Você está na página 1de 15

Capítulo 1: conhecendo brevemente a diversidade religiosa

praticada no Brasil.

1. A DIVERSIDADE RELIGIOSA NO BRASIL

Escrever a respeito da diversidade religiosa no Brasil, não é uma tarefa


simples, visto que, existem diversas abordagens que podem ser utilizadas para discutir
esta temática tão vasta. E ao buscar na literatura informações sobre este tema, observou-
se que bem poucas literaturas possibilitem uma visão geral da diversidade religiosa no
Brasil na atualidade e, como esta diversidade se desenvolveu deste os primórdios da
História do Brasil. Tendo isso em mente, iniciaremos contextualizando a questão
religiosa no Brasil na atualidade e, posteriormente, será discutido um pouco da história
da religiosidade no país e, concomitantemente, o funcionamento de cada uma das
principais religiões, dando especial atenção às religiões católica e de matrizes africanas.

O Brasil segundo sua constituição é um país laico e multiétnico, em virtude da


miscigenação cultural oriundo das diversas migrações de indivíduos de vários povos no
decorrer de sua História. Essa miscigenação possibilitou a formação de um país de uma
grande diversidade de cores, costumes e crenças.

O Instituto brasileiro de geografia e estatística no ano de 2010 (IBGE, 2010),


classificou as principais religiões praticadas no país, sendo elas: a Católica, a
Evangélica, a Espírita, a Islâmica, a Budista, e as afro-brasileiras e os indivíduos
autodenominados sem religião. Ainda segundo este censo, pelo menos 90% da
sociedade brasileira consiste de cristãos, tanto católicos, quanto protestantes, enquanto
que os outros 10% referem-se a outras religiões. Estes são dados bastantes esperados
considerando a colonização portuguesa do país, e a forte influência católica nos
primeiros séculos da História do Brasil. O que não significa que não houve a presença
de outras crenças e religiões neste período, contudo, foi somente a partir 1891 que o
Brasil deixou de ser uma nação católica para se tornar um país laico segundo sua
constituição.
Outro grupo de indivíduos de grande relevância cultural e religiosa na História
do Brasil são os negros que migraram para o nosso país, quase que ao mesmo tempo em
que os colonos portugueses. Com a chegada dos escravos negros, esses indivíduos
trouxeram consigo seus costumes, suas crenças, e os adaptaram a cultura que lhe foi
imposta pelos portugueses, permitindo que essas tradições e religiosidades trazidas se
mesclassem e sobrevivessem. Entretanto, pouco se conhecesse sobre a História das
religiões afro-brasileiras, pois há poucas fontes de registro. Nascimento (2010), afirma
que “a História das Religiões de matrizes africanas, assim como toda a parcela de
História e cultura afrodescendente no Brasil, tem sido feita quase que anonimamente”.
Para Nascimento (2010), a intolerância contra essas religiões é fruto da marginalização
e discriminação reservada ao negro em nossa sociedade, e concomitantemente, a
intolerâncias as manifestações de religiosidade afro-brasileiras são reflexos do fato de
serem pouco conhecidas, além de terem uma ética diferente das religiões cristãs
tradicionais.
A parcela da população que se considera pertencente a as religiões de matrizes
africanas no Brasil é menor que as outras religiões segundo o censo do IBGE (2010).
Mas a presença de rituais e costumes destas crenças de matrizes negras, assim como as
práticas e ritos Católicos, está e sempre esteve presente na vida do povo Brasileiro,
desde o período colonial até a atualidade, sobre a forma de simpatias, benzeduras,
promessas para santos, rezas, a crença em adivinhos, mal olhado e entre outros...
(MOTT, 1997). Entretanto, segundo dados da Secretaria de Direitos Humanos Da
Presidência Da República (BRASIL, 2016) os adeptos das religiões afro-brasileiras são
os que mais sofrem com a intolerância religiosa no Brasil, em comparação a outras
religiões que também padecem com esse tipo de violência, mas essas manifestações não
surgiram a partir do nada, e apresentam uma longa trajetória histórica em nosso país.
Na realidade brasileira, durante muito tempo, até próximo ao período
republicano, a liberdade de culto sofreu perseguições pelo Estado e pela Igreja do
Estado, que impediam a manifestação de outra crença sob os argumentos mais
incoerentes, sendo um deles, uma possível a contestação da ideia de um só Estado e
uma só religião. (RIBEIRO, 2002, p.38)
2. A ORIGEM DA RELIGIOSIDADE NO BRASIL

A religiosidade na população brasileira tem raízes na História de sua colonização


pelos portugueses e sempre esteve presente na cultura e na identidade do povo
brasileiro.

