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2.

1 Referencial Teórico

Quando revisamos a literatura sobre a Educação a Distância –EAD verificamos


que encontramos aspectos legais e pedagógicos sobre o tema.

Entre os aspectos legais, encontramos o Decreto n. 5.622, de 19 de dezembro


de 2005, que regulamenta o artigo 80 da Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de
1996, a Educação a distância está conceituada da seguinte forma:

Art. 1º Para os fins deste Decreto caracteriza-se a educação a


distância como modalidade educacional na qual a mediação didático-
pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a
utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com
estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em
lugares ou tempos diversos.

A legislação brasileira assim denomina a Educação a Distancia para fins de leis


e suas aplicações servem de referência as politicas publicas financiamento
público entre outras aplicações legais

O outro aspecto, mais relevante para a nossa pesquisa tange a práticas de


ensino- aprendizado e no modelo pedagógico, podemos observar como alguns
autores definem a Educação a Distância-EAD:

Moran (2010) apresenta a educação a distância como um processo


de ensino-aprendizagem mediado por tecnologias, no qual
professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente.

Moore e Kearsley (2008, p. 2) afirmam que: Educação a distância é


o aprendizado planejado que ocorre normalmente em um lugar
diferente do local do ensino, exigindo técnicas especiais de criação
do curso e de instrução, comunicação por meio de várias tecnologias
e disposições organizacionais e administrativas especiais

.Para Mattar (2011), a EaD é uma modalidade educacional planejada


por docentes e instituições e mediada por tecnologias, onde
professores e estudantes estão separados espacialmente.

Percebemos que a EAD possuem algumas características comuns,


assinaladas pelos teóricos citados, que são: a separação espacial e temporal
do aluno e professor e transmissão do conhecimento mediada por alguma
tecnologia de informação e comunicação.
A EAD se mostra um modelo satisfatório para aplicação da nossa proposta de
curso de aquicultura EAD, com recursos imersivos, pois os produtores se
encontram espalhados pelo país, que possui grande extensão territorial,
geralmente os produtores do ramo aquicultor, são microempreendedores e
devido a dinâmica dos seus negócios que possuem muito pouco tempo a
dedicar a estudo, aperfeiçoamento e capacitação na área, juntando a isso as
dificuldades de deslocamento para centros de ensino.

Alguns autores como Rumble (2003), Litto (2010) apontam às vantagens do


ensino a distância

Acesso à educação: o estudante, por meio dos recursos


tecnológicos e diferentes mídias, tem maior flexibilidade na
educação, o que permite conciliar trabalho, família e estudo. As
novas oportunidades das redes de relacionamento social via web,
chamado web 2.0, estão alinhadas com as novas maneiras de se
construir conhecimento e competências, especialmente as que
incluem um alto grau de interatividade em sua proposta.

População diversificada: com a EaD, é possível oportunizar a


educação aos alunos situados em regiões distantes dos centros de
ensino ou portadores de necessidades especiais temporárias ou
permanentes.

Custo reduzido com qualidade: tanto para as empresas quanto


apara o Estado, com a EaD tem-se maior possibilidade de educação
e treinamento num processo de aprendizagem continuada devido às
possibilidades de se obter minimização de custos.

Autonomia no estudo: trabalha-se na EaD com uma metodologia


que instiga a responsabilidade do aluno por seu resultado. É ele o
principal ator no processo de construção do seu conhecimento. A
participação pode ser segundo critério de conveniência de cada
estudante, pois ele tem liberdade para escolher horário e grau de
interatividade para a participação

Concebemos que A EAD permite ao aluno flexibilidade, autonomia nos


estudos, abrange um vasto espaço territorial “desterritorializando” o local de
ensino e aprendizagem, já que não se apresenta em local fixo, estático, além
de reduzir custos. Portanto, o modelo EAD demonstra ser a fermenta
pedagógica mais viável à implementação do curso proposto.

