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A vida na sociedade industrial

Pode-se considerar a Revolução Industrial do século XVIII, na Inglaterra, como o


acontecimento mais importante na transformação geral do conceito de viagens. Com ela
vieram a urbanização e as horas de trabalho limitadas. Também o ócio passou a ter valor
mais importante que antes, quando a maioria das pessoas vivia no campo e trabalhava
na agricultura; antigamente, o conceito de “tempo livre”, como o conhecemos hoje, não
existia, porque o conceito de trabalho era diferente do que veio estabelecer-se com a
consolidação da indústria; não havia divisão muito clara entre o “tempo de trabalho” e o
“tempo de não-trabalho”, este dedicado ao lazer e ao descanso. Somente no fim do
século XIX e início do século XX é que as condições de trabalho irão sofrer evolução,
com a criação de jornadas que prevêem fins-de-semana de descanso e férias anuais.

Segundo Trigo (2003), isso ocorre após o término da Segunda Guerra Mundial, quando
alguns países capitalistas e (então) socialistas se estabilizam e começam a garantir, para
importantes parcelas de suas populações, a possibilidade pluralista e democrática de se
dedicar a actividades de sua escolha. Isso foi possível graças a várias conquistas das
classes trabalhadoras e ao entendimento de alguns capitalistas, como Henry Ford, de
que os operários deveriam ter um salário mais digno e tempo livre para aumentar o
mercado de consumo e, consequentemente, os lucros dos empresários. Para Weber apud
Carvalho (2005, p. 44): “O Ocidente veio a conhecer, na era moderna, um tipo
completamente diverso e nunca antes encontrado de capitalismo: a organização
capitalística racional assentada no trabalho livre”.

Actualmente, a economia reina, em nossa civilização. Ela dita a conduta a adotar. A


exploração dos recursos naturais, a escala de valores do homem e a política do Estado
caíram sob seu domínio e a ela estão subordinados.

Houve uma “economizarão” de todas as esferas da existência. Do nascimento à morte,


todas as actividades estão literalmente arriscadas a serem comercializadas.

Segundo Weber apud Carvalho (2005, p. 44 e 45): A economia capitalista moderna teria
se orientado, portanto, pelos interesses dos homens no mercado, em que o dinheiro e a
busca do lucro adquiriram uma finalidade em si mesmo, destruindo as relações pessoais,
resultado da rivalidade de interesses que o mercado racionalmente organizado exige.
É verdade que apenas após a Segunda Guerra Mundial (cerca de 1950) surge o que pode
ser chamado de turismo de massa acessível às classes médias dos países desenvolvidos.

Todavia, vários analistas internacionais, como John Naisbitt, Peter Drucker, Alain
Touraine e Paul Kennedy, apontam para o fato incontestável de que o setor terciário é
hoje predominante na economia mundial e que o entretenimento e o turismo em geral
têm uma participação bastante prioritária na construção do PIB5 de vários países e no
oferecimento de serviços para mercados cada vez maiores, além de proporcionar postos
de trabalho cada vez mais exigentes em termos de habilidades profissionais.

Para Trigo (2003), o significado desse desenvolvimento excessivo do setor terciário é,


em geral, a caracterização das sociedades do fim do século XX e início do século XXI,
como “pós-industriais” – designação feita principalmente com base na superação da
importância econômica que o setor secundário representou para os países
industrializados desde o fim do século XIX. É válido ressaltar que o crescimento do
lazer e do turismo acontece com mais intensidade após as décadas de 1970 e 1980, ou
seja, em plena era “pós-industrial”. Fator importante para esse crescimento foi a
disseminação das novas tecnologias e a globalização, que alavancaram o
desenvolvimento do setor em grande parte do planeta. A nova ordem econômica
mundial consolidou-se nos últimos anos e o fenômeno da globalização afeta cada vez
mais todos os países, desenvolvidos e/ou em desenvolvimento.

Como resposta a esse movimento e à padronização que acontece no setor, tem ocorrido
um crescente reconhecimento do valor da diversidade cultural. Paralelamente, esse
reconhecimento é um desejo consciente de manter e divulgar as características únicas e
especiais de grupos étnicos e sociedades receptivas como um princípio fundamental de
promoção e desenvolvimento do turismo.

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