A religião mais importante, durante um grande período da História do Brasil foi


à religião Católica e desde que chegou pela ação dos colonizadores portugueses, o
catolicismo desenvolveu no Brasil formas históricas específicas no entrecruzamento de
crenças, doutrinas e práticas africanas, europeias e indígenas.
Enquanto que cerimonias e rituais públicos faziam parte integrante da cultura
religiosa em Portugal desde a época dos descobrimentos, no Brasil tais rituais se
realizavam no interior das casas e templo da elite Branca, ou foram abandonadas por
estes (MOTT, 1997). Os centros urbanos eram escassos no Brasil nos anos
seiscentistas, e a sociedade Brasileira era mais permissiva com os costumes vindos com
os negros, tais como o batuque, ao contrario, da sociedade Norte Americana que
combatia tais costumes. No Brasil, o colono português que se transferia da Metrópole
para a América Lusitana perdia muito da regularidade e da frequência da vida Religiosa
comunitária, e ao se afasta do controle rígido dos párocos, os colonos não expressavam
tanta rigidez em suas práticas religiosas diárias, abrindo espaço para desvios e
heterodoxias. (MOTT, 1997)
No Brasil colonial, apesar da Hierarquia católica ter considerado todas as
religiões não cristas como superstição, feitiçaria e idolatria, no Brasil, eram comuns
denuncias contra homens e mulheres por terem recorrido a feiticeiros, quando os
médicos e padres não surtiam efeito na cura de enfermidades, ao contrario dos remédios
dos negros, que proporcionavam o alívio de certas doenças, logo, era comum que
práticas não aceitas pelos párocos fossem perpetradas. (MOTT, 1997).
A população no Brasil colonial era bem mais condescendente a esses desvios da
conduta religiosa, os adaptando e absorvendo. Condutas essas que em Portugal eram
condenadas pelo clero. No livro Faces do Catolicismo brasileiro, o autor Faustino
Teixeira fala sobre como o catolicismo Brasileiro absorveu práticas corriqueiras de seu
povo, “as suas várias vertentes do catolicismo brasileiro podem ser tidas como um
verdadeiro mosaico de experiências e vivências de espiritualidade, que absorvem e
moldam elementos próprios da tradição católica assim como de outras tradições”
(TEIXEIRA, 2005). Para Teixeira esta é uma impressionante capacidade do
Catolicismo, que o diferencia de todas as outras religiões, em que esta expressão de
sincretismo que é a religiosidade popular, é arduamente combatida.
No caso das religiões de matrizes africanas, estas surgiram a partir da chegada
dos navios negreiros com escravos oriundo da África. Essas religiões tem um papel
importante como referência de identidade, pois os negros ao chegarem ao Brasil foram
quase que imediatamente inseridos em uma realidade distinta das que tinham nas nações
africanas. (NASCIMENTO, 2010). Esses indivíduos trouxeram, além de sua força de
trabalho, também suas crenças e religiosidades, alicerce para suas manifestações
culturais. (BRITO, 2011).
Estes escravos africanos vieram, principalmente, da Nigéria, Daomé (atual
Benin), Angola, Congo e Moçambique e trouxeram consigo muito do que viria
constituir o que nomeamos hoje de cultura brasileira. (BRITO, 2011), (JENSEN, 2010,
p. 01). A tradição religiosa afro-brasileira encontra suas raízes no culto aos Orixás e
Voduns na África, esta tradição se manteve no Brasil, pois nos navios negreiros também
vieram lideres religiosos e, com a chegada constante de novos escravos os laços com a
África eram conservados (BRITO, 2011).
Apesar dos esforços das elites brancas para que os negros escravizados
deixassem para traz seus costumes, crenças e laços entre si para uma mais rápida
aceitação de sua nova condição, isto não os amorteceu de todo, estes homens e mulheres
negros, buscaram manter suas crenças ancestrais. E no anseio de frustrar as proibições,
mesclaram suas divindades com santos católicos com características semelhantes às de
suas religiões e resistiram, pois estas semelhanças com estes santos das doutrinas
europeias eram toleradas, possibilitando assim que seus cultos fossem conservados,
mantendo sua religiosidade. (BRITO, 2011).
Não foram somente a religião Católica e as de Matrizes Africanas a estar
