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Petrobras

MC4: ERGONOMIA NA CONCEPÇÃO DE


Agosto de 2008

SITUAÇÕES DE TRABALHO E DE USO


ou
ERGONOMIA EM PROJETOS

Prof. Francisco Duarte

Equipe de Ergonomia e Projetos/COPPE/UFRJ


Francisco Duarte - duarte@pep.ufrj.br ou fjcmduarte@gmail.com
Ergonomia: conceito

“A ergonomia estuda a atividade de trabalho a


fim de contribuir para a concepção de meios de
trabalho adaptados às características
fisiológicas e psicológicas dos seres humanos,
com critérios de saúde e de eficácia
econômica.”
F. Daniellou (1986).

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Tendências

ü Do posto de trabalho ao sistema de


produção.

ü Do diagnóstico de situações existentes ao


projeto de situações futuras.

ü Atuações nas áreas de formação e


organização do trabalho (dimensão
coletiva do trabalho).

ü Participação dos usuários/operadores no


projeto.
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Modelo de homem no trabalho

Uma dimensão física:


Utilização de músculos, do sistema cardiovascular, do
sistema esquelético, etc.

Uma dimensão cognitiva:


Fenômenos sensoriais e mentais da atividade
Cuidado com as reduções!

Uma dimensão psíquica:


Homem como sujeito (história individual, seus desejos,
seus projetos de vida, suas angústias).

Uma dimensão social e/ou cultural:


Um ator social, agindo num grupo social.
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A colheita do melão...

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As variabilidades individuais

Variabilidades intra-individuais: cronobiologia,


sono, funções biológicas, vigilância, etc.

Variabilidades inter-individuais: caractéristicas


físicas (antropometria, força, etc), agilidade,
idade, experiência, aquisições. através da
formação.

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Variabilidade da produção
Aspectos não previsíveis da situação de trabalho:
ü Instabilidade natural - controle de tráfego
aéreo / filas em atendimento publico / IPC.
ü Quebras e disfuncionamentos.
ü Qualidade da matéria-prima.
ü Insuficiência da mão de obra (qualidade e
quantidade).
ü Variações atmosféricas / quedas de tensão ...

Aspectos subestimados:
ü Qualidade do material.
ü Tempo de execução da tarefa.
ü Tempo de aprendizagem diferenciado
(diferentes circunstâncias e indivíduos).
Confiabilidade das informações
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Ergonomia e Projeto

ergonomista

recomendações

projetistas

Ergonomista
análise de situações
de referência

representações da atividade
futura

operadores projetistas
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Áreas de atuação

ESPAÇO E SOFTWARES
AMBIÊNCIAS FÍSICAS Apresentação
Layout das informações
Iluminação PROJETO Conteúdo das telas
Acústica Navegação (lógica do uso)
Térmica DO
TRABALHO
ORGANIZAÇÃO
DO TRABALHO
EQUIPAMENTOS Conteúdo do trabalho
Mobiliário Repartição de tarefas
Terminais de micro Comunicação e Cooperação
Horários, pausas e controle
FORMAÇÃO
Construção da polivalência
Ampliação de competências

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A função integradora da atividade: a atividade
como interface entre diferentes lógicas.
O operador A empresa
Objetivos: Ferramentas
Contrato
Características natureza, desgaste,
salário
pessoais documentação, meios de
Sexo, idade, comunicação, software…
características físicas Tempo
Tarefas horários, cadências…
Experiência,
prescritas Organização do
formação adquirida
-------------------- trabalho
Estado momentâneo Tarefas reais instruções, distribuição
Fadiga, ritmos das tarefas, critérios de
biológicos, vida fora qualidade
do trabalho Atividade de Ambiente
trabalho espaços, tóxicos,
características físicas…

Saúde, acidentes, Produção,


competências… qualidade…
(Guérin et alii, 2004) Equipe de Ergonomia e Projetos/COPPE/UFRJ
Modos operatórios
Um compromisso entre os objetivos, os meios, os resultados e o
estado interno do operador (Guérin et alii, 2004).

O operador quer atingir o objetivo, mas como vai fazê-


lo?

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Metodologia da Análise Ergonômica do
Trabalho (AET)
Esquema geral da abordagem.
(Guérin et alii, 2004).

Análise e/ou reformulação da demanda

Funcionamento geral da empresa e Interação


características da população e produção com os
indicadores de saúde e eficácia. operado-
res:
Análise do processo técnico entrevis-
e das tarefas. tas

Observações globais e sistemáticas da e


atividade. verbali-
zações.

