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Dialnet - OctavioBrandao PDF
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I - 2006
ISSN 1676 - 7640
www2.uerj.br/~intellectus
1
PRADO JÚNIOR, Caio. Evolução Política do Brasil e Outros Estudos. São Paulo: Brasiliense, 1980,
12ª ed., p 9.
2
MARX, K. e ENGELS, F. O Manifesto Comunista. Rio de Janeiro, Zahar, 1978.
3
MORAIS, João Quartim de. “A evolução da consciência política dos marxistas brasileiros”. In: ______
(org.). História do marxismo no Brasil. Campinas, Editora da UNICAMP, 1995, pp. 47-48.
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livro Canais e Lagoas e um novo patamar para o seu engajamento político. Nesse
período de militância anarquista, ele demonstra com a sua experiência de vida
elementos relacionados com o que expusemos anteriormente:
4
BRANDÀO, Octávio. Combates e batalhas. São Paulo, Alfa-Omega, 1978, p. 135.
5
HOBSBAWM, E. J. Revolucionários. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1985, p.15.
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publicada em folhetos, sem o nome do tradutor na folha de rosto, em 1924, editado pela
Seção de Porto Alegre do PCB e com uma tiragem de 3.000 exemplares7. Não obstante,
ele mesmo reconhece que, entre 1922 e 1929, “as influências decisivas sobre o PCB
foram as de Lênin em primeiro lugar, de Marx e Engels em segundo lugar”8.
Agrarismo e industrialismo é uma obra que tem como leitmotiv fazer uma
análise (“marxista-leninista”) da revolta tenentista ocorrida em São Paulo, entre os dias
5 e 28 de julho de 1924, e os desafios a ela relacionados para dinâmica da luta de
classes. Essa obra é dividida em três partes: a primeira, “Análise”, e a segunda,
“Síntese”, datadas de 28 de julho a 22 de agosto de 1924”; a terceira parte, “A revolta
permanente”, tem o seu primeiro ítem, “Seis meses depois”, com a indicação de local e
data constando “Buenos Aires, 13 de março de 1925”; e o segundo e último ítem da
terceira parte, “Em marcha para o futuro”, tem a indicação de “Buenos Aires, 9 de
março de 1926”.
O referido trabalho começou a ser escrito logo após a derrota dos revoltosos em
São Paulo, no dia 28 de julho de 1924, considerada a primeira etapa da segunda batalha,
pois a primeira teria sido o levante assim conhecido como os “18 do forte de
Copacabana”, ocorrido no dia 5 de julho de 1922. A etapa seguinte da batalha, que
começa com o segundo 5 de julho, no ano de 1924, é marcada pela chamada Grande
Marcha.
De acordo com o autor, “a parte fundamental” desse trabalho foi escrita um
pouco menos de um mês depois da derrota dos revoltosos em São Paulo, distribuindo
cópias para amigos, e tendo acabado de ler a tradução francesa de O Imperialismo, fase
superior do capitalismo, de Lênin9. Essa influência ganha maior relevo com a seguinte
explicitação a certa altura do texto:
10
MAYER, Fritz (pseud. de Octávio Brandão). Agrarismo e industrialismo. Ensaio marxista-leninista
sobre a revolta de São Paulo e a guerra de classses no Brasil. Buenos Aires, s.ed., 1926, p.37.
11
MORAIS, João Quartim de. A influência do leninismo de Stálin no comunismo brasileiro. In: REIS
FILHO, Daniel Aarão (et al.). História do marxismo no Brasil. Vol 1. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1991,
p.79.
12
MAYER, Fritz. Op. Cit., p.3.
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13
Idem, ibidem, p.5.
14
Idem, ibidem, p.6
15
Cf. SILVA, Ângelo José da. Agrarismo e industrialismo: uma primeira tentativa marxista de
interpretação do Brasil. In: Revista de Sociologia e Política, n º 8, Curitiba, pp.45-46.
16
MAYER, Fritz. Op. Cit., p.9.
17
Idem, ibidem, p.10.
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teria ainda, portanto, o seu partido, o que demonstraria o seu atraso político. Mesmo
assim, já estava colocado o choque entre duas realidades: o agrarismo ou feudalismo e o
industrialismo. E, mais do que isso, a convicção de que o “industrialismo despedaçará o
feudalismo. E o comunismo despedaçará o industrialismo burguês”18.
Brandão elenca também a dimensão psicológica, social, medieva, confusionista e
sintética. Nelas, acredita demonstrar as manifestações medievais no imaginário e na
dinâmica social que integram o atraso do país. Rebutalhos ameaçados pelo avanço do
industrialismo.
Avaliando os dois episódios ocorridos no dia 5 de julho de 1922 e de 1924, ele
destaca a inexperiência política, o desconhecimento sobre Marx , Engels e a arte da
insurreição armada, e, mesmo a segunda revolta ultrapassando o alcance da primeira, a
importância de explorar a rivalidade imperialista anglo-americana. Uma rivalidade
imperialista que poderia desempenhar um papel decisivo até mesmo na disputa política
nacional.
18
Idem, ibidem, p.14.
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19
Idem, ibidem, p.43 e 44.
20
Idem, ibidem, p.63. Cf. KONDER, Leandro. Intelectuais brasileiros & marxismo. Belo Horizonte,
Oficina de Livros, 1991, pp.23-24, e A derrota da dialética. Rio de Janeiro, Campus, 1988,pp.144-148.
21
Cf. MAYER, Fritz. Op. Cit., p.21, 22, 67,68 e 85.
22
GRAMSCI, Antonio. A questão meridional. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987, p.139.
23
MAYER, Fritz. Op. Cit., p.71
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24
MARIÁTEGUI, José Carlos. 7 ensaios de interpretação da realidade peruana. São Paulo, Alfa-
Omega, 1975, p.158.
25
VIANNA, Luiz Werneck. Questão nacional e democracia: o ocidente incompleto do PCB. Revista
Novos Rumos. São Paulo, v.3, nº.8-9, 1988, p.157
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PCB durante a década de vinte e pelo maior mimetismo adquirido pelo partido face ao
chamado “marxismo soviético”.
A partir da década de trinta, o PCB vai cedendo espaço como pólo institucional
de produção teórica e analítica, mesmo incipiente e limitada, acerca sociedade
brasileira. E, nesse sentido, será com Caio Prado Júnior que a discussão acerca da
realidade brasileira, tendo por base um arcabouço teórico marxista, será retomada.
Anos mais tarde, Octávio Brandão chegou a fazer a autocrítica sobre as teses
defendidas no seu livro. No final da década de cinqüenta, ele ressaltou os “desvios de
direita” contidos naquelas teses. Nas suas memórias, procura fazer um balanço mais
detalhado:
26
BRANDÀO, Octávio. Combates e batalhas. São Paulo, Alfa-Omega, 1978, p.287.