
rio, para a estabilidade de qualquer governo, que os cidadãos tenham preservadas as suas condições
normais de saúde para que os índices econômicos e os indicadores sociais de um país mantenham-
se altos. A maioria dos países não possui sistemas gratuitos que atendam a qualquer pessoa, inde-
pendentemente de sua condição socioeconômica.

O SUS é um sistema de saúde público, gratuito e universal oferecido no Brasil.

O SUS atende gratuitamente pessoas de baixa, média e até de alta renda, caso procurem os ser-
viços. O SUS também atende estrangeiros que estejam residindo ou de passagem no Brasil sem
qualquer cobrança de tarifas. Uma das principais características do SUS é a união dos Poderes
Executivos (Federal, estadual e municipal) pela gerência do sistema, de modo que temos serviços
oferecidos pelos três níveis em todo o Brasil.

Assim, cria-se uma diretriz centralizada para a gestão do sistema, gerida pelo Ministério da Saúde,
mas descentraliza-se a gestão nas pontas do sistema, que ficam a cargo das secretarias estaduais
e municipais de saúde. Há uma participação do Ministério da Educação na gestão do SUS a nível
Federal, pois os hospitais universitários que compõem a maioria das universidades federais que ofer-
tam cursos de Medicina e de outras áreas da saúde recebem recursos das duas pastas governamen-
tais em questão: Saúde e Educação.

Os hospitais universitários têm um importante papel no desenvolvimento de pesquisas científicas


na área da saúde, além de servirem de campo de atuação para estudantes e oferecerem tratamento
gratuito à população.

Os recursos que mantêm o funcionamento do sistema único advêm do recolhimento de tribu-


tos (a nível nacional, estadual e municipal) que são direcionados para o Governo Federal e voltam
para os estados e municípios. Poucos países no mundo possuem um sistema de atenção à saúde
universal e gratuito como o Brasil. Os principais são Reino Unido, Canadá, Austrália, França e Cuba.

O modelo britânico, instituído em 1948, serviu de inspiração para o nosso e funciona de modo
parecido. Os modelos britânico, canadense, australiano e cubano são custeados, assim como o SUS,
pelos governos, com a coleta de impostos. Na França, há o recolhimento de uma espécie de seguro-
saúde compulsório a todas as pessoas que têm condição de pagar pela taxa. Essa taxa sustenta o
sistema francês e permite que as pessoas em situação de vulnerabilidade (que não têm condição de
pagar o seguro) também tenham acesso ao sistema.

Breve história do SUS

No Brasil Imperial, não havia políticas oficiais de gestão da saúde. Havia médicos, hospitais e
clínicas que ofereciam serviços pagos e havia médicos e hospitais filantrópicos, geralmente ligados a
ordens religiosas, que atendiam a população que não tinha condições de pagar pelos serviços.

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Como a grande maioria das pessoas não podia pagar e o número das que atendiam de maneira filan-
trópica era pequeno, a maioria da população não tinha acesso adequado aos cuidados com a
saúde. Boa parte dela recorria, inclusive, a curandeiros e, quando tinha um mínimo de condições fi-
nanceiras, aos farmacêuticos, chamados antigamente de boticários.

Pela pouca oferta de serviços gratuitos e pelas péssimas condições sanitárias das cidades brasilei-
ras, as pessoas sofriam constantemente (e muitas morriam) com doenças — algumas delas hoje con-
sideradas de simples tratamento, como verminoses, diarreia, gripe, tétano e gonorreia. As doenças
mais graves, como sífilis, malária e dengue, aterrorizavam ainda mais a população.

A primeira política pública de atenção à saúde no Brasil foi promovida na Primeira República,
no governo do presidente Rodrigues Alves, em 1897. Foi criada, nesse ano, a Diretoria Geral de
Saúde Pública, órgão que, em 1903, foi chefiado pelo grande sanitarista brasileiro Oswaldo Cruz. As
medidas centravam-se na capital federal, que era a cidade do Rio de Janeiro.

Oswaldo Cruz iniciou um plano de organização sanitária da capital, promovendo ações compul-
sórias, como a vacinação obrigatória e a fiscalização de propriedades privadas a fim de eliminar focos
de reprodução do mosquito Aedes aegypt, que já era identificado como vetor da febre amarela.

Além das campanhas chefiadas por Oswaldo Cruz, o prefeito do Rio de Janeiro na época, Francisco
Pereira Passos, reestruturou a cidade, implementando uma rede de esgoto e um sistema de coleta
do lixo. O problema é que a reestruturação manteve-se no centro da cidade, onde haviam os corti-
ços. Os cortiços, moradias aglomeradas, apertadas e insalubres onde moravam os pobres, foram dis-
solvidos e os moradores mandados para as periferias, transferindo para lá o problema.