Diagnóstico: local e global.


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Quando a demanda é um
PROJETO:
Da atividade presente
à atividade futura

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Um projeto deficiente ...

•  O projeto reflete somente a representação


dos projetistas sobre a atividade de trabalho e
as condições nas quais ele está projetando.

•  Pouca ou nenhuma análise das situações


existentes, pouca antecipação da atividade
futura.
•  Subestimação das variabilidades
ü  Falhas, baixa taxa de utilização
ü  Intervenções humanas não antecipadas
ü  Baixa qualidade
ü  Riscos para a saúde
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A desigualdade na confrontação de dois tipos
de conhecimento
Necessários,
Conhecimentos Técnicos Gerais especialmente
normas, conceitos e métodos científicos e quando os
tecnológicos internacionais projetos possuem
dimensões
tecnológicas
Decisões de projeto importantes

Conhecimentos Específicos
Pouco valorizadas
Características específicas de situações pelas ferramentas
locais, suas variabilidades e experiências de gestão
construídas

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Gestão de projeto: a abordagem da Engenharia

Escolha a ser feita ao nível: do sistema


de trabalho

do posto
de trabalho
EstudosDesenvolvimento Partida
do projeto
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A articulação das abordagens de Engenharia e
Ergonomia

Escolha a ser feita ao nível:


do sistema
de trabalho

Área para levar em


conta os
determinantes
do posto do trabalho
de trabalho
Estudos Desenvolvimento Partida
do projeto

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Quando?

Escolha a ser feita ao nível:


do sistema A
de trabalho

dente
em ascen
Abordag B
C
do posto
de trabalho

Estudos Desenvolvimento Partida


do projeto

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Por que falar de Ergonomia em Projetos?

ü  Integrar o saber técnico ao saber prático.


ü  Valorizar a experiência constituída pela e na empresa.
ü  Antecipar as condições de realização do trabalho:
simulações.
ü  Flexibilidade de soluções.
ü  Limites das transformações a posteriori: custo das
mudanças.
ü  A participação dos usuários e sua conseqüência em
termos de formação (aquisição de conhecimentos).

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Projeto Projeto
Conceito Execução
preliminar detaihado

Perrin, J. 1997, Economica

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Ergonomia da Atividade
Diferença entre o trabalho prescrito (tarefa) e o
trabalho real (atividade)
Ø  A variabilidade das situações de trabalho.
Ø  A ênfase na compreensão da atividade dos
operadores e dos usuários em situação real.

Análise Ergonômica da Atividade (AET)

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Análise Ergonômica do Trabalho

Observações sistemáticas, entrevistas, verbalizações e


autoconfrontação
ü  A atividade de trabalho não se reduz ao que pode ser
observado
ü  As consequências do trabalho não são todas aparentes
ü  As observações tem uma limitação espacial e temporal
ü  Várias ações são realizadas automaticamente
ü  O trabalhador não tem consciência de todo o conteúdo do
seu trabalho

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Desafio: a atividade futura não pode ser prevista

•  O desafio não é adaptar os dispositivos ou a


organização à atividade, mas se assegurar que os
meios de trabalho que estão projetados conduzirão a
uma atividade segura, eficiente e que permitirá o
desenvolvimento humano.

•  O que pode ser antecipado é o “espaço” no qual a


atividade será desenvolvida.

•  Escolhas e decisões de projeto abrem e fecham


diversas avenidas para a atividade futura .

•  Algumas delas podem ser detectadas através das


simulações

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Abordagem da Atividade Futura

Análise ergonômica do trabalho em situações de


referência (Daniellou, 1989 e 1992)

Elaboração de cenários possíveis ou prováveis da


atividade futura (Daniellou, 1989 e 1992)

Simulações do trabalho (Maline, 1994)

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A Ergonomia em projetos:
conceitos de base

Situações de referência

Situações de Ação Característica – SAC

As simulações do trabalho
Os objetos intermediários de concepção
Os grupos de trabalho: uma participação
estruturada e não uma colheita de opiniões
A lista de SACs

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Da atividade presente para a atividade futura

A situação prévia Situações


existente similares

Análise da atividade

Situações típicas de trabalho


(variabilidade: parada, partida, limpeza, manutenção etc.)
Soluções de projeto
Simulações possíveis
da atividade futura

Prognósticos

Fonte: Daniellou, 2008

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A evolução das abordagens
-  A Cristalização
-  A Plasticidade
-  O Desenvolvimento

A cristalização sublinha que a atividade deve ser modelada ao


mesmo tempo em que se especifica os dispositivos técnicos. A
plasticidade argumenta que a eficácia dos dispositivos não
repousa unicamente sobre as decisões dos projetistas, mas
também da atividade em situação. O desenvolvimento indica que
que a atividade se desenvolve na medida do desenvolvimento do
dispositivo técnico. É, portanto, um acoplamento, a organização
sistêmica das duas entidades (o que é concebido e o que é feito
pelo operador) que constitui para o ergonomista, o objeto em
curso de concepção.