presente no Brasil colonial, existem relatos da presença de outras religiões neste período
no Brasil, entre elas, a saber, o Islamismo e o Protestantismo.
De acordo com Jerrahi (2003), pode-se encontrar a presença dos mulçumanos
no Brasil, desde o descobrimento, quando Pedro Alvares Cabral chegou ao Brasil, havia
com ele os muçulmanos Chuhabidin Bin Májid e o navegador Mussa Bin Sáte. Durante
esse período juntamente com os portugueses também vieram ao Brasil, mulçumanos e
espanhóis só que em menor número, e foram posteriormente obrigados a se converter ao
Catolicismo pela inquisição. Outro grande contingente de muçulmanos que chegaram ao
Brasil foram os escravos negros, a partir do início do tráfico de escravos em meados do
século XVI.
Dois grandes exemplos da influência islâmica entre os negros no Brasil foram,
segundo Jerrahi (2003), observados na formação dos quilombos, tais como o dos
Palmares em que “a documentos que registram o papel e importância dos muçulmanos
na estruturação dos quilombos, como, por exemplo, a de certo Karim Ibn Ali Saifudin,
considerado o construtor das fortificações do Quilombo dos Palmares”. E na revolta do
Malês em que, “os malês foram os grandes promotores das revoltas e movimentos de
libertação. Instruídos, com capacidade de organização, e motivados pelos ideais
islâmicos de liberdade e resistência à tirania, mobilizaram seus pares em diversas
revoltas” (JERRAHI, 2003), estas revoltas promovidas pelos escravos mulçumanos
ocorreram nos anos posteriores a 1807, até culminar na revolta do Malês, no ano 1835, a
partir de então a religião mulçumana passou a sofrer severa repressão no país. Um novo
contingente de muçulmanos, estes de origem árabe, só começam a chegar ao Brasil a
partir do final do século XIX e início do século XX. Com a imigração de sírios,
libaneses e turcos, que firmaram as bases de suas comunidades de nos estado do Rio de
Janeiro e São Paulo.
Outra religião a ser mencionada no período colonial Brasileiro é o
protestantismo. Os primeiros relatos da doutrina protestante no Brasil ocorreram durante
o período colonial, a partir de invasões no Rio de Janeiro e no nordeste brasileiro,
durante os séculos XVI e XVII, o Brasil foi invadido por duas nações de presença
protestantes, sendo elas, a Holanda e a França. A presença francesa ocorreu no Rio de
Janeiro entre os anos de 1555 e 1567 e iniciou-se com a expedição de Nicolas Durand
de Villegaignon um simpatizante da doutrina Calvinista, entretanto, houve divergências
entre Villegaignon e os colonos Calvinistas, que posteriormente foram expulsos. A
primeira tentativa de estabelecer uma igreja protestante na América latina foi francesa.
A outra nação protestante a tentar se estabelecer na América latina foi à Holanda entre
os anos de 1630 e 1654, nos 1630 a Companhia das Índias Ocidentais tomou Recife e
Olinda e, posteriormente, grande parte do nordeste brasileiro. Durante os 24 anos de
dominação, foram organizadas 22 igrejas e congregações, dois presbitérios e uma
assembleia de párocos. No ano de 1654 os Holandeses foram expulsos e a presença de
protestantes foi vetada.
A presença de outras religiões no Brasil só se intensificou a partir do fim do
século XIX e inicio de século XX. Como afirma Andrade (2009, p. 109) “Na virada do
século XIX para o XX instalou-se no Brasil um verdadeiro pluralismo religioso com a
penetração de uma multiplicidade de crenças e ritos pertencentes as mais distintas
tendências religiosas e seitas”, isto só pode ocorrer a partir da abertura dos portos
brasileiros com a chegada da família real portuguesa, no ano de 1808.
Foi no final do século XIX com a legitimação do país como laico e com a vinda
de imigrantes de outras nacionalidades, que houve uma introdução de uma
multiplicidade crenças, costumes e doutrinas até então desconhecidas, entre elas, o
espiritismo de Alan Kardec, o Budismo, o islamismo e a vinda muitos missionários
evangélicos pentecostais, além de que, a laicidade do país possibilitou que as crenças
afro-brasileiras saíssem da clandestinidade para fundar as duas principais religiões afro-
brasileiras conhecidas: o Candomblé e a Umbanda.