Em 1923, após a grande epidemia de gripe espanhola, foi criado o Departamento Nacional de Sa-
úde, que visava ampliar as medidas sanitárias inspiradas na atuação de Oswaldo Cruz a todo o Bra-
sil. Ainda não havia a oferta de tratamentos de saúde, apenas medidas sanitárias, como a implemen-
tação de tímidos sistemas de saneamento e as campanhas de vacinação.

Esse sistema não era financiado pelo governo, mas por um sistema de previdência social que tam-
bém oferecia aos trabalhadores vinculados ao serviço privado regular uma aposentadoria por meio
das Caixas de Aposentadoria e Pensões. O Departamento Nacional de Saúde estava vinculado ao
Ministério da Justiça.

Em 1966, foi criado o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), que visava unificar as apo-
sentadorias e os sistemas de previdência espalhados pelo país. Os trabalhadores do setor privado
segurados pelo INPS poderiam usar o serviço médico oferecido a eles pelo instituto, mas o plano não
durou muito por conta da contratação de caros serviços particulares para atender aos trabalhadores.
As pessoas que não trabalhavam com carteira assinada e não tinham condições de pagar por servi-
ços particulares não eram assistidas.

Já na década de 1980, após o fim da ditadura civil-militar brasileira, iniciou-se um processo de rees-
truturação da organização democrática federal. Com a Assembleia Constituinte e a promulgação
da Constituição Federal de 1988, houve também a preocupação em atender o que estava disposto no
documento em relação ao direito à saúde.

Como a Constituição diz que toda pessoa tem direito ao atendimento médico e hospitalar e ao cui-
dado à saúde, oferecidos gratuitamente pelos estados, municípios e pela Federação, tratou-se então
de criar um sistema unificado que conseguisse atender a todos. Para isso, no dia 19 de setembro de
1990, foi sancionada a Lei 8.080, que implantou e regulamentou o SUS em nosso país. Também
há a Lei Orgânica da Saúde, que regulamenta as diretrizes nacionais do SUS.

O Sistema Único de Saúde trabalha de maneira integrada e opera a saúde brasileira em todo o
território nacional. A gestão maior e as diretrizes do SUS partem do Ministério da Saúde, mas as
secretarias de saúde estaduais e municipais operam essa gestão em seus territórios. A verba desti-
nada ao SUS advém da cobrança de impostos, e a União é responsável por repassá-la aos hospitais
federais e às secretarias de saúde estaduais e municipais.

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O SUS é uma importante política pública de atendimento à saúde. [1]

O SUS tem princípios para o seu funcionamento. São eles:

 Universalidade: todas as pessoas têm direito ao atendimento médico, hospitalar e à atenção


à saúde, independentemente de qualquer característica distintiva, como classe social, nacionalidade,
gênero, raça etc.

 Equidade: tratar com especificidade e maior atenção as pessoas mais vulneráveis, que preci-
sam mais do SUS. Nesse sentido, existem esforços maiores para atender as populações de baixa
renda, idosos, portadores de necessidades especiais, portadores de doenças crônicas, portadores de
doenças sistêmicas, pacientes em tratamento do câncer, portadores de HIV, gestantes, crianças etc.

 Integralidade: entende-se que o cuidado à saúde não se resume ao hospital ou consultório,


nem que é preciso esperar que uma doença aconteça para que uma medida seja tomada. Com isso,
o SUS também promove campanhas educativas que visam levar a informação às pessoas sobre cui-
dados pessoais, cuidados alimentares, preservação do meio ambiente e ações sanitárias que redu-
zam a incidência de doenças na população.

Serviços oferecidos pelo SUS

O SUS divide-se em diferentes níveis de atenção à saúde para uma melhor organização do traba-
lho. Temos, nesse sentido, a atenção primária ou básica, que atua no contato direto e regular com
a população, realizando consultas e visitas de atendimento domiciliar, campanhas de vacinação e
campanhas de conscientização. A atenção secundária é oferecida a pacientes que têm uma doença
diagnosticada ou sob suspeita e precisam de tratamento ou investigação de médicos especializados.

Atenção terciária é aquela que dá suporte a pacientes mais graves que precisam de internação ou
de tratamentos intensivos oferecidos em UTI (unidade de tratamento intensivo) em hospitais. A reabi-
litação é o acompanhamento e o cuidado posterior que o sistema oferece para quem já se tratou de
uma doença, mas precisa de avaliações ou até mesmo reabilitação motora fornecida por fisioterapeu-
tas.