A ideia da configuração de uso: no projeto das plataformas (Lima


e Duarte, 2014) Equipe de Ergonomia e Projetos/COPPE/UFRJ
Projeto e Concepção do Espaço

CICLO VITAL DO EDIFÍCIO


Desenvolvimento e
Representação de Soluções
Programação
Viabilidade e

USO
PROJETO

Execução

PROCESSO DE CONCEPÇÃO

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Canteiro: Um Momento de Decisões

A etapa de execução da obra não é uma simples montagem,


onde o trabalho consistiria somente em assegurar e controlar a
conformidade da execução com as especificações do projeto.

A execução da obra é uma atividade complexa onde uma série


de decisões são tomadas:

ü  Decisões relativas à maneira de realizar o trabalho e à


organização do canteiro

ü  Decisões relativas aos aspectos técnicos e funcionais do espaço


que está sendo construído

A etapa de execução da obra se caracteriza pela reconcepção


do projeto, ou seja, por ajustes e mudanças nas soluções
inicialmente propostas.

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Utilização do espaço de trabalho

Os diversos usuários se apropriam do novo espaço de


trabalho e das condições de trabalho oferecidas.
Na etapa de uso também ocorrem ajustes e
mudanças nas soluções inicialmente propostas.

FLEXIBILIDADE

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Metodologia

ACOMPANHAMENTO DA EXECUÇÃO
PROJETO

E DO FUNCIONAMENTO
ANÁLISE

SITUAÇÕES DE TRABALHO
ERGONÔMICA DEFINIÇÃO
DE OBJETIVOS
DO TRABALHO SIMULAÇÃO
•Análise da MODELAGEM DE DO

RESULTADOS
ESPECIFICAÇÕES
demanda TRABALHO
P/ FORNECEDORES
•Análise dos •Elaboração de
dados de projeto cenários
APOIO ÀS
•Análise do •Simulações em
TOMADAS
funcionamento grupos de
DE DECISÃO
geral da empresa trabalho
•Análise da tarefa
•Recomendações
e da atividade técnicas

Interação com operadores, supervisores e gerentes (entrevistas, verbalizações e


reuniões)

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A dinâmica do projeto

Desejado

Projeto Planta Maquete Protótipo


Obra
De base realizada

Possível

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Ergonomia e Projeto

ü  Processo de projeto: multidisciplinar


•  Diferentes atores do processo têm diferentes
percepções do projeto, mas devem compartilhar a
mesma perspectiva (foco no projeto)

ü  A integração da ergonomia nas equipes de projeto


•  O ergonomista é um ator do processo de projeto, como os
demais especialistas
•  O ergonomista junto à gestão do projeto: integração entre
necessidades dos usuários e dos projetistas
•  O ergonomista contribui ainda com recomendações
técnicas para os ambientes de trabalho

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EQUIPES DE PROJETO

CIVIL AUTOMAÇÃO
ERGONOMIA

EQUIPE
DE GESTÃO

ERGONOMISTA

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«Perder» tempo para acabar mais cedo!

Projeto Projeto
Conceito Execução
preliminar detaihado

3
27 % 55 % 15 %
%

Redução
de tempo
40 %
5
25 % 20% 50 %
%

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A contribuição da ergonomia
para o projeto

Uma contribuição para o conteúdo:


Identificar as carências
Identificar os pontos fortes

Uma contribuição metodológica:


A análise do trabalho
A simulação

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A Ergonomia, um investimento rentável em
quais condições?

As condições organizacionais:

Uma ergonomia integrada à equipe de


gestão do projeto,
Questões relativas ao trabalho necessitam
entrar cedo no projeto,
A ergonomia como uma contribuição à
definição do projeto.

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A Ergonomia, um investimento rentável em
quais condições?

As condições organizacionais

O profissionalismo do ergonomista

A capacidade de utilizar métodos específicos


A compreensão do processo de concepção.

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