3. SICRETISMO

Segundo o dicionário Aurélio versão 5.0, Ferreira (2004), um dos significados para
sincretismo é “tendência à unificação de ideias ou de doutrinas diversificadas e, por
vezes, até mesmo inconciliáveis”. Para alguns autores o sincretismo é um termo muito
polêmico, amado e odiado por muitos estudiosos das Ciências Humanas. Diante disso,
como assevera Ferreti (1998), “o sincretismo adotou a partir do século XVII, caráter
negativo, passando a referir-se à reconciliação ilegítima de pontos de vistas teológicos
opostos, ou heresia contra a verdadeira religião”. E Ferreti afirma também que esse
sentido de sincretismo no Brasil hoje, está bastante difundido.

Quando se fala em sincretismo no Brasil, as religiões que mais se destacam são a


Católica e as de Matrizes Africanas, pois ambas apresentam uma maior facilidade em
assimilar e aceitar caracteres sincréticos de outras práticas religiosas. Entretanto, não
são as únicas religiões com essa peculiaridade, outra, cuja presença no Brasil também
apresenta alguns sincretismos aceitos é o Budismo que em sua terceira geração
apresenta alguns caracteres Católicos.

Para a Igreja Católica na atualidade, a religiosidade sincrética ou popular é uma


enculturação, ou seja, um enraizamento da religião na cultura local. Segundo Elcion
(1985) apud Ferreti (2007), a religiosidade popular latino-americana tem um
fundamento histórico católico, com forte influência indígena, com elementos como o
messianismo e influências cósmicas e africanas, que acentua entre outros elementos a
festividade, a música e o culto aos antepassados.
O catolicismo Brasileiro tem essa característica de absorção de costumes,
rituais dos diversos grupos étnicos que formaram sua população, essa é uma
peculiaridade pouco comum em relação a outras religiões e que o diferem por essa
maleabilidade. Entretanto, nem sempre foi assim, as grandes mudanças que permitiram
essas modificações na religiosidade católica ocorreram somente no último século. A
comunicação com as religiões de matrizes Africanas só ocorreu a partir do Concilio
Vaticano II(1962- 1965) em que ocorreu um fraco dialogo com estas religiões e os
padres passaram a incorporar alguns elementos destas nas missas, (JANSEN, 2010). Na
atualidade a igreja Católica latina é considerada uma das 23 igrejas independentes, que
apesar de serem subordinadas ao papa tem sua tradição cultural, histórica, teológica e
litúrgica diferente, (GUALBERTO, 2011).
No Brasil, ao se falar em religiões afro-brasileiras pensa-se prontamente em
sincretismo das matrizes africanas com o catolicismo, “como “aglomerado indigesto” de
ritos e mitos, ou como “bricolagem” no sentido de mosaico às vezes incoerente de
elementos de origens diversas” POLLAK-ELTZ (1996, pag. 13. apud FERRETI, 2007).
A presença de crenças Católicas nos cultos afro é indiscutível, fruto das tentativas da
cultura negra sobreviver às perseguições que sempre sofreram no país. O sincretismo
afro-católico é considerado para alguns um característica das religiões de matrizes
africanas hoje, contudo, a partir da segunda metade da década de trinta do século
passado, com a queda das teorias racistas da época, sugiram diversas tentativas de
valorização da cultura nacional e da mestiçagem étnica do Brasil, (BRITO, 2011). E
com isso, houve várias empreitadas buscando reaproximar os cultos afro-brasileiros de
sua origem na África, todavia, “Apesar desta tentativa de reafricanização das religiões
afro-brasileiras, uma marca destas é o sincretismo. Constantemente reprimidos, os
terreiros e os seus frequentadores se “escondiam” atrás do catolicismo como forma de
escapar a esta”. (BRITO, 2011, p. 15). Para Brito o sincretismo de caracteres católicos é
uma parte integrante da cultura afro-brasileira hoje. Mas ainda existe muito embate
sobre o sincretismo e a reafricanização, para alguns deve haver uma purificação das
religiões afro-brasileiras com a retirada dos caracteres sincréticos católicos, para outros,
tais características já fazem parte dos cultos afro-brasileiros.
No caso das religiões Protestantes, estas são menos favoráveis ao sincretismo,
como afirma ANDRADE (2009, p. 109), “as religiões de tradição protestante se
mostraram muito menos propensas a aceitar o trânsito religioso dos seus adeptos,
exigindo deles uma fidelidade estrita”. Esse antagonismo é um dos fatores que para
(MENDONÇA, 2005) diferencia o protestantismo Brasileiro do Catolicismo Brasileiro,
pois enquanto o catolicismo abraça algumas práticas culturais locais, o protestantismo
coíbe. Como afirma Mendonça (2005, p. 51) “o protestantismo que chegou ao Brasil
jamais se identificou com a cultura brasileira. Continua sendo um protestantismo norte-
americano com suas matrizes denominacionais e dependência teológica!”.
No caso do Budismo, este chegou ao Brasil com a imigração japonesa, Shoji
(2002), aponta que apesar do Budismo ser considerado uma das religiões universais, a
exemplo, do Budismo Japonês, este combinar elementos do Xintoísmo e da religião
familiar Chinesa, ou seja, já apresenta um caráter sincrético. O budismo no Brasil ao
contrario de outras religiões tem um caráter mais étnico, “Com sua ênfase nos
antepassados o Budismo japonês sempre fornece elementos que podem ser usados para
uma identificação étnica através da valorização da origem e dos laços de parentesco”.
De forma geral, ele identifica um grupo de indivíduos, e apesar de existirem templos no
país estes estão mais direcionados aos descendentes de japoneses do que a novos fieis.
Entretanto, os descendentes dos imigrantes japoneses no Brasil em sua terceira geração
perderam alguns caracteres religiosos budistas japoneses e, no budismo Brasileiro, ou
contrario do japonês, apresenta uma forte influência católica em decorrências de
casamentos Inter étnicos, mobilidade geográfica e formação educacional (SHOJI, 2002).

