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praticada no Brasil.
3. SICRETISMO
Segundo o dicionário Aurélio versão 5.0, Ferreira (2004), um dos significados para
sincretismo é “tendência à unificação de ideias ou de doutrinas diversificadas e, por
vezes, até mesmo inconciliáveis”. Para alguns autores o sincretismo é um termo muito
polêmico, amado e odiado por muitos estudiosos das Ciências Humanas. Diante disso,
como assevera Ferreti (1998), “o sincretismo adotou a partir do século XVII, caráter
negativo, passando a referir-se à reconciliação ilegítima de pontos de vistas teológicos
opostos, ou heresia contra a verdadeira religião”. E Ferreti afirma também que esse
sentido de sincretismo no Brasil hoje, está bastante difundido.
Feita esta necessária ressalva, nos proponhamos a tentar fazer uma breve
discussão que envolverá um pouco da história sobre alguns importantes costumes,
rituais e crenças de nosso país.
As manifestações religiosas que são representadas pelas festas, crenças, hábitos e
tradições, são heranças culturais de um povo e apresentam uma longa História repleta de
pequenos significados. (D’ABADIA, 2011). Além de que, toda tradição, crença, espaço
ou lugar possui um sentido de existência que o torna singular, que definirá identidades e
vem a constituir nos indivíduos o sentimento de pertencer. (CRUZ; MENEZES;
PINTO, 2008). Durkheim (1996) apud Marchi (2005), afirma que “a religião é uma
coisa eminentemente social. As representações religiosas são representações coletivas
que exprimem realidades coletivas; os ritos são maneiras de agir que só surgem no
interior de grupos coordenados”.
De acordo com Mott (1997) o cristianismo que teve como fundador Jesus Cristo
e como religião sucessora do judaísmo carrega um grande número de princípios do
deste. O Cristianismo sempre firmou sua prática religiosa em dois caminhos para
alcançar a elevação espiritual, a prática privada de sua religiosidade como rezas, jejuns
e penitencias e a prática pública, sendo estas, as cerimonias sacras, procissões, romarias
e os exercícios públicos dos sacramentos.
É difícil não falar do Catolicismo no Brasil sem remeter ao Brasil colonial, que
firmou as bases da prática Católica Brasileira popular. Mott (1997) discorre sobre a
prática católica colonial e as diferenças em relação à prática católica europeia, pois no
exercício religioso no Brasil havia bem pouco controle do clero sobre o fieis, portanto, a
prática religiosa brasileira era menos rígido havendo certa indiferença e a apatia se
comparados às práticas religiosas da metrópole portuguesa. Mas se as manifestações
públicas não eram tão eloquentes, as manifestações privadas eram mais intimas se
comparadas as de Portugal. Mott afirma que era uma presença constante em quase
todos os lares coloniais as figuras e imagens de santos. O culto aos santos era uma
característica acentuada neste período. Como assegura Mott (1997) “um dos traços
marcantes da espiritualidade luso-brasileira sempre foi à devoção preferencia de nossos
colonos por Maria Santíssima”. Afirma também, que as imagens de nossa senhora e
outros santos eram tratadas com adulações e até mesmo punições e agressões físicas,
caso as preces não fossem atendidas (MOTT, 1997). Andrade, S. (2010) afirma que o
culto aos santos é uma característica católica, e conceitua “como religiosidade católica
todas as manifestações que envolvem as crenças e práticas ligadas ao catolicismo, que
tem como ponto crucial o culto aos santos reconhecidos ou não pela Igreja”.
O culto católico é predominante ritualístico, tanto em suas festas, como nas
procissões e cerimônias sacras, Andrade, S. (2010) afirma que ao tomar forma o culto
católico, criou uma estrutura com práticas e discursos próprios sancionadas por uma
hierarquia, que passou a caracterizar o ser católico.