Contudo, para a elaboração de um curso de educação profissionalizante no


modelo EAD, faz necessário prever objetivos do curso, as habilidades e
competências que os alunos deverão atingir, bem como os materiais que serão
disponibilizados. Utilizaremos Taxonomia de Bloom como processo de ensino-
aprendizagem, ela permite trabalhar com os materiais instrucionais de forma
estruturada, integrada e padronizada.

“A Taxonomia de Bloom, em seu domínio cognitivo, organiza os conhecimentos


em níveis, desde o básico até o mais elaborado, de forma integrada e
estruturada, facilitando o processo de ensino-aprendizagem (BÓRNEA;
GONÇALVES, 2014)”

Deve-se observar os níveis da Taxonomia de Bloom de forma hierárquica e


dependente – do mais simples ao mais complexo; pois, assim, para avançar de
categoria é necessário ter concluído com sucesso a anterior.

Conforme Krathwohl (2002) e Monteiro, Teixeira e Porto (2012), os domínios


cognitivos de Bloom são:

1- LEMBRAR – os objetivos educacionais relacionados a esta etapa


dão mais ênfase à memória, implicam a lembrança ou
reconhecimento de determinados elementos de um assunto sem,
necessariamente, se ter um entendimento ou uma sistematização
dos detalhes. Em uma situação de verificação do conhecimento, a
questão é encontrar indícios de que o conhecimento está
armazenado na mente do aluno e analisar o saber que o indivíduo
possui. O aprendiz recordará ou conhecerá informações, ideias e
princípios na forma (aproximada) em que foram aprendidos.

2- ENTENDER – o aprendiz deverá demonstrar entendimento do que


está sendo comunicado e não apenas memorizar. Ele será capaz de
traduzir o conteúdo em outras formas de expressão escrita ou falada,
indicando que compreende, internaliza e sistematiza os
conhecimentos. A compreensão pode ocorrer por meio de
translação, interpretação ou extrapolação.

3- APLICAR – apresentam-se por meio de ideias, procedimentos ou


métodos generalizados em uma situação nova para o aprendiz. Ela é
vista como o domínio que o aluno possui sobre determinado assunto,
na medida em que é capaz de ler uma realidade nova a partir de um
conceito do qual se vale para resolver um problema. Esse domínio
possibilita ao aprendiz certa independência intelectual, fazendo com
que ele não dependa constantemente de seu professor.

4- ANALISAR – tem a intenção de esclarecer a comunicação, indicar


como está organizada e a maneira como consegue transmitir seus
efeitos. As análises podem ser de elementos, de relações e de
princípios organizacionais. A análise de elementos diz respeito à sua
identificação, incluídos em uma comunicação. A análise de relações
abrange as conexões e interações entre elementos e partes de uma
comunicação.

5- AVALIAR – pode ser definida como a combinação de elementos e


partes
que formam um todo constituído em um padrão ou estrutura,
anteriormente não evidenciado. A síntese é representada por uma
forma de pensamento diferente.

6- CRIAR – este nível pressupõe julgamento de valor, seja


quantitativo ou qualitativo, acerca de um material. Os julgamentos
podem ser em termos de evidência interna ou de critérios externos. A
avaliação tem se mostrado como uma das mais importantes
categorias de objetivos educacionais, em que se torna frequente o
aluno ser chamado a participar por meio de um julgamento de
determinado fenômeno

Somando se a taxonomia, o modelo pedagógico escolhido, o EAD, e possível


traçar seus objetivos pedagógicos, que devemos agora devemos arquitetar o
seu design instrucional, que é outro referencial teórico que acrescentaremos
na nossa proposta pra complementar o curso.

Vejamos algumas definições de Design Instrucional:

Ozcinar (2009) define design instrucional como um processo de análise


das necessidades de aprendizagem e metas para o desenvolvimento de
um sistema que atenda a essas necessidades, incluindo o
desenvolvimento de materiais didáticos e atividades. Para o autor, DI
envolve uma formação multidisciplinar que permeia a área da: educação,
administração, engenharia e outras ciências.