4. RELIGIOSIDADE: COSTUMES, RITUAIS E CRENÇAS.

Para Feldens (2008) “Desde as antigas civilizações, percebe-se o culto ao


sobrenatural como algo muito importante, mostrando que o espírito de religiosidade
acompanha o homem desde os primórdios”, a religiosidade se torna algo inerente ao ser
Humano, algo vital a sua vida, e que sempre esteve presente em sua História.
Feldens (2008) também assevera que todos os povos tem sua cultura própria, e
com ela um o culto ao divino e isso se torna agente de estabilidade social e de
obediência às normas sociais. As religiões, as liturgias variam, mas o aspecto místico é
bem claro. Ainda para Feldens (2008), “o homem procura algo sobrenatural que lhe
transmita paz de espírito e segurança; e a religião que sempre desempenhou esta função
social indispensável”.
Brito (2011), ao ponderar sobre as religiões de matrizes africanas, discorrer
sobre porque não se dever buscar definir padrões para uma religião que esta em
constante modificação, pois tudo que cerca a religiosidade esta dotada de uma grande
uma complexidade e dificuldade em encontrar termos adequados.

Feita esta necessária ressalva, nos proponhamos a tentar fazer uma breve
discussão que envolverá um pouco da história sobre alguns importantes costumes,
rituais e crenças de nosso país.
As manifestações religiosas que são representadas pelas festas, crenças, hábitos e
tradições, são heranças culturais de um povo e apresentam uma longa História repleta de
pequenos significados. (D’ABADIA, 2011). Além de que, toda tradição, crença, espaço
ou lugar possui um sentido de existência que o torna singular, que definirá identidades e
vem a constituir nos indivíduos o sentimento de pertencer. (CRUZ; MENEZES;
PINTO, 2008). Durkheim (1996) apud Marchi (2005), afirma que “a religião é uma
coisa eminentemente social. As representações religiosas são representações coletivas
que exprimem realidades coletivas; os ritos são maneiras de agir que só surgem no
interior de grupos coordenados”.
De acordo com Mott (1997) o cristianismo que teve como fundador Jesus Cristo
e como religião sucessora do judaísmo carrega um grande número de princípios do
deste. O Cristianismo sempre firmou sua prática religiosa em dois caminhos para
alcançar a elevação espiritual, a prática privada de sua religiosidade como rezas, jejuns
e penitencias e a prática pública, sendo estas, as cerimonias sacras, procissões, romarias
e os exercícios públicos dos sacramentos.
É difícil não falar do Catolicismo no Brasil sem remeter ao Brasil colonial, que
firmou as bases da prática Católica Brasileira popular. Mott (1997) discorre sobre a
prática católica colonial e as diferenças em relação à prática católica europeia, pois no
exercício religioso no Brasil havia bem pouco controle do clero sobre o fieis, portanto, a
prática religiosa brasileira era menos rígido havendo certa indiferença e a apatia se
comparados às práticas religiosas da metrópole portuguesa. Mas se as manifestações
públicas não eram tão eloquentes, as manifestações privadas eram mais intimas se
comparadas as de Portugal. Mott afirma que era uma presença constante em quase
todos os lares coloniais as figuras e imagens de santos. O culto aos santos era uma
característica acentuada neste período. Como assegura Mott (1997) “um dos traços
marcantes da espiritualidade luso-brasileira sempre foi à devoção preferencia de nossos
colonos por Maria Santíssima”. Afirma também, que as imagens de nossa senhora e
outros santos eram tratadas com adulações e até mesmo punições e agressões físicas,
caso as preces não fossem atendidas (MOTT, 1997). Andrade, S. (2010) afirma que o
culto aos santos é uma característica católica, e conceitua “como religiosidade católica
todas as manifestações que envolvem as crenças e práticas ligadas ao catolicismo, que
tem como ponto crucial o culto aos santos reconhecidos ou não pela Igreja”.
O culto católico é predominante ritualístico, tanto em suas festas, como nas
procissões e cerimônias sacras, Andrade, S. (2010) afirma que ao tomar forma o culto
católico, criou uma estrutura com práticas e discursos próprios sancionadas por uma
hierarquia, que passou a caracterizar o ser católico.
Um exemplo de culto católico predominantemente ritualístico é a festividade a
Nossa Senhora de Nazaré no Pará, um festejo que tem sua estrutura ritualística com
origem no catolicismo devocional, que surgiu em Portugal durante o século XV,
(ALMEIDA, 2013), é uma festa bastante complexa, com diversos símbolos sacros como
a berlinda e a corda, e rituais específicos, como o cortejo e a missa antes do inicio da
procissão e o ritmo da caminhada dos fieis que é imposto pelos promesseiros que puxam
a corda. O festejo se inicia no final do mês de agosto com uma missa, sendo a procissão
é realizada no segundo domingo de outubro, sendo este o ponto alto da festa, o festejo
termina com o Recírio que ocorre quinze dias depois da grande procissão de domingo,
quando os fieis se despendem da santa padroeira que retorna a igreja Matriz.
Nas religiões afro-brasileiras sua tradição encontra suas procedências no culto
aos Orixás e Voduns na África e que foram mantidos no Brasil, segundo (JENSEN,
2010) e (BRITO, 2011), pela continua chegada de novos escravos neste período.
As duas principais religiões afro-brasileiras são o Candomblé e a Umbanda,
ambas as religiões têm semelhanças com o Catolicismo, em virtude do sincretismo
imposto para a sobrevivência destas práticas religiosas. Segundo (BRITO, 2011. Pag.
17) “Dentre as várias religiões afro-brasileiras, as mais praticadas são Candomblé e a
Umbanda”.
Brito (2011) descreve a organização destas religiões e afirma que eles diferem
em várias vertentes, dependendo de qual nação pertença, mas em geral, a figura
principal é o sacerdote chamado de pai de santo que também pode ser chamado de
ialorixá e/ou mãe-de-santo ou babalorixá. No terreiro, o espaço sagrado tem o barracão
(espaço aberto aos visitantes) a cozinha, o quarto dos orixás e o roncó (local só acessível
ao sacerdote e seus auxiliares), os Orixas são as figuras principais e, em geral, nos
terreiros existem doze, os principais são: Exu, Xangô, Iansã, Oxum, Oxossi, Ogum,
Iemanjá, Oxalá, Omolu, Oxumaré, Nana, Logun Edé. (BRITO, 2011).
Nos cultos das religiões afro-brasileiras, os iniciantes são chamados de Iaô,
existem também as oferendas chamadas de despachos ou ebós que são utilizadas tanto
para agradar os orixás, quanto para agradecer, o jogo de búzios que é meio pelo qual o
sacerdote estabelece uma relação sagrada com os orixás, e prevê o futuro, além de qual
Orixá pertence a cada pessoa, (BRITO, 2011).
Os Guias se relacionam a nação Angola, e seus ritos trabalham com os espíritos
dos mortos e ancestrais conhecidos, os Orixás são deuses cultuados na nação Ketu e na
nação Angola, ambas as Guias e os Orixás são cultuados pelo Candomblé e pela
Umbanda. (CASALI, 2016).