Um exemplo de culto católico predominantemente ritualístico é a festividade a
Nossa Senhora de Nazaré no Pará, um festejo que tem sua estrutura ritualística com
origem no catolicismo devocional, que surgiu em Portugal durante o século XV,
(ALMEIDA, 2013), é uma festa bastante complexa, com diversos símbolos sacros como
a berlinda e a corda, e rituais específicos, como o cortejo e a missa antes do inicio da
procissão e o ritmo da caminhada dos fieis que é imposto pelos promesseiros que puxam
a corda. O festejo se inicia no final do mês de agosto com uma missa, sendo a procissão
é realizada no segundo domingo de outubro, sendo este o ponto alto da festa, o festejo
termina com o Recírio que ocorre quinze dias depois da grande procissão de domingo,
quando os fieis se despendem da santa padroeira que retorna a igreja Matriz.
Nas religiões afro-brasileiras sua tradição encontra suas procedências no culto
aos Orixás e Voduns na África e que foram mantidos no Brasil, segundo (JENSEN,
2010) e (BRITO, 2011), pela continua chegada de novos escravos neste período.
As duas principais religiões afro-brasileiras são o Candomblé e a Umbanda,
ambas as religiões têm semelhanças com o Catolicismo, em virtude do sincretismo
imposto para a sobrevivência destas práticas religiosas. Segundo (BRITO, 2011. Pag.
17) “Dentre as várias religiões afro-brasileiras, as mais praticadas são Candomblé e a
Umbanda”.
Brito (2011) descreve a organização destas religiões e afirma que eles diferem
em várias vertentes, dependendo de qual nação pertença, mas em geral, a figura
principal é o sacerdote chamado de pai de santo que também pode ser chamado de
ialorixá e/ou mãe-de-santo ou babalorixá. No terreiro, o espaço sagrado tem o barracão
(espaço aberto aos visitantes) a cozinha, o quarto dos orixás e o roncó (local só acessível
ao sacerdote e seus auxiliares), os Orixas são as figuras principais e, em geral, nos
terreiros existem doze, os principais são: Exu, Xangô, Iansã, Oxum, Oxossi, Ogum,
Iemanjá, Oxalá, Omolu, Oxumaré, Nana, Logun Edé. (BRITO, 2011).
Nos cultos das religiões afro-brasileiras, os iniciantes são chamados de Iaô,
existem também as oferendas chamadas de despachos ou ebós que são utilizadas tanto
para agradar os orixás, quanto para agradecer, o jogo de búzios que é meio pelo qual o
sacerdote estabelece uma relação sagrada com os orixás, e prevê o futuro, além de qual
Orixá pertence a cada pessoa, (BRITO, 2011).
Os Guias se relacionam a nação Angola, e seus ritos trabalham com os espíritos
dos mortos e ancestrais conhecidos, os Orixás são deuses cultuados na nação Ketu e na
nação Angola, ambas as Guias e os Orixás são cultuados pelo Candomblé e pela
Umbanda. (CASALI, 2016).
5. FESTAS RELIGIOSAS
CRUZ, M.S.R.; MENEZES, J.S.; PINTO, O. Festas Culturais: tradição, comidas e celebrações.
In: I Encontro Baiano de Cultura – I EBECULT. FACOM/UFBA. Salvador – Ba. 2008.
IBGE. Censo Demográfico 2010 – religião. Resultados da Amostra. IBGE, 2010. Disponível
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Acesso em: 02/03/2017.
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Disponível em: <http://www.masnavi.org/jerrahi/Artigos___Palestras/
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JURKEVICS, Vera Irene. Festas Religiosas: a materialidade da fé. In: História: questões &
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MOTT, Luiz. Cotidiano e vivencia religiosa: entre a capela e o calundu. In: História da vida
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RIBEIRO, Milton. Liberdade Religiosa: uma proposta para debate. São Paulo: Mackenzie,
2002.
TEIXEIRA, F. Faces do Catolicismo Brasileiro. REVISTA USP, São Paulo, n.67, p. 14-23,
setembro/novembro 2005.