Segundo Campos (2001), o design instrucional pode ser definido como um


ciclo de atividades, um plano geral de curso, incluindo a sequência e a
estrutura de unidades, os principais métodos a serem utilizados em cada
aula/material, as estruturas de funcionamento do curso e, também, a
avaliação do sistema.

Filatro (2004-2008), ícone na literatura brasileira sobre o tema, aponta que


o design instrucional é uma ação institucional e sistemática de ensino que
envolve o planejamento, o desenvolvimento e a utilização de métodos,
técnicas para elaboração de materiais e recursos educacionais em
situações didáticas a fim de promover a aprendizagem humana. É um
conjunto de atividades que devem identificar um problema de
aprendizagem e, posteriormente, desenhar, implementar e avaliar uma
solução.

A necessidade do design instrucional estrutura o curso em atividades que


promovem os objetivos elencados, o seu ciclo e etapas a serem cumpridas,
como a avaliação da aprendizagem. Assim percebemos que design instrucional
alinha e interage diversos alunos, materiais e professores dentro no mesmo
ambiente educacional,:
Em consonância com esta discussão, França (2007) aponta que:

o design instrucional de um curso a distância pode ser entendido como uma


rede de associações entre conteúdo, concepção metodológica, ambiente
hipermidiático, atividades, interação e avaliação, sendo estes elementos
norteadospela abordagem pedagógica do curso definida no projeto pedagógico.

O modelo convencional de Design Instrucional mais comum é o ADDIE, que


divide o planejamento em cinco fases distintas (Filatro:2008), a saber:

Analysis – (Análise): envolve a identificação das necessidades de


aprendizagem, a definição de objetivos instrucionais e o
levantamento das restrições envolvidas.

Design na Development – (Desenho e desenvolvimento): fase em


ocorre o planejamento do curso e a elaboração dos materiais e
recursos educacionais necessários. Neste momento, segundo Filatro
(2008), alguns questionamentos são importantes, a saber: Qual é o
grau de interação entre os alunos, e entre os alunos e o professor,
possibilitado pelas atividades propostas? Qual é design gráfico dos
materiais impressos e/ou eletrônicos? Qual é o grau de interatividade
proporcionado por esses materiais? Quais são os mecanismos de
atualização e personalização dos materiais? Que níveis de suporte
educacional e tecnológico são oferecidos?

Implementation - (Implementação): momento em que se dá a


capacitação e ambientação de docentes e alunos à proposta de DI e
à realização do evento ou situação de ensino e aprendizagem
propriamente ditos.

Evaluation - (Avaliação): envolve o acompanhamento, a revisão e a


manutenção do sistema proposto.

Percebemos, assim, a importância de um bom design instrucional para almejar


os objetivos propostos, garantindo uma boa estruturação do curso. Precisamos
ir um pouco além, pelos desafios impostos pelos tempos atuais. Sabemos que
a informação midiática competem o tempo todo entre si pela atenção do
individuo, para combater isso precisamos ter mecanismos capazes de capturar
a atenção dos alunos e cativá-lo para atividades propostas.

Os ambientes imersivos se mostram grande capacidade de reter a atenção do


aluno, de forma interativa, lúdica e transmitir conhecimento e aprendizagem.

A aprendizagem em ambientes imersivos permite utilizar técnicas que


transferem situações práticas do mundo real para o virtual para transmitir.
conhecimento, usando simulações e conteúdos baseado em resolução de
problemas. Segundo MEHIGAN e PITT (2010)

Aprendizagem imersiva é a experiência educacional altamente interativa, em


que ocorre o engajamento do aluno com o conteúdo para facilitar a
aprendizagem. Geralmente inclui games de aprendizagem, simulações e
mundos virtuais de aprendizagem.

https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/11979/1/Disserta%C3%A7%C3%A3o%20F%
C3%A1bio%20Pessoa.pdf

https://www.atenaeditora.com.br/wp-content/uploads/2017/07/E-book-EAD-Vol-1.pdf

http://btd.egc.ufsc.br/wp-content/uploads/2013/04/Andreza-Regina-Lopes-da-Silva.pdf

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-
62342017000100492&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt

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