O culto nas religiões de matrizes africanas é bastante ritualístico, a começar pela


saudação aos Orixás que deve ser feito antes das celebrações ou festas. (CASALI,
2016). No candomblé, a mãe natureza por meio dos Orixás dá o que é pedido, e tira o
que não lhe dado. Para Casali (2016), o candomblé é visto com a uma religião da mãe
natureza, e os Orixás, assim como as pessoas apresentam dentro de si o bem e o mal,
eles são jardineiros da mãe terra, cada um responsável por um aspecto da vida na terra.
O que difere o Candomblé do Cristianismo é o fato das pessoas herdarem as
características boas e ruins de seus Orixás. (BRITO, 2011).

5. FESTAS RELIGIOSAS

No Brasil as festas religiosas são consideradas parte da herança cultural religiosa


deixada pelos colonizadores lusitanos e por seus descendentes em diferentes momentos
históricos de assimilação do território nacional. Essa herança religiosa grande parte
católica foi consolidada no processo de ocupação e dominação das terras brasileiras.
(D’ABADIA, 2011).
No Brasil, as festas religiosas e espaços sagrados têm atraído sobremaneira um
grande número de fiéis, devotos e romeiros. (ARAGÃO, 2014). E Abreu e Coriolano
(2003, p. 79) mencionam que “[...] as festas religiosas estão entre as mais fortes
expressões da cultura brasileira, sendo significativa a quantidade e a diversidade de
celebrações que acontecem, tornando-se lócus do turismo religioso”. O que se pode
concluir é que, as festas religiões são parte integrante da cultura popular e na vida do
povo brasileiro.