Para o efetivo funcionamento das quatro etapas de atendimento, temos locais específicos para que
o serviço seja promovido da melhor maneira possível. As unidades básicas de saúde (UBS) e uni-
dades de pronto atendimento (UPA) oferecem suporte a uma saúde básica, integral e de leve inten-
sidade. São locais adaptados para receber os pacientes periodicamente para acompanhamento
(UBS) e para tratar casos menos complexos que necessitam de atendimentos de urgência (UPA),
como curativos, primeiros socorros e atendimento emergencial para quem se sente mal.

Os hospitais ficam reservados para os casos mais complexos, que geralmente necessitam de inter-
nação ou atendimento emergencial complexo. Para eles são levados os doentes que têm um quadro
grave ou agravado e precisam de internação, pessoas que passarão por cirurgias, acidentados, e
pessoas que precisam de exames mais complexos.

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Também fazem parte da rede os laboratórios (que realizam exames específicos de análise laborato-
rial), os centros de pesquisa em medicina, como a Fundação Oswaldo Cruz, e os centros de pesquisa
universitários, que buscam implementar a investigação sobre tratamentos, vacinas e a atuação dos
profissionais da saúde. Por último, temos o SAMU, que é o Serviço de Atendimento Móvel de Urgên-
cia, especializado no atendimento emergencial primeiro (primeiros socorros) e locomoção de pacien-
tes em estado grave para hospitais.

O SAMU faz procedimentos de primeiros socorros e atua na locomoção de pacientes a hospitais em


casos emergenciais.

Problemas do SUS

Assim como os outros serviços públicos essenciais em nosso país (educação, saneamento e segu-
rança), o Sistema Único de Saúde enfrenta diversos problemas. O sistema em si e as leis e diretrizes
que o regem são excelentes. O SUS é necessário, deve existir e deve ser considerado uma referên-
cia em gestão da saúde. No entanto, os problemas que o circundam, principalmente de ordem finan-
ceira e de má gestão, fazem com que o serviço prestado deixe a desejar.

Há uma falta de hospitais e de profissionais de saúde atuando no Brasil, em especial nas regiões pe-
riféricas das grandes cidades ou nas pequenas cidades, em geral de população mais pobre. A falta
de hospitais e de profissionais de saúde nesses locais é ocasionada pelo baixo investimento das
secretarias na construção de leitos e pela baixa remuneração dos profissionais (médicos, enfermei-
ros, técnicos em enfermagem, dentistas e demais técnicos hospitalares) nessas regiões de maior fra-
gilidade.

Também há uma carga de trabalho excessiva aos profissionais atuantes, que trabalham sob es-
tresse, enfrentando longas jornadas com uma interminável lista de pacientes para cuidar. Faltam tam-
bém médicos especializados essenciais, em especial em áreas com menor remuneração e maior
carga de trabalho, como anestesiologistas, cardiologistas, cirurgiões e médicos intensivistas (médicos
responsáveis pelas UTIs). Com todos esses problemas, muitos pacientes enfrentam um quadro de
espera muito grande, que pode resultar no agravamento de doenças ou até na morte, nos casos de
urgência.

Tudo isso pode parecer um descaso da classe médica com a população, mas no fundo revela-se um
quadro de descaso dos governantes com a atenção à saúde. É necessário que haja mais investi-
mento e investigação dos recorrentes casos de desvios de verbas destinados à saúde para que o
SUS possa, de fato, oferecer um tratamento digno aos brasileiros, que merecem usufruir do justo re-
torno dos impostos pagos.

O Ministério da Saúde, visando garantir a implantação da Estratégia e-SUS AB, entende ser fun-
damental seu apoio a esse processo, propondo fazê-lo por meio da formalização com estados e
municípios com os Planos de Ação Regionais ou do Contrato Organizativo da Ação Pública de
Saúde (Coap).

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O Plano de Ação Regional deve contemplar:

1. A definição das responsabilidades dos entes da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) na


elaboração do Plano de Ação Regional, para a implantação e manutenção da Estratégia e -SUS
AB;

2. O cronograma operacional das atividades de implantação, capacitação e suporte técnico,


sendo necessária a pactuação de responsabilidades entre SES e Regionais DATASUS, para apoiar
os municípios nesse processo;

3. O monitoramento dos estados e do Distrito Federal em relação à implantação da estratégia e-


SUS AB nos municípios;

4. O apoio técnico do Estado e do Distrito Federal aos municípios na definição do melhor cená-
rio de implantação do e-SUS AB e viabilizar, quando couber, o suporte técnico de TI;

5. A indicação para possível parceria entre estados, Distrito Federal e municípios para o desen-
volvimento dos sistemas da estratégia e-SUS AB, por meio da participação na Comunidade do
Software Público Brasileiro. Para isso, os candidatos a participantes deverão firmar Termo de Co-
operação específico com o MS.

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