As festas Católicas são concebidas como forma de celebrações, de agradecimento


por graças recebidas, como ritos religiosos e como renovação dos compromissos com a
divindade homenageada. (D’ABADIA, 2011).
Entre as práticas públicas de religiosidade no Brasil, as mais famosas são as
Católicas, a exemplo, as festas aos santos, as romarias e as procissões. Como afirma
D’Abadia (2011), “Um exemplo de festas religiosas mais comuns e difundidas no Brasil
são aquelas organizadas pela igreja católica que, acompanhando o governo português,
estabeleceu no território nacional o culto aos santos”.
D’Abadia (2011), também explana sobre como as festas religiosas “expressam a
construção simbólica e cultural de determinados grupos de pessoas seguidoras da crença
religiosa no interior da qual se concebe a festa”. O catolicismo com sua forte presença
nos quatrocentos primeiros anos da Historia do Brasil, como já foi afirmado nos tópicos
anteriores, tem por característica, desde o período colonial o culto aos santos, e cada
região do país tem um culto a um santo especifico e intrinsecamente uma História de fé
e milagres que envolvem estes santos ou santas.
Andrade (2010), afirma que “As vidas dos santos constituem um importante meio
de transmitir o sentido da fé cristã. Desde que o cristianismo existe, as pessoas contam e
recontam as histórias dos santos”. Para Andrade (2010), a vida dos santos são modelos
de fé, a serem seguidos pelos fieis, para se redimir dos pecados. Pois o embate entre o
bem e o mal é uma característica do Cristianismo, e ao seguir um modelo
espiritualidade que é o que os santos representam, é firmada a partir destes últimos, uma
ponte com a divindade.
Nas religiões afro-brasileiras uma característica presente é a efetivação de
distintas festas. E são peculiaridades das festas afro-brasileiras, o transe, as iniciações,
as comemorações anuais das divindades, as obrigações do calendário da cada casa, são
assinaladas com festas, toques, danças, cânticos e oferendas de alimentos especiais.
(FERRETI, 2007), assim como o catolicismo, as religiões afro-brasileiras tem uma forte
ligação com os santos, em virtude do forte sincretismo com o catolicismo, Orixás e
santos são quase que termos semelhantes, apesar de todo debate sobre essa
categorização.
Dias (2014), ao descrever a festividade a São Cosme e Damião na Bahia,
afirma que em Salvador a devoção aos santos é muito forte, tanto no catolicismo, quanto
nas religiões de matrizes africanas e cita a variais missas e procissões na Igreja de São
Cosme e Damião, que todo ano são realizadas no dia 27 de setembro em homenagem
aos santos.
No Candomblé Cosme e Damião são os filhos gêmeos de Xangó e Insã, ambas
os Orixás representam crianças, esta festa se caracteriza, segundo Dias (2013), como um
ritual de comilança, “A festa e comemorada com muita comida, sobretudo com o prato
favorito dos santos”. Dias (2014), caracteriza o Candomblé como uma religião de
antepassados e a comida é um elo entre as gerações, além trazer aos fieis a sensação de
familiaridade. A comida é um traço presente na festividade a Cosme e Damião “O
caruru e oferecido primeiramente aos donos da festa, seja Cosme e Damiao ou o Orixá
Ibejis, e depois a sete crianças escolhidas, que o recebem em uma grande tigela. Só
quando terminam e que os adultos podem compartilhar o alimento”. (DIAS, 2013).
As festas constituem um elemento básico para se compreender o simbolismo e a
mentalidade popular. Para entender sua continuidade nos dias atuais é importante
conseguir informações sobre a presença de festas com participação popular em alguns
momentos da história de cada região. (FERRETI, 2007).
6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

ABREU, T. N. M. de; CORIOLANO, L. N. M. T. Os centros de romaria do Ceará e o turismo


religioso. In: CORIOLANO, L. N. M. T. (Org.). O turismo de inclusão e o desenvolvimento
local. Fortaleza: FUNECE, 2003. p. 78-95.

ANDRADE, M. O. Religiosidade Brasileira: o pluralismo religioso, a diversidade de crenças e o


processo sincrético. In: CAOS - Revista Eletrônica de Ciências Sociais. N° 14. Pág. 106 – 118. Setembro
de 2009.

ANDRADE, S. R. O culto aos santos: a religiosidade católica e seu hibridismo. Revista


Brasileira de História das Religiões. Anais. ANPUH, Ano III, n. 7, Mai. ISSN: 1983-2850.
2010.

ARAGÃO, I. R. Reflexões acerca do Turismo Cultural-Religioso e Festa Católica no Brasil.


In: REVISTA GRIFOS. N. 36/37. 2014.
BRASIL. Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da Republica. Intolerância religiosa
no Brasil. Disponível em: www1.folha.uol.com.br. Acesso em: 5 de janeiro de 2017.

BRITO, G.S.S. Discutindo o respeito às religiões de matrizes africanas na educação infantil


da rede municipal de ensino de salvador. Monografia (Graduação em Pedagogia) –
Departamento de educação da Universidade Federal da Bahia. Salvador. 2011.

CASALI, R. Guias e Orixás: Narrativas de expressões Orais sobre os Candomblés do MS.


Tese (Doutorado em História) — Pós-Graduação em Humanidades, Direito E Outras
Legitimidades. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Universidade de São Paulo.
2016.

CRUZ, M. S. R.; MENEZES, J. S.; PINTO, O. Festas Culturais: Tradição, Comidas e


Celebrações. I Encontro Baiano de Cultura – I EBECULT –FACOM/UFBA. Salvador – Ba, em
11 de dezembro de 2008.

D’ABADIA, M. I. V. Festas Religiosas e Pós-Modernidade. Anais. GEONORDESTE, Ano


XX, N° 2. 2011.

DIAS, J. C. T. Um Simples Doce - dar e receber o doce de Cosme e Damião no contexto do


pluralismo exclusivista. Revista Perspectivas Sociais Pelotas, Ano 2, N. 1, p. 44-55. 2013.

DIAS, J.C.T. Doce de Cosme e Damião: considerações sobre um caso de sincretismo.


Revista Diálogos – N. ° 11 – Abr/Mai – 2014.

CRUZ, M.S.R.; MENEZES, J.S.; PINTO, O. Festas Culturais: tradição, comidas e celebrações.
In: I Encontro Baiano de Cultura – I EBECULT. FACOM/UFBA. Salvador – Ba. 2008.

FELDENS. P. F. Preconceito Religioso: Um desafio à Liberdade Religiosa, inclusive


expressiva. In: Justiça & História, Porto Alegre, v. 6, n. 12, 2006.
.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Eletrônico Aurélio Século XXI. Rio de
Janeiro: Editora Nova Fronteira e Lexikon Informática, 2004. Versão 5.0. 1 CD-ROM.

FERRETTI. S.F. Religião e festas populares. Comunicação apresentada na Mesa Redonda 06


Religiões / Culturas Populares. XIV Jornadas sobre Alternativas. Religiosas en América
Latina, Buenos Aires. 2007.
GUALBERTO, M. A. M. Mapa da Intolerância Religiosa Violação ao Direito de Culto no
Brasil. Associação Afro-Brasileira Movimento de Amor ao Próximo (AAMAP). Coordenadoria
Ecumênica de Serviços (CESE). Coletivo de Entidades Negras (CEN). Editoração Eletrônica:
MULTIPLIKE. 2011

IBGE. Censo Demográfico 2010 – religião. Resultados da Amostra. IBGE, 2010. Disponível
em: http://www.ibge.gov.br/estadosat/temas.php?sigla=ap&tema=censodemog2010_relig.
Acesso em: 02/03/2017.

JERRAHI, Sheikh Muhammad Ragip al-. História da presença Islâmica no Brasil. In: Palestra
para o Congresso "El Islam em las dos Orillas”, Sevilha, 2003.
Disponível em: <http://www.masnavi.org/jerrahi/Artigos___Palestras/
Historia_da_presenca_Islamica_/historia_da_presenca_islamica_.html>. Acesso
em : 24/02/2017.

JENSEN, T. G. Discursos sobre as religiões afro-brasileiras: da


desafricanização para a reafricanização. In: Revista Estudos da
Religião. Trad.: Maria Filomena Mecabô. Nº 1. Pag. 1-21. 2001.
Disponível em: www.pucsp.br/rever/rv012001/p_jensen.pdf. Acesso em: 20/03/2017.

JURKEVICS, Vera Irene. Festas Religiosas: a materialidade da fé. In: História: questões &
debates. Curitiba: UFPR, n. 43. Pag.1-6.2005.

MARCHI. E. Sagrado e a religiosidade: vivências e Mutualidades. In: História: Questões &


Debates, Curitiba, n. 43, p. 33-53, Editora UFPR. 2005.

MENDONÇA, A. G. O protestantismo no Brasil e suas encruzilhadas. In: REVISTA USP. São


Paulo, n.67, p. 48-67, setembro/novembro. 2005.

MOTT, Luiz. Cotidiano e vivencia religiosa: entre a capela e o calundu. In: História da vida
privada no Brasil: cotidiano e vida privada na América Portuguesa. Coordenação geral da
coleção Fernando A. Novais. São Paulo companhia das letras. 1997.

NASCIMENTO, A. A. S. Candomblé e Umbanda: Práticas religiosas da identidade negra no


Brasil. RBSE, 9 (27). Pag. 923 a 944. ISSN 1676-8965, 2010. Disponível em:
http://www.cchla.ufpb.br/rbse/Index.html. Acesso: 05/03/2017.

RIBEIRO, Milton. Liberdade Religiosa: uma proposta para debate. São Paulo: Mackenzie,
2002.

SILVA, E. Um olhar protestante sobre as festas católicas na Bahia. XXII Simpósio


Nacional De História. ANPUH. João Pessoa, 2003.

SHOJI, R. O Budismo Étnico na Religiosidade Nikkey no Brasil: Aspectos Históricos e Formas


de Sobrevivência Social. In: Revista de Estudos da Religião. Nº 4. Pag. 47-80. 2002.
Disponível em: www.pucsp.br/rever/rv4_2002/p_shoji.pdf. Acesso em: 12/03/2017.

TEIXEIRA, F. Faces do Catolicismo Brasileiro. REVISTA USP, São Paulo, n.67, p. 14-23,
setembro/novembro 2005.

Você também pode gostar